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SEMINÁRIO DIOCESANO NOSSA SENHORA MÃE DA IGREJA

MARCOS GIOVANE CALIXTO SANTANA

JUAN PERÓN E LÁZARO CÁRDENAS


Governos populistas.

Presidente Prudente - SP
2022
MARCOS GIOVANE CALIXTO SANTANA

JUAN PERÓN E LÁZARO CÁRDENAS


Governos populistas.

Trabalho bimestral, apresentado a


professora Maria do Carmo Campos,
como parte das exigências para a
obtenção de nota na disciplina de
História.

Presidente Prudente,18 de outubro de 2022


DEDICATÓRIA

“As multidões nunca tiveram sede de verdades. Diante das


evidências que lhes desagradam, desviam-se, preferindo deificar o
erro se este as seduzir. Quem sabe iludi-las facilmente torna-se seu
mestre, quem tenta desiludi-las é sempre sua vítima.”
Gustave Le Bon
SUMÁRIO
1 PREÂMBULO .............................................................................................................5

2 JUAN PERÓN ..............................................................................................................5

2.1 Biografia ..................................................................................................................5

2.2 Carreira Política .......................................................................................................6

2.3 Presidente da Argentina ...........................................................................................7

2.4 Perón e Evita ............................................................................................................8

2.5 Golpe Militar ..........................................................................................................10

2.6 Volta ao poder ........................................................................................................11

3 LÁZARO CÁRDENAS ..............................................................................................12

3.1 Biografia ................................................................................................................12

3.2 Governo..................................................................................................................13

4 HUGO CHÁVEZ ........................................................................................................15

4.1 Biografia ...............................................................................................................16

4.2 Golpe Militar ..........................................................................................................16

4.3 Presidente da Venezuela ........................................................................................17

4.4 Golpe de Estado .....................................................................................................18

4.5 O Chavismo ...........................................................................................................19

4.6 Morte ......................................................................................................................19

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .....................................................................................20

6 REFERÊNCIAS .........................................................................................................20
5

1 PREÂMBULO
O populismo foi um tipo de situação política experimentada na América Latina
entre as décadas de 1930 e 1960, que teve como grande contexto propulsor a crise de 1929.
Nessa época, várias das nações latinas – vistas como portadoras de uma economia periférica
– viveram uma fase de desenvolvimento econômico seguido pelo crescimento dos centros
urbanos e a rearticulação das forças sociais e políticas. Foi em meio a essas transformações
diversas que a prática populista ganhou terreno.

A política populista é marcada pela ascensão de líderes carismáticos que buscam


sustentar sua atuação no interior do Estado através do amplo apoio das maiorias. Muitas
vezes, abandona o uso de intermediários ideológicos ou partidários para buscar na “defesa
dos interesses nacionais” uma alternativa às tendências políticas de sua época, sejam elas
tradicionalistas, oligárquicas, liberais ou socialistas. De diferentes formas, propaga a crença
em um líder acima de qualquer outro ideal.

Portanto, neste trabalho foi apresentado sobre três grandes personagens


importantes da História Geral, sendo eles Juan Perón, Lázaro Cárdenas e Hugo Chávez
ambos políticos durante o século XX e líderes populistas.

2 JUAN PERÓN.

O peronismo é como conhecemos o período da história argentina em que Juan Domingo


Perón foi o presidente desse país. O fenômeno do peronismo aconteceu especificamente
entre 1946 e 1955 e entre 1973 e 1974. O líder do peronismo, Juan Domingo Perón, é
considerado como um dos grandes símbolos do populismo na América Latina.

2.1 Biografia.

Juan Domingo Perón (1895-1974) foi um político, militar e estadista argentino. Ocupou
três vezes a presidência da Argentina. Sua segunda mulher, Eva Perón (conhecida como
Evita) tornou-se um verdadeiro mito, cultuada por milhares de pessoas.

Perón nasceu em Lobos, província de Buenos Aires, Argentina, no dia 8 de outubro de


1895. Passou a infância na Patagônia. Ingressou na escola militar aos 16 anos, época em
que a missão militar alemã assessorava o exército argentino.
6

Em 1924, Perón foi promovido a capitão. Em setembro de 1930 participou do


movimento armado que depôs o presidente Hipólito Yrigoyen. Exerceu diversos comandos,
foi adido militar no Chile, em 1936 e na Itália, entre 1939 e 1941. Teve contato direto com
o regime fascista de Mussolini, de quem se declarou grande admirador.

