Você está na página 1de 9

Universidade 

Federal do Rio Grande do Sul ‐ Faculdade de Veterinária 
Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias  Relatório de 
Disciplina Seminários em Patologia Clínica (VET 000255) 
http://www.ufrgs.br/favet/lacvet
Caso Clínico 
       
 

IDENTIFICAÇÃO 

Caso Clínico no 2018/1/07  Espécie: Felino (Felis silvestris domesticus) 
Raça: Siamês | Idade: 5 ano(s)  |  Sexo: macho  |  Peso: 3,9 kg 
Alunos(as): Monica Alejandra Camargo Castillo 
Médico(a) Veterinário(a) responsável: Marco Silveira 
 
 

ANAMNESE 

Foi encaminhado a uma clínica particular no dia 06 de junho de 2018 um felino macho que não urinava desde o 
dia anterior. O felino havia sido atendido em outras clínicas veterinárias com histórico de 5 obstruções em menos 
de 1 ano. A tutora relata que buscou atendimento numa clínica depois da quarta obstrução, na qual foi realizada 
enucleação por problema no globo ocular. Vinte dias depois realizaram procedimento de cistotomia onde foram 
retirados vários cálculos. Depois foram para outra clínica por outro histórico de obstrução, sendo desobstruído 
na  emergência  e  encaminhado  para  nefrologista.  O  nefrologista  diagnosticou  cistite  por  estresse  e  fez 
tratamento com: Flamavet (analgésico) Prazosina (antihipertensivo) e Mirtazapina (antidepressivo). O animal 
apresentou obstrução novamente e levado à clínica em 6/6/2018 (dia 0). Come ração grain free e sachês, bebe 
pouca água. Tutora possui outros dois gatos, e afirma que convivem bem. O paciente foi internado. Se iniciou 
fluidoterapia e medicações. 

 
 

EXAME CLÍNICO 

Escore corporal 7 (escala 1‐9 sendo ideal 4‐5), estado mental alerta, mucosas normocoradas, normohidratado, 
temperatura retal de 38,2°C (37,5°C–39,5°C), frequência cardíaca de 270 bpm (160‐240), frequência respiratória 
de  30  mpm  (10‐40),  tempo  de  preenchimento  capilar  de  2  segundos  (<2  segundos),  ausculta  limpa,  bexiga 
repleta, porém muita algia na palpação abdominal. 

 
 

EXAMES COMPLEMENTARES 

Ultrassonografia abdominal (dia 0)  
Apresentou  discreta  quantidade  de  conteúdo  anecogênico  livre  na  cavidade  abdominal  (líquido).  Bexiga  em 
repleção  acentuada,  preenchida  por  conteúdo  anecogênico  homogêneo  e  moderada  quantidade  de  pontos 
hiperecogênicos (cristais), forma preservada, parede espessada (0,5 cm), imagem compatível com cistite (Figura 
1). Apresentou, em seu interior, estrutura com linha hiperecogênica dupla (sonda uretral). Rins com dimensões 
mantidas  (esquerdo  mediu  4,5  cm,  e  o  direito  4,69  cm),  arquitetura  e  junção  corticomedular  preservada, 
ecogenicidade mantida  (Figura 2). Apresenta pelves  renais dilatadas medindo a esquerda  0,4 cm, e a direita 
medindo 0,48 cm (pielectasia bilateral) (Figura 3). Baço com dimensões mantidas, contornos lisos, ecotextura 
preservada  e  parênquima  homogêneo.  Fígado  com  dimensões  levemente  aumentadas,  contornos  lisos, 
ecotextura  preservada,  parênquima  hiperecogênico  homogêneo  (hepatopatia/esteatose)  (Figura  4).  Vesícula 
biliar  em  repleção  acentuada  por  conteúdo  anecogênico  homogêneo,  parede  normoespessa  (colestase). 
Estômago preenchido por conteúdo gasoso, camadas aparentemente preservadas e parede espessada (0,7 cm), 
UFRGS  |  Faculdade de Veterinária  |  Disciplina de Bioquímica e Hematologia Clínicas  |  Caso Clínico 2018/1/07  Página 2 
   
 

imagem compatível com gastrite acentuada (Figura 5). Pâncreas com aumentado de volume, hiperecogênico 
homogêneo  (inflamação/reatividade)  (Figura  6).  Alças  intestinais  com  distribuição  topográfica  habitual, 
peristaltismo mantido, camadas aparentemente preservadas, paredes regulares e normoespessas. Nada digno 
de nota com relação aos demais órgãos abdominais. 
As alterações encontradas nos órgãos do trato urinário são consistentes com diagnóstico de cistite por estresse.

