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Setembro 3 – Lilith ou Eva quem foi a mulher de Adão?

Evidencias <mudar de câmera> A equipe do programa evidencias sempre recebe sugestões de


temas a serem abordados e nós agradecemos muito a você que envia estas sugestões pois é uma
forma de estreitar o contato com o público que nos apoia <mudar de câmera> sendo assim, um
tema recorrente que muitos pedem que abordemos é a famosa versão de que a primeira esposa de
Adão seria uma mulher chamada Lilith e não a comumente conhecida Eva que aparece em
nossas bíblias modernas <imagem 1> há quem a tome por demônio, heroína ou até vitima e
sedutora. Sua narrativa fascina muitos em nossos dias <mudar de câmera> Para beneficio de
quem não está muito familiarizado com a questão ou que nunca tenha ouvido falar de Lilith, vou
resumir a lenda dessa mulher e porque ela se tornou popular em muitos setores hoje em dia.
Então vamos lá.... <imagem 2> todos os leitores da Bíblia conhecem a versão do genesis
segundo a qual, Deus criou em seis dias o céu, a terra e tudo que neles há, os animais, as plantas,
a natureza e finalmente o ser humano. <imagem 3> diz o relato que Deus criou o homem do pó
da terra, soprou em suas narinas o fôlego de vida e ele passou a ser alma vivente, dotado de
sabedoria, santidade e comunhão com o criador <imagem 4> depois disso Deus criou Eva,
companheira de Adão a partir de sua própria costela e ambos viveram felizes no Jardim até que
entrou o pecado no mundo <volta para mim> Uma nova versão no entanto, tem tomado conta de
certos setores do cristianismo e do judaísmo. Dizem que por uma intervenção do judaísmo
patriarcal e da igreja católica oficializada no concilio de Trento, uma parte da história ficou sem
ser contada <imagem 5> Segundo essa versão Adão teria duas mulheres, uma seria eva a outra
seria Lilit <imagem 6> as bases medievais desta história vem do Alfabeto de Ben Sira, um
documento hebraico produzido entre os séculos 8 e 10 depois de Cristo <volta para mim> O
Alfabeto de Bem Sira que não deve ser confundido com o Eclesiástico bem Sira, é um texto
anônimo, medieval contendo 22 episódios correspondentes às 22 letras do alfabeto hebraico.
<mudar de câmera> O quinto episódio, narrado por Bem Sira a Nabucodonosor, inclui Lilith que
tinha o dever de atormentar e aterrorizar a população de gerações futuras. Até certo ponto, o
Alfabeto de Ben Sira mostra uma Lilith familiar: <imagem 7> Ela é destrutiva, pode voar e tem
uma forte inclinação ao sexo. <volta para mim> Mas aqui o conto acrescenta um novo aspecto:
Lilith seria a primeira esposa de Adão, antes de Eva, que corajosamente deixou o Éden porque
não aceitou ser tratada como inferior ao homem. <mudar de câmera> Nessa versão medieval,
Lilith foi criada do barro, como Adão, e não dele costela dele. Além disso, no momento da
relação sexual, a mulher recusa deitar-se abaixo de Adão que então protesta diante de Deus.
