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HISTÓRIA

HISTÓRIA DO BRASIL
REPÚBLICA

Fabiano Luiz Curtulo


Andréa Aníbia Wolff
HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
UNIDADE 1 - Movimento Republicano no Mundo e no Brasil
Fabiano Luiz Curtolo
Andréa Wolff

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Os ideais republicanos ressurgiram durante os séculos XVIII e XIX, no contexto


das ideias iluministas, que entre outras pregações, propunha a liberdade política e
econômica e a igualdade social e jurídica.
O republicanismo chegou ao Brasil trazido pelos ventos do iluminismo francês,
na figura dos filhos dos ilustres membros da elite rural, ou mineradora colonial que se
diplomavam bacharéis em direito na Europa.
A crise da Monarquia e a ascensão do republicanismo brasileiro, na segunda
metade do século XIX, são consequência das transformações sociais, econômicas,
militares, e consequentemente políticas.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Republicanismo no Mundo

O conde de Montesquieu, baluarte do iluminismo, apresentou uma proposta


política que visava à divisão dos poderes políticos em três partes, os quais agiriam de
forma independente e inter-relacionada. Ele idealizou o Estado regido por três poderes:
Legislativo, Executivo e Judiciário, e essa teoria influenciaram muitas nações modernas,
além da causar impacto na política.
A Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, em 4 de Julho
de 1776, apresentava claramente as propostas iluministas republicanas, isto é, o direito
inalienável do homem à vida, à liberdade e à busca da felicidade.
A Revolução Francesa representam a difusão dos ideais republicanos burgueses,
e serviram de influência para todos os demais movimentos de libertação. Ela é
considerada como o acontecimento que deu início à Idade Contemporânea, pois aboliu

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a servidão e os direitos feudais e proclamou os princípios universais de "Liberté, Egalité,


Fraternité”, frase de autoria de Jean-Jacques Rousseau.
Durante o processo revolucionário francês, foi publicada a “Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão”, cujo objetivo era ratificar oficialmente os ideais de
Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Republicanismo no Brasil

Os ventos do republicanismo soprariam tardiamente no Brasil, primeiro nos


movimentos emancipacionistas do século XVIII (Inconfidência Mineira e Conjuração
Baiana) e posteriormente, em meados do século XIX, na Revolução Praieira em
Pernambuco (1848), a qual, segundo alguns autores, foi o último movimento de
contestação ao modelo monárquico, antes do conjunto de fatores que levariam à ruína
do império brasileiro.
As ideias iluministas chegaram ao Brasil, através de muitos brasileiros das classes
mais altas da sociedade que iam estudar em universidades da Europa e entravam em
contato com as teorias e pensamentos que se desenvolviam em território europeu. Ao
retornarem ao país, após os estudos, estas pessoas divulgavam as ideias do iluminismo,
principalmente, nos centros urbanos.
Durante a Guerra do Paraguai, os militares brasileiros acabaram tendo contato
com combatentes de outros países, o que os levou a aprofundar o conhecimento em
outros regimes políticos. Então, os militares começaram a criar um interesse muito
grande pelo ideal republicano e a Guerra só evidenciou o quanto suas carreiras eram
desvalorizadas, pois não tinham autonomia nenhuma, uma vez que eram comandados
pelo Imperador.
Os ideais iluministas, outrora citados (liberdade, igualdade e fraternidade),
difundiram-se e ganharam adeptos. Porém, esses movimentos foram duramente
reprimidos e sufocados pelas forças militares que defendiam os interesses da coroa

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portuguesa, mas um século adiante, serviriam de embasamento ideológico para a


difusão da propaganda de aceitação popular da transformação política no Brasil,
quando a Monarquia foi substituída pela República.
Em 1870 foi fundado o PRP (Partido Republicano Paulista), organizado pela elite
cafeeira paulista ou burguesia do café. Tinha por objetivo, combater os antigos partidos
políticos do império e, atacar veementemente a instituição monárquica em defesa da
proposta do federalismo, ou seja, da autonomia das províncias. Segundo Boris Fausto
em História concisa do Brasil:
“A República concretizou a autonomia estadual, dando
plena expressão aos interesses de cada região”; (pag.
148).

O Imperador D. Pedro II estava fragilizado por uma série de fatores que


ocorreram ao longo das décadas de 1870 e 1880, entre eles, a campanha abolicionista
que se difundiu no país após a Guerra do Paraguai (1864-1870), quando os militares,
impedidos de se pronunciarem politicamente, se aliaram aos cafeicultores do Oeste
Paulista, ambos insatisfeitos com o modelo monárquico.
A Proclamação da República no Brasil, em 15 de novembro de 1889, foi o
resultado de uma conjunção de fatores econômico-político-militares, pois a burguesia
cafeeira paulista requeria maior participação política e o Exército era tradicionalmente
preterido pela Armada (Marinha). A aliança entre os cafeicultores e os militares do
Exército Brasileiro resultou na deposição do Imperador e na consequente mudança do
modelo político.
Durante todo o processo Pedro II não demonstrou qualquer emoção, como se
não se importasse com o desenlance. Ele rejeitou todas as sugestões para debelar a
rebelião feitas por políticos e militares.
Quando soube da notícia de sua deposição, simplesmente comentou: "Se assim
é, será minha aposentadoria. Trabalhei demais e estou cansado. Agora vou descansar".
Ele e sua família foram mandados para o exílio na Europa, partindo em 17 de
novembro.
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Teresa Cristina, ex imperatriz do Brasil, casada com D. Pedro II.


Maior vítima do exílio imposto à família imperial após a Proclamação da República, teve
uma crise emocional profunda e morreu logo que pôs os pés em Portugal.
Houve resistência monarquista significante após a queda do Império, o qual foi
sempre reprimida. Distúrbios contra o golpe ocorreram, assim como batalhas renhidas
entre tropas monarquistas do Exército contra milícias republicanas. O “novo regime”
suprimiu com rápida brutalidade e total desdenho por todas as liberdades civis
quaisquer tentativas de criar um partido monarquista ou de publicar jornais
monarquistas.
Pedro II professou seu amor pelo Brasil ao longo de toda a vida e seu legado de
realizações é o maior testemunho deste afeto que contribuiu para a formação da nossa
identidade nacional.

BUSCANDO CONHECIMENTO

O iluminista
http://www.youtube.com/watch?v=YEJ6Jcpkv4o

Montesquieu e a divisão dos poderes


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http://pnld.moderna.com.br/2012/01/18/montesquieu-e-a-divisao-dos-poderes/

Filme: O Patriota (no original: The Patriot)


Gênero ação e drama dirigido por Roland Emmerich (Independencia dos EUA)

Entrevista: Historiador fala sobre o impacto da República no Brasil


http://www.epochtimes.com.br/entrevista-historiador-fala-sobre-o-impacto-da-
republica-no-brasil/

A transição entre essas duas formas de governo


http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/monarquia-e-republica-entenda-
a-transicao-entre-essas-duas-formas-de-governo.htm

A República Brasileira
http://educaterra.terra.com.br/voltaire/500br/republica.htm

As origens da republica; de Emília Viotti


http://cafehistoria.ning.com/

Movimento Republicano
http://www.youtube.com/watch?v=LMalmFnjhQQ

Itu - Cidade berço do Movimento Republicano


http://www.youtube.com/watch?v=runf44ZturU

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UNIDADE 2 - A Primeira República – 1889 a 1930
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CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

O período da história política brasileira que vai de 1889 a 1930 costuma ser
designado pelos historiadores de diferentes modos: República Oligárquica –República
do Café com- Leite – República Velha – Primeira República.
A República Velha é dividida pelos historiadores em dois períodos. O primeiro
período, chamado de República da Espada, O segundo período que foi chamado de
República Oligarquica.

ESTUDANDO E REFLETINDO

A Elite
Fazendeiros de Café, representada pelos partidos regionais, o principal partido
regional era o paulista PRP – Partido Republicano Paulista. Essas elites estavam muito
mais preocupadas com os seus interesses em cada região. Por razões claramente
econômicas, o sonho era fazer uma República, que fosse pouco centralizada. O que
significava o fim de centralização imperial, e a autonomia dos Estados que se tornaria
muito amplo, e sendo assim a possibilidade de impor ao país um sistema que
favorecesse o núcleo agrário-exportador em expansão.

Os Militares
O Exército, era a outra força que deu origem a república, tinham concepções
diferentes dessas elites civis, onde a ideia era uma república centralizada, autoritária,
tinham motivos de ordem corporativa e ideológica para se opuser à monarquia. Os
militares estavam mais preocupados com a unidade nacional.
A Guerra do Paraguai favoreceu a identificação dos militares como grupo, e eles
começaram a criticar a posição secundária que o Império conferia à instituição. Essa luta

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foi ganha pelas elites civis, mas nos primeiros tempos os militares predominaram, basta
se pensar nos governos de Deodoro e Floriano.

República da Espada
Foi dominado pelos setores mobilizados do Exército apoiados pelos
republicanos, e vai da Proclamação da República do Brasil, no 15 de Novembro de 1889,
até a eleição do primeiro presidente civil, Prudente de Moraes. A República da Espada
teve viés mais centralizador do poder, em especial por temores da volta da Monarquia,
bem como para evitar uma possível divisão do Brasil. Seus presidentes militares:
 Marechal Deodoro da Fonseca (1889-1891)
 Marechal Floriano Peixoto (1891-1894)
Principais medidas modernizadoras:

Instituição da República Federativa dos Estados Unidos do Brasil: modelo político


republicano que concede autonomia aos estados, oficializando a descentralização
política.
Transformação das Províncias em Estados: oficializava a adoção do modelo federalista
(descentralização política), uma vez que a denominação província estava fortemente
ligada à Monarquia.
Banimento da Família Real do Brasil: evitar qualquer reação monárquica. Extinção do
Senado Vitalício: faz parte das transformações políticas de cunho estrutural, uma vez
que o Senado representava a base de apoio do imperador, pois esses senadores eram
escolhidos pelo mesmo.
Dissolução da Câmara dos Deputados: evitar oposição às transformações operadas e
preparar a esfera do poder legislativo para as novas diretrizes políticas vindouras.
Supressão do Conselho de Estado: extinção de um dos principais órgãos políticos ligados
ao modelo monárquico.

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Convocação de Eleições para o Congresso Constituinte: reunir os deputados constituintes


responsáveis pelo estudo, organização e composição das leis da nova Constituição do
país, promulgada oficialmente em 1891.
Concessão de cidadania aos estrangeiros que viviam no Brasil (grande naturalização de
estrangeiros): para alguns autores, tal lei permitiu um aumento significativo dos
brasileiros brancos (imigrantes europeus) numa sociedade tradicionalmente marcada
pelo escravismo africano e significativamente representada pelos afrodescendentes.
Separação entre Igreja e Estado: faz parte da política de laicização do Estado,
ideologicamente vinculado aos ideais positivistas difundidos durante o Movimento
Republicano.
Secularização dos Cemitérios: esses locais não seriam mais administrados pela igreja,
tornando os municípios responsáveis pelos locais de sepultamento.
Estabelecimento da liberdade de cultos religiosos, com isso, o catolicismo deixou de ser a
religião oficial: processo de liberdade religiosa, tradicionalmente ligado aos ideais
iluministas e republicanos.
Extinção do Padroado e do Beneplácito: o padroado era o direito do imperador nomear
cargos eclesiásticos católicos e o beneplácito era o direito de o imperador examinar as
decisões da igreja antes das mesmas entrarem em vigor no Brasil.
Criação dos Cartórios de Registros Civis, para legalizar nascimentos e casamentos:
Diminuição da influência da Igreja, pois essa instituição era a responsável pelos ditos
registros.

Encilhamento
Ainda no Governo Provisório, o jurista Rui Barbosa foi nomeado para o
Ministério da Fazenda e, com o intuito de estimular os investimentos no setor industrial,
facilitou a obtenção de crédito. A concessão exagerada de crédito foi possibilitada pela
excessiva emissão de papel-moeda, sem lastro ouro, tornando o governo responsável
pelas consequências econômicas.

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A intenção era fazer com que aqueles que obtivessem o financiamento público
investissem no setor produtivo, o qual timidamente se mostrava como uma opção
inovadora. Porém, a maioria dos beneficiados preferiu investir tais recursos na bolsa de
valores, esperando um lucro mais rápido e menos trabalhoso que o setor produtivo,
pois os juros cobrados pelo governo eram inferiores às expectativas de ganho no
mercado de ações. Em plena crise do Encilhamento, o Congresso elegeu de forma
indireta Deodoro da Fonseca para a presidência da República e Floriano Peixoto para a
Vice-presidência.

República Oligarquica
Foi o período da implantação e consolidação da política oligárquica, controlada
por grupos político-econômicos, principalmente os cafeicultores de São Paulo e os
criadores de gado de Minas Gerais, colocando o Estado brasileiro a serviço de seus
interesses.
A República Oligárquica é a denominação dada ao período de 1894 a 1930, em
que a política do país era dirigida por oligarquias agrárias e por representantes civis na
presidência. Prudente de Morais foi o primeiro presidente civil que favoreceu a volta do
poder agrário já que estes estavam limitados a dominar somente o poder legislativo.
Foram presidentes do referido período:
 Prudente de Morais (1894-1898)
 Campos Sales (1898-1902)
 Rodrigues Alves (1902-1906)
 Afonso Pena (1906-1909)
 Nilo Peçanha (1909-1910)
 Hermes da Fonseca (1910-1914)
 Venceslau Brás (1914-1918)
 Delfim Moreira (1919)
 Epitácio Pessoa (1919-1922)

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 Artur Bernardes (1922-1926)


 Washington Luís (1926-1930)
Partidos Políticos Estaduais
O período denominado República das Oligarquias ficou marcado pelo
monopólio político exercido pela elite rural brasileira, reunida nos vários partidos
republicanos estaduais: PRP (Partido Republicano Paulista), PRM (Partido Republicano
Mineiro) e PRR (Partido Republicano Rio-grandense), os quais representavam
respectivamente o poder econômico, político-eleitoral e militar.
Fazendo uso do modelo constitucional que estabelecia o voto aberto (não
secreto) para a presidência da República, manipulavam os eleitores e realizavam
acordos políticos para se perpetuarem no poder.

Política do café com Leite


A política do café com leite foi uma política de revezamento do poder nacional
executada na República Velha pelos estados de São Paulo - mais poderoso
economicamente, principalmente devido à produção de café - e Minas Gerais - maior
polo eleitoral do país da época e produtor de leite.
Foram raras as vezes que esses dois estados se separaram de forma oposta nas
eleições presidenciais, sendo que o principal exemplo foi o ano de 1910, quando se
sagrou vencedor o candidato do Rio Grande do Sul Marechal Hermes da Fonseca,
sobrinho do ex-presidente Deodoro da Fonseca, saiu-se vitorioso nas eleições mais
concorridas do período da República Velha.
Durante seu governo, Hermes da Fonseca empenhou-se em realizar a “Política
das Salvações”, denominação política dada ao autoritarismo implícito nas substituições
das velhas oligarquias dos Estados opositores durante o processo eleitoral, por políticos
mais jovens ligados ao Presidente da República.

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BUSCANDO CONHECIMENTO

Livro: História do Brasil


Boris Fausto -Edusp Ano: 2004

Site: Info Escola:


http://www.infoescola.com/historia-do-brasil/republica-velha

Museu Prudente de Moraes


http://www.museuprudentedemoraes.piracicaba.sp.gov.br/home.php

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UNIDADE 3 - Governo Provisório; a Concepção de República e a 1ª Constituição da República 1891
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CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

A Proclamação da República ocorreu dia 15 de novembro de 1889, no Rio de


Janeiro, então capital do Império do Brasil, na Praça da Aclamação (hoje Praça da
República), quando um grupo de militares do Exército brasileiro, liderados pelo
comandante Marechal Deodoro da Fonseca, deu um golpe de estado e depôs o
imperador D. Pedro II. Institui-se então a República Brasileira, o regime republicano no
país, derrubando a Monarquia, sem derramamento de sangue.
Após o início da República, havia a necessidade da elaboração de uma nova
constituição, pois a antiga ainda seguia os ideais monárquicos. A constituição de 1891
garantiu alguns avanços políticos, embora apresentasse algumas limitações, pois
representava os interesses das elites agrárias do país.

ESTUDANDO E REFLETINDO.

O Brasil acordou monarquista na sexta-feira 15 de novembro de 1889 e foi


dormir republicano. A República subtrai um grande país para si, e o Brasil entra numa
nova era a República, um regime que permite:

- a ampliação da cidadania,
- a participação popular,
- a democracia.

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O governo provisório tem muitos ministros de talento, mas os problemas


imediatos que eles terão de resolver são os mesmos que embaralharam o Império: o da
indenização pela abolição, o da autonomia das províncias através da Federação e o da
anarquia militar que os próprios golpistas criaram.

Governo Provisório
Faziam parte do governo provisório, organizado na noite de 15 de novembro, o
Marechal Deodoro da Fonseca como presidente e, como ministros, Benjamin Constant
(da Guerra), Quintino Bocaiúva (das Relações Exteriores), Rui Barbosa (da Fazenda),
Campos Sales (da Justiça), Demérito Nunes Ribeiro (da Agricultura); O Almirante Eduardo
Wandenwolk (da Marinha), Aristides Lobo (do Interior). Sendo que nessa data, o jurista
Rui Barbosa assinou o primeiro decreto do novo regime, instituindo um governo
provisório. O primeiro artigo do decreto inaugural do governo afirma:
"Fica proclamada provisoriamente e decretada como forma de governo da nação
brasileira a República Federativa".
Durante o governo provisório foi decretada a separação entre Estado e Igreja; foi
concedida a nacionalidade brasileira a todos os imigrantes residentes no Brasil; foram
nomeados governadores para as províncias que se transformaram em estados.
A família imperial brasileira foi banida do território brasileiro, só podendo a ele
retornar a partir de 1920, com o decreto 4120 de 3 de setembro de 1920 que revogou o
banimento da família real.

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O "Governo Provisório" terminou com a promulgação, em 24 de fevereiro de


1891, da primeira constituição republicana do Brasil, a constituição de 1891, passando, a
partir daquele dia, Deodoro a ser presidente constitucional, eleito pelo Congresso
Nacional, devendo governar até 15 de novembro de 1894. Deodoro, apoiado pelos
militares, derrotou o candidato dos civis, Prudente de Morais.
Assim que tomou “o lugar” do regime monárquico, os republicanos se
preocuparam em estabelecer novos símbolos que tivessem a função de representar a
transformação política acontecida no final do século XIX.
Foi criada uma nova bandeira nacional, em 19 de novembro, com o lema
positivista "Ordem e Progresso":

A bandeira do Brasil é um dos quatro símbolos oficiais da República Federativa


do Brasil. Os outros símbolos da República são as armas nacionais, o hino nacional e o
selo nacional. Já em janeiro de 1890, o governo provisório do Marechal Deodoro da
Fonseca lançou um concurso visando à oficialização de um novo hino para o Brasil e o
vencedor foi O Hino à Proclamação da República do Brasil letra de Medeiros e
Albuquerque, e música de Leopoldo Miguez.

“Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!”

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República

A palavra República significa "coisa pública, coisa de todos", indicando um


sistema de governo que tem como objetivo atender aos interesses de todos os
cidadãos. Em uma República, o país é governado pelo presidente, que é eleito pelo
povo por meio de voto direto. O termo República foi concebido pelos romanos durante
o processo de deposição do rei Tarquínio, o soberbo, o qual resultou na mudança do
modelo político vigente em Roma (Monarquia – República) no ano de 509 a.C. A
primeira república moderna foram os E.U.A., que adotaram em 1787 Constituição
presidencialista, sendo seguidos pelos países da América espanhola e, no ano de 1889,
pelo Brasil.
Desde 1889 até os dias atuais, o sistema de governo no Brasil é republicano. Em
uma República, o governo não é hereditário, ou seja, não passa de pai para filho. Os
governantes são eleitos por meio de voto para exercer o poder durante um tempo
determinado (no caso do Brasil, por quatro anos), podendo ser reeleito uma única vez.
Durante o Governo Provisório, o Congresso Constituinte reuniu-se com o intuito
de elaborar uma Constituição Republicana para o país. O então deputado Prudente de
Morais, representante da burguesia cafeeira paulista, presidiu as seções e orientou os
trabalhos.