 
 

URINÁLISE 

Dia 0  Dia 10 
Parâmetro (val. ref.) 
06/06/2018  16/06/2018 
Método de coletaA  mic  cist 
Sedimento urinárioB     
Células epiteliais  Transição 0‐1 Escamosas 0‐1 
Cilindros  Ausentes  Ausentes 
Hemácias   5‐20   >100 
Leucócitos  <5  <5 
Bacteriúria  leve  ausente 
Cristais estruvita 
Outros    
(+2) 
Exame químico     
pH (5,5 – 7,5)  8,0 ↑  6,0   
Corpos cetônicosC  ausente    ausente   
GlicoseD  ausente    ausente   
E
Bilirrubina   ausente    ausente   
Urobilinogênio ()  n.d.    n.d.   
ProteínaF  traços    traços   
SangueG  +    traços (h)   
Relação prot./creat.       
Exame físico     
Dens. espec. (1,025 – 1,060)  1,010. ↓  1,060   
Cor  Amarelo pálido  Amarelo âmbar 
Consistência  Fluida  Fluida 
Discretamente  Discretamente 
Aspecto 
turvo  turvo 
A
mic: micção natural | cat: cateterização | cist: cistocentese | out: outros (especificar em “Observações”) 
B
Número médio de elementos por campo de 400 x 
C
traços: ≈5 mg/dL | +: ≈15 mg/dL | ++: ≈40 mg/dL | +++: ≈80 md/dL | ++++: ≥160 mg/dL 
D
traços: ≈100 mg/dL | +: ≈250 mg/dL | ++: ≈500 mg/dL | +++: ≈1000 mg/dL | ++++: ≥2000 mg/dL 
E
+: leve | ++: moderada | +++: alta 
F
+: ≈30 mg/dL | ++: ≈100 mg/dL | +++: ≈300 mg/dL | ++++: ≥2000 mg/dL 
G
nh: não hemolisado | h: hemolisado | +: leve | ++: moderada | +++: alto 
n.d.: não determinado. 

 
 

BIOQUÍMICA SANGUÍNEA 

 
UFRGS  |  Faculdade de Veterinária  |  Disciplina de Bioquímica e Hematologia Clínicas  |  Caso Clínico 2018/1/07  Página 3 
   
 

Dia 0  Dia 10 
Parâmetro (val. ref.) 
06/06/2018  16/06/2018 
Amostra  soro  soro 
Hemólise  ausente  ausente 
AnticoagulanteA                         
B
Proteínas totais  (60 a 80 g/L)  60     68   
Proteínas totaisC (_g/L)           
Albumina (21,0 a 33,0 g/L)       32    
Ureia (32,0 a 54,0 mg/dL)  58,20 ↑      
Creatinina (0,8 a 1,8 mg/dL)  1,10    0,80   
FA (0,0 a 93,0mg/dL)  47,00        
ALT (0,0 a 83 U/L)  66,00        
GGT (0,0 a 6,4 U.I./Lf)  5,00        
Potássio  ((4,0 a 4,5 mmol/)       5,50  ↑ 
A
Caso tenha sido usando outro anticoagulante não especificado na lista, discriminar em “Observações” 
B
Determinadas por refratometria; CDeterminadas por espectrofotometria. 

 
 

HEMOGRAMA. 

Dia 0  Dia 10 
Parâmetro (val. ref.) 
06/01/2018  16/01/2018 
Leucograma     
Quantidade (5,5 a 19,5 
31400 ↑  22800 ↑ 
mil/uL) 
(0/uL)  0    0   
Mielócitos 
(0,00 %)  0,00  0,00 
Meta‐ (0/uL)  0    0   
mielócitos  (0,00%)  0,00  0,00 
Neutrófilos  (0 a 300/uL)  0    228   
bastonetes  (_%)  0,00  1,00 
(2500 a 
Neutrófilos  19154 ↑  11400   
12500/uL) 
segmentados 
(_%)  61,00  50,00 
(0 a 100/uL)  942 ↑  228   
Basófilos 
(_%)  3,00  1,00 
(100 a 
942    3876 ↑ 
Eosinófilos  1500/uL) 
(_%)  3,00  17,00 
(0 a 850 u/L)  942 ↑  1368 ↑ 
Monócitos 
(_%)  3,00  6,00 
(1500 a 7000 
9420 ↑  5700   
u/L) 
Linfócitos 
(_%)  30,00  25,00 
(val. ref. %)       
 
