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SUMÁRIO
1. Introdução à endocrinologia clínica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.1 Glândulas endócrinas e principais distúrbios endócrinos . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.2 Glândula pineal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.3 Hipotálamo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.4 Hipófise ou glândula pituitária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
6. Prolactina (PRL) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
8. Tireoide . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
8.1 Avaliação da função tireoidiana e doenças da tireoide . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
8.2 Hipotireoidismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
8.3 Hipertireoidismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
9. Paratireoides . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
9.1 Papel do paratormônio e da calcitonina nos níveis de cálcio . . . . . . . . . . . . . 25
9.2 Hiperparatireoidismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
9.3 Hipoparatireoidismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
18. Ginecomastia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Glossário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
O hormônio é lançado pela glândula endócrina através da corrente sanguínea, onde circula em
baixas concentrações. Chegando ao órgão-alvo, acopla-se a receptores de alta especificidade e
afinidade que estão localizados na membrana plasmática, no citoplasma e no núcleo das células. Os
hormônios nunca são secretados em uma velocidade constante. Dessa maneira, regulam diversas
atividades fisiológicas, como a quantidade de água e carboidratos na corrente sanguínea e nas
células, a absorção de sais minerais como o cálcio, a produção dos hormônios sexuais e dos gametas,
regulando também o ciclo ovulatório (menstrual) no caso das mulheres, bem como a produção do
leite, as contrações uterinas e a dilatação do canal vaginal durante o parto. Além desses exemplos,
os hormônios atuam em outras inúmeras funções para o controle da homeostasia do corpo.
Célula Célula
Célula sem com
endócrina receptor receptor Célula
alvo
Sem resposta
Resposta
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O sistema endócrino é constituído por diferentes órgãos mas que não se comunicam diretamente.
Cada órgão desse sistema tem funções distintas que em conjunto vão atuar para a homeostase do
indivíduo. Esse controle é extremamente fino, pois em alguns casos a regulação ao órgão-alvo não
é direta. Primeiro o estímulo hormonal é emitido por uma glândula (agente primário) que ativa uma
segunda glândula (receptor intermediário/agente secundário), para então prosseguir até o órgão
ou tecido-alvo (receptor terminal).
Outras funções nas quais a melatonina pode estar envolvida são em eventos biológicos que
atuam de maneira cíclica no organismo, como o ciclo reprodutivo feminino. Contudo, tais mecanismos
de atividade da melatonina ainda são pouco conhecidos, mas alguns estudos apontam para uma
relação entre a atividade da pineal e o controle do início da puberdade, pois a melatonina inibe o
hipotálamo e impede a produção de GnRH (hormônio liberador de gonadotrofina) durante a infância.
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Trabalhos científicos demonstraram que a diminuição ou a ausência da atividade da glândula pineal
na produção de melatonina levou ao aumento do hormônio luteinizante e do hormônio folículo-
estimulante, LH e FSH respectivamente, ambos hormônios produzidos pela hipófise que estão
envolvidos em quadro de puberdade precoce.
1.3 Hipotálamo
O hipotálamo está localizado abaixo do tálamo e compreende as seguintes estruturas anatômicas:
corpos mamilares, túber cinéreo, infundíbulo, neuro-hipófise, tratos ópticos, quiasma óptico e lâmina
terminal. É o principal elo integrador entre o sistema nervoso e o endócrino. Além de ser responsável
pela regulação da liberação e inibição dos hormônios da hipófise, o hipotálamo também produz
ocitocina e ADH (hormônio antidiurético), que ficam posteriormente estocados no lobo posterior
da hipófise (neuro-hipófise) até que o organismo necessite que sejam secretados.
Núcleo
paraventricular
Núcleo
ventromedial
Núcleo
pré-óptico medial Núcleo
anterior
Núcleo
supraquiasmático
Núcleo supraóptico
Quiasma óptico
O hipotálamo
Glândula
pituitária
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Hormônio liberador Age interagindo com receptores localizados na membrana das células
de tirotrofina (TRH) tireotróficas e lactotróficas hipofisárias, o que estimula a síntese e
secreção do hormônio estimulante da tireoide (TSH), também chamado
tirotropina e da prolactina (PRL). A regulação da síntese e secreção de
TRH é influenciada por várias regiões do sistema nervoso central e pelos
hormônios tireoidianos circulantes.
