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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS E DEFESA


DEFESA E GESTÃO ESTRATÉGICA INTERNACIONAL

MÁRCIO BRUNO BARROS SALDANHA GUIMARÃES

A INTERNACIONALIZAÇÃO NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR:


ESTUDO DE CASO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Rio de Janeiro
2021
MÁRCIO BRUNO BARROS SALDANHA GUIMARÃES

A INTERNACIONALIZAÇÃO NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR:


ESTUDO DE CASO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Trabalho de conclusão de curso apresentado como


parte do requisito à obtenção do grau de Bacharel em
Defesa e Gestão Estratégica Internacional do Instituto
de Relações Internacionais e Defesa da Universidade
Federal do Rio de Janeiro.

Orientador(a): Prof.Dr. Andrew Macrae

Universidade Federal do Rio de Janeiro


2021
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer à minha família. A minha mãe,


agradeço o dom da perseverança, por me mostrar por vezes a infinita capacidade
humana de superar adversidades. E por também me ensinar que a educação é e
sempre será a ferramenta mais importante para trazer justiça a esse mundo desigual.
A minha irmã, agradeço o dom da ambição, por me ensinar a seguir meus sonhos e
nunca se submeter ao que é esperado de mim. A meu irmão, agradeço o dom da
compreensão, por me ensinar que antes de tentar mudar as coisas é necessário
primeiro aceitá-las.
A minha querida amiga Vitória, que esteve ao meu lado em todas as conquistas,
desafios e inseguranças nos últimos onze anos. Eu jamais poderei agradecer seu
suporte e reciprocidade sem fim, especialmente nos últimos meses. You go, Glen
Coco! A minha maior cumplice (no amor e no crime) em minha trajetória nesta
instituição, Clara. Por estar ao me lado do começo ao fim dessa jornada. Pelas
incontáveis madrugadas de trabalho e séries da HBO que você foi forçada a assistir
por minha causa. L to the OG! A todos os meus amigos que estiveram presentes ao
longo dos últimos anos, Ana, André, Santana, Karine, Jhona, Arthur, Lorencini e
Ritinha, obrigado por cada momento que vivemos.
Ao meu ex-chefe e orientador Andrew Macrae, o homem inglês de Newcastle
mais brasileiro que existe no mundo. Por me ajudar nessa etapa final de minha
graduação com toda carinho e paciência possível que seu pragmatismo britânico
permite. E por todos os conselhos profissionais e caronas para a zona sul.
Por fim, agradeço a todos os profissionais da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, que ajudaram a tornar esse ambiente minha casa nos últimos cinco anos.
Espero poder honrar e proliferar os valores dessa consagrada instituição.
“An investment in knowledge pays the best
interest.”
(Benjamin Franklin)
RESUMO

As iniciativas de internacionalização da educação superior não são um fenômeno


recente. O conceito já existe desde a gênese de instituições dedicadas a essa
natureza, entretanto, com o crescente movimento globalizador das redes de educação
e produção científica, a internacionalização se tornou uma preocupação e prioridade
estratégica para que universidades possam operar de formar competitiva. O processo
de desenvolvimento e gestão da internacionalização envolve diversas frentes de
trabalho e ações, por essa razão, mensurar o sucesso de estratégias através do uso
de indicadores torna-se cada vez mais complexo e urgente. O objetivo desse trabalho
é discorrer sobre a internacionalização como uma poderosa ferramenta de elevação
científica e institucional em observância a realidade brasileira tratando mais
especificamente do caso da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A revisão
literária teórica realizada na primeira sessão deste trabalho evidencia a importância
da internacionalização como estratégia de desenvolvimento para instituições de
ensino superior, também são levantadas nessa sessão possíveis metodologias e
métricas para análise de performance. Usufruindo do referencial teórico levantado, a
segunda sessão traz uma análise quantitativa e qualitativa dos dados de
internacionalização da UFRJ obtidos de: relatórios bibliométricos referente a produção
científica da plataforma SciVal e um sondagem de opiniões de profissionais
promotores de internacionalização na instituição. A junção do referencial teórico,
quantitativo e qualitativo comprovam a potencialidade de impacto que a
internacionalização tem para a instituição tanto para sua produção científica como
para avaliação por agências de ranking.

Palavras-chave: Internacionalização, Indicadores, Universidade, UFRJ, SciVal


ABSTRACT

Initiatives of internationalization for higher education are not a recent phenomenon.


The concept exist itself since the birth of institutions dedicated to this purpose,
however, due to the growth of globalization movements in education and research
networks, internationalization has become a huge concern and strategic priority so
universities can operate in a competitive fashion. The development and management
process of internationalization permeates a wide range of actions and areas and
therefore, measuring the success of employed strategies has become an increasingly
complex and urgent demand. The core objective of this research is to discourse about
internationalization as a powerful tool for scientific and institutional development aiming
on the Brazilian experience more specifically at the Federal University of Rio de Janeiro
(UFRJ). This study begins with a theorical bibliographic revision that substantiates the
importance of internationalization as a development strategy for higher education
institutions, possible methodologies and measuring tools for performance analysis.
The second session includes a qualitative and quantitative data review using
respectively: bibliometric data gathered through the platform SciVal and an opinion
survey from acting internationalization professionals at the referred institution. The
conjunction between theoretical revision and qualitative data highlights the latent
potential and impact capabilities that internationalization activities can have both on
scientific output and in the score by ranking agencies.

Keywords: Internationalization, Indicators, University, UFRJ, SciVal


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráficos
Gráfico 1: Percentual de Publicações com Colaboração Internacional (2011 – 2020) ......................... 29
Gráfico 3: Porcentagem de Citações por Perfil de Colaboração – UFRJ (2011 – 2020) ...................... 30
Gráfico 2: Porcentagem de Publicações por Perfil de Colaboração – UFRJ (2011 – 2020) ................ 30
Gráfico 5: Porcentagem de Citações por Perfil de Colaboração – Brasil (2011 – 2020) ...................... 31
Gráfico 4: Porcentagem de Publicações por Perfil de Colaboração – Brasil (2011 – 2020) ................. 31
Gráfico 6: Sugestão de Importância para as Atividades de Internacionalização .................................. 33
Gráfico 7: Avaliação da Importância de Internacionalização para Agências de Ranking ..................... 33
Gráfico 8: Sugestão de Importância para Atividades de Internacionalização sob Perspectiva de
Agências de Ranking ........................................................................................................................... 34

Figuras
Figura 1: Modelo do processo de Internacionalização por Knight (em 1994) ....................................... 17
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Estratégias de Internacionalização ....................................................................................... 15


Tabela 2: Indicadores de Internacionalização e Pesquisa Utilizados Por Agências de Avaliação ....... 26
Tabela 3: Indicadores Bibliométricos por Perfil de Colaboração .......................................................... 32
LISTA DE SIGLAS