Constituição Republicana de 1891

A Constituição republicana brasileira seguia o modelo norte-americano e


assegurava as medidas modernizadoras tomadas durante o Governo Provisório. O
direito de voto a todos os cidadãos, independentemente de sua posição econômica,
contrariando e sepultando o modo censitário de cidadania do império, em outras

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palavras, o voto censitário foi substituído pelo voto universal. Entretanto, eram cidadãos
com direitos políticos apenas os homens, maiores de 21 anos alfabetizados.
A votação ocorria de forma direta e descoberta (não secreta), fato que
possibilitava a prática do coronelismo, isto é, uma maneira encontrada pela elite rural
brasileira de controlar seus eleitores, obrigando-os, em troca de favores, a votar nos
candidatos indicados pelos coronéis, sob pena de sofrer sérias represálias se agissem
de maneira autônoma. Ocorreu ainda, a tripartição dos poderes, sendo que:
O poder Executivo seria exercido pelo presidente da República eleito para um
mandato de 4 anos, sem direito à reeleição (esta só seria permitida no Brasil a partir de
uma reforma constitucional ocorrida em 1997-1998, durante o primeiro mandato do
então presidente Fernando Henrique Cardoso) e pelos seus ministros de Estado,
nomeados e se necessário demitido pelo presidente.
O poder Legislativo era exercido pelo Congresso Nacional, formado pela Câmara
dos Deputados Federais e pelo Senado Federal.
O Poder Judiciário encontrava sua maior instância no Supremo Tribunal Federal, o
qual contava ainda com o auxílio de outros tribunais e juízes.

BUSCANDO CONHECIMENTO
República Velha – Boris Fausto
http://www.youtube.com/watch?v=PBGhQDaieDo

Significado República
http://www.significados.com.br/republica/

Decreto Nº 1º, de 15 de Novembro de 1889:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1851-1899/D0001.htm

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Hino da Republica
https://www.youtube.com/watch?v=nJfKSfqiPqA

História do Brasil
http://www.historiadobrasil.net/republica/

Constituição da República
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao91.htm

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UNIDADE 4 - Primeiras Revoltas na República Velha
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CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Para evitar uma guerra civil, o marechal Deodoro optou por renunciar à
Presidência da República. O seu cargo foi assumido pelo vice-presidente Floriano
Peixoto. A Constituição de 1891, no entanto, garantia que, se a presidência ou a vice-
presidência ficassem vagas antes de se completarem dois anos de mandato, deveria
ocorrer uma nova eleição, o que fez com que a oposição começasse a acusar a Floriano
de estar ilegalmente no cargo.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Durante o período militar (1889-1894) ocorreu a Revolta da Armada séria ameaça


ao governo Floriano Peixoto, e uma de caráter regional, a Revolução Federalista.
Primeira Revolta Armada
Aconteceu no ano de 1891, em represália à maneira de atuar do então
presidente da República Marechal Deodoro da Fonseca que, ao ver-se diante de sérios
problemas para lidar com os partidos políticos contrários ao governo - representados
pela nata cafeicultora - resolveu tomar uma atitude radical, fechar o Congresso,
transgredindo a Constituição de 1891. Uma ação coletiva por parte de alguns centros da
marinha, entre eles o da Baía de Guanabara, que se revoltaram e prometeram atacar a
cidade do Rio de Janeiro, então capital da República.
Para evitar o pior, Deodoro da Fonseca, então com apenas nove meses de
gestão, decidiu renunciar. Seu vice, Floriano Peixoto, assume provisoriamente, pois
segundo a Constituição, no prazo sumo de dois anos seriam chamadas novas eleições
presidenciais. Quando se aproximava o fim de seu mandato à oposição começou a
alardear que Floriano pretendia continuar no governo ilicitamente.

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UNIDADE 4 - Primeiras Revoltas na República Velha
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Segunda Revolta Armada

Teve início com uma agitação encabeçada por alguns generais, que enviaram
uma carta ao presidente Floriano Peixoto ordenando-lhe que convocasse
imediatamente novas eleições, em obediência à Constituição. O presidente coibiu
severamente a insubordinação, ordenando a prisão dos condutores do levante.
O golpe era comandado pelos oficiais superiores da armada Saldanha da Gama
e Custódio de Melo, que ambicionava substituir Floriano Peixoto.
O movimento retratava a insatisfação da Marinha, que se sentia politicamente
inferior ao Exército. O levante não encontra apoio necessário no Rio de Janeiro,
migrando então para o Sul. Algumas tropas se aquartelaram na cidade de Desterro –
atual Florianópolis – e tentaram um acordo com os gaúchos partidários do federalismo,
porém sem êxito.
Em março de 1894 o Presidente da República, amparado pelas forças do Exército
brasileiro, pelo Partido Republicano Paulista e contando com uma nova frota de navios
obtida com urgência no exterior, abafou o movimento.
O jornalista Eduardo Bueno comenta sobre a Revolta da Armada:

Ela entrou para a história com o nome de Revolta da Armada,


pois até o século 19, a Marinha era chamada de... Armada.
Foram duas revoltas: a de novembro de 1891, quando caiu o
presidente Deodoro da Fonseca; e a de setembro de 1893, em
que rebeldes foram fuzilados na então Desterro, depois
batizada Florianópolis, em homenagem a Floriano Peixoto,
quem ordenou a matança. – Brasil: Uma HISTÓRIA, Edit. Leya. –
Pag. 254.

As motivações dessa revolta remontam à histórica rivalidade entre a Marinha


(Armada) e o Exército, pois a primeira ainda guardava a imagem de vinculo com a
Monarquia, enquanto o Exército era tradicionalmente a força republicana. Além disso,
temia-se a força da Marinha, única capaz de derrotar Floriano Peixoto.

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HISTÓRIA DO BRASIL REPUBLICA
UNIDADE 4 - Primeiras Revoltas na República Velha
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Andréa Wolff

Os rebeldes da Armada do Rio de Janeiro uniram forças com os federalistas do


Rio Grande do Sul, e realizaram ataques à capital na Baía de Guanabara. Como ambos
tinham o caráter antiflorianista, foram igualmente reprimidos violentamente pelas
forças legais republicanas.
“Tinham razão: a revolta veio a acabar daí a dias. A esquadra
legal entrou; os oficiais revoltosos se refugiaram nos navios de
guerra portugueses e o marechal Floriano ficou senhor da baía.
“No dia da entrada, acreditando que houvesse canhoneiro, uma
grande parte da população abandonou a cidade, refugiando-se
nos subúrbios, por baixo das arvores, na casa de amigos ou nos
galpões construídos adrede pelo Estado.
“O fim do levante foi um alívio (...) e o marechal ganhou feições
sobre-humanas com a vitória.”(Barreto, Lima. Triste fim de
Policarpo Quaresma).

Revolução Federalista: 1893-1895


Uma das regiões politicamente mais instáveis do país nos primeiros anos da
República era o Rio Grande do Sul.
Os conflitos políticos entre os dois principais grupos opositores do estado, os

republicanos (maragatos) e os federalistas (pica-paus), acirrou-se durante o governo de


Floriano, transformando-se em Guerra Civil que se estendeu ao estado de Santa
Catarina.
Os federalistas eram acusados de serem simpatizantes da Monarquia, pois
defendiam a centralização política e o parlamentarismo.
Os republicanos controlavam a política local do Rio Grande do Sul e haviam
promulgado uma Constituição de caráter positivista.
Os castilhistas, denominados dessa maneira, pois seu líder era o tradicional
político gaúcho Júlio de Castilhos, era apoiado pelo presidente Floriano. A Constituição
rio-grandense era a única do país que permitia a reeleição para governador do estado,
assegurando o monopólio político. O apoio do Presidente a esse grupo provocou a
reação política dos pica-paus (federalistas), os quais se tornaram ferrenhos
antiflorianistas.
O governo federal agiu violentamente sufocando a ação dos rebeldes.

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UNIDADE 4 - Primeiras Revoltas na República Velha
Fabiano Luiz Curtolo
Andréa Wolff
“Uma das regiões mais instáveis do país nos primeiros anos da
República era o Rio Grande do Sul. Entre a proclamação da
República e a eleição de Júlio de Castilhos para a presidência do
estado, em novembro de 1893, dezessete governos se
sucederam no comando do estado. Opunham-se, de um lado,
os republicanos históricos adeptos do positivismo, organizados
no Partido Republicano Rio-grandense (PRR) e, de outro, os
liberais. Em março de 1892 estes fundaram o Partido Federalista,
aclamando como seu líder Silveira Martins, prestigiosa figura do
Partido Liberal no Império. – Bosris Fauto – Pa. 220 – História do
Brasil.

O historiador Boris Fausto afirma que As bases sociais dos federalistas


encontravam-se principalmente entre os estancieiros da Campanha, região localizada
no sul do estado, na linha de fronteira com o Uruguai. Eles constituíam a elite política
tradicional, com raízes no Império. Os republicanos baseavam-se na população do
litoral e da Serra, onde se encontravam muitos imigrantes. Formavam uma elite recente,
que irrompia na política disposta a monopolizar o poder.

“A guerra civil entre os dois grupos, conhecida como Revolução


Federalista, começou em fevereiro de 1893 e só terminou mais
de dois anos e meio depois, já na presidência de Prudente de
Morais. A luta foi implacável, dela resultando milhares de
mortos. Muitos deles não morreram em combate: foram
degolados após terem caído prisioneiros”. (Fausto, Boris, idem).

BUSCANDO CONHECIMENTO

History – Hoje na História


http://hojenahistoria.seuhistory.com/marechal-deodoro-da-fonseca-renuncia-presidencia-do-brasil

Livro: Uma História , Eduardo Bueno - Edit. Leya. – Pag. 254.


http://seuhistory.com/eduardo-bueno/a-revolta-da-armada-eduardo-bueno.html

Ebook: Triste fim de Policarpo Quaresma – Lima Barreto


http://revistavivelatinoamerica.com/2014/02/01/lima-barreto-triste-fim-de-policarpo-quaresma-baixar-livro-em-pdf-
brasil/

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HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
UNIDADE 05 - A Economia na República Velha
Fabiano Luiz Curtolo
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CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Durante a Primeira República (1889-1930) a economia brasileira se caracterizava


pelo predomínio da atividade agroexportadora.
O café, o açúcar, a borracha, o cacau e o fumo eram os principais produtos e

geradores de rendas para o país. Já se registrava, entretanto, o funcionamento de


diversas indústrias, inauguradas desde as últimas décadas século XIX.

ESTUDANDO E REFLETINDO

O café proporcionava poder econômico e poder político. Entretanto, existiam


outros produtos que tiveram relativa importância nas exportações brasileiras. Todo eixo
estava voltado para produção de determinados bens que seriam vendidos no exterior,
houve um grande impulso na população região centro sul por causa do café e do sul
por causa da instalação da pequena propriedade, carateristica do Paraná, Santa
Catarina e parte do Rio Grande do Sul.

Café

São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro produziam 70% de toda a da produção
de café mundial. O estado de São Paulo representava o maior de todos os produtores
de café do país e isto teve como consequência o enorme poder político alcançado
pelos latifundiários desta região. Pelo fato de gerar tanta riqueza todo proprietário de
terra só queria produzir café. Resultado: na última década do século XIX já era
verificada uma situação de superprodução de café no Brasil.
A economia cafeeira passou a mostrar sinais de crise. As causas desta crise
estavam no excesso de produção mundial. A oferta, sendo maior que a procura,
acarreta uma queda nos preços prejudicando os fazendeiros de café.

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O convênio de Taubaté

O convênio de Taubaté foi um encontro realizado em 1906 pelos governadores


dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, na cidade paulista de Taubaté,

com o objetivo de encontrarem uma política estatal para garantir a rentabilidade da


cafeicultura brasileira. Os cafeicultores criaram um plano de intervenção do estado na
cafeicultura, com o objetivo de promover a elevação dos preços do produto. Os
governadores dos estados produtores de café, garantiam a compra de toda a produção
cafeeira com o intuito de criar estoques reguladores. O governo provocaria uma falta
do produto, favorecendo a alta dos preços, e, em seguida vendia o produto.
Os resultados desta política de valorização do café foram prejudiciais para a
economia do país. Para comprar toda a produção de café, os governos estaduais
recorriam a empréstimos no exterior, que seriam arcados por toda a população; além
disto, os estoques excedentes deveriam ser queimados, causando prejuízos para o
governo que já havia pagado pelo produto.

Borracha da Amazônia

Entre o final do século XIX e as primeiras décadas do século XX a produção de


borracha na região amazônica cresceu rapidamente e ocupou a segunda posição como
maior produto de exportação do Brasil, depois do café, superando o açúcar.
O motivo deste rápido crescimento foi o desenvolvimento da indústria de
automóveis e de bicicletas ocorrido nos Estados Unidos e Europa. Automóveis e
bicicletas precisam de pneus. Pneus são feitos de borracha. E a matéria-prima para a
produção de borracha é o látex, uma seiva extraída da seringueira, árvore intensamente
presente na região amazônica. As cidades de Belém e Manaus tiveram um rápido
processo de modernização e urbanização em razão da grande riqueza trazida pela

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UNIDADE 05 - A Economia na República Velha
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exploração da seringueira. Inclusive, a incorporação do estado do Acre ao território


brasileiro está diretamente relacionado com a exploração econômica da borracha.
Como a exportação de borracha tornou-se uma atividade extremamente lucrativa veio
a concorrência estrangeira dos ingleses e dos holandeses, que por sua vez, passaram a
produzir borracha na Ásia. Junto com esta concorrência veio a decadência da produção

nacional da borracha, ocorrida a partir da segunda década do século XX .

Cacau

No caso do cacau também houve um rápido crescimento na sua produção no


final do século XIX e início do século XX. O motivo do rápido crescimento da produção
de cacau no Brasil foi o desenvolvimento da indústria mundial de chocolate, que por
sua vez, aumentou a demanda pela sua matéria-prima básica: o cacau. O principal local
de produção de cacau no Brasil foi a região sul da Bahia, responsável naquela época
por 90% da produção brasileira de cacau.
Como esta atividade também era mundialmente lucrativa não demorou muito
para atrair a concorrência da Inglaterra, que passou a produzir cacau na região africana
da Costa do Ouro. Esta concorrência levou à decadência da produção brasileira de
cacau, que não suportou a competitividade e qualidade do cacau produzido pelos
ingleses.

Indústria e Operários

A República Velha foi, durante muito tempo, o período de glória para a


economia cafeeira. Mas foi também a época em que o crescimento das indústrias
ganhou impulso. O principal centro de expansão industrial brasileira era o Estado de
São Paulo. Com a crise do café, muito produtores começaram a investir nas indústrias,
onde se observa a mão de obra de imigrantes.

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UNIDADE 05 - A Economia na República Velha
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Substituindo progressivamente as importações, a indústria nacional foi


conquistando o mercado interno. Empregando crescente número de operários, a
indústria foi transformando a face socioeconômica do país. Os setores urbanos classe
média e proletariado industrial, tornaram-se forças sociais cada vez mais expressivas e
passaram a exigir maiores participações políticas.

Um importante fator que contribuiu para o desenvolvimento do setor industrial


brasileiro durante a República Velha foi a disponibilidade de mão-de-obra especializada
que chegou aoBrasil por meio da imigração europeia, principalmente com a chegada
de um grande número de imigrantes italianos.

Imigrantes europeus e asiáticos no Brasil

Em São Paulo, havia grande número de imigrantes, que viviam do trabalho


assalariado na agricultura. Muitos se desiludiram com o trabalho no campo e buscaram
nas cidades uma nova oportunidade de vida.
São Paulo foi o estado que abrigou uma das maiores colônias de italianos vindas
para o Brasil. Estes italianos serão os responsáveis pela introdução das ideias
anarquistas e pela organização do movimento operário em nosso país,
A concentração dos movimentos migratórios em uma única região resultou no
crescimento populacional dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, locais onde a
economia era mais dinâmica e atrativa. Isto resultou em um rápido processo de
urbanização, que por sua vez, contribuiu para a o crescimento de nosso mercado
interno.
A produção industrial brasileira não era voltada para a exportação, mas sim para
o consumo no mercado interno. A Primeira Guerra Mundial, ocorrida entre 1914 e 1918,
também favoreceu o crescimento do setor industrial brasileiro durante a República
Velha. Neste período a indústria europeia estava totalmente concentrada na produção
de armas, munições, veículos de transporte e medicamentos necessários para o esforço

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de guerra. Dessa forma, as indústrias europeias deixaram de produzir mercadorias para


o resto do mundo.
Mas havia limites nesse processo, pois no Brasil ainda não havia indústria de
base, indústria pesada, tais como indústria siderúrgica e metalúrgica. Nesse período a
indústria brasileira começou a se diversificar e desenvolver.

O capital para financiar a industrialização brasileira veio da agro exportação,


principalmente do Café. A economia agroexportadora brasileira foi responsável pela
montagem de canais de escoamento da produção, tais como a construção de portos e
ferrovias.

BUSCANDO CONHECIMENTO

SITE: Ciclo da Borracha


http://www.coladaweb.com/historia-do-brasil/ciclo-da-borracha-e-a-amazonia-atual

GUIA DO ESTUDANTE - Ciclo da Borracha:


Paris tropical, texto de Luciana Zenti,
http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/ciclo-borracha-paris-tropical-434959.shtml

BRASIL ESCOLA - Ciclo da Borracha, texto de Rainer Sousa.


http://www.brasilescola.com/historiab/ciclo-borracha.htm

MUNDO EDUCAÇÃO. Economia Cafeeira.


http://www.mundoeducacao.com/historiadobrasil/economia-cafeeira.htm

TELENOVELA “Renascer”, da Rede Globo mostrou com destaque a cultura do cacau na


Bahia, e a telenovela “Gabriela” também mostra a cultura do cacau.

LIVRO: Terra dos Sem fim – Jorge Amado

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UNIDADE 06 - Primeira República - Dominação
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CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Durante o Império, o governo central impunha seu poder às províncias,


nomeando quem iria governá-las. Com o estabelecimento da República a situação
mudou: as famílias poderosas de cada estado - as oligarquias locais - subiram ao poder
e lá se mantiveram por meio de um esquema político-eleitoral fraudulento.
Esses chefes locais, em geral grandes fazendeiros, muitas vezes tinham o título
de coronéis da Guarda Nacional. (coronelismo).

ESTUDANDO E REFLETINDO

Oligarquia: Palavra de origem grega que significa governo exercido por poucos

indivíduos ou famílias poderosas.

Coronelismo

Os coronéis determinavam o voto de seus agregados e favorecidos políticos


(troca de favores), exercendo influência na região em que atuava através do "voto de
cabresto". Para arrancar o voto do eleitor, o coronel usava duas formas:
- Violência pura e simples: Caso o eleitor o traísse, votando em outro candidato, podia
perder seu emprego ou mesmo ser morto pelos capangas;
- Troca de favores: Como a maioria da população era muito pobre, dependia do
coronel para tudo, desde dinheiro emprestado, remédio, segurança, vaga no hospital,
emprego... Assim o coronel fazia esses "favores" a seus dependentes e, em troca, exigia
que votassem em seus candidatos. Essa prática, chamada de clientelismo, é
característica na política brasileira até os dias de hoje!
Eram comuns, ainda: manipulação dos resultados das eleições, roubo de urnas, e até
inclusão dos votos de pessoas mortas ou ausentes.

