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Estudo da Percepção de Crianças entre 6 a 10 anos de idade da


Instituição Patrícia Carvalho sobre o Uso de Novas Tecnologias
 

DALTON JORGE TEIXEIRA


Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
dalton.teixeira@gmail.com
 
ALINE FERNANDES DA SILVA
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
dalton.teixeira@gmail.com
 
LUIZ OSVALDO VILAR DE ALMEIDA
Fundação Pedro Leopoldo (FPL)
lovalmeida50@yahoo.com.br
 

 
ESTUDO DA PERCEPÇÃO DE CRIANÇAS ENTRE 6 A 10 ANOS DA
INSTITUIÇÃO PATRÍCIA CARVALHO SOBRE A UTILIZAÇÃO DAS NOVAS
TECNOLOGIAS

Resumo

Com o desenvolvimento da psicologia infantil sob a luz das pesquisas de Jean Piaget (1986) e
o crescimento do estudo do marketing surgiu a busca de novos nichos de mercado, dando
espaço ao aprofundamento dos estudos sobre o comportamento do consumidor infantil. As
crianças desempenham um papel de crescente importância no mercado de consumo, em
especial no universo inovador das novas tecnologias. Diante deste cenário, o projeto se propôs
a buscar respostas para a seguinte questão da pesquisa: Identificar a percepção da utilização
das novas tecnologias para crianças entre 6 a 10 anos pertencentes ao grupo de alunos do
Instituto Patrícia Carvalho. Este estudo foi desenvolvido por meio de uma pesquisa
descritiva, qualitativa e exploratória. Descritiva porque expõe as características de
determinado fenômeno; possuindo também natureza exploratória, devido ao pouco
conhecimento acumulado. Sendo assim percebemos que se cria entre as crianças e o aparelho
celular uma relação de troca onde as crianças muitas vezes se sentem sozinhas e acabam
encontrando no celular, atividades que ocupam suas mentes. Neste sentido entende-se que
para as crianças o celular é uma necessidade que os colocam em contato com o mundo, por
meio dos jogos, aplicativos, musicas, facebook.

Palavras-chave: Crianças, Percepção, Consumo, Tecnologia.

Abstract
With the development of child psychology in the light of the research of Jean Piaget (1986)
and the marketing study of the growth came the search for new market niches, making room
for the deepening of studies on child consumer behavior. Children play an increasingly
important role in the consumer market, especially in the innovative world of new
technologies. In this scenario, the project proposed to seek answers to the following research
question: To identify the perception of the use of new technologies for children between 6 to
10 years belonging to the group of the Institute Patricia Carvalho students. This study was
developed through a descriptive, qualitative and exploratory research. Descriptive because it
exposes the characteristics of a given phenomenon; also having exploratory due to little
knowledge accumulated. Thus we see that is created between the children and the mobile
device an exchange ratio where children often feel alone and end up finding on mobile
activities that occupy their minds. In this sense it is understood that for the mobile children is
a need to put them in touch with the world through games, applications, music, facebook.

Keywords: Children, Perception, Consumption, Tecnology.

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1 Introdução
Ao partirmos dos pressupostos da Psicologia do Desenvolvimento infantil,
percebemos que a criança era vista como um ser que não possuía autonomia de seus desejos.
Com o desenvolvimento da psicologia a partir dos estudos de Piaget (1971), e o crescimento
do estudo do marketing surgiu a busca de novos nichos de mercado, dando espaço ao
aprofundamento dos estudos sobre o comportamento do consumidor infantil. O fato é que a
criança é bastante diferente de um adulto, logo deve ser tratada de maneira diferente e
apropriada à sua fase de desenvolvimento. Percebe-se então que tal estudo foi observado
devido as mudanças tanto na sociedade contemporânea quanto no comportamento infantil.
As mudanças ocorrem naturalmente na vida diária de todos indivíduos e,
principalmente na vida das crianças, que são o espelho da sociedade amanhã. Como tudo para
elas é considerado novo, e devido estarem sempre exercitando o processo de aprendizado, a
forma como elas veem o mundo será sempre de maneira diferente. A questão é que nossas
crianças estão tendo acesso a todas as várias modificações da sociedade contemporânea.
Em busca do entendimento deste novo cenário, trataremos neste projeto de
compreender “as percepções das crianças de 6 à 10 anos diante das novas tecnologias”,
falando em especial da relação do mundo infantil com o uso dos aparelhos celulares.
As crianças desempenham um papel de crescente importância no mercado de consumo
em especial no universo inovador das novas tecnologias. Segundo Piaget (1971, p.30) a
criança passa por três etapas associadas a faixa de idade dos 0 aos 2 anos, de 2 aos 7 anos e
dos 7 aos 12anos; etapas em que a criança passa a conhecer o universo ao seu redor,
observando e utilizando os sentidos que as levam a interação com o meio no qual estão
inseridas. Assim, a importância de conhecermos e definirmos os períodos desse
desenvolvimento se da, pelo fato de cada individuo agir e compreender as informações que
lhes estão sendo transmitidas de forma diferente.
Este trabalho busca identificar os fatores que levam o público infantil a representar
uma interessante fatia do mercado consumidor das novas tecnologias, e que, atualmente tem
sido pouco explorado. Hoje várias pesquisas apontam os potenciais efeitos danosos gerados
por estas inovações tecnológicas da mídia e das novas tecnologias em diversos segmentos,
principalmente aos consumidores infantis apontando comportamentos violentos e
discriminatórios, prática sexual precoce e o mal ou bem do consumismo que muitas das vezes
domina grande parte da sociedade incluindo o infante. Por outro lado, existem pesquisas que
elevam as novas tecnologias e acreditam que seu papel colabora para o desenvolvimento e
formação cidadã de garotas e garotos.
Hoje o mercado descobre a cada dia mais que as crianças e os adolescentes fazem
parte de um mercado rentável principalmente falando do desenvolvimento de marketing
infantil.
Kincheloe e Steinberg (2001, p. 24) alertam para o fato que crianças e adolescentes se
tornaram alvo de “uma produção corporativa da infância”, rodeada por interesses comerciais,
que as enxergam na concerne de “consumidoras”.
Diante do exposto, apresentamos nossa questão problema: qual a percepção das
crianças entre 6 a 10 anos, do uso do telefone celular em seu dia a dia?