AIP Acordos Internacionais de Pesquisa


CAPES Campanha Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CsF Ciência sem Fronteiras
DRI/UFRJ Diretoria de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio
de Janeiro
FWCI Field Weighted Citation Impact
IES Instituições de Ensino Superior
MB Mobilidade Estudantil
MPPF Mobilidade de Professores, Pesquisadores e Funcionários
PEC-PG Programa de Estudantes-Convênio de Pós-Graduação
Prlnt Programa Institucional de Internacionalização
Q&S QS World Rankings
REI Realização de Eventos Internacionais
RUF Ranking Universitário da Folha
THE Times Higher Education
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
UNICAMP Universidade Estadual de Campinas
USP Universidade Federal de São Paulo
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12
1.1 MODELOS DE DESENVOLVIMENTO E GESTÃO DE INTERNACIONALIZAÇÃO
............................................................................................................................. ....13
1.2 HISTÓRICO DAS POLÍTICAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO NO BRASIL ....... 18
1.3 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO ........................................................................... 23
2 METODOLOGIA ................................................................................................... 23
2.1 INTRODUÇÃO A MÉTRICAS PARA ANÁLISE DA INTERNACIONALIZAÇÃO . 23
2.1.1 Métricas de Internacionalização Avaliadas por Agências de Ranking ...... 24
2.1.2 Métricas de Internacionalização Avaliadas por Agências de Fomento ..... 26
2.2 METODOLOGIAS UTILIZADAS PARA O ESTUDO DE CASO DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ................................................. 27
2.3 ABORDAGEM QUANTITATIVA ......................................................................... 28
2.4 PESQUISA DE OPNIÃO .................................................................................... 28
3 RESULTADOS ..................................................................................................... 29
3.1 MÉTRICAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO E IMPACTO DE PRODUÇÃO
CIENTÍFICA ............................................................................................................. 29
3.2 INVESTIGAÇÃO DE PERCEPÇÃO DO VALOR DA INTERNACIONALIZAÇÃO NA
INSTITUIÇÃO .......................................................................................................... 32
4 DISCUSSÃO ......................................................................................................... 35
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 37
APÊNDICE A – Questionário de Investigação ...................................................... 41
ANEXO A – Questionário para Relatório do Prlnt ................................................ 45
12

1 INTRODUÇÃO

Em contramão ao racional comum, a internacionalização de Instituições de


Ensino Superior (IES) não é um advento recente consequente da globalização. A
internacionalização pode ser observada desde a idade média com a criação das
primeiras universidades europeias. A formação dessas escolas chamadas
“universitas”, contava com professores e estudantes de diferentes regiões e países,
constituindo dessa forma, comunidades acadêmicas internacionais com um objetivo
em comum: o conhecimento, (Stallivieri, 2002)
Apesar de ser um fenômeno antigo, somente nas últimas duas décadas as
atividades internacionalizadoras de IES se expandiram de forma dramática sob a luz
de teorias liberais de livre comércio que visibilizam a educação superior como uma
comodity que pode ser livremente comercializada e não como uma responsabilidade
social. (Altbach e Knight, 2012)
O avanço das agendas globalizadoras sobre as redes de educação e produção
científica aprofundam ainda mais a complexidade multidimensional desse tema. De
acordo com Altbach e Knight (2012) é importante delimitar a diferença entre a
internacionalização e a globalização posto que os temas são frequentemente
associados de forma incorreta. Para os autores supracitados, a globalização pode ser
entendida como uma força econômica, política e societária que impulsiona a educação
superior para uma maior participação internacional.
A internacionalização das IES vem se tornando cada vez mais uma
preocupação e foco estratégico de instituições de ensino para manutenção de sua
operação e competividade frente aos desafios globais. Para entender a complexidade
multidimensional desse tema, este trabalho tem como objetivo elucidar os seguinte
pontos:
Entender as motivações e formas que IES se internacionalizam e tendo em
mente as operações e estratégias de internacionalização pautadas, buscar
compreender através de metodologias de mensuração, como essa as atividades de
internacionalização afetam a produção científica de instituições nacionais e suas
respectivas avaliações por agencias de ranking.
Esta dissertação será estruturada da seguinte forma: uma revisão breve de
literatura temática acerca da internacionalização e métricas de análise. Uma vez,
identificada a escassez de referencial teórico dedicado a Universidade Federal do Rio
13

de Janeiro, a apresentação de um estudo de caso qualitativo e quantitativo com base


no referencial teórico proposto.
Na primeira sessão da revisão da literatura, serão abordadas as bases lógicas
que justificam a internacionalização das IES para entender os motivos que as levam
ao desenvolvimento de atividades internacionalizadoras e como essas motivações
apresentam variações significativas em relação a contextos socioeconômicos e
políticos. Será analisado o quadro histórico brasileiro de políticas e instituições que
propulsionaram o desenvolvimento de atividades internacionalizadoras nas IES
nacionais. Nessa seção também iremos identificar quais atividades e ações
compreendem a extensa variedade de estratégias e modelos de gerenciamento e
organização conhecidos.
Após a contextualização introdutória, através de um revisão literária
exploratória, serão investigados possíveis indicadores que sejam capazes de
mensurar as diversas atividades internacionalizadoras de uma instituição. De acordo
com Gao (2014), De Wit (2010) e Pohl (2015) o desenvolvimento de métricas para
avaliação é essencial para IES que possam avaliar suas competências de modo que
seja possível comparar o desempenho se sua internacionalização com seus pares.
Utilizando-se dos indicadores levantados pela sessão anterior e o referencial
teórico do tema, será apresentado um estudo de caso dirigido para a Universidade
Federal do Rio de Janeiro. Essa sessão fará uma análise qualitativa e quantitativa de
dados tendo como as principais fontes: a avaliação de dados bibliométricos de
produção cientifica capturados pela plataforma SciVal e a análise de opinião de
profissionais promotores de internacionalização coletadas a partir de um questionário.
Espera-se que com base no conhecimento das vertentes internacionalizadoras
aliadas a métricas de mensuração conhecidas, seja possível salientar a importância
de atividades internacionalizadoras nessa instituição com base nos resultados e
discussões obtidos.

1.1 MODELOS DE DESENVOLVIMENTO E GESTÃO DE INTERNACIONALIZAÇÃO

Observa-se que a expansão colossal dos sistemas de educação superior bem


como a sua internacionalização acaba por se conjecturar em um processo social de
multifaces, onde seguindo o contexto social e histórico do local acaba por se adequar
em relação aos sujeitos e as políticas internas. Logo, a caracterização bem como as
14

análises que são desenvolvidas dentro da temática acaba por seguirem diferentes
perspectivas sendo necessária a criação de uma trajetória em relação à essência do
processo de internacionalização adotado pelo Brasil e suas comparações exteriores.
A internacionalização acaba por representar uma das missões primordiais da
construção universitária. Logo, é necessária que a instituição de ensino desenvolva
projetos integradores, ações que visem a formação, pesquisa e inovação, a criação
de uma agenda com foco na diplomacia cultural e ainda a consolidação de espaços
integrados de conhecimento. (MAUÉS; BASTOS, 2017).
Para Santos e Almeida Filho (2012), a internacionalização é a quarta missão
da universidade, sendo o ensino, a pesquisa e a extensão as outras três. Essa posição
assumida por esses autores leva em conta o que eles chamam de “capacidade de
mobilizar a universidade para o cumprimento de quatro objetivos”, quais sejam: o
reforço de projetos conjuntos e integradores; maior dimensão às atividade de
formação, de pesquisa e de inovação; condução de uma agenda referente à
diplomacia cultural e, por último, a consolidação de espaços integrados do
conhecimento (SANTOS e ALMEIDA FILHO, 2012, p. 145).
Diante disso, pode-se dizer que o processo de internacionalização ao qual é
praticado atualmente, deve estar presente no cotidiano das instituições de ensino
superior, nas políticas e ações que são adotadas pelo governo, a fim de que o
conhecimento científico seja divulgado agregando valor às produções desenvolvidas
no país ou por meio de parcerias. Ou seja, a internacionalização do ensino superior
deve ser vista e compreendida como algo primordial a tal modalidade de ensino, uma
vez que por meio dela é possível melhorar a qualidade do ensino (MAUÉS; BASTOS,
2017). O quadro abaixo sintetiza algumas das estratégias de internacionalização por
área de atuação segundo Knight (2007):
15