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As raízes do coronelismo no Brasil antecedem o período republicano, pois


surgiram durante o Período Regencial (1931-1940), quando foi criada a Guarda
Nacional.
Essa instituição abrigava e titulava os grandes proprietários rurais do país, ou
seja, a elite rural brasileira, podendo ainda ser definida como aristocracia agrária.
A concessão do título de Coronel a esses indivíduos dava-lhes o direito de
formar milícias armadas, cujo objetivo seria proteger as fronteiras e os interesses
políticos e econômicos na nação.
Entretanto, na prática, consistia em uma força de poder pessoal do coronel, que
administrava não só as suas possessões territoriais, mas também toda uma área de
abrangência de sua influência regional.
Os coronéis e seus jagunços intimidavam os eleitores ou faziam com eles
acordos eleitoreiros de dependência assistencialista e clientelista, pois em troca de
pequenas vantagens pessoais os cidadãos (eleitores) “vendiam” o seu voto. Tal
mecanismo é denominado historicamente de “voto de cabresto”, isto é, voto
direcionado de acordo com a vontade do Coronel.

As próximas eleições... “de cabresto”, charge de 1927 publicada na revista Careta.

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A legenda original era a seguinte:


Ella – É o Zé Besta?
Elle – Não, é o Zé Burro!
Porém, na literatura encontramos outras referências ao coronelismo, não
culpando somente o coronel, mas também o conjunto de indivíduos que dele
dependiam para viver cotidianamente.

"O coronel é o homem que comanda a política nacional, porque


ele é quem elege os homens que a fazem. Sem ele, ninguém é
eleito [...] Em verdade, o coronel é o homem que resolve os
casos sem solução. É ele quem atende o cidadão que bate à sua
porta às três horas da madrugada, porque não tem recursos [...]
Ele se levanta e vai procurar um médico, que o atende porque é
seu amigo e leva a pessoa para a Santa Casa ou ao hospital [...]
Todo mundo pensa que o sujeito vai para o curral eleitoral à
força. Não, ele vai porque quer." - J.B.L de Andrada, "Coronel é
quem comanda a política nacional". Apud Neves, M. de S. e
Heizer, A. A ordem é o progresso. S.P. Atual, 1991, p. 71

Também utilizavam práticas ilícitas consideradas fraudes eleitorais, as quais


tinham por objetivo garantir a vitória do candidato indicado pelo coronel, mesmo que
tal vitória não tivesse se processado nas urnas.
Eram formas de fraudes eleitorais os eleitores fantasmas, ou seja, eleitores
registrados às pressas, geralmente após o resultado final das eleições, registrando
nomes de indivíduos que já haviam falecido ou nunca existido.

“Ao instituir o voto universal a descoberto, a Constituição de


1891 assegurou o controle do processo eleitoral por aqueles que
se valiam da força da propriedade. O coronelismo, portanto,
surge como um dos elementos constitutivos do esquema
oligárquico que marcou a República Velha” - Francisco Alves da
Silva.

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Política dos Governadores

A política dos Governadores organizada e difundida a partir do governo do


presidente Campos Sales (1898-1902) consistia numa grande rede de acordos políticos e
reciprocidade mútua entre as oligarquias locais, regionais e federais, quais sejam, os
coronéis que controlavam o poder político das cidades, regiões, estados e nação. Tais
coronéis comprometiam-se em angariar votos para eleger os deputados que estavam
aliados ao presidente da República, pois dessa maneira os projetos encaminhados ao
Legislativo não encontrariam resistência para sua aprovação.
Em troca, o Governo Federal comprometia-se com as oligarquias
reciprocamente, liberando verbas para que se realizassem obras nas mais distantes
regiões do país e com isso, os políticos de tais regiões empenhavam-se em campanhas
políticas de propaganda administrativa.
As oligarquias que não se comprometiam com tal arranjo político sofriam o
processo da “degola”, isto é, estariam fora da esfera de liberação de verbas para a
construção de obras públicas ou investimentos diversos em seus estados.

“Campos Sales concebeu um arranjo conhecido como política


dos governadores. Por meio de uma alteração artificiosa do
Regimento Interno da Câmara dos Deputados, assegurou-se
que a representação parlamentar de cada estado
corresponderia ao grupo regional dominante. Ao mesmo
tempo, garantiu-se maior subordinação da Câmara ao Poder
Executivo. O propósito da política dos governadores, só em
parte alcançado, foi o de eliminar as disputas faccionais nos
estados e, ao mesmo tempo, reforçar o Poder Executivo,
considerado por Campos Sales e ‘poder por excelência’.” -
Fausto Boris, idem.

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UNIDADE 06 - Primeira República - Dominação
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BUSCANDO CONHECIMENTO

Oligarquias
http://www.dignow.org/area/rep%C3%BAblica-velha-as-oligarquias-no-poder-463744-
95931

Voto do Cabresto
As próximas eleições... “de cabresto”. Revista de História da Biblioteca Nacional
(05/08/2008).

Vídeo: Cidadania - Voto Cabresto


https://www.youtube.com/watch?v=5_2oBAR6cvg

LIVRO: “A. A ordem é o progresso”.


S.P. Atual, 1991, p. 71 - Neves, M. de S. e Heizer.

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UNIDADE 7 - Primeira República – Resistência
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CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Ocorreram várias revoltas de carácter popular, na República Velha. No período


militar (1889-1894) ocorreu a Revolta da Armada e a Revolução Federalista.
Durante o período civil (1894-1930), além da questão externa da anexação do
Acre, ocorreram grandes revoltas internas no país, incluindo as primeiras greves
operárias em 1907 e 1917, e o crescimento de movimentos anarquistas e comunistas nos
grandes centros urbanos do país.

ESTUDANDO E REFLETINDO

A maioria dessas revoltas era provocada por questões políticas, religiosas,


misérias, disputas de terras ou pelo poder.

Revolta de Canudos -1893-1897

No governo de Prudente de Morais, eclodiu um grande movimento de revolta


social entre os humildes sertanejos baianos. O líder dos sertanejos era Antônio Vicente
Mendes Maciel, mais conhecido como Antônio Conselheiro. Não compreendendo certas
mudanças surgidas com a República, Antônio Conselheiro declarava-se, por exemplo,
contra o casamento civil e, por isso, foi identificado como fanático religioso e
monarquista. Reunindo grande número de sertanejos, Antônio Conselheiro
estabeleceu-se em Canudos, um velho arraial no sertão baiano.
Segundo alguns pesquisadores, vivia num sistema comunitário em que as
colheitas, os rebanhos e o fruto do trabalho eram repartidos entre todos. Mas havia
propriedade privada dos bens de uso pessoal (roupas, móveis, etc.). Também não
existia cobrança de impostos nem autoridade policial.
HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
UNIDADE 7 - Primeira República – Resistência
Fabiano Luiz Curtolo
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Aos poucos, construiu-se em torno de Antônio Conselheiro e seus adeptos uma


imagem equivocada de que todos eram "perigosos monarquistas" a serviço de
potências estrangeiras, querendo restaurar no país o regime imperial, devido, entre
outros ao fato de o Exército Brasileiro sair derrotado em três expedições, incluindo uma
comandada pelo Coronel Antônio Moreira César. A derrota das tropas do Exército nas
primeiras expedições contra o povoado apavorou o país, e deu legitimidade para a
perpetração deste massacre que culminou com a morte de mais de seis mil sertanejos.
Todas as casas foram queimadas e destruídas.
O conflito foi retratado no livro "Os Sertões" de Euclides da Cunha, que o
testemunhou como repórter do jornal O Estado de S. Paulo.

Revolta da Vacina – 1904

O presidente da República Rodrigues Alves, em parceria com o prefeito da


cidade do Rio de Janeiro, Pereira Passos, anunciou uma série de reformas urbanas no
intuito de modernizar e higienizar a Capital Federal. Dentre as medidas tomadas
encontravam-se a derrubada de cortiços para a abertura de largas e modernas
avenidas, a campanha de caça aos ratos para combater a peste bubônica, a ação das
brigadas mata-mosquitos contra a proliferação da febre amarela e a vacinação
obrigatória contra a varíola.
No Rio de Janeiro, as camadas populares revoltaram-se, em decorrência da
obrigatoriedade da vacinação contra a varíola durante o governo do presidente
Rodrigues Alves, mas que também foi utilizada pela oposição com conotações políticas.
Os rebeldes armaram barricadas nas ruas da cidade, atacaram e depredaram prédios
públicos e incendiaram bondes.
Pressionado, inclusive pelo chefe de saúde pública, o médico sanitarista Oswaldo
Cruz, o presidente cedeu e tornou a vacinação facultativa.
HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
UNIDADE 7 - Primeira República – Resistência
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Revolta da Chibata – 1910

Revolta dos marinheiros dos Encouraçados “Minas Gerais” e “São Paulo”, em


protesto aos maus-tratos sofridos a bordo das embarcações, principalmente a “Lei da
Chibata”, castigo físico instituído na Marinha e utilizado como forma de punição dada
aos marinheiros infratores.
Os rebeldes liderados pelo marinheiro João Cândido tomaram o controle das
embarcações na Baía da Guanabara, assassinaram os oficiais e apontaram os canhões
para a cidade do Rio de Janeiro, obrigando o presidente Hermes da Fonseca (marechal
do exército) a negociar.
Com a promessa do fim dos maus-tratos, melhoria na alimentação a bordo,
aumento dos soldos (salário dos marinheiros) e anistia para os rebeldes, os mesmos
depuseram as armas e aceitaram a rendição. Entretanto, no desembarque todos foram
presos e, alguns executados.
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Guerra do Contestado – 1912 a 1916

Ocorreu na fronteira entre Paraná e Santa Catarina, numa região contestada


(disputada) pelos dois estados. Nessa área, era grande o número de sertanejos sem-
terra e famintos que trabalhavam sob duras condições para os fazendeiros locais e duas
empresas norte-americanas que atuavam ali.
Os sertanejos de Contestado começaram a se organizar sob a liderança de um
“monge” chamado João Maria. Reuniu mais de 20 mil sertanejos e fundou com eles
alguns povoados que compunham as chamadas “Vila Santas”. A “monarquia” do
Contestado tinha um governo próprio e normas igualitárias, não obedecendo às ordens
emanadas das autoridades da república.
Os sertanejos do Contestado foram violentamente perseguidos pelos coronéis-
fazendeiros e pelos donos das empresas estrangeiras (a Brazil Railway Company e a
Lumber ), com o apoio das tropas do governo. O objetivo era destruir a organização
comunitária dos sertanejos e expulsá-los das terras que ocupavam, pois tinham na
verdade o interesse de explorar o pinho e a imbuia da rica floresta nativa.
Em novembro de 1912, o monge Jose Maria foi morto em combate e
“santificado” pelos moradores da região. Seus seguidores, criaram novos núcleos que
foram, combatidos e destruídos pelas tropas do exercito brasileiro. Os últimos núcleos
foram arrasados por tropas de 7 mil homens armados.

Greve Geral de 1917

O operariado da cidade de São Paulo, orientado ideologicamente pelos ideais


anarcossindicalistas, um misto de comunismo, socialismo e anarquismo, organizou uma
greve de proporções estaduais, a qual literalmente paralisou as atividades industriais na
cidade de São Paulo por alguns dias.
HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
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As principais reivindicações dos grevistas eram a limitação da jornada de


trabalho em 8 horas diárias, o descanso semanal remunerado, a adoção de um salário
mínimo para os trabalhadores e um aumento salarial real.
O governo do presidente Venceslau Brás, esteve disposto a negociar com os
rebeldes, os quais, entre todas as reivindicações apresentadas, conseguiram um
aumento nos salários. Porém, as perseguições aos anarquistas e comunistas tornaram-
se intensas e, sendo a maioria deles imigrantes italianos, vários foram expulsos do
Brasil.

Cangaço – 1870 a 1940

Para alguns pesquisadores, ele foi uma forma pura e simples de banditismo e
criminalidade. Para outros foi uma forma de banditismo social, isto é, uma forma de
revolta reconhecida como algo legítimo pelas pessoas que vivem em condições
semelhantes.
Miséria, fome, seca e injustiças dos coronéis-fazendeiros produziram no semi-
árido do Nordeste um cenário favorável à formatação de grupos armados conhecidos
como cangaceiros. Os cangaceiros praticavam crimes, assaltavam fazendas e matavam
pessoas.
Os dois mais importantes bandos do cangaço foi o de Antônio Silvino e o de
Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, o “Rei do Cangaço”.Depois que a polícia
massacrou o “bando de Lampião”, em 1938, o cangaço praticamente desapareceu do
Nordeste.
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Fabiano Luiz Curtolo
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BUSCANDO CONHECIMENTO

FILME: Guerra de Canudos. ficção de Sérgio Rezende,. Brasil, 1997

LIVRO: Os Sertões – Euclides da Cunha - 1ª edição: RJ, Laemmert, 1902.

REVISTA SUPERINTERESSANTE:- A revolta da vacina - . super.abril.com.br.

NOVELA: Lado a Lado Episódio da Telenovela "Lado a lado", da TV Globo, que retrata o
episódio da - https://www.youtube.com/watch?v=0B-9hVN9wg0

UOL - Educação: - Guerra do Contestado.


http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/guerra-do-contestado-conflito-
alcancou-enormes-proporcoes.htm

LIVRO: As greves em São Paulo Yara Aun Khoury –, São Paulo, Ed. Cortez

SITE: Ceará de Luz - História do Cangaço


http://cearadeluz.blogspot.com.br/p/cangaco.html
HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
UNIDADE 8 - O Processo Político dos Anos 1920 e o Tenentismo
Fabiano Luiz Curtolo
Andréa Wolff

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Após a Primeira Guerra Mundial, a presença da classe média urbana na cena


política se tornou mais visível. De um modo geral, esse setor da sociedade tendia a
apoiar figuras e movimentos que levantassem a bandeira de um liberalismo autêntico.
Isso significava, entre outras coisas, eleições limpas e respeito aos direitos individuais.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Falava-se nesses meios de reforma social, mas a maior esperança era depositada
na educação do povo, no voto secreto, na criação de uma Justiça Eleitoral.

Os Anarquistas

O anarquismo é considerado uma doutrina sócio-política que surgiu entre os


séculos XVII e XVIII na Europa, tendo chegado ao Brasil em 1850 através dos imigrantes
europeus. O anarquismo defende que a sociedade não deve ter nenhuma forma de
autoridade e considera que o Estado é uma força coercitiva.
Durante a República Velha, a ideologia anarquista defendeu a organização
sindical autônoma, a extinção do Estado, da Igreja e da propriedade privada. Se
posicionaram contra a organização dos partidos políticos, divulgando suas ideias por
meio de jornais, revistas, livros, panfletos, etc.
A ação direta era pregada pelo chamado “sindicalismo revolucionário”. Esta ação
direta consistia em greves, boicotes e sabotagens e era considerada um meio para os
trabalhadores adquirirem melhores condições de trabalho, indo contra o sistema
capitalista.
Os anarquista na realidades foram defensores dos direitos do trabalhadores, o
que estava próxima da realidade brasileira e ao mesmo tempo não tinha nada de

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UNIDADE 8 - O Processo Político dos Anos 1920 e o Tenentismo
Fabiano Luiz Curtolo
Andréa Wolff

revolucionárias. No Brasil isso deu origem à formação do partido comunista no Brasil


em 1922.

O PCB

Partido político de âmbito nacional fundado em março de 1922 com o objetivo


principal de promover no Brasil uma revolução proletária que substituísse a sociedade
capitalista pela sociedade socialista.
O congresso de fundação do PCB realizou-se em Niterói, reunindo alguns
poucos operários e intelectuais do Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Rio Grande
do Sul e Distrito Federal. Quase todos os fundadores haviam iniciado sua militância
política nos meios anarquistas e só se converteram ao comunismo após a vitória da
Revolução Russa de 1917. Apesar da pouca repercussão do congresso de fundação, já
em junho de 1922 o governo de Epitácio Pessoa colocou o partido na ilegalidade,
condição em que passaria a maior parte de sua existência.

Tenentismo

Durante a década de 1920, surgiram movimentos de contestação ao modelo


político oligárquico, os quais, entre outras reivindicações, reclamavam o direito ao voto
direto e secreto nas eleições, uma maior autonomia do Poder Judiciário durante o
processo eleitoral, ou seja, uma maior transparência, uma “verdade eleitoral”.
Indivíduos insatisfeitos encontravam-se nos diversos jovens oficiais do Exército
(tenentes e capitães), que, descontentes com os rumos políticos da nação, levantaram-
se contra os presidentes Epitácio Pessoa (1922) e Artur Bernardes (1924), pois exigiam
mudanças políticas e sociais imediatas. O Movimento Tenentista apresentava como
características:

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 Salvacionismo: Ideal de Salvação Nacional, isto é, os tenentes viam-se como os


únicos agentes capacitados para promover a regeneração política do país e
salvar o desacreditado modelo republicano.
 Elitismo: O movimento tenentista estaria restrito ao grupo de militares
capacitados para a insurreição, não estendendo ao povo, despreparado e
incapaz, a participação ativa. Ainda propunham uma participação política elitista,
pois diziam que o povo comum “votava mal” e seria mais interessante substituir
o voto universal pelo voto de uma “elite eleitoral”.
 Reformismo: Entre as principais reformas propostas constava a centralização e a
moralização política, o nacionalismo econômico e um novo sistema de ensino.
Tais propostas como: A moralização da administração pública; O fim da
corrupção eleitoral; Reivindicavam o voto secreto e uma justiça Eleitoral
confiável; Defendiam a economia nacional contra a exploração das empresas e
do capital estrangeiro; Desejavam uma reforma na educação pública para que o
ensino fosse gratuito e obrigatório para todos os brasileiros.

A maioria das propostas contava com a simpatia de grande parte das classes
médias urbanas, dos produtos rurais que não pertenciam ao grupo que estava no
poder e de alguns empresários da indústria.

Revolta do Forte de Copacabana

Foi uma revolta para impedir a posse do presidente Artur Bernardes, iniciada em
05/07/1922.
Tropas do governo cercaram o Forte de Copacabana, isolando os rebeldes.
Dezessete tenentes e um civil saíram para as ruas num combate corpo-a-corpo com as
tropas do governo. Dessa luta suicida, só dois escaparam com vida: os tenentes

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UNIDADE 8 - O Processo Político dos Anos 1920 e o Tenentismo
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Eduardo Gomes e Siqueira Campos. O episódio ficou conhecido como Os Dezoito do


Forte.

Semana da Arte Moderna de 1922

Artistas e intelectuais organizaram nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, no


Teatro Municipal de São Paulo, a Semana de Arte Moderna - marco do movimento
modernista no Brasil.
O evento, que também envolveu representantes de outros segmentos da
sociedade-político, educadores, empresários e trabalhadores-, acabou trazendo à tona
discussões sobre os rumos da nação, propostas de reforma da Constituição de 1891 e
até da sociedade.
Na época, a Europa ocupava uma posição de vanguarda e, sob essa influência,
teve início à discussão de uma nova identidade artística para o país.
O evento fez mais: denunciou a alienação das camadas cultas em relação à
realidade do país e criticou as desigualdades sociais -assuntos que, mesmo um século
mais tarde, permanecem atuais no Brasil.

Revoltas de 1924

Dois anos depois da Primeira Revolta ocorreram novas rebeliões tenentistas em


regiões como o Rio Grande do Sul e São Paulo. Depois de ocupar a capital paulista, as
tropas tenentistas abandonaram suas posições diante da ofensiva armada do governo.
Com uma numerosa tropa de mil homens, os rebeldes formaram a coluna
paulista, que seguiu em direção ao sul do país, ao encontro de outra coluna militar
tenentista, liderada pelo capitão Luís Carlos Prestes.

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Coluna Prestes

As duas forças tenentistas uniram-se e decidiram percorrer o interior do país,


procurando apoio popular para novas revoltas contra o governo. Nascia aí a Coluna
Prestes, pois ambas tropas eram lideradas por Prestes.
Durante mais de dois anos (1924 a 1926), a Coluna Prestes percorreu 24 mil
quilômetros através de 12 estados. O governo perseguia as tropas da Coluna Prestes
que, por meio de manobras militares, conseguia escapar. Em 1926 os homens que
permaneciam na Coluna Prestes decidiram ingressar na Bolívia e desfazer a tropa.
A Coluna Prestes não conseguiu provocar revoltas capazes de ameaçar
seriamente o governo, mas também não foi derrotada por eles. Isso demonstrava que o
poder na República Velha não era tão inatacável.
Em 1927 o movimento terminou, perdeu o seu caminho e grande parte do
tenentes se exilaram no Bolívia e na Argentina, outros foram presos e o movimento
ficou mais ou menos entre parentes.

