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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO LESTE DE MINAS GERAIS

Unidade - 02

Instalações de Bombeamento

Para o dimensionamento de uma instalação de bombeamento pode ser obtido seguindo o passo a
passo simplificado conforme apresentado abaixo:

Vazão Material das tubulações Instalação/Desnível

Diâmetro das tubulações

Perda de carga nos dutos e singularidades P entre reservatórios

Altura Manométrica

Escolha da Bomba utilizando gráficos de seleção de fornecedores

1. Vazão de Bombeamento

A vazão de uma instalação de bombeamento é uma informação de projeto da instalação e depende


de variáveis como:
 Taxa de consumo per capita (Ex. Consumo residencial – 150 a 350 l/dia por habitante)
 Taxa de consumo especifico (Ex. Cervejaria – 5 l/litro de cerveja produzido)

Na falta destas informações, existem nas literaturas especializadas referencias de consumo per
capita e/ou consumo especifico.

2. Material das Tubulações

O material das tubulações é definido principalmente em função do tipo de fluido e de sua


temperatura de bombeamento. Fluidos tóxicos e/ou corrosivos demandam tubulações de materiais
especiais resistentes a estas condições de trabalho.

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3. Desnível/Instalações Típicas

Duas são as instalações típicas mais utilizadas nas instalações de bombeamento, conforme mostra
figura-01 abaixo. Nas instalações de sucção positiva o nível de água a ser bombeada fica abaixo no nível
da bomba. Nas instalações de sucção negativa a bomba fica afogada, ou seja, a bomba é instalada abaixo
do nível da água a ser bombeada.

Sucção Positiva Sucção Negativa

Figura 01 – Instalações Típicas de Bombeamento

Segue abaixo, figura 02, exemplos de algumas de singularidade utilizadas nas instalações de
bombeamento.

Figura 02 – Exemplos de Singularidades das Instalações de Bombeamento

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4. Diâmetro das tubulações

Considerando que a variação no diâmetro das tubulações tem reflexos diretos sobre o custo de
investimento e no custo futuro de operação e manutenção da instalação, o dimensionamento do diâmetro
das tubulações passa pela analise de custo beneficio, envolvendo:

 Custo de Investimento – Dinheiro gasto para a aquisição das tubulações e singularidades


 Custo Operacional – Dinheiro gasto para cobrir as despesas com a operação e manutenção
da instalação de bombeamento

Uma vez que quanto maior o diâmetro das tubulações, maior será o custo de investimento na
aquisição dos dutos e respectivas singularidades.
Por outro lado para uma mesma vazão de bombeamento, para diâmetros menores os custos de
investimentos são também mais baixos. Entretanto esta instalação irá apresentar maior a velocidade de
escoamento, maior perda de carga, maior desgaste dos dutos e singularidade.
Esta maior perda de carga irá resultar em altura manométrica maior e finalmente com maior
demanda de potencia e consumo de energia, comparado com instalação de diâmetro maior,
conseqüentemente apresentando maiores custos de operação e de manutenção.
Percebe-se, então, a necessidade a nível de projeto escolher uma faixa de diâmetro que leve a um
CUSTO TOTAL MÏNIMO somando-se os custos de investimento e de operação da instalação de
bombeamento. A figura 03 abaixo exemplifica uma simulação utilizando o chamado critério do custo
total mínimo para definição do diâmetro de uma instalação de bombeamento.

Figura 03 – Simulação: Custo de Investimento x Custo Operacional


Critério do Custo Total Mínimo

Baseado neste critério, na literatura pode-se obter vários modelos, tabelas que permitem calcular o
diâmetro econômico das instalações de bombeamento como primeira aproximação. Segue a figura 04,
onde é recomendada uma faixa recomendada para a velocidade de escoamento em função do tipo de
fluido, e do material do tubo.

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Figura 04 – Velocidades Econômicas

Dois outros modelos bastante conhecidos são sugeridos para o cálculo do diâmetro:

 Formula de BRESSE
Dk Q
Onde:

 D  Diâmetro em (m)
 Q  Vazão em (m3/s)

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 K  Coeficiente de variável, função dos custos de investimento e operação


e variam entre 0,8 e 1,3. O valor de K também pode ser usado em função da velocidade
adotada de escoamento, conforme mostrado a seguir:

Quando o diâmetro calculado pela formula de BRESSE não coincidir com um diâmetro comercial,
é procedimento usual admitir o diâmetro comercial imediatamente superior para a linha de sucção e o
comercial inferior para a linha de recalque.
A fórmula de BRESSE fornece o diâmetro da linha de recalque. Para a linha de sucção,
normalmente adota-se o diâmetro comercial imediatamente superior.