 
 
 
 
UFRGS  |  Faculdade de Veterinária  |  Disciplina de Bioquímica e Hematologia Clínicas  |  Caso Clínico 2018/1/07  Página 4 
   
 

Dia 0  Dia 10 
Parâmetro (val. ref.) 
06/01/2018  16/01/2018 
Eritrograma     
Quantidade (5,0 a 10,0 
9,48    10,77 ↑ 
milhões/mm(3)) 
Hematócrito (24 a 45 %)  40    42   
Hemoglobina (8,0 a 15,0 
12,1    13,5   
g/dL) 
VCM (39 a 35 fL)  42,19    39   
CHCM (30 a 36 %)  30,25    32,14   
RDW (17 a 22 %)  15,60    17,20   
Reticulócitos (_%)           
especificar (val. ref)           
especificar (val. ref)           
Plaquetas     
Quantidade (200 a 630  Agregação 
289.000   
 
x10(3)/uL)  plaquetária   

 
 

TRATAMENTO E EVOLUÇÃO 

Dia  0.  O  paciente  foi  internado  e  sondado  com  moderada  dificuldade  em  algumas  áreas  da  uretra.  Após 
massagem,  foram  retirados  40  mL  de  urina.  Foi  realizada  ultrassonografia  abdominal.  Foi  instaurada 
fluidoterapia com Ringer lactato e tratamento com omeprazol (protetor gástrico), ondansetron (antiemético), 
tramadol (analgésico opioide), dipirona (analgésico e antipirético), meloxicam (anti‐inflamatório, analgésico e 
antipirético não esteroidal), buscopan (analgésico), metronidazol (antiprotozoário) e ampicilina (antibiótico).  
Nas primeiras horas da noite foi retirada a sonda e urinou bastante. O paciente se manteve alerta.  
 
Dia 1 
Sem algia à palpação abdominal. Continuou com o mesmo tratamento do dia anterior no turno da manhã. Foi 
feita consulta com especialista em nefrologia e após diagnosticado cistite por estresse, o paciente recebeu alta 
com a seguinte terapia domiciliar prescrita: dipirona (analgésico, antipirético), amoxicilina (antibiótico) e ácido 
ascórbico.  Uso  de  feliway  (feromônio  facial  felino  que  reduz  a  tensão),  remanejar  caixas  de  areia  em  locais 
separados da casa, oferecer caixa com areia nova e oferecer outra ração concomitante com a antiga. Foi trocada 
a ração solida por ração úmida. 

 
 
UFRGS  |  Faculdade de Veterinária  |  Disciplina de Bioquímica e Hematologia Clínicas  |  Caso Clínico 2018/1/07  Página 5 
   
 

NECROPSIA E HISTOPATOLOGIA 

 
 