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Figura 3 – Hipófise
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Figura 4 – ACTH
CRH (RGs)
(+) Hipotálamo
(RGs)
ACTH
(+) Hipófise
(MC2R)
Suprarrenal
Glicocorticóides
CRH – hormônio liberador de corticotropina, ACTH – hormônio corticotrópico,
RGs – receptores de glicocorticóides. Fonte: próprio do autor
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4. HORMÔNIO TIREOESTIMULANTE (TSH)
Estimula a glândula tireoide a secretar os hormônios tiroidianos (T3 e T4). O aumento da
concentração de T3 e T4 na circulação sanguínea inibe a secreção de TSH pela hipófise, da mesma
forma que a diminuição da concentração de T3 e T4 no sangue leva a um aumento do estímulo
da secreção de TSH. Contudo, o hormônio T3 é o mais potente inibidor conhecido da síntese e
secreção hipofisária de TSH (feedback negativo). A secreção de TSH é pulsátil e circadiana noturna,
estimulada pela norepinefrina e inibida por dopamina, serotonina e endorfinas.
Figura 5 – TSH
Hipotálamo
PVN
T3 e T4 TRH
Regulação
autócrina e
parácrina
Glândula
pituitária
Tireotrofinas
T3 e T4
Tireoide
TSH
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Figura 6 – LH e FSH
Estresse, CRH
Nutrição, NE GnRH
Exercícios, neurônio Neurônio Núcleo
Fatores sazonais kisspeptina
periventrícular
+ - ântero-ventral
NPY + +
- + +
- Hipotálamo
GABA + +
GALP
- - -
Glutamato Núcleo
arqueado -
Neurônio
β-endorfinas kisspeptina
para o SNC
para o SNC
-
Pituitária
- Estradiol
-
Inibição -
Testosterona
LH e FSH Inibição
Progesterona
+ +
Saiba mais
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6. PROLACTINA (PRL)
A secreção de PRL é controlada essencialmente pelo hipotálamo, que inibe a secreção desse
hormônio liberando o hormônio inibidor da prolactina (PIH), que é certamente a dopamina. A
somatostatina também contribui para que haja essa inibição. A secreção da PRL estimulada pela
norepinefrina e pelas endorfinas é realizada em pulsos. Esses pulsos têm amplitude estendida
durante o sono e o estresse, incluindo anestesia, cirurgia, hipoglicemia, medo e tensão emocional.
A PRL tem papel no desenvolvimento das mamas antes e após a puberdade, em conjunto com
estrogênios, progesterona, cortisol e hormônio do crescimento (GH). A amplitude de referência
para a prolactina sérica situa-se na faixa de 1 a 25 ng/mL (1 a 25 ml/L) para mulheres e 1 a 20 ng/
mL (1 a 20 mg/L) para homens
Hiperprolactinemia
Causas Exemplos
SAIBA MAIS
Algumas semanas após o nascimento do bebê, os níveis de secreção de PRL voltam ao normal (“não
grávido”) e são aumentados a cada vez que a mãe amamenta a criança. Nesse momento, por meio de
fenômenos neuroendócrinos, há um “jorro” de PRL que estimula a “descida” do leite.
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Baixa concentração de ácidos graxos livres Alta concentração de ácidos graxos livres
Arginina Obesidade
Agonistas alfa-adrenérgicos
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estimular a produção da melanina, pigmento que dá tonalidade para a cor da pele, dos olhos e
do cabelo. Além disso, tem papel estimulante da síntese de hormônios esteroidais nas glândulas
adrenais e gonadais. Estudos sugerem também que o MSH atue regulando o crescimento fetal e na
secreção da prolactina durante a gestação e amamentação, na regulação da temperatura corporal,
na proteção do miocárdio em caso de isquemia e na redução dos estoques de gordura corporal.
8. TIREOIDE
A glândula tireoide é um órgão em forma de H ou de uma borboleta, dividida em dois lobos
ligados a um istmo localizado em frente da traqueia, logo abaixo da cartilagem tireoide da laringe
(e à proeminência da cartilagem tireoide). Pesa entre 15-30 g e tem uma cor vermelha escura. A
tireoide é um órgão muito vascularizado, rica em capilares sanguíneos e linfáticos. A função da
glândula tireoide é concentrar o iodo circulante para liberá-lo aos tecidos periféricos na forma de
hormônios tireoidianos. Estes são liberados na circulação sistêmica em resposta ao TSH.
