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Nº 1, Abril de 2020

Manual de Orientação
Departamento Científico de Neurologia
(2019-2021)

Sinais de alerta na avaliação neurológica


da criança e do adolescente

Departamento Científico de Neurologia


Presidente: Magda Lahorgue Nunes
Secretário: Sérgio Antônio Antoniuk
Conselho Científico: Eduardo Jorge Custódio da Silva, Jaime Lin, Márcio Moacyr de Vasconcelos,
Valéria Loureiro Rocha
Colaboradores: André Luís Santos do Carmo, Felipe Kalil Neto

te previsível, mas, ao contrário do crescimento,


Introdução está sujeito a períodos de estagnação e regres-
são. Estes períodos refletem pontos de vulnera-
O objetivo deste documento é revisar os si- bilidade, que o pediatra norte-americano Berry
nais de alerta que podem indicar ao pediatra du- Brazelton chamava de touchpoints e os conside-
rante a anamnese e/ou exame físico, não somen- rava uma preparação para novos avanços no de-
te problemas no neurodesenvolvimento como senvolvimento.
também patologias neurológicas e/ou distúrbios
O intrincado processo de desenvolvimento
neurocomportamentais.
sofre influências significativas de diversos fa-
A primeira e mais importante missão do tores, como o ambiente psicossocial, estresse
pediatra é zelar pelo crescimento e desenvol- físico e psicológico, doenças intercorrentes, a
vimento de seus pacientes. A monitoração do escolarização, o sono, as experiências prévias e
crescimento infantil é um procedimento objeti- o nascimento de irmãos.
vo e de fácil execução, pois se baseia na medição
O reconhecimento de que determinada crian-
precisa dos parâmetros do crescimento e no re-
ça apresenta uma questão do desenvolvimento a
gistro dos dados em gráficos de crescimento. Por
ser investigada requer, em primeiro lugar, discer-
outro lado, a monitoração do desenvolvimento é
nimento a fim de levar em conta as variações do
subjetiva e depende da experiência do pediatra.
normal, validar a queixa dos pais, interpretar os
Sabe-se que o desenvolvimento humano se- sinais e sintomas clínicos observados e contex-
gue uma programação genética razoavelmen- tualizar os achados suspeitos.

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Sinais de alerta na avaliação neurológica da criança e do adolescente

Durante a avaliação pediátrica preliminar, Quadro 1. Sinais de alerta para todas as idades
dois recursos são fundamentais: os marcos do
desenvolvimento e os sinais de alerta. Cabe aqui Forte preocupação dos pais
a distinção entre estes dois conceitos que não
Perda de habilidades adquiridas previamente
são sinônimos. Os marcos representam as prin-
cipais habilidades e funções que caracterizam a Ausência de resposta a estímulos sonoros ou
progressão do desenvolvimento e, como regra, visuais
as crianças as adquirem dentro de faixas etárias
Interação precária com pessoas do convívio
esperadas, previstas em diferentes instrumentos
diário (p. ex., pais, irmãos, professora)
de triagem. Por exemplo, o Teste de Triagem do
Desenvolvimento de Denver (TTDD) II prevê que Contato visual nulo ou escasso
a deambulação independente ocorrerá até 15
Alteração persistente do humor, p. ex.,
meses de idade.
irritabilidade, rispidez, apatia, retraimento
Os sinais de alerta, por outro lado, levantam
Diferença acentuada entre os lados do corpo
a suspeita de anormalidade em uma área ou eta-
quanto à força, tônus ou movimentos
pa específica do desenvolvimento, logo surgem
numa idade subsequente àquela da aquisição Hipotonia ou hipertonia significativa com
do marco de desenvolvimento relacionado. Por prejuízo na aquisição de habilidades motoras
exemplo, a ausência de deambulação indepen-
dente se torna um sinal de alerta por volta de
dois anos de idade. De modo semelhante, o mar- Os distúrbios do desenvolvimento são par-
co de sorriso social surge até dois meses de ida- ticularmente frequentes: 1% a 3% das crianças
de, mas o sinal de alerta da sua ausência se torna têm atraso global do desenvolvimento e 1% é
relevante entre 4 e 6 meses. diagnosticado com transtorno do espectro au-
tista. Além disso, problemas relacionados com o
As habilidades são adquiridas sequencial-
desenvolvimento e comportamento acometem
mente, então a criança aprende a sentar sem
20% a 25% das crianças pequenas e, se não de-
apoio antes de permanecer em pé ou deambular,
tectados e tratados, poderão evoluir para trans-
mas o ritmo de aquisição varia de uma criança
tornos graves2. O conceito de sinais de alerta
para outra. Ademais, a habilidade de engatinhar
nos ajuda a promover a detecção diligente de
é adquirida em idades amplamente variáveis, e
tais distúrbios, dentre outros, levando a inter-
algumas crianças com desenvolvimento normal
venções precoces e maximização das chances
jamais engatinham1.
de recuperação. Assim, o pediatra deve tê-los
Os sinais de alerta geralmente se tornam em mente enquanto obtém uma anamnese com-
clinicamente relevantes em idades específicas, pleta e realiza exame físico minucioso.
mas existem também aqueles cuja relevância
não depende da idade, isto é, sua presença sem-
pre deve servir de argumento para investigar o
Sinais de alerta detectáveis
paciente (Quadro 1). na anamnese
A presença de sinais de alerta deve ser in-
terpretada à luz dos achados do exame físico e A anamnese pediátrica deve incluir história
do contexto clínico geral do paciente. Portanto, detalhada do desenvolvimento, citando a idade
a definição de um diagnóstico baseia-se não nos de aquisição dos principais marcos do desenvol-
sinais de alerta encontrados, mas na investiga- vimento. Pode ser oportuno classificar as habili-
ção suscitada por estes. dades adquiridas pela criança em áreas ou esfe-

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ras do desenvolvimento. Não há consenso sobre


Alterações do volume
a classificação do desenvolvimento. O TTDD II
e formato do crânio
divide-o nas áreas motora grossa, linguagem,
motora fina-adaptativa e pessoal-social. Outros
1. Medida do perímetro craniano
autores preferem dividi-lo nas áreas linguagem,
motora, cognitiva/acadêmica, autocuidados e A medida do perímetro craniano (PC) faz par-
social-emocional. A nosso ver, a classificação do te da avaliação de rotina de todas as crianças e
TTDD é simples e facilmente aplicável nos pri- é essencial para avaliação do seu crescimento e
meiros anos de vida, adicionalmente, como este desenvolvimento.
é um teste de triagem, de fácil aplicação, pode
A medição do PC (e respectiva anotação num
ser utilizado rotineiramente por qualquer profis-
gráfico de percentis de PC) deve ser realizada des-
sional da área da saúde.
de o nascimento até aos 36 meses e em todas as
Os sinais de alerta do desenvolvimento in- consultas nas crianças com doença neurológica. O
fantil anormal ou atípico são inúmeros, assim PC ao nascimento é em média de 35 cm, variando
convém ter um quadro para consulta frequente. com o sexo e etnias. Os meninos tendem a apre-
O estado de Queensland, na Austrália, publicou sentar 0,5 cm a mais que as meninas. No primeiro
recentemente um guia prático para crianças de ano de vida o crânio cresce entre 10,5 cm a 12 cm
seis meses a cinco anos de idade e como o aces- (1,5 a 2 cm por mês no primeiro trimestre; 1 cm
so é livre recomendamos a leitura (https://www. por mês no segundo trimestre; 0,5 cm por mês no
childrens.health.qld.gov.au/wp-content/uploa- segundo semestre). Posteriormente entre 1 e 2
ds/PDF/red-flags.pdf.). anos de idade, ocorre um aumento de 0,5 cm por
mês. No prematuro o PC, em regra, cresce 1cm/
A alta prevalência atual do transtorno do es- semana nos primeiros 2 meses e 0,5cm/mês nos
pectro autista nos obriga a pesquisar os sinais de 2 meses seguintes. Para as medidas do perímetro
alerta precoces em toda consulta de puericultu- craniano se utilizam escalas clássicas como a ta-
ra. Sugere-se que os pais sejam inquiridos sobre bela de Nelhaus4 que foi publicada em 1968 com
os nove sinais de alerta (Quadro 2)3. dados de vários países ou a mais recente, deno-
minada tabela INTERGROWTH, que foi resultado
Quadro 2. Sinais de alerta do transtorno do espectro de ampla pesquisa coordenada pela organização
autista Mundial da Saúde5.

Prosódia atípica (voz monótona, entonação O PC normal é definido como uma medida
incomum, ritmo irregular, timbre atípico) situada entre dois desvios-padrão (DP) acima
e dois DP abaixo da média para a idade e sexo
Não coordena o olhar, a expressão facial, os ou entre os percentis 2,5 e 97,5. O crescimento
gestos e os sons acima das linhas normais indica um aumento ex-
cessivo do conteúdo intracraniano que pode ser
Comportamento visual atípico
causado por hidrocefalia, hematoma subdural,
Não atende quando chamado coleção subdural, aumento do parênquima ce-
rebral de origem metabólica, genética ou ainda
Ausência de expressões afetuosas e alegres
macrocefalia familiar. O crescimento abaixo das
Não demonstra interesse ou diversão linhas normais sugere comprometimento do te-
cido cerebral que pode ser secundário a várias
Não mostra objetos para outra pessoa causas, entre elas, a hipóxia, malformações con-
gênitas, infecções congênitas ou adquiridas.
Repetição de movimentos com objetos
A medida do perímetro craniano deve ser re-
Estereotipias ou posturas incomuns do corpo
alizada com fita métrica não extensível ao redor

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Sinais de alerta na avaliação neurológica da criança e do adolescente

da maior circunferência da cabeça, entre a porção sindrômica) ou estar associada a dismorfismos


anterior da cabeça (2 cm acima da sobrancelha) faciais e comprometimento de outros órgãos
e na maior proeminência da região posterior da (microcefalia sindrômica).
cabeça. Deve-se tomar três medidas e escolher
Dentre as microcefalias adquiridas um grupo
a maior, e, preferencialmente medir após 24 ho-
importante se refere àquelas associadas a infec-
ras do nascimento, embora na rotina de algumas
ções congênitas, adquiridas intraútero, como a
unidades ele seja medido só ao nascimento6.
Toxoplasmose, Rubéola, Citomegalovírus, Her-
pes, Sífilis e Zika (TORCHSZ). Características da
2. Alterações no volume do crânio
neuroimagem (calcificações e outras anorma-
2.1 Microcefalia lidades morfológicas) auxiliam no diagnóstico
diferencial além de sinais clínicos (retinopatia,
A microcefalia se define quando o perímetro
surdez, convulsões). Também são causa de mi-
craniano está abaixo de 2 DP para a idade e sexo.
crocefalia adquirida, as doenças da gestante
Aproximadamente 2% da população normal tem
que possam determinar hipóxia, irradiação do
um PC abaixo de 2 DP e a maioria deste grupo
feto, uso de drogas como o álcool, cocaína, an-
apresenta um desenvolvimento neuropsicomo-
tiepilépticos, anemia, infecção e desnutrição.
tor normal. Microcefalia grave se refere a um PC
A microcefalia adquirida também pode ocorrer
abaixo de 3 DP (0.1% da população)6,7. A micro-
pós-natal, com causas semelhantes das adquiri-
cefalia é absoluta quando ocorre numa criança
das intraútero, por exemplo, acidente vascular
com peso e estatura adequados à sua idade e
encefálico, hipóxia, doenças metabólicas ou in-
sexo e, relativa, quando estas medidas antropo-
fecção7-9.
métricas são proporcionais à microcefalia.
As microcefalias de causa genética podem
A avaliação clínica pela história e exame fí-
estar associadas a diversos genes e diferentes
sico visa determinar a causa, sintomas neuro-
síndromes. Deve-se observar os dismorfimos
lógicos ou outros associados, e auxilia no pla-
faciais e outros sinais clínicos como alterações
nejamento do prognóstico. Exames de imagem
visuais e auditivas, alterações cutâneas, malfor-
(ressonância preferencialmente, ou tomografia),
mações de membros e baixa estatura.
avaliação metabólica ou testes genéticos devem
ser considerados na investigação. O estudo ge-
nético com Array-CGH e Exoma permite identifi- 2.2. Macrocefalia
car as causas em até 52% nos casos em que os A macrocefalia é definida como uma circun-
sintomas, exame físico e neuroimagem não auxi- ferência craniana maior que 2DP ou acima do
liam no diagnóstico8. percentil 97 e afeta em torno de 5% da popula-
As microcefalias podem ser congênitas, pre- ção pediátrica10. Após o fechamento das suturas
sentes ao nascimento, de causa metabólica, ge- ocorre um equilíbrio dinâmico dos volumes de
nética ou adquirida. Podem também desenvol- cada componente intracraniano. Macrocefalia
ver-se após o nascimento (pós-natal), e podem implica no aumento dos conteúdos normais do
ser causadas por agressões perinatais, infecções parênquima cerebral (megalencefalia) ou le-
ou quadros genéticos como a Síndrome de Rett, sões parenquimatosas (neoplasias, edema ce-
em que a criança nasce com PC normal que não rebral, malformações vasculares), aumento do
evolui no decorrer do primeiro ano. Na microce- LCR intra-ventricular (hidrocefalia), extra-ven-
falia familiar benigna, geralmente não há com- tricular (coleções subdurais) ou espessamento
prometimento neurológico, por isso a importân- ósseo11.
cia de medida do PC dos pais.
Sempre que ocorra uma medida anormal do
As microcefalias podem afetar exclusivamen- PC ou quando se observe um aumento progres-
te o sistema nervoso central (microcefalia não sivo nos gráficos de crescimento ou aumento

