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Provided by Repositório Institucional da UFSC
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
FLORIANÓPOLIS - SC
2006
ii
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Produção da
Universidade Federal de Santa Catarina
como requisito parcial para obtenção
do grau de Mestre em
Engenharia de Produção
Florianópolis
2006
iii
Inclui bibliografia
CDU:658.5
____________________________
Prof. Edson Pacheco Paladini, Dr.
Coordenador do Programa
BANCA EXAMINADORA
________________________________ ________________________________
Prof. Edson Pacheco Paladini, Dr. Prof. Antônio Edésio Jungles, Dr.
Universidade Federal de Santa Catarina Universidade Federal de Santa Catarina
Orientador
_________________________________ _______________________________
Prof. Gregório Jean Varvakis Rados, Ph.D. Prof ª. Olga Regina Cardoso, Dra.
Universidade Federal de Santa Catarina Universidade Federal de Santa Catarina
v
Agradecimentos
Ninguém disse que seria fácil fazer mestrado. Ainda bem que pude contar com a ajuda de
muita gente neste período tão abstrato (não achei termo que o descrevesse de maneira
melhor...). Agora que termino de escrever esta dissertação, lembro-me de algumas pessoas
que merecem meu agradecimento e consideração.
Agradeço primeiramente aos meus pais e irmãos, por todo o apoio que recebi nestes dois
anos, sem o qual não seria possível a realização deste trabalho.
Ao prof. Edson Pacheco Paladini, pela valiosa orientação e objetividade em todos os estágios
do desenvolvimento da pesquisa.
Aos membros da banca examinadora, pelas sugestões oferecidas para a versão final desta
dissertação.
À profa. Margaret Souza Schmidt Jobim, pelas primeiras palavras sobre gestão da qualidade.
Aos amigos que me acompanharam nesta caminhada, mesmo os que não se envolveram
diretamente com a dissertação, mas que de um jeito ou de outro sempre fazem diferença:
Adolfo Cesar Figueiredo Costa, Débora Fernanda Basso, Débora de Gois Santos, João Paulo
Silveira, Juliana Bonacorso Dorneles, Mariana Coutinho de Melo, Rodrigo Aristides Corrêa e
Sérgio Luiz Kemmer.
vii
“CUSTOS DA QUALIDADE”
Transformam o conceito da qualidade
em linguagem da alta gerência: dinheiro!
RESUMO
Nos últimos anos, diversas empresas construtoras têm buscado a certificação de seus sistemas
de gestão da qualidade, seja na ISO 9001 ou no Programa Brasileiro da Qualidade e
Produtividade no Habitat – PBQP-H. O presente trabalho apresenta uma análise das práticas
da qualidade em empresas construtoras por meio de dois enfoques: a certificação de sistemas
de gestão da qualidade e custos da qualidade. Realiza-se uma avaliação pós-certificação, de
modo a identificar os principais motivos, dificuldades e benefícios advindos do sistema de
gestão da qualidade. A pesquisa é realizada com 14 empresas construtoras atuantes na região
da Grande Florianópolis, certificadas no nível A do PBQP-H. Esta pesquisa é conduzida sob a
forma de uma entrevista estruturada, baseada em um formulário, com o responsável da
qualidade de cada empresa. O respondente avalia o grau de importância de uma série de itens
apresentados segundo uma escala de cinco pontos. Apresenta-se também um modelo para a
mensuração e análise dos custos da qualidade, especialmente desenvolvido para empresas
construtoras. A aplicabilidade do modelo é demonstrada por meio de um estudo de caso,
realizado com uma das empresas entrevistadas. Os custos obtidos demonstram que a empresa
em questão possui um bom nível de qualidade, uma vez que pesquisas similares apontam para
valores proporcionalmente maiores em relação ao custo da obra. Analisam-se as diversas
repercussões causadas pelas falhas, que vão além dos gastos financeiros. Este trabalho
procura colaborar para uma melhor compreensão da evolução da qualidade na construção
civil, ao explorar os motivos, dificuldades e benefícios relativos à implantação e certificação
de sistemas de gestão da qualidade, bem como os aspectos relacionados aos custos da
qualidade.
ABSTRACT
On the last years, many construction companies has looking for a quality management system
certificate, like the ISO 9001 or on PBQP-H (Brazilian Program of Quality and Productivity
in the Habitat). This work present an analysis of quality practices in constructions companies
by means of two approaches: the quality management systems certification and quality costs.
Is realized a post-certification evaluation, in order to identify the mainly motives, difficulties
and benefits due to quality management system. The research was made with 14 construction
companies in Florianópolis city, certified on level A of PBQP-H. This research is conducted
with structured interviews, based on a form, with the quality responsible of each company.
The respondents evaluate the importance level of a set of items presented with a scale of five
points. A model to measurement an analysis of the costs of quality is presented, specially
developed for constructions companies. The applicability of the model is demonstrated by
means of a case study, accomplished with one of the interviewed companies. The obtained
costs demonstrated that the company in question has a good quality level, because similar
researches pointed to costs proportionally higher in relation to the project value. Many failure
repercussions are analyzed, that go beyond the financial costs. This work contribute to a better
understanding of the quality evolution in civil construction, by exploring the motives,
difficulties and benefits related to implementation and certification of quality management
systems, as well as the aspects related to quality costs.
SUMÁRIO
RESUMO ................................................................................................................................viii
ABSTRACT ..............................................................................................................................ix
LISTA DE FIGURAS ..............................................................................................................xii
LISTA DE TABELAS ............................................................................................................xiii
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 14
1.1 Justificativa para o trabalho......................................................................................... 15
1.2 Objetivos ..................................................................................................................... 18
1.3 Procedimentos metodológicos ....................................................................................18
1.4 Estrutura do trabalho ................................................................................................... 19
1.5 Limitações da pesquisa ............................................................................................... 20
6. CONCLUSÕES ...............................................................................................................138
6.1 Quanto à certificação de sistemas de gestão da qualidade ........................................ 138
6.2 Quanto aos custos da qualidade ................................................................................ 141
6.3 Sugestões para trabalhos futuros ............................................................................... 143
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
1. INTRODUÇÃO
No Estado de São Paulo, em 1996, por exemplo, foi criado pela Companhia de
Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo – CDHU, o Programa da
Qualidade na Habitação Popular – QUALIHAB. Inspirado no sistema francês QUALIBAT, o
QUALIHAB está implantado desde maio de 1997. Trata-se de um sistema para a certificação
dos Sistemas de Garantia da Qualidade das empresas, baseado na norma NBR ISO 9000. O
Programa QUALIHAB busca a melhoria da qualidade e redução de custos para habitações
populares, através de parceria entre o Estado e demais agentes do meio produtivo, mediante
ações voltadas para materiais, componentes, projetos e obras (CARDOSO et al., 1998). O
QUALIHAB se caracteriza pela evolução em níveis a serem vencidos paulatinamente pelas
empresas, podendo se dizer que é um sistema preparatório para a certificação pelas normas
ISO.
Steventon (1994) chama a atenção para o fato de que a certificação é um meio para a
melhoria da qualidade e não um fim em si própria. O sistema criado para atender à norma não
tem sido totalmente integrado às atividades empresariais, de modo que, muitas vezes, é
mantido como um sistema paralelo com o objetivo da manutenção de um certificado. Em
muitos casos, o sistema da qualidade trouxe grande burocracia e poucas melhorias, pois as
empresas buscavam a certificação, esperando obter qualidade como conseqüência, ao invés de
ser o contrário. Para Corrêa (2002), as empresas têm utilizado a norma ISO 9000 como um
padrão de garantia da qualidade expresso na forma de uma certificação, ao invés de utilizá-la
como um sistema de gestão da qualidade.
16
Por outro lado, sabe-se que uma empresa que busca a certificação incorre em uma
série de custos, sejam eles financeiros, principalmente em relação à contratação de
consultorias e auditorias, ou em termos de esforço pessoal e dedicação de parte do tempo de
cada funcionário para a execução de atividades voltadas à certificação. A partir de uma
pesquisa realizada com 240 empresas certificadas na ISO 9000 ou que pretendem certificar-
se, Gupta e Pongetti (1998) verificam que, entre as empresas não certificadas, 54% esperam
gastar entre 30 e 60 mil dólares nos processos de implantação e certificação e apenas 9%
esperam gastar mais de 150 mil. No entanto, 44% das empresas certificadas registraram
gastos superiores a 150 mil dólares e somente 14% mantiveram-se na faixa de 30 a 60 mil.
Essa pesquisa demonstra que os custos de certificação podem ser muito superiores ao
estimado inicialmente pelas empresas. Apesar do elevado custo, as empresas acreditam que a
implantação de um sistema de gestão da qualidade e sua certificação é um investimento que
traz retorno, principalmente no longo prazo.
Os custos diretos dos sistemas da qualidade são facilmente quantificáveis, tais como
salários, custos de documentação e auditoria, mas os benefícios decorrentes são mais difíceis
de mensurar (LOVE e SOHAL, 2003). Por exemplo, existe uma dificuldade de mensuração e
interpretação para a determinação de índices de produtividade na construção civil devido à
influência de vários fatores difíceis de se isolar, segundo Salminen (2005), como as diferentes
soluções de projeto e nível de pré-fabricação, que exercem influência sobre a produtividade,
dificultando a criação de uma base para comparação.
1.2 Objetivos
O objetivo geral do presente trabalho é realizar uma análise das práticas da qualidade
em empresas construtoras por meio de dois focos: a certificação e os custos da qualidade.
- Realizar um levantamento dos custos da qualidade em uma obra de uma das empresas
analisadas.
Deste modo, pode-se traçar um panorama da situação atual das práticas da qualidade
no setor da construção civil, por meio da comparação dos dois enfoques acima expostos, ou
seja, certificação e custos da qualidade.
Finalmente, o capítulo seis faz uma síntese do trabalho, com a apresentação das
conclusões e enumeração de sugestões para trabalhos futuros.
20
Outro aspecto limitador diz respeito à etapa das entrevistas com as empresas,
realizadas, na maioria dos casos, com o representante da direção, de modo a obter-se uma
visão mais fidedigna do processo de implantação e certificação do sistema de gestão da
qualidade. Entretanto, não se apresenta a opinião dos funcionários operacionais nem a opinião
dos clientes.
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2. SUPORTE TEÓRICO
Por fim, apresenta-se uma revisão sobre custos da qualidade, seus conceitos,
classificações, métodos para identificação e quantificação. Além disso, apresentam-se
resultados de outros estudos sobre custos da qualidade aplicados à indústria da construção
civil, o que fornece o suporte teórico necessário para o desenvolvimento do estudo de caso
presente neste trabalho.
- ausência de defeitos;
Deste modo, observa-se que o elemento básico da gestão da qualidade é, para Juran, o
planejamento. Conforme Juran (1992, p. 12), “o propósito do planejamento da qualidade é
fornecer os meios de produção a capacidade de fazer produtos que atendam as necessidades
dos clientes”. O planejamento é o ponto inicial da Trilogia Juran, que envolve o
planejamento, controle e melhoria da qualidade.
- Conjunto de métodos: a gestão da qualidade envolve ferramentas para dar forma a suas
ações. Essas ferramentas destinam-se à definição do melhor modo de atendimento aos
clientes, à redução de custos e ao modo de envolver os funcionários em processos de
análise e solução de problemas, com ênfase nas ações de planejamento;
O autor salienta que essa classificação é apenas didática, pois o processo de gestão da
qualidade é único, mesmo que envolva diversos aspectos. Uma definição sintética afirma que
gestão da qualidade é “o processo de definição, implantação e avaliação de políticas da
qualidade” (PALADINI, 2004, p. 174).
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As políticas da qualidade são princípios com base filosófica e ética que, escritos ou
não, determinam a conduta gerencial em uma organização. Esses princípios atuam como
estabilizador ao longo da vida da empresa. Muitas empresas possuem políticas registradas por
escrito, de modo a criar uma maior previsibilidade nas ações das pessoas, principalmente
quando o número de funcionários aumenta. Deste modo, a política torna-se uma base de
conduta consistente (JURAN e GRYNA, 1991).
Segundo os autores, as políticas escritas devem refletir as ações das empresas. Para as
pessoas que observam a empresa, tanto interna quanto externamente, as ações possuem maior
importância do que aquilo que está escrito. Se as políticas não são condizentes com as ações,
qualquer pronunciamento da empresa perde credibilidade.
Crosby (2004) chama a atenção para o fato de que não basta escrever uma política da
qualidade, mas que todos devem conhecê-la e entender sua importância. A política deve ser
suficientemente clara e específica para evitar interpretações individuais. Além disso, é
necessário que as ações desenvolvidas diariamente estejam de acordo com a política,
principalmente por parte da alta administração, de modo a demonstrar sua importância e
validade.
Os manuais da qualidade são compostos por vários conteúdos, dentre os quais uma
declaração da alta administração, as políticas da qualidade, os organogramas e tabelas de
responsabilidade, as auditorias e análises periódicas, relações com o cliente e fornecedor e
planejamento da qualidade. Além disso, também podem apresentar aspectos tecnológicos, de
caráter intradepartamental, bem como elementos ligados às operações de administração e
apoio que contribuem para a imagem da empresa, como precisão, rapidez, atendimento,
cortesia e satisfação (JURAN e GRYNA, 1991).