BUSCANDO CONHECIMENTO

PCB
http://pcb.org.br/portal/

Revolta Dos 18 Do Forte De Copacabana


http://www.historiadobrasil.net/resumos/revolta_18_forte.htm

Tenentismo
http://www.projetomemoria.art.br/RuiBarbosa/glossario/t/tenentismo.htm

A Coluna Prestes
http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=297

Semana de Arte Moderna de 1922


http://www.suapesquisa.com/artesliteratura/semana22/

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HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
UNIDADE 09 - A aliança liberal e a Revolução de 30
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CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Para as eleições de 1930 aconteceu uma quebra da aliança de São Paulo e Minas
Gerais, e como conseqüência disso Minas Gerais se aliou ao Rio Grande do Sul e lançou
o nome de Getulio Vargas a presidência do Republica.
Essa aliança representava interesses do ponto de vista econômica que não
estava diretamente vinculado com café. Minas Gerais, especialmente Rio Grande do Sul
e alguns estados do nordeste se aliaram a essa aliança que se chamou Aliança Liberal.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Quebra da Bolsa de Valores de 1929

Com a quebra da Bolsa de Nova Iorque ocorrida em outubro de 1929, inicia-se


uma crise econômica de escala mundial, esmagando todas as economias com alguma
participação nos mercados internacionais, caso do Brasil e suas exportações de café. É

nesse momento que chega a um triste fim a irracional ligação do Brasil com a cultura
cafeeira. Além de não ser um gênero de primeira necessidade na dieta de qualquer

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HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
UNIDADE 09 - A aliança liberal e a Revolução de 30
Fabiano Luiz Curtolo
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indivíduo (na verdade, consumido como uma sobremesa nos EUA e Europa), o café
ocupava a esmagadora maioria das terras cultiváveis do país, impedindo uma
diversidade das suas exportações.
Havia uma óbvia teimosia por parte das elites em redirecionar e modernizar a
política econômica brasileira.

Partido Democrático 1930

De caráter estadual, fundado por dissidentes do Partido Republicano Paulista


(PRP), durante a República Velha. Era uma organização representativa da classe média
tradicional, vinculada a setores cafeeiros, mas sobretudo a urbana.
Em maio de 1926, o Partido da Mocidade (dissidentes da Ala Jovem, que haviam
organizado essa legenda para as eleições federais de 1925), também dissidente do
perrepismo (essa palavra não tem significado), se incorporou ao Partido Democrático. -
eram em sua maioria profissionais liberais, jovens filhos de fazendeiros de café, ou
egressos de famílias tradicionais.
Poucos membros eram industriais. Em maio de 1927, o partido tinha 17 diretórios
em São Paulo e 70 no interior, número elevado para 180 em fins de 1927. Em julho de
1927 foi criado o Diário Nacional jornal oficial do partido, com tiragem de 35000
exemplares, em dezembro, e 70000 em agosto de 1928.

Aliança Liberal.

Na sucessão presidencial de 1929, ocorreu a cisão política entre as oligarquias


cafeeiras de São Paulo e Minas Gerais. Pelo costume da política café-com-leite o
presidente Washington Luís (paulista) deveria indicar um candidato mineiro, entretanto
ele indicou o paulista Júlio Prestes, pois precisava garantir os interesses financeiros de

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UNIDADE 09 - A aliança liberal e a Revolução de 30
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São Paulo, frente aos impactos gerados pela crise de 1929. (Quebra da Bolsa de Valores
de NY)
Assim, a oligarquia política de Minas Gerais, rompeu com o Partido Republicano
Paulista (PRP) e aliou-se ao Rio Grande do Sul e à Paraíba, formando a Aliança Liberal.
Essa Aliança lançou a candidatura de Getúlio Vargas para a presidência com João
Pessoa como vice.
A campanha de Vargas recebeu o apoio de militares remanescentes do
movimento tenentista e angariou a simpatia da população. No sul do Brasil, no
nordeste e em Minas Gerais, o apoio popular foi grande e em São Paulo, a Aliança
Liberal (AL) recebeu apoio do Partido Democrático Paulista (PD), que propunha um
programa liberal por vários integrantes do movimento modernista.

Tomada do poder

Apesar das manifestações populares em torno da candidatura da Aliança Liberal,


o candidato oficial, Júlio Prestes venceu as eleições. Essa vitória foi acompanhada de
protestos, revoltas e manifestações em panfletos e jornais contra a corrupção do
sistema eleitoral. Dessa forma, os militares oposicionistas começaram a tramar um
golpe de Estado. Os líderes da Aliança Liberal não queriam recorrer às armas. Porém,
em julho de 1930, o assassinato de João Pessoa mudou os rumos do movimento.
A ideia era que as tropas começassem a se movimentar no dia 3 de outubro de
1930, partindo do Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraíba e outros estados aliados.
Houve luta em alguns pontos de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Pará, assim mesmo,
a viagem ferroviária de Getúlio Vargas para a capital do Brasil conquistou apoio da
população.

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UNIDADE 09 - A aliança liberal e a Revolução de 30
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Curitibanos aguardando o desembarque de Getúlio Vargas, na estação ferroviária

“Quatro e meia. A hora se aproxima. Examino-me e sinto-me com o espírito tranquilo


de quem joga um lance decisivo porque não encontrou outra saída. A minha vida não
me interessa e sim a responsabilidade de um ato que decide o destino da coletividade.
Mas esta queria a luta, pelo menos nos seus elementos mais sadios, vigorosos e
altivos. Não terei depois uma grande decepção? Como se torna revolucionário um
governo cuja função é manter a lei e a ordem? E se perdermos? Eu serei depois
apontado como o responsável, por despeito, por ambição, quem sabe? Sinto que só o
sacrifício da vida poderá resgatar o erro de um fracasso.” – Anotação do Diário de

Getúlio Vargas.

Os revoltosos esperavam resistência em São Paulo, entretanto isso não ocorreu.


A Aliança Liberal saiu vitoriosa, no dia 3 de novembro de 1930, o presidente eleito Júlio
Prestes renunciou ao direito de governar e Washington Luís foi deposto. Getúlio Vargas
assumiu a presidência do Governo Provisório.
Governo Provisório
Getúlio Dornelles Vargas, nasceu em São Borja, 19 de abril de 1882 Foi um advogado e
político brasileiro, líder civil da Revolução de 1930, que pôs fim à República Velha,
depondo seu 13º e último presidente Washington Luís e impedindo a posse do
presidente eleito em 1 de março de 1930, Júlio Prestes.

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UNIDADE 09 - A aliança liberal e a Revolução de 30
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No discurso de posse, Getúlio estabelece 17 metas a serem cumpridas pelo


Governo Provisório. Na mesma hora, no centro da cidade do Rio de Janeiro, os
soldados gaúchos cumpriam a promessa de amarrar os cavalos no obelisco da Avenida
Central, atual Avenida Rio Branco, marcando simbolicamente o triunfo da Revolução de
1930

Capa da Revista do Globo sobre a vitória da Revolução de 1930. Detalhe: gaúchos


amarrando os seus cavalos no obelisco da Rio Branco.
Às 3 horas da tarde de 3 de novembro de 1930, a Junta Militar Provisória passou o
poder, no Palácio do Catete, a Getúlio Vargas, (que vestia farda militar pela última vez
na vida), encerrando a chamada “República Velha” ou “República do Café com Leite”

BUSCANDO CONHECIMENTO

História Revolução 1930 -


http://www.infoescola.com/historia-do-brasil/revolucao-de-1930/

Revolução de 30
http://www.culturabrasil.org/revolucaode30.htm

Klepsidra – Boris Fausto


http://www.klepsidra.net/klepsidra4/borisfausto.html

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UNIDADE10 - O Estado Getulista: 1930-1945
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CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

“Assumo provisoriamente o governo da República, como delegado da Revolução, em


nome do Exército, da Marinha e do Povo.”

Foi com essas palavras que Getúlio Vargas assumiu a presidência da República
em 3 de novembro de 1930, prometendo reorganizar a política nacional e estimular o
desenvolvimento econômico-industrial do país e dias depois foram tomadas as
primeiras medidas do Governo Provisório.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Governo Provisório: 1930-1934

Principais medidas:
 Suspensão da Constituição de 1891 que vigorava no país.
 Dissolução do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas Estaduais e das
Câmaras Municipais.
 Nomeação de interventores para os Estados.
 Criação dos ministérios do Trabalho, Indústria e Comércio e da Educação e
Saúde.
Essas medidas davam ao presidente da República plenos poderes, pois
concentrava em sua figura o poder Executivo e também o Legislativo. Observando a
nova conformação política, percebemos que o Governo Provisório era, literalmente,
inconstitucional, pois não havia uma Constituição em vigor, os governadores eleitos
democraticamente foram substituídos por interventores diretamente nomeados e
subordinados ao presidente e o poder Legislativo foi temporariamente extinto.

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UNIDADE10 - O Estado Getulista: 1930-1945
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Revolução Constitucionalista de 1932

A oligarquia cafeeira paulista foi afastada do poder na ocasião da Revolução de


1930. O presidente deposto (Washington Luís) era representante dos paulistas e o
presidente eleito (Júlio Prestes) idem, ambos pertenciam ao PRP (Partido Republicano
Paulista).
O interventor nomeado para a administração política do Estado de São Paulo,
João Alberto Barros, remanescente do movimento tenentista desagradava aos paulistas,
os quais preferiam a nomeação de um individuo que representasse o Estado.
A insatisfação dos paulistas resultou na organização de um movimento civil-
militar denominado Revolução Constitucionalista de 1932, a qual eclodiu oficialmente
no dia 9 de Julho de 1932, após alguns meses de tensão nas manifestações
antigetulistas, sendo a principal delas realizada no dia 23 de maio, quando um tiroteio
vitimou os jovens estudantes Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo, cujas iniciais
MMDC, serviriam de símbolo para o movimento revolucionário. Os paulistas, entre
outras coisas, reivindicavam:
 A substituição do interventor do Estado (reivindicação atendida pelo governo,
quando o ex-embaixador e paulista Pedro Toledo foi nomeado para a
interventoria paulista).
 Convocação imediata de uma Assembleia Nacional Constituinte para promover
a reconstitucionalização do país (a qual estava prevista para maio de 1933).
 Afastamento imediato do presidente Getúlio Vargas, inconstitucionalmente no
poder.
O movimento revolucionário estendeu-se até outubro de 1932, quando os
remanescentes paulistas assinaram a rendição, pois a superioridade militar governista
era visível. A tensão entre o Governo Federal e os paulistas apaziguou-se quando o
presidente Vargas nomeou Armando de Sales Oliveira (civil e paulista) para Interventor
Federal do Estado em agosto de 1933 e para fortalecer os vínculos de São Paulo com o

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UNIDADE10 - O Estado Getulista: 1930-1945
Fabiano Luiz Curtolo
Andréa Wolff

Governo Federal foi fundada em 25 de janeiro de 1934 a USP (Universidade de São


Paulo).
As eleições para a convocação da Assembleia Nacional Constituinte foram
realizadas em maio de 1933 e verificou-se uma acirrada disputa entre os vários partidos
políticos que se enfrentaram, ressaltando a importância das elites dos estados de Minas
Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Depois de alguns meses de trabalho constituinte, a Constituição Republicana foi
promulgada em 14 de Junho de 1934. Tinha por base a Constituição de 1891 no que se
refere ao republicanismo, presidencialismo e federalismo, porém, trazia uma série de
novidades.

Constituição de 1934 (principais categorias)

 Voto direto, secreto e universal para todos os cidadãos brasileiros, inclusive


mulheres, maiores de 18 anos e alfabetizados.
 Mandato presidencial de 4 anos, sem direito a reeleição.
 Extinção do cargo de vice-presidente da República.
 Redução do número de senadores por Estado, de 3 para 2.
 Ensino básico público e de frequência obrigatória.
 Anistia aos presos políticos.
 Garantias trabalhistas: limitação da jornada de trabalho em 8 horas diárias ou 44
horas semanais; descanso semanal remunerado, férias anuais remuneradas,
indenização para as demissões sem justa causa e um anteprojeto de salário
mínimo.
 Liberdade sindical, a qual defenderia a autonomia dos sindicatos.
 Nacionalização das reservas minerais do país, incluindo minas, jazidas minerais e
quedas d’água, as quais eram estratégicas para a nação.
 Obrigatoriedade do serviço militar

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UNIDADE10 - O Estado Getulista: 1930-1945
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Em 15 de julho de 1934 ocorreram eleições presidenciais indiretas (como previa a


Constituição para o primeiro processo eleitoral presidencial). As próximas eleições
deveriam ocorrer de forma direta.

Governo Constitucional: 1934-1937

Durante seu governo constitucional, o presidente Vargas enfrentou a polarização


ideológica entre as correntes políticas da “esquerda” e a “direita”, representadas
respectivamente pela ANL (Aliança Nacional Libertadora) sob a liderança do ex-
militante tenentista convertido ao marxismo (comunismo) e principal nome da Coluna
Prestes-Costa, Luís Carlos Prestes (O Cavaleiro da Esperança, nas palavras do escritor
baiano Jorge Amado) e pela AIB (Ação Integralista Brasileira), cujo mentor e líder era o
escritor simpatizante do fascismo italiano, Plínio Salgado.
Essas duas vertentes políticas, com o passar dos anos, colocaram-se em
oposição ao governo, enfrentando-o frontalmente, cada uma ao seu modo.

Principais propostas da ANL (Aliança Nacional Libertadora)

A Suspensão imediata e definitiva do pagamento da dívida externa brasileira; A


Nacionalização das empresas estrangeiras que atuavam no Brasil; A.
Reforma Agrária: confisco das terras dos latifundiários e distribuição das mesmas para
os trabalhadores rurais; Garantias individuais de liberdade e cidadania e Implantação de
um governo de caráter popular.
Reproduzindo as palavras de Luis Carlos prestes em um discurso radiofônico
transmitido em 5 de julho de 1935, percebemos que o teor das críticas ao governo
Vargas tornavam-se ameaçadores.

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UNIDADE10 - O Estado Getulista: 1930-1945
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“Abaixo o governo odioso de Vargas! Abaixo o fascismo! Por um governo popular


e revolucionário! Todo poder à Aliança Nacional Libertadora!”

Com base na Lei de Segurança Nacional, recentemente publicada, foi


determinado o fechamento da sede da ANL e alguns de seus membros foram presos.
Na clandestinidade, Luís Carlos Prestes, organizou um movimento revolucionário
inspirado na Revolução Socialista de Outubro de 1917 na Rússia.Seu objetivo era
derrubar o governo Vargas e implantar no Brasil um governo de inspiração comunista,
amparado ideologicamente pelo stalinismo da União Soviética. Acreditando ter o apoio
dos sindicatos, dos trabalhadores, de parte do Exército e quiçá da Marinha, o
movimento eclodiu em 23 de Novembro de 1935 e, rapidamente foi debelado pelas
tropas federais. Desde então, a captura de Prestes era ponto de honra para o governo.
Fato consumado em 5 de março de 1936.
A Intentona Comunista estava definitivamente sepultada, mas o governo Vargas
aproveitaria o temor do comunismo propositadamente propagandeado pelo para
enrijecer a política nacional. Utilizando-se dos favores de membros do
Integralismo, elaborou-se um falso plano comunista denominado “Cohen” que, tido
como uma sigilosa comunicação entre Moscou e Brasil, fora interceptada pelo governo.
Apresentado pela imprensa para justificar as atitudes de caráter preventivo e autoritário
tomadas pelo governo, quais sejam: O Fechamento do Congresso Nacional. - A
suspensão da Constituição Vigente. - Nomeação de Interventores Federais para os
Estados opositores.
Implantava-se dessa forma o Estado Novo, período no qual Getúlio Vargas
governou de forma excessivamente autoritária ou ditatorial, perseguindo seus
opositores e difundindo uma propaganda nacionalista.

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UNIDADE10 - O Estado Getulista: 1930-1945
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BUSCANDO CONHECIMENTO

Filme: “Olga” do diretor Jayme Monjardim, inspirado na biografia escrita por Fernando
Morais sobre a alemã, judia e comunista Olga Benário Prestes.

Livro: “Getúlio Vargas – Diário”


Ed. Siciliano/FGV, Rio de Janeiro, 1° Edição, 1995.

Site: Politica para Politicos


http://www.politicaparapoliticos.com.br/interna.php?t=756076

Constituição de 1934
http://www2.camara.gov.br/legin/fed/consti/1930-1939/constituicao-35093-10-
novembro-1937-532849-publicacaooriginal-15246-pe.html

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UNIDADE11 - O Estado Novo: 1937-1945
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CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Estado Novo, a fase da ditadura civil comandada por Getúlio Vargas entre 1937 e
1945. Aqui no Brasil quando se fala em ditadura todo mundo lembra a ditadura militar
ocorrida entre 1964 e 1985. Mas, porém, a grande maioria se esquece da ditadura civil
da Era Vargas.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Getúlio Vargas era um civil com amplo apoio dos militares. A primeira medida de
governo do Estado Novo foi a revogação (anulação) da Constituição de 1934 e a
elaboração de uma nova carta constitucional que deu a Vargas poderes excepcionais
para combater a suposta ameaça do Plano Cohen, o plano inventado por Vargas que
revelava a intenção da realização de uma revolução comunista no Brasil.

Constituição de 1937

A constituição de 1937 foi influenciada pelos governos fascistas. A primeira


preocupação da nova constituição foi o fortalecimento Poder do Executivo, ou seja,
Getúlio Vargas ganhou amplos poderes para tomar suas decisões sem ter que consultar
praticamente ninguém. Paralelamente ocorreu a diminuição da autonomia dos estados
e dos municípios, que apenas poderiam fazer aquilo que fosse autorizado por Vargas.
Os governadores eleitos em seus estados somente poderiam assumir seus cargos após
a autorização de Vargas. O Poder Legislativo praticamente deixou de funcionar, pois ele
apenas confirmava as decisões tomadas por Getúlio Vargas. Além disso, a Constituição
de 1937 extinguiu todos os partidos políticos no Brasil.

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HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
UNIDADE11 - O Estado Novo: 1937-1945
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Intentona Integralista

Ação Integralista Brasileira, foi extinta também, o partido fascista que ajudou a
combater os comunistas da Aliança Nacional Libertadora e que apoiou Vargas no novo
golpe de Estado de 1937. Os integralistas sentiram-se traídos por Getúlio Vargas, pois
na verdade eles esperavam ocupar importantes postos na equipe de governo varguista.
Este foi o motivo da Intentona Integralista ocorrida em 1938. Os integralistas
tentaram invadir o Palácio da Guanabara para acabar com o governo ditatorial
implantado por Vargas em 1937. Em outras palavras. A Intentona Integralista foi a
tentativa de um novo golpe de Estado colocado em prática pelos fascistas da AIB.

Repressão; Exílios; e Prisões

Esta tentativa de golpe foi reprimida pela guarda pessoal de Getúlio Vargas.
Todos os participantes foram presos e Plínio Salgado, o líder da AIB, foi enviado para o
exílio, ou seja, foi expulso do Brasil. Para manter o domínio sobre a população o
governo do Estado Novo utilizou de forma intensiva a repressão e a força. O objetivo
era garantir que todas as medidas tomadas por Getúlio Vargas fossem apoiadas,
mesmo que de forma obrigatória por todos os brasileiros.
Durante o Estado Novo foram efetuadas inúmeras prisões. Posteriormente, os
presos eram torturados para entregar informações importantes. Depois eles eram
extraditados para que não apresentassem ameaça ao Governo Vargas. Não podemos
deixar de citar a criação do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), órgão
governamental responsável pelo monitoramento e censurados meios de comunicação,
pela produção da propaganda de governo e pela criação do programa a Hora do Brasil,
momento em que o presidente falava diretamente com o povo utilizando o meio de
comunicação de massa daquela época: o rádio.