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de 2 cm do PC por mês (crianças de 0 a 6 meses nicante de não comunicante, anormalidades da


de idade) nas consultas de rotina na puericultu- substância branca, neoplasias, malformações
ra, deve-se pensar em macrocefalia. Como em vascular, malformações cerebrais, coleções
todas as doenças neurológicas deve-se avaliar subdurais e lesões císticas.
os antecedentes familiares, a história da gesta-
Na suspeita de uma macrocefalia constitu-
ção, parto, analisar as ecografias antenatais e
cional, em que a evolução do PC é proporcio-
demais exames. Considerar o PC dos familiares,
nal e acompanhada de desenvolvimento psico-
principalmente nos casos assintomáticos, para
motor adequado, a avaliação e o seguimento
afastar uma macrocefalia fisiológica. Importan-
clínico seriado são suficientes, não havendo
te analisar antecedentes de prematuridade, in-
necessidade de recorrer a estudo de imagem,
fecção, traumas e história familiar de doenças
sobretudo quando existe história familiar de
neurocutâneas e outras síndromes genéticas.
macrocefalia.
Um importante sinal de alerta é a associação
a sintomas de hipertensão intracraniana (cefa- Estudos genéticos e metabólicos podem ser
leia, vômitos) e/ou atraso progressivo do desen- necessários dependendo da hipótese diagnósti-
volvimento6,12. ca. Nos quadros sindrômicos pode ser necessá-
rio a investigação de anormalidades associadas
O exame do crânio deve ser detalhado, ob-
como estudos cardiológicos, oftalmológicos,
servar formato e sinais de hipertensão intracra-
otorrinolaringológicos, ecografia e estudos ra-
niana (fontanela abaulada, tensa, não pulsátil,
diológicos ósseos. Estudos genéticos e meta-
aumento da circulação venosa e disjunção de
bólicos específicos podem ser necessários nas
suturas) e auscultar na busca de sopros intracra-
doenças progressivas e degenerativas.
nianos. Observar a presença de dismorfismos, al-
terações fenotípicas para afastar síndromes ge- A etiologia da macrocefalia pode ser dividida
néticas, examinar a pele para pesquisar sinais de de acordo com a estrutura alterada13:
doenças neurocutâneas. Avaliar a presença de a) quando ocorre aumento do parênquima ce-
visceromegalias para afastar doenças metabóli- rebral (megalencefalia) pensar em causas fa-
cas. No exame neurológico geral, afastar déficits miliares, síndromes neurocutâneas (neurofi-
sensoriais, motores, ataxia, sinais meníngeos e bromatose e esclerose tuberosa), transtornos
realizar avaliação do fundo de olho. Na investi- do espectro autista (15% a 35% dos casos);
gação complementar fazem parte os exames de acondroplasia e síndromes genéticas (Sotos,
neuroimagem12: X frágil, Hunter) ou alterações metabólicas
• a radiografia de crânio pode ser útil nas displa- tais como leucodistrofias (Doença de Alexan-
sias esqueléticas primárias, der ou de Canavan), doenças lisossomais (mu-
• a ultrassonografia intracraniana é de baixo cus- copolissacaridoses, gangliosidoses), acidemia
to, não invasivo, não necessita de sedação e é glutárica tipo 1;
indicada nas crianças com fontanela anterior b) quando ocorre aumento do volume do liquor
aberta. Permite estudo principalmente do sis- cefalorraquidiano pensar em hidrocefalia
tema ventricular e espaço subaracnóideo. e coleção subdural benigna (alargamento
• a tomografia computadorizada de crânio é im- idiopático benigno do espaço subaracnoídeo
portante para estudo das calcificações hidro- frontal)
cefalias, neoplasias, malformações e cranioes- c) quando ocorre aumento do volume sanguíneo
tenose, pensar em hemorragia (intraventricular, sub-
• a ressonância magnética de crânio é o exame dural ou epidural) e malformação vascular.
de eleição, demonstra o tamanho e posição d) quando ocorre aumento da espessura óssea
dos ventrículos cerebrais, dimensão do espaço pensar em doenças como Talassemia “major”
subaracnóideo, diferencia hidrocefalia comu- e Displasias craniais.

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Sinais de alerta na avaliação neurológica da criança e do adolescente

e) quando ocorre hipertensão intracraniana po- mato. O crescimento craniano se dá pelo aumen-
de-se pensar em causas idiopáticas pseudo- to de volume encefálico, que, devido à abertura
tumor cerebral ou por aumento do conteúdo das suturas (Figura 1), possibilita o crescimento
intracraniano como em caso de edema cere- do crânio como um todo, tal qual a pressão do ar
bral, hidrocefalia, hemorragias ou neoplasias, enchendo um balão de festa. O fechamento pre-
infecções, anormalidades metabólicas como maturo destas suturas (craniossinostose) pode
intoxicação por chumbo, deficiência de vita- determinar cranioestenose e a alterações impor-
mina A e galactosemia. Neoplasias intracra- tantes do formato craniano. Craniossinostoses
nianas incluem lesões císticas, tumores e abs- podem estar associadas a outras malformações
cessos. Nestes casos devem ser considerados congênitas e síndromes genéticas, entretanto
a clínica de hipertensão intracraniana já des- sua maior causa segue sendo idiopática14.
crita anteriormente e os déficits neurológi-
O fechamento precoce de cada uma das sutu-
cos. Por exemplo, déficits motores associados
ras causa formato específico (Figura 2):
a dificuldades de linguagem e epilepsia nas
lesões supratentoriais; comprometimento de • Sagital: é a forma mais frequente, leva ao au-
pares cranianos, déficits motores, ataxia nas mento do diâmetro ântero-posterior e à dimi-
lesões de fossa posterior. nuição do diâmetro biparietal do crânio, que
assume a forma de um barco (escafocefalia).
• Coronal: Provoca uma assimetria frontal. Exis-
3. Alterações no formato do crânio
te uma proeminência fronto-temporal do lado
Além da avaliação do tamanho, a avaliação do contralateral à sutura afetada, causando tam-
crescimento craniano inclui a análise do seu for- bém uma assimetria facial.

Figura 1. Suturas e fontanelas


(Desenho esquemático do posicionamento das suturas e fontanelas cranianas.)

Créditos pela imagem: Heloisa D. Tibilletti

• Metópica: causa deformidade frontal de forma- mais se relaciona a anormalidades cromossô-


to triangular (trigonocefalia). É a alteração que micas ou outras síndromes genéticas.

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• Lambdoide: determina o achatamento da re- nência da região occípito-parital contralateral.


gião occípito-parietal, com subsequente di- É a alteração menos comum.
minuição volumétrica e a uma maior proemi-

Figura 2. Alterações no formato craniano


(A – fechamento da sutura sagital; B – fechamento da sutura metópica; C – fechamento da sutura coronal direita;
D – fechamento das suturas coronais bilateralmente; E – fechamento da sutura lambdoide esquerda;
F – Plagiocefalia posicional, com achatamento parieto-occipital direito.)

Créditos pela imagem: Heloisa D. Tibilletti.

Forças mecânicas, em geral relacionadas ao pediatria, no entanto é fundamental seu conhe-


posicionamento do bebê ao deitar, podem tam- cimento em atendimentos na emergência, espe-
bém causar alterações de formato, que são gene- cialmente em pacientes com febre e alterações
ricamente denominadas plagliocefalia. A etiologia do nível de consciência, em que o diagnóstico de
da maioria das plagiocefalias segue desconhecida. um processo meníngeo infeccioso (que é o mais
A plagiocefalia posicional pode ser uni ou bilate- comum), ou químico ou hemorrágico (hemorra-
ral e, em geral, está relacionada ao posicionamen- gia subaracnoidea), devem ser avaliados.
to do bebê em decúbito e ao torcicolo. Provoca
Os sinais de irritação meningo-radicular são
assimetria craniana, com diminuição da distância
decorrentes de espasmos da musculatura para-
entre o olho e a orelha do lado afetado, classica-
vertebral e estiramento de raízes e meninges in-
mente assumindo o formato de um trapézio15.
flamadas. Essas manifestações são secundárias
O diagnóstico é clínico, de acordo com a for- ao deslocamento de estruturas intra-espinhais,
ma apresentada. No entanto, exames de ima- à variação de tensão das raízes inflamadas e hi-
gem podem auxiliar na confirmação diagnóstica persensíveis, à presença de material estranho no
e prover dados extras ao médico. A radiografia espaço subaracnoideo (sangue) ou ainda estão
de crânio pode ser utilizada para a avaliação das associadas à hipertensão liquórica.
sinostoses sagital, coronal e lambdoide. A Tomo-
Os sinais clássicos de alerta são17-19:
grafia Computadorizada pode dar mais informa-
ções sobre a forma, suturas e anormalidades ce- • Rigidez de nuca: Resistência à flexão passiva
rebrais que podem estar associadas16. da cabeça por conta de contratura da muscula-
tura cervical posterior. Ao exame é importante
avaliar a mobilidade do pescoço para os lados
para excluir as causas osteoarticulares da rigi-
Sinais de irritação meningo-radicular dez de nuca.
• Sinal do solavanco: Flexão súbita do pescoço
A avaliação dos sinais de irritação meníngea do paciente em decúbito dorsal com a mão do
não faz parte do exame neurológico habitual em examinador no tórax do paciente

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Sinais de alerta na avaliação neurológica da criança e do adolescente

• Sinal de Kernig: Resposta em flexão da articu- nóstico de meningite infecciosa e realize a no-
lação do joelho, quando a coxa é colocada em tificação às autoridades competentes. A menin-
certo grau de flexão, relativamente ao tronco. gite é uma doença de notificação compulsória
Há duas formas de se pesquisar esse sinal: individual, ou seja, são notificados caso por
a) paciente em decúbito dorsal - eleva-se o caso, principalmente pela equipe de saúde do
tronco, fletindo-o sobre a bacia; há flexão da primeiro atendimento. Assim, todos os casos
perna sobre a coxa e desta sobre a bacia, b) pa- suspeitos ou confirmados de meningite devem
ciente em decúbito dorsal - eleva-se o membro ser notificados às autoridades competentes,
inferior em extensão, fletindo-o sobre a bacia; sendo esta registrada no Sistema de Informa-
após pequena angulação, há flexão da perna ção de Agravos de Notificação (Sinan), por meio
sobre a coxa. Essa variante chama-se, também, do preenchimento da Ficha de Investigação de
manobra de Laségue. Meningite
• Sinal de Brudzinski: É a flexão involuntária da
perna sobre a coxa e desta sobre a bacia, ao se
tentar fletir a cabeça do paciente. A criança hipotônica
Crianças no primeiro ano de vida poderão
não apresentar os sinais clássicos de irritação
O tônus muscular é definido como o estado
de tensão permanente da musculatura esquelé-
meníngea. Nesta faixa etária, outros sinais e
tica, podendo ser avaliado através da resistência
sintomas permitem a suspeita diagnóstica, tais
obtida pelo examinador durante a movimenta-
como: febre, irritabilidade ou agitação, choro
ção passiva dos membros ao nível de suas arti-
persistente, grito meníngeo (a criança grita ao
culações20.
ser manipulada, principalmente, quando se flete
as pernas para trocar a fralda), há recusa alimen- No Quadro 3 estão resumidas as variações
tar, acompanhada ou não de vômitos, convulsões fisiológicas que ocorrem no tônus muscular, re-
e abaulamento da fontanela. lacionadas à prematuridade e/ou idade depen-
dente durante o primeiro ano de vida21.
Os principais sintomas associados que po-
dem acompanhar os sinais de irritação meningo- As alterações no tônus muscular constituem
-radicular são: cefaleia, fotofobia, hiperacusia, uma das manifestações clínicas mais comuns
febre, calafrios, náuseas, vômitos, irritabilidade, observadas em lactentes com atraso no desen-
confusão mental, delírio, coma, convulsão e pe- volvimento neurológico. Clinicamente, um lac-
téquias. tente hipotônico pode apresentar redução da
movimentação espontânea. Os membros infe-
Em vigência de sinais de irritação meningo-
riores também tendem a realizar uma abdução
-radicular, o diagnóstico mais comum é o de
completa, fazendo com que as faces laterais das
meningite de caráter infeccioso, entretanto,
pernas e coxas encostem-se à mesa de exame.
algumas condições podem simular esse diag-
Esta redução da movimentação pode determi-
nóstico e devem ser consideradas, tais como:
nar alterações no formato do crânio, como um
abscesso retrofaríngeo, mastoidite, adenopa-
achatamento da região occipital (braquicefalia).
tias cervicais, parkinsonismo medicamentoso,
Quando estas crianças são colocadas em posi-
miosite, trauma e processos expansivos da fos-
ção supina, a porção cefálica não se sustenta, os
sa posterior.
ombros caem para a frente e os membros pen-
Ao se deparar com um paciente com sinais dem passivamente. No Quadro 4 estão algumas
de irritação meningo-radicular, é necessário manobras semiológicas para detecção de hipo-
que o pediatra considere prontamente o diag- tonia22.

