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AS BASES DA CONTABILIDADE DE CUSTOS


Proporcionar ao aluno de uma forma estruturada uma a visão da contabilidade de custos como uma fonte de informações, para cálculo de custo
dos produtos, preço de venda, margem de contribuição unitária e global e contribuição efetiva e eficaz na contabilidade gerencial.
Descrever um
sistema de informações para gestão de custos, seus objetivos e principais subsistemas, e indicar como se relaciona com outros sistemas
operacionais e de informações.

AUTOR(A): PROF. OSMAR CORONADO

CORONADO ( 2015, pg 35) menciona que historicamente, a contabilidade de custos surgiu da necessidade, por parte da administração das
empresas, de conhecer mais detalhes a respeito de algumas informações internas específicas, uma vez que a contabilidade financeira preocupava-
se mais com o patrimônio global da entidade.   A criação de um sistema estruturado dessas informações internas especificas, propiciando que
fossem mais detalhadas, deu origem à contabilidade de custos, principal campo da contabilidade gerencial.

MARTINS (2003, pg 19-20), afirma que a Contabilidade Financeira estava estruturada para atender, basicamente, às empresas comerciais. Nelas,
os registros eram efetivados em duas oportunidades: quando da aquisição das mercadorias, com a entrada nos estoques e, nas vendas, estes
estoques eram baixados, através de uma conta de resultado denominada Custo das Mercadorias Vendidas (CMV). O CMV era apurado com a
identificação dos estoques no início e no final do período em que se levantava o Balanço Patrimonial.

Com o surgimento das indústrias, tornou-se mais complexa a apuração do resultado e o levantamento de balanço, pois o valor de compras na
empresa comercial estava sendo substituído por uma série de valores pagos pelos fatores de produção utilizados.

Surgiu, então, a necessidade de adaptação dos critérios de avaliação de estoques para as indústrias, ou seja,  o tratamento dado aos custos passou
a ser mais bem elaborado com  surgimento da indústria de transformação e sua atuação em larga escala,  embalada pela Revolução Industrial,
quando a aquisição de mercadorias não era destinada à venda, mas à transformação em  outros produtos.

Essa dificuldade na determinação dos custos resultou no surgimento da Contabilidade de Custos. Com a evolução das atividades das empresas,
abertura do seu capital, globalização,  necessidade de informações mais precisas e rápidas para os dirigentes e outros usuários de  informações, no
sentido de se tomar atitudes e resoluções tanto em sua operacionalização quanto no seu posicionamento junto às atividades  do mundo financeiro,
passou-se a se exigir mais e melhores informações no menor tempo possível.

Segundo, (MEGLIORINI, 2012, pg. 3-4), as informações geradas pela Contabilidade de Custos contribuem para:

Determinação dos custos dos insumos aplicados na produção; aplicados nas diversas áreas que compõem uma organização.
A redução dos custos dos insumos aplicados na produção ou diversas áreas; dos desperdícios de materiais, tempo ocioso, etc.
O controle das operações e das atividades e elaboração de orçamentos.
A administração, auxiliando-a para tomar decisões ou resolver problemas especiais.

A contabilidade de custos também auxilia na solução de problemas relacionados:

Ao preço de venda.
Á contribuição de cada produto ou linha de produtos para o lucro da empresa.
Ao preço mínimo de determinado produto em situações especiais e ao nível mínimo de atividade em que o negócio passa a ser viável.
Ao gerenciamento dos custos.

TERMINOLOGIA - CUSTO BÁSICO

Para chegar ao valor do produto, reduzir os custos de produção, identificar delimitações, é necessário usar um método. Para isso é preciso saber
segmentar seus conceitos.

Para se ter um entendimento dos termos, e para uma interpretação correta das análises dos custos e tomadas de decisões gerenciais com eficácia,
segue abaixo os seguintes elementos:

Ativo;
Gasto;
Custo;
Despesa;
Investimento;
Perda;

ATIVO

Segundo o  Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC 04, p5),   o ativo é um recurso;

a. Controlado pela entidade como resultado de eventos passados; e


b. Do qual se espera que resultem benefícios econômicos futuros a entidade.

Valor contábil é o valor pelo qual um ativo é reconhecido no balanço patrimonial após a dedução da amortização acumulada e da perda por
desvalorização.