Tabela 1: Estratégias de Internacionalização

Área Estratégias
Programas de intercâmbio
Ensino de língua estrangeira
Adoção de currículos acadêmicos internacionalmente padronizados
Áreas temáticas de estudos
Programas
Acadêmicos Trabalho/estudo no exterior
Estudantes internacionais
Validação de diploma
Treinamento intercultural
Mobilidade de profissionais
Visita de palestrantes e acadêmicos
Projetos de pesquisa em colaboração
Colaboração e
Pesquisa Conferências e seminários internacionais
Publicação de artigos em colaboração internacional
Intercâmbio de pesquisadores
Fonte: Knight (2007) (tradução própria)

Desta forma percebe-se a importância da temática, bem como a distinção entre


seus programas, estratégias e ações que são adotados. Para alguns autores, verifica-
se a importância de que o processo de internacionalização esteja adequado às
mudanças que ocorrem ao seu redor. As estratégias organizacionais acabam por dar
suporte à inserção do processo de internacionalização do ensino superior, a ausência
de estratégias acaba por se quantificar como uma forma de obstáculo em relação ao
processo de internacionalização das IES em geral. Logo, os modelos teóricos da
internacionalização auxiliam na compreensão das inúmeras variáveis possíveis para
a consecução desses processos. Pode-se destacar como sendo os principais modelos
de internacionalização o processual e o fractal onde os elementos para o
desenvolvimento de uma estratégia de internacionalização das universidades acabam
por viabilizar os pressupostos do ensino superior.
Segue no quadro abaixo uma síntese dos principais modelos de
internacionalização do ensino superior:
16

Quadro 1: Modelos dos Processos de Internacionalização

Autor Tópicos Relevantes


Foco Abordagem Metodologia Ênfase
Análise das
Monitora o
Razões;
processo e os
Interferência dos Ações/Dimensões;
Rudzki níveis de Voltada para as
fenômenos Atividades;
(1998) atividade da atividades.
externos. Monitoramento/
internacionalizaçã
Revisão e
o.
Reconceituação.
Interno: Missão da
Duas Dimensões: IES; Tradição e
1ª Enfatiza as Estratégia a partir Avaliação
Voltada para as
Davies atividades 2ª A do conjunto de Organizacional.
ações
(1995) importância da fatores internos e Externo:
internacionais.
internacionalizaçã externos. Percepções
o. Externas;
Competitividade.
Esforço
Voltada para o Objetivos, políticas
Van der sistemático frente Benefícios de curto
processo visa um e estratégias na
Wende aos desafios e longo prazo da
objetivo implementação da
(1997) relativos à IES.
institucional. internacionalização.
globalização.
Processo e
Fases do
Inserção da cultura
Processo contínuo Processo:
Knight internacionalizaçã organizacional no
de avaliação e Planejamento;
(1994) o na missão das fomento da
aprimoramento. Operacionalização
IES. internacionalizaçã
e Implementação.
o.
Avalia o estado Indicadores
Avaliação dos
da voltados para a
Jamarillo Avaliação dos fatores externos e
internacionalizaçã realidade na qual
(2003) aspectos locais. características
o no nível a IES está
internas.
institucional. inserida.
Fonte: Villela, 2018 p.6

Para que sejam efetivas as ações desempenhadas, é necessário realizar


continuamente a monitoração e a avaliação do modelo, para que seja possível propor
estratégias que aprimoramento. Esse acompanhamento deve contemplar o nível
imaterial que para Villela (2018), é visto como o escopo de conscientização, motivação
e comprometimento, além do nível concreto que são pertinentes as atividades
planejadas, desenvolvidas e controladas.
Em suas pesquisas, Villela (2018), ressalta que os modelos teóricos devem ser
aplicados considerando o perfil da instituição de ensino. Sendo de suma importância
o contexto político, econômico e cultural de inserção da comunidade educacional. Em
suas pesquisas, verificou-se uma melhor apropriação da internacionalização em meio
às estratégias exemplificadas no modelo de Knight (1994).
17

Abaixo exemplifica se em meio a construção de um esquema o processo de


internacionalização que é defendido pelo autor Knight (1994) e que faz parte de muitos
processos aos quais são agregadas as instituições de nível superior atualmente na
busca da sua internacionalização.

Figura 1: Modelo do processo de Internacionalização por Knight (em 1994)

4. Planejamento
identificar as necessidades,
recursos, propósitos e
3. Comprometimento objetivos, prioridades e
Da administração, governo, estratpegias.
professores, funcionários e
estudantes. 5. Operacionalização
atividades acadêmicas e
serviços. Fatores
organizacionais e princíoios-
guia.
2. Consciência
das necessidades, propósitos e
benefícios da internacionalização 9. Efeito da
para os estudantes, professores, integração
funcionários e sociedade.
Impactos no
ensino, 6. Implementação
pesquisa e de programas e
serviços estratégias
organizacionais.
1. Análise do
Contexto
analisar o contexto
interno e externo
7. Revisão
8. Reforço avaliar e melhorar a
qualidade de impacto das
desenvolver iniciativas, reconhecimentos e iniciativas e prograsso
recompensas para os docentes, funcinários estratégico.
e promover a participação dos estudantes.

Fonte: Villela, 2018, p.7

Logo, em meio aos diferentes modelos de processos de internacionalização,


pode-se contatar que tal é visto como algo em constante evolução, sendo necessário
o comprometimento com a administração institucional, desenvolvimento de
estratégias, planejamento, operação das atividades e serviços prestados almejando o
sucesso de toda a cadeia educacional em relação à perspectiva do nível superior de
ensino.
Na visão de Villela (2018), a integração de todas as etapas deve ser primordial
e servir como base para o círculo de internacionalização ao qual a instituição de ensino
18

almeja se inserir. Em alguns momentos a internacionalização é vista como um fim


concreto, não tendo a intenção na realização de planejamentos em relação às
atividades de ensino e pesquisa como exemplificado no trecho abaixo.

“É possível ver a internacionalização como uma estratégia em si mesma, sem


a preocupação deliberada e consciente de integrá-la no ensino, pesquisa e
funções de serviços da instituição. Em muitos casos assume-se que a
internacionalização tem um efeito de integração, porém, ela não é
primariamente julgada sobre quais efeitos, mas sobre seu próprio mérito. (DE
WITT, 2002, p.137 apud VILLELA, 2018, p.8).”

Assim, seguindo as orientações do autor, é necessário que a comunidade


educacional mude suas conjunturas em relação aos conceitos dogmáticos e idealistas
que estão acerca do processo de internacionalização como nas bases do advento da
globalização. A compreensão dos processos e dos métodos que podem levar a
internacionalização do ensino superior é de suma importância para sua eficácia,
sendo necessária a compreensão dos meios que acabam por construí-la.

