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Percurso histórico do ensino profissional no Brasil –

da Colônia ao início do século XXI


ERALDO LEME BATISTA*

Resumo – O texto reconstrói historicamente a implantação de instituições de


educação profissional no Brasil, desde o período colonial até meados do século XX,
não apenas se atendo a um narrar em uma linha cronológica destituída de criticidade,
mas, sob a égide do materialismo histórico-dialético, analisa marcos de referência
que justificam as políticas relativas a essa modalidade de ensino, bem como sua
interlocução com a realidade social na qual se inserem. Iniciando com a chegada dos
jesuítas, que – a par da alfabetização necessária à catequese – ofereciam ensino de
ofícios para a manutenção da vida cotidiana. Com a chegada da família real, em
1808, surgem as primeiras instituições oficiais. Passando pelo Império, República e
modernidade, o que se percebe é que, apenas muito recentemente, os cursos
oferecidos em escolas profissionais perderam seu olhar filantrópico e social, voltado
a crianças e jovens pobres e órfãos, os “desvalidos da fortuna”.
Palavras-chave: Educação profissional; instituições de educação profissional;
história da educação brasileira.
Historical route of professional education in Brazil – from colonial period until
early 21st century
Abstract - The text reconstructs the implantation of professional education
institutions in Brazil, from the colonial period to the early 21st.century, not only
attending to a narrative in a chronological line devoid of criticality, but, under the
aegis of historical-dialectical materialism, analyzes benchmarks that justify the
policies related to this type of teaching, as well as its interlocution with the social
reality in which they are inserted. Beginning with the arrival of the Jesuits, who -
along with the necessary literacy for catechesis - offered teaching of crafts for the
maintenance of daily life. With the arrival of the royal family in 1808, the first
official institutions appeared. Passing through the Empire, Republic and modernity,
what is perceived is that, only very recently, the courses offered in professional
schools have lost their philanthropic and social gaze, aimed at poor and orphaned
children and young people, the “underprivileged of fortune”.
Key words: Professional education; professional education institutions; history of
Brazilian education.

*
ERALDO LEME BATISTA é Doutor em Educação pela Unicamp, Pós Doutor em
Educação pela UEM, HISTEDBR/Unicamp.

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Questões ligadas ao ensino- ainda presente em nosso sistema
aprendizagem de ofícios sempre esteve educacional.
presente nos agrupamentos humanos Período colonial
desde as mais remotas eras; assim,
realizar um retrospecto da educação A colonização portuguesa foi uma
profissional, em qualquer instância, é realidade no Brasil pelo período de três
sempre empreitada prazerosa e séculos, centrado naquilo a que se
interessante. Neste texto, pretendemos convencionou chamar de “pacto
percorrer brevemente a história da colonial” ou “exclusivo metropolitano”,
educação profissional no Brasil, ou seja, um modelo mercantil em que a
analisando desde o período colonial até metrópole mantinha exclusividade de
os anos iniciais do século XXI, comércio com a colônia.
abordando as iniciativas mais Apesar da falta de uma atividade
significativas de cada período, bem manufatureira expressiva no Período
como relacionando-as ao momento Colonial, a expansão agrária e
político-histórico-econômico-cultural no mineradora deram origem aos primeiros
qual ocorreram e que são, em última núcleos urbanos onde ocorriam
instância e, ao mesmo tempo, a causa e a transações comerciais, atividades
consequência de sua implantação estatais, burocráticas e de serviços, o que
atrelada a determinado modelo. exigia uma transmissão de
Portanto, não pretendemos apenas expor conhecimentos básicos dos ofícios
tais iniciativas em uma linha cronológica necessários à manutenção da
destituída de criticidade, mas, sob a normalidade da vida cotidiana, tais como
égide do materialismo histórico- mineradores, sapateiros, carpinteiros,
dialético, analisar marcos de referência tecelões, ferreiros, folheiros e afins
que justificam as políticas relativas a (CUNHA, 2000). Entretanto, como na
essa modalidade de ensino, bem como Europa, a formação profissional foi aqui
sua interlocução com a realidade social também entendida como uma
na qual se inserem. modalidade reservada aos caboclos,
portugueses pobres, escravos e índios,
Se pensarmos na educação profissional que deveriam ocupar-se do “saber-fazer”
nos moldes como a conhecemos hoje, pensamento que encontra sustentação
perceberemos que apenas na década de em Aristóteles (apud CUNHA, 2005 a. p.
1930, após a grande crise capitalista de 9) para quem “desde o momento em que
1929 e o crescimento do parque nascem, os homens estão determinados
industrial brasileiro com a consequente uns para a sujeição, e outros para o
inserção do Brasil no capitalismo comando”. Esse pensamento
internacional, foram criadas políticas transparecerá claramente na visão de
públicas que incluíam a educação mundo liberal, sendo utilizado como a
profissional. Porém, este artigo procura arma da ideologia burguesa para tentar
analisar criticamente os antecedentes justificar e ratificar a “naturalização” das
desse período, expandindo nosso olhar individualidades e neutralizar as
desde as primeiras manifestações, diferenças e os conflitos sociais.
compreendendo as rupturas, as
permanências, as ações e contradições O Brasil-colônia, considerado por
presentes nesse modelo de ensino em Portugal como um espaço meramente
paralelo aos cursos propedêuticos, o que produtor de recursos naturais
se configura como a dualidade de ensino convenientes ao mercantilismo, se

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constituirá, à luz da dicotomia homem- accontecimentos mais notáveis desde a
que-pensa/homem-que-trabalha, numa fundação da capitania de S. Vicente até o
sociedade “demarcada por um apartheid anno de 1876, em setembro de 1556
entre aqueles que eram cidadãos e os que “conclue-se a casa e a igreja de São
eram escravos. O poder era Paulo de Piratininga, para o que muito
supostamente predestinado e o cultivo do concorreu com seu trabalho o venerável
conhecimento era privilégio das classes padre Affonso Braz, sendo mestre, assim
dominantes” (FRIGOTTO, 1999, p. 08). dos muros como da carpintaria, como
O primeiro projeto Educacional em afirma José de Anchieta em uma de suas
terras brasileiras foi aquele trazido pelos cartas”. Essa prática, antes de representar
jesuítas, já na primeira missão, em 1549, uma preocupação educacional, tinha
motivação econômica, já que a grande
adotando um modelo evidentemente
atrelado ao Projeto Português de extensão do território tornava inviável a
colonização, mas que contava com obtenção de bens de consumo básicos.
pequena autonomia. De acordo com As aulas serviam para suprir as
Teixeira Soares (1961, p.48), necessidades cotidianas dos próprios
diferentemente do que prega o senso colégios e dos latifúndios, quase sempre
comum, o objetivo dos jesuítas não era distantes uns dos outros.
apenas um projeto de catequização, mas O plano de estudos organizado pelo
muito mais amplo, de transformação padre Manuel da Nóbrega, chefe da
social, já que pretendia mudar primeira missão, era composto por duas
radicalmente a cultura indígena então fases, desenvolvidas ao longo dos dois
presente, transformando o índio em primeiros séculos de permanência na
“homem civilizado” segundo os padrões colônia: na primeira, o aprendizado do
europeus do século XVI. idioma, com alfabetização em português
Portanto, a primeira coisa a fazer era e ensinamentos da doutrina cristã em
ensinar ao índio o trabalho, afastando-o paralelo, voltado à população nativa. Na
do ócio improdutivo. Os índios, segunda as aulas passaram a ser
entretanto, segundo Shigunov Neto e ofertadas também, porém com um olhar
Maciel (2008) ao perceberem “as diferente, aos filhos dos colonos, dos
exigências do trabalho árduo, rotineiro e donos de engenhos e os filhos da
contínuo, destinado à acumulação e não burguesia comercial da Colônia. Esses
mais à sobrevivência, tornaram-se jovens, segundo Shigunov e Maciel
insubordinados, abandonando, dessa (2008 p. 182) após o término do curso
maneira, as missões e retornando às elementar no Brasil, partem para estudos
aldeias”. posteriores na Europa, recebendo “como
prêmio para os alunos que de
Em um primeiro momento os jesuítas, destacassem nos estudos da gramática
nas palavras de Fonseca (1986, p.65) “se latina, previa-se o envio em viagem de
improvisavam em mestres de ofícios e estudos aos grandes colégios de Coimbra
ensinavam serralheria, sapataria, ou da Espanha”.
técnicas de construção ‘sem mais
O “ensinar a trabalhar” no período,
conhecimento do ofício’”. Segundo
Marques (1879, p.214) em seu belíssimo portanto, era destinado às frações mais
pobres da população, a grande massa de
livro Apontamentos Históricos,
Geographicos, Biographicos, analfabetos advindos de uma sociedade
Estatísticos e Noticiosos da Província de excludente, racista e escravista enquanto
São Paulo seguidos da Chronologia dos a uma pequena minoria – os filhos das