Figura 1- Juan Perón

Fonte: El agora Digital1

A posição neutra do governo argentino na Segunda Guerra Mundial resultou na


deposição do presidente Ramón Castillo, em 1943, pelo Grupo de Oficiais Unidos (GOU),
organização simpatizante do Eixo, da qual Perón fazia parte.

2.2 Carreira política.

Em 1944, Perón passou a se destacar à frente da Secretaria do Trabalho e Previdência


órgão com categoria de ministério, iniciando então a sua vertiginosa carreira política.

Começou um intenso trabalho de arregimentação dos operários, em especial os recém


vindos do campo – os “descamisados” – organizando-os em sindicatos, através de uma
Confederação Geral do Trabalho. Proclamava-se a si mesmo “o primeiro trabalhador”.

Em 1945, passou a acumular os cargos de Vice-presidente da República e Ministro da


Guerra. Nesses cargos, participou das decisões a respeito da situação da Argentina em
face ao desfecho da Segunda Guerra. Perón manifestou aberta hostilidade ao governo
dos Estados Unidos e a seu embaixador em Buenos Aires, Spruille Braden.

A política trabalhista de Perón despertou resistência nos meios militares conservadores


e nos círculos patronais. Em outubro de 1945, Perón foi preso, mas libertado uma semana

1
Disponível em < https://elagora.digital/8-octubre-nacimiento-juan-domingo-peron> Acesso em: 13 de out
de 2022.
7

depois graças a uma enorme manifestação popular organizada por sindicalistas e pela
artista Eva Duarte (futura Eva Peron), que ele conheceu no ano anterior em um evento
artístico e logo haviam assumido um relacionamento.

Figura 2- Juan Domingo Perón em um evento de campanha em Rosário, antes de se


tornar presidente. (1945)

Fonte: El agora Digital2

Perón voltou a seus cargos com muito mais força. Da janela do palácio presidencial,
fez um pronunciamento que foi assistido por 300 mil pessoas e transmitido por rádio para
todo o país. Perón, que foi casado com Aurélia Tizón, entre 1929 e 1938, casou-se com a
Eva Maria Duarte, que ficou conhecida como Evita, no dia 26 de outubro de 1945 e que
se tornou sua companheira também no plano político.

2.3 Presidente da Argentina

Após uma campanha amplamente financiada pela Secretaria do Trabalho e marcada


pela violenta repressão aos oposicionistas liberais, Perón foi eleito presidente da
Argentina nas eleições de 26 de fevereiro de 1946. Perón tomou posse em junho, após ter
sido promovido pelo congresso a general. Deu início a um programa de bem-estar social
denominado “justicialismo”, com grandes benefícios para as classes trabalhadoras.

O presidente decretou a intervenção do estado na economia do país. Financiou obras


públicas em larga escala, decretou a nacionalização das ferrovias, compradas em 1947

2
Disponível em < https://elagora.digital/8-octubre-nacimiento-juan-domingo-peron> Acesso em: 13 de out
de 2022.
8

aos proprietários ingleses com as reservas acumuladas durante a guerra (só a Grã-
Bretanha devia à Argentina 1 bilhão e 700 milhões de dólares).

Figura 3- Trabalhadores que se mudam para a Plaza de Mayo em 17 de outubro de


1945.

Fonte: El agora Digital3

Perón liquidou os demais partidos e criou um instrumento próprio de ação política, o


“partido único da revolução”, a que deu o nome de “Partido Peronista”. Em 1949, Perón
promoveu uma reforma constitucional, obtendo do congresso sob seu controle a
aprovação da “Carta Justicialista”, que incluía um artigo permitindo sua reeleição.

Perón interveio nas universidades e entrou em conflito com a Suprema Corte e


suprimiu a liberdade de imprensa, implantando assim a ditadura sem disfarces, embora
com apoio das massas.

2.4 Perón e Evita

Eva Perón (1919-1952) foi primeira-dama da Argentina durante o primeiro mandato


do presidente Juan Domingo Perón. Reverenciada na Argentina tornou-se um mito da
história da política mundial.

