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INFANTO JUVENIL
Introdução
Crianças e adolescentes do nosso tempo vivem em conflitos constantes com a própria
formação que recebem dos meios de comunicação de massa, de outros da sua idade ,da
família – muitas vezes desestruturada. Encontrar o caminho da coerência na formação
de caráter e valores pode ser complexo quando se tem vários meios que disseminam os
mais variados conceitos de como viver consigo mesmo e em sociedade. Nesse módulo,
surge a literatura infanto-juvenil, com obras de autores como, Ruth Rocha, Ziraldo,
Monteiro Lobato , Maria Clara Machado, Hans Christian Andersen e muitos outros, que
mediada pela escola serve como uma forma de influenciar positivamente na formação
do caráter, valores e moral das crianças e adolescente, exatamente pelo fato de que a
literatura infanto-juvenil tem como público chave esses chamados leitores em formação,
ou seja, o grupo que se encontra no final da infância e início da adolescência; fase esta
que necessita de orientações específicas que circundam todo o inverso de conflitos,
questionamentos, inquietações e formação da personalidade e de caráter desses
indivíduos. Por este motivo, uma literatura adequada pode servir como um dos
instrumentos cruciais para influenciar positivamente na conscientização e formação de
personalidade, caráter e práticas condizentes desse novo leitor, por mexer “com suas
emoções e sentimentos, e atuar diretamente na formação de conceitos” (DANTAS,
Leda,2008.O presente trabalho busca apresentar, através de embasamento teórico, o
valor espesso real, da literatura infanto-juvenil para esse indivíduo em formação,
considerando-o como um recurso viável para o professor que busca atender não somente
as necessidades cognitivas dessa faixa etária, mas também, preocupa-se com a formação
integral do seus educando. Além de apresentar diretrizes para o desenvolvimento da
leitura acompanhada de um dialogo reflexivo em sala de aula
A literatura infanto juvenil
É um ramo da literatura dedicado especialmente às criança se jovens adolescentes.
Nela, se incluem histórias fictícias infantis e juvenis, biografias ,novelas, poemas, obras
folclóricas e culturais, ou simplesmente obras contendo/explicando fatos da vida real
(ex: artes, ciências, matemática etc).
Naturalmente, o conteúdo dentro de uma obra infanto juvenil depende da idade do
leitor; enquanto obras literárias destinadas a crianças de dois a quatro anos de idade são
quase sempre constituídas de poucas palavras e são muito coloridas e/ou possuem
muitas imagens e fotos, obras literárias destinadas ao jovem adolescente muitas vezes
contêm apenastexto.
De toda forma, a literatura infantil é fundamental para que crianças travem contato com
os livros desde cedo, acostumando-se com sua textura, seu formato, seu cheiro e seu
universo de possibilidades
Literatura infantil
A literatura infantil é destinada especialmente às crianças entre dois a dez anos de idade.
O conteúdo de uma obra infantil precisa ser de fácil entendimento pela criança que a lê,
seja por si mesma, ou com a ajuda de uma pessoa mais velha. Além disso, precisa ser
interessante e, acima de tudo, estimular a criança. Os primeiros livros direcionados as
crianças foram feitos por professores e pedagogos no final do século XVII, com o
objetivo de passar valores e criar hábitos. Atualmente a literatura infantil não tem só
este objetivo, hoje também é usada para propiciar uma nova visão da realidade, diversão
e lazer. Obras literárias destinadas às crianças com dois a quatro anos de idade possuem
apenas grupos de palavras e/ou poucas e simples frases. Aqui, livros são coloridos e/ou
possuem muitas imagens e/ou fotos, tanto porque criança está apenas começando a
aprender a ler, bem como estimula a criança por mais livros/histórias. Livros dedicados
a leitores entre quatro a seis anos apresentam maiores grupos de palavras organizados
em um texto, sem abrir mão de estímulos visuais mencionados acima. Aqui podem ser
incluídos algumas histórias em quadrinhos, como a Turma da Mônica, por exemplo. Já
obras literárias feitas para crianças entre sete a dez anos começam a possuir cada vez
menos cores e imagens, e apresentando textos cada vez maiores e fatos cada vez mais
complicados e explicativos, uma vez que o jovem leitor, agora já em fase escolar, é
estimulado a encontrar respostas por ele mesmo - o começo da racionalização.