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elites – eram ofertados cursos “pedagogia do medo” arraigou-se na
preparatórios para estudos posteriores na sociedade brasileira, tendo sido
Europa. transportada para o sistema educacional
e ali permanecido por longos anos.
A transmissão de conhecimentos de
ofícios era feita, normalmente, no lar Por outro lado, a formação das elites
(CASTANHO, 2006, p.6), nas próprias agrárias, enviados à Europa para estudar,
fazendas ou oficinas onde seria formou exércitos de “doutores”
desenvolvido o trabalho, de modo desempregados e despreparados para a
empírico, transmitido quase sempre por lida nas fazendas, saturando as
um mestre no fazer diário. Na visão repartições públicas, já que o Estado se
elitista do período, o aprendizado de sentia obrigado a alargar seu quadro
ofícios não exigia maiores preparativos, funcional para acomodar cidadãos sem
deixando às elites o conhecimento emprego, por ele mesmo instruídos.
presente nos livros. Diante do exposto, podemos afirmar que
Interessante notar que o cativo também a primeira concepção pedagógica
recebia um preparo a anteriori acerca da presente no Brasil, conforme
atividade profissional que viria a classificação de Saviani (2007, p.43) foi
desempenhar. Maestri Filho (2004, a “pedagogia brasílica”, parte da vertente
p.192 e 196) chama ao treinamento dos religiosa da Pedagogia Tradicional e que
escravos para atuação direta no trabalho oferecia, a par do ensino do português
servil de “pedagogia do medo” ou (para os indígenas), da doutrina cristã e
“pedagogia da escravidão”, que seria do canto orfeônico, o aprendizado
aquela em que a preparação para o profissional e agrícola (para aqueles que
desenvolvimento de determinadas deveriam dar continuidade às lidas
funções se dá pela insegurança, falta de diárias nas vilas e fazendas) ou gramática
opções, coação física e ameaças. Nas latina (para os que prosseguiriam os
fazendas, iniciava-se o período “de estudos superiores na Europa,
formação e instrução do negro-novo, principalmente na Universidade de
acerca do trabalho agrícola” no qual era Coimbra).
treinado, sempre com o chicote do feitor No final do período jesuítico foram
como instrumento pedagógico. Dentre os instituídas, como parte das Reformas
cativos “apresentáveis e submissos”, impostas pelo Marquês de Pombal, as
eram escolhidos aqueles que aprendiam “aulas régias”. Pombal, através de um
com mais facilidade e que alvará de 28 de junho de 1759, ao mesmo
compreendiam nosso idioma, para tempo em que expulsava os jesuítas de
ocupar as funções de “ama de leite, Portugal e de suas colônias, suprimia
boleeiro, copeira, cozinheiro, todo o modelo escolar implantado pela
engomador, lavadeira, mucama, pajem, Companhia de Jesus. Pelo mesmo
etc.” (MAESTRI FILHO, 2004, p.205). instrumento legal, criava as aulas régias
Numa sociedade em que o de Latim, Grego e Retórica. Como eram
desenvolvimento das forças produtivas disciplinas estanques e ministradas por
materiais era tão rudimentar, a ordem professores despreparados, a educação
somente poderia ser mantida pela coação no Brasil entrou num período de franca
física, sob o jugo de um feitor. Assim, o decadência. Pombal criou então, em
castigo constante era a metodologia tanto 1772, um tributo para manutenção do
para ensinar quanto para corrigir falhas ensino primário e médio, chamado de
na execução do trabalho. Essa “subsídio literário”, que seria um

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imposto único, substituindo todas as aprendizagem manufatureira desligada
taxas em vigor e que incidiria sobre o da produção dificultava o cumprimento
vinho, o vinagre, a carne e a cachaça. A de sua função formativa” (idem). Foi
taxa, porém, nunca foi regularmente desativado em 1812, tendo sua
recolhida, condenando as aulas régias à maquinaria vendida ou cedida a
ineficiência e descrédito, até sua particulares.
extinção em 1834 (SAVIANI, 2007,
A passagem de colônia a Reino Unido,
p.107 e ss).
muito mais que simples mudança
Em 1808, a chegada da corte portuguesa, política significou um outro olhar do
fugindo das invasões napoleônicas, Estado para novas possibilidades
carrega consigo a necessidade da educacionais, com a implantação de
manutenção do status quo da realeza, cursos superiores, antes proibidos pela
sendo necessária a formação de uma política metropolitana, medida que nos
força de trabalho própria para suprir o parece óbvia, já que a Corte exigia a
mercado recém-aberto. manutenção de seu padrão de vida, ou
seja, a elite cortesã precisava, para sua
Assim, já em 1809, o Príncipe Regente e
segurança, de especialistas preparados
futuro rei D. João VI criou o Colégio das
Fábricas, no porto do Rio de Janeiro, para conflitos bélicos e de profissionais
prestadores de serviços básicos como
“para formação de artífices e aprendizes”
vestuário, móveis, serviços de saúde e
e que parece ser “a primeira intervenção
outros. Assim, foram criadas no Rio de
governamental em direção à
Janeiro cadeiras de Anatomia e Cirurgia,
profissionalização de jovens”,
em 1808; a Academia da Marinha, no
(BRASIL-MEC, 2000 p.67-68) sendo
mesmo ano; a Academia Real Militar,
que os artífices receberiam uma parte do
em 1810; o curso de Agricultura, em
valor da venda de seus produtos,
1814, e o curso de Desenho Técnico, em
conforme o decreto de criação, de
1818. Quanto ao ensino secundário, era
23/03/1809.
ministrado em alguns poucos
Na verdade, o “Colégio das Fábricas” era estabelecimentos, como o Seminário São
um nome genérico, que compreendia dez Joaquim1(posteriormente Colégio Pedro
unidades escolares, em diferentes II), no Rio de Janeiro e o Seminário da
endereços, com oito oficinas oferecidas Glória, em São Paulo. O Estado se fazia
– nas áreas de tecelagem, serralharia e presente, tanto na criação e na
carpintaria - e duas aulas obrigatórias – manutenção financeira desses colégios
desenho e música. Porém, segundo quanto interferindo diretamente na
Cunha (2005a. p. 76) o Colégio não escolha de professores, no sistema de
obteve êxito, uma vez que os produtos avaliação e na atribuição de notas aos
ingleses e os interesses comerciais da alunos.
corte lusitana “não induziram ao
A independência do Brasil, proclamada
surgimento de estabelecimentos
em 1822 e classificada por Castanho
industriais, pelo menos na velocidade
(2003, p.25) como “episódio dinástico”,
esperada. Por outro lado, parece que a
manteve o trono nas mãos da família real
existência de um estabelecimento de