QUALIDADE MELHOR
Custos de
Imagem serviços Custos de
Custos de refugo e
melhor menores Estoques
inspeção e retrabalho menores
testes menores
menores
Tempo de
processamento
menor
Volume de Custos de
vendas garantia e
maior reclamações
menores
Melhores
economias
Menos de escala Custos
Produtividade menores de
necessidade
maior capital
de competir
em preço
Receitas
maiores Custos
menores de
operação
LUCROS MAIORES
Uma vez que dinheiro e credibilidade representam a força vital das organizações,
como afirma Crosby (1992), o ideal seria que os executivos distribuíssem seus esforços
igualmente entre finanças, relacionamentos e qualidade, ao invés de concentrar-se
basicamente nos aspectos financeiros dos negócios. Como salienta o autor, para que uma
empresa mantenha-se bem sucedida, não pode apresentar qualquer tipo de tolerância a erros,
bem como não pode trabalhar com a idéia de níveis aceitáveis de não-conformidade.
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Deste modo, observa-se que a qualidade exige uma abordagem abrangente, uma vez
que é responsabilidade de todos nas organizações e exerce influência sobre diversas áreas,
desde a satisfação dos clientes até o impacto positivo (ou negativo) na lucratividade da
empresa. Esta questão é mais bem analisada no item sobre custos da qualidade, onde se
avaliam os custos incorridos para se fornecer ao cliente um produto com qualidade. A seguir,
apresenta-se uma maneira adotada por muitas empresas para guiar a implantação de um
sistema de gestão da qualidade, ou seja, a certificação segundo normas específicas, em
especial a ISO 9000 e o PBQP-H, no caso da indústria da construção civil.
A primeira versão da ISO 9000 surgiu em 1987, que foi traduzida pela ABNT em
1990. A série NBR ISO 9000:1990 passou por uma pequena revisão em 1994. A versão de
1994, assim como a versão anterior, não trata de especificações de produtos, mas são normas
sistêmicas que estabelecem os elementos do sistema de gestão e da garantia da qualidade a
serem consideradas pelas empresas (PAULA, 2004).
A série de normas ISO 9000:1994 é composta pelas normas ISO 9001, ISO 9002 e
ISO 9003, que definem os requisitos, exigências ou itens de verificação dos contratos entre
fornecedores e clientes. Todas as três normas permitem a obtenção de uma certificação do
sistema da qualidade. Essas três normas diferem-se quanto à abrangência da proteção da
garantia da qualidade, de acordo com Szyszka (2001):
29
- A ISO 9002:1994 possui 19 requisitos, é idêntica à anterior, exceto pelo fato de não
incluir a proteção de garantia na atividade de projeto e desenvolvimento;
Uma vez que a utilização da ISO 9000 na indústria da construção tem contribuído para
a melhoria da qualidade, os benefícios não têm sido tão grandes em relação às expectativas,
de acordo com Giles (1997). Além disso, muitas empresas buscam a certificação como
requisito para exportar para outros países, principalmente para a Europa, de acordo com
Devos, Guerrero-Cusumano e Selen (1996). Esse fato também é observado por Awan e Bhatti
(2003), que afirmam que a ISO se tornou uma espécie de licença para competir ao redor do
mundo.
De acordo com Juran (1993), não há nada na série ISO 9000 sobre aperfeiçoamento
contínuo da qualidade, satisfação do cliente ou participação dos funcionários. O autor afirma
ainda que há uma idéia errônea de que todos os problemas da qualidade estariam terminados
com a certificação pela norma ISO 9000. Segundo Crosby (1994), as especificações da ISO
9000 apresentam muito pouco sobre como realizar o trabalho adequadamente, entregar ao
consumidor o que foi prometido ou mensurar os efeitos financeiros das não-conformidades. O
autor compara a certificação na ISO 9000 com a obtenção da primeira licença para dirigir de
um adolescente, pois ambos os casos envolvem procedimentos e regulamentos para avaliação
que não refletem adequadamente a realidade.
A família de normas ISO 9000 foi apresentada aos executivos como a solução para
seus problemas da qualidade e que proporciona, no futuro, a certeza de produtos e serviços
conformes (CROSBY, 2000a). O autor acredita que a norma pode ser muito útil, com
possibilidade de se tornar o alicerce de um novo nível de progressos na gestão da qualidade.
Para isso, é necessário que as pessoas que a utilizam recebam uma educação adequada para
elevar o nível de conscientização e entendimento do papel das normas em seus processos
operacionais.
31
Para Battistuzzo (2000), os requisitos da ISO 9000, por ser um conjunto de boas
práticas gerenciais, deveriam ser utilizados pelas organizações como um mecanismo básico de
prevenção de problemas. No entanto, observa-se que, em geral, não se realiza adequadamente
um planejamento da qualidade, não se verifica a capacidade do processo, não se avaliam os
requisitos dos clientes e não se registram todos os problemas para não criar desavenças com
clientes e auditores. Assim, o sistema não cumpre sua principal função, que é proporcionar a
melhoria contínua da qualidade.
A norma NBR ISO 9001: 2000 apresenta significativas mudanças em relação à versão
1994, pois deixa de ser um sistema de garantia da qualidade e passa a se caracterizar como um
sistema de gestão da qualidade. Agora as empresas devem demonstrar sua capacidade de
atingir a satisfação do cliente, com a aplicação da melhoria contínua de seus processos e da
prevenção de não conformidades, conforme Branchini (2002). A nova revisão tornou a norma
menos prescritiva e mais flexível, com maior ênfase na melhoria contínua e na gestão dos
processos (ALVES e SOARES, 2003).
De acordo com Paula (2004), a nova versão toma por base oito princípios, que levam
em conta uma concepção mais atualizada de um sistema de gestão da qualidade: foco no
cliente, liderança, envolvimento de pessoas, abordagem de processo, abordagem sistêmica
para a gestão, melhoria contínua, abordagem factual para tomada de decisão e benefícios
mútuos nas relações com os fornecedores.
De acordo com Mezher, Ajam e Shehab (2004), a performance das empresas apresenta
melhoria ao adotar a ISO 9001:2000 em relação à versão de 1994 que, por sua vez, também
proporciona melhorias para as empresas que não possuem certificação alguma. Essa
afirmação é baseada em pesquisa realizada no Líbano com empresas prestadoras de serviços,
manufaturas e construtoras. A pesquisa aborda a opinião dos gerentes, dos funcionários e dos
clientes de tais empresas, de modo a demonstrar a evolução da norma. Entretanto, os autores
apontam certa deficiência quanto os aspectos relativos à relação com os funcionários e com os
fornecedores.
A nova versão proporcionou uma mudança no pensamento gerencial, segundo van der
Wiele et al. (2005), pois a ISO 9000 deixou de ser voltada apenas para a qualidade, mas passa
a ser um instrumento de controle gerencial de todas as estratégias do negócio. A versão 2000
é uma evolução e em conseqüência, espera-se que seja adotada pelas empresas, não somente
para ter um certificado, mas que a vejam como mais uma ferramenta de gestão de negócios,
que pode contribuir para o aprimoramento e competitividade da empresa (CAMFIELD e
GODOY, 2004). Entretanto, de acordo com Singels, Ruël e van de Water (2001), apenas
quando as organizações estão internamente motivadas para a melhoria dos processos é que a
certificação resulta em melhoria de performance.
Buttle (1997) realiza uma pesquisa com 1220 empresas certificadas na ISO 9000 em
todo o mundo. O autor verifica que os benefícios mais procurados pelas empresas são,
respectivamente, o aumento da lucratividade, a melhoria dos processos e benefícios de
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Vloeberghs e Bellens (1996) apresentam uma pesquisa realizada com 290 empresas
certificadas na ISO 9000 na Bélgica. As empresas analisadas fazem parte de diversos setores
de atuação. As motivações para implantar a ISO 9000 são agrupadas em motivos internos e
motivos externos. Dentre os motivos internos, o mais citado é a melhoria da organização
interna da empresa. Já os motivos externos mais populares são a melhoria da imagem da
empresa no mercado e atender à solicitação de clientes quanto à certificação. Verifica-se que
as empresas que implantaram a normalização devido a motivos internos alcançaram maior
satisfação com o sistema, em relação àquelas que se guiaram por motivos externos. Os autores
afirmam também que, quanto maior o nível de tecnologia e automação das empresas, maior a
satisfação com os resultados obtidos. Essa relação também é valida quanto ao porte das
empresas, ou seja, as empresas maiores apresentam maior grau de satisfação com a
certificação.
Anderson, Daly e Johnson (1999) realizam uma pesquisa na América do Norte, com
514 empresas certificadas pela ISO 9000. Segundo os autores, as empresas buscam a
certificação como uma forma de sinal público da eficiência de seus sistemas de gestão da
qualidade. Para essas firmas, a certificação é utilizada como um complemento para
desenvolver a gestão da qualidade nos processos. Deste modo, a ISO 9000 é vista como parte
de uma ampla estratégia para alcançar vantagem competitiva através da gestão da qualidade e
da comunicação dos resultados da qualidade. Para muitas dessas empresas, a satisfação dos
clientes e o cumprimento de requisitos regulamentares aparecem em segundo plano.
A falta de exigência dos governos e clientes quanto à certificação na ISO 9000 nos
Estados Unidos também é verificada por Ahmed et al. (2005), que realiza uma comparação
entre os sistemas de gestão da qualidade de construtoras dos Estados Unidos e de Hong Kong.
Enquanto nos Estado Unidos existe uma maior preferência por sistemas menos formalizados,
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Observa-se que a maioria das razões para a busca do certificado refere-se a aspectos
externos, ligados a melhoria da imagem da empresa e utilização da ISO como uma ferramenta
de marketing, enquanto que a maioria dos benefícios possui relação com aspectos internos,
tais como a melhoria dos processos e procedimentos (POKSINSKA, DAHLGAARD e
MARC, 2002).
Dalgleish (2005) afirma que investimentos em qualidade valem a pena, mas que a
abordagem da qualidade não está relacionada à certificação. Segundo o autor, a ISO 9000 não
é efetiva para a implantação de sistemas de alta performance nas empresas. A melhoria da
performance depende de vários fatores, principalmente da postura da alta administração frente
à qualidade. Entretanto, as empresas podem se beneficiar da abordagem proposta pela ISO
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9000, desde que não se fixem apenas nos requisitos para manter o certificado, que é muitas
vezes mantido por exigência do mercado.
Observa-se, portanto, que as razões para a busca da certificação são muito variáveis,
uma vez que dependem da situação específica de cada empresa, do mercado de atuação, das
exigências governamentais ou de outros órgãos de controle. Entretanto, pode-se classificar os
motivos em dois grupos: internos e externos. Os motivos internos referem-se a aspectos como
a necessidade de melhoria dos processos da organização, redução de custo, redução de
desperdício e aumento da produtividade. Já os motivos externos têm origem em uma
imposição feita pelo mercado, como requisito contratual, ou pelo aumento da concorrência.
Esses dois grupos de razões para a certificação implicam em posturas diferentes das empresas
frente à normalização, o que pode influenciar na percepção de benefícios por parte das
empresas. A seguir, apresentam-se os principais benefícios advindos da implantação de
sistemas de gestão da qualidade, principalmente baseados na ISO 9000.
Na Bélgica, Vloeberghs e Bellens (1996) apresentam uma pesquisa com 290 empresas
de vários setores, certificadas na ISO 9000. Os autores relatam como principais benefícios a
melhoria dos processos e procedimentos internos das organizações, tais como a clara
definição de responsabilidades, menor número de improvisações e estrutura organizacional
mais visível. Entretanto, não se observam melhorias relacionadas à comunicação,
comprometimento, treinamento ou redução dos custos da qualidade. Em relação aos
benefícios externos, as empresas apresentam melhoria no relacionamento com clientes que
exigem a certificação, de modo a prestar um serviço melhor, o que leva as empresas a
obterem vantagens comerciais.
36
Observa-se que grande parte das empresas analisada acredita ter se beneficiado com a
certificação. Além disso, 96% dessas organizações consideram o padrão ISO 9000 um bom
sistema de garantia da qualidade, ao passo que muitos gerentes acreditam que o sistema pode
37
ser expandido para incluir questões ambientais e relacionadas à saúde e segurança no trabalho
(CASADESÚS, GIMÉNEZ e HERAS, 2001).
Costa (2003) analisa a relação entre qualidade e competitividade com cinco empresas
construtoras. O autor conclui que a certificação colabora para que as empresas obtenham uma
melhoria de performance em suas operações internas, o que possibilita para que as empresas
coloquem produtos e serviços de melhor qualidade no mercado, com preços e condições.
Entretanto, a certificação não leva as empresas a interagir com outros atores sociais, através
do diálogo e aprendizagem, de forma a influenciar outros fatores externos que afetam direta e
indiretamente o desempenho competitivo das organizações. Isto faz com que diversas
oportunidades de melhoria no desempenho competitivo sejam perdidas.