Os principais hormônios secretados pela glândula tireoide são: tiroxina ou 3,5,3’,5’ tetraiodotironina
(T4), 3,5,3’ triiodotironina (T3) e calcitonina. Os hormônios da tireoide circulam ligados às proteínas
plasmáticas. Aproximadamente 70% do T4 estão ligados à globulina ligante da tiroxina (TBG), 20% a
transtiretina e 10% a albumina, enquanto a maior parte de T3 está ligada à TBG. Embora a tireoide
secrete principalmente o T4, as ações biológicas dos hormônios tireoidianos ocorrem pela ligação
do T3 ao seu receptor nuclear. A tireoide é responsável pela produção de toda T4, e de cerca de
20% do T3, no organismo, a maioria do T3 produzido pelo organismo (cerca de 80%) são feitos
pela desiodação do T4 para T3 nos tecidos, sendo o fígado e o rim os principais órgãos que fazem
esta transformação. Outra parte do T4 é transformado em ácido tetraiodoacético ou conjugado e
é excretada na urina e nas fezes. Já o T3 ativo pode gerar o 3,3’,5’ triiodotironina, chamado de T3
reverso (rT3).
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A calcitonina regula a taxa de cálcio no sangue, inibindo sua remoção dos ossos, o que diminui
a taxa plasmática de cálcio.
8.2 Hipotireoidismo
O hipotireoidismo é o quadro de insuficiência na produção e excreção dos hormônios tireoidianos
relacionado a qualquer tipo de alteração estrutural ou funcional da glândula tireoide. Ele pode ser
dividido didaticamente em três grupos:
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T4L e TSH
T4L e TSH
diminuídos
normais
ou normais
Hipotireoidismo Hipotireoidismo
subclínico primário
O TSH é usado com um indicador de alterações discretas de T4 livre, pois sabemos que pequenas
alterações nas concentrações dos hormônios tireoidianos livres resultam em grandes alterações
nas concentrações séricas de TSH. Os métodos disponíveis para a pesquisa de TSH são à base de
imunoensaios, onde um anticorpo ligado reconhece o TSH. O que muda é como este anticorpo é
reconhecido de maneira a ser quantificado. Entre os usados nos laboratórios clínicos estão: o CLIA
(imunoensaio por quimioluminescência), o FPIA (imunoensaio por fluorescência polarizada), o EIA
(enzima imunoensaio), o Elisa (ensaio imunoabsorvente ligado à enzima) e o RIA (radioimunoensaio).
Neste último ensaio, o RIA está em desuso devido aos inconvenientes do uso de material radioativo
para marcar o anticorpo.
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de 0,1 a 0,2 mU/L) e de terceira geração (sensibilidade funcional de 0,01 a 0,02 mU/L), foi possível
a detecção do hipertireoidismo (CARVALHO; PEREZ; WARD, 2013), tornando a dosagem do TSH o
teste mais útil na avaliação da função tireoidiana.
Outro hormônio usado para diagnóstico de doença tireoidiana junto com o TSH é a dosagem de
T4 livre. Este método substitui perfeitamente a dosagem do T4 total, pois elimina o problema das
variações dos níveis da globulina transportadora (TBG). Como já descrito anteriormente, a dosagem
de T4L é feita a partir de kits comerciais de métodos por imunoensaios (EIA, CIA, FPIA ou RIA).
A tireoidite de Hashimoto é uma doença autoimune que provoca uma inflamação crônica devido
à formação de anticorpos contra a glândula tireoide. Essa inflamação crônica leva a um aumento
do volume da glândula (bócio) e diminuição da sua atividade (hipotireoidismo). É a causa mais
comum de hipotireoidismo permanente em áreas sem deficiência de ingestão de iodo (no Brasil, por
exemplo, é lei que o sal de cozinha venha iodado, para que toda a população tenha ingestão de iodo).
8.3 Hipertireoidismo
Hipertireoidismo é o quadro onde ocorre uma alta atividade da glândula tireoide, contudo, existe
outro quadro chamado tireotoxicose, que seria a síndrome causada pelo excesso dos hormônios
tireoidianos. Muitos pacientes que têm o quadro de hipertireoidismo geralmente têm tireotoxicose, mas
nem sempre os indivíduos que apresentam o quadro de tireotoxicose apresentam hipertireoidismo.