1
Criado em 1739 com o nome de Colégio de no Colégio Pedro II, não mais como educandário
Órfãos de São Pedro, teve o nome alterado em ou orfanato, mas como colégio regular, como
1776 para Seminário São Joaquim, para acolher permanece ainda hoje. O seminário da Glória foi
meninos pobres, dentre os quais se escolheriam instalado em 1825, passando a ser administrado
candidatos ao clero. Em 1937 foi transformado pelas Irmãs de São José de Chambery em 1889.

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portuguesa, significando apenas uma humildes, aos pobres, aos desvalidos,
mudança política, não acarretando continuava a imperar (FONSECA,1986
nenhuma transformação na estrutura p.135).
econômico-social brasileira, que Os constituintes de 1823 descrevem a
continuou centrada no trabalho escravo e situação da instrução pública como
na manutenção dos privilégios aos deplorável, evidenciando a realidade em
grandes proprietários rurais. paralelo às aspirações liberais então em
Período imperial curso. Nos Anais da Assembleia,
aparecem manifestações como a seguir:
Se na colônia o ensino profissionalizante
não tinha sequer o status de modelo A Assembleia tem mostrado mui
educativo, o mesmo continuou a ocorrer louvável zelo para que apareça
nos primeiros anos após a quanto antes um sistema de
independência. educação, único meio que pode
esperar-se o bem tão necessário da
Como no período colonial, a formação instrução pública. Todavia, este
profissional era reservada às classes meio tem consigo um grande
trabalhadoras, estando a educação inconveniente: o largo tempo que
distante tanto de um sistema de ensino leva a apresentação deste plano
voltado às camadas pobres da população, completo. E enquanto não aparece
quanto daquele voltado para as ciências, deve ficar a mocidade sem
educação? A minha província há
as técnicas e o trabalho, sem contar que
quatro anos não tem um só mestre de
as academias militares também latim; não é porque haja falta de
ofereciam cursos de formação mestres, mas porque não
profissional, utilizando a mão de obra corresponde o pagamento; é ele tão,
infantil para manutenção de seus mesquinho que ninguém se afoita a
arsenais. Ali a disciplina era rigorosa, ser mestre de gramática latina, nem
nos moldes da caserna, embora os cursos mesmo de primeiras letras.
profissionalizantes por elas mantidos (BARROS apud MOACYR 1939, p.
não tivessem caráter correcional. Em 13).
1834, o Arsenal da Guerra contava com Nesse mesmo período, a formação
mais de “duzentos jovens praticando os profissional quase se tornou uma
mais diversos ofícios” (CUNHA, 2005a, modalidade destinada exclusivamente
p.110). Esses estabelecimentos “[...] aos negros e índios, através de um
foram, assim, os primeiros a preceito legal. Pelo artigo 124 do Projeto
explicitarem, a utilização no Brasil [...] de Constituição para o Império do Brasil,
de menores órfãos, pobres ou desvalidos, retirado da lei promulgada em 1824, o
como matéria-prima humana para a império teria “igualmente cuidado de
formação sistemática da força de criar estabelecimentos para a catequese e
trabalho para seus arsenais [...].” civilização dos índios, emancipação
(CUNHA, 2005a, p. 112). lenta dos negros e sua educação
Portanto, no tocante ao ensino religiosa e industrial” (grifo nosso). Se
profissional, nenhum progresso havia aprovado, a representação social dos
sido feito com a mudança operada no trabalhos manuais, já comprometida,
regime político ou com as discussões ficaria ainda pior, pois a letra da lei
ocorridas na Constituinte. A mesma distinguiria os indivíduos que deveriam
mentalidade, o mesmo pensamento de atender aos cursos específicos para
destinar aquele ramo de ensino aos formação profissional: os escravos e os
indígenas. A inclusão da obrigatoriedade

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da educação profissionalizante ao lado ocupação de indivíduos pobres
da religiosa, no mesmo artigo, é plena de resguardariam a sociedade dos riscos de
significados. A religião prevê a fé, que violência e revoltas.
definimos como a crença nos dogmas
Interessante lembrar que a visão das
sem questionamentos. O ensino
escolas profissionalizantes como
industrial, a seu lado, denota que o
espaços de assistência social, filantropia
aprendizado para o exercício de
e caridade é bastante recorrente na
determinados ofícios, da mesma forma,
história da educação brasileira. Praticada
deveria ser visto como uma “profissão de
pela elite e/ou pela igreja, a caridade
fé”, imposta pelo destino, por Deus e,
mescla esferas de responsabilidade,
portanto, aceita sem resistência. assumindo e confundindo o que seria a
Ainda em 1823 o Constituinte Martin ação do Estado e da sociedade civil,
Francisco Ribeiro de Andrada, irmão de tentando minimizar a situação de
José Bonifácio de Andrada e Silva, pobreza de alguns na tentativa de
apresentou um plano de ação para a garantir sua paz de consciência e, ao
instrução pública da província de São mesmo tempo, esconder a desigualdade
Paulo, dividido em três momentos: social.
[...] 1º - ensinar, a cada um, aquelas Em 1840 ocorreu a implantação da
verdades, que são úteis e necessárias Escola de Artífices, igualmente
a toda e qualquer que seja a denominadas de Colégios de Educandos
profissão ou gosto, atendendo ao Artífices ou Casas de Educandos
grau de sua capacidade e ao tempo
Artífices, em Belém do Pará (Lei nº 79
de que pode dispor: 2º - conhecer as
disposições particulares de cada
de 21 de outubro de 1840) e “deve ter
moço, a fim de as poderem funcionado como paradigma das
aproveitar para o bem da demais” (CUNHA, 2005a, p. 113),
generalidade; 3º - dispor os moços visando o atendimento de crianças
para os conhecimentos precisos à desamparadas e “outros desvalidos da
profissão a que se destinam fortuna”. Tais escolas funcionavam em
(MOACYR, 1936, p. 122-123). regime de internato e desde o início
Alguns anos depois, o decreto Imperial foram destinadas ao ensino elementar e
de 1827, em seu artigo 1º, reconheceu profissionalizante para meninos. Sobre o
que a “escola de primeiras letras” deveria Colégio de Educandos Artífices de
ser acessível ao maior número possível Alagoas lembra Silva (2010 p.9) que “o
de crianças. A atribuição à escola de regime de internato, não era apenas a
responsabilidades inerentes ao Estado já preparação para o trabalho que
se faz sentir nessa primeira tentativa de importava, era preciso à vigilância sobre
organização do conjunto da educação as crianças, pois havia algo de
brasileira, uma vez que esse dispositivo “perigoso” nelas por isso o confinamento
legal inaugura a visão da diminuição do era indispensável”.
analfabetismo como medida preventiva A Casa de Educandos Artífices de São
ao emperramento do progresso do país, Paulo foi fundada em 1874 (CUNHA,
mote repetido à exaustão na legislação 2005a, p. 113) com o mesmo
educacional brasileira. Fundindo-se a pensamento nada inédito de “diminuir a
essa crença, foi sendo criada outra: a de criminalidade e a ociosidade, advindas
que a educação profissionalizante e a do desamparo dos menores”2. O