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GASTO

De acordo com, (MARTINS, 2003,p 17), gasto representa a  compra de um produto ou serviço qualquer, que gera sacrifício financeiro para a
entidade (desembolso), sacrifício esse representado por entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro) são considerados
gastos.

Do ponto de vista financeiro, tudo que se desembolsa para atender as atividades de produção, atividades administrativas e vendas, inclusive
investimentos da empresa, são gastos.

Conceito extremamente amplo e que se aplica a todos os bens e serviços adquiridos; assim, são os  Gastos com a compra de matérias-primas,
Gastos com mão-de-obra, tanto na produção como na distribuição, Gastos com honorários da diretoria, Gastos na compra de um imobilizado, etc.

CUSTO

Segundo, (MARTINS, 2003, p.38), custo é o gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços.

O Custo é também um gasto, só que reconhecido como tal, isto é, como custo no momento da utilização dos fatores de produção (bens e
serviços), para a fabricação de um produto ou execução de um serviço.  Exemplos: a matéria-prima foi um gasto em sua aquisição que
imediatamente se tornou investimento, e assim ficou durante o tempo de sua Estocagem; no momento de sua utilização na fabricação de um
bem, surge o Custo da matéria-prima como parte integrante do bem elaborado. Este, por sua vez, é de novo um investimento, que fica estocado
até sua venda.

DESPESAS

Bens ou serviços aplicados direta ou indiretamente para obtenção de receitas, caracterizam despesas.

Por exemplo, uma comissão paga ao vendedor, é um gasto que se torna imediatamente em uma despesa.   O equipamento utilizado na indústria,
que fora gasto transformado em investimento e posteriormente considerado parcialmente como custo, torna-se, na venda do produto feito, uma
despesa.  O computador do diretor, que fora transformado em investimento, tem uma parcela reconhecida como despesa (depreciação), sem
transitar por custo.

A redução do Patrimônio Líquido são provocadas pelas despesas e que têm essa característica de representar sacrifícios no processo de obtenção
de receitas.

Os produtos vendidos e os serviços ou utilidades transferidos provocam despesas. Costuma-se chama-los de Custo de Produto Vendido e assim
aparecem na DRE ? Demonstração de Resultados do Exercício.

INVESTIMENTO

Gasto ativado em função de sua vida útil ou de benefícios a futuros períodos, são considerados investimento.

Considera-se investimento, as aquisições de bens ou serviços (gastos) que são  ?estocados? nos Ativos da empresa para baixa ou amortização
quando de sua venda, de seu consumo, de seu desaparecimento ou de sua desvalorização.

Diversas naturezas podem ser atribuídas aos investimentos:  a matéria-prima é um gasto contabilizado temporiamente como investimento
circulante; a máquina é um gasto que se transforma num investimento permanente; as ações adquiridas de outras empresas são gastos
classificados como investimentos circulantes ou permanentes.

PERDA

Bens ou serviços consumidos de forma anormal e involuntária, caracteriza uma perda.

Exatamente por sua característica de anormalidade e involuntariedade não se caracteriza como uma despesa.  Exemplos:  perdas com estoques
obsoletos, perdas com incêndios, etc.

IUDÍCIBUS, (2008, pg.  113), observa que a utilização da palavra Custo, em contabilidade, tem uma conotação muito ampla e imprime sua
definição dentro de alguns limites.

As definições dos termos custos e despesas e dos objetivos da contabilidade financeira e da contabilidade de custos são reforçadas da seguinte
forma: a contabilidade financeira preocupa-se com o regime de competência de receitas e despesas; a de custos, sem ferir o regime de
competência, preocupa-se com o custeio da produção, conforme kaniz apud Iudícibus.

Faz também o autor a distinção entre custo de produto e custo de período:

Custo de produto é o valor atribuído aos insumos contidos na produção terminada, porem mantida em estoque.  Custo do período é quando, pela
venda,  a receita é ?realizada?.  É a produção transferida ou colocada à disposição  do cliente pela venda. No fundo, custo de período é despesa do
período. 

(IUDICIBUS, 2008, P.114)

As expressões  gasto  e  custo,  muito utilizadas em contabilidade, também merecem a atenção de Martins, que assim os define:

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a. Gasto  Sacrifício financeiro com que a entidade arca com a obtenção  de um produto ou serviço qualquer, sacrifício esse representado
por entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro; (...).
b. Custo  caracteriza-se como um gasto, relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços.   O custo é também um
gasto, só que reconhecido como tal, isto é,  como custo, no momento da utilização dos fatores de produção (bens ou serviços), para a
fabricação de um produto  ou execução de um serviço.