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Exército; Classe Média e Operária.

As Forças Armadas foram fundamentais para que Getúlio Vargas chegasse ao


poder. Os militares tiveram participação ativa no golpe de 1930 e na repressão aos
comunistas. Portanto, este grupo demonstrou ser de fundamental importância no
governo de Vargas. Foi dessa forma que os militares reivindicaram e conquistaram a
modernização bélica, ou seja, compraram novas armas e novas máquinas, tais como
tanques, navios e aviões de guerra. As forças armadas também assumiram o controle
das polícias públicas estaduais. Os militares ainda conquistaram uma grande autonomia
para tomar decisões que envolviam a segurança nacional. Isso explica porque os
militares participaram diretamente das negociações que envolveram a construçãoda
Companhia Siderúrgica de Volta Redonda. Sem siderurgia não tem aço e sem aço não
tem matéria-prima para fabricar armas, munições, tanques, aviões e navios. Para as
Forças Armadas a instalação da indústria de base no Brasil estava diretamente
relacionada com a defesa da soberania e das riquezas nacionais.
A classe média foi outro grupo extremamente beneficiado com a Era Vargas. Na
República Velha os cargos públicos eram ocupados de acordo com o interesse pessoal
dos governantes. Tudo mudou no governo de Getúlio Vargas. A criação do
Departamento Administrativodo Serviço Público (DASP) abriu um grande número de
possibilidades para a construção de carreiras nas instituições civis públicas. Para
trabalhar em instituições tais como Ministério do Trabalho, Polícia Federal, Tribunal de
Contas, prefeituras e governos estaduais, era preciso ser aprovado em um concurso
público. Esta herança da Era Vargas está em vigor até os dias de hoje. Esta mudança
acabou beneficiando a Classe Média, o grupo social que tinha maior acesso à
escolaridade naquela época.
A classe operária também foi tratada com especial atenção durante a Era Vargas.
Havia um profundo medo do governo de que o socialismo se espalhasse entre a classe
operária. Foi por isso que Vargas se antecipou às reivindicações a produziu lentamente

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um conjunto de leis que mais tarde deram origem à Consolidação da Leis Trabalhistas
(a CLT, que também vigora até os dias de hoje). Porém, foram criados instrumentos que
permitiram ao governo o poder de intervenção e controle dos sindicatos, impedindo
que as ideias socialistas se espalhassem no meio operário urbano.
Propagandas embutidas nos livros didáticos, desfiles e comícios públicos,
programas de rádio em cadeia nacional, entre muitos outros, foram utilizados para
demonstrar que Getúlio Vargas era um líder popular, conhecido naquela época como o
"Pai dos pobres".
Em 1940 o governo se antecipou às demandas do movimento operário e
produziu ele mesmo as leis trabalhistas: Salário Mínimo, Jornada de trabalho
regulamentada em 8 horas; Regulamentação do trabalho infantil e feminino; Licença-
maternidade (que naquela época erade 2 meses); Carteira de Trabalho; Direito a férias
anuais remuneradas; Descanso semanal e direito à previdência social. (Criação da
previdência social com o Instituto de Aposentadoria e Pensões (IAPS).)
Em 1942 toda a legislação produzida pelo governo de Getúlio Vargas desde o
ano de1930 foi compilada em um único documento que ficou conhecido como
Consolidaçãodas Leis Trabalhistas (CLT). Foi dessa forma que Getúlio Vargas ficou
cravado de forma inesquecível nos corações e nas mentes do povo brasileiro.

Segunda Guerra Mundial

Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial (1939), o governo viu-se obrigado a


se posicionar em relação ao conflito. A “entrada” do Brasil na Segunda Guerra Mundial
provocou uma contradição ideológica interna, pois ao mesmo tempo em que o Brasil
“lutava” contra os governos ditatoriais nazifascistas (Alemanha e Itália) na Europa,
mantinha uma ditadura com aspectos semelhantes no Brasil.
As pressões políticas e sociais não tardaram a aparecer e o presidente Vargas
viu-se obrigado a tomar várias medidas redemocratizadoras, entre as quais destacam-

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se: a liberdade política pluripartidária, possibilitando a fundação de novos partidos


políticos, o fim da censura à imprensa, favorecendo ao aumento das críticas da oposição
contra a antidemocracia e o autoritarismo político de Vargas, a anistia aos presos
políticos, colocando em liberdade históricos opositores de Vargas, como o comunista Luís
Carlos Prestes, o qual inclusive, participaria do “Movimento Queremista” ; a convocação
de eleições presidenciais para dezembro de 1945, concluindo a abertura política iniciada
com a tomada das primeiras medidas de redemocratização.
Paralelamente à tomada dessas medidas, setores governistas atrelados ao
recém-fundado PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), o qual estava diretamente infiltrado
no sindicalismo governista, iniciou uma campanha nacional denominada “Movimento
Queremista”, cujo lema era “Queremos Getúlio, com a Constituinte!” Pois sua proposta
era a manutenção de Vargas na presidência da República pelo menos até a
promulgação de uma nova Constituição, pois só dessa maneira, diziam eles, os direitos
trabalhistas e sociais estariam assegurados.
Temendo o sucesso do “Movimento Queremista”, os mesmos setores do Exército,
que outrora sustentaram a ditadura pessoal de Vargas, adiantaram-se e depôs o
presidente na noite do dia 29 de outubro de 1945, entregando o poder interinamente
ao presidente do Supremo Tribunal Federal José Linhares, o qual governaria o país até
a realização das eleições presidenciais em dezembro.

BUSCANDO CONHECIMENTO

Site – Só História - Era Vargas


http://www.sohistoria.com.br/ef2/eravargas/

Site – Mundo Educação – Estado Novo


http://www.mundoeducacao.com/historiadobrasil/era-vargas-estado-novo.htm

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UNIDADE12 - O Período Democrático: 1945 – 1964
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CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Esse período foi marcado pela liberdade política, individual e de imprensa e pela
repartidarização do país, no qual, os principais partidos que administrariam a nação
pelos próximos 20 anos: PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), PSD (Partido Social
Democrata) e UDN (União Democrática Nacional) foram organizados.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Getúlio foi substituído por José Linhares, presidente do Supremo Tribunal


Federal e o substituto direto, pois pela Constituição de 1937 não existia a figura do vice-
presidente. José Linhares tornou-se, então, presidente interino, ficando três meses no
cargo, até passar o poder ao presidente eleito Eurico Gaspar Dutra. Dutra foi eleito em
2 de dezembro de 1945, e tomou posse na presidência da república em 31 de janeiro
de 1946.
Getúlio foi afastado do poder sem sofrer nenhuma punição, nem mesmo o
exílio, como o que ele próprio impusera ao presidente Washington Luís ao depô-lo.
Getúlio não teve os seus direitos políticos cassados e não respondeu a qualquer
processo judicial. Getúlio Vargas retirou-se para sua estância em São Borja, a Estância
Santos Reis, no Rio Grande do Sul. Getúlio apoiou a candidatura do general Eurico
Gaspar Dutra, o ex-ministro da Guerra (hoje Comando do Exército) durante todo o
Estado Novo, à presidência da República. O apoio a Dutra era uma das condições
negociadas para que Getúlio não fosse exilado.

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Eurico Gaspar Dutra (1945-1950)

Nas eleições democráticas de dezembro de 1945, saiu-se vitorioso o candidato


da coligação partidária PSD-PTB, general Eurico Gaspar Dutra, ex-ministro da Guerra de
Vargas e um dos responsáveis pela sua deposição.
Logo no inicio de seu governo foi convocada a Assembleia Nacional
Constituinte, cujo objetivo era discutir e promulgar uma Constituição democrática para
a nação.

A constituição de 1945

Após meses de trabalhos, em 18 de setembro de 1945, a Constituição foi


promulgada, apresentando as seguintes características: República Federativa
Presidencialista; Mandato presidencial de 5 anos, sem direito à reeleição; Restauração do
cargo de vice-presidente nas próximas eleições; Restauração do número de 3 senadores
por Estado; Voto direto, secreto e universal para todos os cidadãos brasileiros maiores de
18 anos e alfabetizados.; Preservação da legislação trabalhista; Controle sindical, porém
reconhecia o direito de greve às categorias não ligadas aos setores especiais, tais como,
geração e distribuição de energia, distribuição de água e tratamento de esgoto e serviços
de saúde.
Em decorrência da Guerra Fria (conflito político-ideológico entre o capitalismo
dos Estados Unidos e o comunismo da União Soviética), o Brasil aliou-se inteiramente à
ideologia capitalista liberal dos EUA e tomou algumas medidas políticas anticomunistas:
Rompimento das relações diplomáticas com a União Soviética; Cassação dos mandatos
dos congressistas eleitos pelo PCB (Partido Comunista Brasileiro) e ilegalidade desse
partido.
O clima de tensão da Guerra Fria e o suposto perigo do comunismo
amedrontavam a sociedade brasileira, mas a aproximação ideológica do Brasil com os

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UNIDADE12 - O Período Democrático: 1945 – 1964
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Estados Unidos trouxe consequências econômicas desvantajosas para o país, sabendo


que aproximadamente 80% das reservas cambiais foram gastas sem que houvesse
avanços significativos nos setores de infraestrutura, tais como, transporte, geração e
distribuição de energia.

Getulio Vargas: 1951-1954

Nas eleições presidenciais de 1950, Getúlio Vargas derrotou o candidato da UDN


(União Democrática Nacional), o brigadeiro Eduardo Gomes (sobrevivente do levante
tenentista de 5 de julho de 1922: “os 18 do Forte”) e propagandeou a retomada do
modelo político-econômico nacionalista e intervencionista estatal.
Durante seu segundo mandato, enfrentou uma ferrenha oposição dos membros
da UDN no Congresso Nacional, em especial do jornalista Carlos Lacerda, principal
crítico e opositor político e pessoal de Vargas.
Dentre as principais medidas nacionalistas do governo estão: a criação da
Petrobrás, da Eletrobrás, do BNDE (Banco Nacional de Desenvolvimento) e do
encaminhamento para o Congresso Nacional de uma proposta de lei para a Limitação
das Remessas de Lucros das empresas estrangeiras para seus países de origem, atitude
que provocou a reação dos representantes dos interesses da burguesia internacional.
O modelo nacionalista também era criticado pelos liberais, burguesia nacional,
comunistas etc. Vargas e familiares eram acusados (principalmente seu irmão Benjamim
e seu filho Lutero) de corrupção e de favorecimento político e financeiro a amigos.
Em agosto de 1954, um atentado contra “o corvo”, isto é, Carlos Lacerda,
incriminou membros da guarda pessoal do presidente da República, entre os quais
encontrava-se o seu guarda-costas Gregório Fortunato, o qual assumiu ser o mandante
do crime, porém, descartou qualquer possibilidade de vinculo entre o atentado e o
presidente. Tal atentado feriu o jornalista, mas vitimou fatalmente o major da
Aeronáutica Rubens Vaz, o qual prestava a Carlos Lacerda o serviço de guarda-costas.

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Diante desse crime, a Aeronáutica iniciou na Base Aérea do Galeão, um processo de


investigação paralela ao da polícia carioca e exigia, ao menos até a conclusão do
inquérito, o afastamento do presidente Vargas.
Diante das pressões da oposição e vendo-se abandonado pelas Forças Armadas,
inclusive pelo Exército, Getúlio Vargas suicidou-se com um tiro no coração em 24 de
agosto de 1954, deixando aos brasileiros uma “Carta Testamento”, na qual ele aponta
suas razões para “sair da vida e entrar na história”.

Carta Testamento

"Deixo à sanha dos meus inimigos o legado da minha morte. Levo o pesar de não haver
podido fazer, por este bom e generoso povo brasileiro e principalmente pelos mais
necessitados, todo o bem que pretendia. A mentira, a calúnia, as mais torpes
invencionices foram geradas pela malignidade de rancorosos e gratuitos inimigos numa
publicidade dirigida, sistemática e escandalosa... Eu vos dei a minha vida. Agora vos
ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da
eternidade e saio da vida para entrar na História”.
(Rio de Janeiro, 23/08/54 - Getúlio Vargas).
No dia seguinte ao suicídio, milhares de pessoas saíram às ruas para prestar o
"último adeus" ao "pai dos pobres", chocadas com o que ouviram no noticiário
radiofônico mais popular da época, o Repórter Esso. Enquanto isso, retratos de Getúlio
eram distribuídos para o povo durante o dia. Carlos Lacerda teve que fugir do país, com
medo de uma perseguição popular.
Com o falecimento de Vargas, o vice-presidente João Café Filho assumiu a
presidência da República, pois diante da comoção nacional em virtude do suicídio de
Vargas os militares que tramavam a tomada do poder, recuaram.
Em 2 de novembro de 1955, Café Filho apresentou uma solicitação de
afastamento alegando precisar tratar da saúde. Porém, tal atitude foi premeditada e

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arquitetada pela UDN, a qual estava interessada em anular as eleições de 1955, pois
nessa eleição o candidato udenista Juarez Távora (membro do movimento tenentista da
década de 1920 e interventor federal nomeado por Vargas na década de 1930)
amargou uma derrota nas urnas. Entretanto o candidato vitorioso Juscelino Kubitschek
de Oliveira, segundo a oposição, teve uma votação inexpressiva, pois venceu com
apenas 38% dos votos válidos, os quais legalmente lhe asseguravam a maioria simples
como previa a Constituição. (ou no mínimo omitia a questão da maioria absoluta, isto é,
50% mais 1 voto válido).
Café Filho foi substituído pelo presidente do Congresso Nacional, o deputado
Carlos Luz que, na presidência da República foi apoiado pela UDN de Carlos Lacerda e
anunciou a anulação da eleição de outubro de 1955. Seu breve governo (2 a 11 de
novembro de 1955) foi interrompido por um golpe militar preventivo organizado e
comandado pelo general Henrique Teixeira Lott, o qual pretendia assegurar a
manutenção da democracia republicana.
Com a deposição de Carlos Luz, quem assumiu a presidência do país foi o
presidente do senado Nereu Ramos, o qual governou até o dia 31 de janeiro de 1955,
ocasião da solenidade de posse do presidente Juscelino Kubitschek.
A “Novembrada”, denominação dada a esse movimento militar, evitou a
inconstitucionalidade da atitude dos políticos da oposição (UDN) derrotada pela aliança
entre PTB-PSD nas três últimas eleições do período.
O Exército garantiu a constitucionalidade dos resultados eleitorais, entretanto,
durante a década de 1960, um movimento civil-militar, iniciado nos anos de governo do
presidente João Goulart, tomaria o poder de forma inconstitucional e, com o passar dos
anos, ditatorial.

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BUSCANDO CONHECIMENTO

Carta-testamento - Fundação Getulio Vargas


http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/artigos/AlemDaVida/CartaTestamento

Livro: Agonia e morte do presidente Getúlio Vargas - Antônio Sérgio Ribeiro

Site: Era Vargas – Estado Novo. Disponível em: http://www.brasilescola.com/historiab/vargas

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CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Juscelino Kubitschek empolgou o país com seu slogan "Cinquenta anos em


cinco", conseguiu encetar um processo de rápida industrialização, tendo como
carro-chefe a indústria automobilística. Houve, no seu governo, um forte
crescimento econômico, porém, houve também um significativo aumento da
dívida pública interna e da dívida externa e da inflação nos governos seguintes.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Os anos de governo do presidente Juscelino Kubitschek, eleito presidente


do Brasil nas eleições de 1955, foram denominados “Anos Dourados”, devido ao
modelo político-econômico Nacional-desenvolvimentista, isto é, um misto de
investimentos público-privados, no qual o governo assumia o compromisso de
investir nos setores estratégicos da economia (energia, transporte, alimentação,
educação e industrialização de base), enquanto os investimentos estrangeiros
seriam destinados principalmente para a implantação de indústrias de bens de
consumo, principalmente as automobilísticas.

Plano de Metas
No começo de seu governo, JK apresentou ao povo brasileiro o seu Plano
de Metas, cujo lema era “cinqüenta anos em cinco”. Pretendia desenvolver o país
cinqüenta anos em apenas cinco de governo. O plano consistia no investimento
em áreas prioritárias para o desenvolvimento econômico, principalmente, infra-
estrutura (rodovias, hidrelétricas, aeroportos) e indústria.

Desenvolvimento industrial

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Foi na área do desenvolvimento industrial que JK teve maior êxito. Abrindo
a economia para o capital internacional, atraiu o investimento de grandes
empresas. Foi no governo JK que entraram no país grandes montadoras de
automóveis como, por exemplo, Ford, Volkswagen, Willys e GM (General Motors).
Estas indústrias instalaram seu filial nas região sudeste do Brasil, principalmente,
nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e ABC (Santo André, São Caetano e São
Bernardo). As oportunidades de empregos aumentaram muito nesta região,
atraindo trabalhadores de todo Brasil. Este fato fez aumentar o êxodo rural (saída
do homem do campo para as cidades) e a migração de nordestinos e nortistas de
suas regiões para as grandes cidades do Sudeste.

Construção de Brasília

A construção de Brasília – a nova Capital Federal – foi a principal realização


desse governo. A Novacap, foi a empresa estatal responsável pela administração
das obras, as quais só foram possíveis graças aos convênios entre as principais
empreiteiras do país.
A proposta de planejamento e estudo para a mudança da capital já estava
prevista nas Constituições de 1891, 1934, 1937 e 1946, entretanto Juscelino
Kubitschek, ainda em campanha presidencial, assumiu um compromisso público
com esse artigo constitucional, pois afirmava que a integração nacional era
necessária e Brasília, construída na região Centro-Oeste, dentro do Estado de
Goiás, distando algumas dezenas de quilômetros da divisa do Estado de Minas
Gerais, seria o epicentro de tal integração.
As obras foram parcialmente concluídas durante seu governo e Brasília
inaugurada em 21 de abril de 1960. Toda a estrutura dos poderes Legislativo,
Executivo e Judiciário, foram gradativamente transferida para a nova capital.

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As acusações oposicionistas de desvio de verbas, favorecimento às
empreiteiras, gastos públicos indevidos, internacionalização da economia,
endividamento externo etc., enfraqueceram o governo e Juscelino Kubitschek não
conseguiu eleger seu sucessor, o candidato Henrique Teixeira Lott (general e ex-
ministro da Guerra).

Anos Dourados

A era JK estava em todo canto, nos chamados "Anos Dourados". Ao longo


da década de 1950, a economia brasileira foi industrializada rapidamente,
passando de rural a urbana.
Nessa época foram se popularizando os eletrodomésticos, que prometiam
facilitar a vida do lar. Eram de todos os tipos, desde enceradeiras até aspiradores
de pó, carros, televisores, o rádio e os toca-discos portáteis e o disco de vinil.
Foram criados os objetos de plástico e fibra sintética, além de casas com mobílias
com menos adornos.
Enquanto tudo isso se consolidava, os meios de comunicações e de
diversões se ampliavam. Eram emissoras de rádios que através das ondas curtas
chegavam a grande parte do interior do Brasil, revistas como Seleções e O
Cruzeiro, jornais, radionovelas, o teatro de revista, teatros, programas radiofônicos
de musicais e os humorísticos, o radiojornal Repórter Esso e as comédias e as
chanchadas da Atlântida Cinematográfica do Rio de Janeiro. O cinema brasileiro
teve sua fase dourada, nos anos 1950, com a Companhia Cinematográfica Vera
Cruz, de São Paulo, e a premiação do filme O Cangaceiro, no exterior, em 1953.
Em 1958, a música popular brasileira é sucesso no exterior, especialmente a Bossa
Nova, criada naquela época. O salário-mínimo, em 1959, em termos reais,
descontado a inflação, ou seja, em valores reais, é considerado o mais alto da
história do Brasil.