Eva Duarte de Perón, conhecida como Evita Perón, nasceu em Los Toldos, província
de Buenos Aires, Argentina, no dia 7 de maio de 1919. Filha do casamento extraoficial

3
Disponível em < https://elagora.digital/8-octubre-nacimiento-juan-domingo-peron> Acesso em: 13 de
out de 2022.
9

de Juan Duarte, proprietário de terras e da costureira Juana Ibarguren. Dos cinco filhos
do casal foi a única a não ser reconhecida legalmente por seu pai, que morreu em um
acidente de carro quando ela tinha cinco anos de idade.

Com 15 anos Eva resolveu seguir para Buenos Aires, deixando sua vida pacata no
interior para realizar seu sonho de ser atriz. Depois de procurar trabalho em alguns teatros,
conseguiu estampar algumas capas de revistas e fazer pequenos papeis em novelas no
rádio, até ficar à frente de um programa no qual declamava versos e falava sobre artistas
famosos. Com 16 anos já era uma atriz popular.

Em 1944 a Argentina vivia em meio a um golpe militar ocorrido no ano anterior.


Durante um evento artístico para angariar fundos para as vítimas de um terremoto
ocorrido na cidade de San Juan, Eva conheceu o coronel Juan Domingos Perón. Perón era
Ministro da Guerra e Chefe da Secretaria de Trabalho e Previdência do governo vigente,
onde exercia uma política voltada para a obtenção de benefícios para os trabalhadores.
Eva e Perón logo passaram a ter um relacionamento e em 1945 já estavam morando
juntos.

Não demorou muito para que Perón chegasse à vice-presidente e iniciasse uma
campanha junto aos trabalhadores para formar o Movimento Peronista do Trabalho e
chegar a Presidente da República. Seus opositores passaram a persegui-lo receosos de que
ele se transformasse em um ditador fascista. Em outubro de 1945 Perón foi detido por
ordem do presidente Edelmiro Farrell causando uma revolta popular.

Eva iniciou uma campanha de mobilização social que culminou em 17 de outubro,


quando milhares de trabalhadores, que ela chamou de “descamisados”, ocuparam o centro
da capital argentina para exigir a libertação de Perón. Dois dias depois, Perón estava livre
e no dia 26 de outubro de 1945, já estavam casados. Evita, como ficou conhecida, tornou-
se sua companheira também no plano político.

Em 1951, ano em que publicou sua autobiografia “A Razão de Minha Vida”, a


Confederação Geral do Trabalho a indicou como vice-presidente da República, mas Eva se
negava a aceitar cargos públicos, convencida que a eficácia de seu trabalho estava na sua
relação de proximidade com o povo.

Após descobrir ser portadora de uma grave doença se recolheu para tratamento, mas não
resistiu a um câncer de útero. Sua morte representou o início da decadência do regime
peronista, que em 1955 foi derrubado por um golpe militar.
10

Figura 4- Perón e Evita.

Fonte: Ebiografia4

Para evitar peregrinações ao túmulo do mito Evita, os militares transladaram seu corpo
para a Itália e mais tarde para a Espanha, onde estava exilado Perón. Em 1975, o governo
argentino presidido por Isabel Martines de Perón, a terceira esposa do general, mandou para
a Argentina os restos mortais de Eva Perón, que depois de exposto na Casa Rosada, foi
levado para o Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires.

Eva Perón faleceu em Buenos Aires, Argentina, no dia 26 de julho de 1951.

2.5 Golpe militar

Juan Domingo Perón que foi reeleito para a presidência em novembro de 1951, não pode
evitar o crescente descontentamento popular devido a inflação, corrupção e opressão que
imperava em seu governo. No dia 16 de junho de 1954, um grupo rebelado da força aérea
bombardeou a Casa Rosada, causando a morte de várias pessoas. Perón, avisado a tempo,
conseguiu escapar. Em 31 de agosto simulou uma renúncia, que não foi concretizada.

A situação tornou-se mais tensa com o conflito que resultou na separação entre a Igreja
católica e o Estado, além da expulsão de sacerdotes do país, que lhe valeu a excomunhão
decretada pela Santa Sé em junho de 1955. Em 19 de setembro de 1955, uma rebelião da
Marinha e do Exército, com apoio dos setores políticos, obrigou Perón a renunciar e
refugiar-se a bordo de uma canhoneira paraguaia fundeada no porto de Buenos Aires, que
o transportou para Assunção.