Como exemplo, em pacientes com inflamação na tireoide, chamada tireoidite, a glândula está
liberando hormônios tireoidianos na circulação em consequência da inflamação destrutiva e não
por ela está hiperativa. Já no caso da tireoidite de Hashimoto, na fase inicial da doença, pode
ocorrer ocasionalmente uma tireotoxicose moderada. Este quadro tende a durar por meses. Após
isso, cerca de 40% evoluem para hipotireoidismo, enquanto que alguns pacientes podem retornar
à condição de eutireoidismo (estado normal da tireoide).
Os principais sintomas apresentados por pacientes com hipertireoidismo são perda de peso com
grande apetite, intolerância ao calor, taquicardia, palpitações, nervosismo, tremores, hiperdefecação,
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aumento do volume da glândula tireoide (bócio), fraqueza muscular, labilidade emocional e exoftalmia
(saliência exagerada do globo ocular).
A doença de Graves é a causa mais comum de hipertireoidismo (75% dos casos) e é de origem
autoimune. Nessa doença, o organismo produz anticorpos contra os sítios receptores normais de
TSH (TRAb), que agem aumentando a síntese de AMP cíclico e, por consequência, a secreção de
T3 e T4. Além disso, apresentam níveis baixos ou indetectáveis de TSH. Pacientes com doença de
Graves e outras doenças autoimunes podem ocasionalmente apresentar anticorpos antitireoglobulina
em títulos baixos.
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No teste de captação de iodo radioativo, o paciente toma uma cápsula ou líquido contendo iodo
radioativo (I131) e, após 6 horas e 24 horas dessa ingestão oral, a quantidade de radioatividade na
glândula tireoide é medida por exames de imagem.
CURIOSIDADE
No teste do pezinho, exame realizado no bebê logo após o parto, são dosados o TSH e o T4 neonatal.
Essa dosagem é de extrema importância, pois, como os hormônios tireoidianos influenciam
fortemente o crescimento e o desenvolvimento, a falta deles pode levar o prejuízo no crescimento
da criança e a um retardo mental, que será tanto maior quanto mais tempo essa falta de hormônios
persistir.
• Dosagem de TBG: Usado para confirmação dos casos de deficiência congênita da TBG, que
tem uma incidência de 1 a cada 9.000 nascidos vivos.
• Dosagem de T3 reverso (rT3): Indicada em pacientes com doença grave sistêmica, em que o
T3 e T4 estão diminuídos e o rT3 está aumentado.
• Dosagem de anticorpo antirreceptor de TSH (TRAb): útil no diagnóstico e acompanhamento
da doença de Graves.
• Calcitonina: Muito útil para diagnóstico de tumores medulares da tireoide.
9. PARATIREOIDES
São quatro glândulas muito pequenas que se localizam na face posterior da tireoide. O hormônio
das paratireoides é o paratormônio (PTH). Seu papel fisiológico é regular o nível de íons cálcio e
fosfato no plasma sanguíneo. O PTH atua aumentando a excreção do fosfato pela urina. Além disso,
ele está envolvido na ativação da enzima 1-α-hidroxilase, envolvida na síntese de calcitriol (forma
ativa da vitamina D encontrada no corpo).
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O PTH regula a taxa de cálcio, estimulando a remoção do mineral da matriz óssea (o qual passa
para o plasma sanguíneo), a absorção de cálcio dos alimentos pelo intestino e sua reabsorção pelos
túbulos renais, aumentando a concentração no plasma.
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Figura 10 - Paratireoides
Glândula paratireoide
Hormônio
paratireoide
Osso libera
Ca++
Fluxo do
sangue
Rim conserva
Ca++
Intestino absorve
Ca++
Fluxo
de sangue
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9.1 Papel do paratormônio e da calcitonina nos níveis de cálcio
Figura 11 – Paratormônio e calcitonina
A tireoide produz
mais calcitonina
Tireoide Aumenta a Diminui a Diminui a
deposição absorção absorção
de cálcio de cálcio de cálcio
Aumenta o nível
de cálcio no sangue
Diminui o
nível de
cálcio no
sangue
As paratireoides
aumentam
Rim Intestino Osso a produção
do paratormônio
Diminui a Aumenta a O paratormônio
eliminação absorção estimula a
de cálcio de cálcio saída do
cálcio dos
Paratireoides
ossos
Papel do paratormônio e da calcitonina nos níveis de cálcio.
