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ESPECIFICAÇÃO DE MOLA PARA USO EM VÁLVULAS DE

SEGURANÇA E ALÍVIO - PSVS

Resumo Gerencial

Objeto
Esta especificação tem o propósito de proibição das molas de PSVs de aço C ou de aço baixa liga,
niqueladas, isto é, com revestimento por eletrodeposição superficial de zinco, níquel ou cádmio.
Também estão proibidas as molas com pintura.
Em lugar dessas molas são especificados novos materiais e faixas de utilização.

Motivo
O problema dos materiais com revestimentos eletrodepositados está na confiança da realização do
tratamento de desidrogenação.
As molas originais dos fabricantes são confiáveis, mas, as molas substituídas por peças sobressalentes,
nas Recuperadoras de válvulas, não são confiáveis, pois não há como verificar se o tratamento foi
realizado.

Materiais autorizados para a fabricação de molas de PSVs


a- Aço Carbono sem qualquer revestimento ou pintura.
Em temperatura até 200oC, sem risco de corrosão.
b- Aço-liga Cr-Mo sem qualquer revestimento ou pintura.
Em temperaturas mais elevadas, até 400oC, sem risco de corrosão.
c- Aço inoxidável austenítico Cr-Ni-Mo (316, 316Ti).
Para temperaturas acima de 400oC até 600oC, ou quando a atmosfera em que a válvula irá
operar é agressiva.
Também as PSVs pequenas, de alívio térmico.
d- Ligas não ferrosas como o INCONEL.
Para temperaturas acima de 600oC ou ambiente extremamente corrosivo.
Uma alternativa em operação com produto muito corrosivo é a utilização de disco de ruptura ou
válvulas com fole de balanceamento, para evitar o contato da mola com o fluido.

Nota de exceção:
Casos extremos como em ambientes de alta salinidade (plataformas de produção de petróleo do E&P) é
admitido o uso de molas com revestimento Zn-Ni, somente com o gráfico de realização do tratamento
térmico desidrogenação em 100% das mesmas, incorporado à documentação técnica do fornecimento.
ESPECIFICAÇÃO DE MOLA PARA USO EM VÁLVULAS DE
SEGURANÇA E ALÍVIO - PSVS

1 Situação atual
Atualmente o material de construção das molas de PSVs é selecionado conforme a norma Petrobras N-
1882 REV C 3a Emenda SET / 2007 “CRITÉRIOS PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE
INSTRUMENTAÇÃO”, que permite o uso de molas niqueladas, sem qualquer menção a tratamento
térmico de desidrogenação.
Item 8.7 Válvulas de Alívio e Segurança
Sub item 8.7.2 Características Gerais
Sub item 8.7.2.5 Os materiais das válvulas de alívio e segurança devem ser compatíveis com as
condições de processo e ambientais, sendo que os materiais devem ser equivalentes ou melhores, que
os abaixo relacionados:
b) mola em aço-carbono niquelado.

2 Problema com molas revestidas


Há o relato de ocorrências de quebra de mola em operação, vários diagnosticados como trincamento
causado pelo Hidrogênio, proveniente do revestimento da mola.
Aparentemente, as molas não tiveram o tratamento térmico de desidrogenação, após a galvanização
com Ni, Zn ou Cádmio.
Outra possibilidade é o ataque do Ni pelo enxofre presente no ambiente da mola.
Assim sendo, pretende-se não mais utilizar molas com revestimento ou pintura, e substituir por materiais
confiáveis, para a fabricação de molas de PSVs, como subsídio para a revisão da norma Petrobras N-
1882.

3 Especificação de mola de PSVs


3.1 Tolerância ao meio
A mola não pode ter sobreespessura de corrosão, devido à garantia do fator de mola,K, que é calculado
para o diâmetro da mola.
Qualquer sobreespessura vai aumentar o fator K e a pressão para a abertura seria maior.
O fluido corrosivo, atacando a mola vai reduzir o diâmetro, logo afetando o K e a válvula abre em
pressão menor.

3.2 Materiais autorizados para a fabricação de molas de PSVs


a- Aço carbono sem qualquer revestimento ou pintura.
Em temperatura até 200oC, sem risco de corrosão.
b- Aço-liga Cr-Mo sem qualquer revestimento ou pintura.
Em temperaturas mais elevadas, até 400oC, sem risco de corrosão.
c- Aço inoxidável austenítico Cr-Ni-Mo (316, 316Ti).
Para temperaturas acima de 400oC até 600oC, ou quando a atmosfera em que a válvula irá operar é
agressiva.
Também as PSVs pequenas, de alívio térmico.
d- Ligas não ferrosas como o INCONEL.
Para temperaturas acima de 600oC ou ambiente extremamente corrosivo.
Uma alternativa em operação com produto muito corrosivo é a utilização de disco de ruptura ou
válvulas com fole de balanceamento, para evitar o contato da mola com o fluido.