Quase toda obra literária infantil possui algumas características em comum, embora
exceções existam:
Ausência de temas adultos e/ou não apropriados a crianças. Isto inclui guerras,
crimes hediondos e drogas, por exemplo;
São relativamente curtos - não possuem mais do que 80 a 100 páginas;
Presença de estímulos visuais (cores, imagens, fotos, etc);
Escrito em uma linguagem simples, apresentando um fato ou uma história de
maneira clara;
São de caráter didático, ensinando ao jovem leitor regras da sociedade e/ou
comportamentos sociais;
Possuem mais diálogos e diferentes acontecimentos, com poucas descrições;
Crianças são os principais personagens da história;
Em geral, possuem um final feliz.
No Brasil, o mais importante escritor infantil foi Monteiro Lobato. Dentre suas obras,
destacam-se o Sítio do Pica-pau Amarelo, Reinações de Narizinho, Ideias do Jeca Tatu.
Além dele, também podemos destacar Ziraldo, com O menino maluquinho. A literatura
juvenil é um ramo da literatura dedicada a leitores entre dez a quinze anos de idade.
Fatos comuns a obras literárias juvenis em geral incluem:
Enquanto muitos jovens têm certo repúdio aos clássicos da literatura, alguns livros mais
atuais, dedicados a adolescentes, se tornaram grandes best-sellers mundiais, como Harry
Potter, Percy Jackson & os Olimpianos e Jogos Vorazes. O fenômeno, no entanto, pode
ser visto como uma boa oportunidade de incentivar o gosto pela literatura nesta faixa
etária .
A Literatura Infantil pode ser atribuída a histórias e canções, parte de uma tradição oral
mais ampla, que os adultos compartilhavam com as crianças antes da existência de
publicação.
Desde os anos 1400, uma grande quantidade de literatura, muitas vezes com uma
mensagem moral ou religiosa, foi voltado especificamente para crianças.
A Literatura Infantil, por iniciar o aluno no mundo literário, deve ser utilizada como
instrumento para a sensibilização da consciência, para a expansão da capacidade e
interesse de analisar o mundo. É despertar o interesse e o hábito do público infanto-
juvenil para a leitura dos clássicos infantis no meio digital.
Por isso, pode ser difícil de controlar o desenvolvimento de histórias iniciais. Mesmo
porque a impressão generalizada, muitos contos clássicos foram criados originalmente
para adultos e foram adaptadas para um público mais jovem.
Embora originalmente a literatura infantil era muitas vezes uma re-escrita de outras
formas, desde os anos 1400 tem havido muita literatura destinadas especificamente às
crianças, muitas vezes com uma mensagem moral ou religiosa.
Em certa medida, a natureza da ficção infantil, e a divisão entre as crianças mais velhas
e ficção adulta tornou-se turva como o tempo passou e contos atraentes tanto para o
adulto e a criança teve um substancial sucesso comercial.
Literatura de qualidade não é dizer ao leitor tudo o que ele / ela precisa saber; ele
permite alguma diferença de opinião. Um leitor pode ter algo totalmente diferente para
longe da peça de literatura que o outro leitor, com base nos dois pontos de vista e
experiências pessoais.
Em segundo lugar, a literatura infantil fornece uma avenida para os alunos a aprender
sobre sua própria herança cultural e as culturas de outras pessoas.
A Literatura Infantil também incentiva a criatividade. Norton salienta "o papel que a
literatura em nutrir e expandir a imaginação" (2010, p. 4). A House in the Night
(Swanson, 2008) retrata a criatividade que uma rapariga tem em seus sonhos durante a
noite, enquanto ela voa sobre o bairro escuro sobre as asas de um pássaro.
Surgimento do livro
A história do livro é uma história de inovações técnicas que permitiram a melhora da
conservação dos volumes e do acesso à informação, da facilidade em manuseá-lo e
produzi-lo. Esta história está intimamente ligada às contingências político-econômicas e
à história de ideias e religiões.
Antiguidade
Na Antiguidade surge a escrita, anteriormente ao texto e ao livro. A escrita consiste de
código capaz de transmitir e conservar noções abstratas ou valores concretos, em
resumo: palavras. É importante destacar aqui que o meio condiciona o signo, ou seja, a
escrita foi em certo sentido orientada por esse tipo de suporte; não se esculpe em papel
ou se escreve no mármore.