1.2 HISTÓRICO DAS POLÍTICAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO NO BRASIL

A comunidade acadêmica internacional se faz presente desde o surgimento


das primeiras universidades do Brasil. Nesse período verifica-se a presença da
mobilidade de professores estrangeiros que vinham para lecionar e ajudar na
estruturação das novas instituições de ensino superior no país. Um exemplo desse
processo de internacionalização se faz presente no espírito renovador da criação da
Universidade de São Paulo em 1934, buscando romper com o bacharelismo
estagnado revitalizando o ensino superior. (NEVES; BARBOSA, 2020).
Em meio ao processo de globalização que se iniciou com o fim da Segunda
Guerra Mundial, observa-se a internacionalização como sendo um processo dinâmico
e que a via de regra está em constante evolução. Destacando-se assim, como sendo
alguns de seus objetivos quanto ao escopo da educação:

“A educação de um cidadão global; o aumento da capacidade de pesquisa; a


geração de renda das taxas/anuidades que pagam os alunos internacionais;
e o aumento do prestígio internacional da instituição. Novas formas de
internacionalização, como a criação de campus no exterior, programas de
educação a distância com alcance global, núcleos e redes de educação
internacional, agora complementam as iniciativas tradicionais de mobilidade
de professores e estudantes, algumas mudanças curriculares e ligações
19

institucionais internacionais para melhorar o ensino e a pesquisa. Observa-


se também que novos parceiros institucionais, em particular do setor privado,
entraram também em ação. (GOROVITZ; UNTERBÄUMEN, 2021, p.17).

No ano de 1951, foi criado o Conselho Nacional de Pesquisa tendo o foco


central em promover o desenvolvimento da pesquisa científica e tecnológica em meio
à concessão de recursos, além de atender às necessidades de aperfeiçoamento e
capacitação dos recursos humanos do Brasil. Também em 1951, foi criada a
Campanha Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (atual Capes)
para atender às necessidades de aperfeiçoamento e capacitação de recursos
humanos no Brasil. (NEVES; BARBOSA, 2020).
Observa-se um desenvolvimento significativo na educação superior do país a
partir da década de 90, onde se verifica um processo intenso em relação a
privatizações e a mercantilização. Esse processo também se deve a abertura
democrática com o fim do regime militar. Em 1988, foi promulgada a nova Constituição
Federal que formalizou a estrutura atual da educação superior no Brasil. (MAUÉS;
BASTOS, 2017).
Com as constantes modificações e transformação do ensino superior,
oportunizando a sua abrangência em diversos países, observa-se a necessidade de
criação de políticas e acordos que sejam eficazes para o seu fortalecimento, uma vez
que, o investimento em tal área acaba por impulsionar o desenvolvimento econômico
e social do país. Diversas reformas educacionais começaram a serem empregadas a
partir da década de 80, tendo relação com os fatores políticos, culturais, ideológicos e
econômicos.
Tendo como foco de análise o contexto brasileiro, pode-se ressaltar o período
compreendido pela década de 1990, onde ocorrem mudanças em larga escala, onde
acabam por surgir novas configurações econômicas e políticas que são concebidas
pelo Estado que passa de controlador a regulador. Assim, o sistema político neoliberal
passa a direcionar os caminhos a serem seguidos pelo ensino superior no país. Para
os autores Lima e Contel (2011, p. 219),

“Em um contexto fortemente centralizado e regulamentado, o processo de


internacionalização do sistema brasileiro de educação superior se inicia de
maneira induzida, em resposta às prioridades estabelecidas pelo Estado.
Concretiza-se com ações que aproximam o governo federal e as instituições
de educação superior públicas, objetivando ampliar condições que favoreçam
o desenvolvimento de expertise capaz de responder aos desafios impostos
pelo projeto de desenvolvimento do País.”
20

O processo de internacionalização das universidades acabou fazendo parte da


agenda das lideranças acadêmicas em relação ao fomento das entidades que são
representativas das IES públicas e privadas. Instituições como o CNPq /CAPES,
juntamente com as Fundações de Amparo à Pesquisa acabam por manter os
programas de apoio a cooperação acadêmica buscando a maximização da inserção
de discentes, pesquisadores além dos docentes das universidades criando redes
internacionais e parcerias de projetos de pesquisa. (NEVES; BARBOSA, 2020).
O Programa de Estudantes-Convênio de Pós-Graduação (PEC-PG) foi criado
em 1981 e atualizado em 2013, atualmente participam 60 países, 26 da África, 25 das
Américas e 9 da Ásia. Sendo ofertadas no programa aproximadamente 3000 bolsas.
Porém, esse programa não tem gerado políticas institucionais em relação a atração e
acomodação dos estudantes estrangeiros. As IES acabam por reagir somente à
demanda que existe. (NEVES; BARBOSA, 2020)
O Programa Ciência sem Fronteiras (CsF) pretendeu ser de grande impacto no
contexto da internacionalização. Sua face mais visível foi a da mobilidade de milhares
de estudantes de graduação de áreas tecnológicas e biomédicas para estágios em
centros acadêmicos do exterior, mobilidade de estudantes de doutorado pleno,
doutorado sanduíche, pós-doutores e pesquisadores seniores. Um grande movimento
foi desencadeado e um grande investimento foi feito. (NEVES; BARBOSA, 2020).
Entre 2011 e 2016 foram concedidas 101.446 bolsas. A modalidade graduação
sanduíche representou 77,85% das concessões realizadas pelo programa,
considerando as duas agências de fomento CAPES e CNPq. Dentre as áreas
prioritárias destacam-se as engenharias e demais áreas tecnológicas (44,5% das
concessões), seguidas por biologia, ciências biomédicas e da saúde (com 18,05% do
total), considerando a totalidade de bolsas concedidas. A recepção de estrangeiros
no Brasil representou apenas 2,93% das concessões realizadas, num total de 2.971
pesquisadores. (NEVES; BARBOSA, 2020).
O programa CsF foi encerrado no ano de 2017, após ter sido realizado
investimentos de aproximadamente R$13,2 bilhões. Nesse período foram concedidas
101.446 bolsas, representando 77,85% das concessões de bolsas em nível de
graduação. A política pública nem sempre fez com que o comprometimento
institucional fosse o objetivo do programa. O programa acabou por ampliar a
mobilidade acadêmica. Na análise do programa CsF, outro ponto que se destaca é o
21

grande volume de recursos financeiros investidos. Como não houve uma mensuração
dos resultados e um acompanhamento detalhado dos alunos e instituições envolvidas,
não se conhece o custo-benefício do programa para o ensino superior e para a
sociedade (NEVES; BARBOSA, 2020). Destaca-se através dessa experiência, a
necessidade do desenvolvimento de metodologias e ferramentas de mensuração não
apenas para a aferição do sucesso obtido através dos programas, mas também da
geração de valor econômico e social. McManus e Nobre (2017, p. 785) ressaltam que:

O CsF foi uma experiência ambiciosa e deixa muitas lições. A


internacionalização das universidades brasileiras exige a mobilidade
internacional do corpo docente e do corpo discente no programa, mas as
instituições de ensino superior no Brasil precisam estar mais ativamente
envolvidas nesse processo para que seja mais sustentável e para que as
parcerias de longo prazo possam ser cultivadas com parceiros estrangeiros.