2.Referencial Teórico
2.1 Como se constitui a infância
A tecnologia ocupou espaço de grande destaque na moderna sociedade. Os avanços na
eletrônica e informática que têm modificado radicalmente o meio em que a criança se
desenvolve. Ela lida com meios ligados a computação com muito mais naturalidade que seus
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pais, em algumas vezes até ensinam para eles. Para entendermos melhor os efeitos desses
acontecimentos e o objetivo deste projeto, devemos conhecer o que é infância e quais são suas
fases. Hoje em pleno século XXI o conceito sobre infância vem sofrendo grandes
modificações. Apresentamos os conceitos apresentado por Piaget (1986-1980) sobre o
processo de desenvolvimento intelectual infantil, englobando fases desde o nascimento até o
seu mais completo grau de maturidade e estabilidade.
Para Piaget (1971 p.30) o comportamento do ser humano é construído pela interação
entre o meio e o individuo, que se caracteriza pala teoria epistemológica. Ou seja, a
inteligência do individuo perante as novas situações do individuo com o meio, o que lhe faz
mais “inteligente”. Assim, Piaget (1971 p.30) considera quatro períodos no processo
evolutivo da espécie humana que são caracterizados “por aquilo que o individuo consegue
fazer de melhor” no decorrer das diversas faixas etárias ao longo do seu processo de
desenvolvimento.

2.1.1 Período Sensório-motor (0 a 2 anos)

No recém-nascido, as funções mentais limitam-se dos reflexos e movimentos inatos,


por exemplo, (a sucção, o movimento dos olhos). De acordo com este período a criança nasce
em um universo que para ela é caótico, habitado por objetivos estranhos. Esta fase é
caracterizada pela observação dos movimentos dos pais, dos objetos das cores.

2.1.2 Período pré-operatório (2 a 7 anos)


Para Piaget (1971 p.31) o que marca a passagem do período sensório-motor para o
pré-operatório é o aparecimento da função simbólica, ou seja, é a emergência da linguagem
que implica em entender que o desenvolvimento da linguagem depende do desenvolvimento
da inteligência. Para Piaget(1971), a linguagem é considerada necessária, mas não suficiente
ao desenvolvimento do individuo. É o período da fantasia, do faz de conta, onde a imaginação
cria a capacidade de formar imagens mentais, por exemplo, a folha de mamão tomar lugar de
uma sombrinha. Assim, também é marcada pelo universo das indagações onde as crianças
fazem os pedidos aos pais “eu quero” isso quero aquilo. Nesse momento ela passa a expressar
seus desejos de compra, onde os mesmos são solicitados aos pais. Neste estágio as crianças já
são capazes de reconhecer os produtos nas prateleiras do supermercados e lojas, identificando
a marca, comerciais que estão ligados a marca etc.

2.1.3 Período das operações concretas (7 a 12 anos)

Momento onde a criança passa a interiorizar as ações dentro do seu meio, por
exemplo: se lhe perguntarem quanto é 2 + 2 ela saberá responder utilizando a ação mental.
Neste momento a criança entra no universo racional, sabendo diferenciar os produtos, as
melhores marcas no mercado, buscando imitar seus pais e amigos, enfim nesta fase a criança
passa há até mesmo realizar compras sozinha ou acompanhada por seus amigos.
Acredita-se que esta seja uma fase de muita importância, pois trata-se do momento que
a criança entra em contato com mundo, passando a fazer mais parte dele. Nesse momento a
criança passa a ter conhecimento de valores, “dinheiro” e aprende a comunicar-se, interagindo
com o meio. Mas, embora a criança consiga raciocinar de maneira coerente a mesma não se
encontra pronta para estabelecer relacionamentos e formar seu próprio ponto de vista, aqui
está a importante postura dos pais, que os conduz e orienta para a formação de um raciocínio
lógico perante as situações.

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2.1.4 Período das operações formais (12 anos em diante)

Neste estágio a criança já conseguiu raciocinar sem a ajuda de terceiros. Começam a


executar operações mentais dentro de princípios da lógica formal. Dentro deste novo mundo,
a criança adquire capacidade de criticar os sistemas sociais que convive e passa a até mesmo
propor mudanças, discutindo valores morais de seus pais e construindo seus próprios valores,
se tornando assim um ser independente que possui autonomia diante de suas escolhas.
Diante dos períodos acima estudados por Piaget; observa-se que de acordo com a fase,
a criança assume um papel diferente perante o mercado consumidor. Após o momento que a
criança passa do período das indagações, ela exerce o papel de iniciadora. WELLS
(1966,p.139) descreve um fenômeno que denomina “comando passivo”- tradução nossa, que
segundo o autor a criança é usuária e orienta as compras, os pais compram os produtos e
continuam comprando com base nos produtos que seus filhos mais gostam, iniciando assim
um processo onde as crianças passam a expor seus desejos e preferências.
Segundo Santos (2000, p.62) quando o consumidor infantil começa a participar do
processo de compra ele representa três agentes importantes (o consumidor 3 em 1) que são
eles: o consumidor atual, o promotor de consumo familiar e o consumidor adulto. Para
entendermos melhor sobre o mesmo, faz necessário conhecer o que é consumo, próxima etapa
deste projeto.