Formula da ABNT
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D  0,586 xT 4 x Q
Onde:

 D  Diâmetro em (m)
 Q  Vazão em (m3/s)
 T  Jornada de trabalho em (horas)

Aqui também não coincidindo o diâmetro calculado com um diâmetro comercial, é procedimento
usual admitir o diâmetro comercial imediatamente superior para a linha de sucção e o comercial inferior
para a linha de recalque.
Um fato interessante é que em todas as instalações de bombeamento onde para a água onde o
dimensionamento das linhas de sucção e recalque obedeceu ao critério do Custo Total Mínimo, ou seja,
conjugando-se os custos de investimento e custos operacionais de forma a obter o custo total mínimo,
constatou-se que as velocidades de escoamento ficaram dentro dos seguintes limites:

 Velocidade sucção = 1,5, a 2,0 m/s


 Velocidade Recalque = 2,5, a 3,0 m/s

5. Altura manométrica

Define-se a altura manométrica Hman de um sistema de bombeamento, conforme mostra figura 05


abaixo, como sendo a quantidade de energia que deve ser absorvida por 1 quilograma de fluido que
atravessa a bomba. Energia esta necessária para que o mesmo vença o desnível da instalação, a diferença
de pressão entre os dois reservatórios, caso exista e perda de carga natural imposta pela tubulação e
respectivas singularidades da instalação de bombeamento.

Pr  Patm
H man  H 0   H

Onde:
 Hman  Altura manométrica em (m)
 H0  Desnível geométrico em (m)
 H  Perda de carga nas tubulações e singularidades em (m)
   Peso especifico em (kg/m3)
 Pr  Pressão no reservatório de recalque (Kgf/cm2)
 Ps  Pressão no reservatório de sucção (Kgf/cm2)
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Pr
H

Hman

H0

Quando ambos os reservatórios


Ps são abertos para e sujeitos
apenas a pressão atmosférica,
temos: Patm = Ps = Pr

Figura 05 – Parâmetros Geométricos

Quando ambos os reservatórios são abertos para e sujeitos apenas a pressão atmosférica, temos:
Patm = Ps = Pr, resultando:
H man  H 0  H
6. Incrustações nas tubulações e singularidades

A perda de carga nas instalações de bombeamento consiste na resistência oferecida ao escoamento


dos fluidos que possuem viscosidade pelas tubulações e singularidades que por sua vez apresentam
rugosidades internas devido aos processos específicos de fabricação e/ou surgimento de incrustações
internas. A figura 06 abaixo mostra exemplo de formação de incrustação no interior das tubulações.
Vários fatores influenciam de uma forma direta e/ou indireta na perda de carga:

 A natureza do fluido
 O estado superficial interno da parede do tubo
 O diâmetro e a respectiva velocidade de escoamento
 A natureza do escoamento (Laminar ou turbulento)
 O comprimento das tubulações

Figura 06 – Tubulações com e sem Incrustação

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7. Cálculo da perda de carga nos trechos retos das tubulações e singularidades

A perda de carga total nos sistemas de bombeamento é a soma das perdas de carga nos trechos
retos mais as perdas de carga nas singularidades.

H   h'   h"
Onde:

 H  Perda de carga total


 h’  Somatória das perdas de carga nas tubulações de sucção e recalque
 h”  Somatória das perdas de carga nas singularidades

A perda de carga devido ao trecho reto das tubulações pode ser calculada utilizando-se de forma
conjugada do modelo de DARCY-WEISSBACH e ábaco de MOODY.

v v

Henry Philibert Gaspard Darcy


(1803-1858)

f v2
h 
'
L
D 2g  Equação de DARCY-WEISSBACH

Onde:

 h’  Perda de carga total do trecho reto (m)


 f  Fator de atrito (Ábaco de MOODY - adimensional
 D  Diâmetro da tubulação (m)
 v  Velocidade de escoamento (m/s)
Julius Ludwig Weissbach
 L  Somatório do trecho reto da tubulação (m)
(1806-1871)
 g  Aceleração da gravidade (m/s2)

Para escoamento laminar POISEUILLE propôs seguinte


correlação para o cálculo do coeficiente de atrito:
64
f 
Re
Onde:

vD
Re 
Jean Louis Marie Poiseuille 
(1799-1869)
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Segue o ábaco de MOODY e Tabela de Rugosidade:

Figura 07 – Ábaco de MOODY

Figura 08 – Tabela de rugosidade

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A perda de carga nas singularidades pode ser calculada utilizando dois métodos:

 Método dos comprimentos equivalentes


 Método da perda de carga direta

O método do comprimento equivalente consiste em substituir o acessório e/ou singularidade por


um comprimento de tubulação reta de mesmo diâmetro e material, na qual ocorra uma perda de carga
igual ou equivalente a aquela que deverá ocorrer na singularidade. Portanto o método de calculo recai no
modelo de DARCY- WEISSBACH.
Existem tabelas na literatura apresentando o correspondente comprimentos equivalentes de
tubulação das singularidades em função do diâmetro e tipo de material, conforme mostra as figura 09 e
10, abaixo.