Com o fim do programa Ciência sem Fronteiras em 2017, a CAPES lançou o


Programa Institucional de Internacionalização (Prlnt) como sendo alternativa para
solucionar os problemas do programa CsF. O programa visa promover a consolidação
de planos estratégicos de internacionalização das instituições, estimular o surgimento
de redes de pesquisas internacionais, ampliar as ações de apoio à
internacionalização, fomentar a mobilidade dos docentes e dos discentes que estão
vinculados a programas de pós-graduação (NEVES; BARBOSA, 2020). Ao todo, 36
universidades tiveram projetos de internacionalização aprovados, sendo 565
propostas, com 197 temas estratégicos em parceria com 1.302 instituições de 86
países (CAPES, 2018).
Observa-se nesse ponto que o programa tirou o foco da graduação e direcionou
as ações em relação ao campo da internacionalização. O programa também implica
uma atuação mais ativa e autônoma das instituições participantes, exigindo que
desenvolvam um novo planejamento em relação à escolha de parceiros, definir as
áreas de pesquisa, internacionalização do seu currículo entre outros pareceres.
(LEAL, 2019, p. 14).
Pode-se destacar uma clara mudança de paradigma entre o programa CsF e
PrInt de acordo com Leal (2019), Neves e Barbosa (2020). Os programas de
internacionalização executados até esse momento na experiencia nacional apenas
atendiam demandas existentes, com o lançamento do PrInt, IES nacionais receberam
autonomia e poder decisório para o desenvolvimento de planos e estratégias de
22

internacionalização, estimulando dessa forma uma postura mais proativa e menos


responsiva.
Pouco se modificou o ensino superior no país, somente nas últimas décadas
que são perceptíveis significativas mudanças após 1990. Onde a necessidade de
produção de conhecimento advém dos indivíduos que fazem parte da construção do
ensino superior, buscando assim, um processo de internacionalização. Pode-se
observar que o processo de internacionalização dos mercados nacionais assim como
a massificação do acesso à informação dentro das instituições educacionais acaba
por permitir a produção de conhecimento dentro dos grandes centros universitários do
país. (LAGE, 2015).
Logo, verifica-se que o processo de internacionalização do ensino superior do
Brasil, passa a distanciar-se dos modelos que outrora foram empregados tendo como
foco a cooperação bilateral, tal processo de associa cada vez mais a propostas de
comercialização dos serviços educacionais. Ressalta-se ainda que ao longo da
história da educação em nível superior no país, as medidas que oportunizam o acesso
democrático da população são recentes, fazendo com que se verifique ainda uma
fragilidade em relação à democratização e o acesso ao ensino superior.
Ainda, percebe-se que o processo de internacionalização possui uma
crescente ligação com a política externa ao qual é adotada pelo país, sendo que a
mesma conduz diversos contextos dos projetos de internacionalização da educação
superior por meio do emprego de políticas públicas uma vez que o contexto de
cooperação técnica internacional acaba por ser como um instrumento que visa o
desenvolvimento da política externa. Em meio a essas discussões, debate-se a
viabilidade das políticas de internacionalização da educação superior estar associada
ao Mercosul, sendo uma das ações que visam agregar valor ao bloco. Logo, seria
necessário nesse contexto, a inserção da universidade brasileira em nível global,
tendo o objetivo central a produção de conhecimento em alto nível, e assim,
consequentemente o desenvolvimento da capacidade técnica e crítica dos cidadãos.
Sendo necessárias, políticas que objetivem a atuação conjunta do Estado e das
Universidades. (LAGE, 2015).
Ou seja, é necessário oportunizar as universidades meias de difusão do
intercâmbio de conhecimento, experiências, de forma a proporcionar um
desenvolvimento qualitativo da graduação, pós-graduação, das pesquisas. Fazendo
assim, com que o país seja reconhecido pelas suas potencialidades e pelas pesquisas
23

que são desenvolvidas nacionalmente ou ainda em parcerias. Assim, percebe-se que


o processo de internacionalização do ensino superior do Brasil, apresenta-se em meio
a várias facetas, ficando evidente que em determinados momentos o governo busca
ações que viabilizem a expansão da internacionalização através do protagonismo das
instituições CAPES e CNPq, ao passo que realiza modificações em relação aos
valores e atribuições das universidades públicas, que acabam por serem instrumentos
econômicos e pragmáticos rígidos pelas demandas produtivas nacionais, locais e
internacionais.

1.3 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) é uma das maiores e mais


antigas universidade brasileiras e seu atual estado de internacionalização é uma
consequência do longo histórico de: experiências, investimentos contínuos em
mobilidade e pesquisa alinhados com sua natureza cooperativa de criação de
conhecimento e compartilhamento.
Frente ao novo modelo de gestão e promoção de internacionalização
inaugurado pelo programa CAPES PrInt, através de financiamento institucional direto,
faz-se necessária a investigação de metodologias de mensuração para
internacionalização assim como de suas consequências em observância a realidade
única da UFRJ para que se possa melhor entender: qual é o nível de impacto que as
atividades de internacionalização têm na instituição e em sua avaliação feita por
agencias de ranking.

2 METODOLOGIA

2.1 INTRODUÇÃO A MÉTRICAS PARA ANÁLISE DA INTERNACIONALIZAÇÃO

Para Gao (2014) a emergente necessidade do desenvolvimento de indicadores


para a mensuração de performance de internacionalização nas IES possui 3 ímpetos
distintos: autoavaliação, comparação e classificação. Podemos entender os ímpetos
respectivamente como: a necessidade que as instituições possuem em avaliar o
próprio sucesso perante as estratégias desenvolvidas, a habilidade de comparar o
24

desempenho com instituições concorrentes e finalmente, a indispensabilidade em


verificar sua avaliação por agências de ranking internacional.
Ao longo das últimas décadas, o desenvolvimento científico literário acerca da
internacionalização assim como de metodologias de mensuração vem ganhando
atenção de IES. Entretanto, uma abordagem clara e sistemática capaz de medir a
internacionalização de IES ainda não foi estabelecida (Gao, 2015 apud Beerkens et
al, 2010). De acordo com Gao (2014) diversos conjuntos de indicadores já foram
desenvolvidos, todavia nem todos são utilizados de forma ampla por IES oque de
acordo com o autor, sugere uma insatisfação por parte das instituições para com os
instrumentos disponíveis. A adversidade, segundo o autor, gerada pelas tentativas de
estabelecimento de um ferramental único de mensuração podem ser:
A ausência de fontes e metodologias claras e confiáveis para monitoramento e
avaliação de performance que permitem a produção de resultados comparáveis a
pares. A abordagem diferenciada que agências de ranking de IES como o Times
Higher Education ou QS World Rankings empregam para avaliação. E por fim, a
responsabilidade auditável que IES assumem em produzir dados para divulgação com
a preocupação acerca da transparência metodológica de como esses resultados são
produzidos e por quem são produzidos.
Para Pohl (2015) a mensuração da internacionalização de IES apresenta dois
problemas inerentes: a complexa e extensa variedade de atividades
internacionalizadoras impede o desenvolvimento de uma escala que possa ponderar
uma avaliação visto que nem todas as análises podem ser realizadas de forma
quantitativa. Também segundo ele, a ótica de avaliação é ambivalente uma vez que
os indicadores levados em conta por administradores de IES podem não ser os
mesmos visados por agências de ranking como as supracitadas ou agências de
fomento.

2.1.1 Métricas de Internacionalização e Pesquisa Avaliadas por Agências de


Ranking

Podemos ver como as preocupações de Pohl (2015) e Gao (2014) são


consoantes quanto a metodologia de agências internacionais de avaliação de IES.
Leal et al, (2017, p. 53) refletem os conflitos entre produtivismo, sua qualidade e
instrumentalismo econômico:
25

“Um dos aspectos que reflete a importância da internacionalização no


contexto contemporâneo é criação de rankings acadêmicos globais e a
inclusão de indicadores de internacionalização nesses rankings. Trata-se de
ferramentas voltadas à hierarquização das instituições universitárias,
que, a partir de diferentes parâmetros avaliativos, visam a informar e a
orientar estudantes, docentes e pesquisadores, a opinião pública e a
sociedade em geral a respeito das melhores instituições universitárias
presentes nas arenas nacional e internacional. Igualmente, podem servir
como critério para a destinação de financiamento público e privado (PÉREZ-
ESPARRELLS; GARCIA, 2009) e, em uma perspectiva mais crítica,
para acirrar a competitividade entre universidades e centros de pesquisa
(NUNES; FERNANDES, 2014), reforçando o viés de produtivismo acadêmico
e de instrumentalismo econômico que tem caracterizado a educação superior
internacional contemporânea (VIEIRA; LIMA, 2016).”