(MARTINS, 2008, PG 25).

Olhada como há algumas décadas, como uma eficiente ferramenta de controle para fornecimento de dados à administração, a contabilidade de
custos passou a ser um instrumento importante para o desenvolvimento da contabilidade gerencial.    Desta maneira, começou a ser aproveitada
pelos empresários além do campo industrial, assumindo fundamental relevância para a tomada de decisão gerencial nos seguintes quesitos:

no que se refere ao controle, fornecendo dados para custos-padrão, orçamentos e previsões e, em seguida, possibilitando análises
comparativas com os custos efetivados;
no aspecto de decisão, proporcionando uma visão do desenvolvimento da atividade a que a contabilidade se propõe, possibilitando o
estabelecimento de medidas para a determinação da política de preços e quantidades de vendas, de quantidades e valores de compras, de
aumento ou redução de fabricação de produtos, etc.

Sistema integrado dos  departamentos de compras, estoques, contas a pagar e a receber, financeiro e pessoal, uma única contabilidade poderá
efetuar os registros dos eventos, processá-los e fornecer informações que poderão auxiliar os gestores em seus planejamentos e controles
orçamentários.  De forma simplificada, a contabilidade gerencial poderá, com algumas adequações, estar revestida de uma contabilidade
financeira e de custos.

SISTEMA DE CONTABILIDADE DE CUSTOS

O aumento da competitividade, a globalização, são fatores que para as empresas, proporcionam as melhores condições administrativas para
tornarem-se competitivas e se manterem no mercado.

As ferramentas que as empresas precisam para lhes garantir maior agilidade e eficiência no processo de tomada de decisões para manter-se no
mercado,  de modo a saber quando deve ser mais agressivos ou, ao contrário, quando devem retrair-se para garantir  eficácia nos resultados.

A flexibilidade é alcançada somente com um bom sistema de custos, pois é por meio dele que os gestores poderão decidir sobre o gerenciamento
e as ações a serem tomadas, envolvendo os seus produtos no mercado.

O método de apropriação de custos torna-se uma decisão desafiadora e fundamental para o sucesso da gestão da empresa, pois cada método
apresenta vantagens e desvantagens em relação ao outro.

O sistema do custeio variável é o mais indicado para decisões gerenciais, mas não se pode esquecer do sistema de custeio por absorção que é o
exigido pelo fisco.  Esse assunto  será abordado nos próximos tópicos nesta disciplina de custos.

CORONADO (2015, pag. 38), afirma que o sucesso de uma pequena ou média empresa está na importância dada às informações contábeis e aos
controles de custos. A contabilidade de custos visa dar suporte ao controle das operações e, ao mesmo tempo, planejar o futuro.

Para o estabelecimento dos preços de venda aos produtos ou serviços, deve-se controlar os custos.  Para se ter esses dados, elaborar  os relatórios
e demonstrações financeiras do período, os empresários necessitam de informações sobre seus custos.

Como ferramenta valiosa, a contabilidade de custos é muito eficaz para o gestor mensurar e avaliar custos.  No ambiente interno, a contabilidade
de custos visa demonstrar os custos sobre os produtos, clientes, serviços, projetos, atividades, processos e outros dados de interesse dos gestores.

Para a contabilidade gerencial a preocupação é com os controles e tomadas de decisões com base nas informações originadas da contabilidade
financeira e de custos.

Para as operações de fabricação, existem dois sistemas de contabilidade de custos:  por ordem  e por processo.

SISTEMA DE ACUMULAÇÃO DE CUSTOS POR ORDEM

CORONADO (2015, pg. 39), define, o  sistema de acumulação de custos por ordem de produção ou encomenda sendo  aquele em que cada
componente de custo ? materiais, mão de obra, custos indiretos ? é acumulado na ordem de produção referente ao produto ou lote.

Para Horngren;

                (...) neste sistema, os custos são acumulados a uma determinada unidade ou lote de um produto ou serviço.  Considera-se uma ordem
um empreitada que consome recursos para trazer um determinado produto ou serviço ao mercado.   O produto ou serviço é frequentemente feito
sob medida ou por encomenda (....). 