Nota de exceção:
Casos extremos como em ambientes de alta salinidade (plataformas de produção de petróleo do E&P) é
admitido o uso de molas com revestimento Zn-Ni, somente com o gráfico de realização do tratamento
térmico desidrogenação em 100% das mesmas, incorporado à documentação técnica do fornecimento.
3.3 Dimensionamento
O dimensionamento deve ser feito conforme norma DIN 2095, para enrolamento a frio, ou DIN-2096,
para enrolamento a quente.
O critério de projeto é a tensão na condição de “mola sólida ou bloco” ser inferior a 50% da tensão
admissível.

3.4 Faixa de pressões atendida


Para cada mola deve ser informado a faixa de aplicação, função da pressão de abertura e do K da mola.

3.5 Folha de dados de compra da mola


Para a compra deve ser emitida, pelo fabricante da PSV, a Folha de dados, contendo:
 Material construtivo;
 Diâmetro e tolerâncias;
 Comprimento livre;
 Comprimento sólido ou “bloco”;
 Curso máximo;
 Faixa de pressões atendida, que é variável com o tipo de orifício;
 Padrão de paralelismo e perpendicularismo;
 Plano de tratamento térmico de mola: tratamento térmico de têmpera e revenimento, ou
solubilização, ou desidrogenação, ou alívio de tensões;
 Teste de carga sólida;
 Medição de dureza.
Esta FD deve ser entregue pelo Fabricante da PSV, junto com os documentos realtivos ao fornecimento.

4 Marcação da posição de ajuste da mola


Na calibração de fábrica, marcar a cota de compressão da mola, pelo parafuso de ajuste.
A finalidade é permitir que em inspeções futuras, após serviço mede-se esta cota, que se está reduzida
é sinal que a mola está cedendo.

ANEXOS
Respostas às consultas realizadas a fornecedores de PSVs e aos especialistas da Petrobras

A Depoimentos dos fabricantes


A.1 Leser
A Leser normalmente não faz tratamentos superficiais com zinco ou cádmio por razões ambientais e
devido ao risco de fratura por H2.
Quando a atmosfera em que a válvula irá operar é agressiva, recomendamos molas de aço inoxidável
austenítico Cr-Ni-Mo (316, 316Ti).
Em casos extremos de temperatura, onde se usa aço liga (com Cr, Cr/Mo ou Cr/Mo/Vanádio), a
zincagem é particularmente inadequada, pois este material é ainda mais propenso a falha por H2.
Se há alta temperatura e ambiente corrosivo, são indicadas as ligas não ferrosas como o Inconel.

A.2 Hiter-Crosby
É muito difícil que nossas molas niqueladas se quebrem devido ao hidrogênio, pois solicitamos o
tratamento térmico de desidrogenização em 100% das mesmas, sendo que o gráfico dos tratamentos
são apresentados à inspeção Petrobras e mantidos em nossos arquivos.
As molas que quebram são niqueladas ou pintadas?
O fornecimento de molas niqueladas é relativamente recente.
Devem existir inúmeras molas de válvulas de segurança pintadas na Petrobras.
Acreditamos mais no ataque pelo SO2.
Seria necessária uma pesquisa mais profunda sobre se as quebras ocorrem apenas em áreas com altas
concentrações de SO2.
Quando a zona secundária das válvulas de alívio de pressão estão sujeitas ao gás sulfídrico, a Crosby
USA utiliza molas em Inconel.
No entanto, não recomendamos generalizar a aplicação de molas em Inconel pois o custo é muito
superior ao de molas em aço carbono niqueladas.

B Depoimentos dos técnicos consultados


B.1 ENGENHARIA/IEABAST/EAB/ENPRO
Joelson de Carvalho Britto/RJ/Petrobras 24/09/2008

O API-520 recomenda a utilização de disco de ruptura com o objetivo de proteger os internos das
válvulas em operações com produtos muito corrosivos.
Estou entendendo que este problema com a mola se refere a válvulas convencionais. Se usarmos
válvulas balanceadas também poderíamos evitar o contato da mola com o fluido.
Aqui na EAB não chegamos ao nível de definição de material de molas de PSVs, pois emitimos apenas
folha de dados de processo.

B.2 Engenharia/EAB/AIIS
Eduardo - chave ED2Q - tel 3229 3311

Existe uma DIP do ABAST (ver anexo) que pede uma emenda na N-1882 para tratar deste assunto de
mola.
Os relatórios que subsidiam o DIP, em nenhum momento citam PSV.
O grupo da N-1882 está entendendo, baseado no DIP, que a necessidade desta emenda não é uma
emergência e pode aguardar a revisão normal da norma, onde o assunto materiais de PSV e válvula de
controle deve ser tratado.
Alguns correios entre o grupo da norma já circularam neste sentido.
Vale ressaltar que os fabricantes tradicionais de PSV não usam molas de aço carbono, sendo o motivo
da necessidade de revisão deste item da N-1882.

