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Urbanismo

Neoliberal
O que é e para que serve

“Um dia tudo estará bem – eis nossa Esperança.


Hoje, tudo está bem – eis nossa Ilusão”

Será?

(Voltaire, trecho do poema de 1756 Sobre o Desastre


de Lisboa), recomendo a leitura nestes tempos
difíceis...
Urbanismo
Neoliberal
O que é e para que serve

“Os rendimentos da terra e o lucro devoram os


salários, e as duas classes superiores da população
oprimem a classe inferior”

(Adam Smith, em 1776, A Riqueza das Nações.


(Edição da Nova Cultural, 1996, p.65).
O que vamos discutir
• É um título de jornal ou um conceito científico?
• O que muda na gestão urbana e na gestão de
conflitos urbanos? Piora ou melhora nossas cidades?
• O que um aluno de Estudos Urbanos e Regionais e
Arquitetura e Urbanismo precisa saber para não
“dizer bobagem”?
O que é Urbanismo ou Urbanização Neoliberal
quando os autores falam?
Em primeiro lugar: o que é o NEO – LIBERAL – ISMO? É
um novo formato do velho Liberalismo. É uma versão
atualizada dos antigos conceitos Liberais, criados a
partir de um debate filosófico, político e econômico
nos idos do século XVII – XIX (contra o Absolutismo) e
retomados com novas roupas no século XX e XXI.
Um Liberal clássico
tem as seguintes
características: Propriedade. “É sagrada.
Foi um presente de Deus, que
Liberdade Política. “O Governo é eu mantenho sob a proteção
um mal necessário. Deve estar sob das Leis contra qualquer
controle para evitar que cresça e esbulho de terceiros. Posso
prejudique nossa Propriedade. Sua fazer e desfazer como me
escolha deve ser feita por pessoas convier. É um Direito Natural,
dotadas de razão, meios e posses. Sua devido ao meu merecimento e
função é nos proteger. Ao não fazê-lo, trabalho. Posso dá-lo aos
podemos protestar (expressão) e retirá-lo meus filhos pois eles são
do poder (voto)” parte da minha Família
(núcleo básico da vida).”
Liberdade Econômica. “
Trocar, vender, comprar...não
deve haver impedimento para
que os negócios prosperem Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-SA

Ilustração presente no livro


entre indivíduos livres e iguais. Riqueza das Nações do sr.
(concorrência)” Adam Smith. (fonte: google imagens)
A Cidade Neoliberal. A Cidade
e o Império dos Mercados
Neil Brenner, Jamie Peck e Nik Theodore

A Regra do Mercado
Após os “30 gloriosos”, quando políticas keynesianas ditaram as regras monetárias no mundo
pós-Guerra, nos anos 1970 uma nova recessiva pôs os Liberais de volta (ao melhor, ao centro)
do debate sobre os rumos da Política Econômica. Nos anos 1980, a guinada à Direita
(Thatcher e Reagan) – gerou efeitos em cascata na Suécia, Canadá, Nova Zelândia, França,
que foram (aos poucos) abrandando o Estado de Bem Estar Social rumo a uma Nova
Concertação Liberal – o Neoliberalismo.
A Cidade Neoliberal. A Cidade
e o Império dos Mercados
Neil Brenner, Jamie Peck e Nik Theodore

Anos 1990
Banco Mundial, FMI, a consolidação da Comunidade Europeia, a queda do Muro de Berlim, o
Fórum de Davos, etc. há uma convergência de fatos e fenômenos que explicam uma nova
organização do pensamento econômico, político e social entorno da ideia de uma superação
da luta de classes.

Por outro lado, o movimento popular se reorganizam, não mais no chão de fábrica, mas agora
sobre o ambientalismo, luta pela igualdade de gênero, luta pela terra, pela água, etc.

A Cidade possui (como sempre possuiu) um papel especial nesse arranjo sócio-político.

Mas práticas de mercado associadas ao Político, podem gerir e conduzir cidades melhores?
A Cidade Neoliberal. A Cidade
e o Império dos Mercados
Neil Brenner, Jamie Peck e Nik Theodore

Anos 1990

Aqui, os autores, delimitam cinco premissas centrais para entender o


neoliberalismo:
1. O Problema da Regulação – quem controla os salários? Como organiza-se
a concorrência? Quem administra o Capital (finanças)? Qual Estado para
qual Mercado? E quem toma conta da Política Internacional?
2. O Capitalismo produz assimetria e geografias desiguais – o problema do
território e das múltiplas escalas que conduzem o processo de acumulação
sobre o Espaço.
A Cidade Neoliberal. A Cidade
e o Império dos Mercados
Neil Brenner, Jamie Peck e Nik Theodore

Anos 1990

Aqui, os autores, delimitam cinco premissas centrais para entender o


neoliberalismo:
3. O Desenvolvimento Geográfico Desigual – sem compreender a geografia e a
formação do Território (inclusive a cidade), não se entende adequadamente a
própria expressão do Capital como feixe de relações.