Observa-se, portanto, que a percepção de benefícios por parte das empresas refere-se
principalmente a melhoria dos processos e procedimentos. Outros benefícios também são
comuns, como a melhoria da imagem da empresa, a clara definição de responsabilidades, a
redução de prazos e o aumento da satisfação dos clientes e funcionários.
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Deming (1987) aponta a falha da alta administração como a principal causa dos
problemas enfrentados pelas empresas. Tolovi Jr. (1994) afirma que qualidade é um programa
de mudanças comportamentais. Essas mudanças “exigem alto esforço, dedicação e
perseverança, e isto tem que vir do topo da organização” (TOLOVI JR., 1994, p. 7). O autor
relata ainda a existência de muitos empresários que estão mais interessados em modismos do
que nas reais implicações provenientes de tais programas. Desta forma, o autor conclui que é
totalmente inútil iniciar um programa da qualidade sem o verdadeiro interesse da alta
administração.
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Reis e Melhado (1998b) afirmam que grande parte dos empresários da construção civil
reconhece que o comprometimento é muito importante e acreditam ser imprescindível para o
sucesso de um programa da qualidade. Os autores afirmam ainda que se houver incoerência
entre o discurso e a prática dos empresários, é provável que os funcionários não se engajem
no processo.
A partir de um estudo realizado com 110 empresas construtoras dos Estados Unidos,
Haupt e Whiteman (2004) afirmam que qualquer tentativa de se realizar uma mudança
significativa ao implantar um sistema de gestão da qualidade apenas terá sucesso se a alta
administração estiver comprometida e plenamente envolvida. Cabe a alta administração
realizar o necessário para que todos na organização, em especial os supervisores e
funcionários do canteiro de obra, possam estabelecer e alcançar padrões referentes a prazo,
custo, padrão de qualidade do serviço e segurança no trabalho, além de prover a satisfação das
necessidades e expectativas dos clientes.
Cultura organizacional é definida por Schein (1988) apud Szyszka (2001) como o
conjunto de pressupostos básicos que um grupo inventou, descobriu ou desenvolveu ao
aprender a lidar com os problemas de adaptação externa e integração interna e que
funcionaram bem o suficiente para serem considerados válidos e ensinados a novos membros
como a forma correta de perceber, pensar e sentir, em relação a esses problemas. De acordo
com Maslow (2000), cada nova invenção, descoberta ou mudança cria uma conturbação nas
rotinas gerenciais. As pessoas que se estabeleceram confortavelmente, são sacudidas,
perturbadas e tiradas de seu conforto. Deste modo, fica claro que qualquer evento que exija
uma reorganização do território conquistado não será facilmente aceita.
Low (1998) afirma que parte da resistência às mudanças decorre dos hábitos já
sedimentados, da segurança e conforto de manter as atividades da mesma maneira, do medo
do desconhecido, da possibilidade de redução de valor econômico, e até mesmo do
processamento seletivo de informações, ou seja, algumas pessoas só processam as
informações que desejam ouvir e ignoram as informações que vão contra sua percepção
pessoal do mundo. A resistência a mudanças também é influenciada por idéias irracionais e
emoções, de acordo com uma pesquisa de Bovey e Hede (2001) com 635 indivíduos de nove
organizações da Austrália. As principais idéias irracionais são sentimentos ligados à culpa,
inércia, passividade, falta de controle do próprio destino e o desejo de evitar dificuldades na
vida.
sistema de gestão da qualidade por parte dos empreiteiros e dos consultores. Nem mesmo os
clientes que especificaram o sistema da qualidade como requisito de contrato não possuíam tal
entendimento.
de benefícios com essa mudança. Conforme Adbul-Rahman (1996), para que uma empresa
obtenha sucesso com a implantação, é necessário que as aspirações da alta administração
sejam conhecidas por todos os níveis da organização, em todas as fases de um
empreendimento.
O conservadorismo das práticas na indústria da construção civil sugere que existe uma
barreira entre departamentos e níveis hierárquicos (LOW e OMAR, 1997). Esses autores
afirmam que os departamentos voltam-se para o escopo do seu trabalho, havendo pouca
integração de decisões sobre métodos e processos. Como resultado desta falta de
comunicação, ocorre uma fraca coordenação na organização ou projeto específico, o que
acarreta no comprometimento da qualidade dos produtos ou serviços. Os autores apontam
ainda que a falta de comunicação representa um gargalo para a melhoria, inovações e
mudanças nas empresas.
Segundo Souza e Mekbekian (1995), muitos gerentes não assumem efetivamente suas
tarefas de implantação do programa por estarem muito ocupados com suas tarefas rotineiras.
Desta forma, acabam por considerar o sistema como um empecilho, ao invés de algo que pode
auxiliar na realização de suas tarefas. Além disso, como salienta Liu (1998), embora muitos
gerentes possuam experiência em sua área, não possuem os conhecimentos necessários sobre
gestão da qualidade. Do seu ponto de vista, não há nada errado no sistema e na gestão atual, o
que induz a uma certa relutância quanto ao novo sistema de gestão da qualidade. De acordo
com Dalgleish (2004), um dos empecilhos para a melhoria da qualidade é justamente a falsa
idéia de que a empresa já trabalha em níveis ótimos e que não há necessidade de melhoria.
44
Tanto Tamimi e Sebastianelli (1998), nos Estados Unidos da América, como Jun, Cai
e Peterson (2004), no México, relatam dificuldades relativas à falta de treinamento em
aspectos relacionados à melhoria da qualidade e técnicas de identificação e solução de
problemas. Questões relacionadas a treinamento e aprendizado também são consideradas
muito importantes para a melhoria da qualidade, de acordo com pesquisa realizada por Abdel-
Razek (1998) com 90 gerentes de projetos no Egito. Segundo pesquisa realizada por Tamimi
(1998) com 173 empresas norte americanas, a educação é um ponto que necessita maior
atenção por parte da alta administração, principalmente para o desenvolvimento de
habilidades em áreas específicas. A falta de foco nos treinamentos é apontada por Tatikonda e
Tatikonda (1996) como fonte de desperdício, pois representam investimentos que não se
convertem em benefício.
A falta de entendimento dos conceitos da qualidade cria uma barreira para o efetivo
funcionamento do sistema de gestão da qualidade (LOW e OMAR, 1997). De fato, depois que
o sistema está estabelecido, Tsang e Antony (2001) afirmam que um treinamento adequado
viabiliza o entendimento do sistema e das responsabilidades de cada funcionário, de modo a
aumentar a confiança e conseqüentemente o desenvolvimento pessoal. A estrutura dos
treinamentos deve envolver, segundo Low e Omar (1997), tanto aspectos técnicos como
conhecimentos a respeito dos comportamentos e relações humanas, de acordo com a função
exercida por cada colaborador.
O sistema de gestão da qualidade cria sua própria burocracia, com regras e padrões
próprios, podendo tornar-se um processo paralelo alheio às atividades operacionais diárias
(TATIKONDA e TATIKONDA, 1996). Geralmente cria-se muita documentação, uma
hierarquia formal de conselhos e comitês, uma infinidade de encontros e técnicas a serem
adotadas, conforme Harari (1993). Ambos os autores afirmam que se gasta muito tempo
reunindo dados irrelevantes e produzindo relatórios inúteis, o que gera grande custos para se
manter o sistema.
Turk (2006) apresenta uma pesquisa com 68 construtoras na Turquia certificadas pela
ISO 9000. Segundo o autor, o aumento da documentação é apontado como a principal
desvantagem do sistema. A burocracia também é a dificuldade mais apontada por um
conjunto de aproximadamente 40 empresas construtoras de nove estados brasileiros, de
acordo com pesquisa realizada por Bauer e Brandli (2005). Esta burocratização está
relacionada à necessidade de documentar todo o processo, desde o fornecedor, os serviços, a
entrega ao cliente e a satisfação deste cliente. Os autores salientam que esta dificuldade está
atrelada à falta sistemática que as empresas de construção têm em elaborar padrões e
documentar seus procedimentos.
Em sua pesquisa, Haupt e Whiteman (2004) verificaram que 77% das construtoras
entrevistadas afirmam que a geração de excessiva burocracia é um dos maiores inibidores
para o sucesso da implementação de um sistema de gestão da qualidade. Os autores firmam
que os projetos na construção civil já envolvem muita documentação, dentre eles contratos,
plantas e correções, instruções de arquitetos, programação, requisições e notas fiscais de
materiais. Deste modo, a criação de mais burocracia pode reduzir os benefícios da qualidade,
uma vez que se gasta muito tempo na preparação de documentos e registros.
Conforme Tolovi Jr. (1994), leva-se algum tempo para que a gestão da qualidade
apresente os resultados esperados, por se tratar de uma iniciativa relacionada ao
comportamento das pessoas. Inicialmente, os resultados podem ser modestos, mas “a soma de
pequenos resultados pode trazer grandes benefícios para a organização” (TOLOVI JR., 1994,
p. 8). Uma vez que as empresas necessitam alterar o status quo e desenvolver uma cultura que
suporte a gestão da qualidade, os resultados podem demorar a aparecer, de modo que é
necessário tempo para se adaptar e aprender a trabalhar com qualidade (LOW e TEO, 2004).
Harari (1993) afirma que muitos gerentes mantêm o foco nos processos internos,
preocupando-se com medidas de performance, índices de conformidade e especificações
técnicas. Conseqüentemente, é normal que se diminua a atenção para os fatores externos à
empresa, como a percepção e preferências dos clientes. Deste modo, ocorre uma falta de
atenção para os resultados externos, devido à excessiva preocupação com os aspectos
internos.
Já Queiroz (1996), que analisa a relação entre qualidade e liderança, afirma que o líder
possui papel fundamental para a motivação dos quadros operacionais para a qualidade. Tal
motivação deve ser buscada através do processo de amadurecimento conduzido pelo líder. A
autora conclui que o comprometimento, a responsabilidade e a participação dos trabalhadores
de nível operacional possuem relação direta com a qualidade alcançada pela empresa. Deste
modo, a função do líder não é executar tarefas, mas auxiliar e apoiar as pessoas para que elas
possam executar suas tarefas dentro das expectativas da organização. Para tanto, o líder
precisa aprender a delegar, a educar, a comunicar-se e a reconhecer as conquistas dos
funcionários.
Low e Omar (1997) afirmam que todo funcionário pode contribuir se houver
assistência, encorajamento e oportunidade de iniciativa. Deste modo, sua contribuição não
apenas aumenta a vantagem competitiva da empresa, mas também promove o status dos
49
funcionários. Os autores afirmam ainda que, desta maneira, existe satisfação com o trabalho,
que irá motivar os funcionários a contribuir cada vez mais com a empresa. É importante
também que o estilo gerencial utilizado possibilite que cada indivíduo possa fazer sua
colaboração de maneira eficiente (WALKER e KENIGER, 2002).
O setor da construção civil possui a função social de absorver uma grande quantidade
de mão-de-obra brasileira não especializada e de baixa escolaridade. Isto acarreta dificuldades
com o entendimento de informações, na apresentação da qualidade final esperada e no uso de
novas técnicas construtivas, o que leva a erros e, como conseqüência, a retrabalho e
desperdício (OLIVEIRA, 2000).
A baixa escolaridade dos funcionários da construção civil é apontada como uma das
dificuldades para a execução de obras e a introdução de medidas voltadas para a melhoria da
qualidade no setor, conforme Neves (1995). Por serem analfabetos, alguns mestres-de-obras
chegaram a ser demitidos, de acordo com Vivancos e Cardoso (2000). Esses funcionários não
se adaptaram à nova realidade do sistema de produção provocada pela implantação de
procedimentos documentados e fichas de verificação.
Segundo Reis (1998) apud Costa (2001), as empresas necessitam enfatizar a formação,
capacitação e motivação dos trabalhadores para aumentar a eficiência dos seus processos.
Caso contrário, as iniciativas de implementação de um sistema de gestão da qualidade ou a
introdução de qualquer mudança técnica e gerencial, necessárias à melhoria da qualidade,
tenderão ao insucesso. De acordo com Cabanas (2003), a resolução de problemas de
tecnologia, de liderança e de comunicação é extremamente difícil para funcionários de baixo
nível de escolaridade.
Existem muitas razões pelas quais os empresários ligados ao setor da construção civil
buscam a participação em programas de melhoria da qualidade e produtividade. Heineck e
Paulino (1994) apresentam uma listagem exaustiva dessas razões. A listagem detalha razões
relativas a mudanças estruturais na economia, razões relativas a novas formas de arranjo entre
os participantes do setor da construção, razões relativas a mudanças de comportamento do
mercado e dos clientes, razões relativas aos operários e técnicos do setor e razões relativas a
cultura, valores, formação e status dos empresários e gerentes.