Leal et al (2017) comparam em seu estudo, os indicadores de


internacionalização analisados por três agências de avaliação sendo respectivamente
O Q&S World University Rankings (Q&S), ranking publicado desde 2004 pela
Quacquarelli Symonds, empresa britânica especializada em educação internacional.
O Times Higher Education World University Rankings (THE), fundado em 2004 é
atualmente desenvolvido em parceria com a Elsevier. O Ranking Universitário Folha,
desenvolvido pela Folha desde 2012. Leal et al (2017), avaliam que de maneira geral
os indicadores de internacionalização presentes nos rankings acadêmicos são
relativos à mobilidade internacional, às parcerias internacionais para a pesquisa e às
citações em artigos científicos internacionais, os quais são mais facilmente
quantificáveis e comparáveis.
Através de consulta ao material metodológico dos rankings supracitados, foi
consolidado no quadro abaixo os critérios relativos à internacionalização e pesquisa
por cada uma dos rankings e seus respectivos pesos entre os demais indicadores na
avaliação geral:
26

Tabela 2: Indicadores de Internacionalização e Pesquisa Utilizados Por Agências de Avaliação

Ranking Q&S THE RUF


Indicadores de
internacionalização e • Proporção de • Proporção de • Número de
respectivo peso (%) estudantes estudantes citações de
internacionais (5%); estrangeiros por trabalhos da
estudantes instituição por
• Proporção de domésticos (2,5%); grupos
docentes internacionais
internacionais (5%); • Proporção de (2%);
estudantes
estrangeiros por • Proporção de
funcionários publicações da
domésticos (2,5%); universidade em
coautoria
• Colaboração internacional
internacional (2,5%) (2%).

Percentual destinado à
10% 7,5% 4%
internacionalização
Indicadores de pesquisa, • Reputação • Pesquisa de • Total de publicações
produção científica e Acadêmica (40%); reputação (7%);
respectivo peso (%) acadêmica (18%);
• Citações recebidas • Total de citações
dividas pelo número • Citações recebidas (7%);
de membros (30%)
afiliados à instituição • Citações por
(20%); • Orçamento publicação (4%);
disponível para
pesquisa (6%); • Publicações por
docente (7%);
• Total de publicações
produzidas (6%); • Citações por docente
(7%);

• Publicações em
revistas nacionais
(3%);

• Recursos recebidos
por instituição (3%);

• Bolsistas CNPq (2%);

• Teses (2%);

Percentual destinado à
pesquisa e produção 60% 60% 42%
científica
Fonte: elaborado pelo próprio autor através de consulta as fontes Q&S (2021), THE (2020) e RUF
(2019)

2.1.2 Métricas de Internacionalização Avaliadas pelo Programa PrInt

Com o intuito de corrigir alguns dos problemas apresentados no CsF conforme


já mencionados, o lançamento do programa PrInt tornou necessário o monitoramento
periódico dos projetos em execução. O monitoramento é feito através de análise de
27

relatórios enviados pelas instituições aderentes ao programa. (Ministério da


Educação, 2017) Através de análise do questionário de monitoramento utilizado pelo
programa PrInt (Anexo A) podem ser considerados como indicadores de mensuração
os seguintes pontos:

• Produção de material de divulgação


• Atração de docentes e discentes estrangeiros
• Preparação de docentes e discentes para o período no exterior de forma a ampliar
a apropriação de conhecimento e experiencia pela instituição de origem
• Execução de ação de acolhimento e acompanhamentos para discentes, docentes
e pesquisadores estrangeiros
• Consolidação de parcerias internacionais
• Treinamento e capacitação de servidores técnicos para internacionalização
• Promoção de ações para viabilização de língua estrangeira para discentes e
docentes
• Resultados advindos de atividades de extensão

2.2 METODOLOGIAS UTILIZADAS PARA O ESTUDO DE CASO DA


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Considerando o referencial teórico bibliográfico levantado até o presente


momento, e com base em uma pesquisa documental e captura de dados da
plataforma SciVal disponibilizada pela Elsevier, nessa sessão, analisaremos os dados
de internacionalização da UFRJ conforme as metodologias propostas pela literatura
revisada. Para algumas das análises qualitativas, serão consideradas como pares as
instituições: Universidade Federal de São Paulo (USP) e Universidade Estadual de
Campinas (UNICAMP) verificando a similar avaliação geral que ambas as instituições
possuem em nível nacional quando comparadas a UFRJ pelos rankings da Q&S
(2021) e RUF (FOLHA DE SÃO PAULO, 2019).
28

2.3 ABORDAGEM QUANTITATIVA

Para a análise quantitativa, foi utilizada a ferramenta SciVal, disponibilizada


publicada pela Elsevier. O SciVal, possui um portfólio de ferramentas de análise de
indicadores de produção científica desenvolvida pela Elsevier, que tem como fonte de
dados o Scopus e o Science Direct. Permite realizar análises bibliométricas da
produção científica de uma determinada instituição, país, região, autor ou grupos de
autores, ou ainda em revistas, desde que o material esteja indexado na base de dados
Scopus (AGUIA, 2016).
O Scopus, fonte de dados do SciVal, é a maior base de dados de resumos e
citações de literatura revisada por pares, com ferramentas bibliométricas para
acompanhar, analisar e visualizar a pesquisa. Scopus contém mais de 22.000 títulos
de mais de 5.000 editores em todo o mundo, abrangendo as áreas de ciência,
tecnologia, medicina, ciências sociais e Artes e Humanidades. Além disso, contém
mais de 55 milhões de registros que remontam a 1823, dois quais 84% possuem
referências que datam de 1996 (ELSEVIER B.V., 2015)

2.4 PESQUISA DE OPNIÃO

Através de um questionário realizado pela plataforma Google Forms contendo


10 perguntas, foram coletadas a opinião de 27 profissionais da UFRJ acerca das
ações de internacionalização adotadas pela instituição e sobre a percepção de
importância do tema para agencias de ranking universitário. O questionário foi
disponibilizado para preenchimento durante duas semanas e foram convidados por e-
mail a responder o questionário membros dos(as): Diretoria de Relação Internacionais
da UFRJ, Conselho de Relações Internacionais da UFRJ e Câmara de Relações
Internacionais do Centro de Ciências da Saúde também vinculado a UFRJ. O
questionário completo com resultados pode ser encontrado no apêndice A deste
trabalho.
29

3 RESULTADOS

3.1 MÉTRICAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO E IMPACTO DE PRODUÇÃO


CIENTÍFICA

O primeiro indicador analisado se refere a porcentagem de produção de


publicações por perfil de colaboração entre os anos 2011 até 2020. O gráfico abaixo
mostra a porcentagem de publicações produzidas indexadas a base Scopus
realizadas com colaboração internacional entre instituições. Também foi incluída para
critério de referência a média de colaboração de todas as IES nacionais (301
instituições identificadas pela base Scopus) representada pela linha BRASIL.