Fonte: http://www.afh.bio.br/endocrino/endocrino1.asp
9.2 Hiperparatireoidismo
O hiperparatireoidismo é a hiperfunção de uma ou várias das glândulas paratireoides, o que
acarreta o aumento de secreção do paratormônio (PTH). O hiperparatireoidismo pode ser primário,
quando essa hipersecreção é causada por um defeito na própria glândula paratireoide, ou secundário,
quando ocorre em decorrência de algum distúrbio metabólico (a insuficiência renal crônica é a mais
frequente causa de hiperparatireoidismo secundário).
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Contudo, a dosagem de PTH sérico continua requerendo cuidado especial nas condições de
coleta, pois o PTH é considerado um hormônio frágil cuja a meia-vida biológica é bastante curta.
Por esses motivos a amostra de sangue logo após a sua coleta deve ser refrigerada em seguida a
amostra deve ser centrifugada, o soro separado e congelado rapidamente. Na impossibilidade destas
etapas serem feitas de maneira mais ágil possível, podem acarretar em dosagens enganosamente
baixas, atrapalhando no diagnóstico do paciente.
9.3 Hipoparatireoidismo
O hipoparatireoidismo é a diminuição da liberação de PTH pelas paratireoides, o que leva a
hipocalcemia (diminuição do cálcio no sangue). Para Shoback (2008), as causas mais frequentes
do hipoparatireoidismo é o trauma cirúrgico em cirurgias de tireoide e paratireoide e de neoplasias
de cabeça e pescoço, podendo ser, nesses casos, transitório ou definitivo.
Níveis baixos de cálcio sérico, podem em alguns casos não produzir qualquer sintoma. Porém,
se a hipocalemia persistir com o tempo, ela pode afetar o cérebro, levando aos sintomas de
confusão, perda da memória, delírio, depressão e alucinações. Estas manifestações clínicas se
devem ao aumento da excitabilidade neuromuscular devida à diminuição do cálcio sérico. Em casos
de hipocalemia aguda podemos verificar a tetania – rigidez e espasmos musculares, contudo a
intensidade e quantidade dos sintomas variam conforme o grau e o tempo de hipocalcemia.
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Por fim, é necessário salientar que alguns pacientes apresentam um quadro clínico de alteração de
magnésio no sangue de hipermagnesemia ou hipomagnesemia que pode induzir hipoparatireoidismo
funcional. Esse quadro se caracteriza pela diminuição da secreção e pela resistência tecidual à ação
do PTH. Tal quadro é resolvido através da correção dos níveis de magnésio no sangue. Desta maneira
é interessante que se faça ensaio de cálcio e magnésio sérico em conjunto para desconsiderar o
tratamento com magnésio.
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Fonte: http://adolescenciaesaude.com/detalhe_artigo.asp?id=10
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com ACTH sustenta o diagnóstico de IA primária; uma resposta normal quer dizer que a adrenal é
capaz de liberar o cortisol normalmente.
Metástases B. Craniofaringioma
Adrenoleucodistrofia E. Infecção
Adrenomieloneuropatia 3. Sarcoidose
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mais mulheres do que homens. A proporção na doença de Cushing (tumor hipofisário produtor de
ACTH) está em 8:1. Para adenomas adrenais, é de 4:1, e, para carcinomas adrenais, a proporção fica
2:1. Já na síndrome de Cushing ACTH-dependente por secreção ectópica de ACTH, são os homens
que apresentam maior incidência do que as mulheres.
Síndrome de Síndrome de
PseudoCushing? Cushing afastada
Cushing confirmada
ACTH - ACTH -
independente Teste dependente
Tumor hipofisário Tumor hipofisário
CRH Tumor ectópico
> 6 mm + testes não-visualizado ou
Pico de ACTH Pico de ACTH identificado
sugestivos de DC duvidoso
<30 pg/mL > 30 pg/mL
Cateterismo dos
Avaliação radiológica (TC/RNM de
seios petrosos
adrenais)
inferiores
Avaliação hormonal (DHEAS,
testosterona, androstenediona, 11 - Secreção
deoxicortisol, 17 - ectópica
hidroxiprogesterona, estradiol) de ACTH
Tumor ectópico
Doença de Cushing não-identificado
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a) Hormônio insulina - secretado pelas células beta das ilhotas de Langerhans. Tem como
função aumentar a captação da glicose pelas células do corpo. Além disso, atua na
inibição da utilização dos ácidos graxos como fonte de energia, aumentando o depósito
de gordura no tecido adiposo. No fígado, é responsável por aumentar a glicogênese. Desta
maneira, a insulina provoca a diminuição da glicemia (taxa de glicose sanguínea).