67
Em janeiro de 1960, pouco antes de deixar a presidência, JK deixou uma
mensagem de agradecimento ao professor José Antero de Carvalho, na qual
resume sua visão sobre seu governo e seu futuro político.
“Sinto-me satisfeito em poder proclamar que, na presidência da república, não faltei
a um só dos compromissos que assumi como candidato. Mercê de Deus, em muitos
setores realizei além do que prometi, fazendo o Brasil avançar, pelo menos,
cinquenta anos de progresso em cinco anos de governo... Sejam quais forem os
rumos de minha vida pública, levarei comigo, ao deixar o honroso posto que me
confiou a vontade popular, o firme propósito de continuar servindo ao Brasil com a
mesma fé, o mesmo entusiasmo e a mesma confiança nos seus altos destinos!” -
Juscelino Kubitschek

Janio Quadros

Nas eleições de 1960, a UDN (União Democrática Nacional) coligou-se com


o PDC (Partido Democrata Cristão) e o candidato Jânio Quadros (ex-prefeito e ex-
governador do Estado de São Paulo) elegeu-se presidente, prometendo “varrer a
corrupção” do país”, utilizando como símbolo de sua campanha, a imagem de
uma vassoura, somando-se a ela, um discurso claramente populista e
demagógico.
Jânio Quadros não promoveu à prometida “limpeza política” e, transitando
politicamente entre a direita udenista e a esquerda socialista, enfrentou a
oposição dos primeiros e a impaciência dos segundos. Vendo-se abandonado
pelo Congresso Nacional, principalmente pela UDN que o havia apoiado nas
eleições, optou pela renúncia presidencial em 25 de agosto de 1961, menos de
sete meses depois de ter assumido a presidência da República.

68
João Goulart

Conhecido também pelo apelido de “Jango”, João Belchior Marques


Goulart foi presidente do Brasil entre os anos de 1961 e 1964 (foi deposto com o
Golpe Militar de 1964). Antes disso, tinha sido vice-presidente de JK (Juscelino
Kubitschek) entre os anos de 1956 e 1961. Em 1961, após a renúncia de Jânio
Quadros, foi empossado presidente da República. Governou até 31 de março de
1964, quando foi deposto pelo Golpe Militar.
A renúncia de Jânio Quadros promoveu uma crise política nacional, pois a
oposição (UDN) e parcela dos militares conservadores não queriam aceitar a
posse do vice-presidente João Goulart, o qual se encontrava na ocasião, em
viagem à União Soviética e à China, ambos, sabidamente, comunistas
revolucionários. Entre os dias 25 de agosto e 7 sete de setembro de 1960 a
presidência da República foi ocupada pelo presidente da Câmara Federal, o
deputado Ranieri Mazzilli. O parlamentarismo vigorou no Brasil entre setembro
de 1961 e janeiro de 1963, quando foi realizado um referendo (alguns autores
chamam de plebiscito) restabelecendo o presidencialismo.
O presidente João Goulart iniciou um programa de reformas denominado
“Reformas de Base”, as quais abrangeriam algumas áreas estratégicas para a
economia, entre as quais se destacam: Tributária ; Administrativa; Urbana;
Universitária; Agrária. Sendo que essa última desagradava aos interesses da
tradicional elite política ruralista.
Os militares e a oposição começaram a articular o Golpe Civil-Militar de 31
de março de 1964, resultando na deposição do presidente da República e na
formação de uma Junta Militar Provisória para governar o país até que a
normalidade política fosse restabelecida.

BUSCANDO CONHECIMENTO

69
50 anos em 5: Plano de Metas
http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/JK/artigos/Economia/PlanodeMetas

Jk - Minissérie da TV Globo
http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/1435626/jk-miniserie-da-tv-globo

Livro: O Fenômeno Jânio Quadros – Viariatoo de Castro. SP: 2ª edição, 1959.

Site: João Goulart


http://www.suapesquisa.com/biografias/joao_goulart.html

70
HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
UNIDADE 14 - O Regime Militar: 1964 – 1969
Fabiano Luiz Curtolo
Andréa Wolff

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

No dia 9 de abril de 1964 foi publicado o primeiro Ato Institucional (AI-1)


mecanismo político utilizado pelos militares para mascarar o autoritarismo político, pois
possibilitava a manutenção da Constituição vigente, porém estava acima das premissas
constitucionais.

Ditadura - É um regime de governo onde todos os poderes do Estado estão


concentrados em um indivíduo, um grupo ou um partido. No caso do Brasil o grupo
dirigente responsável pela tomada de todas as decisões era composto pelos membros
das Forças Armadas (Exército,Marinha e Aeronáutica).

ESTUDANDO E REFLETINDO

Podemos definir a Ditadura Militar como sendo o período da política brasileira

em que os militares governaram o Brasil. Esta época vai de 1964 a 1985. Caracterizou-se
pela falta de democracia, supressão de direitos constitucionais, censura, perseguição
política e repressão aos que eram contra o regime militar.

O golpe militar de 1964

A crise política se arrastava desde a renúncia de Jânio Quadros em 1961. O vice


de Jânio era João Goulart, que assumiu a presidência num clima político adverso. O
governo de João Goulart (1961-1964) foi marcado pela abertura às organizações sociais.
Estudantes, organização populares e trabalhadores ganharam espaço, causando a
preocupação das classes conservadoras como, por exemplo, os empresários,
banqueiros, Igreja Católica, militares e classe média. Todos temiam uma guinada do

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HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
UNIDADE 14 - O Regime Militar: 1964 – 1969
Fabiano Luiz Curtolo
Andréa Wolff

Brasil para o lado socialista. Vale lembrar, que neste período, o mundo vivia o auge da
Guerra Fria.
Os partidos de oposição acusavam Jango de estar planejando um golpe de
esquerda e de ser o responsável pela carestia e pelo desabastecimento que o Brasil
enfrentava. No dia 13 de março de 1964, João Goulart realiza um grande comício na
Central do Brasil (Rio de Janeiro), onde defende as Reformas de Base. Neste plano,
Jango prometia mudanças radicais na estrutura agrária, econômica e educacional do
país. Seis dias depois, em 19 de março, os conservadores organizam uma manifestação
contra as intenções de João Goulart. Foi a Marcha da Família com Deus pela Liberdade,
que reuniu milhares de pessoas pelas ruas do centro da cidade de São Paulo. O clima
de crise política e as tensões sociais aumentavam a cada dia.
No dia 31 de março de 1964, tropas de Minas Gerais e São Paulo saem às ruas.
Para evitar uma guerra civil, Jango deixa o país refugiando-se no Uruguai. Os militares
tomam o poder. Em 9 de abril, é decretado o Ato Institucional Número 1.

Ato Institucional nº. 1 ( 09 de Abril de 1964)

Redigido por Francisco dos Santos Nascimento , foi editado em 9 de abril de 1964
pela junta militar. Passou a ser designado como Ato Institucional Número Um, ou AI-1
somente após a divulgação do AI-2. Com 11 artigos, o AI-1 dava ao governo militar o
poder de alterar a constituição, cassar mandatos legislativos, suspender direitos
políticos por dez anos e demitir, colocar em disponibilidade ou aposentar
compulsoriamente qualquer pessoa que tivesse atentado contra a segurança do país, o
regime democrático e a probidade da administração pública.
 Suspensão da Constituição vigente e das garantias constitucionais por seis
meses.
 Eleições indiretas para presidente da República.
 Cassação de mandatos e suspensão dos direitos políticos dos opositores.

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UNIDADE 14 - O Regime Militar: 1964 – 1969
Fabiano Luiz Curtolo
Andréa Wolff

No dia 10 de abril foi divulgada a primeira lista dos cassados.102 nomes foram incluídos,
sendo 41 deputados federais.

 João Goulart – Ex-presidente da República e Presidente Nacional do PTB


 Jânio Quadros – Ex-presidente da República
 Luís Carlos Prestes – Secretário-Geral do proscrito Partido Comunista Brasileiro
(PCB)
 Miguel Arraes – Governador deposto de Pernambuco pelo PSB
 Leonel Brizola – Deputado Federal, Ex-Governador do Rio Grande do Sul pelo
PTB e Líder da Frente de Mobilização Popular
 Rubens Paiva – Engenheiro e Deputado Federal por SP (PTB)
 Plínio de Arruda Sampaio – Deputado Federal PDC e relator do Projeto de
Reforma Agrária
 Ney Ortiz Borges - Deputado Federal e Vice-líder da bancada do PTB na Câmara
dos Deputados em 1963
 Celso Furtado – Economista e criador do Plano Trienal
 Abelardo Jurema – Ministro deposto da Justiça
 Almino Afonso – Ex-ministro do Trabalho
 Paulo de Tarso – Ex-ministro da Educação
 Darcy Ribeiro – Reitor deposto da Universidade de Brasília
 Raul Ryff – Assessor de imprensa de Goulart
 Samuel Wainer – Jornalista e dono do Jornal Última Hora
 Osvino Ferreira Alves – Marechal e Presidente deposto da Petrobrás
 Argemiro de Assis Brasil – General-de-Brigada
 Luís Tavares da Cunha Melo – Chefe do Gabinete Militar de Goulart
 Nelson Werneck Sodré - Intelectual, ligado ao setor nacionalista do Clube Militar

Marechal Humberto de Alencar Castello Branco: 1964-1967

Eleito indiretamente pelo Congresso Nacional, acenava com a possibilidade de


redemocratização política, entretanto tomava medidas de endurecimento e anulação
da oposição. Durante seu governo foram publicados os Atos Institucionais nº 2 e nº 3.
A posse de Castello Branco ocorreu em 15 de abril de 1964 e ele governou o Brasil até
março de 1967 Durante o governo de Castelo Branco iniciou-se o fechamento político e
a anulação da oposição.

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Ato Institucional n. 2 ( 27 de Outubro de 1965)

 Suspensão da Constituição e das garantias constitucionais por tempo


indeterminado.
 Intervenção do Poder Executivo no Judiciário, cabendo a um tribunal especial
(militar) o julgamento das ações dos representantes do Governo Militar.
 Extinção dos partidos políticos vigentes (pluripartidarismo) e adoção do
bipartidarismo
 Foram fundados dois novos partidos políticos:
 Arena (Aliança Renovadora Nacional): representada pelos políticos apoiadores
do Regime Militar
 MDB (Movimento Democrático Brasileiro): representado pelos políticos que
fariam uma suposta oposição ao governo.

Ato Institucional n. 3 (05 de Fevereiro de 1966)

 Eleições indiretas para governadores de Estados e para os cargos de prefeitos


das capitais e cidades de segurança nacional.

General Artur da Costa e Silva: 1967-1969

As principais medidas de fechamento político e implantação de uma ditadura de


fato no país ocorreram durante o breve governo do presidente Costa e Silva
(interrompido pelo afastamento médico e posterior falecimento), quando o choque
entre os cidadãos insatisfeitos (políticos, intelectuais, estudantes, operários,
sindicalistas...) e o governo tornaram-se explícitos.
Greves operárias e passeatas estudantis marcaram o ano de 1968, o qual nas
palavras do escritor Zuenir Ventura foi “o ano que não terminou”, pois o presidente
apresentaria à nação o Ato Institucional n. 5.

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Ato Institucional n. 5 (13 de Dezembro de 1968)

 Recesso do Congresso Nacional, das Assembleias Estaduais e das Câmaras


Municipais por tempo indeterminado.
 Sobreposição do Poder Executivo aos demais poderes (Legislativo e Judiciário),
dando ao presidente o direito de utilizar os decretos-lei.
 Suspensão dos direitos políticos de qualquer cidadão brasileiro pelo período de
10 anos.
 Cassação de mandatos de deputados federais, estaduais e vereadores
oposicionistas.
 Proibição das manifestações populares de caráter político.
 Suspensão do Habeas Corpus (em casos de crimes políticos ou contra a
segurança nacional).
 Censura prévia à imprensa (jornais, revistas, músicas, programas televisivos,
peças de teatro...)
 Demissões sumárias ou aposentadorias compulsórias para servidores públicos.

Com o afastamento e posterior falecimento do presidente Costa e Silva em 17 de


dezembro de 1969, formou-se uma Junta Militar (general Lyra Tavares, almirante
Augusto Redemaker e brigadeiro Márcio de Souza e Melo) que governou o Brasil até a
realização de novas eleições presidenciais (indiretas), as quais garantiram a vitória do
presidente general Emilio Garrastazu Médici.

BUSCANDO CONHECIMENTO

Documentos da Comissão da Verdade


http://www.documentosrevelados.com.br/

Acervo da Luta Contra a Ditadura


http://www.acervoditadura.rs.gov.br/principal.htm

Memorial da Resistência
http://www.pinacoteca.org.br/pinacoteca-pt/

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Minissérie Anos Rebeldes


http://memoriaglobo.globo.com/programas/entretenimento/minisseries/anos-
rebeldes.htm

Musicas
musicas/10-musicas-de-protesto-a-ditadura-militar/

Filmes:Pra Frente Brasil; O Que é Isso Companheiro?; Batismo de Sangue ;Hércules 56,
entre outros.

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UNIDADE 15 - Anos de Chumbo e o Início da abertura
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CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Em 1969, a Junta Militar escolhe o novo presidente: o general Emílio Garrastazu


Medici. Seu governo é considerado o mais duro e repressivo do período, conhecido
como "anos de chumbo". A repressão à luta armada cresce e uma severa política de
censura é colocada em execução. Jornais, revistas, livros, peças de teatro, filmes,
músicas e outras formas de expressão artística são censuradas.
Muitos professores, políticos, músicos, artistas e escritores são investigados,
presos, torturados ou exilados do país. O DOI-Codi (Destacamento de Operações e
Informações e ao Centro de Operações de Defesa Interna ) atua como centro de
investigação e repressão do governo militar.

ESTUDANDO E REFLETINDO

General Emilio Garrastazu Médici – 1969 a 1974

Considerado um dos presidentes militares mais severos com a oposição, Médici,


logo no primeiro dia de mandato, apresentou uma emenda à Constituição de 1967 – a
qual , quando publicada, procurava assegurar o endurecimento e a antidemocracia do
regime, porém mantendo algumas garantias individuais (lembrando que a mesma, foi
promulgada antes da publicação do AI-5, o qual se sobrepunha aos artigos
constitucionais).

Emenda Constitucional de 1969

 Mandato presidencial de 5 anos.


 Constitucionalização de todos os Atos Institucionais publicados anteriormente.
 Eleições indiretas para governador de Estado em 1970.

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UNIDADE 15 - Anos de Chumbo e o Início da abertura
Fabiano Luiz Curtolo
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 Pena de morte para os crimes políticos de guerra revolucionária ou subversão da


ordem.
 Garantia ao Poder Executivo da utilização do Decreto-lei.
 Restrição à inviolabilidade parlamentar.
 Impedimento do Poder Judiciário em julgar os conteúdos dos Atos institucionais.
Durante o governo do presidente Médici, o Brasil viveu um momento de euforia
econômica, denominado “Milagre Econômico” ou “Milagre Brasileiro”, pois as taxas de
crescimento do país, entre os anos 1969-1973, mantiveram-se entre 11 e 14%. O crédito
foi expandido e o estímulo ao consumo propagandeado. Enquanto a classe média era
beneficiava pela política econômica do Ministro da Fazenda Delfim Neto, as camadas
populares sofriam com o arrocho salarial e os alarmantes índices de pobreza e
marginalização social.
O governo desmantelou as organizações políticas de oposição responsáveis pela
luta armada contra os militares, entre as quais se destacam:
 ALN (Aliança Libertadora Nacional)
 VPR (Vanguarda Popular Revolucionária)
 MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de outubro)
 VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária – Palmares)
 COLINA (Comando de Libertação Nacional)
 PCdoB (Partido Comunista do Brasil)

As pessoas que participaram dessas organizações citadas optaram pela luta


armada, pois desacreditavam que politicamente se processaria uma abertura
democrática. Eram de inspiração comunista ou socialista, porém, dividiam-se
ideologicamente entre stalinistas, trotskistas, maoistas, enfim, propondo caminhos
diferentes para um mesmo final: derrotar o regime militar.

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UNIDADE 15 - Anos de Chumbo e o Início da abertura
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Foto da ficha de Dilma Rousseff no Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) de


São Paulo, registrada em janeiro de 1970.
A maioria dos membros dessas organizações foi, literalmente, tirada de combate
pelos militares (prisões, exílio, banimento, assassinatos e desaparecimentos), além da
utilização de meios violentos para enfraquecer os guerrilheiros (urbanos ou rurais), tais
como a tortura física ou psicológica.
“Escancarada, a ditadura firmou-se. A tortura foi o seu instrumento
extremo de coerção e extermínio, o último recurso da repressão política
que o Ato Institucional 5 libertou das amarras da legalidade. A ditadura
envergonhada foi substituída por um regime a um só tempo anárquico
nos quartéis e violento nas prisões. Foram os Anos de Chumbo.
O Milagre Brasileiro e os Anos de Chumbo foram simultâneos. Ambos
reais, coexistiram negando-se. Quem acha que houve um, não acredita
(ou não gosta de admitir) que houve o outro.
É falsa a suposição segundo a qual a tortura é praticada em defesa da
sociedade. Ela é instrumento do Estado, não da lei. (...) Oficiais-generais,
ministros e presidentes recorrem à tortura como medida de defesa do
Estado enquanto podem se confundir com ele. Valem-se dela, em
determinados momentos, contra determinadas ameaças, para atingir
objetivos específicos”. - (GASPARI, Elio. A ditadura escancarada. São
Paulo: Cia. Das Letras, 2002)

Ernesto Geisel: 1974-1979

Quando Geisel venceu as eleições no Colégio Eleitoral em 1974, comprometeu-


se com a abertura lenta, gradual e segura, pois os militares “Linha Dura”, adeptos do
fechamento político foram “derrotados”.
Embora a promessa de redemocratização existisse, já havia 17 Atos Institucionais,
muito pouco foi feito nesse sentido nos primeiros anos de governo. Aliás, enquanto
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UNIDADE 15 - Anos de Chumbo e o Início da abertura
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prometia a distensão (abertura), tomava medidas extremamente autoritárias e


antidemocráticas, tais como:

 Lei Falcão (1976): restrições às propagandas eleitorais no rádio, jornais e


televisão, proibindo o debate e a defesa de um programa de governo. O
candidato só poderia dizer seu nome, partido, número e um breve currículo.
 Pacote de Abril (1977): Eleição indireta de 1/3 dos senadores, o qual passou a ser
chamado de “senador biônico”, pois era escolhido de acordo com a indicação
do presidente.
A principal medida de abertura política tomada durante o governo Geisel foi:
 Extinção do Ato Institucional n. 5 (1979): tornava nulas todas as determinações
desse ato que havia completado dez anos.

João Batista Figueiredo: 1979-1985

O presidente João Figueiredo concluiu a abertura política iniciada no governo Geisel.


Logo em 1979 duas medidas tomadas pelo governo sinalizavam o fim do Regime
Militar, embora uma parcela significativa das Forças Armadas, ainda não havia se
convencido disso.
 Fim da censura à imprensa (1979): possibilitando uma maior liberdade de
imprensa após anos de controle sobre os veículos de comunicação.
 Lei da Anistia (1979): concedia liberdade aos presos políticos e possibilitava o
retorno daqueles que estavam exilados ou banidos. Também isentava os
torturadores de possíveis processos judiciais.
 Lei da Elegibilidade (1979): restituía os direitos políticos aos cidadãos que foram
cassados.
 Reforma Política (1980): extinção da ARENA e do MDB e permissão para a
repartidarização (pluripartidarismo).

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HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
UNIDADE 15 - Anos de Chumbo e o Início da abertura
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Embora tais medidas demonstrassem um abrandamento da Ditadura Militar, a


democracia não foi de todo efetivada, pois a proposta de Emenda Constitucional
encaminhada ao Congresso Nacional, propondo eleições diretas para presidente em
1985, não foi aprovada.
Para assegurar uma transição civil-militar sem grandes transtornos e evitar o
avanço da oposição, em 1985 as eleições indiretas foram realizadas e, nessa disputa,
saíram vitoriosos os candidatos da coligação PMDB-PFL (Tancredo Neves: presidente e
José Sarney: vice-presidente).