Gráfico 1: Percentual de Publicações com Colaboração Internacional (2011 – 2020)

45,0%

40,0%

35,0%

30,0%

25,0%

20,0%

15,0%

10,0%

5,0%

0,0%
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

UFRJ UNICAMP USP BRASIL

Fonte: SciVal

Pode-se observar que a curva que representa o percentual colaborativo da


UFRJ apesar de estar acima da média nacional ainda se encontra significativamente
abaixo de suas instituições pares. Esse dado por si só não parece nos mostrar um
impacto significante além da crescente tendência que as referidas instituições
possuem em colaborar internacionalmente, porém conforme será analisado a seguir,
o desempenho bibliométrico das pesquisas realizadas em colaboração internacional
demonstra considerável diferença de desempenho quando comparado aos demais
perfis de colaboração.
30

Os gráficos setoriais abaixo (2 e 3) demonstram a porcentagem de publicações


e citações recebidas em relação ao seu perfil de colaboração nos últimos dez anos.
São ao total 49.565 produções identificadas pela base Scopus publicadas entre os
anos 2011 e 2020.

Gráfico 3: Porcentagem de Publicações por Gráfico 2: Porcentagem de Citações por Perfil


Perfil de Colaboração – UFRJ (2011 – 2020) de Colaboração – UFRJ (2011 – 2020)

2726; 10368;
54261; 358235
6% 16540; 2%
6997; 8% ; 57%
33%
14%

23302; 205483
47% ; 33%

Colboração Internacional Colboração Internacional


Colaboração Nacional Colaboração Nacional
Colaboração Institucional Colaboração Institucional
Sem Colaboração Sem Colaboração
Fonte: SciVal Fonte: SciVal

Verifica-se em comparação aos gráficos 2 e 3 que, apesar de apenas 33% das


publicações realizadas serem com colaboração internacional, 57% de todas as
citações recebidas são desse tipo de perfil. É possível verificar uma mesma propensão
de desempenho aos perfis sob uma ótica nacional conforme os gráficos (4 e 5) abaixo
que apresenta a mesma análise considerando todas as IES nacionais (301 instituições
identificadas pela base Scopus).
31

Gráfico 5: Porcentagem de Publicações por Gráfico 4: Porcentagem de Citações por Perfil


Perfil de Colaboração – Brasil (2011 – 2020) de Colaboração – Brasil (2011 – 2020)

42215; 123008;
6% 2% 3854470;
1405144; 52%
222198; 19%
30%
209761;
28%

1986294;
269118; 27%
36%

Colaboração Internacional Colaboração Internacional


Colaboração Nacional Colaboração Nacional
Colaboração Institucional Colaboração Institucional
Sem colaboração Sem colaboração

Fonte: SciVal Fonte: SciVal

Para analisar o desempenho bibliométrico de cada um dos perfis de


colaboração das publicações, utilizaremos os seguintes indicadores: número total de
citações, média de citações por publicação e o Field Weighted Citation Impact (FWCI)
(ELSEVIER B.V., 2020).
O FWCI avalia as citações de um artigo, comparando-as com as de
outros papers com palavras-chave semelhantes e da mesma idade. O índice pondera
o quanto esse trabalho foi mais ou menos citado em comparação com a média dos
congêneres. Se o resultado for igual a 1, significa que está exatamente na média – se
for superior, sua repercussão é maior. De acordo com Marques (2021):

“A vantagem da metodologia é que ele (FWCI) permite comparar


estudos de qualquer área do conhecimento, ponderando sua posição
em relação aos do mesmo assunto. Outros indicadores de impacto
científico não permitem esse tipo de analogia, porque cada disciplina
tem práticas de publicação peculiares e comunidades de tamanhos
distintos, que influenciam a intensidade com que suas pesquisas são
citadas sem que isso represente uma diferença de impacto e
visibilidade.”

A disparidade de performance sugerida pela análise anterior pode ser


substanciada quando analisamos a média de citação por publicação e FWCI de cada
32

um dos perfis de colaboração. O quadro abaixo analisa os indicadores considerando


todas as publicações produzidas pela UFRJ entre os anos 2011 e 2020.

Tabela 3: Indicadores Bibliométricos por Perfil de Colaboração

FIELD
PERFIL DE CITAÇÕES CITAÇÃO POR WEIGHTED
% PUBLICAÇÕES
COLABORAÇÃO RECEBIDAS PUBLICAÇÃO CITATION
IMPACT
COLABORAÇÃO
INTERNACIONAL 33.4% 16540 358235 21,7 1,65

COLABORAÇÃO
NACIONAL 47.0% 23302 205483 8,8 0,71

COLABORAÇÃO
INSTITUCIONAL 14.1% 6997 54261 7,8 0,65

SEM
COLABORAÇÃO 5.5% 2726 10368 3,8 0,44

Fonte: SciVal

É possível observar que as publicações em colaboração internacional possuem


médias de citação por publicação superior aos demais perfis de colaboração. O FWCI
também se mostra 65% superior à média global esperada (definida pela plataforma)
enquanto os demais perfis mostram se abaixo.

3.2 INVESTIGAÇÃO DE PERCEPÇÃO DO VALOR DA INTERNACIONALIZAÇÃO E


RANKINGS

A primeira pergunta do questionário (pergunta 1) solicitava que o interrogado


definisse uma ordem de importância para as seguintes atividades associadas a
internacionalização de IES: mobilidade estudantil (ME); mobilidade de professores,
pesquisadores e funcionários (MPPF); acordos internacionais de pesquisa (AIP) e
realização de eventos internacionais (REI). As atividades poderiam ser definidas como
mais importante, importante, às vezes importante e pouco significante. Cada atividade
apenas poderia receber uma classificação pelo interrogado. Foi confeccionado pela
plataforma o gráfico abaixo que compila as respostas recebidas para a pergunta 1:
33

Gráfico 6: Sugestão de Importância para as Atividades de Internacionalização

Fonte: elaboração do autor

Pode-se observar que existe um equilíbrio de importância perceptiva entre os


entrevistados acerca das atividades MB, MPPF e AIP. Apenas a atividade REI é
claramente considerada pouco significante para 21 dos 28 interrogados (75% dos
entrevistados).
Os interrogados foram solicitados a responder na terceira pergunta (pergunta
3) do questionário se: estratégias de internacionalização poderiam afetar a avaliação
da UFRJ por agências de ranking universitário. Foram citados como exemplo na
pergunta os rankings QS World, Times Higher Education e Leiden Ranking. Os
interrogados poderiam responder Sim, Parcialmente, não e não sei. O gráfico abaixo
demonstra o percentual recebido de cada resposta.

Gráfico 7: Avaliação da Importância de Internacionalização para Agências de Ranking

Fonte: elaboração do autor


34

Pode-se perceber que os interrogados concordam em suma maioria que as


ações de internacionalização são importantes para a avaliação da UFRJ através das
agências supracitadas.
Após verificar a opinião dos entrevistados sobre a importância das ações de
internacionalização por agências de ranking, utilizando os mesmos parâmetros da
pergunta 1 do questionário, solicitamos que fosse definida uma ordem de importância
para as atividades de internacionalização segundo a avaliação de agências de
ranking. O gráfico abaixo compila as respostas recebidas na pergunta de número 4.

