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X BIENAL DE MATEMÁTICA
Junho de 2022
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Prefácio v
Referências 11
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Prefácio
Esta ocina tem como objetivo a confecção e estudo, para ns didáticos,
do modelo de pipa em formato de tetraedro criada por Alexander Graham Bell
(1847 - 1922), como meio alternativo de ensinar matemática de maneira lúdica.
A pipa como instrumento cientíco também será explorada nesta ocina, espe-
cicamente na área da matemática, escolhemos os conteúdos de: semelhança
de triângulos, geometria fractal e progressão geométrica. Justicamos nossa
ocina tendo como base a pesquisa de Júlia Borin, no livro Jogos e Resolução
de Problemas − 6ª ed., 2007 −, que tem como tese a importância do jogo para
a criança na educação, o uso de jogos nas aulas ajuda a diminuir bloqueios
criados pelo temor e a sensação de incapacidade de aprender matemática, na
situação de jogos os alunos falam de matemática e apresentam melhor desem-
penho e atitudes mais positivas na aprendizagem (Borin, 2007, p. 09). A Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) nos diz que recursos didáticos como os
jogos têm um papel essencial para a compreensão e utilização das noções ma-
temáticas, porém, é preciso estar integrado a situações que levem à reexão e à
sistematização, para que se inicie um processo de formalização (BNCC, 2018,
p. 276). Ou seja, para garantir a efetividade do jogo no ensino, é necessária
uma metodologia atrelada a esse jogo. Segundo a BNCC, "os conhecimentos
matemáticos são fundamentais para a compreensão e a atuação no mundo e
perceber o caráter de jogo intelectual da matemática, como aspecto que favo-
rece o desenvolvimento do raciocínio lógico e crítico, estimula a investigação e
pode ser prazeroso (fruição)."(BNCC, 2018, p. 266). Por tal, nossa proposta
de realizar uma ocina para ensinar a construir e manipular a pipa tetraédrica
de Graham Bell possui os fundamentos necessários para lecionar matemática
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vi CLÍCIA SILVA, ISABEL DE SÁ, JONATHA FERREIRA E RAFAEL LEITE
nos mais variados assuntos e níveis pedagógicos. Faremos isto utilizando mate-
riais acessíveis, de baixo custo, possibilitando a extensão da atividade ao limite
da imaginação do(a) docente. A ocina terá três momentos, o primeiro teórico,
o segundo prático e o terceiro prático/teórico. Na primeira etapa, discutiremos
a origem e história da pipa, sua inuência e participação como ferramenta nas
ciências. Falaremos de Graham Bell, quem foi e sobre seu hobby e objetivo
com as pipas tetraédricas. Para elaboração de conteúdo, realizamos pesquisa
do tipo bibliográca, segundo Gil (2008, p. 50), "A pesquisa bibliográca é
desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de
livros e artigos cientícos.", esta ocina tem embasamento na tese de mes-
trado de Nunes (2014) e no trabalho de Bortolossi (2009). Após esta primeira
etapa, dividiremos os participantes da ocina em quatro grupos. No segundo
momento iniciaremos a parte prática, os ministrantes da ocina irão se divi-
dir entre os grupos e distribuir os materiais necessários para a construção dos
tetraedros: canudos, linha de pipa, papel de seda, tesoura, cola e palitos de
madeira (palitos de churrasco). Em seguida iremos disponibilizar a imagem de
apoio para montagem da pipa, a partir disto os participantes irão iniciar as
construções com auxílio dos ministrantes. Cada participante deverá fazer pelo
menos dois poliedros de canudos, um para a ocina e outro para si próprio,
cada grupo terá que construir pelo menos quatro tetraedros menores. Com os
tetraedros de canudos construídos, partiremos para os cortes do papel de seda
que cobrirá parcialmente os tetraedros, posteriormente uniremos os tetraedros
menores formando um poliedro regular maior. Ao nal deste momento, cada
um dos quatro grupos terá um tetraedro maior constituído por quatro tetra-
edros menores, mostraremos como adicionar o peitoral da pipa, onde a linha
será amarrada para subi-la ao céu, além disto, daremos dicas de como garantir
a simetria do tetraedro a m de que não tenda a voar para um único lado, ou
rodopie sem planar no ar. A depender de alguns fatores podemos ir para um
local de céu aberto e subir as pipas, cada grupo tenta elevar sua própria cons-
trução, dependerá da disponibilidade do evento, do local ter céu aberto, se o
tempo está limpo e o vento forte. Antes de entrarmos na etapa prática/teórico,
onde exploraremos a matemática da pipa, iremos unir os tetraedros maiores
dos quatro grupos para formar uma pipa ainda maior que funciona da mesma
PIPA TETRAÉDRICA DE GRAHAM BELL vii
forma que a menor e ainda nos mostra na prática alguns conceitos matemá-
ticos, tal como geometria fractal, progressão e a semelhança de triângulos. A
terceira e última etapa é a exploração dos conteúdos matemáticos, apesar da
riqueza de assuntos a serem abordados através da pipa tetraédrica, na ocina
iremos estudar semelhança de triângulos, progressão geométrica e geometria
fractal. Escolhemos esses assuntos pois é conveniente ao nosso trabalho, uma
vez que iremos fazer a construção da pipa e observar na prática a aplicação
desses conteúdos matemáticos.