4
Disponível em < https://www.ebiografia.com/eva_peron> Acesso 14 de out de 2022.
11

De Assunção, seguiu para o Panamá, depois para a Venezuela e em seguida para a


República Dominicana, para finalmente ir fixar residência em Madri, de onde por vários
anos orientou seus partidários, mantendo a influência do peronismo na vida argentina. Os
governos militares e civis que se seguiram não conseguiram resolver a crise na Argentina,
em parte pela resistência política dos peronistas que ocupavam cargos oficiais.

Perón casou-se pela terceira vez, em 1961, com sua secretária particular a ex-dançarina
Maria Estela Martínez Cartas, conhecida como Isabelita Perón, que durante mais de dez
anos visitou a Argentina, em campanha para candidatos peronistas.

2.6 A volta ao poder.

Em 1963 o peronismo apoiou uma frente nacional popular com os radicais


independentes, mas em face das dificuldades criadas pelos comandos militares, a abstenção
foi de mais de 1 milhão e 700 mil votos. Perón tentou voltar a Buenos Aires em dezembro
de 1964, porém foi retido pelas autoridades brasileiras no aeroporto do Rio de Janeiro e
obrigado a voltar para a Espanha.

O regime militar do general Alejandro Lanusse, empossado em 1971, legalizou os


partidos políticos. As eleições de março de 1973 deram ampla vitória ao candidato peronista
Héctor Cámpora. O novo presidente e outros membros do futuro governo foram para
Madri, de onde voltaram com Perón e Maria Ester, sendo triunfalmente recebido pelo povo
argentino.

Cámpora e o vice-presidente Vicente Solano, empossados em 25 de maio de 1973,


renunciaram em 25 de junho. Raul Lastiri, presidente da Câmara dos Deputados, assumiu
provisoriamente a presidência. Novas eleições foram convocadas para 23 de setembro.
Perón e sua esposa, candidata à vice-presidente, foram eleitos na chapa da Frente
Justicialista de Liberación, por esmagadora maioria.

Pela terceira vez Perón assumia a presidência da Argentina. Sua mulher, Isabelita, a
quem o povo não aceitava como sucessora de Eva Perón - tornou-se a primeira mulher
latino-americana a ocupar o cargo de vice-presidente da república.

No período de julho a outubro de 1973 aconteceram numerosas ações terroristas. Uma


parte dos elementos de extrema esquerda, agrupados nas Fuerzas Armadas Revolucionarias
(FAR) e na organização Montoneros, abriram um crédito de confiança à situação, enquanto
o Exército Revolucionário do Povo, de tendência Trotskista, prosseguia atuando.
12

Perón condenou os movimentos terroristas e anunciou “medidas contra o marxismo”,


mas isso não impediu que continuassem os sequestros, sobretudo de executivos de
empresas estrangeiras e também ações contra os quarteis.

Juan Domingo Perón faleceu em Buenos Aires, no dia 1 de julho de 1974 deixando a
Argentina à beira do caos social. Isabelita assumiu a presidência, mas não conseguiu
controlar a onda terrorista que varreu o país. Em março de 1976, um golpe militar pois fim
à sua gestão.

3 LÁZARO CÁRDENAS.

O governo de Lázaro Cárdenas (1934-1940) foi a maior expressão do populismo


mexicano. Contrariando interesses do capital estrangeiro nos setores industrial e agrário,
buscou criar sua base de sustentação nos meios operário e camponês. Sua economia,
nacionalista, assustou os setores conservadores da sociedade mexicana, que se aliaram ao
capital estrangeiro.

3.1 Biografia

Vindo de uma família indígena muito modesta, Lázaro Cárdenas del Río recebeu apenas
o ensino fundamental. Em 1914, aderiu à Revolução Mexicana (que havia estourado quatro
anos antes), iniciando uma carreira militar na qual subiria rapidamente: dez anos depois já
era general de brigada. Durante ela, defendeu a causa constitucionalista de Venustiano
Carranza, foi nomeado chefe de operações em Veracruz e Michoacán e foi ferido na batalha
de Huejotitlán (1923).