2
Sobre o tema, ver Rizzini, 2004

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pensamento então enraizado na Europa e trabalho braçal que provavelmente
nos Estados Unidos, vinculando a executariam por toda a vida adulta:
educação e o trabalho à manutenção da Um edifício, dirigido por um hábil,
ordem social, encontrou eco no território receberá os moços pobres, que lhe
brasileiro, cabendo às instituições forem oferecidos, ou escolhidos
voltadas à formação profissionalizante, dentre os recrutados pelos
ao retirar os jovens desocupados das respectivos juízes e órgãos. Ali
ruas, uma função dupla: ensinar-lhes um serão conservados e, mantidos
ofício e livrá-los da prisão. debaixo de ordem militar, receberão
instrução de primeiras letras, e
O discurso do Presidente da Província do princípios religiosos na primeira
Maranhão, João Antônio de Miranda, parte do dia, e se dirigirão ao
durante a inauguração da Casa de arsenal, obras públicas e
Educandos Artífices daquela província, particulares, a fim de serem
deixa claro o preconceito e o rigor com competentemente instruídos
que se deveriam tratar aprendizes que, naqueles ofícios para que tiverem
desde a infância, estavam fadados ao propensão (CUNHA, 1978 p.12).

Sede da Fazenda Santana de 1915, onde funcionou entre os anos de 1825 e 1868 o Seminário de Santana.
Em 1874 foi transformado em Instituto dos Educandos Artífices (São Paulo) – (STAMATTO, p.26)

Esperava-se das escolas – notadamente reconhecidamente pobres” (CUNHA,


as que ofereciam cursos de formação 1978, p.3-4). Nas próprias academias
profissionalizante – total participação na eram ensinadas as primeiras letras, em
tentativa de sanar, ou ao menos paralelo aos ofícios inerentes a cada
minimizar, o problema. Em 1857 um curso. Percebe-se claramente que as
regulamento autorizava a presença de escolas criadas para atender aos
aprendizes junto aos arsenais da “desfavorecidos da fortuna”, quer as
Marinha, refletindo mais uma vez o mantidas pelo Estado, quer pela
caráter assistencialista próprio do sociedade civil, assumem o importante
período. Para o ingresso, os jovens papel de confinar ou reeducar
aprendizes precisavam “[...] ser marginalizados, tirando-os do convívio
necessariamente órfãos, indigentes, social, equalizando as diferenças, fruto
expostos da Santa 59 Casa de da exploração e das desigualdades
Misericórdia ou filhos de pais sociais. Ao confiná-los, a pretexto de

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educá-los, retiram-nos das ruas e espaços para atender aos interesses do capital,
livres, não apenas para esconder os representado pelo nascente parque
efeitos da nova ordem social, como industrial, alavancado pelo café.
também para preservá-la. Também é interessante ressaltar que
Outro acontecimento relevante a nosso vinha funcionando no Rio de Janeiro,
tema de estudo foi a criação, ao longo de desde 1827, por iniciativa imperial, a
praticamente todo o século XIX, das Sociedade Auxiliadora da Indústria
Sociedades Propagadoras de Instrução Nacional - SAIN que, em 1867 criou a
Popular, cujo objetivo era ministrar Escola Industrial para ofertar cursos
cursos de artes e ofícios, oferecendo a diurnos de formação profissional para
filhos de camponeses e operários “um jovens e crianças pobres.
ensino prático, teórico e de iniciação ao Sobre as iniciativas de escolas religiosas,
ensino industrial” (BRASIL - MEC, em 1883, num período de grande
2000). Organizadas pela sociedade civil, agitação política e social, com
e mantidas por burocratas, fazendeiros e movimentos que desembocariam na
comerciantes, foram criadas unidades proclamação da República e na abolição
por todo o Brasil, sendo que as que mais dos escravos, chegava ao Brasil a
se destacaram foram a do Rio de Janeiro primeira missão salesiana, vinda do
(criada em 1858), da Bahia (1872) e o de Uruguai. O fundador da ordem, Dom
Paulo (1873) que foi a que mais Bosco, havia iniciado um trabalho de
rapidamente se desenvolveu tendo em profissionalização de meninos pobres
vista o interesse das elites agrário- em 1853, na Itália, cujo principal
industriais que a administravam. objetivo era retirá-los das ruas, dando-
Em 1874, apenas um ano depois de lhes instrução e preparando-os para o
fundada, a Sociedade Propagadora de trabalho, através da “educação
São Paulo passou a oferecer aulas preventiva”, nomenclatura criada por ele
noturnas dirigidas a todas as camadas da para designar o método pedagógico a ser
população, tentando “ministrar, por meio utilizado nas escolas. Em oposição à
de cursos noturnos gratuitos, os “educação repressiva”, inspirada nos
conhecimentos indispensáveis ao opressivos regimes correcionais e
cidadão e ao operário” (grifo nosso), carcerários italianos, Dom Bosco
apresentando “aos estabelecimentos da pregava a brandura, o diálogo e “uma
indústria, operários inteligentes, amorosa assistência nos recreios, nas
morigerados, amigos do trabalho e, aulas e nos trabalhos” (SALESIANOS,
como infalível corolário de tais 1987, p.31). Em 1904 os salesianos já
premissas, melhores produtores e de haviam inaugurado dezesseis escolas no
mais fácil direção, porque sobre eles Brasil, espalhadas por todos os estados
atuará o espírito do pundonor, que não se da federação.
encontra no homem-máquina” Portanto, em síntese, no período Imperial
(MORAES, 1990, p.45). Embora se podemos perceber a criação de cursos e
perceba, nesse discurso, o instituições de ensino profissionalizante
distanciamento entre o “cidadão” (o mantidas pelo Estado, pela sociedade
homem da elite) e o “operário” (o civil ou igreja, quase sempre com
trabalhador das classes proletárias), pela características próprias da caridade e da
primeira vez ambos são chamados ao filantropia, na maioria das vezes voltadas
mesmo debate, deixando de ser o ensino às camadas pobres da população,
profissionalizante vinculado à caridade determinando sua fixação numa vida de