DISCUSSÃO 

Urinálise 
A presença de pequena quantidade de células escamosas, as quais são provenientes da uretra distal e de células 
de transição provenientes da uretra proximal e bexiga, podem ser um achado normal, tendo em conta também 
que o gato foi sondado via uretral (Meuten, 2012). No urinálise do dia 0 tem que considerar‐se os valores de 
células escamosas, hemácias e leucócitos em proporção à densidade, neste caso, os achados encontrados em 
relação à hipostenuria apresentada podem ser importantes no analise. Plugues uretrais compostos de matéria 
orgânica e cristais (principalmente cristais de estruvita) bloqueiam mecanicamente o fluxo de urina através da 
uretra,  o  que  muitas  vezes  leva  à  completa  obstrução  e  azotemia  pós‐renal.  Durante  os  procedimentos 
veterinários, como o cateterismo, os plugues uretrais podem ser empurrados para dentro da bexiga (Lew‐Kojrys 
et al., 2017). A presença de plugues uretrais deve ser confirmada por radiografia contrastada ou ureteroscopia 
(Chew et al., 1996). Segundo Kruger (2009), os gatos com cistite idiopática felina e cristalúria são suscetíveis à 
formação  de  tampões  uretrais,  o  que  pode  levar  à  obstrução.  É  provável  que  o  vazamento  de  proteínas 
plasmáticas na urina durante uma inflamação ativa aumente o pH urinário, o que contribui ainda mais para a 
precipitação de cristais de estruvita, os quais participam na formação do tampão uretral (Nelson & Couto, 2010). 
Outros estudos, documentam um pH de 6,9 na urina de pacientes com inflamação da bexiga e cálculos do trato 
urinário,  caracterizada  por  menor  densidade  específica  (Lew‐Kojrys  et  al.,  2017).  Neste  caso  a  densidade  do 
primer urinálise também pode‐se encontrar diminuída devido ao tipo de alimentação úmida (Forrester & Towell, 
2015) e à hidratação que o paciente recebeu no dia de hospitalização. Além disso, em outros estudos encontrou‐
se  que  os  níveis  de  proteína  na  urina  foram  maiores  nos  pacientes  com  cistite  idiopática  felina  do  que  nos 
animais saudáveis, possivelmente devido ao dano  no epitélio  da  uretra e à  penetração de proteínas de fase 
aguda  na  urina  (Lemberger  et  al.,  2011).  A  identificação  de  bactérias  em  sedimentos  urinários  de  felinos  é 
problemática, pois os detritos celulares comumente encontrados, que exibem movimento browniano, podem 
ser facilmente interpretados erroneamente como bactérias. A presença de urina diluída aumenta o índice de 
suspeita de que uma infeção possa estar presente.  A escassez de leucócitos no sedimento da amostra de urina, 
também não permite excluir o diagnóstico de cistite idiopática felina (Hostutler et al., 2005). 
Na  literatura,  a  prevalência  de  hematúria  dos  casos  de  cistite  idiopática  felina  foi  determinada  em  97%  por 
Kruger et al. (1991) e 83% por Saevik et al. (2011). Essas altas taxas de prevalência poderiam ser atribuídas ao 
fato de que a cistocentese foi o método de escolha para coleta de amostras de urina. Pesquisas indicam que a 
cistocentese pode levar a hematúria microscópica leve e transitória, que não pode ser distinguida da hematúria 
patológica em gatos com infecção do trato urinário. Outras causas associadas à hematúria são inflamações do 
trato urinário, litíase, e cateterismo traumático (Meuten, 2012).    
 
Bioquímica sanguínea 
As  análises  realizadas  no  dia  0  revelam  um  aumento  nas  concentrações  de  uréia,  provavelmente  devido  à 
obstrução  uretral  (azotemia  pós‐renal).  Ureia,  creatinina,  fósforo  e  outros  solutos  osmoticamente  ativos 
acumulam‐se devido à função renal prejudicada. Essa azotemia pós‐renal é devida à contrapressão, induzida 
pela obstrução ao fluxo de saída, prejudicando a filtração glomerular, a função tubular e o fluxo sanguíneo renal 
(Osborne & Lees, 1978). Com a obstrução uretral, a capacidade da bexiga é alcançada, resultando em aumento 
da pressão intravesical. Esse aumento resulta em aumento da pressão nos ureteres, pelve e túbulos renais, com 
uma resultante queda na taxa de filtração glomerular (TFG) devido à pressão hidrostática intratubular. À medida 
que a função renal vai diminuindo, a capacidade de concentração de urina se perde. O aumento do volume 
tubular de urina e o aumento da pressão tubular resultam em azotemia e uremia (Bartges et al., 1996; Lee & 
Drobatz, 2003). Na análise feita no dia 10 foi reportado aumento no valor de potássio. Na obstrução uretral 
UFRGS  |  Faculdade de Veterinária  |  Disciplina de Bioquímica e Hematologia Clínicas  |  Caso Clínico 2018/1/07  Página 6 
   
 

felina, a hipercalemia grave é o problema que mais ameaça a vida do paciente. Os sinais clínicos, acidemia e 
hipercalemia são consistentes com os efeitos fisiopatológicos da uropatia obstrutiva. Estas podem acontecer 
pela falta de ingestão oral e perdas contínuas de líquido por vias não renais (Polzin et al., 1996). A hipercalemia 
é causada por vários mecanismos: diminuição da troca de potássio por íons de hidrogênio, retenção de potássio 
devido  à  diminuição  da  TFG  e  reabsorção  de  potássio  da  mucosa  da  bexiga  danificada.  A  depuração  renal 
deficiente  de  íons  de  hidrogênio,  juntamente  com  a  produção  renal  de  amônia  possivelmente  prejudicada, 
resulta em acidose metabólica. A hipercalemia e a acidose ocorrem devido à incapacidade dos rins em excretar 
potássio e hidrogênio. 
 