Os primeiros suportes utilizados para a escrita foram tabuletas de argila ou de pedra. A
seguir veio o khartés (volumen para os romanos, forma pela qual ficou mais conhecido),
que consistia em um cilindro de papiro, facilmente transportado. O "volume" era
desenrolado conforme ia sendo lido, e o texto era escrito em colunas na maioria das
vezes (e não no sentido do eixo cilíndrico, como se acredita). Algumas vezes um mesmo
cilindro continha várias obras, sendo chamado então de tomo. O comprimento total de
um "volumen" era de c. 6 ou 7 metros, e quando enrolado seu diâmetro chegava a 6
centímetros.
O papiro consiste em uma parte da planta, que era liberada, livrada (latim libere, livre)
do restante da planta - daí surge a palavra liber libri, em latim, e posteriormente livro
em português. Os fragmentos de papiros mais "recentes" são datados do século II a.C..
Uma consequência fundamental do códice é que ele faz com que se comece a pensar no
livro como objeto, identificando definitivamente a obra com o livro.
Idade Média
Na idade Média o livro sofre um pouco, na Europa, as consequências do excessivo
fervor religioso, e passa a ser considerado em si como um objeto de salvação. A
característica mais marcante da Idade Média é o surgimento dos monges copistas,
homens dedicados em período integral a reproduzir as obras, herdeiros dos escribas
egípcios ou dos libraii romanos. Nos mosteiros era conservada a cultura da
Antiguidade. Apareceram nessa época os textos didáticos, destinados à formação dos
religiosos.
O livro continua sua evolução com o aparecimento de margens e páginas em branco.
Também surge a pontuação no texto, bem como o uso de letras maiúsculas. Também
aparecem índices, sumários e resumos, e na categoria de gêneros, além do didático,
aparecem os florilégios (coletâneas de vários autores), os textos auxiliares e os textos
eróticos. Progressivamente aparecem livros em língua vernácula, rompendo com o
monopólio do latim na literatura. O papel passa a substituir o pergaminho.
Mas a invenção mais importante, já no limite da Idade Média, foi a impressão, no século
XIV. Consistia originalmente da gravação em blocos de madeira do conteúdo de cada
página do livro; os blocos eram mergulhados em tinta, e o conteúdo transferido para o
papel, produzindo várias cópias. Foi em 1405 surgia na China, por meio de Pi Sheng, a
máquina impressora de tipos móveis, mas a tecnologia que provocaria uma revolução
cultural moderna foi desenvolvida por Johannes Gutenberg.[1]
Idade Moderna
No Ocidente, em 1455, Johannes Gutenberg inventa a imprensa com tipos móveis
reutilizáveis, o primeiro livro impresso nessa técnica foi a Bíblia em latim.[3][4] Houve
certa resistência por parte dos copistas, pois a impressora punha em causa a sua
ocupação. Mas com a impressora de tipos móveis, o livro popularizou-se
definitivamente, tornando-se mais acessível pela redução enorme dos custos da
produção em série.
Uma das figuras mais importantes do início da tipografia é o italiano Aldus Manutius.
Ele foi importante no processo de maturidade do projeto tipográfico, o que hoje
chamaríamos de design gráfico ou editorial.[5] A maturidade desta nova técnica levou,
entretanto, cerca de um século.
Portugal
Em Portugal, a imprensa foi introduzida no tempo do rei D. João II. O primeiro livro
impresso em território nacional foi o Pentateuco, impresso em Faro em caracteres
hebraicos no ano de 1487. Em 1488 foi impresso em Chaves o Sacramental de
Clemente Sánchez de Vercial, considerado o primeiro livro impresso em língua
portuguesa, e em 1489 e na mesma cidade, o Tratado de Confissom. A impressão
entrava em Portugal pelo nordeste transmontano. Só na década de noventa do século
XV é que seriam impressos livros em Lisboa, no Porto e em Braga.
Na idade Moderna aparecem livros cada vez mais portáteis, inclusive os livros de bolso.
Estes livros passam a trazer novos gêneros: o romance, a novela, os almanaques.