Quanto aos resultados, Reis e Melhado (1998a) afirmam que muitas vezes é difícil
mensurá-lo, mas que qualquer ação que vise melhorar a gestão do desenvolvimento dos
projetos, dos suprimentos, da documentação, da tecnologia e dos recursos humanos propicia a
melhoria da gestão dos canteiros de obras. No entanto, o funcionamento dos sistemas tem
esbarrado em algumas dificuldades, como a indefinição de objetivos e metas de longo prazo e
a descontinuidade das ações de melhoria da qualidade, devido à alta sensibilidade do setor
frente às alterações de mercado e da economia, o que inibe investimentos de maior porte. Os
autores destacam também a deficiência na formação, capacitação e motivação do corpo
gerencial e funcionários operacionais, de modo que o desenvolvimento dos recursos humanos
não seja integrado ao desenvolvimento dos novos conceitos introduzidos no sistema
produtivo. Outros problemas enfrentados referem-se a dificuldades e ineficiência do sistema
de informação e comunicação, além do pouco uso dos procedimentos documentados.
Outro estudo realizado em São Paulo é apresentado por Vivancos e Cardoso (2000),
que avaliam os reflexos da implantação de sistemas de gestão da qualidade em oito
construtoras de edifícios. Os autores observam transformações nas estruturas organizacionais
e no ambiente de trabalho. Dentre os principais impactos, pode-se citar uma melhor definição
de cargos, funções, autoridades e responsabilidades; o aumento da participação dos
funcionários na discussão dos problemas da empresa e aumento do número de reuniões; a
melhoria dos sistemas de comunicação e informação, além de uma tendência à
descentralização dessas estruturas, que são tradicionalmente centralizadas em seus
proprietários.
Camfield e Godoy (2004) apresentam uma análise da certificação na ISO 9000 por
duas empresas construtoras também da cidade de Santa Maria – RS. Para essas duas
empresas, o selo ISO 9000 influenciou o desempenho e resultados no período pós-
certificação. Os principais benefícios citados são a redução de custos e perdas, aumento das
vendas e principalmente a produção de imóveis de melhor qualidade. Percebe-se que a
implantação do sistema da qualidade ISO 9000 provocou mudanças significativas nessas
empresas. Entretanto, verifica-se que as mudanças na área de gestão e de planejamento são as
de maior impacto, devido ao aumento no controle de todos os processos em todos os setores,
tornando-os mais ágeis.
Brandstetter (2001) apresenta uma análise dos principais impactos ocorridos em quatro
empresas de construção de edifícios localizadas na cidade de Goiânia - GO, a partir da busca
pela certificação ISO 9000. Dentre os principais motivos para a certificação, destaca-se a
criação de um diferencial de marketing e o aumento da competitividade. Entretanto, o
cumprimento de exigências contratuais por parte dos clientes também aparece entre os
entrevistados como um forte desencadeador do processo. Entre as dificuldades vivenciadas,
pode-se citar a operacionalização das rotinas impostas pelo sistema, a burocracia em excesso
56
Além da ISO 9000, existem outros programas voltados para a melhoria da qualidade
no setor da construção civil, os denominados Programas Setoriais da Qualidade (PSQ). Esses
programas são acordos firmados pelos governos estaduais ou municipais, de entidades de
classe, associações nacionais e os agentes financiadores. Tais acordos regulamentam os
requisitos de qualificação e são assinados entre as partes interessadas. A responsabilidade da
elaboração dos acordos é dos integrantes da cadeia produtiva (JOBIM FILHO e JOBIM,
2004). Alguns programas setoriais são:
Em março de 2005 realiza-se uma revisão do SiQ-C, que passa a se denominar SiAC -
Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da Construção
Civil, mediante a elaboração de um novo regimento (PBQP-H, 2005). Ocorre assim o
estabelecimento de nova estruturação da documentação, com um Regimento Geral, com
Regimentos Específicos das Especialidades Técnicas, com Referenciais Normativos para os
subsetores da Especialidade Técnica Execução de Obras e com documentos de Requisitos
Complementares para tais subsetores.
Dentre as principais inovações do SiAC expostas por Cardoso (2005), cabe salientar:
- Definição das Especialidades Técnicas: Serviços Especializados de Execução de
Obras; Elaboração de Projetos e Gerenciamento de Obras e de Empreendimentos.
59
assimilação do programa. Para contornar essa dificuldade, optou-se pela alfabetização dos
funcionários no próprio canteiro de obras.
A partir das auditorias internas realizadas pelo CTE, verificou-se que a principal não-
conformidade para o nível D refere-se ao item de controle de documentos e dados. Essas não-
conformidades devem-se à falta de aprovação de documentos comprovada por assinatura da
pessoa responsável, documentos distribuídos sem o carimbo de cópia controlada, lista de
distribuição de documentos não atualizada, lista de distribuição incompleta, falta de
identificação da alteração nos documentos e falta de cópia de segurança (backup) dos
documentos. A seguir, aparece o requisito Responsabilidade da Administração, devido à falta
de objetivos, metas e indicadores mais coerentes com a política de qualidade da empresa, falta
de divulgação da política e falta de prazos definidos para alcançar os objetivos da qualidade.
Ainda conforme Neves, Maués e Nascimento (2002), existe uma notável falta de
envolvimento da alta direção em relação à implantação do sistema de gestão da qualidade, de
modo que o representante da administração e o comitê da qualidade recebem toda a
responsabilidade do sistema. Não há um acompanhamento pela administração dos indicadores
referentes aos objetivos da qualidade, não há participação da reunião de análise crítica do
sistema de qualidade, de modo que, em alguns casos, não existe comprometimento algum
com o sistema da qualidade.
Melgaço et al. (2004) ressaltam ainda a crescente preocupação das construtoras com a
coordenação entre projetos, embora seja feita de maneira informal na maioria dos casos. Essas
melhorias devem-se a dois fatores, de acordo com os autores. Primeiramente, os próprios
requisitos da normalização, principalmente os itens de planejamento da elaboração dos
projetos e a análise crítica de projetos, colaboram para uma melhoria no processo de projeto.
Além disso, os autores identificam uma nova postura gerencial por parte das empresas, que
cria um clima de estabilidade gerencial com a melhoria do sistema de gestão.
Deste modo, as empresas estão promovendo uma efetiva mudança cultural, através da
maior valorização dos projetos. Entretanto, conforme salientam os autores, essa cultura de
melhoria contínua nem sempre é efetivamente conseguida pelas empresas.
Para Crosby (1993), a qualidade deve ser mensurada em termos financeiros. Para isso,
é necessário realizar uma avaliação do custo de não cumprir os requisitos especificados. Esse
custo deve ser amplamente divulgado na empresa, de modo que todos tenham consciência da
importância da qualidade e do impacto financeiro que ela representa.
65
- custos de avaliação; e
- custos de prevenção.
Custos de prevenção
Custos de
controle
Custos de avaliação
Os custos das falhas internas estão associados ao custo decorrente das não-
conformidades detectadas durante o processo produtivo, ou seja, antes da entrega do produto
ao cliente. Da mesma forma, os custos das falhas externas são detectados somente após a
entrega do produto ao cliente. Essa categoria inclui todos os custos diretos e indiretos com a
assistência técnica oferecida e o retrabalho necessário para solucionar o problema. Esses
66
problemas não existiriam se não houvesse defeitos nos produtos, conforme Juran e Gryna
(1991).
Apesar do fato de que o custo para corrigir falhas apresentar o menor retorno, a
maioria das empresas gasta uma maior porcentagem dos custos da qualidade nessas
atividades, sendo que o investimento em atividades de prevenção, que traz um retorno maior,
representa uma porcentagem bem menor, conforme Superville e Gupta (2001). Os autores
explicam essa situação por meio do fato de que o investimento em correção de defeitos é
tangível e facilmente mensurável, enquanto que o investimento em prevenção não é
imediatamente aparente e mensurável. Em geral, as empresas ignoram o fato de que a análise
dos custos da qualidade ser um importante aspecto para a implantação de uma cultura voltada
para a qualidade (MANDAL e SHAH, 2002).
Porém, como demonstrado por Bergamo Filho (1991) e Kolacek (1976) apud Juran e
Gryna (1991), à medida que se aumenta a porcentagem do custo em atividades de prevenção,
há redução dos custos para corrigir falhas, simultaneamente com a redução do montante total
gasto com custos da qualidade. Fato similar é demonstrado por Halis e Oztas (2002) na
Turquia. Através de um levantamento com 330 empresas certificadas pela ISO 9000, apenas
54 possuíam registros dos custos da qualidade decorrentes da certificação. Essas empresas
realizam maiores investimentos em avaliação (40,2%) e prevenção (33,7%) do que em
correção de falhas (26,1%). Os autores salientam que a maior parte dos custos de prevenção é
originada do processo de certificação. O próximo item apresenta as relações existentes entre
as categorias de custo da qualidade de maneira mais detalhada.
O modelo apresenta três curvas. O custo devido às falhas é nulo quando a produção
possui 100% de conformidade e tende para o infinito com o aumento do número de defeitos.
A curva de custos de controle (avaliação mais prevenção) parte de zero, aumentando com o
crescimento da qualidade de conformidade. A curva total dos custos da qualidade representa a
soma dos custos anteriores. Segundo Juran e Gryna (1991), esse modelo prevaleceu durante
muito tempo no século XX, com grande ênfase em avaliação e poucos investimentos em
prevenção, o que faz com que os custos de controle tendam ao infinito com 100% de
conformidade.
Este modelo parece indicar que existe um ponto ótimo de qualidade, a partir do qual a
melhoria torna-se economicamente inviável. Esta interpretação está equivocada, pois vai
contra os princípios de melhoria contínua (PALADINI, 2004). Primeiramente, o custo das
falhas pode ser muito maior do que se imagina, pois as não-conformidades acarretam fortes
impactos na empresa, como a insatisfação de clientes, que pode levar a perda de mercado e
prejuízo para a imagem da empresa, além do prejuízo com as perdas, desperdícios e
retrabalhos.
Juran e Gryna (1991) afirmam que há custo ocultos que não estão presentes no
modelo. Se os dados estivessem disponíveis, o efeito seria mover o ótimo para os 100% de
conformidade. Além disso, não se pode considerar que controles mais intensos significam,
automaticamente, redução dos defeitos. O importante á a produção da qualidade que leva a
uma redução dos defeitos e não a execução de controles (PALADINI, 1995). Por exemplo,
Ittner (1996) verifica que, através de um adequado sistema de gestão da qualidade, um grupo
70
de 49 indústrias alcançaram uma redução dos custos de falhas sem aumento considerável dos
custos de avaliação ou prevenção.
Deste modo, conforme afirma Foster Jr. (1996), a medida em que ocorrem melhorias
da qualidade, há uma redução na necessidade de se realizar inspeções, o que leva a uma
redução dos custos de controle se comparado ao modelo expresso pela Figura 5. O autor
salienta ainda que o uso de inspeção automática e sistemas à prova de falhas, conhecidos
como poka yoke, também auxiliam a reduzir os custos de avaliação.
- há uma relação inversa entre a soma dos custos de avaliação e prevenção e os custos
provenientes de falhas;
- há uma relação direta entre a soma dos custos de avaliação e prevenção e qualidade; e
O gráfico da Figura 6 pode ser obtido da Figura 5 se a curva dos custos das falhas for
deslocada para a esquerda, levando consigo o ponto ótimo para maiores níveis de qualidade.
Isso é possível mediante uma maior atribuição de responsabilidade para os custos de falhas,
que deve incluir todas as fontes de perda possível, como o material gasto, o retrabalho, a mão-
de-obra, o tempo, o custo de outro produto para eventual substituição, o lucro que se deixa de
ganhar com o produto perdido, além de prejuízos para a imagem da empresa e perda de novos
negócios devido às falhas cometidas, que podem levar a perda de mercado.
Existem duas formas de aumentar a qualidade com o mesmo retorno ótimo. Uma
alternativa é aumentar os preços à medida que a se aumenta o nível da qualidade, com o risco
de redução das vendas e perda de mercado. Outra solução, mais difícil, é baixar a curva dos
custos, ao invés de erguer a curva dos preços. Para isso, é necessário que se reduza custos sem
reduzir a qualidade, a partir de um conjunto de ações voltadas para a melhoria da qualidade do
processo, com o envolvimento de homens, máquinas, métodos, materiais e, enfim, todos os
elementos do processo. Desta maneira, as empresas que competem através da melhoria da
qualidade podem alcançar posições que se consolidam ao longo do tempo (PALADINI,
1995). Isso é possível por meio de um adequado sistema de custos da qualidade, de modo a
determinar as possibilidades de redução de falhas e, conseqüentemente, obter uma redução
dos custos de produção.
73
Tais autores sugerem que a coleta dos custos da qualidade no canteiro de obras deve
ser realizada por pessoas responsáveis pela avaliação e inspeção dos serviços executados.
Portanto, o engenheiro de obra ou um técnico em edificações são os indivíduos mais
indicados. Bamford e Land (2006) salientam que a coleta é mais eficaz quando há um
relacionamento mais aberto entre as pessoas, de modo que tanto os sucessos como as
dificuldades possam ser discutidas sem medo de punição. Quando os relacionamentos são
defensivos, é possível que as pessoas manipulem os dados e escondam algumas informações,
de modo a evitar problemas.