(HORNGREN. 2000, PG 67)

Na abertura da ordem de produção, iniciam-se a coleta, o processamento e o registro das informações de custo na ordem até o seu fim.

As seguintes finalidades são fatores de utilização das ordens de produção:

a. Produção de produtos ou serviços sob especificações especiais solicitado pelo cliente;

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b. Produção de artigos padronizados para certos clientes;
c. Produtos ou partes para estoques;
d. Instalações, máquinas e acessórios para a própria indústria ou sob encomenda de cliente;
e. Condicionamento, reparo e instalações da fábrica ou de clientes;
f. Reparo e revisão de produtos defeituosos.

Seguem alguns exemplos de empresas nas quais o sistema de acumulação de custos por encomenda ou por ordem pode ser aplicado:

Indústrias fabricantes de:

Aviões, navios, locomotivas;


Máquinas, ferramentas, motores;
Aço estrutural;
Livros e revistas;
Indicadores e catálogos;
Equipamentos especiais;
Construção civil;
Móveis.
etcs.

Empresas prestadoras de serviços:                                   

Consultorias e auditorias externas;


Projetos de arquitetura e engenharia;
Transportes especializados de produtos químicos, explosivos, derivados de petróleo;
Escritórios de planejamento, de contabilidade;
Escritórios de advocacia,  etc.

SISTEMA DE ACUMULAÇÃO DE CUSTOS POR PROCESSO

CORONADO (2015, pg. 39), define, o sistema de acumulação de custos por processo como aquele que apropria os custos por departamento ou
por centro de custos.

Martins define departamento como :

              (....) a unidade mínima administrativa para a Contabilidade de Custos, representada por pessoas e máquinas (na maioria dos casos), em
se desenvolvem atividades homogêneas. É a unidade administrativa porque sempre há um responsável para cada Departamento ou, pelo menos,
deveria haver. 

(MARTINS, 2015, PG 65)

Essa afirmação pode ser corroborada, mencionando-se que em uma indústria, não importando o seu tamanho, sempre há a presença de dois
grupos de departamentos:  os produtivos e os de serviços, ou departamentos de suporte ou auxiliares.

A fim de exemplificar, os produtivos são aqueles que recebem e aplicam os insumos primários, matéria-prima, mão de obra etc.   São eles:
corte de chapa, cromeação, pintura, montagem, etc.   Os de serviços  têm seus custos transferidos a todos os departamentos que deles se utilizam. 
Ex. manutenção, recepção de materiais, controle de qualidade, etc.

ATIVIDADE FINAL

Compõe o custo de fabricação:

A. A remuneração de pessoal administrativo;

B. A depreciação de móveis e utensílios do gabinete da presidência;

C. Os honorários contábeis;

D. A mão-de-obra aplicada na produção;

E. A despesa de comissão de vendedores;

Corresponde a um exemplo de custo de fabricação:

A. Comissão de vendas.

B. Despesas financeiras.

C. Manutenção do parque fabril.

D. Retiradas dos sócios.


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E. Despesas de combustível   da administração.

Considerando os dados abaixo, calcule o custo unitário da matéria-prima para uma produção de 10.000 unidades:

- Custo de produção                                           R$  200.000,00

- Custo de mão-de-obra                                     R$    80.000,00

- Gastos gerais de fabricação (custo unitário)  R$           3,00

A. R$ 31,00

B. R$ 28,00

C. R$ 9,00

D. R$ 3,00

E. R$ 6,00

REFERÊNCIA

CORONADO, Osmar.  Contabilidade Gerencial Básica, São Paulo: Editora Saraiva, 2015.

HORNGREN, Charles T; DATAR, Srikant M. Contabilidade de custos. Rio de Janeiro,  2000.

IUDÍCIBUS, Sérgio. Análise de balanços. 2008, São Paulo: Ed. Atlas, 2008.

MARTINS, Eliseu. Avaliação de empresas: da mensuração contábil à econômica. São Paulo: Atlas, 2015.

MARTINS,  Eliseu. Contabilidade de Custos. 9. Ed. São Paulo: Atlas, 2009.

MEGLILORINI, Evandir. Custos -  Análise e Gestão. São Paulo: Pearson, 2012.dx

VANDERBECK, Edward J.  Contabilidade de custos. São Paulo: Pioneira/Thomson Learning, 2001.

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