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Quadro 3 - Variações fisiológicas no tônus muscular

O RN prematuro é naturalmente hipotônico e apresenta mínima resistência à movimentação


passiva, sendo que o tônus muscular flexor se desenvolve progressivamente ao longo da gestação.
Além disso, no primeiro ano de vida, o lactente também apresenta uma variação fisiológica do
tônus muscular, cuja maturação segue uma sequência cefalocaudal e proximodistal.
A seguir, está a variação cronológica do desenvolvimento do tônus muscular:
32 semanas de gestação: o tônus flexor de membros inferiores começa a ser notado.
36 semanas de gestação: o tônus flexor torna-se proeminente e passa a ser palpável em membros
superiores.
A termo: tônus flexor presente nos quatro membros.
1º trimestre de vida: hipertonia flexora dos membros associada à hipotonia axial.
2º semestre: fase de hipotonia apendicular fisiológica associada à eutonia axial. Observa-se,
assim, hiperextensibilidade articular, que permite ao lactente facilmente levar os próprios pés à
boca, quando em decúbito dorsal, e elevar a cintura escapular acima da cintura pélvica, quando em
decúbito ventral.
4º trimestre: por volta dessa fase, o lactente já se coloca na posição de quatro para posteriormente
colocar-se de pé e, por volta do primeiro ano de vida começar a deambular.

Quadro 4. Manobras Semiológicas para Detecção de Hipotonia

Resposta à tração: é a medida mais sensível do tônus postural, podendo ser utilizada na avaliação
de RN prematuros em unidades de terapia intensiva neonatal. A manobra consiste em se segurar
as mãos e puxar o lactente em direção a uma posição supina. O RN a termo levanta a cabeça
imediatamente junto ao corpo e quando se chega à posição sentada, a cabeça mantém-se
ereta, alinhada ao eixo do corpo por alguns segundos. Durante o teste da tração, é possível ao
examinador sentir certa resistência por parte do lactente, bem como observar a flexão dos ombros,
joelhos e tornozelos.
A resposta à tração não está presente em RN prematuros com menos de 33 semanas de gestação.
Suspensão vertical: a fim de executar a manobra de suspensão vertical, o examinador coloca ambas
as mãos sob as axilas do lactente e, sem envolver o tórax, levanta-o em linha reta. Os músculos dos
ombros devem ter força o suficiente para exercer pressão contra as mãos do examinador e permitir
que o lactente se suspenda verticalmente sem deslizar. Enquanto suspenso, a cabeça fica ereta em
linha média com flexão dos joelhos, quadril e tornozelos.
Ao se suspender um lactente hipotônico, a cabeça cai para frente, os membros inferiores pendem
e o lactente parece deslizar por entre as mãos do examinador devido à fraqueza da musculatura
escapular.
Suspensão horizontal: quando suspenso horizontalmente, o lactente normal mantém a cabeça e a
coluna eretas e flexiona os cotovelos, quadril, joelhos e tornozelos. O RN a termo, saudável, realiza
esforço intermitente para manter a cabeça ereta, a coluna reta e os membros fletidos contra a
gravidade, enquanto que lactentes hipotônicos tendem a se “dobrar” sobre as mãos do examinador
com a porção cefálica e os membros pendendo de maneira flácida.
Sinal do “cachecol”: caracterizado como ausência de resistência à movimentação passiva do braço
sob o tórax em direção ao ombro oposto (o cotovelo passa facilmente a linha média, sem formação
de ângulos articulares).

9
Sinais de alerta na avaliação neurológica da criança e do adolescente

Na investigação etiológica da hipotonia uma (por comprometimento na deglutição do líqui-


adequada história clínica é fundamental, sendo do amniótico) podem indicar forte índice de
imprescindível questionar quanto a: suspeição de um quadro de hipotonia ainda no
• Presença de consanguinidade e antecedentes período intrauterino;
familiares de doenças neurológicas ou de atra- • Quanto ao parto, buscar informações acerca do
so no desenvolvimento neurológico; tipo do parto, tipo de apresentação, idade ges-
• História gestacional pormenorizada quanto a tacional e APGAR.
passado de abortamentos, natimortos e mortes
Ao se iniciar a investigação etiológica de
prenatais;
um lactente hipotônico, um dos passos iniciais
• Na gestação atual, buscar ativamente infor- é determinar se a hipotonia é acompanhada
mações acerca de fatores adversos, como ex- de fraqueza muscular. Esta informação é extre-
posição a drogas ou agentes tóxicos e infec- mamente útil para se distinguir uma hipotonia
ciosos; central (não acompanhada por fraqueza) de uma
• Presença de retardo no crescimento intrauteri- hipotonia periférica (que é associada à fraqueza
no, movimentos fetais reduzidos e polidrâmnio muscular)22.

Quadro 5. Alguns sinais clínicos indicativos de fraqueza

Redução no reflexo da tosse e dificuldade em limpar as vias aéreas;


Dificuldades de deglutição, indicadas pela presença de hipersalivação e acúmulo de secreção na
orofaringe;
Choro fraco;
Respiração diafragmática: dificuldades respiratórias, indicando fraqueza da musculatura
intercostal.

No Quadro 6 estão as características clínicas das hipotonias centrais e periféricas20.

Quadro 6. Características clínicas das hipotonias

Hipotonia Central
Presença de fatores de risco para encefalopatias hipóxico-isquêmicas;
Rebaixamento do nível de consciência;
Crises epilépticas;
Hipotonia de predomínio axial;
Força preservada;
Punhos cerrados;
Reflexos osteotendíneos normais ou exaltados;
Resposta adutora cruzada no teste de suspensão vertical;
Alterações dismórficas;
Presença de outras malformações em outros órgãos ou no próprio sistema nervoso central;
Atraso cognitivo associado.

continua...

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... continuação

Hipotonia periférica
História familiar de doença neuromuscular;
Hipotonia generalizada;
Movimentos antigravitacionais reduzidos ou ausentes;
Reflexos osteotendíneos reduzidos ou abolidos;
Atrofia muscular;
Fasciculações musculares;
Ptose palpebral associada a movimentos oculares restritos;
Hipomimia facial;
Palato em ogiva;
Respiração diafragmática;
Presença de retrações ou deformidades articulares;
Luxação do quadril;
Desenvolvimento cognitivo relativamente preservado.

Hipotonia Central Sistêmica A investigação inicial consiste em avaliar as


principais causas sistêmicas. Assim, solicita-se
De todas as causas de hipotonia neonatal, as
de forma geral:
mais importantes são as doenças sistêmicas que
afetam o sistema nervoso central. Neste sentido, • Hemograma, exame de urina, glicemia, eletró-
a encefalopatia hipóxico-isquêmica, isoladamen- litos (sódio, cálcio e magnésio), avaliação das
te, é a principal responsável pelos casos de hipo- funções renal, hepática e tireoidiana, proteína
tonia neonatal. Traumas medulares em decorrên- C reativa, gasometria arterial com dosagem de
cia de partos vaginais, em especial naqueles com lactato sérico;
apresentação pélvica, também podem ser causas • Culturas de sangue, urina e aspirado traqueal;
de hipotonia. Ocasionalmente, disrafismos espi-
nhais podem cursar com hipotonia. Nestes casos, • Exame de líquido cefalorraquidiano, incluindo
outros sinais como alterações do controle vesical a sua cultura;
e intestinal e alterações cutâneas na linha média • Avaliação cardiológica: eletrocardiograma e
(hemangiomas, nevus, tufos pilosos) auxiliam o ecocardiograma
diagnóstico. No Quadro 7 são apresentadas as
• Sorologias para as principais infecções congê-
causas sistêmicas que podem estar associadas a
nitas: toxoplasmose, rubéola, sífilis, citomega-
hipotonia e devem ser investigadas.
lovírus, HIV e herpes

• Triagem para erros inatos do metabolismo:


Quadro 7. Causas sistêmicas de hipotonia
dosagem sérica de aminoácidos, dosagem uri-
nária de ácidos orgânicos, dosagem sérica de
Sepse
lactato, amônia e piruvato, carnitina total, livre
Hipoglicemia
e perfil sérico de acilcarnitinas.
Hiponatremia
Hipotiroidismo Excluídas as causas sistêmicas mais imedia-
tas, um exame de neuroimagem deve ser solici-
Cardiopatias graves
tado. O exame de ultrassonografia transfontane-
Erros inatos do metabolismo
lar é um exame simples e de fácil execução que

11
Sinais de alerta na avaliação neurológica da criança e do adolescente

pode ser útil na avaliação inicial desses quadros. Hipotonia Central Sindrômica
Para melhor elucidação diagnóstica, pode-se
A identificação de três ou mais características
dispor de exames mais detalhados, como tomo-
dismórficas está fortemente relacionada a mal-
grafia computadorizada ou ressonância magnéti-
formações, sugerindo uma hipotonia de causa
ca de crânio.
sindrômica. A Tabela 1 resume as características
principais das síndromes genéticas associadas à
hipotonia.
Tabela 1. Características das síndromes associadas a hipotonia

Doença Principais achados fenotípicos Etiologia


Síndrome Hipotonia generalizada com tendência a manter a boca Trissomia simples do cromossomo 21 (causada
de Down entreaberta e a língua protusa; deficiência intelectual; pela não disjunção cromossômica geralmente de
(Trissomia reflexo de moro discreto; hiperextensibilidade articular; origem meiótica caracterizando-se pela presença
do 21)23 fácies achatada; fissuras palpebrais oblíquas; displasia de um cromossomo 21 extra livre. Ocorre em 94%
de quadril; prega palmar única; anormalidades cardíacas dos casos
(defeito do septo ventricular, ducto arterial patente, Translocação robertsoniana (rearranjos
defeito do septo auricular e artéria subclávia aberrante); cromossômicos com ganho de material genético
instabilidade atlanto-axial. podendo ser de ocorrência casual ou herdada de
um dos pais. Ocorre em 3% a 4% dos casos
Mosaicismo (caracteriza-se pela presença de
duas linhagens celulares, uma normal com
46 cromossomos e outra trissômica com 47
cromossomos. Ocorre em 1% a 2% dos casos
O cariótipo não é fundamental para o diagnóstico,
porém é essencial para o aconselhamento genético
da família uma vez que só ele determina se o
quadro apresentado é casual ou herdado
Síndrome de Choro fraco, polidrâmnio; artéria umbilical única; Trissomia livre do cromossomo 18 (90% a 95%).
Edwards24 deficiência de crescimento; occipúcio proeminente; Translocação envolvendo o cromossomo 18,
estreitamento do diâmetro craniano bifrontal; orelhas resultando em sua trissomia ou mosaicismo (< 10%).
malformadas; fissuras palpebrais curtas; micrognatia;
O diagnóstico é usualmente confirmado pelo
fenda palatina; punhos cerrados com os dedos sobrepostos
estudo cromossômico pelo exame de cariótipo,
(segundo dedo sobre o médio e o quinto dedo sobre o
com detecção de trissomia completa ou parcial
quarto); alterações renais (rins policísticos, ectópicos ou
do cromossomo 18. Mais recentemente,
hipoplásicos, agenesia renal hidronefrose, duplicação
outras técnicas, como a de hibridização in situ
de ureteres); alterações cardíacas (defeito do septo
fluorescente (FISH) e a de hibridização genômica
ventricular, estenose pulmonar, coartação da aorta);
comparativa (CGH), vêm sendo utilizadas
alterações cerebrais (hidrocefalia, anencefalia, cistos
na detecção de pacientes com trissomia do
cerebrais); deficiência intelectual.
cromossomo 18, especialmente em situações
específicas, como no diagnóstico rápido em recém-
nascidos e na detecção da síndrome no pré-natal
Síndrome do Macrocefalia; deficiência intelectual moderada a grave; Herança ligada ao cromossomo X. Expansão
X-Frágil transtorno do espectro autista em 60% dos afetados; da trinca de nucleotídeos (CGG) na região do
fronte proeminente; alargamento da ponte nasal; orelhas gene FMR1 localizado no cromossomo Xq27.3.
proeminentes; palato em ogiva; macroorquidia. Indivíduos normais apresentam entre 6 e 54
repetições, 55 a 200 repetições caracteriza um
quadro de pré-mutação e acima de 200 repetições,
um indivíduo afetado.
Indivíduos femininos com pré-mutação: falência
ovariana precoce, alterações comportamentais
(ansiedade e distúrbios do humor)
Indivíduos masculinos com pré-mutação:
parkinsonismo atípico, tremor cerebelar e
demência que constituem um quadro de síndrome
atáxica associada ao X-frágil.
continua...