Figura 5- Lázaro Cárdenas

Fonte: Maestrovirtuale.com5

5
Disponível em < https://maestrovirtuale.com/lazaro-cardenas-del-rio-biografia-e-governo > Acesso 15
de out de 2022.
13

Lázaro Cárdenas entrou na política sob a proteção de outro militar revolucionário, o


presidente Plutarco Elías Calles. Em 1928 foi eleito Governador de Michoacán, cargo que
aproveitou para realizar um importante trabalho de reforma que provou seu valor político
em todo o país: criou inúmeras escolas, promoveu a distribuição de terras e promoveu
associações sindicais e a democratização da universidade. Mais tarde foi Ministro do
Interior (1930-32) com Pascual Ortiz Rubio e Ministro da Guerra (1932-34).

Em 1934 ganhou as eleições presidenciais, sempre sob a proteção de Calles, que


continuou a exercer grande influência na vida política mexicana; mas, uma vez no poder,
Lázaro Cárdenas emancipou-se de sua tutela e adotou uma linha política própria, mais
inclinada à esquerda. Chegou a expulsar do país seu ex-protetor, que teve que se exilar nos
Estados Unidos (1936). Criou o Partido Revolucionário Mexicano (antecedente do PRI
posterior), no qual se integrou um amplo espectro de reformistas e progressistas:
comunistas e socialistas, liberais radicais, a Confederação dos Trabalhadores Mexicanos e
a Confederação Nacional dos Camponeses.

3.2 Governo

O governo de Lázaro Cárdenas (1934-1940) foi a maior expressão do populismo


mexicano. Contrariando interesses do capital estrangeiro nos setores industrial e agrário,
buscou criar sua base de sustentação nos meios operário e camponês. Sua economia,
nacionalista, assustou os setores conservadores da sociedade mexicana, que se aliaram ao
capital estrangeiro.

Cárdenas procurou apoio em diversos setores da sociedade, destacando-se o Exército, a


classe operária (CTM – Confederação dos Trabalhadores Mexicanos) e os camponeses
(CNC – Confederação Nacional Camponesa). Preservando-se no poder, afastou os
simpatizantes e partidários do antigo presidente das Forças Armadas e dos órgãos públicos.

Economicamente procurou modernizar a economia, tanto no setor industrial como no


setor agrícola. A indisposição com os interesses do capital estrangeiro foi imediata,
notadamente com o capital norte-americano, tendo adotado um discurso nacionalista e anti-
imperialista.

Pelo Plano Sexanal, o governo nacionalizou ou colocou sob seu controle os setores
básicos da economia. A questão petrolífera foi, sem dúvida, a questão de maior destaque
no governo Cárdenas, pois dois grandes monopólios detinham o controle da exploração do
14

petróleo mexicano: a Royal Dutsh-Shell (anglo-holandesa) e a Standart Oil (Estados


Unidos).

Em 1938, o governo empreendeu a expropriação dos bens dessas companhias,


nacionalizando-as,contando, para isso, com o apoio e a mobilização dos trabalhadores nos
campos petrolíferos. Naquele momento, o México adotara uma política de aproximação
com os países do Eixo e a conjuntura internacional apontava para uma possível Segunda
Guerra. Diante disso, o presidente norte-americano, Roosevelt, conservou as bases da
diplomacia da Política de Boa Vizinhança e evitou um conflito com o México,
considerando-o um possível aliado durante a guerra que se avizinhava.

Figura 6- El Presidente Lázaro Cárdenas, el día del VI Informe de Gobierno en la


Cámara de Diputados

Fonte: Artsandculture6

O nacionalismo de Cárdenas estendeu-se também para a questão agrária, contrariando,


novamente, o interesse de grupos norte-americanos que detinham grandes latifúndios. Ao
confisco das terras, adotou-se o ejido como forma de propriedade rural. O ejido, na
realidade mexicana, é uma propriedade rural do Estado, de uso coletivo, sendo que os
equipamentos e demais produtos necessários à produção são financiados pelo Banco
Nacional. Assim, cerca de metade das terras agricultáveis do México foi entregue aos
camponeses, superando, quantativamente, todas as políticas de distribuição de terras até

6
Disponível em < https://artsandculture.google.com/asset/el-presidente-l%C3%A1zaro-c%C3%A1rdenas-
el-d%C3%ADa-del-vi-informe-de-gobierno-en-la-c%C3%A1mara-de-diputados-juan-
guzm%C3%A1n/4AEf-64U0HscLg?hl=pt > Acesso 15 de out de 2022.
15

então realizadas, embora a grande maioria da população camponesa continuasse


trabalhando em latifúndios.

Mantendo a política, Cárdenas nacionalizou ferrovias e deu estímulo à indústria nacional


em detrimento do capital estrangeiro.