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submissão e obediência. Havia, também, produção do café e do algodão (que
cursos propedêuticos voltados às elites, despontava como grande promessa
que dariam continuidade aos estudos, econômica) e com a intenção, porém
frequentando cursos superiores e a quem ainda distante, de desenvolver um parque
estavam destinados os títulos de industrial significativo. Nesse clima
“doutor”, discrepância característica de político-econômico, três anos após
nosso sistema dual de ensino, que assumir o cargo de Governador do Rio
prevaleceu oficialmente por muitos anos, de Janeiro, em 1903, Nilo Peçanha criou
já que a Corte, a partir de um decreto de quatro escolas profissionais, através do
1834, tomara para si a responsabilidade Decreto 787 (de 11/09/1906) sendo três
pelo ensino superior, em atendimento às para o ensino de ofícios e uma para
demandas das elites, enquanto cada aprendizagem rural, estabelecendo uma
província assumiria a instrução política de incentivo ao ensino industrial,
elementar voltada às classes dominadas. comercial e agrícola, desvinculado de
Não é preciso destacar, porque salta aos qualquer formação teórica, voltado
olhos, que o dualismo é marca do sistema apenas a um “adestramento” para o
educacional brasileiro até os dias atuais. trabalho nas manufaturas.
Iniciativas estatais pós-república. Político fortemente influenciado pelo
industrialismo pela maçonaria Peçanha
Parece consenso entre estudiosos da
acreditava que "o Brasil da bela época
história do Brasil que a proclamação da
sairá das academias, mas o Brasil do
República tinha como objetivo instaurar
futuro sairá das oficinas" (LAURINDO,
um projeto de nação, voltada à ordem e
1962, p.21). A justificativa para a criação
ao Progresso, para a criação de cidadãos
das escolas, entretanto, apresentava a
voltados aos preceitos positivistas da
antiga mentalidade assistencialista de
moral e do civismo, em que a educação
iniciativas anteriores, além de escancarar
teria parte ativa, primordial e necessário
a visão preconceituosa contra os “filhos
ao processo civilizatório. Porém, como
dos desfavorecidos da fortuna” ou seja,
afirmam Vieira e Farias (2007, p.70), o
os filhos das classes proletárias que
processo não passou de uma “comédia de
seriam, segundo o decreto de criação,
absurdos” já que o golpe coube a um
mais facilmente cooptados pelo crime,
militar, amigo do Imperador e
mais propensos à mendicância e ao ócio,
monarquista convicto. De toda forma, a
tornando-se necessário, segundo o que se
República trouxe consigo o discurso de
lê no Decreto 7.566 de 23/09/1909 “não
educar e higienizar a nação, com
só habilitar os filhos dos desfavorecidos
iniciativas na saúde pública e na
da fortuna com o indispensável preparo
urbanização, além de projeto de
técnico e intelectual, como fazê-los
utilização da escola como meio
adquirir hábitos de trabalho profícuo,
transmissor dessas ideias. Segundo
que os afastará da ociosidade, escola do
Vieira e Farias (2007), o Império tinha
vício e do crime”.
uma massa de analfabetos - 80% da
população, o que exigia medidas No governo do presidente Afonso Pena
urgentes, caso o projeto republicano (1906-1909), foi criado o Ministério dos
quisesse ser colocado em prática. Negócios da Agricultura, Indústria e
No alvorecer do século XX, porém, o Comércio, ao qual deveriam se
Brasil confirmava seu perfil de país subordinar as instituições voltadas à
preponderantemente agrícola, com uma formação para o trabalho criadas a partir
economia em crise, ancorada entre a de então. Entretanto, as escolas de

61
instrução pública continuariam ligadas educação profissionalizante desde
ao Ministério da Justiça, ou seja, a 1906). A do Rio de Janeiro, ao contrário
educação profissionalizante nascia com dos demais estados, não foi implantada
um status diferente, um trato separado na capital, mas em Campos de
das outras escolas, com objetivos Goytacazes, cidade natal de Nilo
completamente voltados aos setores Peçanha. A justificativa para a criação
agrícola, industrial e comercial, como o das escolas, entretanto, apresentava a
nome do ministério esclarece. antiga mentalidade assistencialista de
Percebemos que essa ideia, ainda iniciativas anteriores, além de escancarar
embrionária, começa a delinear uma a visão preconceituosa contra os “filhos
tendência que vai se desenvolver dos desfavorecidos da fortuna” ou seja,
plenamente em 1942, com a implantação os filhos das classes proletárias que
do SENAI e do SENAC. Após a morte seriam, segundo o decreto de criação,
de Afonso Pena, ainda em exercício, mais facilmente cooptados pelo crime,
Nilo Peçanha (que, tendo deixado o mais propensos à mendicância e ao ócio.
Governo do estado do Rio de Janeiro, Porém, nem todos os “desfavorecidos da
assumira como vice-presidente) tomou fortuna” poderiam ter acesso aos cursos
posse como presidente da República para profissionalizantes oferecidos pelas
o curto período de 1909 a 1910. Ainda Escolas de Aprendizes Artífices, uma
acreditando na educação como vez que aparecem critérios de exclusão
ferramenta para alavancar o progresso do explícita a indivíduos deficientes ou
país, apresentou à Câmara dos acima de determinada faixa etária. O
Deputados, em 20/12/1906 a proposição Artigo 6º do decreto de criação
195, que tratava da criação de escolas estabelece a inadmissão de postulantes
técnicas de nível intermediário, com sem a apresentação de “certidões” quer
dotação orçamentária própria. Pela expedidas por “autoridades
primeira vez, o Estado designava verbas competentes”, quer por “pessoas
exclusivas para a abertura e manutenção idôneas”, ou seja, os representantes da
de escolas profissionalizantes federais. burguesia, os “homens-bons”.
Nilo Peçanha mostrara-se também Comparando essas escolas com aquelas
favorável à criação de escolas de criadas pelos presidentes das províncias
formação profissional em nível primário, em meados do século XIX, encontramos
consciente de que esse era o único nível interessantes pontos para reflexão. Nas
acessível às classes populares. Político “Escolas de Educandos Artífices”, o
fortemente influenciado pelo nome sinaliza a ênfase da instituição:
industrialismo e pela maçonaria, embora artífices, os alunos eram,
Peçanha acreditava que "o Brasil da bela primeiramente, educandos. Já nas
época sairá das academias, mas o Brasil escolas criadas por Peçanha, os alunos
do futuro sairá das oficinas" eram aprendizes e 72 artífices, ou seja, o
(LAURINDO, 1962, p.21). Assim, quase foco volta-se totalmente para a
no final de sua gestão, através do Decreto aprendizagem profissional e perde-se
7.566 de 23/09/1909, criou a Rede (ou pelo menos se omite) a preocupação
Nacional de Escolas de Aprendizes com a formação educativa dos alunos.
Artífices, inaugurada em 1910, em todos Prevalecem aí os interesses da produção
os estados, com exceção do Acre (que e o sentido de uma educação destinada
havia sido recentemente incorporado ao ao trabalho manual. A ênfase é posta na
território) e o Rio Grande do Sul (que já preparação técnica ou profissional,
contava com o Instituto Parobé de diretamente orientada para as