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Doença Principais achados fenotípicos Etiologia


Síndrome de Fácies característica (face de elfo ou gnomo, fissuras Diagnóstico pela análise genética (hibridização in
Williams palpebrais curtas, ponte nasal baixa, nariz pequeno e situ fluorescente – FISH)
arrebitado, prega epicântica, região periorbitária volumosa, Grande maioria dos casos esporádicos sem história
olhos azuis com íris estrelada, narinas antevertidas, filtro familiar para a doença.
longo, lábios proeminentes e boca entreaberta); alterações
Em sua quase totalidade causada por uma deleção
cardiovasculares (estenose pulmonar, estenose aórtica
no cromossomo 7q11.23, que envolve o gene da
supravalvar, hipertensão); deficiência intelectual.
elastina (ELN).
Síndrome de Dificuldades de deglutição e hipotonia acentuada nos 70% a 80% dos casos são causados por deleção
Prader-Willi primeiros meses e que melhoram após o segundo semestre da região 15q11.2-q12 do alelo paterno; o restante
de vida; dos casos consiste em dissomia uniparental ou
Aspectos dismórficos: diâmetro bifrontal da face estreito; defeitos do centro de imprinting
olhos amendoados; nariz afilado; mãos e pés pequenos;
hipoplasia de pequenos lábios nas meninas e criptorquidia
nos meninos.
Síndrome de Aparentamente normais à nascença. Nos primeiros seis Diferentes mecanismos genéticos podem causar
Angelman meses do período pós-natal podem ocorrer dificuldades síndrome de Angelman, como a deleção da
de alimentação e hipotonia, seguidos de atraso no região crítica 15q11.2-q13 (60-75%), dissomia
desenvolvimento entre os 6 meses e 2 anos de idade. uniparental paterna (2% a 5%), defeito de
Geralmente a partir de 1 ano de idade, as características imprinting (2% a 5%) e mutação no gene < i>
típicas da SA desenvolvem-se: atraso mental grave, UBE3A (10%). Num grupo que representa 5% a
ausência de linguagem, episódios de riso com agitação 26% dos doentes, a alteração genética permanece
das mãos, microcefalia, macrostomia, hipoplasia maxilar, não identificada;
prognatismo e problemas neurológicos com marcha rígida, Anomalias específicas do eletroencefalograma
ataxia e crises epilépticas. (EEG) (atividade delta trifásica mais acentuada
Outros sinais descritos incluem comportamento feliz, sobre as regiões frontais);
hiperatividade sem agressão, desatenção, excitabilidade
e problemas de sono com diminuição da necessidade de
dormir, aumento da sensibilidade ao calor e atração pela
água. Com o avançar da idade, as características típicas
da doença tornam-se menos acentuadas devido à face
grosseira, escoliose torácica e problemas de mobilidade. A
escoliose torácica está descrita em 40% dos doentes com
SA (principalmente mulheres).
Síndrome da Condição autossômica dominante ligada ao cromossomo Deleções ou mutações do gene MECP2 sendo que
Duplicação do X que afeta predominantemente indivíduos do sexo em 95,5% dos casos a sua ocorrência é esporádica.
gene MECP2 feminino.
(Síndrome Critérios de inclusão: História clínica pré e perinatal
de Rett) aparentemente normais; desenvolvimento neurológico
normal nos 6 primeiros meses de vida; perímetro cefálico
normal ao nascimento; desaceleração pós-natal do
crescimento cefálico; perda do uso funcional das mãos
(entre 6 meses e 2 anos e meio de idade); movimentos
manuais estereotipados; regressão neurológica;
comprometimento da linguagem; perda da fala;
comprometimento cognitivo; deterioração da marcha.
Critérios clínicos de suporte: Anormalidades do padrão
respiratório; bruxismo; alterações no padrão do sono;
anormalidades do ritmo cardíaco podem surgir elevando o
risco de morte súbita; escoliose progressiva.
60% dos pacientes afetados apresentam epilepsia: crises
focais disperceptivas, generalizadas tônico-clônicas;
ausências atípicas; tônicas e mioclônicas.

continua...

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Sinais de alerta na avaliação neurológica da criança e do adolescente

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Doença Principais achados fenotípicos Etiologia


Síndrome de Atraso no crescimento e deficiência mental; alterações Herança autossômica recessiva.
Smith-Lemli- comportamentais (transtorno do espectro autista, Causada por defeito da síntese do colesterol
Opitz hiperatividade, autoagressão e perturbações do sono); e é causada por mutações no gene DHCR7
anomalias estruturais do cérebro (hipoplasia ou ausência (11q13.4), levando à deficiência da enzima 3 beta-
de corpo caloso, holoprosencefalia e microcefalia); hidroxisterol-delta 7-reductase que converte o
alterações craniofaciais (estreitamento bitemporal, ptose 7-dehidrocolesterol (7DHC) em colesterol.
palpebral, ponte nasal estreita, narinas antevertidas,
O diagnóstico baseia-se na detecção de níveis
queixo pequeno e micrognatia); fenda do palato ou úvula
elevados de 7DHC no plasma e tecidos. A análise
bífida; rizomelia e polidactilia pós-axial das mãos ou dos
de mutações genéticas confirma o diagnóstico.
pés; sindactilia dos 2º e 3º dedos dos pés; polegares
de implantação proximal e curtos; anomalias genitais
em indivíduos masculinos (pênis pequeno, hipospádia,
genitália ambígua); anomalias cardiovasculares: (defeitos
dos septos interauricular e interventricular, canal
arterial patente, canal auriculoventricular); anomalias
gastrointestinais (refluxo gastroesofágico, estenose
pilórica, má-rotação e aganglionose do cólon)
Síndrome de No período neonatal, a condição se manifesta por Sete genes AHI1 (6q23), NPHP1 (2q13), CEP29O
Joubert irregularidades respiratórias (episódios de taquipneia ou (12q21), TMEM67 (8q22), RPGRIP1L (16q12),
apneia) e nistagmo; ataxia cerebelar; hipotonia; atraso no ARL13B (3p12.3-q12.3), CC2D2A (4p15) e dois
desenvolvimento neurológico e deficiência intelectual. loci nos cromossomos 9q34 (JBTS1) e 11p12-q13
Alterações fenotípicas (macrocrania, fronte proeminente, (CORS2/JBTS2) associadas à síndrome de Joubert já
sobrancelhas altas e arredondadas, epicanto, narinas foram descritas
antevertidas e alargadas, boca entreaberta, língua protusa Ressonância magnética de crânio com achado
com movimentos rítmicos, orelhas de implantação baixa). característico de “sinal do dente molar” (hipoplasia
Achados associados: distrofia retiniana, nefronoftise e cerebelar e malformações mesecefálicas).
polidactilia.
Síndrome de Características faciais típicas: fronte ampla e proeminente; Haploinsuficiência do gene NSD1 localizado no
Sotos dolicocefalia; cabelos esparsos em região frontotemporal; cromossomo 5q35.
fissuras palpebrais oblíquas; hipertelorismo; face longa e Diagnóstico pela avaliação genética molecular com
estreita. detecção de deleções ou variantes patogênicas no
Deficiência intelectual moderada a grave; atraso no gene NSD1.
desenvolvimento neurológico; transtorno do espectro
autista.
Estatura e perímetro cefálico 2 desvios-padrão acima da
média, essa taxa excessiva no aumento da estatura, peso e
perímetro cefálico se mantém até os 3 anos de idade;
Síndrome de Baixo peso ao nascer; microcefalia; face arredondada; Deleção na porção terminal do cromossomo 5
Cri-du-chat ponte nasal alargada; hipertelorismo; epicanto; fissuras (80% dos casos resultantes de uma mutação
palpebrais inclinadas para baixo; cantos da boca voltados de novo e 20% resultantes de uma segregação
para baixo; orelhas de implantação baixa; micrognatia; desequilibrada de uma translocação parental
choro característico. balanceada).
Malformações adicionais: hipotonia; atraso grave no Diagnóstico pelo exame de cariótipo ou
desenvolvimento neurológico; malformações cardíacas e hibridização in situ flurorescente.
renais; sindactilia; hipospádia e criptorquidia.

continua...

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Doença Principais achados fenotípicos Etiologia


Síndrome de Características craniofaciais: fendas palpebrais alongadas Padrão de herança autossômica dominante:
Kabuki com eversão do terço lateral da pálpebra inferior; associado ao gene KMT2D
sobrancelhas arqueadas e largas exibindo no último terço Padrão de herança ligada ao cromossomo X:
falhas ou rarefação; columela curta com depressão da associado ao gene KDM6A
ponta nasal; orelhas grandes; proeminentes ou em concha;
Diagnóstico deve ser suspeitado em indivíduos de
fenda lábio/palato ou palato ogival e anomalias dentárias.
qualquer idade que apresentem hipotonia, atraso
Anomalias musculoesqueléticas: braquidactilia, no desenvolvimento neurológico, deficiência
clinodactilia do quinto dedo; anomalias da coluna; intelectual associado a presença das características
hipermobilidade e luxações articulares; anomalias faciais típicas.
dermatoglíficas (persistência das almofadas fetais).
Diagnóstico confirmado por investigação genética.
Alterações neurossensoriais: déficit intelectual; hipotonia;
epilepsia; transtorno do espectro autista; perda auditiva
é frequente e pode ter uma causa neurossensorial
ou ser consequência de otite média crônica, devido à
malformação craniofacial ou suscetibilidade à infecção.
Alterações oculares: escleróticas azuis; estrabismo; ptose
palpebral; coloboma e alterações da córnea.
Cardiopatias congênitas (lesões obstrutivas do lado
esquerdo ou defeitos septais).
Síndrome Características cardinais: fenda palatina, sequência Padrão de herança autossômica dominante. Os
Velocardiofacial de Pierre-Robin e defeitos cardíacos especialmente do pacientes apresentam uma deleção intersticial do
(DiGeorge) tipo conotruncal (interrupção do arco aórtico e truncus cromossomo 22q11.2 detectável por hibridização
arteriosus). fluorescente in situ (FISH).
Achados faciais: aumento do comprimento vertical da
face com excesso maxilar vertical; hipertelorismo; fendas
palpebrais estreitas e oblíquas; aumento da altura do
nariz, com base e narinas pequenas e com a presença de
um enchimento sobre a ponte, dando ao nariz um formato
tubular ou cilíndrico; redundância das pálpebras superiores
e retrognatia secundária a anormalidade do ângulo da base
do crânio e; anormalidades menores nas orelhas como o
sobredobramento das hélices
Síndrome de Sexo masculino mais gravemente afetado; deficiência Síndrome ligada ao cromossomo X, gene RPS6KA3
Coffin-Lowri intelectual; baixa estatura (muito abaixo do percentil 2,5). (Xp22.2-p22.1).
Características craniofaciais: hipertelorismo orbitário, Diagnóstico confirmado por análise genética.
fissuras palpebrais oblíquas para baixo, nariz com
base ampla e septo espesso, lábios grossos e diâmetro
bitemporal estreito. É comum a ocorrência de hipodontia e,
em alguns casos, detecta-se hipoplasia do terço médio da
face, em contraste com prognatismo mandibular.
Características osteoarticulares: mãos são volumosas, com
dedos curtos e hiperextensíveis, com ponta baqueteada
ou fusiforme. As unhas podem apresentar convexidade
exagerada. Dentre as alterações dermatoglíficas, a mais
comum é a presença de prega transversal na região
hipotenar.
Modificado das referências 23-32.

Hipotonia Periférica
mais grave do tônus e associada a um quadro
A hipotonia periférica representa o grupo de
mais grave de fraqueza muscular20.
doenças relacionadas ao comprometimento das
unidades que compõem a unidade motora, cor- A Tabela 2 enfatiza os aspectos clínicos de
respondendo a menor porcentagem dos casos. algumas doenças de maior relevância etiológi-
Em geral está relacionada a comprometimento ca para a síndrome do lactente hipotônico.

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Sinais de alerta na avaliação neurológica da criança e do adolescente

Tabela 2. Características das síndromes com hipotonia de causa periférica

Padrão Idade de
Doença Quadro clínico Diagnóstico Tratamento
genético início
Distrofia Recessivo 2 a 6 anos de Atraso no desenvolvimento Níveis de CPK 50 Tratamento suportivo
Muscular de ligado ao X idade neuromotor; a 100x acima do Acompanhamento
Duchenne (Xp21); 30% Fraqueza progressiva, fadiga normal (níveis caem interdisciplinar
a 50% não ao deambular, correr ou subir com o aumento da
têm história gravidade da doença); Corticoterapia:
escadas;
familiar e Diagnóstico Prednisona/prednisolona
apresentam Marcha “anserina”; (0,75mg/kg/d), por via
efetuado por teste
mutações Levantar miopático de Gowers; molecular: PCR oral, uso contínuo ou;
espontâneas Comprometimento maior da (detecta mutações Prednisona/prednisolona,
musculatura proximal; mais comuns por VO intermitente
Pseudohipertrofia de duplicação/deleção); (0,75mg/kg/d a cada
panturrilhas; MLPA (detecta 10 dias);
Na 2ª década: escoliose maior número Deflazacort 0,9 mg/kg/d VO
progressiva, miocardiopatia e de mutações por uso contínuo;
fraqueza respiratória deleção/duplicação Para 15% dos pacientes
abrangendo quase com DMD que
todos os éxons); apresentam mutações
Sequenciamento nonsense encontra-se
total do gene. em comercialização do
Eletroneuromiografia medicamento Ataluren
(ENMG) com padrão (preparado administrado
miopático. por via oral que permite a
leitura do código genético
por um stop códon
prematuro do mRNA.
Distrofia Recessivo Variável: da Similar ao anterior porém com Similar ao anterior. Tratamento suportivo.
Muscular ligado ao X infância à idade apresentação clínica mais Quadro clínico
de Becker (Xp21) adulta branda extremamente variável
(início tardio) com os pacientes
mantendo a deambulação
por 15 a 20 anos após
início dos sintomas.
Expectativa de vida
normal.
Distrofia Autossômico Variável: da Envolvimento lento, CPK frequentemente Tratamento
Muscular de dominante, infância à idade progressivo e simétrico acima de 5.000 UI/L; interdisciplinar, suportivo.
Cinturas recessivo ou adulta da musculatura proximal ENMG com padrão
ligado ao X (caracteristicamente da cintura miopático;
escapular e pélvica).
Ressonância
magnética
de membros
podem revelar
o envolvimento
muscular seletivo
Distrofia Herança Final da 1ª à 5ª Fraqueza facial bilateral; CPK leve a Tratamento suportivo
Fáscio- autossômica década de vida fraqueza da musculatura moderadamente
Escápulo- dominante escapular e da musculatura elevada
Umeral (gene D4Z4 dorsiflexora dos tornozelos; (< 1.500 UI/L)
(Landouzy- cromossomo Critérios suportivos: assimetria Biópsia muscular:
Dejénerine) 4q35); em dos déficits motores; deltoides Variação no tamanho
10% a 30% e antebraço são poupados; das fibras musculares,
dos casos são aumento do tecido
esporádicos 89% apresentam deficiência
intelectual, 75% surdez conectivo endomisial,
neurossensorial e 60% alterações
doença de Coats (vasculopatia inflamatórias.
retiniana). Confirmação pela
Critérios de exclusão: ptose avaliação genética
palpebral; fraqueza da molecular.
musculatura ocular extrínseca;
rash cutâneo; miotomia.

continua...