BUSCANDO CONHECIMENTO

Marighella - Retrato Falado do Guerrilheiro, um documentário de Silvio Tendler


www.youtube.com/watch?v=j7RoEmvOSkU

Governo Geisel (1974-1979): "Distensão", oposições e crise econômica.


http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/governo-geisel-1974-1979-
distensao-oposicoes-e-crise-economica.htm

Site: General Medici


http://www.brasilescola.com/historiab/general-medici.htm

Enciclopédia Nosso Século, v.5 1960 – 1980, "Sob as ordens de Brasília", Abril Cultural.

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UNIDADE 16 - Nova República: 1985-1990
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CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Os militares já estavam se mobilizando para uma distensão lenta, gradual e


segura, visando à volta da democracia plena. Os estrategistas sabiam que não
havia saída, seu poder estava sob forte pressão nacional e principalmente
internacional.
Nos últimos anos do governo militar, o Brasil apresenta vários problemas. A
inflação é alta e a recessão também. Enquanto isso a oposição ganha terreno com
o surgimento de novos partidos e com o fortalecimento dos sindicatos. Em 1984,
políticos de oposição, artistas, jogadores de futebol e milhões de brasileiros
participam do movimento das Diretas Já. O movimento era favorável à aprovação
da Emenda Dante de Oliveira que garantiria eleições diretas para presidente
naquele ano. Para a decepção do povo, a emenda não foi aprovada pela Câmara
dos Deputados.

ESTUDANDO E REFLETINDO

No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral escolheria o deputado


Tancredo Neves, que concorreu com Paulo Maluf, como novo presidente da
República. Ele fazia parte da Aliança Democrática – o grupo de oposição formado
pelo PMDB e pela Frente Liberal. Era o fim do regime militar.
Porém Tancredo Neves Tancredo Neves, adoecido gravemente, faleceu em
21 de abril de 1985, sem tomar posse e, oficialmente o vice José Sarney, que já
governava de forma excepcional, tomou posse como presidente da República.

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HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
UNIDADE 16 - Nova República: 1985-1990
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Tancredo Neves

No livro Carlos Castelo Branco - O jornalista do Brasil, o jornalista Pedro


Jorge de Castro narra o episódio da caneta Parker-21, dizendo que encerrada a
reunião ministerial, Getúlio sobe as escadas do Palácio do Catete para ir ao seu
apartamento. Vira-se e despede-se do ministro da Justiça Tancredo Neves, dando
a ele uma caneta Parker-21 de ouro e diz, pouco antes de se matar:
“Para o amigo certo das horas incertas!" - Getúlio Vargas
Tancredo havia se submetido a uma agenda de campanha bastante
extenuante, articulando apoios do Congresso Nacional e dos governadores
estaduais e viajando ao exterior na qualidade de presidente da República.
Tancredo temia que os militares da chamada "linha-dura" se recusassem a
passar o poder ao vice-presidente. Tancredo decidiu só anunciar a doença no dia
da posse, 15 de março, quando já estivessem em Brasília os chefes de estados
esperados para a cerimônia de posse, com o que ficaria mais difícil uma ruptura
política. A sua grande preocupação com a garantia da posse , porém com fortes e
repetidas dores abdominais durante uma cerimônia religiosa no Santuário Dom
Bosco, em Brasília, na véspera da posse em 14 de março de 1985. Foi, às pressas,
internado no Hospital de Base do Distrito Federal. A versão oficial informava que
fora vítima de uma diverticulite, mas apurações posteriores indicaram que se
tratava de ,um leiomioma benigno, mas infectado. Os médicos esconderam até o
fim a existência de um tumor, devido ao impacto que a palavra câncer poderia
provocar à época.

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HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
UNIDADE 16 - Nova República: 1985-1990
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José Sarney – 15 de Março de 1985 – 15 de Março de 1990

José Sarney assumiu a Presidência em 15 de março de 1985, jurando a


Constituição de 1967, no Congresso Nacional, aguardando o restabelecimento de
Tancredo. Leu o discurso de posse que Tancredo havia escrito e que pregava
conciliação nacional e a instalação de uma assembleia nacional constituinte. Na
cerimônia de transmissão do cargo, no Palácio do Planalto, o presidente João
Figueiredo não compareceu, se recusando a passar a faixa presidencial a José
Sarney, porque Sarney entraria no exercício do cargo como substituto e não como
sucessor.
Em 28 de junho de 1985, Sarney cumpriu a promessa de campanha de
Tancredo Neves e encaminhou ao Congresso Nacional a Mensagem 330,
propondo a convocação da Constituinte, que resultou na Emenda Constitucional
26, de 27 de novembro de 1985. Eleitos em novembro de 1986 e empossados em
1º de fevereiro de 1987, os constituintes iniciaram a elaboração da nova
Constituição brasileira de 1988.
Sarney assume um país em pedaços, pois a hiperinflação desvalorizava a
moeda todos os dias, o pão que se comprava num dia no outro já estava com o
preço aumentado.

Planos Econômicos

Apesar de um crescimento de 8,5% do PIB, a inflação persistia na entrada


de 1986, provocando uma quebra da confiança, elemento essencial na política
econômica. Em 28 de fevereiro de 1986 Sarney lança o Plano Cruzado. Entre as
medidas de maior destaque do Cruzado estavam o congelamento geral de preços
por doze meses e a adoção do "gatilho salarial", isto é, o reajuste automático de
salários sempre que a inflação atingisse ou ultrapassasse os 20%. Os economistas

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HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
UNIDADE 16 - Nova República: 1985-1990
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temiam que o plano tivesse caráter recessivo, e Sarney resolveu conceder um


abono de 12% sobre o valor real dos salários. Houve uma explosão de consumo e
a incorporação dos consumidores à ação de cidadania: eles passaram a fiscalizar
os preços e a denunciar as remarcações, ficando conhecidos como "fiscais do
Sarney". O novo ministro da Fazenda, Dilson Funaro, se tornou uma das figuras
mais populares do país. Entretanto o congelamento, distorcendo as margens de
lucro das empresas, levou ao desinvestimento e à queda de produção, o que
resultou numa grave crise de abastecimento, na cobrança de ágio disseminada e
finalmente na volta da inflação.
Em novembro de 1986 foi lançado o Plano Cruzado II, que ainda não
resolveu o problema da inflação. Em abril de 1987 assumiu o Ministério da
Fazenda o economista Luiz Carlos Bresser Pereira, que lançou em junho novo
plano econômico, que levou seu nome, o Plano Bresser, e também teve sucesso
moderado. O ano de 1988 iniciou com novo ministro da Fazenda, Maílson da
Nóbrega, que adotou a política ‘feijão com arroz’, de condução pontual dos
problemas econômicos. Em janeiro de 1989 lançou o Plano Verão.
No plano econômico, apesar da inflação (em geral acompanhada de
correção monetária que evitava a corrosão dos salários), o Governo Sarney
alcançou resultados relevantes.

Constituição de 1988

Em 1988 foi promulgada uma nova Constituição para o país, a qual


concretizou os anseios democráticos nacionais, pois trazia em seu conteúdo a
preservação dos direitos humanos de liberdade e igualdade, tornando a tortura e
o racismo atos criminosos inafiançáveis. A Constituição de 1988 apagou os rastros
da ditadura militar e estabeleceu princípios democráticos no país.

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HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
UNIDADE 16 - Nova República: 1985-1990
Fabiano Luiz Curtolo
Andréa Wolff

Com a promulgação da nova Constituição de 1988, o Brasil entrou


finalmente no caminho para a Democracia plena, de fato de direito, com o
pluripartidarismo e eleições diretas para qualquer cargo eletivo do país. Era o
início dos tempos democráticos.
A Constituição Federal Brasil de 1988, também conhecida como a
Constituição Cidadã, foi a sétima constituição do Brasil desde a Independência.
Elaborada por 558 constituintes durante 20 meses, ela foi promulgada no dia 5 de
outubro de 1988. Possui 245 artigos, dividida em nove títulos. Esta Constituição é
considerada a mais completa, principalmente, no sentido de garantir os direitos a
cidadania para o povo brasileiro.

Principais características:
- Se restabeleceram eleições diretas para os cargos de presidente da República,
governadores de estados e prefeitos municipais;
- Definiu o mandato presidencial de 5 anos;
- Estabeleceu o direito de voto para os analfabetos;
- Definiu o voto facultativo para os jovens de 16 a 18 anos de idade;
- Sistema pluripartidário;
- Colocou fim a censura aos meios de comunicação, obras de arte, músicas, filmes,
teatro, etc

Emenda da reeleição
- Em 1997, foi elaborada uma emenda constitucional que abriu a possibilidade de
reeleição para os principais cargos do poder executivo (presidente da República,
governadores de estados e prefeitos municipais).
De acordo com o historiador Boris Fausto, o texto refletiu as pressões dos
diversos grupos da sociedade, interessados na definição de normas que os
beneficiassem.

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HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
UNIDADE 16 - Nova República: 1985-1990
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BUSCANDO CONHECIMENTO

Memorial Tancredo Neves


http://www.memorialtancredoneves.com.br/imagens.htm

Livro: Sarney, a Biografia - Regina ECHEVERRIA – ED. LEYA,

Almanaque Folha: http://almanaque.folha.uol.com.br/brasil_17abr1984.htm

Constituição de 1988
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm

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HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
UNIDADE 17 - Retomada do Regime Democrático do Brasil: 1989 -1995
Fabiano Luiz Curtolo
Andréa Wolff

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Logo após a transição política vivida durante o governo José Sarney, o


Brasil viveu um período de movimentação política que consolidou a retomada do
regime democrático no país. Em 1989, após vinte e nove anos, a população
brasileira escolheria o novo presidente da República através do voto direto.

ESTUDANDO E REFLETINDO

1989 talvez possa ser apontado como o ano da retomada dos sonhos e da
utopia da construção de um país democrático e menos desigual. A ditadura fora
extinta quatro anos antes com a saída de cena do último presidente general João
Figueiredo.Sucedeu-o no cargo José Sarney, o vice de Tancredo Neves, presidente
eleito pelo voto de Deputados Federais, Senadores e Representantes de
Assembléias Legislativas (eleição indireta). Tancredo morreu em 21 de abril de
1985 sem ter tomado posse.
1989 foi o ano da queda do muro de Berlim, que antecederia o fim da
União Soviética e do comunismo; da morte de três mil manifestantes na Praça
Celestial da Paz, em Pequim; do Prêmio Nobel da Paz concedido ao Dalai Lama; e
da posse na presidência dos Estados Unidos do primeiro George Bush. Mas
nenhum outro fato foi mais relevante para os brasileiros do que a primeira eleição
pelo voto direto do presidente da República. A anterior ocorrera em 1960 quando
foi eleito Jânio Quadros. Ele governou menos de sete meses. Renunciou para
tentar voltar como ditador nos braços do povo, o que deu errado.

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HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
UNIDADE 17 - Retomada do Regime Democrático do Brasil: 1989 -1995
Fabiano Luiz Curtolo
Andréa Wolff

Eleição de 1989
A eleição de 1989 foi disputada por 22 candidatos, entre eles, Fernando
Collor, Lula, Leonel Brizola, Mário Covas, Paulo Maluf, Ulysses Guimarães, Aureliano
Chavez, Guilherme Afif Domingos, Roberto Freire, Enéas e Fernando Gabeira.
Os setores de direita não conseguiram emplacar um candidato capaz de
garantir uma vitória tranquila no pleito presidencial.
Já os partidos de esquerda viriam a lançar duas influentes figuras políticas
que poderiam polarizar a disputa daquela eleição. De um lado, Luís Inácio Lula da
Silva, representando o Partido dos Trabalhadores (PT) e de outro, Leonel Brizola,
filiado ao Partido Democrático Trabalhista (PDT).
Buscando reverter o quadro desfavorável, os partidos de direita passaram a
apoiar um jovem político alagoano chamado Fernando Collor de Melo. Com boa
aparência, um discurso carismático e o apoio financeiro do empresariado
brasileiro.
Atraindo apoio de diferentes setores da sociedade, Collor prometia
modernizar a economia promovendo políticas de cunho neoliberal e a abertura
da participação estrangeira na economia nacional. Ao mesmo tempo, fazia
discursos de orientação religiosa, se autoproclamava um “caçador de marajás” e
alertava sobre os perigos de um possível governo de esquerda.
No primeiro turno, a apuração das urnas deixou a decisão para um
segundo pleito a ser disputado ente Collor e Lula. Mesmo tendo um significativo
número de militantes durante seus comícios, a inabilidade do candidato do PT
diante as câmeras acabou enfraquecendo sua campanha. De outro lado, Collor
utilizou com eficácia o vantajoso espaço nas mídias a ele cedido. Com a apuração
final, tais diferenças de proposta e, principalmente, comportamento garantiram a
vitória de Fernando Collor de Melo no segundo turno.

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HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
UNIDADE 17 - Retomada do Regime Democrático do Brasil: 1989 -1995
Fabiano Luiz Curtolo
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Fernando Collor de Melo – 15/03/1990 – 02/10/1992

Foi o presidente mais jovem da história do Brasil (na época com 40 anos de
idade), o primeiro presidente eleito por voto direto do povo, e o único deposto
por um processo de impeachment no país. Graças à postura de "guardião da
moralidade", Collor fez uso de uma elaborada estratégia de marketing focada nos
temas que mais preocupavam a população. A televisão também teve um papel
fundamental, pois alguns comentaristas argumentam que a vitória de Collor nas
urnas não seria possível sem a interferência da Rede Globo, com destaque para
uma edição do principal debate entre Collor e Lula, veiculado no Jornal Nacional,
cuja edição beneficiou Collor. Dentro de sua estratégia de marketing pessoal, ao
assumir a presidência, Fernando Collor andou de jet-ski, comandou um avião de
caça, pilotou uma Ferrari a 200 quilômetros por hora. Também apareceu em
público lutando karatê, jogando futebol, vôlei, tênis e correndo.
No governo Collor, os produtos importados passaram a invadir o mercado
brasileiro, com a redução dos impostos de importação. A oferta de produtos
cresceu e os preços de algumas mercadorias caíram ou se estabilizaram. Ao
mesmo tempo, o governo passou a incentivar os investimentos externos no Brasil
mediante incentivos fiscais e privatização das empresas estatais. Empossado numa
quinta-feira, o governo Collor anunciou seu plano econômico no dia seguinte à
posse: anunciou o retorno do cruzeiro como unidade monetária em substituição ao
cruzado novo, redução da máquina administrativa com a extinção ou fusão de
ministérios e órgãos públicos, demissão de funcionários públicos e o congelamento
de preços e salários, 80% de todos os depósitos do overnight, das contas correntes
ou das cadernetas de poupança que excedessem a NCz$50mil (Cruzado novo)
foram congelados por 18 meses, recebendo durante esse período uma rentabilidade
equivalente a taxa de inflação mais 6% ao ano; aumento de preços dos serviços
públicos, como gás, energia elétrica, serviços postais, etc.;

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HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
UNIDADE 17 - Retomada do Regime Democrático do Brasil: 1989 -1995
Fabiano Luiz Curtolo
Andréa Wolff

Impeachment

Em meados de 1991, denúncias de irregularidades começaram a surgir na


imprensa, envolvendo pessoas do círculo próximo de Fernando Collor, como
ministros, amigos do presidente e mesmo a primeira-dama Rosane Collor. Em
entrevista à Revista Veja em maio de 1992, Pedro Collor de Mello, irmão do
presidente, revelou o esquema de corrupção que envolvia o ex-tesoureiro da
campanha Paulo César Farias, entre outros fatos comprometedores para o
presidente. Em 1° de junho, a CPI começa seus trabalhos com forte cobertura dos
meios de comunicação. Em 2 de outubro é aberto o processo de impeachment na
Câmara dos Deputados, impulsionado pela maciça presença do povo nas ruas,
como o movimento dos Caras-pintadas.
Em 29 de setembro, por 441 a 38 votos, a Câmara vota pelo impedimento
do presidente. A presidência é assumida pelo então vice-presidente, Itamar
Franco. Em 29 de dezembro de 1992 renunciou à presidência da República, horas
antes de ser condenado pelo Senado por crime de responsabilidade, perdendo
seus direitos políticos por oito anos.
Foi a primeira vez na história republicana do Brasil que um presidente
eleito pelo voto direto era afastado por vias democráticas, sem recurso aos golpes
e outros meios ilegais.

Itamar franco - 02/10/1992 a 01/01/1995

A administração do presidente Itamar Franco iniciou-se, como várias outras


antes na história do Brasil, de modo inesperado. Mais uma vez um vice-presidente
era alçado ao posto máximo da nação, tendo por meta completar o mandato do
titular. Assim, de 1992 a 1994 cabe ao vice de Collor lidar com os graves
problemas nacionais que este prometera resolver, em especial o da hiperinflação

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HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
UNIDADE 17 - Retomada do Regime Democrático do Brasil: 1989 -1995
Fabiano Luiz Curtolo
Andréa Wolff

e a da estagnação do PIB, estacionado nos mesmos patamares do início da


década de 80.
O governo de Itamar Franco irá se notabilizar por dois importantes
acontecimentos, um na área política, e outro na área econômica. Em relação à
área política, coube a Itamar cumprir o dispositivo constitucional que previa a
realização de um duplo plebiscito, tratando primeiramente do regime a ser
instituído no Brasil, ou seja, a manutenção do regime republicano ou a
restauração da monarquia em território nacional; o segundo ponto do plebiscito
versava sobre a forma com que este governo deveria se organizar, se sob forma
presidencialista ou parlamentarista. Tal consulta ocorreu em abril de 1993,
confirmando o sistema que vinha sendo adotado, e que ainda o é, de república
presidencialista. Mas, o fato pelo qual talvez seja mais lembrado o período de
Itamar Franco no poder é o de elaboração do Plano Real, tendo o auxílio do então
senador Fernando Henrique Cardoso, recém empossado como ministro da
Fazenda (Economia). Itamar uniu todos os grupos em torno das mudanças a
serem feitas, além de procurar explicar à população o que seria feito e conclamar
a união de todos na aceitação das mudanças, algo simples, mas que ainda não
havia sido feito.

BUSCANDO CONHECIMENTO

Eleições Diretas - http://noticias.uol.com.br/especiais/eleicoes-1989


Livro: Notícias do Planalto: A imprensa e Fernando Collor. – Mário S. Conti
Documentário: Muito Além do Cidadão Kane – Simon Hartog
Governo Collor - https://www.youtube.com/watch?v=Jlgg1C8Jar4
Governo de Itamar Franco: http://www.alunosonline.com.br/historia-do-brasil/o-
governo-itamar-franco.

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HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
UNIDADE 18 - Governo de Fernando Henrique Cardoso:1995-2002
Fabiano Luiz Curtolo
Andréa Wolff

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Governo Itamar Franco (1992-1994): vice-presidente, Itamar Franco assumiu


a presidência em virtude do impeachment do titular. Sua administração foi
marcada principalmente pelo lançamento do Plano Real, em março de 1994, que
pôs fim à crise inflacionária que desarticulava a economia brasileira. Com isso, seu
ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, elegeu-se seu sucessor que
teve dois mandatos presidenciais.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Fernando Henrique Cardoso – 1995 a 2002

Homenagem filatélica dos Correios para Fernando Henrique.

Governou o Brasil durante oito anos, de 1995 a 2002. Foi o primeiro


presidente da República a governar por dois mandatos consecutivos.
FHC, como é conhecido, teve notoriedade com o plano real. Como
Ministro da Fazenda no Governo de Itamar Franco, ele reuniu um grupo de
economistas que elaborou um plano capaz de estabilizar a economia.