3.1 Vivência da Infância na sociedade de Consumo

Antigamente as crianças eram inocentes, puras hoje a vivência da infância e adolescência tem
passado por profundas mudanças, principalmente no novo tipo de acesso a informação.
No mercado de consumo as crianças são grandes consumidoras de brinquedos,
alimentos, vestuários além de serviços direcionados como, bufês, aulas de dança (bale, jazz).
Hoje diante da evolução da tecnologia, observamos um significativo aumento do público
infantil relacionado a procura de aparelhos celulares cada vez mais modernos que contenham
no mínimo acesso a internet. À nova forma de acesso à informação, acabam expondo às
crianças a um mundo de linguagem diferenciada a que elas estão acostumadas, com questões
e cenários impróprios as experiências vivenciadas pelas crianças. Pois a criança está em plena
fase de aprendizado, onde tudo para ela é novo e devido não possuir consciência dos fatos
poderá gerar problemas a saúde infantil e a sua formação intelectual.
Outro ponto que o consumo x mídia afetam são a vida das famílias, onde mostra que
possuir tal produto é de certa forma essencial para você ser destaque nos ambientes, a questão
é: Como essa informação é processada na mente de uma criança? Na questão econômica, não
é toda família que possui poder aquisitivo para ter acesso aos novos produtos, que a cada dia
passam por inovação.
Devido a correria do dia –a –dia os pais acreditam que ao presentear seus filhos com
aparelhos eletrônicos o contato ficará mais facilitado, fato que não é errôneo, mas necessita de
atenção e acompanhamento dos pais. Pois a criança desde 1980 têm sido observada por alguns
filósofos como consumidora “três em um”, que diz que a criança assume o papel de
consumidora atual, consumidoras promotoras do consumo familiar e consumidor adulto sendo
assim um consumidor ativo.” (Santos,2000, p.62),
Ao passo que a criança aumenta seu conhecimento sobre o mundo, cores e marcas ela
se torna uma consumidora ativa, sendo autora de suas próprias decisões fazendo escolhas que
muitas vezes podem ou não serem acatadas pelos pais. O fato é; as crianças se moldam muitas
vezes pelo ambiente que vive, ou seja, os pais possuem poder quanto o desenvolvimento
físico e mental de seus filhos, como por exemplo: uma menina de 6 à 8 anos, vê sua mãe usar
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salto, logo ela também quer usar o salto, a bolsa imitando assim a mãe. É importante enfatizar
como já foi dito anteriormente que os pais não são os únicos a influenciar seus filhos, eles
contam com os meios de comunicação, que no caso das crianças o meio mais acessível é a
televisão, que interrompe e acaba influenciando a formação de opinião das crianças.

3.2 Ciclo do Consumo

Vivemos em meio a propaganda, anúncios e em busca de produtos de qualidade e bom


preço. Diante deste cenário algumas vezes acabamos entrando no ciclo do consumo que está
dividido em 5 passos segundo Martins (2007p.24).
Isto ocorre a partir do momento que se têm noção do produto ou serviço, por meio dos
das percepções visuais, auditivas ou de qualquer outro nosso sentido. Desejar: o desejo é a
tendência espontânea e consciente em direção a um fim conhecido ou imaginado. Pedir um
empréstimo: as lojas oferecem a opção de crediário, empréstimos e cheque especial, tudo para
facilitar a compra. Comprar: momento esperado a compra do objeto. Descartar: hoje em
pouco tempo os produtos utilizados se tornam ultrapassados, devido ao avanço da tecnologia
que proporciona o aperfeiçoamento dos produtos. Isso gera um prazer insaciável dentro da
sociedade, explodindo assim um consumo em larga escala, sempre buscando algo superior.

Segundo Kotler (Kotler, 1998):


Um processo de compra começa no ponto que o consumidor reconhece um
problema, ou uma necessidade. O mesmo nota a diferença entre o seu real estado de
compra com a situação desejada. Esta necessidade pode ser desejada por estímulos
internos ou externos. (KOTLER, 1998, p. 180).

Ou seja, o processo de compra possui fatores sociais, culturais, psicológicos e pessoais


conforme detalha a figura 1 abaixo:

Figura 1 - Fatores de influência no processo de decisão de compra


Fonte: KOTLER (1998, p.18)

4.Percepção
A percepção é um dos fatores de grande importância neste projeto, pois é através da
compreensão da mesma que alcançaremos o nosso objetivo: Identificar a percepção de
crianças de 6 a 10 anos no uso do aparelho celular. Moreira citado por Pedrosa (1996)
comenta que “Tudo no mundo está aí para ser visto, ouvido, cheirado, tocado, sentido,
percebido, em fim. Esta é a experiência imediata”.
Como de fato Deus nos deu esses sentidos para que pudéssemos extrair o que é
colocado ao nosso redor, isso é percepção. Cada coisa possui seu significado, seja ele racional