Idade Contemporânea
O acabamento dos livros sofre grandes avanços, surgindo aquilo que conhecemos como
edições de luxo. Atualmente, a Bíblia é o livro mais vendido do mundo.
Livro (do latim liber, um termo relacionado com a cortiça da árvore) é um objeto
transportável, composto por páginas encadernadas, contendo texto manuscrito ou
impresso e/ou imagens e que forma uma publicação unitária (ou foi concebido como tal)
ou a parte principal de um trabalho literário, científico ou outro, formando um volume.
A produção do livro
A criação do conteúdo de um livro pode ser realizada tanto por um autor sozinho quanto
por uma equipe de colaboradores, pesquisadores, co-autores e ilustradores. Tendo o
manuscrito terminado, inicia a busca de uma editora que se interesse pela publicação da
obra (caso não tenha sido encomendada). O autor oferece ao editor os direitos de
reprodução industrial do manuscrito, cabendo a ele a publicação do manuscrito em
livro. As suas funções do editor são intelectuais e econômicas: deve selecionar um
conteúdo de valor e que seja vendável em quantidade passível de gerar lucros ou mais-
valias para a empresa. Modernamente o desinteresse de editores comerciais por obras de
valor mas sem garantias de lucros tem sido compensado pela atuação de editoras
universitárias (pelo menos no que tange a trabalhos científicos e artísticos).[7]
Cabe ao editor sugerir alterações ao autor, com vista a ajustar o livro ao mercado. Essas
alterações podem passar pela editoração do texto, ou pelo acréscimo de elementos que
possam beneficiar a utilização/comercialização do mesmo pelo leitor. Uma editora é
composta pelo Departamento editorial, de produção, comercial, de Marketing, assim
como vários outros serviços necessários ao funcionamento de uma empresa, podendo
variar consoante as funções e serviços exercidos pela empresa. Na mesma trabalham os
editores, revisores, gráficos e designers, capistas, etc. Uma editora não é
necessariamente o produtor do livro, sendo que quase sempre essa função de reprodução
mecânica de um original editado é feita por oficinas gráficas em regime de prestação de
serviço. Dessa forma, o trabalho industrial principal de uma editora é confeccionar o
modelo de livro-objeto, trabalho que se dá através dos processos de edição e
composição gráfica/digital. A fase de produção do livro é composta pela impressão
(posterior à imposição e montagem em caderno - hoje em dia digital), o alceamento e o
encapamento. Podendo ainda existir várias outras funções adicionais de acréscimo de
valor ao produto, nomeadamente à capa, com a plastificação, relevos, pigmentação, e
outros acabamentos.
Pelo exposto acima, talvez devêssemos considerar que a categoria livro seja a
concepção de uma coleção de registros em algum suporte capaz de transmitir e
conservar noções abstratas ou valores concretos.
LIVRO INFANTIL
É um livro dirigido a crianças onde, normalmente, se contam histórias de amor,
comédia e coisas do gênero, em que o herói ou casal vence uma série de dificuldades,
como dragões, bruxas, e vive feliz para sempre. Há, na maioria das vezes, uma moral
por trás da história, como contar a verdade, ser bom com os pais etc.
Poesia
A poesia é uma ferramenta importantíssima na literatura infantil. O jogo com as
palavras, a sonoridade e as formas lúdicas são algumas das características que
aproximam essa forma literária das crianças, trazendo os pequenos para o mundo dos
livros.Além disso, os livros de poesia infantil, assim como os de prosa, permitem a
riqueza de ilustrações, que torna a palavra um "brinquedo lúdico" e "companheiro para
todas as horas.
No Brasil, podemos identificar vários nomes que contribuíram com a poesia infantil, e
infanto juvenil, tais como Cecília Meireles, Ruth Rocha, Vinícius de Morais, José Paulo
Paes, Olavo Bilac, dentre vários outros.
O Leão
Leão! Leão! Leão!
Rugindo como um trovão
Deu um pulo, e era uma vez
Um cabritinho montês.
Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação!
Tua goela é uma fornalha
Teu salto, uma labareda
Tua garra, uma navalha
Cortando a presa na queda.
Leão longe, leão perto
Nas areias do deserto.
Leão alto, sobranceiro
Junto do despenhadeiro.