62
necessidades da indústria (MÜLLER, atiram à embriaguez e ao crime
2009). Durante a Primeira República, (FONSECA, 1986 p.187).
com o aumento das populações das Levando em consideração o já citado
cidades em decorrência da implantação panorama político do período, podemos
de indústrias, tentou-se acirradamente inferir que os “infelizes”, as “pobres
evitar que os marginalizados pudessem vítimas” que não tinham “um caráter
se expressar ou mesmo se reunir, sendo bem formado” citados no discurso
que o Código Penal de 1890 presidencial, são os jovens simpatizantes
criminalizava as coligações operárias, as dos movimentos operários. Se nossa
greves e organizações de trabalhadores. premissa estiver correta, a escola
No setor educacional, criam-se, no ganharia ainda outro papel, maior,
período, escolas e centros voltados à eminentemente político, já que a ela
seleção de jovens operários (como o caberia, além de todas as outras funções,
SESP e o CFESP, por exemplo) que a de afastar jovens pobres de
podem ser compreendidas como uma movimentos populares desinteressantes
tentativa de esboçar uma resposta aos às elites.
avanços dos movimentos operários.
Roberto Simonsen, ao publicar o seu Apesar do discurso, Wenceslau Brás
Trabalho Moderno, em 1919, salientava pouco fez pela implantação de escolas
que o controle sobre a formação de em sua gestão, uma vez que as
operários seria um recurso eficiente na dificuldades econômicas impostas pela
repressão de movimentos operários. diminuição na exportação do café, as
Assim, segundo Antonacci (1993, p.10) consequências da Primeira Guerra
na década de 1920, tornou-se objetivo Mundial e o receio do que, de fato, os
dos empresários a busca de três questões movimentos populares poderiam
básicas: organizar o trabalho, promover significar, tornaram-se prioridade do
a saúde e propiciar a educação. O governo, deixando para um segundo
domínio patronal, assim, materializa-se plano a implantação das escolas
na divisão do trabalho, na hierarquização planejadas. Em 1918, no final de sua
das funções, na formação ou gestão, o Congresso aprovou, pelo
requalificação do trabalhador. Alinhado Decreto 13.064 de 12 de junho, o novo
com o pensamento de seu tempo, o regulamento das Escolas de Aprendizes
presidente Wenceslau Brás (1914-1918) Artífices, sendo a principal alteração a
foi o político que mais claramente forma de nomeação de diretores e
assumiu serem as instituições de professores, feita, a partir dali, por meio
formação profissional portadoras de uma de concurso público. Essa medida inédita
missão filantrópica e correcional. Em demonstrava uma preocupação com a
discurso proferido no Senado, defendia a sistematização administrativa e
implantação de escolas por todo o país, burocrática das escolas
uma vez que profissionalizantes. Em 27 de dezembro
de 1919, foi promulgada uma lei estadual
A criminalidade aumenta; a 1.711 em São Paulo, estabelecendo que
vagabundagem campeia; o
escolas profissionalizantes ou novos
alcoolismo ceifa, cada vez mais,
maior número de infelizes, porque,
cursos nas escolas já existentes apenas
em regra, não tendo as pobres poderiam ser abertos com autorização
vítimas um caráter bem formado e governamental. A lei destacava a
nem preparo para superar as necessidade de se oferecerem cursos
dificuldades da existência, tornam- voltados às atividades agrícolas no
se vencidos em plena mocidade e se

63
interior do estado, na tentativa de evitar apresentadas. Desta forma, Lüderitz
o êxodo rural, uma vez que empregos conseguiu disseminar por todo o país sua
compatíveis aos egressos de cursos concepção de educação profissional,
industriais somente seriam conseguidos diferente daquela aplicada nas Escolas
na capital. Portanto, seria mais seguro de Aprendizes Artífices que, para ele,
manter os imigrantes e os camponeses eram ineficientes por terem abrangência
afastados dos centros urbanos, onde regional e, por isso, esbarravam em
poderiam mais facilmente se agrupar e vários limites na formação do
oferecer resistência às condições de operariado. Segundo Brandão (2003),
trabalho, ou à falta dele. em suas críticas sobre essas escolas,
No governo de Epitácio Pessoa, eleito Lüderitz chamava a atenção
para o período 1919-1922, as escolas para o fato de que as indicações dos
profissionalizantes ficaram marcadas ofícios a serem ensinados nas
pela diversidade, quer nas instalações diversas escolas [de Aprendizes
físicas, quer nas diferenças estruturais, Artífices] não obedeceram a
nenhum critério industrial, nem
de conteúdos, objetivos e duração dos
tampouco visavam adaptabilidade
cursos. Tudo era precário: faltava às indústrias locais, tornando-se
planejamento pedagógico, não havia escolas primárias, em que se fazia
pessoal técnico para ministrar aulas nas alguma aprendizagem de trabalhos
oficinas e, principalmente, não se manuais e onde, havendo alunos
encontravam meios para evitar a grande dedicados e caprichosos, tinha-se
evasão dos alunos. Na tentativa de podido conseguir, à force de faire e
minimizar esses problemas, o ministro muito boa vontade, adestrar alguns
Ildefonso Simões Lopes nomeou, em operários (BRANDÃO, 2003, p. 9)
1920, uma Comissão Técnica, composta Porém não podemos nos esquecer de
principalmente por administradores e que, embora restritas à aprendizagem de
mestres do Instituto Parobé3, do Rio trabalhos manuais e segundo Lüderitz, o
Grande do Sul, por acreditar que este "adestramento” de alguns operários, as
fosse o único instituto de ensino Escolas de Aprendizes Artífices foram
profissionalizante que vinha uma iniciativa importante, por se
funcionando a contento. A chefia da constituírem numa rede pensada para
Comissão coube ao diretor do Instituto, esse determinado fim, com dotação
o engenheiro João Lüderitz. Nos meses financeira específica. Evidentemente,
finais daquele mesmo ano, foi essas escolas eram reflexo dos anos
apresentado um primeiro relatório, com vinte, marcados pela oposição entre a
propostas para se tentar estabelecer um resistência e a aceitação das ideias de
caráter orgânico às escolas esquerda que, no período, grassavam no
profissionalizantes do país, contratando, mundo todo.
se necessário, profissionais
especializados no exterior. A Comissão Não se pode negar que o Serviço de
Técnica foi então transformada no Remodelação do Ensino Profissional
Serviço de Remodelação do Ensino Técnico tenha trazido importantes
Profissional Técnico, basicamente contribuições ao ensino
composto pelos mesmos membros, para profissionalizante. Além de se constituir
colocar em prática as sugestões numa tentativa de implantação de cursos

3
Os cursos ali oferecidos eram de 10 anos, formação para o trabalho e 2 para
sendo 4 com conteúdos das escolas regulares; 4 especialização.