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Padrão Idade de
Doença Quadro clínico Diagnóstico Tratamento
genético início
Miopatia Herança Variável Fraqueza e hipotonia associada Biópsia muscular: Tratamento suportivo
Nemalínica autossômica Em sua forma a reflexos tendinosos presença de inclusões
dominante mais comum profundos deprimidos ou filamentares
(mutações no (forma ausentes; agregadas que
gene NEB em congênita Fraqueza muscular mais lembram bastões.
50% dos casos típica) ocorre pronunciada na região cervical
e no gene hipotonia (musculatura flexora), facial e
ACTA1 em 15 moderada região proximal dos membros;
a 25% dos chamando a
casos) Formas congênitas graves
atenção apenas associadas a artrogripose
pelo atraso e insuficiência respiratória
na aquisição neonatal com óbito antes do
dos marcos do primeiro ano de vida
desenvolvi-
mento.
Miopatia Recessiva Período Ptose palpebral CPK normal Tratamento suportivo
Miotubular ligada ao X neonatal Oftalmoplegia e ENMG com
(Xq27) padrão miopático
Fraqueza grave e simétrica. inespecífico
Dificuldades de sucção,
deglutição e insuficiência Diagnóstico por
respiratória desde o biópsia muscular
nascimento;
Miopatia do Maioria Infância à idade Hipotonia moderada notada CPK normal; Tratamento suportivo;
Core Central autossômica adulta logo após o nascimento; ENMG com padrão Dantrolene utilizado
dominantes; Luxação congênita do quadril é miopático; para abortar quadros de
alguns casos um achado frequente; Fraqueza hipertermia maligna.
esporádicos lentamente progressiva Biópsia muscular
autossômicos costuma se iniciar aos 5 característica: áreas
recessivos. anos de vida (fraqueza maior bem demarcadas
nos segmentos proximais de agregados
Etiologia: miofibrilares,
mutações no dos membros afetando
predominantemente os exibindo graus
gene RYR1 variáveis de
localizado no membros superiores); Reflexos
tendinosos ausentes; degeneração nas
cromossomo porções centrais das
19q13. Motilidade ocular extrínseca, fibras musculares
expressão facial e deglutição tipo 1;
são normais;
Análise de
Risco de hipertermia maligna sequenciamento
não devendo se ter extrema genético identifica
cautela ao se administrar cerca de 50% dos
anestésicos. pacientes.
Doença de Herança Forma infantil Forma infantil: Início antes dos Eletrocardiograma: Tratamento por
Pompe autossômica ou tardia 12 meses de idade (média de 4 intervalo PR curto, equipe interdisciplinar
recessiva. meses); hipotonia generalizada complexo QRS de alta especializada;
Gene e profunda; fraqueza muscular; amplitude. Terapia com reposição
localizado no dificuldades alimentares; Dosagem da enzimática com
cromossomo retardo no crescimento; atividade da enzima alglicosidase ácida assim
17q25.2-25.3 dificuldades respiratórias e; α-glicosidase ácida que o diagnóstico for
cardiomiopatia hipertrófica em fibroblastos. estabelecido.
Forma tardia: ampla Biópsia muscular:
variabilidade clínica. Início fibras musculares
antes do primeiro ano de com grandes
vida sem cardiomiopatia vacúolos repletos de
associada ou início em idade glicogênio.
variável caracterizada por
fraqueza muscular proximal e Testagem molecular
insuficiência respiratória sem
envolvimento cardíco.

continua...

17
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Padrão Idade de
Doença Quadro clínico Diagnóstico Tratamento
genético início
Amiotrofia Herança Tipo 0: pré- Tipo 0 ou 1A: Forma mais Em alguns locais é Tratamento suportivo por
Espinhal autossômica natal (sobrevida grave e precoce, podendo se possível a triagem equipe interdisciplinar
recessiva. Em inferior a 6 apresentar com diminuição dos neonatal pela especializada é
95% dos casos meses) movimentos fetais. Fraqueza pesquisa genética fundamental;
ocorre uma Tipo 1: antes muscular global ao nascimento; por reação de cadeia Tratamentos direcionados
mutação em dos 6 meses de não há ganho dos marcos do de polimerase à fisiopatologia da doença
homozigose do idade desenvolvimento; artrogripose; (PCR) permitindo incluem:
gene SMN no insuficiência respiratória ao o diagnóstico pré-
cromossomo 5 Tipo 2: 6 a 18 nascimento é comum. sintomático; - Nusinersena
e; em 2% dos meses de idade - Onasemnogene-
Tipo 1: Fraqueza muscular Em indivíduos
casos ocorre Tipo 3: acima progressiva com início sintomáticos, abeparvovec-xioi (terapia
mutação de dos 18 meses antes dos 6 meses de idade; suspeita-se de AME com reposição enzimática).
novo até a idade hipotonia marcada pelo pobre pelo quadro clínico Esses tratamentos podem
adulta. controle cefálico, além de não (perda de ganhos interromper a evolução
ser possível o sustento vertical desenvolvimentais, da doença devendo ser
pelas axilas ao exame físico; fraqueza muscular instituídos antes do
crianças acometidas não são proximal maior que surgimento dos sintomas.
capazes de se sentar; o tórax a distal, hipotonia,
assume uma conformação de hiporreflexia,
sino; fasciculações em língua; fasciculações de
insuficiência respiratória aos língua) e se confirma
2 anos de idade. o diagnóstico por
Tipo 2: Pacientes acometidos exame genético
capazes de sentar, porém específico.
nunca de andar; início do
quadro entre 7 e 18 meses de
idade; escoliose progressiva
grave; fraqueza intercostal;
doença pulmonar restritiva;
contraturas articulares;
distúrbios gastrointestinais
(discinesia esofágica, distúrbios
de mastigação e deglutição);
distúrbios miccionais.
Tipo 3: Tipicamente os
pacientes atingem todos os
marcos do desenvolvimento;
musculatura respiratória é
pouco afetada e a escoliose
acontece em menor grau;
poliminimioclonia (mioclonias
posturais irregulares mais
acentuados durante os
movimentos voluntários)
Modificado das referências 22,33-35

18
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Para auxiliar na investigação do paciente com hipotonia sugerimos seguir o algorítmico proposto
por Moraes & Gurgel-Gianetti20.

ALGORITMO PARA INVESTIGAÇÃO DE HIPOTONIA

Não Hipotonia Sim

Existe fraqueza muscular associada?

Provável hipotonia central Provável hipotonia periférica

Neuroimagem CK

Quadro clínico compatível com doenças


Existem dismorfismos associados?
genéticas com testes específicos?

Não Sim Não Sim

Hipotonia Hipotonia não Painel genético


sindrômica sindrômica para distrofias
Realizar o teste
Diagnóstico baseado Realizar teste musculares,
e confirmar o
no quadro clínico, genético específico miopatias e
diagnóstico
exames laboratoriais e adequado para síndromes
e neuroimagem. cada situação. miastênicas.

Negativo Corno anterior da medula


Exoma
Nervos periféricos
Eletroneuromiografia
Junção neuromuscular

Músculo → Biópsia

abordados os diferentes diagnósticos, quando


Déficit motor agudo
o pediatra se deparar com um quadro de déficit
motor agudo.
A perda de força súbita ou com rápida evolu-
ção, em um ou mais membros, sempre deve ser
Acidente Vascular Cerebral (AVC)
vista como sinal de alerta pelo pediatra. Um dé-
ficit neurológico focal agudo pode sugerir causa A incidência anual de AVC na população pe-
vascular, epiléptica, desmielinizante ou mesmo diátrica, após o período neonatal, é aproxima-
um quadro de enxaqueca. Dessa forma, serão damente 2,3/100.000 indivíduos. Os quadros

19
Sinais de alerta na avaliação neurológica da criança e do adolescente

isquêmicos são mais frequentes do que os he- 1,3/100.000 crianças e adolescentes menores
morrágicos. Os fatores de risco mais comuns de 18 anos e raramente ocorre em menores de
são cardiopatias congênitas, sepse, meningi- 2 anos de idade. A apresentação clássica da SGB
te/encefalite e doença falciforme36,37. Dentre é a fraqueza simétrica e parestesia de membros
as manifestações clínicas focais observam-se inferiores, iniciada geralmente em pododáctilos,
hemiparesia (67% a 90%), alterações na fala com evolução ascendente, podendo acometer
(20% a 50%), alterações visuais (10% a 15%) membros superiores e, em casos graves, múscu-
e ataxia (10%). Crises convulsivas representam los da respiração. Os sintomas mais predominan-
o sinal neurológico mais frequente na popula- tes em crianças são dor e dificuldade de marcha.
ção neonatal; também estão presentes em cerca Dois terços dos pacientes desenvolvem os sin-
de 15% a 25% dos AVCs isquêmicos, principal- tomas de 2 a 4 semanas após um quadro, geral-
mente em crianças menores de 6 anos de idade. mente benigno, de infecção respiratória ou gas-
O reconhecimento da causa será fundamental trointestinal. A plasmaferese e a imunoglobulina
para decidir sobre possibilidade de tratamento endovenosa são opções de tratamento. Cerca de
antiplaquetário ou anticoagulante, correção de 90% a 95% das crianças recuperam-se comple-
cardiopatia e /ou doença falciforme, entre ou- tamente entre 6 e 12 meses 41,42.
tras38,39.
Mielite Transversa
Tumores
Trata-se de síndrome neurológica aguda, cau-
Os tumores do sistema nervoso central (SNC) sada por lesão desmielinizante na medula espi-
podem causar diferentes sintomas, já que de- nhal, com início abrupto de sintomas motores,
pendem da idade da criança, do local de inva- autonômicos e sensitivos (geralmente seguindo
são, da possibilidade de compressão de estrutu- um ou mais dermátomos). Pode estar associada
ras adjacentes pelo efeito de massa, ou mesmo com quadro de esclerose múltipla e neuromielite
por obstrução do fluxo do líquido cefalorraqui- óptica, porém a forma mais comum manifesta-se
diano, resultando em hidrocefalia. Cefaleia é a após quadro viral. Os sintomas motores incluem
apresentação clínica mais comum. Porém, alte- paraparesia progressiva, que pode evoluir para
rações na marcha, náuseas e vômitos são vistos membros superiores. Já os sintomas sensitivos
em tumores de fossa posterior; da mesma for- incluem dor, disestesia e parestesia. Dentre os
ma, alterações na coordenação, marcha e pa- sintomas autonômicos, urgência miccional, in-
ralisia de nervos cranianos são sinais de alerta continência urinária e constipação são frequen-
para tumores de tronco cerebral. Ataxia e crises tes. Na presença destes sintomas, é fundamen-
convulsivas também podem estar presentes, po- tal realizar ressonância magnética de encéfalo e
rém alterações agudas/subagudas de comporta- neuroeixo. O tratamento de escolha geralmente
mento (apesar de menos frequentes) devem ser é a corticoterapia43-44.
consideradas. O sinal do “sol poente” (desvio
dos olhos para baixo) é um importante sinal de Encefalomielite Disseminada Aguda (ADEM)
alerta para quadro de hidrocefalia obstrutiva40.
ADEM é uma doença desmielinizante do sis-
tema nervoso central, geralmente precedida por
Síndrome de Guillain-Barré (SGB)
infecção ou vacinação, podendo causar diferen-
Quadro de natureza autoimune, que cau- tes sintomas neurológicos. Ocorre secundaria-
sa desmielinização aguda no sistema nervoso mente a desregulação autoimune desencadea-
periférico. A clínica mais frequente é a de pa- da em indivíduos predispostos geneticamente
ralisia flácida aguda, arreflexia e dissociação ou por outros agentes ambientais. A prevalên-
albumino-citológica no líquor. Apesar da inci- cia é baixa, de 0,2-0,4/100.000 ao ano. Quadro
dência ser menor em crianças, acomete cerca de febril pode estar presente em 50% a 75% das