Leão na caça diurna
Saindo a correr da furna.
Leão! Leão! Leão!
Foi Deus que te fez ou não?
O salto do tigre é rápido
Como o raio; mas não há
Tigre no mundo que escape
Do salto que o Leão dá.
Não conheço quem defronte
O feroz rinoceronte.
Pois bem, se ele vê o Leão
Foge como um furacão.
Leão se esgueirando, à espera
Da passagem de outra fera . . .
Vem o tigre; como um dardo
Cai-lhe em cima o leopardo
E enquanto brigam, tranquilo
O leão fica olhando aquilo.
Quando se cansam, o Leão
Mata um com cada mão.
Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação!
O Elefantinho
Onde vais, elefantinho
Correndo pelo caminho
Assim tão desconsolado?
Andas perdido, bichinho
Espetaste o pé no espinho
Que sentes, pobre coitado?
— Estou com um medo danado
Encontrei um passarinho
Literatura juvenil
A literatura juvenil é um ramo da literatura dedicada a leitores entre dez a quinze anos
de idade. Fatos comuns a obras literárias juvenis em geral incluem:
Geralmente, apresentam temas de interesse ao jovem adolescente, muitas vezes
controversos, como sexo, violência, drogas, relacionamentos amorosos, etc.
Personagens, especialmente protagonistas, da mesma faixa etária dos leitores
Podem possuir imagens e fotos, mas não necessariamente; são basicamente constituídas
de texto.
Obras literárias juvenis geralmente apresentam um número maior de páginas, podendo
alcançar 200 a 300 páginas em vários casos. A literatura juvenil é um ramo
da literatura, dedicada especialmente às crianças e jovens adolescentes. Nisto se
incluem histórias fictícias infantis e juvenis, biografias, novelas, poemas, obras
folclóricas e/ou culturais, ou simplesmente obras contendo/explicando fatos da vida real
(ex: artes, ciências ,matemática, etc).
De toda forma, a literatura juvenil é fundamental para que crianças travem contato
com os livros desde cedo, acostumando-se com sua textura, seu formato, seu cheiro e
seu universo de possibilidades.
Exemplo de textos
Balada
José Paulo Paes
Folha enrugada,
poeira nos livros.
A pena se arrasta
no esforço inútil
de libertação.
Nenhuma vontade,
nem mesmo desejo
na tarde cinzenta.
A árvore seca
esperando seiva
não tem paisagem.
Na frente é o deserto
coberto de pedras.
Nem sombra de oásis.
Pobre árvore seca
na tarde cinzenta!
Se houvesse um castelo
com torres e dama
de loiros cabelos,
talvez eu fizesse
algum madrigal.
Mas a dama morreu,
os castelos se foram
Só me restam os livros
Vou ficar com eles
esperando que chegue
do fundo da noite,
das sombras do tempo,
oh! imenso mar,
vem me libertar
da tarde cinzenta!
Balada, de José Paulo Paes. In: Poesia completa. São Paulo: Companhia das Letras,
2008. p.38-39.
A troca
Lygia Bojunga Nunes
Pra mim, livro é vida; desde que eu era muito pequena
os livros me deram casa e comida.
Foi assim: eu brincava de construtora, livro era tijolo;
em pé, fazia parede; deitado, fazia degrau de escada;
inclinado, encostava num outro e fazia telhado.
E quando a casinha ficava pronta eu me espremia lá
dentro pra brincar de morar em livro.
De casa em casa eu fui descobrindo o mundo (de tanto
olhar pras paredes). Primeiro, olhando desenhos; depois,
decifrando palavras.
Fui crescendo; e derrubei telhados com a cabeça.
Mas fui pegando intimidade com as palavras. E quanto
mais íntima a gente ficava, menos eu ia me lembrando
de consertar o telhado ou de construir novas casas.
Só por causa de uma razão: o livro agora alimentava
a minha imaginação.
Todo o dia a minha imaginação comia, comia e comia;
e de barriga assim toda cheia, me levava pra morar no
mundo inteiro: iglu, cabana, palácio, arranha-céu,
era só escolher e pronto, o livro me dava.
Foi assim que, devagarinho, me habituei com essa troca
tão gostosa que - no meu jeito de ver as coisas -
é a troca da própria vida; quanto mais eu buscava no
livro, mais ele me dava.