64
no âmbito do governo federal, promoveu necessidades da população escolar” (art.
a tradução de livros técnicos, 1º Decreto 5.241 de 22/08/1927). Já para
inexistentes no Brasil até aquela época, e os “estabelecimentos de instrução
propôs a uniformidade nos currículos e secundária” seriam obrigatórias
no tempo de duração dos cursos, que “disciplinas de artes e ofícios”
ficou estabelecido em seis anos: os três escolhidos pela escola (SOARES, 1995).
primeiros destinados à alfabetização e Essa iniciativa nos remete à Lei 5.692/71
trabalhos manuais e os três últimos a que, quase cinquenta anos depois, teve
uma especialização, que poderia ser nas caminho similar, tanto na tentativa
áreas de marcenaria, entalhe, funilaria, frustrada de profissionalização
carpintaria, serralheria, mecânica, compulsória quanto pelas críticas e
fundição, artes gráficas ou artes lentidão nos trâmites.
decorativas. Com o fortalecimento do capitalismo
Em 1922 o deputado mineiro Fidélis industrial, novas exigências foram sendo
Reis propôs a criação de uma lei que feitas ao sistema educacional. Se durante
tornasse obrigatória a profissionalização o período agrário as necessidades de
em todas as escolas do país, educação não eram sentidas por todas as
independente da classe social dos alunos classes sociais, a nova realidade
atendidos. Retorna à pauta um econômica veio modificar o quadro das
direcionamento mais abrangente, não aspirações populares com relação a ela.
voltado apenas à formação profissional Assim, cresceu a demanda social pela
dos “pobres, órfãos e desvalidos da educação, que se reflete numa pressão
sorte”, pois, segundo ele, “todos os cada vez mais forte sobre o Estado por
rapazes devem saber um ofício; qualquer novas oportunidades de acesso. Porém,
que seja a escolha, devem alcançar assim como a industrialização não se
qualquer habilitação técnica, de desenvolveu em todos os estados ao
carpinteiro ou de marceneiro, mesmo tempo, a criação de novas
encadernador, serralheiro, etc.” (apud escolas também foi mais rapidamente
SOARES, 1995). Pelo projeto, apenas efetivada no distrito federal e em São
poderiam continuar estudos em nível Paulo. Vargas, então, separou o sistema
superior ou ocupar cargos públicos os educativo do ocupacional com a criação
indivíduos que apresentassem de dois ministérios distintos em 1930: o
certificado de habilitação profissional. Ministério da Educação e Saúde Pública,
Embora recebesse apoio de muitos cujo primeiro ministro, Francisco
parlamentares, o projeto sofreu severas Campos, afinado com o presidente,
críticas, porque a exigência da promoveu uma política educacional
apresentação de diplomas autoritária e conservadora, inspirada no
profissionalizantes causaria “a fascismo italiano, e o Ministério do
valorização do título pelo título” (apud Trabalho, Indústria e Comércio. Para
CUNHA 2005b). O projeto ficou adequação da educação à nova realidade
tramitando no Congresso por cinco anos, advinda das mudanças do período, foi
sendo aprovado em 22/08/1927, porém extinto o Serviço de Remodelação do
alterado, sem a obrigatoriedade da Ensino Profissional Técnico e criada,
formação profissional, oferecendo aos pelo Decreto 19.560 de 05/01/1931, a
alunos das escolas primárias aulas de Inspetoria do Ensino Profissional
desenho, trabalhos manuais, rudimentos Técnico (que após três anos passou a
de artes e ofícios ou indústrias agrárias Superintendência), ligada ao Ministério
“conforme as conveniências e da Educação e Saúde. Atendendo aos

65
debates ocorridos na Câmara dos aos “filhos das classes menos
Deputados, a Superintendência tentou favorecidas”.
unificar a educação profissionalizante, Em 1937, Gustavo Capanema, que havia
estabelecendo que os cursos ministrados assumido a pasta de Ministro da
em escolas públicas ou particulares Educação e Saúde Pública em 1934,
poderiam obter reconhecimento oficial, através da Lei 378 de 13/01/37 realizou
desde que fossem adotados currículos e profundas mudanças naquela pasta,
organização didática das escolas começando pelo nome: Ministério da
federais. Em 1931, o governo provisório Educação e Saúde. Suprimia também a
sancionou seis Decretos efetivando uma Superintendência do Ensino
ampla reforma educacional no país, Profissional, seguindo à risca os
conhecida como Reforma Francisco
preceitos da Constituição daquele ano (a
Campos, cuja justificativa era que “o “Polaca”), que, em seu artigo 129
mundo vive hoje sob o sinal do reafirmava legalmente a dicotomia
econômico, como já viveu em outros social, fixando cada qual em seu lugar no
tempos sob o sinal do religioso e do
processo produtivo. Era preciso atender
político” o que tornaria necessária uma à demanda da industrialização
reformulação do ensino, de forma que os desencadeada na década de 30, devendo
indivíduos se preparassem técnica e os operários – novamente – sair das ditas
profissionalmente para uma sociedade classes “menos favorecidas”:
das profissões. Inspirada no
escolanovismo-pragmatista, a reforma à infância e à juventude, a que
educacional de 1931, no ensino faltarem os recursos necessários à
secundário, longe de refletir qualquer educação em instituições
particulares, é dever da Nação, dos
ideal democrático, consolida o espírito
Estados e dos Municípios assegurar,
de nossa organização dualista de pela fundação de instituições
privilegiados e desfavorecidos. A escola públicas de ensino em todos os seus
secundária seria uma escola particular, graus, a possibilidade de receber
destinada a ampliar a “classe dos uma educação adequada às suas
privilegiados”. Sobre o Ensino faculdades, aptidões e tendências
Comercial, este foi reorganizado, vocacionais (grifo nosso). O ensino
passando a ser constituído por três níveis pré-vocacional e profissional,
(pós-primário, técnico e superior), o que destinado às classes menos
o configura num sistema paralelo de favorecidas é, em matéria de
educação. Os cursos tinham duração de educação, o primeiro dever do
Estado. Cumpre-lhe dar execução a
um a três anos, por nível, em grau
este dever, fundando institutos de
crescente de dificuldade. Como destaca ensino profissional e subsidiando os
Cunha (2005c), pela primeira vez de iniciativa dos Estados, dos
utilizou-se o termo “técnico” numa Municípios e dos indivíduos ou
legislação educacional “designando um associações particulares e
nível intermediário na divisão do profissionais. É dever das indústrias
trabalho” (p.23). Pela primeira vez, e dos sindicatos econômicos criar,
também, o ensino profissionalizante era na esfera de sua especialidade,
normatizado para todo o território escolas de aprendizes, destinadas
nacional, com o objetivo declarado de aos filhos de seus operários ou de
formação de mão de obra especializada e seus associados (art. 129 –
Constituição de 10/11/1937).
não apenas ao atendimento assistencial