B.3 REFAP/DT/EQUIPAMENTOS-DINAMICOS
Jose Carlos Afonso 26/09/2008

Na REFAP tivemos duas ocorrências de quebra de molas, porém por outros motivos.
Um foi em uma PSV da Crosby, modelo JOS16S3-C. Possui mola de aço liga (baixo cromo) sem
qualquer revestimento. O motivo da quebra (ocorreu uma única vez) foi a vibração excessiva na válvula,
oriunda das tubulações. A outra ocorrência foi uma PSV da Farris (não me lembro o tag) que após
aperto do parafuso de carga as espiras quase encostavam umas nas outras.

Normalmente os fabricantes possuem até 230ºC a mola em aço carbono sem qualquer revestimento,
alguns realizam pintura aluninizada (que resiste até 120ºC).
É isto que tenho recebido dos fabricantes, exceção são as pequenas (miniaturas) que atualmente os
fabricantes tem padronizado em inox 316.
Na minha experiência de manutenção as molas de aço inox 316 tem se comportado muito bem em
ambientes corrosivos.
Observo também que alguns fabricantes fazem um pouco de segredo na composição química do
material da mola alegando "projeto do fabricante".

B.4 RLAM/IE
Sabino de Lima Piauhy Dourado 01/10/2008

a) Não tenho conhecimento de que tenhamos qualquer PSV com mola niquelada;
b) Os materiais mais convenientes para ambiente corrosivo seriam os aços inox austeníticos ou
materiais mais nobres. Os aços-liga (Cr-Mo ou aços tungstênio) ofereceriam melhor desempenho em
temperaturas mais elevadas com pouca melhora na resistência à corrosão.

Comentários:
1. O problema dos materiais com revestimento eletrodepositados está justamente, como você abordou,
na confiança da realização do tratamento de dehidrogenação. As molas originais dos fabricantes
conceituados certamente são confiáveis. Mas, quando começamos a usar as peças sobressalentes
poderemos adquirir material não confiável. Para agravar, não temos como verificar se o tratamento foi
realizado. Recentemente participei de uma consulta sobre a aquisição de parafusos com revestimento
anticorrosivo e me manifestei contrário, pelo mesmo motivo, uma vez que já tivemos vários eventos de
falhas por fragilização por hidrogênio ou CST assistida por hidrogênio.
2. A própria N-1882 (item 8.7.1.4) prevê, para aplicações com fluidos corrosivos, a utilização de PSV's
do tipo balanceada, o que evitaria o contato da mola com o fluido do processo. Condições extremas
podem requerer a interposição de disco de ruptura.
3. Resumindo: concordo com a proposta de proibição de uso de molas de AC com revestimento
eletrodepositado.

B.5 RPBC/MI/PM
Osmar Jose Leite da Silva/SP/Petrobras 01/10/2008

Situação atual
Requisito da norma Petrobras N-1882 REV C 3a Emenda SET / 2007
CRITÉRIOS PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE INSTRUMENTAÇÃO
8.7 Válvulas de Alívio e Segurança
8.7.2 Características Gerais
8.7.2.5 Os materiais das válvulas de alívio e segurança devem ser
Compatíveis com as condições de processo e ambientais ( condições do E&P diferentes do ABAST),
sendo que os materiais devem ser equivalentes ou melhores ( analisar o custo), que os abaixo
relacionados:
b) mola em aço-carbono niquelado; desde haja um processo de desidrogenação.

2 Problema
Temos tido algumas ocorrências de quebra de mola em operação.
A princípio foi diagnosticado como trincamento causado pelo Hidrogênio, proveniente do revestimento da
mola. ( é isso mesmo)
Aparentemente, as molas não tiveram o tratamento térmico de desidrogenação, ( é necessário cobrar
em norma o tratamento térmico de desidrogenação), após a galvanização com Ni.
Outra possibilidade é o ataque do Ni pelo enxofre presente no ambiente da mola. ( minha experiência
demonstra que a 1º hipótese é muito mais freqüente, mas não descarto a 2º possibilidade)
Assim sendo, está sendo proibido o uso das molas de aço carbono com revestimento.?????

a- Lembra de ter enfrentado este tipo de falha de mola?


Sim em algumas oportunidades.
b- Quais os materiais mais convenientes para as molas em ambientes corrosivos:
Aço liga (Cr-Mo)?
Pode ser mais tenho que analisar o custo beneficio
Aço inoxidável?
No E&P em alto mar? O que poderia ser usado são ligas como o inconel, mais aonde vai parar o custo
da fabricação da mola, o ideal seria investir no tratamento térmico de desidrogenação.
Revisar a norma N-1882?
Sim urgentemente, acredito que assim como alguns problemas com o material, seriam necessários
alguns outros ajustes.

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