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ou irracional e cada individuo, dentro de suas experiências interpreta os fatos de maneira
diferenciada. Somos guiados pelos nossos cinco sentidos e deles dependemos, sendo eles a
visão, audição, olfato, paladar e tato. No qual somos envolvidos e expostos as diferentes
situações, onde após vivenciadas nos levam a desenvolver novas ideias, sonhos, sentimentos e
desejos.
SHETH (2001, p.286), “A percepção é o processo pelo qual um individuo seleciona,
organiza e interpreta a informação que recebe do ambiente”. Sheth (2001, p.87) fala ainda
sobre o viés do processo perceptual onde auxiliar o individuo a seleção das informações
transmitidas no cotidiano. São eles: exposição seletiva, atenção seletiva e interpretação
seletiva, onde os mesmos somente ganham influencia se houver interesse, ou seja,
demonstração de estimulo do consumidor.
Minor e Mowen (2003, p. 45) diz que “a percepção é o processo por meio do qual
indivíduos são expostos à informação, prestam atenção nela e a compreendem.”
Sendo assim a percepção é fator essencial a vida humana, pois é através dos sentidos
que somos capazes de compreender o meio onde estamos inseridos, assim como alcançar a
compreensão das informações que nos estão sendo transmitidas. Segundo Minor e Mowen
(2003, p.44), “existem três fatores que influenciam o processo de informação de um
individuo: a percepção, nível de envolvimento do consumidor e memória.” Para Minor e
Mowen (2003 p.45 ) o nível de envolvimento do consumidor está totalmente ligada ao grau de
interesse pessoal do mesmo em relação há algum produto, ideia ou serviço, a medida que esse
envolvimento aumenta, eleva a capacidade de compreensão do consumidor sobre o seu objeto
de desejo, podendo o envolvimento ser caracterizado como envolvimento circunstancial ou
duradouro. A terceira função do processo de informação descrito é a memória, que segundo
(MINOR E MOWEN, 2003):

Ela ajuda a orientar os processos de exposição e atenção, ao permitir que os


consumidores antecipem os estímulos com os quais podem vir a ter contato. Auxilia
no processo de compreensão ao armazenar o conhecimento do consumidor acerca do
ambiente. Essa base de conhecimento pode ser acessada a fim de ajudar a pessoa a
entender o significado de um estímulo. (MINOR; MOWEN, 2003, p.44).

Diante deste estudo identificamos os passos para que haja o envolvimento do


consumidor com relação as suas necessidades, é também notável como se faz importante a
ligação da memória, das experiências e conhecimentos que o individuo possui para que as
informações que lhes estão sendo passadas alcance êxito.
Dessa forma, se faz necessário e importante estudar qual a percepção, ou seja, como as
crianças estão compreendendo as informações que lhes estão sendo passadas.

5.Metodologia de Pesquisa
Neste estudo foi adotada a estratégia de pesquisa qualitativa. Nesta pesquisa
pretendeu-se investigar a percepção das crianças entre 6 a 10 anos, diante das mudanças
significativas na vivência de sua infância e da adolescência, onde a quantidade de informação
recebida por meio do celular e do computador que vem aumentando cada vez mais na vida
destas crianças. Não se visou a resultados absolutos, medições e enumerações. Tratou-se de
investigar questões subjetivas, relevantes à vida dos participantes da pesquisa, com ênfase
para a dimensão cotidiana que o fenômeno ocupa.
O método de pesquisa adotado foi o grupo focal. No grupo focal tem-se como objetivo
principal obter uma visão aprofundada ouvindo um grupo de pessoas do mercado-alvo falar
sobre o problema de interesse do pesquisador. A unidade empírica de análise desta pesquisa
qualitativa foi composta de jovens criança e pré adolescentes de uma escola de ensino
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fundamenta da cidade de Betim em Minas gerais . Para a seleção dos pesquisados foi
distribuída uma carta de apresentação do pesquisador aos pais dos alunos com o objetivo de
fornecerem maiores informações sobre o pesquisador, os objetivos da pesquisa e perguntando
sobre o interesse dos filhos em em participarem ou não da pesquisa. Foram selecionados 15
jovens de 6 a 10 anos que se disponibilizaram a participar dos grupos focais fora dos horários
de aula para serem formados 2 grupos de no máximo 8 participantes.
Grupos focais são normalmente compostos de 5 a 10 pessoas, mas o tamanho pode
variar de 4 a 12 pessoas. O grupo deve ter um tamanho suficiente para todos terem a
oportunidade de compartilhar as ideias (KRUEGER; CASEY, 2009). O primeiro grupo
compareceram 6 jovens com idades de 9 e 10 anos . O segundo grupo foi formado por 9 com
crianças de 6,7 e 8 anos . Os grupos focais foram realizados dentro da escola, fora do horário
de aulas e em sala especialmente preparada. Os grupos focais foram filmados e a discussão foi
coordenada por um moderador que seguiu um roteiro previamente definido pelo pesquisador e
validado pelo orientador.
Recomenda-se que sejam realizados pelo menos dois grupos focais. Se os recursos
permitirem, formam-se grupos adicionais de discussão até o momento de saturação, ou seja,
até o momento em que o moderador já possa antecipar o que será dito (MALHOTRA, 2001).
Neste caso não foi possível realizar outros grupos por falta de disponibilidade dos alunos em
participarem de grupos focais fora de horário de aula, pois estavam em período de provas e
preparando-se para fazerem o ENEM.
Foi desenvolvido um roteiro com base nos objetivos pretendidos pela pesquisa para
servir como guia. Esse roteiro foi discutido previamente com o orientador da pesquisa e com
o moderador que foi responsável pela condução dos grupos focais. Após a realização do
primeiro grupo focal, o roteiro foi reavaliado pelo pesquisador e orientador, e não foi
identificada a necessidade de alteração. Dentro do roteiro foi incluída uma atividade de
colagem de imagens para que os pesquisados pudessem expressar, por meio de imagens, além
da comunicação verbal, sua percepção do conceito de luxo com o objetivo de enriquecer os
resultados da pesquisa. A colagem de imagens é indicada por Krueger e Casey (2000), como
umas formas para se conseguir o maior envolvimento dos participantes de grupos focais.
Após as realizações dos dois grupos focais, foi feita a transcrição ipsis verbis das falas
da filmagem de cada grupo focal para análise qualitativa do conteúdo. Segundo Bardin
(1977), a análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise das comunicações que
utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens. Ao
tratar as mensagens, o analista tira partido do tratamento das mensagens que manipula, para
inferir, ou seja, deduzir de maneira lógica, conhecimentos sobre o emissor da mensagem ou
sobre o meio, por exemplo. Após a transcrição ipsis verbis das falas dos participantes, as
citações foram categorizadas de acordo com os objetivos da pesquisa.