20
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crianças até 4 semanas antes do início dos sin-


Alterações do equilíbrio
tomas neurológicos. Estes aparecem cerca de
1 a 2 semanas antes. Encefalopatia é um sinal
predominante, acompanhado por letargia e irri- O equilíbrio compreende as intervenções
tabilidade. Além disso, hemiparesia aguda, ata- automáticas capazes de assegurar que o centro
xia cerebelar e disfunção piramidal e de medula de gravidade do corpo se mantenha dentro do
espinhal são frequentes. Por essa razão, sempre polígono de sustentação, tanto em condições es-
se deve estar atento para diagnóstico diferen- táticas (posição de pé) quanto dinâmicas (princi-
cial com esclerose múltipla, mielite transversa palmente a marcha)47,48.
e neurite óptica. Preconiza-se o tratamento com
altas doses de esteroides (geralmente metil- Avaliação do equilíbrio
prednisolona) por 3 a 5 dias. A imunoglobulina
também pode ser uma opção, inclusive como as- Inicialmente, o equilíbrio estático é testado
sociação ao corticosteroide. A maioria das crian- com a pesquisa do sinal de Romberg que deve
ças apresenta resolução completa do quadro ser realizado a partir dos 4 anos de idade. O
após a pulsoterapia45,46. paciente é solicitado a ficar em pé, com os pés
juntos e olhos fechados. Se o mesmo balançar
ou cair, o teste é considerado positivo, pois não
Outros Quadros de Déficit Motor Agudo
seria esperado nem com os olhos abertos ou
Transitórios
fechados. É importante salientar que essas os-
1. Paralisia de Todd: Termo usado para descre- cilações ocorreriam em lesões vestibulares e
ver quadro de hemiparesia que perdura de em distúrbios proprioceptivos por comprome-
minutos a horas como consequência de uma timento dos nervos periféricos ou do funículo
crise convulsiva prolongada, seja focal ou posterior da medula. No lactente, o desenvolvi-
generalizada. A paralisia pode ser parcial ou mento das estruturas estatocinéticas está vin-
completa e geralmente é unilateral; culado ao aparecimento dos reflexos de apoio
2. Enxaqueca Hemiplégica: Déficit motor agu- lateral (quando o lactente se senta sozinho e ao
do, geralmente hemiplegia, pode ocorrer ser empurrado para um dos lados se apoia com
durante uma crise de migrânea. Quadro de o membro superior com mão estendida na mesa
escotomas visuais e disestesias em mãos, do exame) e o reflexo de paraquedas (obtido
boca e face podem ocorrer como pródromos quando o bebê é elevado em suspensão ven-
30 a 60 minutos antes da crise. Os sintomas tral e, ao ser inclinado rapidamente à mesa de
neurológicos duram menos de 24 horas. Im- exame, busca apoio com extensão e anteposi-
portante salientar que tal diagnóstico só ção dos membros superiores simetricamente).
pode ser feito após exclusão de outros qua- A avaliação do equilíbrio dinâmico é realizada
dros (Ex.: AVC agudo, tumores) por neuroima- pela observação do paciente andando de forma
gem. normal, na ponta dos pés, nos calcanhares, no
pé calcanhar (a partir de 5 anos) e em linha reta
3. Síndrome conversiva: alterações de marcha
para identificação de desvios e outras posturas
ou déficites motores que não são condizen-
anômalas. A marcha torna-se independente no
tes em aspectos anatômicos e/ou fisiológi-
segundo ano de vida e, inicialmente, apresenta-
cos podem ser observados tanto em crianças
-se com base alargada em decorrência da imatu-
como adolescentes. A síndrome conversiva
ridade cerebelar.
somente pode ser diagnosticada após causas
orgânicas terem sido afastadas. O tratamento
Alterações da marcha
deve ser focado no fator estressante, poden-
do inclusive ser sinal de alerta para situações a) Marcha ebriosa ou cerebelar: marcha insegu-
de negligencia, abuso físico ou sexual. ra, com base alargada, instável. Pode ocorrer

21
Sinais de alerta na avaliação neurológica da criança e do adolescente

nos quadros de ataxias (congênitas, metabóli- b) manobra índex-objeto (colocar a ponta do in-
cas, infecciosas ou pós-infecciosas, tóxicas ou dicador em um objeto)
tumorais)
c) manobra índex-índex (colocar a ponta de um
b) Marcha anserina ou de pato: observa-se acen- indicador na ponta do outro)
tuação da lordose lombar e oscilação da bacia
d) movimentação rápida e alternada das mãos
para um lado e para o outro. Ocorre quando
(movimentos sucessivos de pronação e supi-
há fraqueza da cintura pélvica, como nas po-
nação das mãos)
lirradiculoneurites e na distrofia muscular
progressiva. As alterações da coordenação apendicular
manifestam-se por dismetria (observa-se o tre-
c) Marcha ceifante: o paciente, ao andar, apre-
mor terminal), por disdiadococinesia (incapaci-
senta um movimento semicircular com os
dade de fazer movimentos rápidos e alternados)
pés. Ocorre nas lesões piramidais como nos
ou pela decomposição dos movimentos.
pacientes com paralisia cerebral.
A coordenação motora pode ser avaliada
d) Marcha escarvante: o paciente caminha le-
também por provas neuroevolutivas específicas
vantando excessivamente a perna, flexio-
para cada idade e facilmente reproduzidas em
nando a coxa para evitar que o pé se arraste
consultório como: copiar figuras geométricas,
pelo solo, já que não consegue dorsifletir o
desenho de figura humana, atividades cotidianas
pé. Ocorre nas lesões do nervo fibular (neu-
como tirar e vestir a roupa, amarrar os laços dos
rite e polineuropatias sensitivo-motora he-
sapatos, além de subir e descer escadas.
reditárias).
Dessa forma, quadros cerebelares, resul-
Alterações da coordenação motora tantes de processos metabólicos, traumáticos,
infecciosos ou tumorais expansivos, bem como
A função da coordenação motora é propor- dispraxias motoras podem impactar e alterar a
cionar uma atividade motora acurada, coorde- coordenação motora e o pediatra deverá estar
nada e harmônica. Para isso, o cerebelo atua na atento a esse importante item do exame.
integração de informações do sistema piramidal,
extrapiramidal e sensorial. Lesões em qualquer
Ataxia Cerebelar Aguda
um desses sistemas podem determinar uma al-
teração da coordenação motora. Quadro autolimitado, após quadro infeccio-
so que acomete geralmente crianças entre 2 e
A avaliação da coordenação motora varia
5 anos de idade. É a causa mais comum de ata-
com a idade, no lactente, a partir dos 4 meses
xia na população pediátrica. Diversos agentes
de vida, pode-se observar a preensão voluntá-
infecciosos estão relacionados a esse quadro,
ria palmar que inicialmente é ulnar, evoluindo
incluindo vírus coxsackie, enteroviroses, herpes
para rádio-palmar aos 7-8 meses e para pinça
simples 1 e 6, Epstein- Barr, Mycoplasma pneu-
fina ao final do primeiro ano. Todavia, apanhar
moniae, caxumba, rubéola e parvovírus B19. Ca-
um objeto sem errar o alvo amadurece ao longo
sos secundários a infecção por varicela tiveram
dos dois primeiros anos, torna-se cada vez mais
importante diminuição após a introdução no
refinado e é um sinal de alerta quando altera-
calendário vacinal49. Importante observar que o
do. A partir da idade pré-escolar a coordenação
diagnóstico de ataxia cerebelar aguda só pode
apendicular é examinada pelas seguintes ma-
ser firmado após exclusão de outros quadros,
nobras:
tais como infecções do SNC, ingestão de drogas,
a) manobra índex-nariz (colocar a ponta do distúrbio metabólico ou patologias neurodege-
indicador no nariz) - fidedigna a partir dos nerativas. O tratamento é apenas de suporte, já
4 anos que a evolução é autolimitada.

22
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Crises epilépticas e eventos diagnóstico das epilepsias. As crises podem ser


paroxísticos não epilépticos classificadas como focais ou generalizadas. Cri-
ses focais são decorrentes de atividade elétrica
anormal que se origina em um lado do cérebro,
Crises epilépticas
podendo posteriormente propagar para o outro
As crises epilépticas são fenômenos decor- hemisfério. As crises focais podem ter expressão
rentes de atividade neuronal anormal ou ex- clínica variada de acordo com o local de origem.
cessiva de uma população de células neuronais Nas crises generalizadas, a atividade elétrica
resultando em sintomas/sinais transitórios. Po- anormal tem origem simultânea nos dois hemis-
dem ocorrer de forma isolada (provocada) como férios e propaga rapidamente através dos circui-
exemplo as crises convulsivas febris ou após tos neuronais50.
algum agravo (trauma, infecção, metabólico)
A identificação do tipo de crise é baseada
que acomete o sistema nervoso central (chama-
numa descrição geralmente detalhada pela tes-
das crises convulsivas) ou serem relacionadas a
temunha ocular do evento. Entretanto, devido
uma síndrome epiléptica (semiologia específica,
à tensão emocional do momento, muitas vezes
achados de EEG e/ou neuroimagem típicos).
esta observação é falha/incompleta. O conheci-
Segundo a Liga Internacional contra Epilep- mento da descrição semiológica da crise pode
sia, o reconhecimento do tipo de crise e sua auxiliar o pediatra na coleta da história (ver
expressão clínica são o primeiro passo para o Quadro 8).

Quadro 8. Diferentes tipos de crise convulsiva

Tipo de crise Descrição semiológica

Redução ou perda súbita do tônus muscular sem evento tônico ou mioclônico precedendo. Duração
Atônica de aproximadamente 1 a 2 segundos, envolvendo a musculatura da cabeça, tronco, queixo ou
membros.

Início súbito, interrupção das atividades em curso, olhar vazio e possivelmente um breve desvio
Ausência dos olhos para cima. Normalmente o paciente permanece arresponsivo. Duração de segundos com
rápida recuperação.

Atividade motora mais ou menos coordenada, sempre imitam um movimento voluntário e podem
Automatismo consistir em uma continuação inapropriada da atividade motora que estava em curso antes do início
da crise (ex: movimento mastigatório).

Alteração da função do sistema nervoso autonômico envolvendo manifestações cardiovasculares,


Autonômica
pupilares, gastrintestinais, sudomotoras, vasomotoras e/ou termorregulatórias.

Súbita flexão, extensão ou uma mistura de ambas dos músculos proximais e tronco, mais sustentada
Espasmos que uma mioclonia mas não tão mantida como nas crises tônicas. Pode ocorrer associado,
careteamento, queda da cabeça ou movimentos oculares sutis. São recorrentes em salvas.

Abalos, simétricos ou assimétricos, que se repetem regularmente e envolvem os mesmos grupos


Clônicas
musculares.

Contração(ões) súbita(s), breve (<100ms), involuntária, única ou múltipla de músculos ou grupos de


Mioclônicas músculos de topografia variável (axial, de membros proximais ou distais). São menos regularmente
repetitivas e sustentadas que o clônus.

Tônica Uma contração muscular crescente e sustentada com duração de segundos a minutos.