Besterfield (1990) salienta que não é necessário registrar todos os custos, pois alguns
são insignificantes e difíceis de determinar, de modo que podem ser ignorados. Entretanto,
deve-se tomar atenção com alguns custos significantes que geralmente estão escondidos
porque o tradicional sistema contábil não é projetado para contemplar tais elementos (SON e
HSU, 1991, CHIADAMRONG, 2003).
74
É importante ressaltar que um sistema de custos da qualidade não pode, por si só,
melhorar a qualidade ou reduzir custos, conforme Campanella (1999) apud Sower (2004).
Segundo o autor, o objetivo da avaliação dos custos da qualidade é facilitar os esforços de
melhoria da qualidade que são orientadas por oportunidades de redução de custo. As
estratégias para a utilização dos custos da qualidade são as seguintes: (1) atacar diretamente
os custos de falhas, com o objetivo de reduzi-los a zero; (2) investir em atividades de
prevenção adequadas que conduzem a melhorias; (3) reduzir os custos de avaliação à medida
que os resultados são obtidos; e (4) contínua avaliação e redirecionamento dos esforços de
prevenção para alcançar novas melhorias. Apresenta-se a seguir, de maneira mais detalhada,
alguns métodos para identificação e quantificação dos custos da qualidade voltados
especificamente para o setor da construção civil.
- classificação do problema;
- descrição específica;
- data de ocorrência;
- causa do problema;
Deste modo, a matriz de custos da qualidade permite a identificação das áreas com
problemas que não são evidenciadas através dos controles de custos tradicionais. As
informações são coletadas no canteiro de obras, sendo que os respectivos custos podem ser
determinados tanto no canteiro como no escritório da empresa a cada semana. Porém, se essas
75
informações forem utilizadas no período restante da obra, os custos devem ser calculados e
disponibilizados o mais rapidamente possível (ABDUL-RAHMAN, THOMPSON e WHYTE,
1996). Os autores recomendam que as informações coletadas sejam distribuídas aos gerentes
de obra e a todos os responsáveis pela execução dos serviços, de modo a evitar que os
mesmos erros ocorram novamente.
modo a facilitar a classificação e análise dos custos. A matriz proposta por Low e Yeo (1998)
apresenta a seguinte estrutura:
- código do custo;
- trabalho em questão;
- causas;
- área do problema;
- custo incorrido; e
- qual o problema?
- qual a causa?
- como é classificado?
O sistema proposto por Love e Irani (2003) diferencia-se dos anteriores por apresentar
uma classificação pré-definida, além de ser voltada apenas para o registro de atividades de
retrabalho. Essa classificação facilita o agrupamento dos retrabalhos, de modo a evidenciar as
áreas mais problemáticas da empresa. Primeiramente verifica-se a etapa em que ocorre o
retrabalho, se tem origem na fase de projeto ou de execução. A seguir, o retrabalho é
classificado em alteração, erro, omissão ou danificação. Caso tenha sido classificado como
alteração, há uma classificação terciária que identifica a origem, como solicitação do cliente
ou do construtor.
Deste modo, pode-se identificar as causas dos problemas, o que facilita o processo de
tomada de decisão quanto a investimentos em melhoria da qualidade por parte da alta
administração da empresa. Além disso, os dados obtidos em um projeto podem ser
comparados com projetos futuros, o que permite a mensuração da melhoria da qualidade
78
através da redução da porcentagem do custo da obra relativa aos custos da qualidade. Por fim,
Hall e Tomkins (2001) afirmam que um dos benefícios mais importantes da aplicação dos
custos da qualidade é a possibilidade de mudança cultural ocorrida através da participação das
pessoas envolvidas. Os autores relatam um aumento de atenção quanto aos aspetos relativos à
qualidade e a importância de minimizar as falhas, tanto em nível de canteiro como ao longo
da cadeia produtiva.
Existe outra linha de trabalhos que realizam uma abordagem de processos para
mensurar os custos da qualidade. Um exemplo destes trabalhos é apresentado por Aoieong,
Tang e Ahmed (2002), que propõe a utilização de um modelo de custos de processos. Os
autores classificam os custos da qualidade em custos de conformidade, referentes aos custos
normais de construção, e custos de não-conformidades, referentes aos custos de perdas,
desperdícios e erros.
Burati et al. (1992) apud Love e Sohal (2003) estudam nove projetos para determinar
o custo associado à correção de desvios, obtendo um valor médio de 12,4% do valor de
contrato dos projetos avaliados. Durante a análise dos custos diretos decorrentes de atividades
de retrabalho em dois projetos distintos, Love e Li (2000) e Love e Sohal (2003) determinam
valores na faixa de 3% do valor de contrato das obras. Uma das causas apontadas é o
deficiente fluxo de informações, devido à fraca coordenação e integração entre os projetistas.
As constantes alterações de projeto, somadas às informações errôneas e incompletas,
representam a maior parte dos custos relativos aos retrabalhos ocorridos nessas obras.
A maioria das falhas da qualidade ocorre nas fases de projeto e construção (ABDUL-
RAHMAN, 1993). De acordo com Abdul-Rahman, Thompson e Whyte (1996), as não-
conformidades relacionadas ao projeto geralmente têm origem na falta de clareza das
informações, erros nos projetos, detalhes construtivos conflitantes, projetos desatualizados ou
cujas instruções de alterações são informadas quando o serviço já foi realizado. Na fase de
construção, ocorrem principalmente erros que necessitam de retrabalho. Para Laszlo (1997), o
custo de realizar revisões de projeto pode ser consideravelmente menor do que as implicações
decorrentes de erros de projeto.
Cnuddle (1991) apud Love e Sohal (2003) afirma que 46% do custo total das não-
conformidades são originadas na fase de projeto, enquanto 22% possuem origem durante a
construção. Já no estudo de Josephson e Hammarlund (1999), encontra-se 32% dos custos dos
defeitos relacionado ao projeto, 45% origina-se no canteiro de obras e aproximadamente 20%
deve-se a problemas com materiais e equipamentos.
Low e Wee (2001) afirmam que as causas dos erros ocorridos durante um
empreendimento são relacionadas a três subsistemas: gerenciamento, recursos humanos e
aspectos técnicos. Problemas de gerenciamento dizem respeito a deficiências de comunicação,
documentação incompleta e conseqüências imprevistas de alterações. Os erros causados pelos
recursos humanos devem-se a falta de treinamento, habilidade, motivação, cuidado ou
conhecimento. Já os erros relativos à aspectos técnicos devem-se a defeitos de material,
projetos muito difíceis de serem executados, ênfase exagerada nos custos iniciais, negligência
nas condições do canteiro de obras, práticas construtivas inadequadas e supervisão deficiente.
Com relação à evolução da qualidade no setor, observa-se que foi baseada fortemente
em sistemas de certificação. Deste modo, por diversas vezes houve um maior foco no
certificado do que na melhoria da qualidade. Esse fato colabora para a falta de interesse e
comprometimento de muitas pessoas, o que dificulta ainda mais o processo de implantação de
sistemas de gestão da qualidade.
Já em relação aos custos da qualidade, observa-se que já existe uma boa estrutura e
diversas pesquisas no setor da construção civil, principalmente na literatura internacional.
Entretanto, ainda há uma carência de estudos desse tipo no Brasil. O levantamento dos custos
da qualidade representa uma grande possibilidade de melhoria, por meio da identificação as
áreas críticas nas empresas.
A partir dessa revisão da literatura, conclui-se que ainda há muito a fazer em termos de
melhoria da qualidade nas empresas construtoras. Em geral, as empresas realizaram ações
amplas e similares, como a implantação de um sistema de gestão de qualidade segundo
diretrizes específicas, sejam elas a ISO 9000 ou o PBQP-H. Há a necessidade de ações mais
particularizadas para cada empresa, de modo a verificar e aperfeiçoar os pontos deficientes
individualmente.
84
3. MÉTODO DE PESQUISA
Optou-se por pesquisar apenas empresas do nível A porque estas já estão com o
processo de implantação completamente concluído. Deste modo, podem fornecer uma visão
mais ampla e fundamentada a respeito do sistema e do programa. Além disso, pode-se
comparar os resultados obtidos com outras pesquisas já realizadas e presentes na literatura,
baseadas na ISO 9000, devido a sua compatibilidade com o PBQP-H.
O tempo de duração das entrevistas foi geralmente entre 30 minutos e uma hora.
Optou-se pela realização de entrevistas para obter-se uma maior quantidade de informações,
de modo a proporcionar um melhor entendimento sobre o processo de implantação do sistema
de gestão da qualidade e da situação atual do sistema nas empresas. Além disso, a presença do
87
Os dados obtidos foram analisados com auxílio de uma planilha eletrônica. Foram
calculados, para cada item, a média e o desvio-padrão. Calculou-se também a média dos
benefícios por empresa, nas quatro categorias: operacionais, funcionários, clientes e
administrativos/financeiros. Realizou-se também uma análise de freqüência das respostas
quanto à pontuação na escala de um a cinco.
Assim, procedeu-se a análise quantitativa através dos dados obtidos, que podem ser
complementados e justificados por uma análise de cunho qualitativo, baseada nos comentários
realizados pelos entrevistados. Isso encerra a segunda etapa da pesquisa.
Realizou-se também a coleta dos custos das falhas externas, através das solicitações
para assistência técnica realizadas no mesmo período. Os custos referentes a atividades de
avaliação e prevenção também foram estimados, de modo a proporcionar uma análise
completa dos custos da qualidade da empresa no período de seis meses em que se realizou a
pesquisa.
89
Mão-de-obra
Empresa Faixa de atuação no mercado
terceirizada
A residencial médio-alto padrão parcialmente
B residencial médio-alto padrão totalmente
C residencial médio-alto padrão totalmente
D residencial médio padrão e comercial parcialmente
E residencial alto padrão parcialmente
F residencial médio-alto padrão e hotelaria totalmente
G residencial médio-alto padrão parcialmente
H residencial baixo padrão totalmente
I residencial médio-alto padrão parcialmente
J residencial e concorrência pública parcialmente
K residencial médio padrão parcialmente
L residencial médio-alto padrão parcialmente
M residencial médio-alto padrão totalmente
N residencial médio padrão totalmente
Figura 8 Características gerais das empresas
90
Duração do
Tempo desde a
processo de
Empresa certificação no Consultoria
implantação e
nível A (meses)
certificação (meses)
A 7 12 SENAI
B 18 24 SENAI
C 7 24 particular
D 21 18 SENAI
E 8 48 SENAI e particular
F 48 12 particular
G 12 36 SENAI
H 24 30 SENAI
I 21 27 SENAI e particular
J 12 18 SENAI e particular
K 12 20 SENAI e particular
L 24 36 SENAI
M 12 11 particular
N 12 24 SENAI
Figura 9 Tempo de certificação e utilização de consultoria
retrabalhos, como forma de reduzir custos. Esta empresa possui corpo técnico bem
capacitado. Todos os engenheiros e arquitetos da empresa possuem mestrado na área da
construção civil. Isso colabora com a melhoria do desempenho da empresa, mediante a
introdução e utilização mais eficaz de técnicas e ferramentas voltadas para o controle e
melhoria do processo produtivo. Salientam-se as técnicas relacionadas à programação e
planejamento de obras, gestão da qualidade, 5 S’s, saúde e segurança no trabalho e novas
tecnologias construtivas.
do andamento das tarefas, pode-se antecipar os possíveis problemas, de modo a evitar gastos
maiores depois.
Aumento da produtividade
O aumento da produtividade é o penúltimo benefício em termos de média, com o valor
de 3,50. Entretanto, 64% das empresas atribuem nota 4 para este item, conforme a Tabela 4, o
demonstra que há um certo aumento da produtividade devido à melhorias estruturais e
organizacionais proporcionadas pelo programa.
Aumento da competitividade
As Empresas F e H são as únicas a atribuir nota 5 no item aumento de
competitividade, que possui média geral de 2,64. A Empresa F afirma que o programa agrega
muito à empresa e relata grande aumento de competitividade, até por ser a primeira
construtora da cidade a obter a certificação. Algumas empresas, como a Empresa A, por
exemplo, observam aumento de competitividade devido ao programa somente em termos de
publicidade e marketing. Já 36% das empresas não observam aumento de competitividade
devido ao programa, de acordo com a Tabela 6.
Para a Empresa A, o programa não se presta para a redução de custos, pois não é esse
seu foco. De acordo com a empresa, o programa visa a padronização dos processos. Já a
Empresa I afirma que inicialmente o sistema gera um aumento de custos, devido a
consultorias e auditorias. O engenheiro salienta que é necessário tempo para que o programa
gere uma redução de custos por meio da redução de desperdícios e retrabalhos.
A Empresa E investe muito em treinamento, uma vez que os imóveis são de alto
padrão e os clientes são muito exigentes, a empresa procura entregar os imóveis sem qualquer
falha construtiva. A Empresa I também fornece treinamentos periódicos e inclusive convida
fabricantes de materiais para conferir palestras e demonstrações para os funcionários, de
modo a mantê-los atualizados.