Mas como a gente tem mania de sempre querer mais,
eu cismei um dia de alargar a troca: comecei a fabricar
tijolo pra - em algum lugar - uma criança juntar com
outros, e levantar a casa onde ela vai morar.
LIVRO: a troca, de Lygia Bojunga. In: Livro: um encontro. Rio de Janeiro: Casa
Lygia Bojunga, 2010. p.8-9.
Livro Juvenil
Volume 49 - O Capitão Fracasso - Théophile Gautier O Capitão Fracasso é um desses livros para
os quais o leitor olha na estante e pensa que o tempo dedicado a ele não vale a pena. Mas,
como diz o ditado, não se deve julgar um livro pela capa -- ou, em última instância, pelo título.
Escrito em 1835 por um seguidor ávido de Victor Hugo, o penúltimo volume da coleção
Clássicos da Literatura Juvenil cumpre de forma eficaz o papel de distrair a burguesia das
questões políticas que assolavam a França naquela época, cinco anos após a Revolução de
1830. Já discorremos, ao longo das resenhas apresentadas, sobre a situação francesa do século
XIX e o medo que a referida classe tinha de ver o sangue derramado aos litros, como ocorrera
durante a Revolução Francesa. Por isso, um romance de capa e espada como este viria bem a
calhar, embora só viesse a ser publicado em 1863. Aqui, o narrador nos leva ao reinado de Luís
XIII e, com um incrível poder descritivo que dá cor, textura, temperatura e cheiro ao ambiente,
faz-nos entrar no território lúgubre e abandonado do castelo do Barão de Signognac, nobre
decadente que descende de Palamède de Sigognac, um dos nobres que fielmente serviram a
Carlos Magno, e cuja dinastia se viu à míngua devido à má administração dos bens de seus
descendentes. Ali, na região da Gasconha, o jovem barão é um solitário que se isola da
sociedade e que, por orgulho, não procura outros nobres ou o rei para pedir-lhe auxílio. Assim,
vive dentro dos limites do muro do castelo desgastado pelo tempo, pelos cupins, pelos ratos e
pelas intempéries, na companhia de seu cachorro Miraut, de seu gato Béelzébuth, de seu
cavalo Bayard e do criado Pierre, ex-professor de esgrima que se dedicara a criar o nobre
quando os pais dele vieram a falecer. A rotina do jovem é alterada quando, numa noite, uma
trupe de comediantes bate à sua porta em busca de abrigo. Estes, vendo a miséria e a solidão
do rapaz, convidam-no para que os siga a Paris, para onde se dirigiam. Imbuído que estava da
secreta vontade de sair da solidão e ainda mais da paixão pela jovem e recatada Isabelle, uma
das quatro atrizes, o Barão de Sigognac parte em busca de aventuras com a trupe. A primeira
parte do romance poderia ser considerada centrada no estreitamento de laços de amizade do
jovem com a equipe formada por Tirano, chefe da companhia, Blazius, ex-diretor de colégio
que se fora suspenso devido ao alcoolismo e também conhecido sob a alcunha de Pedante,
Scarpin, ator também experiente, Léandre, o galã das peças, Matamouros, o bobo da corte, e
as atrizes: Léonarde, a matrona; Zérbine, a morena sensual e provocativa, Séraphine, que sente
constante inveja de Zérbine, e Isabelle, virginal e recatada, filha de uma grande atriz trágica e
de um misterioso nobre. Neste período, o Barão de Sigognac não apenas compartilha o prazer
da boa mesa e da recepção após os espetáculos bem-sucedidos, como também a miséria e o
perigo da morte pelo frio em meio às tempestades de neve. É, a propósito, em meio a uma
nevasca que morre Matamouros, já velho e franzino, e é quando o rapaz se oferece como
substituto para o papel que o ator tinha na farsa que encenavam nas cidades que percorriam.