O Estado Populista de Cárdenas interveio nas relações trabalhistas, funcionando como


árbitro nos conflitos entre capital e trabalho, mantendo, porém, o movimento popular
atrelado ao Estado. Apesar do avanço dos direitos trabalhistas em seu governo, jamais se
pensou em transformar o México em um regime socialista, embora o discurso do governo
apontasse críticas ao imperialismo norte-americano e à oligarquia agrária mexicana.

No campo educacional, instituiu-se a gratuidade do ensino primário e do secundário, a


criação de escolas técnicas e a laicização do ensino. A oposição, embora pequena devido
ao grande apoio social ao governo Cárdenas, organizou um partido, a União Nacional
Sinarquista, ou sinarquismo, composto por setores militares, funcionários públicos e grupos
de tendências fascistas.

O Partido Nacional Revolucionário, de Cárdenas, reestruturado, passou a ser


denominado de Partido da Revolução Mexicana (PRM) e, em 1946, de Partido
Revolucionário Institucional (PRI). O PRM manteve, por exemplo, as estruturas do poder
nos moldes burgueses, com eleições e divisão dos poderes, embora em seu programa
constasse o projeto de socializar a economia mexicana.

Ao término do governo Cárdenas, o temor do avanço das camadas populares levou a


burguesia mexicana, que antes apoiava a política nacionalista e anti-imperialista, a se
unificar e aproximar dos Estados Unidos, assumindo uma diretriz conservadora.

Ao final de seu governo, durante os anos da Segunda Guerra Mundial, ocupou o cargo
de Secretário de Defesa.

Lázaro Cárdenas del Rio, morreu na Cidade do México em 19 de outubro de 1970.

4 HUGO CHÁVEZ

Hugo Chávez foi um militar venezuelano que organizou uma tentativa de golpe em 1992
e foi eleito presidente do país em 1998. Ocupou a presidência entre 1999 e 2013.
16

4.1 Biografia

Hugo Chávez (1954-2013) foi o 56.º presidente da Venezuela, cargo que exerceu
durante 14 anos, de 1999 a 2013, ano de sua morte. Com um governo populista promoveu
o que denominou de “socialismo do século XXI”. Foi militar das Forças Armadas onde
ocupou a patente de tenente-coronel.

Hugo Rafael Chávez nasceu no povoado de Sabaneta, em Barinas no Noroeste da


Venezuela, no dia 28 de julho de 1954. Filho de professores de escola primária realizou
seus estudos no Grupo Escolar Julian Pino e no Liceu Daniel Florêncio O’Leary.

Em 1971, com 17 anos ingressou na Academia Militar da Venezuela. Em 1975 graduou-


se em Ciências e Artes Militares e nesse mesmo ano recebeu a patente de tenente-coronel.
Passou boa parte de sua carreira militar conspirando para derrubar o governo civil. Em
dezembro de 1982 criou, com outros dois militares, o Movimento Bolivariano
Revolucionário 200 (MBR-200), de orientação nacionalista e esquerdista.

Ocupou diversos cargos nas Forças Armadas. Entre 1991 e 1992, foi comandante do
Batalhão de Paraquedistas.

4.2 Golpe Militar

Em 1992, a Venezuela atravessava grave crise econômica e financeira e buscava o apoio


do FMI. As classes populares de Caracas se mobilizavam e realizaram diversas
manifestações violentas, contra a inflação e o desemprego. As manifestações foram
reprimidas pelo Exército, provocando um forte descontentamento nas Forças Armadas.

No dia 4 de fevereiro de 1992, Hugo Chávez, até então desconhecido, e os


revolucionários do MBR-200, tentaram derrubar o presidente, Carlos Andrés Pérez. Com a
intervenção do Exército a tentativa de golpe fracassou, Chávez e outros militares foram
presos, julgados, foram condenados a dois anos de prisão.

Em maio de 1993, o Parlamento destituiu o presidente Andrés Pérez, acusado de


corrução, levando Ramón José Velasquez a governar interinamente. Em 1994, o novo
presidente eleito, Rafael Caldera, cumprindo a promessa de campanha, suspendeu o
processo aberto contra Hugo Chávez.