Empresa F realiza atividades sociais com o objetivo de promover a integração entre seus
funcionários. Um exemplo dessas ações é a reforma de creches. A empresa fornece o material
e os funcionários trabalham de graça. Tais ações não são divulgadas, pois a finalidade não é
realizar publicidade, mas sim auxiliar essas instituições e promover maior integração na
empresa.
Redução da rotatividade
A grande maioria (79%) das empresas afirma que houve pouca ou nenhuma redução
da rotatividade devido ao programa, conforme a Tabela 10. Em geral, a rotatividade depende
do número de obras em execução e do estágio de cada obra. Muitas vezes as empresas não
dispõem de outra obra para remanejar os funcionários, que acabam por ser demitidos. A
Empresa I possui funcionários próprios para a maioria dos serviços. Desde que iniciou a
implantação do PBQP-H, a rotatividade na empresa reduziu bastante. A principal razão para
isso é a melhoria da qualidade de vida no trabalho oferecida aos funcionários, tais como
benefícios, convênios, treinamento, educação, valorização e maior participação dos
trabalhadores.
104
Redução do absenteísmo
Com a menor média na categoria (1,71), a redução do absenteísmo foi considerada
pequena ou nula por 86% das empresas. Na Empresa F, por exemplo, observa-se certa
redução do absenteísmo a partir da implantação do sistema de gestão da qualidade. A empresa
aboliu o uso do cartão-ponto e procura conscientizar os funcionários sobre a importância do
seu comprometimento. Já na Empresa I, o absenteísmo reduziu devido à maior valorização e
melhoria da qualidade de vida no trabalho.
Burocracia excessiva
Com média 4,14, o excesso de burocracia está em segundo lugar na lista das maiores
dificuldades enfrentadas. Além disso, 50% das empresas afirmam que a burocracia excessiva
é a principal dificuldade do programa, conforme a Tabela 12. Ao contrário, do que acontece
com o item cultura organizacional, a burocracia excessiva apresenta uma distribuição mais
variável. Isso se deve por duas razões. A Empresa B, por exemplo, possui uma pessoa
especificamente designada para trabalhar com o programa. Já a Empresa J realmente possui
106
Para a Empresa A, o sistema gera muita burocracia para uma empresa de pequeno
porte. O engenheiro afirma que não tem necessidade de fazer listas para si mesmo. Já para a
Empresa L, o programa faz muitas exigências de documentação sem necessidade. Um
exemplo é a realização de calibração periódica de equipamentos. Segundo o engenheiro, não
há necessidade de precisão milimétrica na construção civil.
Falta de treinamento
O quarto item com maior média é a falta de treinamento. Entretanto, as opiniões são
muito variáveis, como pode-se observar na Tabela 12. Deste modo, algumas empresas
vivenciam dificuldades devido à falta de treinamento da mão-de-obra, enquanto que para
outras, o treinamento admissional oferecido no canteiro é o suficiente.
uma certa resistência por parte de alguns projetistas terceirizados quanto à adequação aos
padrões da empresa. Isso acarreta dificuldades de compatibilização de projetos, o que pode
levar a erros durante a execução da obra. Além da forma de apresentação, a empresa também
sofre com atrasos em relação ao prazo de entrega dos projetos terceirizados. Na Empresa M,
alguns projetistas terceirizados também estão em busca de sua certificação, mas ainda não
concluíram o processo. Deste modo, demoram a se adequar às exigências da empresa,
inclusive quanto à formatação dos projetos.
Comunicação deficiente
Em geral, os problemas de comunicação deficiente ocorrem entre escritório e obra e
entre departamentos da empresa. Na Empresa C, algumas pessoas detentoras de informação
não queriam compartilha-las com os demais. Os procedimentos escritos tiveram importante
função na difusão do conhecimento na empresa.
A Empresa B, por exemplo, afirma que falta colaboração de todos. A direção decidiu
pela implantação e contratou uma pessoa especificamente para se responsabilizar pelo
programa. Assim, tudo o que diz respeito ao programa é de responsabilidade da assessora da
qualidade, de modo que a direção e os engenheiros não se envolvem muito com o sistema.
Falta de recursos
A falta de recursos está empatada com a falta de liderança e com a falta de
comprometimento dos gerentes, com média 1,93. Apenas duas empresas atribuíram nota
máxima para esse item, por se tratarem de empresas relativamente pequenas. Em geral, as
empresas dispõem dos recursos necessários, principalmente para a realização das auditorias e
contratação de pessoal.
Falta de liderança
A Empresa C salienta a importância do papel do líder no desenvolvimento dos
funcionários para a implantação de um sistema de gestão da qualidade. Nesta empresa havia
um mestre-de-obras que simplesmente não acreditava no programa, de modo que não foi
possível sua permanência na empresa, devido à sua falta de colaboração, o que dificultou
muito o processo de implantação. Isso ocorre porque o mestre-de-obras exerce uma função de
influência fundamental perante os demais funcionários. O entrevistado salienta que é
necessário ter muita paciência e humildade da parte do líder para mostrar o erro e como evita-
lo sem ser arrogante. Antigamente a empresa demitia logo os funcionários com mau
desempenho. Agora, todos os erros são considerados como oportunidades de aprendizado e
melhoria, de modo a desenvolver as habilidades dos funcionários.
110
Na Empresa G, o atual responsável pela qualidade foi retirado de sua antiga função
para dedicar-se exclusivamente à qualidade. Outras pessoas sofreram acúmulo de funções e
houve mais contratações para cumprir todas as exigências do programa.
Consultoria
Os gastos com consultoria representam o segundo maior custo decorrente do
programa, conforme a Tabela 13. Das 14 empresas consultadas, sete utilizaram os serviços de
uma consultoria particular, além daquela prestada pelo SENAI. Algumas empresas ainda
mantêm a consultoria mesmo após a certificação, que atua principalmente antes das auditorias
de manutenção. Assim, procura-se evitar a perda do certificado e a observação de não-
conformidades por parte dos organismos certificadores.
Auditoria
As auditorias externas do sistema de gestão da qualidade, realizadas por organismos
certificadores, representam o terceiro maior custo, com média igual a 3,86. As auditorias
possuem um custo relativamente alto, além de ser um custo fixo, pois as certificações têm
validade de um ano. Entretanto, conforme a Empresa D, os custos das auditorias não são tão
elevados se comparados aos demais custos.
Empresa E: envolvimento dos funcionários, para que trabalhem com qualidade sem a
necessidade de cobrança pelo sistema, mas sim pela maior conscientização para a qualidade.
A burocracia excessiva também é citada, principalmente em relação às Fichas de Verificação
de Serviço que, segundo a empresa, exigem muito trabalho e não trazem muitos benefícios.
Empresa H: gestão e envolvimento das pessoas, até por deficiência de formação dos
engenheiros, que não aprendem nada sobre gestão de pessoas, liderança e motivação.
Empresa J: o maior problema é com relação às pessoas, fazer com que todos
colaborem, que tenham consciência da importância da qualidade.
113
Observa-se que os principais entraves mais citados pelas empresas estão relacionados
à gestão de pessoas e ao excesso de burocracia gerada pelo sistema. Algumas empresas
também citam a necessidade de maior qualificação dos fornecedores de materiais, de modo a
reduzir a necessidade de inspeção de materiais.
- Ainda não há uma cultura de melhoria contínua, pelo menos não como pregado por
Juran (1990), que afirma que é necessário promover uma revolução na qualidade, com
rupturas violentas nas maneiras tradicionais de gerenciamento, mediante o
estabelecimento de metas ousadas pela alta gerência;
Tais problemas justificam a utilização do modelo proposto a seguir, que pode auxiliar
as empresas na mudança de foco da certificação para a melhoria contínua, através da análise
dos custos da qualidade. Tal ferramenta permite uma avaliação global da qualidade na
empresa, bem como a identificação de todos os problemas da qualidade em termos financeiros
e de maneira comparativa, o que auxilia o processo de tomada de decisão. Deste modo, a
análise dos custos da qualidade permite um enfoque diferente para a avaliação da qualidade.
Além dos problemas acima citados, pode-se observar a existência de outros, que não
são foco desta dissertação, mas que também são relevantes, principalmente em relação aos
recursos humanos. O fato de haver grande resistência a mudanças, independente do nível
hierárquico, mostra que há uma carência por parte dos engenheiros em relação a questões
ligadas a gestão de pessoas, participação, liderança e motivação para o trabalho.
Grande parte destas deficiências tem origem na formação que engenheiros e arquitetos
recebem durante a graduação. Em geral, os cursos superiores na área tecnológica não
apresentam disciplinas nessas áreas de conhecimento, que são tão importantes para os
profissionais que atuam na execução dos empreendimentos.
Além disso, são relevantes as teorias sobre qualidade de vida no trabalho, segundo as
quais os trabalhadores podem apresentar melhores desempenhos quando expostos a melhores
condições de trabalho. Um dos marcos na área é apresentado por Walton (1973), que fornece
as bases para a qualidade de vida no trabalho. Existem pesquisas sobre a qualidade de vida no
trabalho voltadas ao setor da construção civil, que podem auxiliar os gerentes de obra, tais
como Lima (1995), Lima e Heineck (1995), Oliveira, Altíssimo e Denardin (1996), Oliveira,
Librelotto e Denardin (1996), Oliveira (1998), Sarmento e Calmon (1998) e Medeiros (2002).
O modelo aqui proposto define custo da qualidade como todo o custo incorrido para
oferecer ao cliente um produto com qualidade satisfatória. Isso engloba as atividades voltadas
para a prevenção e a avaliação da qualidade, bem como os custos incorridos para corrigir as
falhas que porventura possam ocorrer, tanto durante o processo produtivo como após o
produto ser entregue ao cliente. Deste modo, segue-se a classificação de custos da qualidade
já consolidada pela literatura, ou seja, falhas internas, falhas externas, avaliação e prevenção,
conforme o próximo item.
Também é importante que a pessoa que faça a coleta dos dados esteja comprometida e ciente
da importância de seu trabalho, de modo a não encobrir falhas.
Os custos de falhas externas também são provenientes de erros, mas são descobertos
após a entrega do produto ao cliente. São mais fáceis de se identificar, desde que sejam
mensurados no momento do reparo realizado. Como as solicitações para assistência técnica
são pontuais, é fácil manter um registro com a descrição do problema, sua causa, solução
necessária e custo correspondente. As empresas certificadas na ISO 9001 ou no PBQP-H
devem realizar tal registro, com exceção do custo, que não é exigido pelas normas.
Os custos de prevenção são custos incorridos para se fazer certo da primeira vez, de
modo a evitar a ocorrência de falhas. Como exemplo, cita-se as atividades de planejamento da
qualidade, elaboração e manutenção do sistema de gestão da qualidade, pesquisas com
clientes, calibração de equipamentos e treinamentos. A classificação dos custos da qualidade
utilizada no presente trabalho pode ser visualizada na Figura 10.
Ao analisar-se os custos das falhas internas por projeto, obtém-se uma listagem de
todas as falhas com seu respectivo custo monetário. Tal informação é muito útil para
comparação entre diferentes projetos quando disposta em termos de porcentagem do custo
total da obra. Deste modo, sabe-se que determinadas falhas representam uma certa
porcentagem do custo da obra, que devem ser reduzidas nos próximos empreendimentos. Já a
comparação entre as categorias é mais conveniente se realizada por períodos de tempo, de
modo a verificar o equilíbrio dos custos nas quatro categorias. Procura-se, evidentemente,
reduzir o custo das falhas, de modo que os custos de prevenção e avaliação alcancem a maior
parcelas dos custos da qualidade.
Uma vez determinados, os valores correspondentes aos custos da qualidade devem ser
utilizados para promover a melhoria da qualidade na empresa. Isto é possível através de dois
caminhos diferentes: mediante a implementação de ações corretivas e preventivas nos
processos e por meio da conscientização das pessoas a respeito do impacto financeiro da
qualidade, como ilustra a Figura 11.
120
Custos da qualidade
Aumento do comprometimento
Redução das não-conformidades com a qualidade
Melhoria contínua
A seguir, procura-se elaborar ações para que tais falhas não ocorram nas próximas
obras. Estas ações podem compreender, por exemplo, alterações de equipamentos, mudança
no fornecimento de material, uso de novas tecnologias, benchmarking, sugestões de
funcionários e treinamento. Muitas dessas ações exigem que a empresa realize investimentos
em qualidade, o que se caracteriza como um aumento dos custos de prevenção.
121
O montante total a ser investido pode ser baseado no próprio custo da falha que se
deseja eliminar. Pode-se analisar diversas opções de melhoria, de modo a realizar uma ação
corretiva ou preventiva adequada e economicamente viável. Isso possibilita uma análise mais
precisa e uma tomada de decisão mais confiável. Deste modo, espera-se que a falha em
questão não se repita nas próximas obras, o que reduz o número de não-conformidades e sua
porcentagem total em relação ao custo da obra.