<mudar de caemra> Mas o argumento dela é taxativo, se ambos foram criados a partir da terra,
não haveria razão para o seu destino estar abaixo dele ou submissa à sua vontade. Ela não era
inferior ao homem <mudar de câmera> Os dois discutem, não podem entender um ao outro e,
depois de um tempo, Lilith pronuncia o nome completo de Deus e sai do jardim voando pelo
universo. <mudar de câmera> Inconformada, ela abandonou o Éden, fugiu do paraíso e foi para o
Mar Vermelho, nas mesmas águas tumultuadas onde os egípcios no futuro morreriam. <mudar
de câmera> Lá ficou livre, conheceu e teve relações com diversos demônios. Então, sentindo-se
sozinho, Adão pediu a Deus sua companheira de volta, Deus mandou 3 anjos buscarem Lilith no
Mar Vermelho e trazê-la de volta ao Paraíso. Mas quando os 3 anjos a encontraram, recusou ir
com eles. Ali os anjos ameaçaram afogar a mulher, e mesmo assim não foi com eles. <mudar de
câmera> Adão ficou sozinho, então Deus criou Eva e essa história vocês já conhecem <mudar de
câmera> Amaldiçoada a gerar demônios, Lilith se tornou uma potencial assassina de todo recém-
nascido do sexo masculino. Conforme outro tratado judaico do Zohar, produzido por judeus
cabalísticos do século 15, isso se deu assim: Lilith juntou-se aos anjos caídos onde se casou com
Samael, o anjo da morte, que chamamos satanás. Samael deu-lhe a conhecer o prazer que Adão
não era capaz de oferecer, e com ele teve vários filhos demoníacos. Desde então, Lilith tentaria
destruir a humanidade, filhos do “adultério” de Adão com Eva, pois mesmo abandonando seu
marido ela não aceitava sua segunda mulher.  <mudar de cfamera> Ao contrário de Eva que
morreu como um ser humano, Lilith alcançou a imortalidade, casada com Samael, tornou-se
amante de Lúcifer. <mudar de câmera> Como forma de impedir a morte de recém nascidos,
Lilith foi obrigada a jurar perante os anjos e em nome de Deus que não prejudicará nenhuma
criança do sexo masculino desde que esta esteja usando um amuleto que carrega o nome de três
anjos de Deus. Foi depois dessa separação que veio Eva, a segunda esposa de Adão <mudar de
câmera> Numa outra versão medieval ligeiramente modificada, Lilit vinga de Adão
convencendo Eva a comer do fruto proibido, ela seria, portanto a serpente do Eden, esposa de
Samel, que como eu disse seria outro nome para Satanás na Cabala judaica. <imagem 8>
Michelangelo certamente conhecia essa versão e com base nela pintou a queda de Adão e Eva,
contendo ao centro uma mulher com corpo de serpente. Esta provavelmente seria Lilith <volta
para mim> Para o público em geral a figura de Lilith passou a ficar conhecida ou popularizada a
partir da metade do século XX , quando pegou carona na esteira da Segunda Onda do
Movimento Feminista e se tornou um dos símbolos representativos da mulher pós-moderna.
<mudar de câmera> Somente para você entender, o movimento feminista é didaticamente
dividido em três ondas, (alguns falam até de uma quarta), <imagem 9 e 10 e 11> a primeira seria
no final do século 19 e primeira metade do século 20 quando mulheres do mundo inteiro lutaram
por direito a emprego, voto e uma vida social fora do papel de mãe e esposa. <volta para mim>
depois veio a segunda onda que se estendeu desde meados de 1950 até por volta do ano 2000
mais ou menos <imagem 12, 13 e 14> Essa geralmente é caracterizada como a face radical do
feminismo. Nela intensificou-se a luta por direitos reprodutivos, legalização do aborto e
discussões acerca da sexualidade <volta para mim> finalmente no século 21 temos a chamada
terceira onda (ou como eu disse até uma quarta). Nesta fase o discurso é marcantemente mais
pos-moderno, ele toma alguma das reinvindicações passadas mas coloca nelas um argumento
diferente, por exemplo, se as mulheres da segunda onda buscavam queimar sutiãs e abolir salto
alto como forma de protesto contra o estereótipo feminino, as da terceira onda querem valer da
sensualidade como forma de autoridade e poder. Num resumo bem simplificado é mais ou menos
isso que acontece e é aqui que Lilith volta com força. <mudar de câmera> Afinal, como pudemos
observar Lilith já no Éden exigiu a igualdade de direitos. É nessa "condição mítica", à qual
alguns chama, de primeira tentativa de equiparação de gênero, que Lilith veio a se transformar
em símbolo feminista.<mudar de câmera> Bem ao gosto de algumas politicas ideológicas da
segunda e terceira ondas, ela tornou-se uma espécie de símbolo representativo dos movimentos
feministas <imagem 15, 16, 17, 18> Lilith, comumente associada à rebeldia e à liberdade sexual,
chegou a encarnar a transgressão à ordem patriarcal e uma resistência inexpugnável à lei-do-pai,