Modificado das referências 51 e 52, Tradução pela Comissão de Consenso da Liga Brasileira de Epilepsia (http://epilepsia.org.br/)

23
Sinais de alerta na avaliação neurológica da criança e do adolescente

Eventos paroxísticos não epilépticos e outros   4) Estremecimento súbito: episódios caracteri-


movimentos involuntários zados por tremor da cabeça, ombros e mem-
bros superiores que dura poucos segundos
Os eventos paroxísticos não epilépticos são
e pode ser repetitivo. Consciência preserva-
definidos como eventos episódicos, onde ocorre
da, resolução espontânea, autolimitada.
alteração comportamental, sensitiva ou da per-
cepção, que podem eventualmente mimetizar   5) Auto – gratificação: este é um fenômeno
crises epilépticas, mas sua fisiopatologia não relativamente comum durante a infância e
envolve descargas neuronais anormais. Podem que frequentemente é erroneamente diag-
ocorrer em qualquer faixa etária, do recém-nas- nosticado como epilepsia. A descrição típi-
cido ao adolescente, e a história detalhada é a ca do evento é caracterizada por “olhar fixo
melhor forma de elaborar o diagnóstico. De uma no vazio”, balanceio para frente e para trás
maneira geral são recorrentes, tendem a ocorrer com as pernas cruzadas (roçando) e sons
ou serem precitados por um mesmo contexto e guturais, ocorre geralmente quando a crian-
mesmo tendo (a maioria) uma natureza benigna ça está entediada, sentada em cadeira de
causam muita ansiedade aos pais53,54. alimentação ou no carro quando existe uma
faixa fixadora entre as pernas causando
  1) Crises de perda de folego: a história típica in-
pressão no períneo. A faixa etária mais aco-
clui algum evento de estresse físico (ex: bati-
metida é entre 3 meses e 3 anos, a duração
da de cabeça) ou emocional que causa choro,
dos movimentos estereotipados é variável,
seguido de pausa e alteração na coloração
pode ocorrer rubor facial e diaforese, não
da pele (palidez ou cianose). No tipo pálido
ocorre perda de consciência e o episódio
ocorre a perda de fôlego, no tipo cianótico
pode cessar com alguma distração.
uma prolongada apneia expiratória. Alguns
episódios podem ser mais prolongados com  6) Estereotipias motoras: são caracterizadas
alteração da consciência, do tônus muscu- por movimentos rítmicos, repetitivos sem
lar (hipertonia) e/ou abalos musculares com um objetivo, como exemplo flexões das
eventual perda de controle esfincteriano. O mãos, balanceio do corpo ou mais comple-
final do episódio é abrupto com um “gas- xos. Os movimentos não são percebidos pela
ping” (inspiração profunda). A faixa etária criança e são mais proeminentes quando a
mais frequente é entre 6 meses e 2 anos. criança está excitada, concentrada ou preo-
 2) Sonhar acordado ou fenômeno “timeout”: cupada, podem ser interrompidos por uma
episódios de olhar fixo (podem ser confun- distração (mudança de interesse). Eventual-
didos com ausência), onde a criança ignora mente iniciam antes dos 3 anos e permane-
estímulo verbal. Podem ser interrompidos cem constante por anos, podem ocorrer em
com um toque e não se manifestam em si- crianças normais. Entretanto, representam
tuações que a criança está interessada em características muito proeminente em crian-
algum objeto ou ação. São frequentes em ças com transtorno do espectro autista.
crianças com dificuldades de aprendizagem   7) Terror noturno: é uma parassonia caracte-
ou com distúrbios do desenvolvimento. rizada por despertar parcial, geralmente
 3) Mioclonias benignas do sono: fenômeno ocorrendo no terço inicial da noite duran-
comum que ocorre em lactentes saudáveis, te um episódio de sono profundo. A faixa
podendo iniciar nas primeiras semanas de etária predominante é a pré-escolar e não
vida, é caracterizado por abalos mioclônicos existe memória do evento na manhã sub-
das extremidades, que ocorrem em salvas, sequente (o que diferencia do pesadelo).
durante o sono. Não causam desconforto ou A descrição passa por um despertar súbito
despertar, são autolimitados e desaparecem (apesar de estar de olhos abertos a criança
no primeiro semestre de vida. está dormindo), seguido de sentar brusco

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na cama ou levantar e caminhar, fala inco- A avaliação clínica também pode indicar se
erente, agitação extrema, gritos e sinais a condição é neurodegenerativa ou suge-
autonômicos (dilatação pupilar, expressão rir uma etiologia adquirida ou hereditária.
de medo, sudorese, rubor, taquicardia, res- Deve-se investigar causas frequentes como
piração ofegante), o episódio tem duração a) distonia adquirida induzida por medica-
variável e cessa abruptamente. mento, b) torcicolo congênito, c) secundária
a distúrbios neurometabólicos, como a aci-
 8) Síncope: perda transitória da consciência
duria glutárica tipo I, d) encefalopatia bilir-
associada à redução da perfusão cerebral ou
rubínica aguda, e) distonia idiopática tran-
queda na saturação de oxigênio ou ambos. A
sitória da infância e f) torcicolo paroxístico
faixa etária mais atingida é a adolescência.
benigno da infância, entre outros55.
Entre os fatores precipitantes é possível ci-
tar alterações posturais e perturbação emo- 11) Tremor: é um sinal neurológico muito fre-
cional. Os sintomas pré-sincopais incluem quente e afeta em torno de 0,5% a 5% da
tontura, náusea, sensação de calor, zumbi- população em geral. A fisiopatologia do tre-
do nos ouvidos, sensação de desconforto mor essencial não é clara. Entretanto, deve-
abdominal ou sensação de “apagão”. Estes -se tentar fazer o diagnóstico diferencial
sintomas são seguidos de confusão mental considerando os diferentes tipos (tremor
e perda de consciência. Associadamente relacionado com a doença de Parkinson ou
pode ocorrer desvio ocular para cima, in- outros distúrbios extrapiramidais, tremor
continência urinária, e tremores. cerebelar, tremor induzido por medicamen-
tos/drogas ou tremor psicogênico)56.
  9) Tiques: Certamente um dos movimentos in-
voluntários mais frequentes da infância que 12) Discinesias: as discinesias paroxísticas po-
ocorre em até 20% dos escolares. Iniciam dem iniciar na infância e seguir na vida adul-
entre 4 e 8 anos. Os tiques podem ser moto- ta. São caracterizadas por movimentos invo-
res (piscamento, caretas, flexões de cabeça- luntários anormais que iniciam subitamente,
-pescoço, torções de braço e/ou ombro) ou do tipo coreia, atetose, balismo, distonia ou
vocais (ruídos de limpar garganta, chiados, uma combinação. Podem ser precipitados
tosse, fungar). Geralmente são precedidos por exercícios físicos prolongados, abuso de
de uma sensação de urgência com alívio álcool ou cafeína, estresse emocional ou fa-
após o movimento. Têm curso com períodos diga. As crises têm duração variável, durando
de maior e menor intensidade, desapare- de segundos a hora exsitem formas idiopáti-
cem durante o sono e pioram em situações cas (familiar e esporádica) e sintomáticas57.
de estresse ou ansiedade. O Quadro 9 apresenta sinais/sintomas que
auxiliam no diagnóstico diferencial de eventos
10) Distonias: são movimentos involuntários,
não epilépticos e epilépticos.
onde ocorre uma contração dos músculos
agonistas e antagonistas, simultaneamente, Também é importante ressaltar que alguns
que causam torções e movimentos repeti- distúrbios dos movimentos podem estar asso-
tivos ou posturas anormais. Quanto mais ciados ao uso de drogas/medicamentos. Tiques
precoce a idade de início, mais generalizada e estereotipias podem piorar com uso de metil-
e grave a condição tende a ser. Na infância, fenidato. Crises oculogíricas podem estar asso-
as distonias são classificadas de acordo com ciadas ao uso de carbamazepina, domperidona e
dois eixos complementares, as caracterís- metoclorpramida. Discinesia tardia: movimentos
ticas clínicas (idade de início, distribuição rítmicos de língua, face, tronco ou extremidade
corporal, padrão temporal e características podem estar associados ao uso crônico de rispe-
associadas) e a etiologia (inclui a doença ridona. Estado distônico pode ser secundário à
do sistema nervoso e a hereditariedade). retirada de baclofeno ou benzodiazepínicos.

25
Sinais de alerta na avaliação neurológica da criança e do adolescente

Quadro 9. Sinais sugestivos de eventos paroxísticos não epilépticos que auxiliam no diagnóstico diferencial com crises
epilépticas

Duração do evento superior a 5-10 minutos

Flutuação da atividade motora

Movimentos alternando lados tanto de cabeça como de membros

Tremor fino de extremidade

Movimentos de cunho agressivo

Manobras de autoproteção

Olhos fortemente fechados e resistência ao tentar abrir

Vocalização complexa com conteúdo emocional

Queda abrupta com longo período imobilizado no solo

Imobilidade

A distração cessa o evento

Opistótono

Exame físico na hora do evento com reflexo corneano preservado, pupilas reativas, resistência
à abertura ocular, preservação de mecanismos de autoproteção, resposta a demanda verbal.

Evitar o uso de nomenclaturas mais antigas e pejorativas tais como crise histérica, crise
conversiva, crises dissociativas, pseudo-crise.
Modificado da referência 54

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REFERÊNCIAS

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29
Diretoria
Triênio 2019/2021

PRESIDENTE: MEMBROS: Dirceu Solé (SP) Luciana Rodrigues Silva (BA)