Hemograma 
Os resultados dos hemogramas não são específicos, no entanto, se a cistite recorrente tiver sido documentada 
ou se houver possibilidade de pielonefrite, o exame de sangue deve ser avaliado devido a elevações significativas 
na contagem de leucócitos (Nikousefat et al., 2018). No hemograma do dia 0, a leucocitose pode estar associada 
à inflamação, neste caso do trato urinário, além das alterações na bexiga e a obstrução uretral. No segundo 
hemograma diminuiu a leucocitose, o que pode estar associado à resposta do paciente ao tratamento.  
Segundo Weiser (2012) também podem se encontrar alterações de parâmetros no leucograma em resposta ao 
estresse,  por  doenças  sistêmicas,  distúrbios  metabólicos  e/ou  dor;  como  por  exemplo:  insuficiência  renal, 
cetoacidose diabética, desidratação e doença inflamatória. Uma condição inflamatória pode frequentemente 
causar  uma  resposta  inflamatória  e  esteróide  combinada.  O  componente  inflamatório  terá  prioridade  na 
determinação da magnitude da neutrofilia e qualquer desvio à esquerda associado. No entanto, o componente 
esteróide só pode ser reconhecido pela presença simultânea de linfopenia (Weiser, 2012).  
A monocitose que acompanha uma resposta inflamatória é interpretada como uma resposta ao aumento da 
demanda por células mononucleares nos tecidos e também pode ocorrer na resposta esteróide, particularmente 
em cães. A linfocitose pode se dar em resposta a excitação, é reconhecida com mais frequência em gatos. A 
basofilia em um achado muito raro e tem que se estudar a possibilidade de alguma doença concomitante. A 
eosinofilia é interpretada como uma resposta inespecífica que requer consideração de parasitismo. A inflamação 
nas  superfícies  epiteliais  ricas  em  mastócitos  pode  estar  associada  a  eosinofilia,  particularmente  se  estiver 
presente um componente de hipersensibilidade; uma teoria é que o aumento da permeabilidade da camada 
protetora do epitélio da bexiga gera toxinas e outras substâncias urinárias no interstício da mucosa, ativando os 
mastócitos  e  gerando  uma  resposta  autoimune  (Weiser,  2012).  Entretanto,  é  importante  considerar  que  na 
literatura não há achados hematológicos específicos que possam ser correlacionados com a cistite idiopática 
felina. 
Devem‐se levar em conta os fatores de risco mais comuns para doença do trato urinário inferior dos felinos, os 
quais são excesso de peso corporal, baixos níveis de atividade física, confinamento em ambientes fechados e 
caixas pequenas demais para o animal. Mais de 60% dos gatos com urolitíase foram alimentados apenas com 
ração seca. Pesquisas demonstraram que as dietas que consistem em alimentos secos só aumentaram o risco 
de doença do trato urinário inferior dos felinos. 

 
 

CONCLUSÕES 

Os resultados dos exames de urinálise, exames bioquímicos e sinais clínicos são compatíveis com o diagnóstico 
de cistite por estresse ou cistite idiopática do felino com obstrução uretral.  

 
 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

BARTGES, J.W.; FINCO, D.R.; POLZIN, D.J.; OSBORNE, C.; BASANTI, J.; VROWN, S. Pathophysiology of urethral 
obstruction. Veterinary Clinics: Small Animal Practice, v. 26, n. 2, p. 255‐264, 1996. 
UFRGS  |  Faculdade de Veterinária  |  Disciplina de Bioquímica e Hematologia Clínicas  |  Caso Clínico 2018/1/07  Página 7 
   
 