5.1 Resultados
Nesta etapa são apresentados os resultados dos grupos focais, tendo como referencia
os objetivos da pesquisa que buscou conhecer a percepção, o comportamento das crianças de
6 a 10 anos da instituição de Ensino Patrícia Carvalho da cidade de Betim, diante das novas
tecnologias, tendo como foco principal o uso do aparelho celular. A análise será realizada
levando em consideração as observações de alguns autores aqui citados como Jean Piaget
(1980) e Lipovetsky (2006).
Selecionadas as crianças, nos dirigimos para o espaço de recreação da escola, onde
ficamos a vontade para começarmos o estudo. Ao analisar os dois grupos posso dizer que a
primeira etapa (apresentação) foi difícil para ser iniciada, pois faziam milhões de perguntas,
reação típica de crianças.
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O que vamos fazer tia? Você vai ser nossa professora?
Procurei acalmá-los e em seguida iniciamos as apresentações, cada um dizendo seu
nome, idade e o que mais gosta de fazer.
Para facilitar a compreensão, abaixo temosa tabela 1 com alguns dados separados por
grupo.

Grupo
Número de Participantes Detalhamento Focal
1 Sexo feminino, 9 anos 1
2 Sexo feminino, 10 anos 1
3 Sexo feminino, 10 anos 1
4 Sexo masculino, 10 anos 1
5 Sexo masculino, 10 anos 1
6 Sexo masculino, 10 anos 1
7 Sexo feminino, 7 anos 2
8 Sexo feminino, 8 anos 2
9 Sexo feminino, 8 anos 2
10 Sexo feminino, 8 anos 2
11 Sexo masculino, 7 anos 2
12 Sexo masculino, 6 anos 2
13 Sexo masculino,6 anos 2
14 Sexo masculino, 7 anos 2
15 Sexo masculino, 8 anos 2

Tabela 1 - detalhamento dos participantes dos grupos focais


Fonte: Elaborada pela autora

O primeiro grupo focal era composto por crianças de 9 e 10 anos conforme descrito na
(tabela 1) acima.
Como forma de descontrair e fazer com que as crianças falassem, na apresentação uma
das perguntas que eu fazia eram:
O que vocês mais gostam de fazer?
Lembrando que até o momento eu não havia revelado qual seria o assunto/ tema que
íamos trabalhar.
Para minha surpresa nenhuma criança disse que gostasse de algum tipo de aparelho
eletrônico, pelo contrario o que mais gostavam de fazer era:Ler ;Brincar com primos
(as);Pescar com meu pai e meu avô;( Criança 6, sexo masculino, 9 anos)Andar de
skate;“Jogar futebol com o pai, amigos e às vezes sozinho, dentro do quarto”( Criança 5, sexo
masculino, 10 anos);Andar de patins.

Em seguida fizemos algumas perguntas com o objetivo de conhecer mais a fundo o


mundo que vivenciam, foram elas:

 Quem têm acesso a internet em casa? A resposta foi unânime, todos possuem
internet em casa e no celular.
 O que é tecnologia? “ È tudo aquilo que nos comunica com o mundo “
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(Criança 1, sexo feminino, 9 anos).

Outra surpresa diante desta resposta, pois imaginava que seria uma pergunta difícil de
ser respondida e com palavras resumidas essa criança soube responder sendo objetiva.
Quem têm celular? E o que mais gostam de fazer? Resposta também unânime, todos
possuem celular e dos mais modernos.
“ Já tive cinco, passei uns para meus primos” ( Criança de 4anos , sexo masculino, 10
anos)
“Eu sempre tive telefone, meu pai usava e depois quando ele não queria mais pegava e
dava tudo pra mim” (Criança 5 anos , sexo masculino, 10 anos).
“Eu gosto de telefone grande, com a maior tela, pra poder jogar” (Criança 1, sexo
feminino, 9 anos).
“Gosto de tirar foto e fazer self” (Criança de 3anos , sexo feminino, 10 anos)
Nesse momento percebe como a influência dos pais pesa na construção mental e
emocional de seus filhos. Pois além de aguçar o poder de compra e consumo de seus filhos
acaba induzindo nas suas escolhas e desejos, que muitas vezes ocorrem para imitar certas
atitudes de seus pais.

 O que vocês mais gostam de fazer no facebook?

“Gosto de conversar, eu coloco lá no chat de conversas e fico conversando com meus


colegas, vendo vídeos, fotos” (Criança 6, sexo masculino, 9 anos)
“Eu não gosto de facebook, mas já tive cinco, hoje eu tenho dois” ( Criança de 4 anos
, sexo masculino, 10 anos)
“Eu gosto de colocar fotos, não são muitas, a maioria a minha mãe que coloca e eu
compartilho”( Criança de 5 anos , sexo masculino, 10 anos).
No caso da segunda resposta da criança 4 cheguei a perguntá-lo sobre o porque ele
tinha feito cinco facebook. O mesmo respondeu: “Eu sempre esqueço da senha ou do e-mail,
ai eu faço outro”.( Criança de 4 anos , sexo masculino, 10 anos).
Na segunda resposta da criança, percebe que ela apenas faz porque tudo mundo têm e
não pelo fato de realmente gostar do facebook. Neste ponto se faz necessário lembrar do
período das operações concretas (7 a 12 anos) estudado por Piaget (1971)onde o individuo
passa a tomar consciência do mundo em sua volta, formando suas próprias opiniões e
principalmente organizando em sua mente o mundo em que vive.E como é importante que a
criança passe por esse período e consiga ao final discernir o melhor para seu aprendizado,
sabendo expor sua opinião.