Para proteger a nobreza e a ascendência, adota o soturno título de Capitão Fracasso. É
também nesse período que entram em cena as figuras do ladrão violento Agostin e Chiquita,
sua franzina companheira adolescente. Não tendo dado certo um bote sobre a companhia
teatral em meio à estrada deserta, Agostin é escorraçado por Tirano, e Chiquita confessa à
Isabelle que tinha se enamorado de seu falso colar de pérolas “da cor da lua”, ao que a jovem,
numa atitude de bondade e desprendimento, tira o colar do próprio pescoço e o coloca em
volta do pescoço da menina. meuip.co Ocorre que, na cidade de Poitiers, quando estavam
hospedados numa das hospedarias mais populares e bem frequentadas da região, a situação
se complica, pois Isabelle passa a ser alvo das investidas do Duque de Vallombreuse, a quem
demonstrações de desprezo e frieza atiçam a insistência perante a mulher enamorada. Vendo
que nem bilhetes e nem joias a compram, ele resolve ir em pessoa ao ensaio de uma das peças
para, ousadamente, investir num contato, mas é flagrado por Sigognac. Sem saber que este é
na verdade um nobre, manda que os criados lhe dêem uma surra mas este, ajudado por Tirano
e por Scarpin, derrota os enviados de Vallombreuse. Em resposta, envia um nobre como
emissário e desafia o duque para um duelo, e o vence facilmente. A briga dos dois vai ficando
cada vez mais séria à medida que a trupe se desloca para Paris e o duque, cego de paixão,
manda segui-los e paga para que não só raptem Isabelle, mas matem Sigognac. Ambas as
tentativas são uma vez frustradas e, conforme a trama se desenvolve, mais personagens do
submundo são apresentados ao leitor. Uma figura, no entanto, torna a aparecer em momentos
essenciais do enredo: Chiquita, a espanholinha, que dentro do seu alcance, faz de tudo para
proteger Isabelle. A personagem é, na verdade, uma das mais fascinantes do romance de
Gautier: dona de uma personalidade ímpar, Chiquita desconhece classe, requinte ou palavras
bonitas e fluidas para construir o seu discurso, mas seu olhar penetrante e sua sinceridade a
tornam a mais autêntica das personagens do livro, e sua coragem e seu amor por Isabelle e
Agostin a tornam, se é que possível, mais bela do que Zérbine ou Séraphine. É graças a ela que
Isabelle é resgatada por Signognac e pela trupe de atores, quando Vallombreuse finalmente
consegue armar um esquema para distrair os atores e sequestrar a moça. Num segundo duelo
de espadas, Sigognac fere seriamente o duque e este, entre a vida e a morte, descobre que
Isabelle é sua irmã, tal como o pai, ao chegar ao castelo após o confronto, lhe revela. Como em
todo romance leve e feliz, Vallombreuse se recupera e torna-se irmão amoroso e filho
dedicado, Isabelle casa-se com Sigognac e, em segredo, restaura o castelo e compra de volta as
terras que haviam sido vendidas ao longo das gerações, e o Barão de Sigognac, agora um
governador de província, encontra enterrado, no terreno de seu castelo, um cofre repleto de
ouro, joias e títulos que um antepassado havia enterrado há mais de seis séculos, antes de
viajar para participar de uma cruzada da qual não voltara. A leitura do romance vale, por si,
pela clássica aventura de capa e espada, e pelas referências históricas e literárias que traz,
como a descrição pictórica de Paris e dos vagabundos que vagavam pela Pont-Neuf, bem como
das execuções na praça de Grève, ou os títulos de obras e de escritores famosos à época, como
Ronsard e Hardy. Porém, mais do que referência ou a maestria literária de saber misturar
teatro e romance tão bem como só um escritor de teatro poderia fazer, o autor é hábil para
colocar, nas palavras dos atores, palavras de humor e cenas da vida pitoresca, como quando
chegam a uma estalagem na qual o dono engrandece tudo quando na verdade quase nada
tem a oferecer, bem como a crítica feroz à religião, como quando Tirano explica que atores não
podiam ser enterrados em campo-santo (cemitérios de igrejas) porque a Igreja Católica proibia,
por considerá-los perdidos. Esta era, aliás, uma das críticas mais ferrenhas de Gautier: a de que
religião nada tinha a ver com a arte e, talvez devido ao tom crítico e cínico muito
apropriadamente colocado nas falas dos atores, O Capitão Fracasso tenha sido publicado
somente quando a atmosfera política estivesse mais propícia a tal leitura, numa prova de que
até mesmo nas mais inocentes e convidativas leituras podemos encontrar reflexos da
sociedade