- Florestan Fernandes acentua que a ordem racial permaneceu quase
intacta desde a sociedade de castas, acredita que as condições psicossociais e socioculturais que sustentaram as relações sociais da época se renovaram. - Acredita que o padrão histórico de manifestação do preconceito e discriminação racial não sofreram modificações apreciáveis, assim, é possível estudar o passado através do presente. - Restringiu a análise em 3 tópicos: as expectativas que alimentavam os ajustamentos raciais, o padrão de relação racial tradicionalista e as principais características sociológicas da ideologia racial dos brancos. AS EXPECTATIVAS QUE ALIMENTAVAM OS AJUSTAMENTOS RACIAIS - Com expectativas, ele se refere às expectativas dos negros “mulatos” de serem finalmente vistos de forma justa, mas essas expectativas logo eram eliminadas. 1º caso: um homem chamado J. que vivia com italianos filhos do seu patrão, todos brancos. Eram unidos, ele era bem aceito e se sentia feliz. Até que um dia, sua condição de “preto” foi levantada. Nessa ocasião, apareceu a ideia de organizar um circo, e o J. era o garoto indicado para ser o palhaço, mas seus amigos italianos não queriam que ele fosse o palhaço porque “quem já se viu um palhaço preto? ” entretanto, alguns achavam que ele deveria ser o palhaço, pois a graça era ele, ele se pintava de branco e ninguém veria sua cor. 2º caso: esse mesmo homem estava atrás de uma namorada, já que seus amigos italianos estavam todos namorando. Seus amigos estavam o ajudando a encontrar pretendentes, mas todas eram negras. J. estava interessado em uma menina que era parente dos italianos, seu interesse, entretanto, chegou ao fim quando a mesma disse que a única coisa que o estragava era sua cor muito escura. PADRÃO DE RELAÇAO SOCIAL - os negros não tem condições de estar no mesmo “patamar” que os brancos por estarem atrasados na sociedade, terem se inserido tardia e lentamente na sociedade. - a acomodação racial: o branco procurava preservar sua posição ativa e dominante na sociedade, enquanto o negro se conservava (ou era mantido) na posição subordinada, como se ainda fosse despido da condição civil de “pessoa”. - se os negros tivessem se inserido na sociedade de forma eficaz, seria estabelecido um paralelismo entre a ordenação social e a estratificação racial da sociedade, como isso não foi possível, ocorre uma dupla corrupção: de um lado, a sociedade pervertida e marginalizada pela diferença social baseada em privilégios raciais, e de outro a persistência da dominação da raça branca e o apego aos conceitos de direitos fundamentais dos “homens de cor”. - diz que o negro se conformou com a sua posição social. 1º caso: um homem J. que era jogador de futebol foi promovido a ser técnico do seu clube. Um informante torcedor fanático do time deu um depoimento expressando seu desapontamento, dizia que J. era um grande jogador, mas erraram em coloca-lo como técnico porque “negro não serve para isso”. PRINCIPAIS CARACTERISTICAS DA IDEALIZAÇÃO RACIAL DO NEGRO: - a ideologia de uma sociedade estratificada racialmente. - a ideologia racial da sociedade de castas havia entrado em crise pelas consequências do fim da escravidão e por entrar em conflito direto com a ordem social emergente e com as expectativas dos negros. Essa crise criou um estado de exacerbação no ânimo dos brancos que favoreceu o apego emocional a atitudes e valores sociais obsoletos. - O negro era visto como um símbolo de poder, de fastígio de condição aristocrática. A sua presença era o testemunho vivo de que uns foram senhores, enquanto outros foram escravos na ordem social recém-desaparecida. Por isso havia uma hostilidade declarada aos negros livres. - A equiparação de direitos, introduzida pela República, agravou o apego das elites a atitudes e comportamentos que tinham como objetivo a distância social entre brancos e negros. - Admitir essa nivelação com o negro era uma ofensa intolerável. O único caminho para evitar essa alternativa seria marcar bem o que separa as duas raças, preservando o orgulho racial. Os padrões tradicionalistas de relações raciais Florestan Fernandes acredita que a ordem racial permaneceu quase intacta desde a sociedade de castas, e por isso, as condições psicossociais e socioculturais que sustentaram as relações sociais se renovaram. Acredita que a sociedade, após a abolição da escravidão, vive um racismo velado, ou estrutural, onde os preceitos raciais ainda existem, porém de formas minuciosas. Ele realiza essa análise em três tópicos: as expectativas que alimentavam os ajustamentos raciais, o padrão de relação racial tradicionalista e as principais características sociológicas da ideologia racial dos brancos. As expectativas que alimentavam os ajustamentos raciais: expectativas do negro de finalmente ser aceito na sociedade. Exemplo do livro: Um homem chamado J. que vivia com italianos, filhos do seu patrão, todos brancos, de forma unida e bem aceita. Até que um dia, sua condição de preto foi levantada; na ocasião, apareceu a ideia de organizar um circo, e o J. era o garoto indicado para ser o palhaço, mas seus amigos italianos não queriam que o mesmo fosse o palhaço, alegando: “quem já se viu um palhaço preto? o que vão pensar?”. entretanto, alguns outros colegas concordavam dele ser o palhaço por ele ser a graça, ele se pintaria de branco e ninguém perceberia O padrão de relação racial tradicionalista: o padrão da relação entre o homem branco e o homem preto, onde o homem preto está sempre em condição inferior. Florestan afirma que os negros não têm condições de estarem em um mesmo “patamar” dos brancos por estarem atrasados no que diz respeito à integração social. Se os negros tivessem conseguido se inserir na sociedade de forma eficaz, seria estabelecido um paralelismo entre a ordenação social e a estratificação racial da sociedade, como isso não foi possível, ocorrer uma dupla corrupção: de um lado, a sociedade pervertida e marginalizada pela diferença social baseada em privilégios raciais, e de outro a persistência da dominação da raça branca e o apego aos conceitos de direitos fundamentais dos “homens de cor”. Afirma também que o homem branco sempre procurava preservar sua posição ativa ou de dominância na sociedade, enquanto o negro se conservava (ou era mantido) na posição subordinada, como se ainda fosse despido da condição civil de “pessoa”. Exemplo do livro: Um homem J. que era jogador de futebol foi promovido a ser técnico do seu clube. Um informante torcedor fanático do time deu um depoimento expressando seu descontentamento, dizia que J. era um grande jogador, mas que erraram em colocá-lo como técnico pois, afirma: “negro não serve pra isso” Principais características sociológicas da ideologia racial dos brancos: a ideologia racial da sociedade de castas havia entrado em crise pelas consequências do fim da escravidão e por entrar em conflito direto com a ordem social emergente e com as expectativas dos negros. Essa crise criou um estado de exacerbação no ânimo dos brancos que favoreceu o apego emocional a atitudes e valores sociais obsoletos. Além disso, equiparação de direitos, introduzida pela República, agravou o apego das elites a atitudes e comportamentos que tinham como objetivo a distância social entre brancos e negros, isso porque admitir essa nivelação com o negro era uma ofensa intolerável. O único caminho para evitar essa alternativa seria marcar bem o que separa as duas raças, preservando o orgulho racial. O negro era visto como um símbolo de poder, de fastígio de condição aristocrática. A sua presença era o testemunho vivo de que uns foram senhores, enquanto outros foram escravos na ordem social recém-desaparecida. Por isso havia uma hostilidade declarada aos negros livres.