Depois de libertado, Chávez abandonou as Forças Armadas e entrou na luta política com
a fundação do Movimento V República (MVR). Começou a percorrer o país levando sua
proposta baseada na denúncia de corrução do sistema e dos principais partidos políticos.
17

Prometeu construir uma democracia que usaria a riqueza do petróleo do país para
melhorar a vida dos pobres. O discurso de “salvação” de Hugo Chávez contava com o apoio
de grande parte da população despreparada e que vivia na marginalidade. Chávez ganhou
prestígio e passou a ser identificado como o defensor de um governo nacionalista e dos
pobres. A oposição o acusava de populista e de vender esperanças vazias.

4.3 Presidente da Venezuela.

Em 6 de dezembro de 1998, seis anos depois do golpe fracassado, Chávez disputou as


eleições presidenciais e saiu-se vencedor, com 56,2% dos votos, com o apoio do povo, do
MVR e de vários partidos de esquerda.

Figura 7- Hugo Chávez

Fonte: História do mundo7


Hugo Chávez tornou-se presidente para o período de 1999 a 2003. Ao tomar posse no
dia 2 de fevereiro de 1999, Chávez declarou que estava jurando sobre uma Constituição
“caduca”. No dia 25 de abril deste mesmo ano, 87,75% dos venezuelanos aprovaram a
convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte para redigir uma nova Constituição
e criar as bases de seu projeto político.

No dia 15 de dezembro de 1999, foi aprovada a “Constituição Bolivariana da


Venezuela” (Bolivariana, em referência a Simón Bolívar). A nova Constituição foi redigida
e promulgada por políticos que apoiavam o novo presidente. Várias modificações foram
implantadas. O nome da capital passou a se chamar oficialmente “República Bolivariana

7
Disponível em https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/hugo-chavez.htm > Acesso
15 de out de 2022.
18

da Venezuela”, o Senado foi dissolvido e o mandato presidencial foi ampliado de cinco


para seis anos, com direito a reeleição.

No dia 30 de julho de 2000, foram convocadas as “mega-eleições” para legitimar os


poderes definidos na nova Constituição. Com 59% dos votos, Hugo Chávez venceu as
eleições presidenciais para o período de 2000 a 2006. Era o início do enfraquecimento da
democracia. Hugo Chávez promoveu diversas reformas no país. Criou um programa de
bem-estar social e políticas públicas para ampliar o acesso da população mais pobre do país
à educação e saúde.

Essas ações receberam o apoio da população mais carente, mas consolidou uma
oposição formada pela elite econômica do país, que passou a conspirar para derrubá-lo.

4.4 Golpe de Estado

A elite venezuelana insatisfeita com o corte de vários privilégios históricos, se organizou


para agir. Entre 2001 e 2002, a oposição organizou três paralisações nacionais. Em 2002, a
economia estava em crise e a aprovação do governo populista começava a cair. Membros
do Exército anunciaram a destituição de Chávez e em 11 de abril nomearam Pedro Carmona
como o novo presidente do país. Porém, um setor das Forças Armadas e das camadas
aliadas da população o reconduziu ao poder no dia 14 de abril.

Para manter-se no poder, Chávez criou mecanismos para se fortalecer e enfraquecer as


estruturas democráticas. Em 15 de agosto de 2004, em um referendo revogatório contra
Chávez, com 69,92% de participação ele saiu vencedor com 59,10% dos votos e se manteve
no poder. Nesse mesmo ano, o Poder Judiciário foi tomado. Nas primeiras instâncias
superiores não restou nenhum juiz independente. Hugo Chávez dizia que a Venezuela
estava vivendo a “Revolução Bolivariana”, que pretendia implantar o “Socialismo do
século XXI”.

No dia 3 de dezembro de 2006, Chávez é reeleito presidente com 62,84% dos votos,
para o período de 2006-2013. Com a vitória, ele reforçou o discurso de levar a Venezuela
na direção do “socialismo para o século XXI”. Em 2 de dezembro de 2007, em uma
proposta para nova reforma constitucional, Chávez perde pela primeira vez, mas não
desiste.
19

No dia 15 de fevereiro de 2010, é aprovado um referendo de uma emenda à Constituição


que pretendia a reeleição por tempo indefinido para todos os cargos, incluindo o de
presidente.

4.5 O Chavismo

Durante os 14 anos de presidência, o "Chavismo" adotou uma política de esquerda.