 Partindo para o segundo momento do grupo. A criação do novo modelo de celular,


contabilizando aquilo que as crianças mais gostam e suas ideias brilhantes,
conforme tabela 2:

celular criado pelo 1ª Grupo Focal


Potência maior de android
Celular com 500 gbyt de memória
Bateria” incarregavel”(Sic)
Função de quando a pessoa ligar você poder conversar com ela em forma de
holograma

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câmera digital rápida para não desconfigurar a foto se caso a pessoa estiver
correndo
aplicativo de visualizar onde a pessoa está na hora que ela tá ligando para você
revelação de fotos
Internet já inclusa com 120 mega
telefone irá ligar para muitas pessoas ao mesmo tempo, pai, mãe, irmão
Acessório do novo aparelho
Capinha de celular onde a pessoa poderá personalizar na hora

Tabela 2 - Criação do novo celular


Fonte: Elaborado pelos autores

Podemos perceber que todas as funcionalidades descritas acima representam itens que
as crianças esperam encontrar nos aparelhos celulares e quanta criatividade, cada um
participou e contribuiu para a construção do novo celular. Como por exemplo: a tela deve ser
a maior, o telefone terá a função de ligar para muitas pessoas ao mesmo tempo. Diante desta
atividade afirmamos o que diz Santos (2000, p.62-66) sobre a criança possuir o papel de
consumidora 3 em 1, nesta idade ela já conseguir discernir seus desejos e assim dar sua
opinião sobre os produtos e serviços.
Quando perguntamos sobre o que eles esperam encontrar nos aparelhos celulares as
respostas foram de uma criatividade que eu não esperávamos ouvir:
“O preço do celular será de mil e quinhentos reais, porque depois agente sempre pede
desconto mesmo. Minha mãe faz assim ”(Criança 2, sexo feminino, 10 anos).
Esta criança já pensou em uma ferramenta que todo cliente utiliza quando realiza uma
compra, a negociação, provavelmente já presenciou seus pais durante uma negociação.
Outro diz:
“Com android tipo 5.0” (Criança 5, sexo masculino, 10 anos)
“Ao invés de vim pra escola estudar agente estuda de casa pelo celular” ( Criança 5,
sexo masculino, 10 anos)
“Tipo um professor online” (Criança 1, sexo feminino, 9 anos).
“Não meu filho! Estudar em casa mas também vim pra escola” ( Criança 6, sexo
masculino, 9 anos)
“Não estudar em casa é bem melhor, na escola tem umas cadeiras duras e em casa
agente senta no sofá e conversa com o professor, fazendo tipo a faculdade que o meu pai vai,
ai tem prova presencial” ( Criança 5, sexo masculino, 10 anos).
. Diante deste desejo de optar em estudar em casa e não ir mais para a escola, levou-
me a lembrar das broncas de minha mãe quando dizia, “Em conversa de adulto, criança não
deve intrometer”, ou seja, as crianças querem fazer coisas que os adultos fazem, estar por
dentro de tudo que um adulto faz, mas nem tudo convém. Cada qual com seu universo. Não
existe formação infantil ou adulta sem frequentar a escola.
A terceira e última atividade desempenhada pelo primeiro grupo focal foi o momento
onde dividi o grupo em dois e pedir para escolher entre as gravuras expostas a atividade que
mais gostavam de fazer.

5.2 Resultado do primeiro grupo

Como podemos ver o resultado dos dois grupos foram similares.

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O interessante é que ambos tiveram escolhas parecidas até mesmo na classificação de
primeiro e último lugar, percebemos que nesta idade as crianças ainda pensam em realizar
atividades ligadas a natureza, que envolvem a família e amigos, preocupam em realizar
atividades saudáveis, que tragam novos conhecimentos e novas culturas.
È possível verificar que a percepção das crianças de 9 e 10 anos está muito ligada a
atividades tradicionais, cantar, pedalar, praticar esportes entre outros. A infância pura e cheia
de energia ainda está aflorada nas crianças da instituição Patrícia Carvalho. Analisando a
classificação de último lugar, observamos que mesmo diante da descoberta acima, é nítido a
influência que os aparelhos eletrônicos detêm sobre as crianças.
Outro ponto de grande importância que observei foi a integração entre eles, buscando
colocar no material disponível aquela atividade que realmente era aceita por todos e não por
um grupinho especifico. Algo que é louvável, pois vivemos em uma sociedade onde os
indivíduos se tornam cada dia mais individualista em vários aspectos.