pensada em termos do Gênesis e do Deus Pai da teologia judaico-cristã. <volta para mim> Pois
bem, sem entrar muito em detalhes, o nome de Lilith só aparece uma vez na bíblia em Isaías
34:14 que diz: <GC> E as feras do deserto se encontrarão com hienas; e o sátiro clamará ao seu
companheiro; e Lilite pousará ali, e achará lugar de repouso para si. <volta para mim> Só
algumas traduções que usam como base os textos em hebraico (mais antigos) mantêm "Lilith"
em Isaías 34, no trecho em que o profeta descreve como a ira de Deus destruirá a Babilônia e, na
terra desolada, Lilith encontrará um lugar para repousar. <mudar de câmera> Na maior parte das
traduções recentes a palavra Lilith é substituída por demônio, fantasmas, "animal noturno",
"coruja". ou ainda bruxa do deserto. Confuso não é mesmo? É neste sentido que alguns sugerem
que seu nome possa ter sido retirado da Bíblia durante o Concílio de Trento, a interesse da Igreja
Católica, para reforçar o papel de submissão das mulheres que para a igreja não poderiam ter os
mesmos direitos do homem. <mudar de câmera> Mas será isso verdade? Estaríamos diante de
uma realidade religiosa banida da Bíblia por questões de misoginia e machismo? Depois do
intervalo voltaremos com esse assunto, o evidencias volta já <INTERVALO> Estamos de volta
com o programa evidencias e, como você viu, existe uma grande polêmica acerca de uma
personagem chamada Lilith que segundo algumas fontes teria sido a primeira esposa de Adão,
banida das Escrituras por mero capricho de teólogos machistas, tanto protestante quanto
católicos. Será isso verdade? <mudar de câmera> também dissemos que nas bíblia que hoje
possuímos o nome de Lilith aparece apenas uma vez no livro de Isaías 34: 14 que muitas bíblias
preferem traduzir por outros termos. <mudar de câmera> Os que defendem a tese da censura
eclesiástica por ocasião do concilio de Trento, censura essa que retirou das escrituras os textos
originalmente relacionados com a primeira mulher de Adão se esquecem de alguns pontos
importantes. <imagens 19 e 20> o concilio reunido pelo Papa Paulo III e realizado de 1545 até
1563 era um movimento marcado pela contra reforma de MaRTINHO Lutero e nada tinha a ver
com esconder textos para reforçar a submissão das mulheres <volta para mim> É claro que os
altos do concilio falam da obrigatoriedade de tornar os conventos femininos, especialmente da
Alemanha, enclausurados para que as freiras não tivessem contato com o mundo exterior, mas
isso se devia especialmente à situação de Munster onde freiras estavam abandonando o convento
para se unirem ao movimento protestante. Novamente, ainda que o ato realmente tenha um tom
patriarcal, não foi esse o tema do encontro convocado pelo Papa. <mudar de camerfa> ademais,
temos hoje cópias do livro do Gênesis muito anteriores ao Concilio de Trento, algumas até
anteriores ao nascimento de Cristo quando nem havia igreja católica e nenhum deles traz essa
história de Lilith junto à narrativa de Adão e Eva, <mudar de câmera> sobre o texto de Isaias, é
importante dizer que mui provavelmente não se trata de um nome próprio. Vários especialistas
em idioma hebraico antigo sugerem que ali a palavra lilith pode se referir tanto a um indivíduo
quanto a uma classe de criaturas horripilantes a raiz LAIL de onde vem Lilith simplesmente
significa noturno <imagem 21> ademais Nos Manuscritos do Mar Morto , entre os 19
fragmentos de Isaías encontrados em Qumran , o Grande Rolo de Isaías (1Q1Isa) em 34:14 traz o
nome de Lilith no plural, indicando não uma pessoa mas um coletivo de seres <volta para mim>
sendo assim, a ideia mais evidenciavel é a de que Isaias estaria falando de lilitis, no plural, e não
de uma pessoa chamada lilith. Os manuscritos do Mar Morto você sabe, são 1.000 anos mais
antigos que o texto hebraico que hoje possuímos. <mudar de câmera> Essa forma plural de se
referir às Liliths também aparece numa lista antiga de maus espíritos num encantamento judaico
contra demônios datada do 6o século depois de Cristo é a chamada Canção do sábio <mudar de
câmera> Portanto, lilit não seria um nome próprio mas um tipo de demônio ou de animal noturno
ligado a mau agouro, por isso alguns tradutores verteram o termo de Isaias por Coruja Noturna, o
que é perfeitamente possível. <GC> Segundo o léxico hebraico (3) “liyliyth” signfica: “1. Deusa
conhecida como um demônio da noite que assombra os lugares desolados de Edom. 2. Animal
noturno que habita em lugares desolados”. <volta para mim> Existe ainda uma antiga tradução
da Bíblia para o grego, chamada LXX que foi composta antes mesmo do nascimento de Jesus.