Figura 09 – Tabela de comprimento equivalente para singularidades de aço galvanizado e ferro fundido

Figura 10 – Tabela de comprimento equivalente para singularidades de PVC e Cobre

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A perda de carga direta pode ser calculada conforme fórmula abaixo:

v2
h  K
"

2g
Onde:
 H”  Perda de carga na singularidade (m)
 v  Velocidade média do escoamento (m/s)
 K  Coeficiente de perda de carga da singularidade (Adimensional)
 g  Aceleração da gravidade (m/s2)

A perda de carga de todos as singularidades é a somatória das perdas de cada singularidade da


instalação de bombeamento, calculado conforme modelo acima. A figura 11 abaixo apresenta o valor
proposto para o coeficiente de perda de carga de algumas singularidades.

Figura 11 – Tabela do coeficiente de perda de carga


8. Medição direta da altura manométrica

Numa instalação de bombeamento em funcionamento em muitas situações do dia a dia, torna-se


necessário variar a vazão para atendimento do consumo. Esta variação de vazão é processada através da
abertura e fechamento da válvula localizada na tubulação de recalque na saída da bomba. Evidentemente
esta manobra altera o valor projetado da altura manométrica Hman. Portanto é muito comum a instalação
de um manômetro na saída da bomba e um vacuômetro na entrada da bomba para permitir o controle e
monitoramento simultâneo juntamente com o registro na saída da bomba das variáveis “Vazão e altura
manométrica”.

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 Instalação com sucção positiva

Neste tipo de instalação a bomba é montada acima do nível de água do reservatório de sucção. A
figura 12 abaixo mostra um vacuômetro instalado na entrada da bomba (Nível 1) e um manômetro
instalado na saída da bomba (Nível 2).

M
y
V

Figura 12 – Instalação com sucção positiva


Uma vez que a altura manométrica é definida como sendo a quantidade de energia absorvida por 1
kg de fluido que atravessa a bomba, temos:

 P2 V22   P1 V12 
H man     y      (I)
  2g    2g 
Considerando figura 13 abaixo, temos que as pressões vacuometrica na entrada e manométrica na
saída da bomba pode ser dado por:

M
P2
abs   Patm (II)
 

 abs 
Patm P1
V (III)
 
Somando membro a membro as expressões (II) + (III) anteriores, temos:

P 
M  V   2 abs   1 abs 
P
(IV)
  

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Substituindo a expressão (IV) na expressão (I), e como a variação da energia cinética é


desprezível, (V22/2g – V12/2g resulta:

H man  M  V  y

Ou seja, numa instalação de bombeamento, a altura manométrica é igual a soma das leituras do
manômetro colocado na saída da bomba e o vacuômetro colocado na entrada da bomba, somado ao
desnível entre os medidores de pressão.

Figura 13 – Relação entre a pressão manométrica, atmosférica e absoluta

 Instalação com sucção negativa

Neste tipo de instalação a bomba é montada abaixo do nível de água do reservatório de sucção,
isto é, a bomba fica afogada. De maneira análoga:

H man  M  h  y 

h
y
M
y

Figura 14 – Instalação com sucção negativa – (Bomba afogada)

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9. Potência Hidráulica

A potência hidráulica ou potência requerida de acionamento de uma bomba, numa instalação de


bombeamento é o trabalho realizado sobre o líquido ao passar pela bomba em um segundo, podendo ser
expressa pela equação:
 .Q.H man
N
75.
Onde:

 N  Potência hidráulica e/ou potência requerida (CV)


   Peso específico (N/m3)
 Q  Vazão de bombeamento (m3/s)
 Hman  Altura manométrica (m)
 η  Rendimento Total (Adimensional)

10. Potência Instalada

A potência instalada recomendável leva em consideração a potência do motor de fabricação


comercial imediatamente superior à potência hidráulica calculada anteriormente. Com este procedimento,
estar-se á, inclusive, admitindo-se, neste sentido, certa folga ou margem de segurança que evitará que o
motor venha, por razão qualquer, operar com sobrecarga. A admissão desta folga ou margem de
segurança é tão importante a ponto de alguns projetistas recomendarem que a mesma seja adotada nas
proporções conforme figura 15, abaixo.

Figura 15 – Margem de segurança recomendável


Segue na figura 16, abaixo, lista típica de potência dos principais motores fabricados no mercado
nacional.

Figura 16 – Lista de motores típicos


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11. Rendimento em uma instalação de bombeamento

O rendimento total de uma instalação de bombeamento (η) é dado por:

  H .V .M

Conforme definido na figura 17 a seguir:

Figura 17 – Definição dos rendimentos de uma instalação de bombeamento

12. Seleção das bombas

Finalmente após calculado e definidos os valores da vazão e altura manométrica, um modelo


adequado de bomba deve ser selecionado utilizando os gráficos de seleção normalmente disponibilizados
pelos fabricantes de bombas.
Segue na figura 18, a seguir exemplo de um gráfico de seleção de modelo de bomba.

Figura 18 – Exemplo típico de gráfico de seleção de modelo de bomba

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  3,5 x104 m s

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Logo após a definição do modelo da bomba, utilizando-se a sua curva característica pode-se
conhecer os parâmetros operacionais da bomba escolhida. Segue figura 19, abaixo uma curva
característica de um modelo de bomba.

Figura 19 – Exemplo típico de uma curva característica de uma bomba

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