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[…] produzir uma Teoria do Espaço Urbano enquanto sistema de produção cultural de linguagem
que rompe com a característica idealista do espaço projetado, para transformá-lo em
manifestação sociocultural que supera sua concepção abstrata, conceitual. (p.19)
A percepção ambiental, flagrada através dos índices urbanos que povoam as fotos batidas pelos
moradores dos locais escolhidos, corresponde a um controle indutivo para poder resgatar, numa
multiplicidade de índices, aqueles reconhecidos pela seleção fotográfica como marcas de um
significado, uma informação e, por isso, selecionados fotograficamente. Observando com atenção
essas marcas e comparando-as entre os três locais, é possível encontrar filões interpretativos que
os explicam. (p. 112)
Porém, a fotografia como recurso metodológico desta pesquisa permitiu a invenção de uma
objetividade que é projetada e construída pelo próprio fotógrafo-sujeito da pesquisa, independente
do grau de coerência ou verdade da realidade ambiental. Em muitas circunstâncias, simula-se um
cotidiano que é objetivo em relação a uma expectativa, a um desejo e independente de ser
verdadeiro ou mentiroso. Como estratégia para esta pesquisa, o recurso metodológico da
fotografia permitiu atingir uma dimensão cultural impossível de ser conquistada com recursos mais
lógicos, como questionário ou entrevistas, exclusivamente. (p. 116)
Enquanto pesquisa, essa objetividade simulada cria uma ambiguidade que opera com
contradições, marchas e contramarchas de difícil controle interpretativo; porém obriga a admitir a
cultura e o que chamamos de periferia como realidades totalmente ambíguas. Somos obrigados a
considerar a contradição como elemento científico, cultural e social. (p.116)
Como se os moradores estivessem distantes da história, estão desgarrados, não têm passado e
não têm valores a defender ou a expor; os usos e hábitos são mecânicos e desprovidos de
crenças, daí a necessidade urgente de normas institucionalizadas e indiciadas no tom autoritário
dos discursos inflamados desenvolvidos por muitos moradores sobre suas fotos. (p123)
Percepção é informação na mesma medida em que informação gera informação: usos e hábitos
são signos do lugar informado que só se revela na medida em que é submetido a uma operação
que expõe a lógica da sua linguagem. A essa operação dá-se o nome de percepção ambietal. (p.
153)
Consideram-se variáveis aquelas forças que atuam sobre um lugar, criando estados e/ou estágios
de informação. (p. 154)
(...) só é possível realizar uma pesquisa de percepção ambiental se for possível tornar clara uma
realidade contextual, isto é, se ultrapassarmos a homogeneidade de um espaço encontrando-lhes
os lugares que o dividem e circunscrevem, mais aquelas variáveis que interferem decisivamente
na articulação de usos e hábitos. Esse primeiro esforço perceptivo que é executado pelo
pesquisador recebe o nome de contextualização. (p. 155)
A pesquisa do Olhar periférico é muito importante pois traz a visão do usuário para a pesquisa.
Formas de analisar o produto feito pelo outro em seu contexto. Buscar entender a relação do
usuário com o espaço através de uma produção própria do sujeito.