Luciana Rodrigues Silva (BA) Henrique Mochida Takase (SP) Joel Alves Lamounier (MG) Dirceu Solé (SP)
1º VICE-PRESIDENTE: João Carlos Batista Santana (RS) EDITORES ASSOCIADOS: Evelyn Eisenstein (RJ)
Clóvis Francisco Constantino (SP) Luciana Cordeiro Souza (PE) Danilo Blank (RS) Daniel Becker (RJ)
2º VICE-PRESIDENTE: Luciano Amedée Péret Filho (MG) Paulo Roberto Antonacci Carvalho (RJ) Ricardo do Rêgo Barros (RJ)
Edson Ferreira Liberal (RJ) Mara Morelo Rocha Felix (RJ) Renata Dejtiar Waksman (SP) OFTALMOLOGIA PEDIÁTRICA:
Marilucia Rocha de Almeida Picanço (DF) COORDENAÇÃO:
SECRETÁRIO GERAL: Vera Hermina Kalika Koch (SP) COORDENAÇÃO DO PRONAP
Sidnei Ferreira (RJ) Fernanda Luísa Ceragioli Oliveira (SP) Fábio Ejzenbaum (SP)
DIRETORIA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS Tulio Konstantyner (SP) MEMBROS:
1º SECRETÁRIO: Nelson Augusto Rosário Filho (PR)
Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP) Cláudia Bezerra de Almeida (SP) Luciana Rodrigues Silva (BA)
Sergio Augusto Cabral (RJ) Dirceu Solé (SP)
2º SECRETÁRIO: COORDENAÇÃO DO TRATADO DE PEDIATRIA
REPRESENTANTE NA AMÉRICA LATINA Luciana Rodrigues Silva (BA) Galton Carvalho Vasconcelos (MG)
Paulo de Jesus Hartmann Nader (RS) Ricardo do Rego Barros (RJ) Julia Dutra Rossetto (RJ)
Fábio Ancona Lopez (SP)
3º SECRETÁRIO: DIRETORIA DE DEFESA PROFISSIONAL Luisa Moreira Hopker (PR)
Virgínia Resende Silva Weffort (MG) DIRETORIA DE ENSINO E PESQUISA
COORDENAÇÃO: Joel Alves Lamounier (MG) Rosa Maria Graziano (SP)
DIRETORIA FINANCEIRA: Fabio Augusto de Castro Guerra (MG) Celia Regina Nakanami (SP)
Maria Tereza Fonseca da Costa (RJ) COORDENAÇÃO DE PESQUISA
MEMBROS: Cláudio Leone (SP) SAÚDE MENTAL
2ª DIRETORIA FINANCEIRA: Gilberto Pascolat (PR) COORDENAÇÃO:
Cláudio Hoineff (RJ) Paulo Tadeu Falanghe (SP) COORDENAÇÃO DE GRADUAÇÃO Roberto Santoro P. de Carvalho Almeida (RJ)
Cláudio Orestes Britto Filho (PB) COORDENAÇÃO:
3ª DIRETORIA FINANCEIRA: Rosana Fiorini Puccini (SP) MEMBROS:
Hans Walter Ferreira Greve (BA) João Cândido de Souza Borges (CE) Daniele Wanderley (BA)
Anenisia Coelho de Andrade (PI) MEMBROS: Vera Lucia Afonso Ferrari (SP)
DIRETORIA DE INTEGRAÇÃO REGIONAL Rosana Alves (ES)
Fernando Antônio Castro Barreiro (BA) Isabel Rey Madeira (RJ) Rossano Cabral Lima (RJ)
Donizetti Dimer Giamberardino Filho (PR) Suzy Santana Cavalcante (BA) Gabriela Judith Crenzel (RJ)
COORDENADORES REGIONAIS Jocileide Sales Campos (CE) Angélica Maria Bicudo-Zeferino (SP) Cecy Dunshee de Abranches (RJ)
NORTE: Maria Nazareth Ramos Silva (RJ) Silvia Wanick Sarinho (PE) Adriana Rocha Brito (RJ)
Bruno Acatauassu Paes Barreto (PA) Gloria Tereza Lima Barreto Lopes (SE) COORDENAÇÃO DE RESIDÊNCIA E ESTÁGIOS
Adelma Alves de Figueiredo (RR) MUSEU DA PEDIATRIA
Corina Maria Nina Viana Batista (AM) EM PEDIATRIA COORDENAÇÃO:
NORDESTE: DIRETORIA DOS DEPARTAMENTOS CIENTÍFICOS E COORDENAÇÃO: Edson Ferreira Liberal (RJ)
Anamaria Cavalcante e Silva (CE) COORDENAÇÃO DE DOCUMENTOS CIENTÍFICOS Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP)
Eduardo Jorge da Fonseca Lima (PE) MEMBROS:
Dirceu Solé (SP) MEMBROS: Mario Santoro Junior (SP)
SUDESTE: DIRETORIA-ADJUNTA DOS DEPARTAMENTOS Eduardo Jorge da Fonseca Lima (PE) José Hugo de Lins Pessoa (SP)
Rodrigo Aboudib Ferreira Pinto (ES) CIENTÍFICOS Fátima Maria Lindoso da Silva Lima (GO)
Isabel Rey Madeira (RJ) Paulo de Jesus Hartmann Nader (RS) REDE DA PEDIATRIA
Emanuel Savio Cavalcanti Sarinho (PE) COORDENAÇÃO:
SUL: DIRETORIA DE CURSOS, EVENTOS E PROMOÇÕES Victor Horácio da Costa Junior (PR)
Silvio da Rocha Carvalho (RJ) Luciana Rodrigues Silva (BA)
Darci Vieira Silva Bonetto (PR) COORDENAÇÃO: Rubem Couto (MT)
Helena Maria Correa de Souza Vieira (SC) Lilian dos Santos Rodrigues Sadeck (SP) Tânia Denise Resener (RS)
Delia Maria de Moura Lima Herrmann (AL) MEMBROS:
CENTRO-OESTE: MEMBROS:
Regina Maria Santos Marques (GO) Helita Regina F. Cardoso de Azevedo (BA) SOCIEDADE ACREANA DE PEDIATRA:
Ricardo Queiroz Gurgel (SE) Jefferson Pedro Piva (RS) Ana Isabel Coelho Montero
Natasha Slhessarenko Fraife Barreto (MT) Paulo César Guimarães (RJ) Sérgio Luís Amantéa (RS) SOCIEDADE ALAGOANA DE PEDIATRIA:
COMISSÃO DE SINDICÂNCIA Cléa Rodrigues Leone (SP) Susana Maciel Wuillaume (RJ)
TITULARES: Ana Carolina de Carvalho Ruela Pires
COORDENAÇÃO DO PROGRAMA DE REANIMAÇÃO Aurimery Gomes Chermont (PA)
Gilberto Pascolat (PR) NEONATAL Luciano Amedée Péret Filho (MG) SOCIEDADE AMAPAENSE DE PEDIATRIA:
Aníbal Augusto Gaudêncio de Melo (PE) Maria Fernanda Branco de Almeida (SP) Rosenilda Rosete de Barros
Maria Sidneuma de Melo Ventura (CE) COORDENAÇÃO DE DOUTRINA PEDIÁTRICA
Ruth Guinsburg (SP) Luciana Rodrigues Silva (BA) SOCIEDADE AMAZONENSE DE PEDIATRIA:
Isabel Rey Madeira (RJ) Elena Marta Amaral dos Santos
Valmin Ramos da Silva (ES) COORDENAÇÃO PALS – REANIMAÇÃO PEDIÁTRICA Hélcio Maranhão (RN)
Alexandre Rodrigues Ferreira (MG) COORDENAÇÃO DAS LIGAS DOS ESTUDANTES SOCIEDADE BAIANA DE PEDIATRIA:
SUPLENTES: Kátia Laureano dos Santos (PB) Dolores Fernandez Fernandez
Paulo Tadeu Falanghe (SP) Adelma Figueiredo (RR)
COORDENAÇÃO BLS – SUPORTE BÁSICO DE VIDA André Luis Santos Carmo (PR) SOCIEDADE CEARENSE DE PEDIATRIA:
Tânia Denise Resener (RS) Anamaria Cavalcante e Silva
João Coriolano Rego Barros (SP) Valéria Maria Bezerra Silva (PE) Marynea Silva do Vale (MA)
Marisa Lopes Miranda (SP) COORDENAÇÃO DO CURSO DE APRIMORAMENTO Fernanda Wagner Fredo dos Santos (PR) SOCIEDADE DE PEDIATRIA DO DISTRITO FEDERAL:
Joaquim João Caetano Menezes (SP) EM NUTROLOGIA PEDIÁTRICA (CANP) GRUPOS DE TRABALHO Dennis Alexander Rabelo Burns
CONSELHO FISCAL Virgínia Weffort (MG) DROGAS E VIOLÊNCIA NA ADOLESCÊNCIA SOCIEDADE ESPIRITOSSANTENSE DE PEDIATRIA:
TITULARES: PEDIATRIA PARA FAMÍLIAS COORDENAÇÃO: Roberta Paranhos Fragoso
Núbia Mendonça (SE) Nilza Maria Medeiros Perin (SC) João Paulo Becker Lotufo (SP) SOCIEDADE GOIANA DE PEDIATRIA:
Nelson Grisard (SC) Normeide Pedreira dos Santos (BA) MEMBROS: Marise Helena Cardoso Tófoli
Antônio Márcio Junqueira Lisboa (DF) Marcia de Freitas (SP) Evelyn Eisenstein (RJ) SOCIEDADE DE PUERICULTURA E PEDIATRIA
SUPLENTES: PORTAL SBP Alberto Araujo (RJ) DO MARANHÃO: Marynea Silva do Vale
Adelma Alves de Figueiredo (RR) Luciana Rodrigues Silva (BA) Sidnei Ferreira (RJ) SOCIEDADE MATOGROSSENSE DE PEDIATRIA:
João de Melo Régis Filho (PE) PROGRAMA DE ATUALIZAÇÃO CONTINUADA Adelma Alves de Figueiredo (RR) Mohamed Kassen Omais
Darci Vieira da Silva Bonetto (PR) À DISTÂNCIA Nivaldo Sereno de Noronha Júnior (RN) SOCIEDADE DE PEDIATRIA DO MATO GROSSO
ASSESSORES DA PRESIDÊNCIA PARA POLÍTICAS Luciana Rodrigues Silva (BA) Suzana Maria Ramos Costa (PE) DO SUL: Carmen Lucia de Almeida Santos
PÚBLICAS: Edson Ferreira Liberal (RJ) Iolanda Novadski (PR)
Beatriz Bagatin Bermudez (PR) SOCIEDADE MINEIRA DE PEDIATRIA:
COORDENAÇÃO: Natasha Slhessarenko Fraife Barreto (MT) Marisa Lages Ribeiro
Maria Tereza Fonseca da Costa (RJ) Ana Alice Ibiapina Amaral Parente (RJ) Darci Vieira Silva Bonetto (PR)
Carlos Eduardo Reis da Silva (MG) SOCIEDADE PARAENSE DE PEDIATRIA:
MEMBROS: DOCUMENTOS CIENTÍFICOS Vilma Francisca Hutim Gondim de Souza
Luciana Rodrigues Silva (BA) Paulo César Pinho Ribeiro (MG)
Clóvis Francisco Constantino (SP) Milane Cristina De Araújo Miranda (MA) SOCIEDADE PARAIBANA DE PEDIATRIA:
Maria Albertina Santiago Rego (MG) Dirceu Solé (SP)
Emanuel Sávio Cavalcanti Sarinho (PE) Ana Marcia Guimarães Alves (GO) Leonardo Cabral Cavalcante
Donizetti Dimer Giamberardino Filho (PR) Camila dos Santos Salomão (AP)
Sérgio Tadeu Martins Marba (SP) Joel Alves Lamounier (MG) SOCIEDADE PARANAENSE DE PEDIATRIA:
Alda Elizabeth Boehler Iglesias Azevedo (MT) DIRETORIA DE PUBLICAÇÕES DOENÇAS RARAS Kerstin Taniguchi Abagge
Evelyn Eisenstein (RJ) Fábio Ancona Lopez (SP) COORDENAÇÃO: SOCIEDADE DE PEDIATRIA DE PERNAMBUCO:
Paulo Augusto Moreira Camargos (MG) Salmo Raskin (PR) Katia Galeão Brandt
EDITORES DA REVISTA SBP CIÊNCIA
João Coriolano Rego Barros (SP) Joel Alves Lamounier (MG) MEMBROS: SOCIEDADE DE PEDIATRIA DO PIAUÍ:
Alexandre Lopes Miralha (AM) Altacílio Aparecido Nunes (SP) Magda Maria Sales Carneiro Sampaio (SP) Anenísia Coelho de Andrade
Virgínia Weffort (MG) Paulo Cesar Pinho Ribeiro (MG) Ana Maria Martins (SP)
Claudio Cordovil (RJ) SOCIEDADE DE PEDIATRIA DO ESTADO DO
Themis Reverbel da Silveira (RS) Flávio Diniz Capanema (MG) RIO DE JANEIRO: Katia Telles Nogueira
DIRETORIA E COORDENAÇÕES Lavinia Schuler Faccini (RS)
EDITORES DO JORNAL DE PEDIATRIA (JPED) SOCIEDADE DE PEDIATRIA DO RIO GRANDE
DIRETORIA DE QUALIFICAÇÃO E CERTIFICAÇÃO COORDENAÇÃO: ATIVIDADE FÍSICA
COORDENAÇÃO: DO NORTE: Katia Correia Lima
PROFISSIONAL Renato Procianoy (RS) SOCIEDADE DE PEDIATRIA DO RIO GRANDE
Maria Marluce dos Santos Vilela (SP) Ricardo do Rêgo Barros (RJ)
MEMBROS: Luciana Rodrigues Silva (BA) DO SUL: Sérgio Luis Amantéa
Edson Ferreira Liberal (RJ) Crésio de Aragão Dantas Alves (BA)
MEMBROS: SOCIEDADE DE PEDIATRIA DE RONDÔNIA:
COORDENAÇÃO DE CERTIFICAÇÃO PROFISSONAL Paulo Augusto Moreira Camargos (MG) José Roberto Vasques de Miranda
José Hugo de Lins Pessoa (SP) João Guilherme Bezerra Alves (PE) Helita Regina F. Cardoso de Azevedo (BA)
Marco Aurelio Palazzi Safadi (SP) Patrícia Guedes de Souza (BA) SOCIEDADE RORAIMENSE DE PEDIATRIA:
COORDENAÇÃO DE ÁREA DE ATUAÇÃO Teresa Maria Bianchini de Quadros (BA) Adelma Alves de Figueiredo
Mauro Batista de Morais (SP) Magda Lahorgue Nunes (RS)
Giselia Alves Pontes da Silva (PE) Alex Pinheiro Gordia (BA) SOCIEDADE CATARINENSE DE PEDIATRIA:
Kerstin Tanigushi Abagge (PR) Isabel Guimarães (BA)
Ana Alice Ibiapina Amaral Parente (RJ) Dirceu Solé (SP) Rosamaria Medeiros e Silva
Antonio Jose Ledo Alves da Cunha (RJ) Jorge Mota (Portugal)
COORDENAÇÃO DO CEXTEP Mauro Virgílio Gomes de Barros (PE) SOCIEDADE DE PEDIATRIA DE SÃO PAULO:
(COMISSÃO EXECUTIVA DO TÍTULO DE EDITORES REVISTA RESIDÊNCIA PEDIÁTRICA Dirceu Solé (SP) Sulim Abramovici
ESPECIALISTA EM PEDIATRIA) EDITORES CIENTÍFICOS: SOCIEDADE SERGIPANA DE PEDIATRIA:
Clémax Couto Sant’Anna (RJ) METODOLOGIA CIENTÍFICA
COORDENAÇÃO: COORDENAÇÃO: Ana Jovina Barreto Bispo
Hélcio Villaça Simões (RJ) Marilene Augusta Rocha Crispino Santos (RJ) SOCIEDADE TOCANTINENSE DE PEDIATRIA:
Marilene Augusta Rocha Crispino Santos (RJ)
MEMBROS: EDITORA ADJUNTA: Elaine Carneiro Lobo
Márcia Garcia Alves Galvão (RJ) MEMBROS:
Ricardo do Rego Barros (RJ) Gisélia Alves Pontes da Silva (PE) DIRETORIA DE PATRIMÔNIO
Clovis Francisco Constantino (SP) CONSELHO EDITORIAL EXECUTIVO: Cláudio Leone (SP) COORDENAÇÃO:
Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP) Sidnei Ferreira (RJ) Fernando Antônio Castro Barreiro (BA)
Carla Príncipe Pires C. Vianna Braga (RJ) Isabel Rey Madeira (RJ) PEDIATRIA E HUMANIDADE
COORDENAÇÃO: Cláudio Barsanti (SP)
Flavia Nardes dos Santos (RJ) Sandra Mara Moreira Amaral (RJ) Edson Ferreira Liberal (RJ)
Cristina Ortiz Sobrinho Valete (RJ) Maria de Fátima Bazhuni Pombo March (RJ) Álvaro Jorge Madeiro Leite (CE)
Luciana Rodrigues Silva (BA) Sergio Antônio Bastos Sarrubo (SP)
Grant Wall Barbosa de Carvalho Filho (RJ) Silvio da Rocha Carvalho (RJ) Maria Tereza Fonseca da Costa (RJ)
Sidnei Ferreira (RJ) Rafaela Baroni Aurílio (RJ) Clóvis Francisco Constantino (SP)
João de Melo Régis Filho (PE) ACADEMIA BRASILEIRA DE PEDIATRIA
Silvio Rocha Carvalho (RJ) Leonardo Rodrigues Campos (RJ) PRESIDENTE:
Álvaro Jorge Madeiro Leite (CE) Dilza Teresinha Ambros Ribeiro (AC)
COMISSÃO EXECUTIVA DO EXAME PARA Aníbal Augusto Gaudêncio de Melo (PE) Mario Santoro Júnior (SP)
OBTENÇÃO DO TÍTULO DE ESPECIALISTA EM Eduardo Jorge da Fonseca Lima (PE)
Marcia C. Bellotti de Oliveira (RJ) Crésio de Aragão Dantas Alves (BA) VICE-PRESIDENTE:
PEDIATRIA AVALIAÇÃO SERIADA Luiz Eduardo Vaz Miranda (RJ)
COORDENAÇÃO: CONSULTORIA EDITORIAL: CRIANÇA, ADOLESCENTE E NATUREZA
Eduardo Jorge da Fonseca Lima (PE) Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP) COORDENAÇÃO: SECRETÁRIO GERAL:
Victor Horácio de Souza Costa Junior (PR) Fábio Ancona Lopez (SP) Laís Fleury (RJ) Jefferson Pedro Piva (RS)

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