A melhoria da qualidade também pode ser obtida através das pessoas, via aumento da
conscientização e comprometimento com a qualidade, uma vez que são elas as responsáveis
pela execução de todas as etapas construtivas e, em última análise, as responsáveis por
produzir um produto com qualidade. Para isso, os custos da qualidade devem ser amplamente
divulgados para todas as pessoas envolvidas, de maneira simples e de fácil assimilação. Pode-
se utilizar gráfico, tabelas, cartazes, reuniões e até mesmo conversas informais com os
funcionários. O importante é que todos tenham consciência da importância da qualidade.
a conscientização para a qualidade pode não ser suficiente para que haja uma mudança
comportamental dos funcionários. Assim, torna-se necessária a aplicação de outras técnicas
relacionadas à liderança, motivação, qualidade de vida no trabalho, sistemas de recompensas e
reconhecimento, enfim, uma série de mudanças gerenciais.
efetivamente gastos pela empresa, já que parcela referente ao tempo dos funcionários é arcada
pelo empreiteiro. Deste modo, os custos provenientes de falhas internas aqui apresentados
referem-se apenas ao gasto com materiais. A seguir, apresenta-se a avaliação dos custos das
falhas internas e externas, custos de avaliação e custos de prevenção, separadamente.
Os custos da falhas internas aqui descritos são provenientes da análise de uma obra
residencial. Trata-se de um edifício de quatro pavimentos com área de aproximadamente 871
m², localizado na cidade de São José/SC, pertencente a um conjunto habitacional, que possui
seis edifícios similares já construídos. O período total de execução é de seis meses, de
setembro de 2005 a fevereiro de 2006. Deste modo, o presente trabalho apresenta os custos da
qualidade referentes a tal período.
Cabe salientar que o presente estudo de caso quantifica apenas os custos relativos aos
materiais. Entretanto, existem outros fatores que impactam os custos da qualidade. Deste
modo, a empresa incorre em uma série de outros custos de difícil quantificação, que são
abordados mais detalhadamente no item 5.3.1.4.
124
Custo
Data Etapa Descrição Classificação Causas do problema Observações
(R$)
12/09/05 Ferragem P1, P5 e P18 receberam reforço: Alteração de projeto Reforço devido ao erro de 12,64 17 estribos a mais: 20,57m de
espaçamento passa de 15 cm para 7,5 cm ao (erro) locação dos blocos. aço 5mm.
longo de 2,4m.
14/09/05 Ferragem VB16 passou de 12x40 para 20x40 e reforço Alteração de projeto Reforço devido ao erro de 113,75 De 2Ø8 para 3Ø12,5 em cima
na armadura. (erro) locação dos blocos. e de 2Ø8 para 3Ø8 embaixo.
14/09/05 Ferragem VB13 passou de 12x40 para 15x40. Alteração de projeto Reforço devido ao erro de 18,95 Maior volume de concreto.
(erro) locação dos blocos.
14/09/05 Blocos e Bloco 19 fora do eixo da estaca em 4,5 cm. Erro de execução Como houve sobra de concreto, 11,23 O calculista foi chamado e
sapatas a ferragem do bloco 19 foi definiu-se alargar a viga VB16
montada rapidamente e não foi de 12x40 para 20x40.
conferida.
16/09/05 Ferragem VB26, VB35 e VB36 receberam reforço de 2 Alteração de projeto Reforço devido ao erro de 40,44 Comprimento total de aço a
barras de 8mm. (erro) locação dos blocos. mais = 30,74m.
19/09/05 Concretagem Perda de concreto. Erro do fornecedor Bomba do fornecedor estragou. 138,40 Perda de 0,8 m³ de concreto. O
baldrame Foi substituído por outra, com fornecedor atrasou 2h.
bocal maior, o que causou maior
desperdício de concreto.
20/09/05 Ferragem P17 e P22 receberam reforço na espera. Alteração de projeto Reforço devido ao erro de 125,05 Aumento da seção de concreto
(erro) locação dos blocos. e no número de esperas.
Custo
Data Etapa Descrição Classificação Causas do problema Observações
(R$)
11/10/05 Ferragem Seis pontos de apoio de vigas de transição Erro de execução Falha na supervisão/projeto mal 44,66 2,5m de 4Ø16 mm.
estavam invertidos. VT16 foi reforçada. detalhado.
11/10/05 Ferragem VT1 com ferro 10 cm mais curto. Erro de execução Não identificada 4,36 Foi emendado com transpasse
adequado.
09/11/05 Concretagem Faltou concreto nos 10cm do topo do P6 no Erro de execução Falha no lançamento e 1,04 Risco para a estrutura do
primeiro pavto tipo. Descoberto durante a adensamento. edifício.
desforma.
10/11/05 Concretagem Faltou concreto próximo do topo do pilar Erro de execução Falha no lançamento e 0,78 Risco para a estrutura do
P11 no segundo pavto tipo. Descoberto adensamento. edifício.
durante a desforma.
24/11/05 Alvenaria Não há espaço para a verga da porta do Erro de projeto Não identificada 4,05 18 tijolos foram quebrados.
dorm. de 8m². Os tijolos da verga do outro
dorm. foram removidos e a parede que passa
na frente do BWC foi aumentada em 7cm
para concretar os dois vigotes in loco.
01/12/05 Alvenaria Parede do BWC do fora do prumo e Erro de execução Não identificada 1,13 5 tijolos foram quebrados.
planicidade.
14/12/05 Telhado A platibanda foi aumentada em 12 cm para Erro de projeto Telhado ficaria com inclinção 37,80 Aumento de 336 meios tijolos.
fornecer a inclinação necessária de 10%. insuficiente.
15/12/05 Esquadrias Dois contramarcos de janela no térreo fora Erro de execução Não identificada 2,68 1,60x1,20 e 1,2x1,2 com 2cm
do prumo. de espessura e 9cm de largura.
Custo
Data Etapa Descrição Classificação Causas do problema Observações
(R$)
19/12/05 Alvenaria A mureta da cozinha de 11 aptos teve que ser Erro de execução 18,56 Perda de 15 meios tijolos por
cortada, pois estava muito alta. apartamento.
14/01/06 Esquadrias Seis batentes foram removidas e recolocadas, Erro de execução Inexperiência e falta de 135,15 0,3 m³ arg. chumbamento +
pois estavam fora do prumo e de informação por parte do 0,5 m³ arg. reboco.
alinhamento. funcionário.
17/01/06 Alvenaria As muretas de todas as cozinhas foram Alteração de projeto Melhorar o espaço para 59,95 14 tijolos por cozinha + reboco
cortadas em 50 cm. (cliente) circulação. de um lado.
20/01/06 Alvenaria Foi construída uma mureta entre o barrilete e Erro de execução A planta de cobertura não foi 13,05 58 tijolos quebrados.
o telhado, conforme os outros edifícios, mas localizada no momento da
neste o projeto é diferente. A mureta foi execução, então se optou por
removida. fazer igual aos outros edifícios.
24/01/06 Esquadrias As portas de entrada e do BWC do salão de Erro de execução Estavam fora do 5,72 0,04 m³ arg. chumbamento.
festas foram removidas e chumbadas prumo/alinhamento
novamente.
17/02/06 Impermeab. A impermeabilização do box de quatro Danificação A impermeabilização foi 151,88 13 litros de impermeabilizante
banheiros teve que ser refeita. danificada pelo azulejista. acrílico.
13/03/06 Pintura Foi necessária a terceira demão, além do Erro de projeto A tinta utilizada não apresenta o 600,00 Seis latas a R$100,00 cada.
previsto. desempenho esperado, houve
várias manchas nas paredes
externas.
22/03/06 Instalações Foi adicionado um adaptador para a máquina Alteração de projeto A saída da água da máquina de 131,10 15 adaptadores de R$8,74
hidráulicas de lavar. (erro) lavar ficou a 90o da parede. cada.
Total 1672,37
Figura 12 Matriz de custos das falhas internas (continuação)
127
Tabela 15 Valor e porcentagem dos custo das falhas internas por mês
Mês R$ %
set/05 460,47 27,5%
out/05 49,02 2,9%
nov/05 5,87 0,4%
dez/05 60,16 3,6%
jan/06 213,87 12,8%
fev/06 151,88 9,1%
mar/06 731,10 43,7%
Total 1672,37 100,0%
R$ 400,00
R$ 300,00
R$ 213,87
R$ 200,00 R$ 151,88
R$ 49,02 R$ 60,16
R$ 100,00
R$ 5,87
R$ 0,00
set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06
No primeiro mês de execução, todas as falhas têm uma origem em comum, ou seja,
erros de locação das fundações. Deste modo, estacas e blocos de fundação foram executados
fora da posição correta, o que exigiu alterações no projeto estrutural, sob a forma de reforço
de vigas e pilares. Além disso, houve maior desperdício de concreto durante a concretagem da
viga baldrame, por falha do fornecedor de concreto usinado. A bomba original estragou e foi
substituída por outra, com bocal maior, de modo que parte do concreto caía para fora das
vigas.
128
Já no último mês, houve apenas duas falhas, mas de custo considerável. Uma refere-se
a pintura, que não proporcionou o desempenho esperado com aplicação de duas demãos. A
parede apresentou diversas manchas, de modo que houve a necessidade de aplicar a terceira
demão, além do especificado. Isso se caracteriza como um erro de projeto durante a
especificação de material, em parte induzido pela informação do fornecedor de que duas
demãos seriam o suficiente. A outra falha tem origem em um erro de execução da tubulação
de saída de água da máquina de lavar, que ficou perpendicular à parede. A solução adotada foi
não utilizar esta tubulação, mas sim um adaptador existente no mercado para ligar a água da
máquina na tubulação da pia.
Observa-se que os sete primeiros itens são responsáveis por mais de 80% do total dos
custos das falhas internas. Deste modo, esses são os itens que merecem atenção prioritária por
parte da empresa, de modo a evitar nova ocorrência nas próximas obras. É interessante atentar
para o fato de que não há uma causa específica para todos eles, mas que se distribuem em
erros de projeto, erros de execução, alterações de projeto devido a erros de execução,
danificação e ainda erro do fornecedor. Deste modo, são necessárias ações específicas para
cada caso.
130
O item de maior custo refere-se à especificação inadequada da tinta, que gerou gastos
excessivos, conforme já comentado no item anterior. A segunda falha interna de maior custo
diz respeito à danificação da impermeabilização acrílica do box de três banheiros pelo
azulejista, ao executar seu serviço, sendo que um deles teve que ser refeito novamente. Este é
um exemplo onde se observa a falta de comprometimento e conscientização por parte dos
funcionários em relação à qualidade da obra como um todo. O azulejista só alterou sua forma
de trabalho quando recebeu ordem direta para utilizar um papelão no chão, para proteger a
impermeabilização. Do contrário, provavelmente continuaria a trabalhar sem se importar com
o dano à impermeabilização que estava causando.
A análise dos custos segundo uma classificação das causas permite uma visualização
das principais áreas a ser objeto de melhoria na empresa. Como se observa na Tabela 17, os
custos provenientes de erros de projeto apresentam a maior porcentagem, seguido das
alterações de projeto devido a erros de execução. Essas duas categorias juntas são
responsáveis por mais de 60% dos custos das falhas internas.
131
É importante salientar que foram três erros de projeto e que apenas um deles é
responsável pela maior parcela desse custo, ou seja, falha na especificação da tinta. Já quanto
às alterações de projeto devido a erros de execução, observa-se um número maior de
ocorrências. Além da instalação de adaptador para a máquina de lavar, cinco pilares e cinco
vigas baldrame receberam reforço de concreto ou aço, para compensar os erros cometidos
durante a execução das fundações. A Figura 14 demonstra graficamente as relações existentes
entre as os custos de acordo com sua classificação.
R$ 300,00 R$ 238,35
R$ 200,00 R$ 151,88 R$ 138,40
R$ 100,00 R$ 59,95
R$ 0,00
Erro de Alteração Erro de Danificação Erro do Alteração
projeto de projeto execução fornecedor de projeto
(erro) (cliente)
As falhas geram vários outros custos além daqueles referentes aos materiais gastos nas
atividades de retrabalho ou reparo. Existem custos decorrentes da mão-de-obra, de correções e
adaptações nos projetos, da estrutura necessária que a empresa é obrigada a manter para sanar
certas deficiências, dos atrasos causados pelas falhas, além das perdas financeiras devido ao
atraso na entrega dos imóveis. As falhas geram ainda outras repercussões gerenciais, muitas
vezes difíceis de quantificar.
Embora em alguns casos a construtora não tenha custos extras devido ao retrabalho, o
tempo perdido com os mesmos é inevitável. Diversas falhas, como incompatibilidade de
projetos, falta de detalhes e erros, não causaram consumo de materiais, mas apenas de mão-
de-obra, de modo a causar atrasos em relação ao cronograma original da obra. A Figura 15
apresenta exemplos das falhas em questão.
27/09/05 Instalações Posição da caixa sifonada foi deslocada em 16cm devido Erro de projeto
hidráulicas a conflito com viga VB4.