Nesta versão a palavra Lilith foi traduzida por onokentauros que é uma criatura mitológica
aparentada com o centauro, mas isso certamente foi por falta de uma palavra melhor uma vez
que o Se’arim, ou sátiros, que aparece no inicio do verso de Isaias também é traduzido como
daimon onokentauros. <mudar de câmera> eu fiz esta menção da LXX porque a acusação é que
a igreja cristã retirou essa parte da bíblia ou das traduções por conveniência do machismo
teológico e, como você pôde ver, muito antes do cristianismo o termo era vertido sem nenhuma
ligação com uma suposta primeira esposa de Adão. <mudar de câmera> Aliás, embora a
evidência em textos judaicos medievais seja aparentemente clara, é muito pequena é dúbia a
informação mais antiga que possa ser relacionada com alguma fonte do antigo oriente médio
sobre quem seria essa lilith ou essas liliths. O que posso dizer é que não há em nenhuma dessas
fontes antigas qualquer indicio de que se trate da primeira mulher criada por Deus para casar-se
com o homem. Isso só aparece nos textos medievais. <imagem 22> É certo que em 1930 os
estudiosos identificaram essa mulher voluptuosa nesta placa de argila como sendo um demônio
feminino da Babilônia chamado Lilith. <volta para mim> contudo hoje, o consenso é que na
verdade se trata de outra divindade, Ianna, a deusa do amor para os sumérios, cultuada com o
nome de Ishtar pelos acadianos e ela não tem nada a ver com a primeira mulher de Adão.
<mudar de câmera> De igual modo, a relevância dessas figuras do oriente médio para conectar a
Lilith judaica a qualquer figura babilônia ou sumeriana tem sido dispensada na maioria dos
estudos acadêmicos. <mudar de câmera> Mas e a tradição judaica? De fato temos um documento
judeu medieval que conta essa história e os judeus nos deram a Bíblia, não podemos
menosprezar seu entendimento, certo? Mais ou menos, deixe-me explicar porquê <mudar de
câmera> em primeiro lugar a cultura judaica é, de fato um excelente revelador de pistas para a
compreensão do texto sagrado mas não seu determinante final, se fosse, não deveríamos aceitar a
Jesus como Messias pois grande parte dos judeus não o aceitam <mudar de câmera> ademais, é
importante notar que não existe apenas um judaísmo, como se fosse um bloco monolítico. Hà
muitas interpretações judaicas tremendamente contraditórias umas coma as outras. Esses
documentos que contam a estória de Lilith, primeira esposa de Adão, nem fazem parte da
tradição talmúdica ou dos tratados rabínicos mais respeitados Lilith é mencionada 4 vezes no
talmude babilônico e em nenhum desses casos é referida como esposa de Adão <mudar de
câmera> Há quem diga, até que seriam versos ou fábulas em forma de sátira escritos por algum
judeu não praticamente, o que é possível. <mudar de câmera> Aliás, fábulas por fabulas,
devemos ter cuidado com elas, mesmo que venham de uma raiz judaica. Pelo menos é isso que
nos diz o texto de Paulo a Timóteo: <GC> “Recusa as fábulas profanas que violam o que é santo
e que são contadas por velhas caducas.” (1 Timóteo 4:7) <volta para mim> E a Tito escreveu que
os cristãos leais não deveriam prestar atenção a <GC> “fábulas judaicas e a mandamentos de
homens que se desviam da verdade”. — Tito 1:14.<Volta para mim> minha resposta, porém, não
ficaria completa se eu não examinasse um argumento aparentemente bíblico que os defensores
da legitimidade de Lilith apresentam: <mudar de câmera> É que lendo o Genesis capitulo 1 e
depois o capitulo 2 parece que temos dois diferentes relatos da criação contraditórios um com o
outro, daí o hiato literário que abre espaço para a sugestão de Lilith. Veja comigo, Genesis 1:26 e
27 diz assim: <GC> “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme nossa
semelhança; tenha ele domínio sobre todos os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os
animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra. Criou
Deus, pois, o homem à sua imagem e semelhança, à imagem de Deus o criou, homem e mulher
os criou”. <volta para mim> à primeira vista o texto parece indicar que o homem e a mulher