b) Hormônio glucagon - secretado pelas células alfa das ilhotas de Langerhans, age ativando
a enzima fosforilase. Ele tem uma ação antagônica à insulina, pois no fígado realiza a
glicogenólise, liberando a glicose para corrente sanguínea. Desta maneira, ele eleva a
glicemia.
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estejam abaixo do normal, como no caso de jejum prolongado, o pâncreas libera o glucagon para
que os níveis de glicemia se elevem à taxa basal.
Aumento Açúcar
do açúcar alto no
do sangue sangue
Figado
Glucagon
Glicogênio
Glicose Pâncreas
Insulina
Estimula a
retirada da
glicose do
sangue
Açúcar
baixo no
Diminui
sangue
o açúcar
do sangue
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Uma vez secretada para corrente sanguínea, praticamente a totalidade da testosterona estará
ligada a proteínas carreadoras (98%), principalmente à SHBG (globulina ligadora de hormônios
sexuais) e à albumina. A proteína carreadora SHBG tem uma alta afinidade de ligação à testosterona.
Uma vez ligadas, formam a SHBG-bound T. Esta testosterona não fica disponível para dissociação
nos tecidos-alvo via receptor de andrógeno. Contudo, e de forma oposta, a albumina tem baixa
afinidade de ligação à testosterona, portanto a dissociação é rápida. Desde modo, são consideradas
disponíveis aos tecidos-alvos para ação androgênica tanto a testosterona ligada à albumina como a
testosterona livre. A soma das duas frações (ligada e livre) é denominada testosterona biodisponível
(TB).
Quase toda a testosterona que chega aos tecidos-alvo (por exemplo, à próstata) é convertida
em di-hidrotestosterona, que é mais potente.
Os ovários são as gônadas femininas. Estão localizados no interior da cavidade pélvica, e são
também controlados pelo eixo HPG. Além de serem responsáveis pela produção dos gametas
femininos, elas produzem vários hormônios, entre eles os estrogênios e a progesterona. Como no
caso dos testículos, os hormônios que regulam o eixo HPG são LH e FSH. O FSH é responsável por
induzir a formação dos folículos ovarianos, que produzem estrogênio. O aumento dos estrogênios
ocasiona o aumento da secreção do hormônio LH, este responsável pela ovulação e a formação
do corpo amarelo (lúteo), que produzirá progesterona.
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responsáveis pelo desenvolvimento do endométrio durante o ciclo ovulatório para receber o embrião,
também induzem o amadurecimento dos órgãos genitais e são responsáveis pela libido sexual.
A progesterona é produzida pelo corpo amarelo (corpo lúteo) estimulada pelo LH, que se origina do
folículo ovariano rompido durante a ovulação. A progesterona, além de estimular o desenvolvimento
das glândulas mamárias junto com o estrógeno, atua preparando a parede do endométrio uterino
para receber o embrião e também inibe uma nova ovulação.
HIPÓFISE
FSH HORMÔNIOS LH
GONADOTRÓFICOS
PROGESTERONA
ESTROGENIO Estrôgeno
Desenvolvimento
da parede uterina
(endométrio)
Menstruação
Niveis de
gonadotrofinas no
plasma FSH
LH
Niveis de
hormónios
ovarianos
Estrógenos
Progesterona
14º da 28º
(ovulação) (dia)
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O ciclo menstrual, também chamado de ciclo ovulatório, inicia-se no primeiro dia da menstruação.
Neste momento, com os níveis séricos do FSH aumentado, levam ao desenvolvimento dos folículos
ovarianos. Estes produzem estrógenos que induzem a liberação do hormônio LH pela adeno-hipófise.