CHEW, D.J.; BUFFINGTON, C.A.T.; KENDALL, M.; OSBORN, S.D.; WOODSWORTH, B.E. Urethroscopy, cystoscopy 
and biopsy of the feline lower urinary tract. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice v. 26, n. 
3 p. 441–462, 1996. 
FORRESTER, S. D. TOWELL, T.L. Feline idiopathic cystitis. Veterinary Clinics: Small Animal Practice, v. 45, n. 4, p. 
783‐806, 2015. 
HOSTUTLER, R. A.; CHEW, D.J.; DIBARTOLA, S. P. Recent concepts in feline lower urinary tract disease. Veterinary 
Clinics: Small Animal Practice, v. 35, n. 1, p. 147‐170, 2005. 
KRUGER,J.M.; OSBORNE C.A.; GOYAL, S.M.; WICKSTROM, S.L.; JOHNSTON, G.R.; FLETCHER, T.F.; BROWN, P.A. 
Clinical  evaluation  of  cats  with  lower  urinary  tract  disease.  Journal  of  the  American  Veterinary  Medical 
Association, 1991, v. 199, p. 211–216 
KRUGER,  J.M.;  OSBORNE,  C.A.;  ULRICH,  L.K.  Cystocentesis.  Diagnostic  and  therapeutic  considerations. 
Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 26, p. 353–361, 1991. 
KRUGER, J.M.; OSBORNE, C.A.; LULICH, J.P. Changing paradigms of feline idiopathic cystitis. Veterinary Clinics: 
Small Animal Practice, v. 39, n. 1, p. 15‐40, 2009. 
LEE,  J.A.;  DROBATZ,  K.J.  Characterization  of  the  clinical  characteristics,  electrolytes,  acid‐base,  and  renal 
parameters in male cats with urethral obstruction. Journal of Veterinary Emergency and Critical Care, v. 13, n. 
4, p. 227–333, 2003. 
LEMBERGER, S.I.; DEEG, C.A.; HAUCK, S.M.; AMANN, B.; HIRMER, S.; HARTMANN, K.; DORSCH, R.  Comparison 
of urine protein profiles in cats without urinary tract disease and cats with idiopathic cystitis, bacterial urinary 
tract infection, or urolithiasis. American Journal of Veterinary Research, v. 72, p. 1407–1415, 2011. 
LEW‐KOJRYS, S.; MIKULSKA‐SKUPIEN, E.: SNARSKA, A.; KRYSTKIEWICZ, W. Evaluation of clinical signs and causes 
of lower urinary tract disease in Polish cats. Veterinarni Medicina, v. 62, no 7, 2017. 
MEUTEN,  D.  Laboratory  evaluation  and  interpretation  of  the  urinary  system,  in  THRALL,  M.  In:  Veterinary 
hematology and clinical chemistry. John Wiley & Sons. 2 ed. Oxford: Wiley Blackwell, 2012. Cap. 23, p. 323‐377.
OSBORNE, C.A.; LEES, G.E. Feline cystitis, urethritis, urethral obstruction syndrome: Part I: etiopathogenesis and 
clinical manifestations. Modern Veterinary Practice, v. 59, p. 173–180, 1978. 
POLZIN, D.; OSBORNE, C.A.; BARTGES, J.W. Management of post‐ renal azotemia. Veterinary Clinics of North 
America: Small Animal Practice, v. 26, n. 3, p. 507–513, 1996. 
SAEVIK, B.K.; TRANGERUD, C.; OTTESEN, N.; SORUM, H.; EGGERTSDOTTIR,  A.V. Causes  of lower urinary tract 
disease in Norwegian cats. Journal of Feline Medicine and Surgery, v. 13, p. 410–417, 2011.  
WEISER,  G.  Interpretation  of  Leukocyte  Responses  in  Disease,  in  THRALL,  M.  In:  Veterinary  hematology  and 
clinical chemistry. John Wiley & Sons. 2 ed. Oxford: Wiley Blackwell, 2012. Cap. 12, p. 127‐139. 
 

 
 
UFRGS  |  Faculdade de Veterinária  |  Disciplina de Bioquímica e Hematologia Clínicas  |  Caso Clínico 2018/1/07  Página 8 
   
 

FIGURAS 

   
   
Figura 1. Bexiga. Forma preservada, parede  Figura 2. Rim esquerdo.  Dimensões, arquitetura e 
espessada.  junção corticomedular preservada. 

   
   
Figura 3. Rim direito. Pelves renais dilatadas.  Figura 4. Fígado. Dimensões levemente aumentadas.  

 
UFRGS  |  Faculdade de Veterinária  |  Disciplina de Bioquímica e Hematologia Clínicas  |  Caso Clínico 2018/1/07  Página 9 
   
 

 
Figura 5. Estômago. Conteúdo gasoso, camadas   
aparentemente preservadas e parede espessada.     Figura 6. Pâncreas. Aumento de volume.                        
    . 

 
 
 
   

Você também pode gostar