Clícia Silva
Isabel de Sá
Jonatha Ferreira
Rafael Leite
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Breve
Ciências História Da Pipa Nas
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2 CLÍCIA SILVA, ISABEL DE SÁ, JONATHA FERREIRA E RAFAEL LEITE
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4 CLÍCIA SILVA, ISABEL DE SÁ, JONATHA FERREIRA E RAFAEL LEITE
do outro; critério LAL (Lado, ngulo, Lado), dois triângulos são semelhantes
se possuem um ângulo congruente compreendido entre lados proporcionais.
(Dante, 2016, p. 241). Diz-se que duas guras A e B planas são semelhan-
tes se é possível estabelecer uma bijeção entre seus pontos, de modo que essa
transformação preserve sua estrutura. Nos triângulos é possível observar que
uma transformação de semelhança atua como uma mudança de escala, é por
isso que neles podemos estudar semelhança por meio do caso AA, que ocorre
quando dois triângulos possuem dois dos seus ângulos ordenadamente congru-
entes, e analisando a estrutura da pipa, pode-se perceber que ela é constituída
por vários tetraedros regulares, que constituem um tetraedro maior, e como os
ângulos internos das faces são todos iguais, pois são triângulos equiláteros, eles
são semelhantes entre si, e mesmo se mais tetraedros forem adicionados para
compor a pipa, os triângulos aumentarão e não deixarão de ser semelhantes.
Pode-se calcular a razão de semelhança entre os lados desses dois triângulos,
uma vez que o canudo usado para fazer um lado do triângulo menor tem medida
2L
L, ou seja, R = = 2, e portanto a razão entre os lados é 2. Note que o
L
mesmo não é válido para a área, pois dobrar o comprimento dos lados não
indica que a área será dobrada, mas sim multiplicada por 4. Para comprovar
este fato, lembremos
√ que a área de um triângulo equilátero de lado L é dada√
L2 3 4L2 3
por A = , e desta forma a razão entre as áreas é dada por R = ·
4 4
4
√ = 4 . É interessante perceber que esta propriedade é válida de modo
L2 3
geral na pipa, isto é, sempre que se dobrar sucessivamente a medida do lado do
triângulo, sua área quadruplicará em relação ao lado original, e isto caracteriza
uma progressão geométrica, pois se listarmos a área dos tetraedros (que cam
cobertas com seda), é possível provar que há uma certa razão constante entre
elas. Se tem apenas 1 tetraedro compondo a pipa, então√2 de seus lados estão
L2 3
cobertos com seda, então a área de superfície é A1 = . Com 4 tetraedros
2
compondo a pipa,
√
tem-se 8 de seus lados cobertos com seda, e sua área é dada
por A4 = 2L 3, e assim sucessivamente. Então à medida que se aumenta a
2
√
√ L3 3
Pipa com 4 tetraedros: A4 = 2L 3; V4 =
2
3 √
√ 3
Pipa com 16 tetraedros: A16 = 8L2 3; V4 = 4L3
3 √
√ L3 3 n−1
Pipa com 22n−1 tetraedros: An = 22n−3 L2 3; Vn = ·4
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A razão entre as áreas de superfície de duas pipas consecutivas continua
sendo R1 =n 4, mas desta vez o volume entre duas pipas consecutivas agora
4
é R3 = n−1 = 4, ou seja, a razão entre a área supercial e o volume de
4
uma pipa é sempre constante, mantendo também constante a razão entre a
sua eciência e o seu peso, possibilitando com que a pipa voe. Além disso, a
estrutura piramidal da pipa é preservada quando aumentamos o seu tamanho,
sendo o tetraedro fundamental que é usado no início muito similar ao todo, e
quando isto ocorre, estamos lidando com um tipo muito especial de geometria,
conhecido como geometria fractal, denida como um conjunto de elementos
de um espaço que tem a propriedade de auto semelhança. A geometria dos
fractais é valiosa por se tratar de uma geometria que a euclidiana não abrange,
e por isso, era vista como inútil, e consequentemente era pouco valorizada, até
a criação dos computadores modernos.
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10 CLÍCIA SILVA, ISABEL DE SÁ, JONATHA FERREIRA E RAFAEL LEITE
Referências Bibliográficas
[1] BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília (2018).
[2] BORIN, Julia. Jogos e resolução de problemas: uma estratégia para as
aulas de matemática. 6.ed. São Paulo: IME/USP, 2007.
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