6 Análise do Segundo grupo focal

O segundo grupo focal era composto por crianças de 6,7 e 8anos conforme
apresentado na (Tabela 1, p. 26).
Ao avaliar a percepção do segundo grupo focal, é notável a forte relação das crianças
como mundo tecnológico. Espera-se que até mesmo pela idade das crianças elas não tivessem
um contato tão enraizado com as novas tecnologias percebemos um aprofundamento maior
delas no que tange à tecnologia. Seguindo o roteiro, não diferente da analise do primeiro
grupo focal farei a analise da percepção apresentada pelas crianças.
Abordaremos as perguntas de maior discussão no grupo.
O que são novas tecnologias?
“Tipo wi-fi, facebook, tablet tudo que é novidade “(Criança 10, sexo feminino, 8 anos)
É nítido que eles estão antenados a todo o tempo. Diante desta resposta eu perguntei:
Mas e o rádio, ele também é uma nova tecnologia?
Um deles respondeu: “É, mais ele agora tá no celular, no notebook, têm como agente
passar musica pro som pelo Bluetooth”
Neste momento percebi que mesmo sendo de idade tenra, já possuem certa noção
sobre o significado da palavra “tecnologia”. Não conseguiram dar um conceito formado da
palavra, mas compreendem tudo que representa novas tecnologias.
Em seguida perguntei quem tinha internet em casa, e mais uma vez todos possuem
acesso. Perguntei também o que eles mais gostam de pesquisar na internet e várias foram as
respostas, como:
“Gosto de acessar o youtube para procurar musicas” (Criança 14, sexo masculino, 7
anos)
“Gosto de entrar no face para conversar no chat, curtir foto e jogar” (Criança 11, sexo
masculino, 7 anos)
“Gosto de jogar no click jogos” (Criança 09, sexo feminino, 8 anos)
“Gosto mais do frive jogos” (Criança 08, sexo feminino, 8 anos)
Quem tem celular? Esta resposta foi unânime todos já possuem celular.
Quem têm facebook? Resposta também unânime
Quem têm whatsapp?Cinco tinham whatsapp e os outros conversavam pelo
whatsapp dos pais.
E neste momento a palavra mais ouvida era “Eu tenho”.
Percebe que realmente estamos na era que o ter é sinônimo do individuo fazer parte de
algo, (eu tenho o Samsung 4, eu não tenho computador tenho notebook, eu tenho tablet, eu
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tenho o iphone 4 e por ai vai ... ) quando eles não tinham um aparelho que o coleguinha tinha
dito ter, eles logo falavam. “Eu não tenho tablet mas meu pai têm”.

A próxima etapa do grupo focal foi a criação de um novo aparelho celular que pudesse
conter tudo aquilo que eles mais gostam, parte muito fácil para eles.
Abaixo as ideias que as crianças tiveram na tabela 3:

6.1.1 Celular criado pelo segundo grupo

Como podemos ver o resultado do grupo Laranja e Verde foram similares.


O interessante é que ambos tiveram escolhas parecidas até mesmo na classificação de
primeiro e último lugar, percebemos que nesta idade as crianças ainda pensam em
realizar atividades ligadas a natureza, que envolvem a família e amigos, preocupam em
realizar atividades saudáveis, que tragam novos conhecimentos e novas culturas.
È possível verificar que a percepção das crianças de 9 e 10 anos esta muito ligada a
atividades tradicionais, cantar, pedalar, praticar esportes entre outros. A infância pura e
cheia de energia ainda está aflorada nas crianças da instituição Patrícia Carvalho.
Analisando a classificação de último lugar, observamos que mesmo diante da
descoberta acima, é nítido a influência que os aparelhos eletrônicos detêm sobre as
crianças.
Outro ponto de grande importância que observei foi a integração entre eles, buscando
colocar no material disponível aquela atividade que realmente era aceita por todos e
não por um grupinho especifico. Algo que é louvável, pois vivemos em uma sociedade
onde os indivíduos se tornam cada dia mais individualista em vários aspectos.

Tabela 3 - Criação de novo celular


Fonte: Elaborado pelos autores

Criou-se um brainstorming e neste momento cada um queria falar mais e mais coisas
para compor o novo aparelho de celular. Um deles disse: “O celular vai ser original para não
ter pirataria” (Criança, sexo feminino, 6 anos).
Nesta fala pude perceber a preocupação de querer defender algo, mesmo sem conhecer
a fundo do que se trata a pirataria, mas entendendo e sabendo discernir o certo do errado.
A mesma percepção ocorreu na ideia de criar um aplicativo de ante assalto, onde eles
demonstraram ter conhecimento da violência, buscando através desta função uma maneira de
evitar ou precaver a ocorrência de um assalto.
Na terceira etapa dividir dois grupos onde eles nomearam os grupos de Grupo
vermelho e Grupo azul. Nestas atividades como já comentado anteriormente na analise do
primeiro grupo, as crianças têm a missão de selecionar as atividades que mais gostam de fazer
em ordem decrescente, ou seja, 1º,2º,3º e 4º lugar.

6.1 Resultado do segundo grupo

Ao final desta atividade, conclui que as crianças deste grupo estão muito mais
conectadas ao mundo tecnológico que as crianças de 9 e 10 anos.

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O grupo escolheu 5 opções ligadas as tecnologias e 3 opções ligadas a atividades em
família ou com amigos. Abaixo podemos ver as classificações: Aparelho Celular e Tablet;
Bicicleta e Video Game; Notebook e Whatsapp; Jogar futebol e Cinema.

Com esta classificação é possível observar a tendências das crianças a cada dia mais
pertencerem ao mundo das novas tecnologias. Não sabemos se é certo ou errado pertencer a
este universo mas sabemos que o ser humano possui etapas em sua vida que são naturais e
essenciais para sua formação adulta. A questão é saber dosar este contato sem se tornar algo
excessivo, que possa limitar a aprendizagem de algo essencial, seja na infância, na juventude
ou na fase adulta.

