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2022
3. Aspectos clínicos, sorológicos e moleculares
O vírus SARS-COV-2 possui formato corona com um tamanho de partícula que está
entre 60 e 140 nm, sendo composto principalmente de RNA em suas proteínas internas,
externas e uma bicamada lipídica. Entre as proteínas está a proteína tipo S ou Spike, que
é usado para a união e penetração nas células hospedeiras através da membrana celular
que é facilmente distinguida por sua forma de espiga ou unha.
Além disso, os CoV possuem outras proteínas que são as chamadas proteínas do tipo
HE (hemaglutinina-esterase), tipo M (membrana) e tipo E (envelope protéico), no qual
estes dois últimos são geralmente vistos como estruturas mais amorfas na superfície. A
parte interna do vírus possui a proteína N (nucleocapsídeo) responsável por camuflar o
RNA, material genético do vírus que é replicado em células infectadas e que aumentam
a infecção (SIERRA et al., 2020).
Para que o vírus penetre na célula, deve haver um processamento do complexo proteína
S- ACE-2, que consiste numa clivagem pela proteínase Serina Protease
Transmembranar 2 (TMPRSS2), de forma que o gene que codifica a TMPRSS2 também
poderia ser um candidato envolvido na suscetibilidade à infecção. Um estudo feito com
pacientes da Itália investigou a presença de mutantes raras e a frequência de
polimorfismo dos genes ACE2 e TMPRSS2, mas a comparação com dados de
população asiática não permitiu associar o gene ACE2 com a severidade da doença.
Todavia, os dados indicaram que o gene da proteinase TMPRSS2 poderia ser um
modulador da infecção. Entretanto, resta ainda a comprovação experimental usando
estudos com pacientes com diferentes estados clínicos da COVID-19 (ASSELTA et al.,
2020).
Por outro lado, um estudo mais recente de variantes de ACE2 na Itália, com base em 7
mil exames de cinco centros do Network of Italian Genomes (NIG), identificou algumas
mudanças inéditas na sequência de aminoácidos da proteína, que podem afetar a
clivagem proteica e a estabilidade e processamento do complexo com a ACE2, podendo
afetar a internalização do vírus. Assim, poderia haver uma predisposição genética que
explicaria as diferenças clínicas entre os indivíduos (BENETTI et al., 2020).
A transmissão do SARS-CoV-2 ocorre pelo contato com secreções das vias aéreas de
um paciente sintomático. No entanto, evidências científicas fomentam a transmissão por
pacientes assintomáticos e/ou oligossintomáticos. Os estudos imunopatológicos
sugerem que a hipercetonemia promove lesão do tecido pulmonar e, posteriormente,
comprometimento de órgãos e sistemas, levando a descompensação, disfunção orgânica
e óbito. Sobre a resposta humoral, os altos títulos de linfócitos B e anticorpos,
tradicionalmente relacionados com a proteção do hospedeiro, podem estar associados à
gravidade da doença pelo SARS-CoV-2 (VIEIRA,2020).
3.3 Epidemiologia
O vírus SARS-CoV-2 ao ser infectar o hospedeiro apresenta três estágios de acordo com
que os sintomas evoluem, o que favorece a utilização de diferentes métodos de
diagnóstico. No primeiro estágio, há a incubação assintomática com ou sem vírus
detectável. Já no segundo estágio, tem-se um período sintomático não grave e com a
presença de vírus, e por fim, no último estágio, a carga viral é alta e o paciente apresenta
sintomas respiratórios graves (NOGUEIRA et al., 2020).
A partir disso, consta-se que para realizar o diagnóstico de COVID-19 deve-se obter um
conjunto de informações clínico-epidemiológicas e utilizar métodos como os exames de
RT-PCR e/ou sorologia, exames de imagem como a tomografia computadorizada em
casos de pneumonia, entre outros exames complementares (NOGUEIRA et al., 2020).
Contudo, as técnicas de diagnóstico laboratorial para identificação do vírus SARS-Cov-
2, são fundamentais para o cálculo preciso das taxas de infecção e sobrevivência, onde
são dados importantes para acertar as medidas de segurança pública. No entanto, ainda
não existe consenso entre os especialistas nas definições de caso e critérios clínicos para
avaliação diagnóstica no COVID-19 se faz necessária uma avaliação clínica e
laboratorial (MARINELLI et al., 2020).