foram criados juntos, ao mesmo tempo, do pó da terra, que ambos foram feitos à imagem e
semelhança de Deus e que os animais e plantas foram criados antes deles<mudar de câmera>
mas quando vamos para o capítulo 2: 4 em diante, parece haver outro texto diferente da criação
do ser humano <GC> “Esta é a gênese dos céus e da terra quando foram criados ... então formou
o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem
passou a ser alma vivente. ... disse mais Deus, não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma
auxiliadora que lhe seja idônea... <volta para mim> o resto você já sabe, Deus fez Eva da Costela
de Adão. E somente depois que ele fez Eva é que intentou criar os animais como vemos no verso
19. A flora, neste texto, também foi criada depois do homem, contrariando a primeira versão que
a coloca antes da humanidade. E então? Como fica isso? Bem, em primeiro lugar, Yatsar, o
verbo para fazer, criar, aparece em ambos os relatos da criação. No segundo, isto é, em Genesis
2:19 ele está no modo verbal perfeito, mas que, segundo alguns hebraístas, pode ser traduzido
como mais que perfeito. Aí o texto ficaria como vemos na Tradução de Almeida revista e
atualizada, “havendo, pois o Senhor Deus formado, etc...” ou seja, uma vez que Deus já tinha
formado os animais ele os trouxe a Adão e não que ele os formasse naquele momento. <mudar
de câmera> mas tenho de admitir que essa é uma solução gramatical possível, mas não
conclusiva, nem todos os especialistas em hebraico a reconhecem. <mudar de cfamera> eu
prefiro trabalhar noutra linha. Considerando o fato de que Moisés foi educado no Egito, que os
hebreus, primeiros leitores do Genesis, viveram por séculos no Egito, e que o gênesis têm vários
elementos que apontam para uma unidade autoral, eu proporia que procurássemos na cultura
egípcia a resposta para essa aparente incongruência <imagem 23> os relatos egípcios da criação
são muito interessantes <imagem 24> eles são divididos em duas partes, a primeira disserta sobre
as forças siderais e <imagem 25> a segunda sobre a criação dos animais, plantas e homem <volta
para mim> é justamente por isso que moisés divide a criação em dois relatórios distintos, ele fez
como os egípcios faziam, porém não por mera imitação, ele queria mostrar para os hebreus
imersos naquela cultura como seria a verdadeira história da criação e por isso seus dois relatórios
– contraditórios para nós, mas didáticos para eles – complementam um ao outro e polemizam a
versão egípcia das origens. <mudar de câmera> quer um exemplo? Quando moisés distingue a
luz (surgida no primeiro dia) do sol (criado no quarto dia) ele quebrou o paradigma de que o sol
ou Aton-rá rá seria a luz do mundo. Quando ele deixa de chamar o sol de sol e a lua de Lua
designando-os apenas por luminares, Moisés tira dos mesmos qualquer conotação divina que
pudessem ter. <mudar de câmera> Assim no primeiro relato que está em Genesis 1 ele corrige as
ideias egípcias de forças cósmicas divinas e no segundo, Genesis dois ele corrige as ideias
egípcias de criação do homem, animais e plantas. <mudar de câmera> e se você olhar bem não
há contradição entre eles, no primeiro foi dito apenas que Deus criou o homem e a mulher mas
não fala como os criou, no segundo relato amplia-se detalhes que não foram ditos pelo primeiro e
isso, como eu disse, obedecia ao estilo literário egípcio usado na época que Moisés escrevera o
Genesis <mudar de câmera> O assunto da crítica textual do gênesis é, evidentemente, muito mais
amplo e técnico do que podemos apresentar num programa de TV, mas espero que o pouco
apresentado possa ter esclarecido que essa história de Lilith como primeira Mulher de Adão que
teria sido banida da Bíblia por questões machistas, não passa de mais uma teoria sem
fundamento O relato que temos do Genesis, tal qual o possuímos, este sim é mais confiável para
nossa compreensão dos primórdios da humanidade. <mudar de câmera> o programa de hoje fica
por aqui, mas nos vemos semana que vem ,,,,

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