Com os níveis aumentados, o estrógeno começa o desenvolvimento do endométrio para receber
o embrião. No 14º dia do ciclo, o hormônio LH atinge o seu nível máximo, permitindo que haja a
ovulação (liberação do ovócito II ou óvulo) no folículo. Uma vez rompido, o folículo se transforma
em corpo lúteo (amarelo), responsável pela produção da progesterona. Esta, em conjunto com o
estrógeno, atua no desenvolvimento do endométrio, aumentando sua espessura e vascularidade
para uma eventual gravidez. Os altos níveis séricos do estrógeno e da progesterona via feedback
negativo inibem a liberação de FSH e LH e, por consequência, ocorre o atrofiamento do corpo lúteo.
Com a queda dos níveis de FSH e LH, caem de forma acentuada os níveis de progesterona, de
modo que esta redução brusca na taxa faz com que a mucosa uterina sofra descamação e ocorra
a menstruação, finalizando este ciclo.
Caso ocorra gravidez, o embrião implantado na parede uterina produzirá o hormônio HCG
(gonadotrofina coriônica humana), responsável por manter o estímulo do corpo lúteo a manter a
produção de progesterona e estrógeno.
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Além desses fatores que descrevemos anteriormente, outros agentes que causam o hipogonadismo
secundário são a cirrose alcoólica, o hipotireoidismo, a síndrome de Cushing e os tumores secretores
de prolactina, pois este, uma vez que aumenta o nível de prolactina, diminui a produção de GnRH,
levando à disfunção erétil e infertilidade.
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GnRH avalia a reserva de gonadotrofinas. O aumento do FSH e do LH após o teste indica patologia
hipotalâmica.
TESTOSTERONA
DIMINUIDA
LH e FSH
Aumentado Dimunuído
Estes indivíduos que têm traços femininos possuem vagina em fundo cego e pelos escassos
ou ausentes nas axilas e no púbis. Por não terem ovários, não produzem estrógenos suficientes
e, portando, não há desenvolvimento adequado de características sexuais secundárias femininas.
Contudo, há crescimento do tecido mamário, que costuma ocorrer na adolescência devido à
conversão de androgênios em estrogênio.
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PAINEL DE AVALIAÇÃO
DA DISFUNÇÃO ERETIL
Glicemia, funções
hepática, renal
Prolactina Testosterona LH / FSH e da tireóide
18. GINECOMASTIA
Ginecomastia é o crescimento benigno de tecido glandular mamário em homens e está associada
a um aumento da relação entre estrogênio e androgênio. Há situações em que esse desbalanço é
considerado fisiológico (período neonatal, na puberdade e na senilidade).
Embora em 25% dos pacientes com ginecomastia a causa não possa ser identificada, a tabela
a seguir lista as principais causas:
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Ginecomastia do envelhecimento
Causas Hipogonadismo primário - com lesão de células de Leydig (causa 8% dos casos)
endócrinas
Hiperprolactinemia
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Figura 21 – Ginecomastia
Nível sérico de hCG, LH, T e E2
hCG LH e T ou LH e T LH e T ou E,
Para avaliação laboratorial para diagnóstico de puberdade precoce devem-se incluir os seguintes
testes hormonais: função tireoidiana (TSH, T4L), níveis de esteróides (estradiol, testosterona,
progesterona, sulfato de deidroepiandrosterona [S-DHEA], androstenediona e 17 hidroxiprogesterona),
FSH, LH e HCG. O teste de estímulo com GnRH é o “padrão-ouro” para diagnóstico da puberdade
precoce GnRH-dependente. As respostas puberais do LH e do FSH ao estímulo com o GnRH são
consideradas diagnósticas quando a resposta hormonal é inadequada para a idade cronológica.
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Nos casos de puberdade precoce verdadeira, os níveis dos hormônios LH, FSH e dos estrógenos
são compatíveis com maturidade sexual. Caso encontremos valores elevados de estrógenos e
baixos de FSH e LH, isso é sugestivo da presença de tumores secretores de estrógenos. Já o caso
de níveis elevados de HCG é indicativo de disgerminoma ovariano ou de teratoma.
Nas pacientes com hiperplasia adrenal por deficiência de 21-hidroxilase teremos níveis muito
elevados de progesterona, 17-hidroxicorticosteroides e andrógenos adrenais. Já quando se trata de
uma hiperplasia por deficiência de 11-hidroxilase, há aumento dos níveis do 11-desoxicortisol. Nas
suspeitas de andenoma ou carcinoma adrenal, veremos os níveis de S-DHEA e/ou a androstenediona
aumentados.