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HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
UNIDADE 18 - Governo de Fernando Henrique Cardoso:1995-2002
Fabiano Luiz Curtolo
Andréa Wolff

Fernando Henrique Cardoso, nasceu no Rio de Janeiro em 18 de junho de


1931, é um sociólogo, cientista político, filósofo, professor universitário, escritor e
político brasileiro.
Professor emérito da Universidade de São Paulo (USP), lecionou também
no exterior, notadamente na Universidade de Paris.
Com o advento do Golpe militar de 1964, Fernando Henrique, ameaçado
de prisão pelo governo, decidiu auto-exilar-se no Chile, onde viveu até 1967.
Posteriormente, seguiu para a França e passou a lecionar na Universidade de
Paris. Foi nessa mesma universidade que Fernando Henrique testemunhou os
protestos que deram início ao movimento de Maio de 1968.
Ainda no exílio, ele também lecionou nas universidades de Stanford e
Berkeley, nos Estados Unidos, de Cambridge na Inglaterra e na Escola de Altos
Estudos em Ciências Sociais na França.
Durante esse período, ele publicou vários livros e artigos sobre a burocracia
estatal, as elites industriais e, em particular, a teoria da dependência. Seu trabalho
sobre a teoria da dependência seria a sua contribuição aos estudos de sociologia
e desenvolvimento mais aclamada, especialmente nos Estados Unidos.
Em outubro de 1968, ele retornou ao Brasil, passando a morar em uma
casa no Morumbi, na cidade de São Paulo. No mesmo ano assumiu por concurso
público a cátedra de Ciência Política da USP, mas em abril de 1969 foi aposentado
compulsoriamente e perdeu seus direitos políticos com base no Decreto-lei 477.
Nos anos 1970, foi pesquisador e diretor do Centro Brasileiro de Análise e
Planejamento (CEBRAP), sendo um de seus criadores. Ao mesmo tempo, ele
também trabalhou no Centro de Estudos Latino-Americanos da Smithsonian
Institution.

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HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
UNIDADE 18 - Governo de Fernando Henrique Cardoso:1995-2002
Fabiano Luiz Curtolo
Andréa Wolff

Nova moeda: Real

Em 1º de julho de 1994 passou a vigorar a nova moeda do país, o Real. O


Banco Central fixou uma paridade entre o Real e o Dólar, a fim de valorizar a nova
moeda. Um Real era o equivalente a Um Dólar.
O Plano Real animou empresários e a população, e impulsionou o
consumo interno. Mas o que era festa virou preocupação para o governo. Com o
consumo em alta, temia-se a volta da inflação.

Primeiro mandato

Fernando Henrique tomou posse em 1º de janeiro de 1995, sucedendo ao


presidente Itamar Franco. Com o sucesso da nova moeda, a principal
preocupação era controlar a inflação. Para isto, o governo elevou as taxas de juros
da economia
Outra iniciativa de destaque de FHC foi privatizar empresas estatais, como
a Vale do Rio Doce e Sistema Telebrás. Enfrentou muitas críticas de vários setores
da sociedade, principalmente de partidos de oposição, como o PT (Partido dos
Trabalhadores).
Surgiram muitas denúncias relacionadas às privatizações, de
favorecimentos para determinadas empresas internacionais na compra das
estatais. Porém, não impediram o plano do governo de levantar verbas para
promover as reformas necessárias no plano político.
Em 1997, foi aprovada pelo Congresso uma emenda constitucional
permitindo a reeleição para cargos executivos: Presidente da República,
Governadores e Prefeitos. Manobra política que beneficiaria FHC nas eleições de
1998.

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HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
UNIDADE 18 - Governo de Fernando Henrique Cardoso:1995-2002
Fabiano Luiz Curtolo
Andréa Wolff

Segundo mandato

Reeleito, FHC deu continuidade à política de abertura da economia para o


mercado mundial e de integração do país no processo de globalização.
No ano de 1999, FHC assumiu o segundo mandato como presidente do
Brasil, neste mandato não houve grandes investimentos nas reformas estruturais
(privatizações). Ocorreram, sim, algumas reformas no setor da Educação, sendo
aprovadas no ano de 1996 as Leis de Diretrizes e Bases para a Educação (LDB), e
posteriormente foram criados os Parâmetros Curriculares para o Ensino Básico.

Ao final do seu segundo mandato (2002), somando oito (8) anos no poder,
FHC conseguiu controlar a inflação brasileira, entretanto, durante o seu governo a
distribuição de renda no Brasil continuou desigual, a renda dos 20% da população
rica continuou cerca de 30 vezes maior que a dos 20% da população mais pobre.
O Brasil ficou em excessiva dependência do Fundo Monetário Internacional (FMI).
O governo FHC foi responsável pela efetiva inserção do Brasil na política
Neoliberal.
Ao se aproximar o pleito que escolheria o sucessor de Fernando Henrique
Cardoso, o governo apoiou a candidatura do ministro da saúde, José Serra, do
PSDB. Os outros candidatos que disputaram o pleito foram: Luiz Inácio Lula da

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HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
UNIDADE 18 - Governo de Fernando Henrique Cardoso:1995-2002
Fabiano Luiz Curtolo
Andréa Wolff

Silva, Anthony Garotinho, Ciro Gomes, José Maria de Almeida, e Rui Costa. No
segundo turno das eleições, Lula obteve 61,3 % dos votos; e José Serra, 38,7 %.
Eleito o novo presidente, Fernando Henrique Cardoso organizou a
transição de modo a facilitar o acesso antecipado da nova administração às
informações relevantes ao exercício do governo, fato até então inédito na história
do país.
FHC deixou a presidência no dia 1 de janeiro de 2003, e quem a assumiu foi
Luiz Inácio Lula da Silva.

BUSCANDO CONHECIMENTO

Governo Fernando Henrique Cardoso


http://www.brasilescola.com/historiab/governo-fernando-henrique-cardoso.htm

Estadão
http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,lula-x-fhc-imp-,672164

FHC - Veja
http://veja.abril.com.br/arquivo_veja/fhc-governo-ministro-reeleicao-plano-
real.shtml

Profissão ex presidente
http://www.youtube.com/watch?v=xXLlMcE-3Wg

Fernando Henrique Cardoso: currículo completo.


http://www.palestrantes.org/palestrante.asp?id=47

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HISTÓRIA DO BRASIL REPUBLICA
UNIDADE 19 - Partido dos Trabalhadores no Poder: Lula e Dilma: 2006 – 2014
Fabiano Luiz Curtolo
Andréa Wolff

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

No ano de 2002, as eleições presidenciais agitaram o contexto político


nacional. Os primeiros problemas que cercavam o governo FHC abriram brechas
para que Lula chegasse ao poder com a promessa de dar outro rumo à política
brasileira.
E para encerrarmos nossa disciplina comentaremos sobre a primeira
mulher na presidência da República: a mineira Dilma Vana Rousseff.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Luiz Inácio Lula da Silva - 2003 a 2011

Luiz Inácio Lula da Silva, mais conhecido como Lula, nasceu em Caetés, no
dia 27 de outubro de 1945. Aos sete anos de idade, Luiz Inácio Lula da Silva
mudou-se com a família para Santos (SP), deixando o interior de Pernambuco em
busca de melhores oportunidades de vida. Quatro anos mais tarde, em 1956, foi
para a capital do Estado de São Paulo. Lá, ainda criança, trabalhou como
vendedor ambulante, engraxate e office-boy. Aos 15 anos, tornou-se aprendiz de
torneiro mecânico.
Em 1970, depois de perder a esposa grávida do primeiro filho, Lula passou
a se dedicar intensamente à atividade sindical. Em 1973, casou-se com Marisa, sua
atual mulher. Em 1975, chegou à presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de
São Bernardo do Campo e Diadema. Liderou a primeira greve de operários do
ABC paulista em 1978, durante o regime militar.
Em 1980, aliou-se a intelectuais e a outros líderes sindicais, para fundar o
PT (Partido dos Trabalhadores), do qual se tornou presidente. No ano seguinte,

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HISTÓRIA DO BRASIL REPUBLICA
UNIDADE 19 - Partido dos Trabalhadores no Poder: Lula e Dilma: 2006 – 2014
Fabiano Luiz Curtolo
Andréa Wolff

liderou nova greve de metalúrgicos, foi preso e teve seu mandato sindical
cassado.
Participou da fundação da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e, em
junho de 1983, integrou a frente suprapartidária pró-eleições diretas para a
presidência da República com os governadores de São Paulo, Franco Montoro
(PMDB), e do Rio de Janeiro, Leonel Brizola (PDT).
Lula foi eleito, em 1986, deputado federal constituinte com a maior votação
do país. Concorreu à presidência da República em 1989, quando foi derrotado no
segundo turno por Fernando Collor de Mello, e em 1994 e 1998, quando perdeu
para Fernando Henrique Cardoso.
A eleição de 2002 foi surpreendente, o então candidato Luis Inácio Lula da
Silva conquistou mais de 58 milhões de votos, atingindo um índice de aprovação
não alcançado em nenhuma de suas três tentativas anteriores. A posse se deu em
1º de janeiro de 2003,
Em 2006, é reeleito na realização de um segundo turno contra Geraldo
Alckmin. O ex-operário e retirante nordestino conseguiu realizar um feito histórico
na trajetória política do país.
Seu mandato caracterizou-se pela não interrupção da estabilidade
econômica do governo anterior. Obteve êxito com a diminuição, em cerca de 168
bilhões de reais, da dívida externa, porém não conseguiu frear o aumento da
dívida interna que pulou do patamar de 731 bilhões de reais no ano de 2002 para
um trilhão de reais em fevereiro de 2006.
O governo Lula emprega uma fatia do seu orçamento em programas de
caráter social como: Fome Zero; Bolsa Família; Programa de Erradicação do
Trabalho Infantil (Peti); Luz para todos ; Brasil Alfabetizado e Educação de Jovens e
Adultos; ProUni ; Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE); Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC)...

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HISTÓRIA DO BRASIL REPUBLICA
UNIDADE 19 - Partido dos Trabalhadores no Poder: Lula e Dilma: 2006 – 2014
Fabiano Luiz Curtolo
Andréa Wolff

Porém nem tudo foi um mar de rosas durante o governo petista, várias
crises surgiram em decorrência de denúncias de corrupção em empresas do
Estado, como por exemplo, o mensalão, o escândalo dos Correios e vários outros
que derrubaram diversos ministros.
Lula terminou o segundo mandato com 87% de aprovação,tornando-se um
dos mais populares presidentes da história do Brasil e um dos políticos mais
respeitados do mundo

Dilma Rousseff – 2011 - atualidade

O período é marcado por fato histórico, pois representa a primeira vez que
uma mulher assumiu o poder no Brasil no posto mais importante do país. Dilma
Rousseff fez parte do Governo Lula como Ministra de Minas e Energia e, mais
tarde, Ministra-Chefe da Casa Civil do Brasil.
Sua estada na presidência está prevista até o dia 1 de janeiro de 2015,
podendo se estender por mais quatro anos, caso se candidate novamente e
consiga se reeleger na eleição de 2014.
A gestão Dilma Rousseff iniciou-se dando seguimento à política econômica
do Governo Lula.
Filha do engenheiro e poeta búlgaro Pétar Russév (naturalizado brasileiro
como Pedro Rousseff) e da professora brasileira Dilma Jane Silva, Dilma Vana
Rousseff aos 16 anos, que sempre estudou em conceituados colégios católicos
mineiros, transfere-se para uma escola pública, o Colégio Estadual Central.
Começa, então, a militar como simpatizante na Organização Revolucionária
Marxista - Política Operária, conhecida como Polop, organização de esquerda
contrária à linha do PCB (Partido Comunista Brasileiro), formada por estudantes
simpáticos ao pensamento de Rosa Luxemburgo e Leon Trotski.

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HISTÓRIA DO BRASIL REPUBLICA
UNIDADE 19 - Partido dos Trabalhadores no Poder: Lula e Dilma: 2006 – 2014
Fabiano Luiz Curtolo
Andréa Wolff

Mais tarde, em 1967, Dilma passou a militar no Colina (Comando de


Libertação Nacional), organização que defendia a luta armada. Em 1969, já
vivendo na clandestinidade, Dilma usa vários codinomes para não ser encontrada
pelas forças de repressão aos opositores do regime.
Presa em 16 de janeiro de 1970, em São Paulo, o promotor militar
responsável pela acusação a qualificou de "papisa da subversão". Fica detida na
Oban (Operação Bandeirantes), onde é torturada. Depois, é enviada ao Dops.
Condenada em 3 Estados, em 1973 já está livre, depois de ter conseguido redução
de pena no STM (Superior Tribunal Militar). Muda-se, então, para Porto Alegre,
onde cursa a Faculdade de Ciências Econômicas, na Universidade Federal do RS.

Do PDT ao PT

Filia-se, então, ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), fundado por


Leonel Brizola em 1979, depois que o governo militar concedeu anistia política a
todos os envolvidos nos anos duros da ditadura.
Dilma Rousseff ocupou os cargos de secretária da Fazenda da Prefeitura de
Porto Alegre (1986-89), presidente da Fundação de Economia e Estatística do
Estado do Rio Grande do Sul (1991-93) e secretária de estado de Energia, Minas e
Comunicações em dois governos: Alceu Collares (PDT) e Olívio Dutra (PT).
Filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT) desde 2001, coordenou a equipe
de Infra-Estrutura do Governo de Transição entre o último mandato de Fernando
Henrique Cardoso e o primeiro de Luiz Inácio Lula da Silva, tornando-se membro
do grupo responsável pelo programa de Energia do governo petista.
De guerrilheira na década de 1970 a participante da administração pública em
diferentes governos, Dilma Vana Rousseff tornou-se uma figura pragmática, de
importância central no governo Lula.

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HISTÓRIA DO BRASIL REPUBLICA
UNIDADE 19 - Partido dos Trabalhadores no Poder: Lula e Dilma: 2006 – 2014
Fabiano Luiz Curtolo
Andréa Wolff

Dilma Rousseff venceu as eleições presidenciais de 2010, no segundo turno, com


56,05% dos votos válidos (derrotou o candidato José Serra, que obteve 43,95%
dos votos válidos), tornando-se a primeira mulher na presidência da República
Federativa do Brasil. Ao tomar posse, no dia 1º de janeiro de 2011, discursando no
Congresso Nacional, Dilma afirmou: “Meu compromisso supremo [...] é honrar as
mulheres, proteger os mais frágeis e governar para todos! [...] A luta mais
obstinada do meu governo será pela erradicação da pobreza extrema e a criação
de oportunidades para todos”.

BUSCANDO CONHECIMENTO

Instituto Lula
http://www.institutolula.org/historia/#.U77pPWcU9jo
Filme: Lula, o Filho do Brasil de 2009. Dirigido por Fábio Barreto
Presidência da República.
http://www3.planalto.gov.br/
Redemocratização (História do Brasil por Bóris Fausto - parte 07)
http://www.youtube.com/watch?v=qx2vztmkal0
Gestão Lula e Dilma
http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,a-gestao-dilma-e-o-governo-lula-
imp-,679200
Programa governo Dilma
http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/eleicoes/programa-de-governo-
dilma/programa-de-governo-dilma-01.htm

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HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
UNIDADE 20 - Organização Política Brasileira
Fabiano Luiz Curtolo
Andréa Wolff

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

O Brasil é uma República Federativa Presidencialista, formada pela União,


estados e municípios, em que o exercício do poder é atribuído a órgãos distintos e
independentes, submetidos a um sistema de controle para garantir o cumprimento das
leis e da Constituição. Nesta unidade estudaremos como se dá a organização política
do Brasil, desde sua proclamação como republica até os dias atuais.

ESTUDANDO E REFLETINDO

O Brasil é uma República porque o Chefe de estado é eleito pelo povo, por
período de tempo determinado. É Presidencialista porque o presidente da República é
Chefe de Estado e também Chefe de governo. É Federativa porque os estados têm
autonomia política.

ORGANIZAÇÃO POLITICA DO BRASIL

República Federativa do Brasil

A União está divida em três poderes, independentes e harmônicos entre si:

PODER

Executivo Legislativo Judiciário

103
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR”
HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
UNIDADE 20 - Organização Política Brasileira
Fabiano Luiz Curtolo
Andréa Wolff

O Brasil, seus estados e municípios têm um governo. Esse governo é responsável


pela elaboração de leis, cobrança dos impostos e prestação de serviços à população.
Quem cuida da iluminação pública e da coleta de lixo, por exemplo, é a Prefeitura (o
governo municipal). Já a segurança pública é de responsabilidade do governo estadual.
E, todas as questões ligadas à defesa do país (Exército) cabem à União (o governo
federal).
Os municípios são governados são pelos prefeitos e vice-prefeitos. Os estados,
pelos governadores e vice-governadores e o país é governado pelo presidente e pelo
vice-presidente. Todos eles são eleitos pela população, ou seja, são escolhidos por
meio do voto da maioria das pessoas, para que assim possam exercer o poder em
nome delas. Ocupam cargos públicos que podem ser preenchidos tanto por homens
quanto por mulheres.

Nesta foto, vê-se a Praça dos Três Poderes, em Brasília (DF), onde está a sede dos
poderes Executivo (Palácio do Planalto), Legislativo (Congresso Nacional) e Judiciário
(Palácio da Justiça), e a Esplanada dos Ministérios, onde trabalham os ministros que
auxiliam o presidente da República.
O poder Executivo tem poder exercido pelos prefeitos, governadores e
presidente. Recebe este nome porque cabe a seus representantes colocar as leis em

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR”
HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
UNIDADE 20 - Organização Política Brasileira
Fabiano Luiz Curtolo
Andréa Wolff

prática, ou seja, executá-las e administrar os negócios públicos, como cobrar impostos,


decidir onde o dinheiro recolhido será aplicado, quantas escolas ou hospitais públicos
serão construídos em um ano, quantas e quais as ruas receberão calçamento, etc. O
poder executivo é auxiliado, em sua tarefa de governar, pelo poder Legislativo e pelo
poder Judiciário.

O poder Legislativo é responsável pela elaboração e aprovação das leis. Para


compor o poder Legislativo, também são eleitos através do voto, os vereadores, os
deputados (estaduais e federais) e os senadores.

O poder Judiciário é o fiscalizador. Ele cuida para que essas leis sejam cumpridas
e zela pelos direitos dos indivíduos. Do poder Judiciário fazem parte os juízes e os
promotores de justiça.

Fonte: Revista Nova escola


O chefe do Poder Executivo é o presidente da República, eleito pelo voto direto
para um mandato de quatro anos, renovável por mais quatro.
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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR”
HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
UNIDADE 20 - Organização Política Brasileira
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Na esfera estadual o Executivo é exercido pelos governadores dos estados; e na


esfera municipal pelos prefeitos.
O Poder Legislativo é composto, em âmbito federal, pelo Congresso Nacional,
sendo este bicameral: dividido entre a Câmara dos Deputados e o Senado. Para a
Câmara, são eleitos os deputados federais para dividirem as cadeiras em uma razão de
modo a respeitar ao máximo as diferenças entre as vinte e sete Unidades da Federação,
para um período de quatro anos. Já no Senado, cada estado é representado por 3
senadores para um mandato de oito anos cada.
Em âmbito estadual, o Legislativo é exercido pelas Assembléias Legislativas
Estaduais; e em âmbito municipal, pelas Câmaras Municipais.

O Brasil tem um sistema político pluripartidário, ou seja, admite a formação legal


de vários partidos. O partido político é uma associação voluntária de pessoas que
compartilham os mesmos ideais, interesses, objetivos e doutrinas políticas, que tem
como objetivo influenciar e fazer parte do poder político.
106
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR”
HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA
UNIDADE 20 - Organização Política Brasileira
Fabiano Luiz Curtolo
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BUSCANDO CONHECIMENTO

Revista Nova Escola


http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/paco-municipal-historia-cidadania-
atribuicoes-prefeituras-brasileiras-678618.shtml

Significado República
http://www.significados.com.br/republica/

Estrutura do Estado Brasileiro


http://www.brasil.gov.br/governo/2009/11/entenda-como-funciona-a-estrutura-do-
estado-brasileiro

Vídeo: Poderes e esferas de poder brasileiros


https://www.youtube.com/watch?v=yItuH-79KG0

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR”
POLOS EAD
Av. Ernani Lacerda de Oliveira, 100 Rua Américo Gomes da Costa, 52 / 60
Bairro: Pq. Santa Cândida Bairro: São Miguel Paulista
CEP: 13603-112 Araras / SP CEP: 08010-112 São Paulo / SP
(19) 3321-8000 (11) 2031-6901
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0800-772-8030
www.unar.edu.br

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