7 Conclusão
.
Com os objetivos pré-determinados nesta pesquisa, foram elaboradas as analises a
partir dos resultados da aplicação do grupo focal na Instituição de Ensino Patrícia Carvalho
com crianças de 6 a 10 anos.
Com relação aos objetivos específicos, sendo o primeiro deles: identificar a percepção
das crianças quanto ao uso do aparelho celular; constatamos que as crianças que participaram
do grupo focal são usuários de aparelho celular em alguns casos desde os cinco anos.
Podemos considerá-los consumidores fieis, antenados em todas as novas inovações. É
surpreendente como a linguagem entre eles é avançada, cenário que eu não imaginava
vivenciar, o ultimo lançamento do smartphone ou o novo modelo de celular da Apple, são
informações que estavam na ponta da língua das crianças.
A grande questão percebida nos grupos focais foram as diversas funcionalidades que
o aparelho celular possui, esse é o motivo que atrai as crianças ao uso dos jogos, aplicativos
como o what sapp, que permite o dialogo com diversas pessoas ao mesmo tempo, estes são
alguns dos diversos itens encontrados nos aparelhos celulares. Por esse motivo o aparelho
celular é um dos produtos mais consumidos, pois por meio dele você acessa as noticias, e-
mails, jogos entre outras funções.
A nossa linguagem, o jeito de ser e reagir em certas situações, desejos e necessidades
variam de acordo com o ambiente que vivemos. Diante das dinâmicas e perguntas realizadas
nos grupos focais, principalmente nas respostas das crianças de 6,7 e 8 anos, é perceptível que
seus desejos sofrem diversas influências, seja pela mídia, pelos pais, propagandas entre
outros.
Por isso a importância do exemplo dos pais principalmente na infância, é primordial,
pois trata-se do momento onde as crianças estão formando conceitos do que é certo ou errado,
ou seja, fase que começam a aprender o que é equilíbrio e limite, a partir do momento que
este entendimento fixar, o mesmo estará presente para toda a vida da criança.
Com relação ao segundo objetivo: identificar a importância e como as crianças se
identificam com o aparelho celular, podemos avaliar a pergunta e resposta abaixo, realizada
no segundo grupo focal.
Vocês gostam de celular? Resposta: Eu amo celular!
Quando a criança usa o termo “amar” percebemos o carinho, a satisfação que a
mesma tem pelo produto. A palavra Amar vêm do latim que pode significar paixão,
satisfação, conquista, desejo, libido. O conceito mais popular de amor se refere a formação de
um vinculo emocional com alguém ou com algum objeto que seja capaz de receber este
comportamento amoroso que em troca envia estímulos para manter-se motivado.
Sendo assim percebemos que se cria entre as crianças e o aparelho celular uma relação
de troca onde as crianças muitas vezes se sentem sozinhas e acabam encontrando no celular
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atividades que ocupam suas mentes, um amigo que você leva para todos os lugares. Em
contrapartida as empresas cientes desta necessidade buscam inovar seu mix de celulares a
cada dia, com jogos e aplicativos diferentes, fazendo daquele produto que era novo obsoleto.
Neste sentido entende-se que para as crianças o celular é uma necessidade que os
coloca em contato com o mundo, por meio dos jogos, aplicativos, musicas, facebook etc.
Algumas das crianças participantes do grupo focal já utilizaram e descartaram três a cinco
aparelhos celulares diferentes.
Fato que comprova o que afirma Lipovestsky (2006, p. 160), onde tudo se tornou
obsoleto, com prazo de validade mental, onde o individuo diante do amplo mix de produtos
disponível coloca o prazo de validade que quiser nos aparelhos, roupas etc, descartando
aquele objeto que tanto amava no momento em que achar outro melhor, talvez com uma ou
duas novas funcionalidades. E é neste ambiente que as crianças estão se desenvolvendo e
construindo seu caráter. Foi observada durante as atividades em grupo a necessidade que as
crianças tinham em dizer o que elas têm, qual o celular, qual a marca. Nota-se a presença do
verbo “ter” se eu não tenho, posso me considerar fora do grupo. Dessa forma, podemos
entender este cenário no sentido que você pode muitas vezes não se interessar por algo, mas
devido à sociedade ou os amigos utilizarem, você acaba se rendendo. Neste momento observo
a construção da personalidade do individuo que se faz na infância e se completa com os
acontecimentos vivenciados.
O que se torna claro é a maneira que as crianças estão interpretando esta ação, pois
encontram-se na fase de construção de opinião e durante as atividades desempenhadas
observamos no segundo grupo a presença do “eu” onde a falta de compreender e aceitar a
opinião do outro é grande. Este comportamento pode se dar tendo em vista que os jogos
eletrônicos que possivelmente acabaram substituindo as brincadeiras tradicionais,
prejudicando assim a capacidade da criança em lidar com o confrontos opiniões.
Não podemos afirmar que as ações acima se referem ao uso de celulares, facebook,
whatsapp entre outras fontes de tecnologias, pois os mesmos auxiliam no desenvolvimento
mental dos indivíduos, diante dos resultados da monografia é nítido a carência das crianças
em ter um espaço onde possam ser ouvidas, seja na escola, na família, na igreja etc. Estes
momentos se fazem necessários pois tendo em vista a ausência dos pais em alguns momentos,
a criança passa a receber inúmeras informações, fato que pode gerar um individuo
despreparado e com uma formação precoce.
Desta forma as mudanças nos padrões de consumo, o novo perfil familiar, o excesso
de informações recebidas pelas crianças seja pelo celular ou pelas redes sociais podem ser
prejudiciais na formação da criança desde que não sejam acompanhadas pelos pais. Por esse
motivo faz-se necessário desenvolver mais pesquisas neste campo que se faz complexo e
delicado, mas que poderá obter resultados de muita valia com as crianças.

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