66
À primeira vista a lei parece as reformas iniciadas na gestão de
contraditória, pois ao mesmo tempo em Francisco Campos. Pelo Decreto-lei nº
que afirma que a educação 4.048 de 22/01/1942 foi criado o SENAI
profissionalizante “é o primeiro dever do – Serviço Nacional de Aprendizagem
Estado” estabelece que “é dever das dos Industriários (mais tarde renomeado
indústrias e dos sindicatos” a abertura como Serviço Nacional de
dessas escolas. Cremos que essa Aprendizagem Industrial) que, sendo um
contradição pode ser interpretada como órgão híbrido, despertou – ao mesmo
uma “divisão de responsabilidades”. As tempo – questionamentos e admiração,
indústrias e sindicatos deveriam abrir atravessou o século XX e se encontra em
escolas profissionalizantes, exclusivas atividade até a atualidade.
para seus aprendizes – filhos de Por esse mesmo conjunto de leis, as
funcionários – enquanto o Estado Escolas de Aprendizes Artífices foram
ocupar-se-ia com a educação transformadas em Escolas Industriais de
profissionalizante dos demais jovens das nível pós-primário, já que o interesse
classes proletárias, sem ligação com pelos cursos ali oferecidos era mínimo,
aquelas instituições. não se justificando investimentos para
Assim, em 1940, foi promulgado o continuidade de operação com número
Decreto lei nº 6.029 de 26 de julho, em tão reduzido de alunos. (CUNHA,
que o Ministério do Trabalho, Indústria e 2005b, p.92)
Comércio estabelecia que os cursos de Outra iniciativa de destaque para a
formação profissional deveriam ser educação profissional foi a LDB
instalados nas próprias empresas ou nas 5692/71, que instituía a
proximidades destas, podendo ser profissionalização compulsória,
comuns para operários de várias competência que bem pouco saiu do
indústrias. Segundo Schwartzman papel. Em curto e médio prazos, todas as
(1984), esse decreto recebeu severas escolas públicas e privadas do então
críticas de Gustavo Capanema, que chamado Ensino de Segundo Grau
entendia que, ao delegar às indústrias a deveriam tornar-se profissionalizantes.
responsabilidade pela educação de Elas teriam que escolher os cursos que
aprendizes, o Estado permitia a criação ofereceriam, dentre mais de 100
de um forte vínculo entre eles, já que habilitações, que incluíam formações
muitos dos aprendizes continuariam variadas como auxiliar de escritório ou
como funcionários efetivos após o de enfermagem e técnico em edificações,
período escolar. Capanema defendia contabilidade ou agropecuária. Caberia
veementemente que o Ministério da aos governos estaduais a implementação
Educação deveria ser o único das medidas para que a
responsável pela implantação de cursos profissionalização ocorresse. Porém, as
no país, sem a interferência da indústria. escolas não estavam preparadas, nem
Porém, a presença do empresariado já com recursos humanos e nem com
era constante e se fazia presente nos recursos materiais para que a intenção se
assuntos educacionais. É neste cenário
concretizasse, e logo chegou-se à
que, em 1942, Gustavo Capanema - conclusão de que os sistemas de ensino
Ministro da Educação e Saúde Pública -
não tinham condições de colocar a lei em
implementa uma série de significativas
prática. Em meio às críticas, a ditadura
mudanças educacionais através de
permitiu flexibilizações na Lei 5.692 ao
decretos-leis conhecidos como Reforma
longo dos anos. Por fim, em 1982, o
Capanema, flexibilizando e ampliando

67
Congresso recebeu do governo militar o entregues 635 laboratórios para
projeto que extinguiria a exigência de aulas práticas. As ações do Brasil
habilitação profissional. (Agência Profissionalizado são geridas pela
SENADO, 2020). Secretaria de Educação Profissional
e Tecnológica (Setec) do Ministério
A educação profissional na atualidade da Educação e pelo Fundo Nacional
de Desenvolvimento da Educação
Percorrido esse longo caminho, aqui
(FNDE).
exposto resumidamente, chegamos à
modernidade com seu avanço Na legislação, a primeira década do
tecnológico sem precedentes e um novo século XXI apresentou duas importantes
modelo social, assim chamado de leis em prol da educação profissional: a
“sociedade do conhecimento” na qual os Lei do Estágio, nº 11.788, de 25 de
indivíduos são fundamentais; no mundo setembro de 2008, que define com
globalizado, o conceito de emprego, de clareza as normas para realização de
trabalho, de empregabilidade vem sendo estágio enfatizando-o como ato
constantemente questionados. Nesse educativo supervisionado e a lei 11.741,
cenário, em 2008 foi promulgada a lei que “altera dispositivos da Lei nº 9.394,
11.892 que criou os Institutos Federais de 20 de dezembro de 1996 [...] para
de Educação, Ciência e Tecnologia, com redimensionar, institucionalizar e
um conceito inovador em termos de integrar as ações da educação
proposta político-pedagógica e de perfil profissional técnica de nível médio, da
de aluno a ser atendido. As 38 unidades educação de jovens e adultos e da
criadas por todo o país, ofertam cursos educação profissional e tecnológica”.
técnicos profissionalizantes integrados Portanto, gradativamente, a educação
ao ensino médio regular (50% das profissional foi se constituindo numa
vagas); licenciaturas (20%) e cursos modalidade de ensino que, embora
superiores de tecnologia ou bacharelados existindo desde o Brasil colonial, passou
tecnológicos (30%). Segundo Pacheco por diversas mudanças, dependendo dos
(2000) “Com os Institutos, o Brasil está caminhos políticos pelos quais transitou.
abandonando o hábito de copiar e Na atualidade surgem cursos nas escolas
ousando inovar”. profissionais que se afastam da formação
do chão da fábrica para formar a elite
Outra ação governamental foi a criação,
tecnológica do país, jovens inseridos em
pelo decreto 6302 de 12 de dezembro de
um mundo virtual e altamente
2007, do Programa Brasil
informatizado ao qual muitos adultos
Profissionalizado, uma iniciativa de
não têm acesso.
repasse financeiro na casa dos R$ 900
milhões para construção, ampliação ou
reforma de escolas públicas estaduais de Referências
ensino médio e profissional; aquisição de
BRANDÃO, Marisa. Da Arte do Ofício à
equipamentos, laboratórios e compra de Ciência da Indústria: a conformação do
livros; e formação de professores na área capitalismo industrial no Brasil vista através da
de ciências. De 2007 até janeiro de 2016, Educação Profissional. In Boletim Técnico do
o Programa atendeu instituições de SENAC (online) nº 25, 2003 (acessado em
educação profissional de 24 estados. 24/07/2006)
Segundo o site do MEC, BRASIL MEC Educação Profissional:
Referenciais curriculares nacionais da educação
Foram concluídas 342 obras, sendo profissional de nível técnico. Brasília, 2000.
86 novas escolas, 256 ampliações
e/ou reformas. Ainda foram

68
CASTANHO, Sérgio. Globalização, redefinição accontecimentos mais notáveis desde a
do Estado Nacional e seus impactos. in fundação da Capitania de S. Vicente até o
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Globalização, pós-modernidade e educação: Universal de Eduardo & Henrique Laemmert:
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profissional no estado de São Paulo (1911-
1961). 1º volume São Paulo: Editores Gráficos STAMATTO, M.I.S. Experiências Escolares
Irmãos Andrioli S/A, 1962. para a infância desvalida - Brasil Imperial
(1822-1889) M. I. S. STAMATTO Universidade
MAESTRI Fº Mário José. A pedagogia do
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