4. A Regulação do Desenvolvimento Geográfico Desigual – políticas regionais,


políticas urbanas, planejamento e gestão do território, etc.
A Cidade Neoliberal. A Cidade
e o Império dos Mercados
Neil Brenner, Jamie Peck e Nik Theodore

Anos 1990

Aqui, os autores, delimitam cinco premissas centrais para entender o


neoliberalismo:
5. Geografias em transformação e a regulação estatal – O Estado tenta
estabilizar as condições para expressão do Capital como que desprovido de
“desníveis”, ele nivela e aplaina o território (no sentido figurado e, por vezes,
fático). Qual arranjo estrutural pode se pôr no Espaço?
A Cidade Neoliberal. A Cidade
e o Império dos Mercados
Neil Brenner, Jamie Peck e Nik Theodore
A Dependência da Trajetória

A somatória de respostas às premissas acima foi um destacado papel dos


mercados financeiros como sinalizador de que “está tudo bem”. O arranjo
fordista, anterior, havia sido considerado (nos anos 1990) uma expressão da
riqueza mas não o meio de ampliar essa riqueza – isto é, não precisaríamos
mais de fábricas, (poderíamos desloca-las para China e México), pois os lucros
voltavam na forma de ações (investimentos na Bolsa).

Para atuar na gestão de cidades, o discurso da flexibilização, concorrência,


ajuste, privatização, estratégia, etc. foi fundamental para ligar pontos entre
Cidades Globais e aquelas que queriam se tornar globais.
A Cidade Neoliberal. A Cidade
e o Império dos Mercados
Neil Brenner, Jamie Peck e Nik Theodore

A Dependência da Trajetória

A Nova Gestão Pública – as cidades devem se desapegar de uma história


própria e valorizar sua inserção na competição mundial por atenção (turismo),
investimentos (capitais em busca de novas fronteiras de investimento), sem
conflitos (pacificação interna) e exposição positiva (marketing urbano).
A Cidade Neoliberal. A Cidade
e o Império dos Mercados
Neil Brenner, Jamie Peck e Nik Theodore

Destruição Criativa

“el neoliberalismo representa un proyecto complejo y polifacético


de transformación socio-espacial, es decir, no solo contiene una
visión utópica de una forma de vida completamente mercantilizada,
sino también un programa concreto de modificaciones
institucionales a través de las cuales se promueve el poder sin
trabas del capital.”
A Cidade Neoliberal. A Cidade
e o Império dos Mercados
Neil Brenner, Jamie Peck e Nik Theodore

Destruição Criativa

“el neoliberalismo representa un proyecto complejo y polifacético


de transformación socio-espacial, es decir, no solo contiene una
visión utópica de una forma de vida completamente mercantilizada,
sino también un programa concreto de modificaciones
institucionales a través de las cuales se promueve el poder sin
trabas del capital.”
Urbanismo Neoliberal

“En este contexto, las ciudades (y sus zonas suburbanas de influencia) se


han convertido en blancos geográficos cada vez más importantes, y también
en laboratorios institucionales para diversos experimentos de políticas
neoliberales, como el marketing territorial, la creación de nuevas zonas
empresariales, la reducción de impuestos locales, el impulso a las iniciativas
público-privadas o nuevas formas de promoción local. Recurren para ello a
sistemas de prestaciones sociales condicionadas, planes de desarrollo
urbano, nuevas estrategias de control social, acciones policiales y de
vigilancia y toda una batería de modificaciones institucionales del aparato
municipal”
“Há uma “outra cidade” potencial, indiciada pelo teor dos
conflitos urbanos, que não se deixa apreender facilmente por
discursos únicos ou por entidades que, atuando “por cima”,
visem a eficiente unificação política das práticas sociais. Esta
sistematicidade, emanada de energias sociais liberadas pelo
fracasso de tantos projetos, é de outra natureza. Resiste, sim,
aos projetos dominantes para as grandes cidades da região;
porém, os conteúdos desta resistência não se limitam à
contestação direta destes projetos. Incluem, de forma muito
mais larga, a experiência, a criatividade, as conquistas, as
vozes e os sonhos de muitos outros” (Ana Clara Torres Ribeiro,
p.29)

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