Gráfico 8: Sugestão de Importância para Atividades de Internacionalização sob Perspectiva de


Agências de Ranking

Fonte: elaboração do autor

É interessante analisar a diferença entre os resultados obtidos comparando as


perguntas 1 e 4. Enquanto na primeira questão, a percepção de importância das
atividades MB, MPPF e AIP estavam em equilíbrio. Quando interrogados acerca da
importância das mesmas atividades, porém sob a ótica de agências de ranking, a
atividade AIP mostrou-se claramente a mais importante entre as demais. Diante desse
resultado, pode-se supor que os entrevistados não têm conhecimento claro acerca de
métricas utilizadas pelos rankings citados (Tabela 2) visto que atividades ME, MPPF
possuem pesos similares entre todas as metodologias dos rankings avaliados e
acordos internacionais de pesquisa não são sequer mensurados para avaliação.
Entretanto, para ser contemplado e participar em mobilidade pelo programa PrInt, são
obrigatórios acordos internacionais firmados entre a UFRJ e suas parcerias, este
resultado também sugere que esse parâmetro já pode ter sido internalizado na
mentalidade dos profissionais. A inconsistência de respostas apresentadas entre as
35

perguntas também sugere a o efeito observado por Gao (2014) visto que a percepção
de importância dos indicadores varia de acordo com a ótica do observador.

4 DISCUSSÃO

As atividades internacionalização em IES apresentaram um expansão


dramática nas últimas duas décadas, especialmente quando observamos o contexto
brasileiro mais especificamente na UFRJ. O programa PrInt, inaugurado em 2017,
trouxe uma mudança significativa na política de internacionalização para todas as IES
nacionais. O programa transferiu para as referidas instituições a responsabilidade e
autonomia operacional para a construção e execução dos planos de
internacionalização rompendo com o modelo organizacional anterior onde a tratativa
era feita diretamente com as coordenações de programas de pós-graduação. Essa
transferência de autonomia também trouxe sistemas de monitoramento e apuração
importantes para a aferição do sucesso das estratégias utilizadas.
Conforme o referencial literário proposto, é possível constatar desafios
inerentes ao processo de mensuração de estratégias de internacionalização, sendo
eles: a extensa variedade de ações por muitas não quantificáveis, a variância de
importância para certos indicadores conforme a ótica do observador e a incongruência
de metodologias por agencias de ranking. Entretanto, o desenvolvimento de
metodologias de mensuração em observância as realidades e estratégias
institucionais é absolutamente essencial. Também se fazem necessárias
posteriormente, o desenvolvimento de metodologias que possam capturar a geração
de valor econômico e social que programas de internacionalização como o CAPES
PrInt.
Através dos dados quantitativos capturados pelo SciVal, pode-se constatar
como o perfil de colaboração internacional da UFRJ exerce grande impacto na
performance bibliométrica da instituição e, portanto, na avaliação da instituição por
agencias. Como evidenciado, esse gênero de publicação mostra uma tendencia de
crescimento não só na UFRJ, mas assim como em seus pares, e no caso particular
da instituição referida, deve ainda mais estimulado através de políticas internas de
modo que se possa alçar índices de colaboração similares aos seus pares.
O estudo qualitativo pela pesquisa de opinião também traz entendimentos
interessantes acerca da percepção de importância do tema dentro do corpo
36

profissional da instituição: Ainda que o os profissionais da área concordem que


amplamente a importância da internacionalização para a avaliação por agencias, os
resultados sugerem um conhecimento incipiente dos interrogados para as métricas
utilizadas na apreciação de rankings.
As discussões propostas neste trabalho levam a conclusão de que: a
internacionalização na instituição é importante para as métricas avaliadas por
agencias de ranking. Mas internacionalização é crucialmente importante para o
desempenho (impacto/citações) de produção científica tendo em vista o expressivo
peso que dados bibliométricos de pesquisa influem para avaliação geral da instituição.
Também é necessário uma maior instrução e compreensão por parte do corpo
profissional para com metodologias de mensuração por rankings. O entendimento dos
aspectos destacados é essencial para o desenvolvimento de maturidade técnica e
organizacional com o tema que a instituição deve adquirir para lidar com a crescente
relevância estratégica.
Fica claro que a universidade deve continuar incentivando a colaboração
internacional através de suas competências internacionalizantes. E considerando o
contexto de restrições financeiras e sanitárias em função da Pandemia de Covid-19,
devem ser buscados meios de internacionalização não tradicionais como a oferta
remota de cursos e programas assíncronos para graduação e pós-graduação. A UFRJ
possuí capacidade de oferecer essa modalidade e essa atividade também afetaria de
forma significante diversos indicadores de performance e avaliação da instituição.
37

REFERÊNCIAS

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41

APÊNDICE A – Questionário de Investigação

Pergunta 1

Pergunta 2
42

Pergunta 3

Pergunta 4

Pergunta 5
43

Pergunta 6

Pergunta 7

Pergunta 8
44

Pergunta 9

Pergunta 10
45

ANEXO A – Questionário para Relatório do PrInt

• Produziu material de divulgação do PPG em outras idiomas, incluindo versão


da página do Programa?
a) Sim
b) Não
c) Quais?

• Sobre o processo de divulgação da CAPES como fomentadora de recursos no


Programa Institucional de Internacionalização
a) Breve descrição da atividade e como foi divulgado
b) Nome do meio utilizado (website, digital ou impresso) e link se for o caso
c) de Material Utilizado (Informativo, relatório, difusão da ciência, outros)
d) Nº de página: 00
c) Nome(s) do(s) Organizado(es) institucionais
Anexo de material de divulgação

• Através dos recursos advindos do Print foi possível o PPG construir e/ou
alavancar parcerias e projetos de cooperação com instituições e/ou grupos de
pesquisa no exterior?
• O PPG viabilizou a atração de discentes estrangeiros para o Brasil nos últimos
3 anos?
a) Sim
b) Não
c) (em caso de sim) Qual foi esse quantitativo?
d) (em caso de sim) Os recursos do Print foram importantes para este fim?

• O PPG viabilizou a atração de docentes estrangeiros para o Brasil nos últimos


3 anos?
a) Sim
b) Não
c) (em caso de sim) Qual foi esse quantitativo?
d) (em caso de sim) Os recursos do Print foram importantes para este fim?
46

• Preparou docentes tanto para o período no exterior quanto para seu retorno,
especialmente de forma a ampliar a apropriação pela instituição de origem do
conhecimento e experiência adquiridos pelo beneficiário?
a) Sim
b) Não
c) Como?

• Preparou discentes tanto para o período no exterior quanto para seu retorno,
especialmente de forma a ampliar a apropriação pela instituição de origem do
conhecimento e experiência adquiridos pelo beneficiário?
a) Sim
b) Não
c) Como?

• Executou ações de acolhimento e acompanhamento de docentes,


pesquisadores e discentes estrangeiros?
a) Sim
b) Não
c) Quais?

• Através do PrInt foi possível consolidar parcerias internacionais já existentes?


a) Sim (descreva)
b) Não
c) Quais?

• Desenvolveu atividades de contrapartidas com instituições parceiras, em


projetos de cooperação com instituições estrangeiras, que possa ter envolvido
plano de aplicação de recursos, plano de atividades, financiamento recíproco,
mobilidade acadêmica?
a) Sim
b) Não
c) Quais?
47

• Treinou e capacitou servidores técnicos para a internacionalização?


a) Sim
b) Não
c) Como?

• Promoveu ações viabilizando a proficiência em línguas estrangeiras dos


discentes do PPG?
a) Sim
b) Não
c) Quais?

• Promoveu ações viabilizando a proficiência em línguas estrangeiras dos


docentes do PPG?
a) Sim
b) Não
c) Quais?

• O PPG obteve resultados a partir de atividades de extensão (eventos,


workshops, seminários, congresso etc.) com recursos do PrInt
a) Sim
b) Não
c) Quais (descreva)
Nome da atividade de extensão
Parceiro das Contrapartidas (Se for o caso)
Tipo de Atividade de Extensão
Quantidade de participantes
Período
País vinculada à Atividade de Extensão
Categoria do Recurso utilizado

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