30/09/05 Instalações gás Tubulação de gás passa por local inadequado no projeto Erro de projeto
original. A posição do registro foi alterada.
13/10/05 Instalações Viga VT2 da laje de transição foi perfurada por 3 canos Erro de projeto
hidráulicas de 100 mm para espera na cozinha, que não estava
prevista no projeto.
24/10/05 Ferragem V102 fora da posição. V103 e V105 invertidas (2a laje Erro de execução
tipo).
25/10/05 Tubulação 15 pontos obstruídos. Erro de execução
eletroduto na laje
25/10/05 Instalações Viga V102 da laje do primeiro tipo foi perfurada por 3 Erro de projeto
hidráulicas canos de 100 mm para espera na cozinha, que não estava
prevista no projeto.
Atrasos no prazo previsto para a conclusão da obra também podem ter repercussões
financeiras, uma vez que a empresa é obrigada a manter uma estrutura em obra por um
período de tempo maior que o previsto. Também há a possibilidade de problemas de fluxo de
caixa, caso a empresa não possua uma boa reserva financeira. Mesmo assim, a empresa pode
deixar de ganhar dinheiro através de outros investimentos ou ter que atrasar o início de outra
obra. De qualquer forma, como a empresa demora mais a entregar os imóveis, também
demora mais a vende-los e, conseqüentemente, leva mais tempo para receber seu pagamento.
As falhas também podem causar problemas logísticos, uma vez que os atrasos
decorrentes alteram a programação inicial da obra. Assim, há a necessidade de manter-se
certos materiais em obra por um período maior que o previsto, até que se conclua
completamente todas as atividades ou retrabalho em questão. Entretanto, é possível que já se
tenha recebido materiais para a execução de outras etapas, o que pode causar dificuldades de
estocagem, principalmente no caso de canteiros de obras pequenos, com pouco espaço
reservado para estoque.
volume. Até mesmo a entrega de pequenas quantidades de material pode ser dificultada, caso
o fornecedor estipule quantidades mínimas para a realização de entregas em obra. A
realização de parcerias com os fornecedores de materiais pode auxiliar as empresas a reduzir
seus custos em casos como este.
O custo das falhas externas foi obtido diretamente com a empresa, que mantém um
registro das solicitações para assistência técnica. O valor apresentado a seguir é proveniente
das notas fiscais de compra de material para a realização dos serviços de reparo nos edifícios
já concluídos. É importante salientar que o custo dos materiais apresentado a seguir representa
apenas uma parcela do total dos custos das falhas externas.
Existem outros custos mais difíceis de serem quantificados, devido à estrutura que a
empresa deve manter para atender às solicitações para assistência técnica. Há uma pessoa
responsável pelo atendimento ao cliente, que registra as reclamações. Um técnico visita o
apartamento com problema para realizar uma vistoria técnica e julgar se o fato é de
responsabilidade da construtora. Caso a solicitação seja procedente, realiza-se o reparo.
135
No período em que a empresa foi analisada, houve nove solicitações para assistência
técnica procedentes, ou sejam nas quais a construtora teve que realizar reparo nos
apartamentos já entregues. Dentre estas solicitações, cinco são referentes a fissuras nas
paredes ou então a infiltrações, mofo e bolhas na pintura devido ao surgimento de fissuras.
Este tipo de problema é o mais oneroso que a construtora enfrenta, pois envolve o reparo
dessas fissuras, com remoção de parte do reboco, realização de novo reboco e nova pintura na
parte danificada, de modo a consumir grande quantidades de materiais.
Categoria R$ %
Prevenção 268,68 2%
Avaliação 9750,00 75%
Falhas externas 1256,50 10%
Falhas internas 1672,37 13%
Total 12947,55 100%
Especificamente para o caso das trincas, sabe-se que existem várias causas possíveis
para seu surgimento. O recalque diferencial de fundações é uma delas, que provoca
movimentações em toda a estrutura. Torna-se necessária a adequada elaboração do projeto de
fundações, baseado em informações provenientes de ensaios do solo, que permitam ao
projetista prever o funcionamento das fundações. Recomenda-se também o uso de juntas de
movimentação nos edifícios, de modo a absorver parte dos movimentos causados por
recalques.
As trincas podem ocorrer por diversas outras causas, tais como atuação de
sobrecargas, movimentações térmicas e higroscópicas, deformação excessiva das estruturas de
concreto armado, por retração de produtos à base de cimento ou ainda por alterações químicas
dos materiais, como a corrosão de armaduras, por exemplo. Todos esses casos podem ser
evitados se receberem atenção ainda na fase de projeto. Além disso, muitas falhas podem ser
evitadas com a devida atenção durante a fase de execução da obra.
138
6. CONCLUSÕES
Desde a última década, tem crescido o número de empresas que buscam por melhorias
da qualidade em todo o mundo. Em geral, essas empresas utilizam principalmente um sistema
de certificação para guiar a implantação de sistemas de gestão da qualidade. No setor da
construção civil brasileira não é diferente, uma vez que, além da ISO 9000, existe o PBQP-H,
que colabora para a melhoria da qualidade no setor.
Essas iniciativas possuem grande valor para as demais empresas, que iniciaram seus
processos posteriormente, da mesma forma que os trabalhos efetuados atualmente tem grande
importância para a evolução dos sistemas e dos métodos de implantação nas empresas, dentro
da filosofia da melhoria contínua. A seguir, apresentam-se as conclusões referentes aos
sistemas de gestão da qualidade e ao modelo de custos da qualidade proposto, bem como
algumas sugestões para trabalhos futuros.
Grande parte dessa resistência deve-se à total falta de hábito da documentação dos
processos. Uma vez que a realização de registros é uma exigência para a obtenção do
certificado, o sistema trouxe uma maior carga burocrática para as empresas. Observa-se uma
certa relutância quanto ao preenchimento de fichas e documentos, independente do nível
hierárquico. Entretanto, é no nível operacional que se constatam as maiores reclamações
quanto à burocracia.
140
Quanto aos benefícios percebidos por essas empresas, optou-se por dividi-los em
quatro áreas, ou seja, operacionais e financeiros/administrativos, além daqueles relacionados a
clientes e funcionários. Como principais benefícios operacionais aparecem a maior
organização interna e padronização dos processos. Esses são os dois maiores benefícios dentre
todos aqueles listados neste trabalho. A redução de desperdícios e retrabalhos também merece
destaque, como conseqüência da maior organização dos processos produtivos e do aumento
da conscientização para a qualidade.
Deste modo, o presente trabalho procura colaborar para uma melhor compreensão da
evolução da qualidade na construção civil, por meio da determinação dos principais motivos,
dificuldades e benefícios obtidos a partir da implantação e certificação de sistemas de gestão
da qualidade. O conhecimento de aspectos relacionados à implantação de sistemas de gestão
da qualidade pode auxiliar outras empresas que ainda não completaram ou não iniciaram o
processo de certificação.
Tais repercussões, provocadas pelas falhas, nem sempre são visíveis a partir dos
procedimentos implantados segundo os requisitos de norma. Elas vão muito além dos custos
diretos de materiais e mão-de-obra, uma vez que envolvem custos gerenciais, logísticos,
estruturais e até mesmo custos intangíveis, como a perda de vendas e prejuízo da reputação e
imagem da empresa perante a sociedade.
142
O modelo proposto contribui para o desenvolvimento do setor, uma vez que sua
utilização propicia para as empresas uma ferramenta de auxílio no processo de tomada de
decisões quanto a investimentos em qualidade. Mais do que isso, o modelo demonstra
exatamente quais os pontos onde se perde dinheiro devido à qualidade deficiente dos
processos. Deste modo, as empresas podem realizar ações específicas, de acordo com suas
deficiências particulares, de modo a direcionar seus esforços na direção realmente necessária.
Assim, o modelo contribui para a mudança de foco, geralmente centrado no certificado e na
auditoria, para a melhoria contínua.
Além disso, o modelo procura preencher a lacuna existente na área, uma vez que não
há, no Brasil, outros trabalhos dentro da abordagem adotada. Os poucos estudos sobre custos
da qualidade voltados especificamente para o setor da construção civil são de origem
internacional. Existem apenas algumas iniciativas nacionais de levantamento dos custos da
qualidade na construção civil que seguem uma abordagem de processos, mais adequada à
indústria seriada, que apresentam dificuldades para a realização de uma avaliação completa.
O modelo proposto pode ser utilizado por qualquer empresa construtora, mesmo por
aquelas que não possuem certificação. Evidentemente, a estrutura de controle criada pelo
sistema de gestão da qualidade facilita a coleta de dados das falhas. Por outro lado, tal
estrutura é demasiadamente pesada em algumas empresas, o que dificulta a obtenção correta e
fiel dos dados. Por isso, é necessário que os instrumentos de inspeção sejam projetados para
gerar o mínimo de sobrecarga burocrática no canteiro de obras.
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Empresa:____________________________________________________________
Entrevistado (cargo/nome): _____________________________________________
Faixa de atuação no mercado: ___________________________________________
Tempo desde a certificação no nível A: ____________________________________
Duração do processo de implantação/certificação:____________________________
Houve utilização de consultoria externa? ___________________________________
Benefícios operacionais
Aumento da produtividade
Maior organização interna
Redução de desperdício
Redução das não-conformidades
Redução de retrabalhos
Redução no prazo de entrega das obras
Padronização dos processos
Melhoria no gerenciamento da obra
Definição clara de responsabilidades
163
Benefícios financeiros/administrativos
Aumento da competitividade
Melhoria no gerenciamento da empresa
Redução de custos
Aumento da lucratividade
Maior facilidade de conseguir financiamento
CARTA DE APRESENTAÇÃO
Venho através desta solicitar de V.Sa. a permissão para efetuar uma pesquisa junto a sua
empresa, como parte da minha dissertação de mestrado, no Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Produção da UFSC.
O estudo é direcionado para empresas construtoras e incorporadoras de Florianópolis,
certificadas no Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H). O
objetivo do presente trabalho é realizar uma análise pós-certificação em tais empresas, de
modo a determinar as expectativas, custos, benefícios, dificuldades e práticas decorrentes da
certificação. Deste modo, procura-se determinar a percepção de benefícios advindos da
certificação frente aos custos incorridos.
O estudo consiste em uma entrevista baseada em um formulário, a ser respondida pelo
representante da direção ou gerente da qualidade, ou ainda outra pessoa designada pela
administração da empresa.
Saliento que a identidade do entrevistado e da empresa não será divulgada, de modo a manter
sua privacidade. Suas respostas serão consideradas confidenciais e tratadas conjuntamente
com as fornecidas pelas demais empresas pesquisadas. Os resultados obtidos serão fornecidos
às empresas participantes, ao final do estudo.
Coloco-me a disposição para esclarecer qualquer dúvida, pelo telefone (48) 8803-6654 e pelo
e-mail marcelodepexe@yahoo.com.br
Atenciosamente
________________________
Eng. Civil Marcelo D. Depexe
166
Benefícios operacionais
Empresa A B C D E F G H I J K L M N média desvio
Aumento da produtividade 3 3 4 3 1 4 4 4 4 4 4 4 4 3 3,50 0,85
Maior organização interna 5 4 4 4 5 5 4 5 5 5 5 5 5 5 4,71 0,47
Redução de desperdício 3 4 4 3 4 5 4 5 4 3 4 5 4 4 4,00 0,68
Redução das não-conformidades 4 3 4 3 4 3 3 4 5 3 4 3 4 4 3,64 0,63
Redução de retrabalhos 3 3 5 2 5 4 3 5 4 4 5 4 4 4 3,93 0,92
Redução no prazo de entrega das obras 2 2 3 1 1 3 1 1 1 1 1 1 1 1 1,43 0,76
Padronização dos processos 3 4 4 5 4 5 5 5 5 5 5 5 5 5 4,64 0,63
Melhoria no gerenciamento da obra 5 4 3 3 2 4 4 4 4 5 4 5 4 4 3,93 0,83
Definição clara de responsabilidades 2 4 2 3 4 3 3 5 5 4 5 3 5 3 3,64 1,08
Média 3,33 3,44 3,67 3,00 3,33 4,00 3,44 4,22 4,11 3,78 4,11 3,89 4,00 3,67
167
Benefícios financeiros/administrativos
Empresa A B C D E F G H I J K L M N média desvio
Aumento da competitividade 1 2 3 4 1 5 1 5 1 3 1 4 3 3 2,64 1,50
Melhoria no gerenciamento da empresa 3 3 3 4 1 3 4 5 1 4 5 5 3 2 3,29 1,33
Redução de custos 1 3 3 1 1 5 1 1 3 3 1 3 4 1 2,21 1,37
Aumento da lucratividade 1 3 3 2 1 1 1 1 2 3 1 1 1 1 1,57 0,85
Maior facilidade de conseguir financiamento 5 3 5 1 1 3 2 5 1 1 5 1 5 3 2,93 1,77
Média 2,20 2,80 3,40 2,40 1,00 3,40 1,80 3,40 1,60 2,80 2,60 2,80 3,20 2,00