3.4.1 Sinais e sintomas
Sinais que costumam indicar uma condição diferente da Covid-19 incluem a congestão
nasal (presente em apenas 5% dos casos), congestão conjuntival (1%) e outros sintomas
alérgicos, como coceira nos olhos. Um relatório preliminar sugere que, embora o
envolvimento conjuntival seja raro na Covid-19, é um sinal de prognóstico ruim quando
presente (LI JO, Lam DSC, Chen Y, Ting DSW., et al., 2020). Distinguir a gripe
sazonal da Covid-19 pode ser difícil, mas, de modo geral, a primeira produz mais dores
no corpo e a última mais falta de ar. Os sintomas gastrointestinais, como diarreia, foram
inicialmente considerados raros na Covid-19, mas há evidências emergentes de que
podem ser mais comuns do que se pensava anteriormente. (Gu J, Han B, Wang J.,et al.,
2020). A perda de apetite ocorre em muitos pacientes, e há relatos generalizados de que
a anosmia (perda de olfato) é um sintoma comum e precoce.
3.4.2 Diagnóstico laboratorial por teste rápido
Pode ser feito com amostra de sangue total obtida por punção venosa, da polpa digital
ou de fluido oral. Dependendo do fabricante, pode-se utilizar soro e/ou plasma.
Geralmente, os testes rápidos apresentam metodologia simples, utilizam antígenos virais
fixados em um suporte sólido (membranas de celulose ou nylon, látex, micropartículas
ou cartelas plásticas) e são acondicionados em embalagens individualizadas, permitindo
a testagem individual das amostras (MS, 2020c, 2020f; SHRIVASTAVA, 2020).
Os testes rápidos para COVID-19 são similares aos testes de farmácia para gravidez. No
caso do teste para COVID-19, faz-se uso de uma lâmina de nitrocelulose (uma espécie
de papel) que reage com a amostra e apresenta uma indicação visual em caso positivo.
Estão disponíveis no mercado dois tipos de testes rápidos: de antígeno (que detectam
proteínas do na fase de atividade da infecção) e os de anticorpos (que identificam uma
resposta imunológica do corpo em relação ao vírus) (FAESF, 2020).
Até o presente momento, não é possível possível afirmar se os anticorpos formados,
constituem uma defesa efetiva contra uma possível reinfecção, dependendo do tempo de
exposição do paciente ao antígeno do novo coronavírus, ou seja, qual a duração da
imunidade em caso positivo, portanto o papel dos testes rápidos sorológicos, ainda são
estudados 14 quanto a sua eficácia, para o diagnóstico individual em relação ao tempo
em que o paciente foi exposto ao COVID-19, sendo também que o resultado não
reativo, não afasta a possibilidade de infecção por SARS-CoV-2, podendo ser realizados
outros testes sorológicos e moleculares para confirmação do diagnóstico, também
resultados reativos, podem levar a uma falsa sensação de segurança para reexposição ao
vírus, hoje no momento de pandemia por COVID-19, no contexto da saúde pública, seu
uso é muito relevante para utilização de testagem em massa de inquéritos sorológicos
populacionais (AMANAT, 2020).
O Ministério da Saúde aponta que os testes rápidos não possuem a mesma sensibilidade
que os demais métodos, o que pode gerar insegurança e incerteza para interpretar um
resultado e determinar se o paciente em questão precisa ou não manter em observação
(BRASIL, 2020). Em virtude de sucessivas revisões, o Ministério da Saúde destaca que,
por causa da dinâmica da epidemia e a produção de conhecimento, essas informações
podem sofrer alterações à medida que o conhecimento da doença avance. Assim, é
importante que evidências mais recentes sejam utilizadas na atualização das versões
deste protocolo. (BRASIL, 2020)
A OMS recomenda o uso dos testes rápidos para COVID-19, apenas para fins
epidemiológicos e não para fins de diagnóstico, os testes rápidos também podem
auxiliar no diagnóstico, em situações em que os testes RT-PCR não são reativos, mas
continua a suspeita de infecção por SARS-CoV-2 (AMANAT et al., 2020; CHATE,
2020). Os testes rápidos têm uso limitado pela janela imunológica, que é o período em
que o corpo ainda está preparando uma resposta imune, sendo a recomendação que se
espere um período mínimo de 7 dias, para realização destes testes rápidos em soro,
sangue total ou plasma, exames como radiografia de tórax e tomografia
computadorizada podem ser usados para auxiliar no diagnóstico, podendo mostrar
opacidade assimétrica de vidro fosco periférico, sem a presença de derrame pleural (LI,
2020; XIA, 2020).