Distúrbios psicológicos
Exercícios
Síndrome de Sheeham
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Anormalidades cromossômicas
Testículo feminilizante
Síndrome de Asheeman
normal possibilidade de
prolactina prodacatina elevada tumor hipofisário
normal
teste com normal
administração de patologia de com-
progesterona negativo estrogênio portamento I
Positivo patologia do
LH, FSH comportamento I baixo
elevado
patologia Baixo
comportamento IV elevado LH, FSH
patologia do
baixo comportamento II ou IV
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A síndrome dos ovários policísticos (SOP) acomete as mulheres férteis em cerca de 5% a 10%
desta população fértil. Nas adolescentes, esta porcentagem fica em 10% e, entre a população
feminina geral, fica entre 1 a 7,5%. As possíveis manifestações clínicas para a SOP são:
Para que o diagnóstico da SOP seja feito corretamente, é preciso excluir hiperandrogenismo
adrenal, disfunções da tireoide, hiperprolactinemia, Cushing e tumores da adrenal ou ovário. Pelo
menos dois desses marcadores devem estar presentes:
1) distúrbio menstrual/anovulação
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se tratar de alguma doença ou quadro clínico. Porém, na prática, podem ocorrer condições onde
os resultados de testes laboratoriais não se enquadram nos valores de referência, e nem por isto o
paciente apresenta uma condição patológica.
Para testar os hormônios, podemos usar como amostras o sangue (medindo os níveis séricos
ou plasmáticos) ou a urina (medindo os níveis de excreção). Os hormônios, por suas características,
são especialmente suscetíveis a estas três variáveis:
• Fatores pré-analíticos
• Fatores metodológicos
• Fatores pós-analíticos
Estudos demonstram que a maioria dos erros laboratoriais ocorrem principalmente na fase pré-
analítica e interferem significativamente no resultado final da mesma. Estes fatores são condicionados
pelas condições do indivíduo, bem como o processo de coleta da amostra e a sua manipulação.
Acesse o material complementar para saber mais detalhes sobre os fatores pré-analíticos que
podem afetar na quantificação dos hormônios.
CONCLUSÃO
Nesta apostila estudamos os principais hormônios quantificados para avaliar a atividade endócrina
das diferentes glândulas que compõem este sistema. É importante salientar que foram focadas
de maneira sintética as principais características destes hormônios, métodos de quantificação e
fatores ou doenças que podem interferir aumentando ou diminuindo os níveis destes hormônios
em relação ao nível basal dos mesmos.
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GLOSSÁRIO
Ciclo circadiano: Também conhecido como ciclo circadiano, o ritmo circadiano representa o período
de um dia (24 horas) no qual se completam as atividades do ciclo biológico dos seres vivos. Uma
das funções deste sistema é o ajuste do relógio biológico, controlando o sono e o apetite. (https://
www.infoescola.com/fisiologia/ritmos-circadianos/).
Gametas: Célula madura de caráter reprodutivo, normalmente haplóide (único conjunto completo
de cromossomos); genoplasto. (https://www.dicio.com.br/gametas/).
Homeostasia: [Biologia] Designação que, criada pelo fisiologista Walter Cannon (1871-1945), assinala
o processo de regulação através do qual um organismo permanece em equilíbrio. [Fisiologia] Estado
de estabilidade (equilíbrio) do organismo em relação a funções e composições químicas que fazem
parte do corpo; homeostase. (https://www.dicio.com.br/homeostasia/).
Secretar: Expelir; fazer com que haja secreção; fazer com que as substâncias produzidas no interior
das células saiam para o exterior: as glândulas sudoríparas secretam suor. (https://www.dicio.com.
br/secretar/).
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BURTIS, C. A.; ASHWOOD, E. R.; BURNS, D. E. Fundamentos de química clínica. 6. ed. São Paulo:
Saunders, 2008.
CARVALHO, G. A.; PEREZ, C. L. S.; WARD, L. S. Utilização dos testes de função tireoidiana na prática
clínica. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia Metabólica, v. 57, n. 3, abr. 2013.
HALL, J. E.; GUYTON, A. C. Tratado de fisiologia médica. 11. ed. São Paulo: Elsevier, 2006.
RAVEL, R. Laboratório clínico: aplicações clínicas dos dados laboratoriais. 6. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1997.
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