Controlava a maioria da Assembleia Nacional (Parlamento), os governos estaduais e
municipais. Criou milícias civis, que atuavam como quadrilhas de saqueadores impunes.
Expropriou indústrias, empresas e fazendas. Perseguiu e prendeu opositores.

Estatizou os setores considerados estratégicos para o governo, como telecomunicações


e energia elétrica. As empresas estatizadas tornaram-se improdutivas e só não fecharam as
portas porque eram subsidiadas pela petroleira PDVSA.

Restringiu a participação de multinacionais na exploração do petróleo. No país com a


segunda maior reserva de petróleo do mundo, o presidente semeou uma longa lista de
desgraças, como apagões elétricos, falta de água, inflação alta, escassez de alimentos etc.
levando o país a um gigantesco desequilíbrio econômico.

Chávez buscou alianças com governos de esquerda como Evo Morales (Bolívia), Rafael
Correa (Equador), Lula (Brasil), Raúl Castro (Cuba), Ahmadinejad (Irã) e Putin (Rússia).

4.6 Morte

Em 2011, Hugo Chávez foi diagnosticado com câncer e iniciou uma série de tratamentos
em Cuba. Em meio ao tratamento, realizou manobras políticas que lhe permitiria concorrer
quantas vezes quisesse. Em 2012 concorreu a eleição presidencial e saiu vitorioso com 55%
dos votos. Seu vice-presidente era Nicolás Maduro.

Durante quase dois anos lutando contra um câncer Chávez não resistiu. Em seu velório,
que durou três dias, mais de trinta chefes de Estado de todo o mundo estiveram presentes.

Seu corpo foi embalsamado e exposto em um mausoléu. O vice-presidente, Nicolás


Maduro, ex-motorista de ônibus e sindicalista, assumiu o cargo de presidente. Com ele, a
instabilidade política e econômica do país foi ampliada e chegou a níveis sem precedentes
na história da Venezuela.

Hugo Chávez faleceu em Caracas, Venezuela, no dia 5 de março de 2013.


20

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.

A ascensão dos regimes populistas sempre foi vista com certa desconfiança por
determinados grupos políticos internos ou estrangeiros. A capacidade de mobilização das
massas estabelecidas por tais governos, o apelo aos interesses nacionais e a falta de uma
perspectiva política clara poderia colocar em risco os interesses defendidos pelas elites que
controlavam a propriedade das terras ou das forças produtivas do setor industrial.

Dessa forma, podemos compreender que o populismo entrou em crise no momento em


que não conseguiu mais negociar os interesses – muitas vezes antagônicos – das elites
econômicas e das classes trabalhadoras. Quando as tensões políticas e sociais chegaram a
tal ponto, podemos ver que grupos nacionais conservadores buscaram apoio político
internacional, principalmente dos Estados Unidos, para varrer o populismo por meio da
instalação de ditaduras que surgiram entre as décadas de 1950 e 1970.

6 REFERÊNCIAS
Fernández, Tomás e Tamaro, Elena. Biografia de Lázaro Cárdenas. Em biografias e
vidas. A enciclopédia biográfica online [Internet]. Barcelona, Espanha, 2004. Disponível
em https://www.biografiasyvidas.com/biografia/c/cardenas.htm [Data de acesso: 14 de
outubro de 2022].

MOUTINHO, Wilson. Governo Lázaro Cárdenas. 5 mar. 2020. Disponível em:


https://www.coladaweb.com/historia/lazaro-cardenas. Acesso em: 15 out. 2022.

WIECHERS, Enrique. Morre Lázaro Cárdenas, Construtor de uma política


nacionalista e democrática. 11 ago. 2020. Disponível em:
https://www.cndh.org.mx/noticia/fallece-lazaro-cardenas-constructor-de-una-politica-
nacionalista-y-democratica. Acesso em: 15 out. 2022.

SEOANE, María. Perón, Juan Domingo. 19 jun. 2020. Disponível em:


http://latinoamericana.wiki.br/verbetes/p/peron-juan-domingo. Acesso em: 14 out. 2022.

SILVA, Daniel Neves. Peronismo. Brasil Escola. Disponível em:


https://brasilescola.uol.com.br/historia-da-america/peronismo.htm. Acesso em 14 de
outubro de 2022.

SILVA, Daniel. Hugo Chávez. 12 ago. 2020. Disponível em:


https://mundoeducacao.uol.com.br/historia-america/hugo-chavez.htm. Acesso em: 14 out.
2022.

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