A Sociedade Brasileira de Patologia Clínica ressalta a contribuição dos testes
imunológicos nas seguintes situações : Diagnóstico de pacientes hospitalizados com
quadro tardio (após o sétimo dia desde o início dos sintomas), como primeira opção
antes da reação de PCR. Entretanto, um resultado negativo, neste contexto, não descarta
o diagnóstico, sendo recomendada a realização de exame molecular específico (RT-
PCR). Avaliação de retorno ao trabalho para profissionais de saúde, a partir do sétimo
dia de sintomas. Informações epidemiológicas referentes ao percentual de pessoas já
expostas na população e que já desenvolveram anticorpos (FIOCRUZ,2020)
O teste sorológico se tornou o mais utilizado para diagnóstico da COVID-19, pelo custo
e pela rapidez. Os kits de diagnóstico sorológico da COVID-19 disponíveis atualmente
detectam a presença de anticorpos específicos produzido pelo corpo humano contra o
vírus SARS-CoV-2, sendo os anticorpos denominados IgA, IgM e IgG, que são
proteínas que expressam uma resposta imunológica do indivíduo frente ao contato com
esse vírus. A produção de anticorpos é iniciada a partir do 7º dia da doença. Portanto,
um resultado negativo não exclui a possibilidade de doença devido à janela
imunológica. Esse teste é realizado a partir de amostras de sangue do paciente, soro ou
plasma, que deve ser obtida a partir do oitavo dia de sintomas para que o teste tenha
maior sensibilidade, em que se deve ao fato de que produção de anticorpos no
organismo só ocorre depois de um período mínimo após a exposição ao vírus,
considerando o tempo de produção de anticorpos pelo sistema imunológico em
quantidade suficiente para detecção (NOGUEIRA et al., 2020).
Os testes sorológicos para COVID-19 podem ser divididos em dois tipos: testes rápidos,
que utilizam a metodologia imunocromatográfica no qual são qualitativos, e testes
sorológicos, realizados por método indireto (ELISA-Enzyme-Linked Immunosorbent
Assay) por detecção em plataformas de quimioluminescência (CLIA) ou
eletroquimioluminescência (EIA) (DIAS et al. , 2020).
Os testes rápidos são os métodos mais simples, de custo acessível e fácil execução. Seus
resultados são adquiridos de forma rápida e podem ser utilizados para o diagnóstico em
situações de pandemias, no prognóstico epidemiológico através de inquéritos
soroepidemiológicos e nas medidas de controle de doenças. Após a realização do teste,
os resultados são gerados em aproximadamente 15 minutos, e em seguida, determinam a
presença ou ausência de anticorpos na amostra. (CODAGNONA et al., 2020).
3.5 Profilaxia
Hoje não há um tratamento, medicamentos, vacinas ou terapias específicos e
comprovadamente eficazes para combater o COVID-19 no momento, portanto o
tratamento do paciente é realizado com controle sintomático, repouso, ingestão de
líquidos, alimentação balanceada e fornecimento de ventilação com aparelhos
respiratórios para pacientes em estado mais grave (CDC, 2020; GUO et al., 2020).
Diante disso, a pandemia causada pela COVID 19, ocasionou grandes problemáticas
globais, prejudicando praticamente todos os nichos sociais e econômicos do mundo
contemporâneo. Tais agruras provocadas pelo vírus da SARS-CoV-2 requerem
atualmente ações enérgicas, como a possibilidade de alguns medicamentos serem
testados urgentemente e usados como medida de controle para o vírus da COVID-19
(SA M, et al., 2020).
Referências
LI JO, Lam DSC, Chen Y, Ting DSW. Novel Coronavirus disease 2019
(COVID-19): the importance of recognising possible early ocular manifestation
and using protective eyewear.Br J Ophthalmol. 2020;104:297-8. DOI:
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GU J, Han B, Wang J. COVID-19: gastrointestinal manifestations and potential
fecal-oral transmission. Gastroenterology. 2020;S0016- 5085(20):30281-X.
DOI: https://doi.org/10.1053/j.gastro.2020.02.054
WEI, Z et al. Molecular and serological investigation of 2019-nCoV infected
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HUANG, L et al. Rapid asymptomatic transmission of COVID-19 during the
incubation period demonstrating strong infectivity in a cluster of youngsters
aged 16-23 years outside Wuhan and characteristics of young patients with
COVID-19: A prospective contact- tracing study. J Infect. v. 6, p. 1-13, 2020.