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Mutações Genéticas do SARS-CoV-2 Pode Tornar o Desenvolvimento das


Vacinas Contra a COVID-19 Ineficaz

Renato Nogueira Campos*

13 de abril de 2021

Introdução

O Coronavírus é um vírus da ordem Nidovirales, família Coronaviridae, subfamília


Coronavirinae, têm seu nome proveniente de espículas em sua superfície que lembram uma coroa
(corona em latim). São vírus envelopados, com genoma constituído de fita simples de RNA. Um estudo
em Houston, no Texas, envolvendo 5.085 pacientes com COVID-19 descobriu que o vírus que causa a
doença está acumulando mutações genéticas, uma das quais pode torná-lo mais contagioso. De acordo
com um artigo publicado no National Institute of Health, essa mutação chamada D614G está localizada
na proteína da espícula do vírus, que permite que o vírus entre nas nossas células. Foram sequenciados
os genomas de 5.085 cepas SARS-CoV-2 na região metropolitana de Houston, Texas, que causou duas
ondas da doença COVID-19. Esta área é uma área etnicamente diversa com 7 milhões de residentes.
Esses genomas foram extraídos de vírus recuperados durante o primeiro estágio reconhecido da
pandemia de Houston e a segunda infecção em larga escala que está em andamento. Na verdade, todas
as cepas da segunda onda de vírus têm uma substituição do aminoácido glicina na posição 614 na
proteína da espícula do vírus, polimorfismo relacionado ao aumento da capacidade de transmissão e
infecção. Certas regiões da proteína da espícula do vírus (o principal alvo do esforço global de
vacinação) são repletas de substituições de aminoácidos, o que pode indicar um efeito seletivo. Os dados
genômicos foram explorados para gerar substituições únicas de aminoácidos definidas no domínio de
ligação ao receptor da proteína da espícula do vírus, que de forma importante, produziu reconhecimento
diminuído pelo anticorpo monoclonal neutralizante CR30022. O maior grupo de risco de óbito de
COVID-19 são os obesos. A adipocina que é uma proteína secretada pelo tecido adiposo branco que
participa da inflamação e resposta do sistema imune, pode causar a tempestade de citocinas pró-
inflamatórias, que causam um ataque autoimune aos órgãos levando à falência múltipla de órgãos,
principal causa de óbito em infecções graves por COVID-19.

* Bacharel em Tecnólogo em Processamento de Dados nas Faculdades Integradas Anglo-Americano


em 1991, Curso de extensão em Epignética, Nitrigenética e Nutrigenômica pelo SENAC em 2018, Pós-
Graduação em Docência do Ensino Superior na Estácio de Sá em 2018, e-mail
renatocamp65@gmail.com.
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Por que as cepas contendo essa mutação superaram as que não a tinham?

A proteína da espícula do vírus densamente glicosilada do SARS-CoV-2 se liga diretamente aos


receptores da enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2) da membrana para entrar na célula
hospedeira (Wrapp at al; Wang at al (2020; 2020 apud LONG, 2020)). Assim, a proteína da espícula do
vírus é um importante alvo de pesquisa translacional, assim como a vacina intensiva e o anticorpo
terapêutico (Wrapp at al; Hsieh at al (2020; 2020 apud LONG, 2020)). A análise do gene que codifica
a proteína da espícula do vírus identificou 470 Polimorfismos de um Único Nucleotídeo (SNPs),
incluindo 285 que produzem alterações de aminoácidos (LONG at al, 2020). A proteína da espícula do
vírus também continua a acumular outras mutações de significado desconhecido. A equipe do Houston
Methodist-UT em Austin também mostrou em experimentos de laboratório que pelo menos uma dessas
mutações pode causar um aumento repentino no vírus, evitando assim os anticorpos neutralizantes
naturais dos humanos atuarem contra a infecção por SARS-CoV-2. Isso permite que essa variante do
vírus atravesse nosso sistema imunológico com mais facilidade. Cepas com substituições de
aminoácidos glicina na posição 614 na proteína da espícula do vírus, é um polimorfismo relacionado à
disseminação celular in vitro e ao aumento da infectividade, que aumentou significativamente ao longo
do tempo e causou virtualmente todos os casos de COVID-19 na segunda onda maciça da doença. No
momento do diagnóstico inicial, os pacientes infectados com a variante de substituição do aminoácido
glicina na posição 614 na proteína da espícula do vírus apresentavam cargas virais nasofaríngeas
significativamente maiores. Certas substituições de aminoácidos únicos de ocorrência natural no
domínio de ligação ao receptor da proteína das espículas do vírus levam a uma diminuição na reatividade
com anticorpos monoclonais neutralizantes, que é causada por certas variantes do vírus devido à ação
do sistema imune do hospedeiro (Long at al, 2020). A terceira onda de COVID-19 se caracteriza como
um vírus que se adapta aos anticorpos neutralizantes produzidos por nosso sistema imunológico.

Conclusão
Segundo o site Covid-19 Reinfection Tracker, que acompanha a taxa de reinfecção pela mesma
cepa do vírus SARS-CoV2 de pessoas vacinadas ou não no mundo
(https://bnonews.com/index.php/2020/08/covid-19-reinfection-tracker/), a imunogenicidade, que é a
capacidade de uma substância provocar uma resposta imune, como o desenvolvimento de anticorpos
pelo sistema imune do paciente, para o SARS-CoV-2 em 13/04/2021 é de 98 dias. O diretor-geral da
Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, advertiu na segunda-feira,
12/04/2021 que a pandemia sofre aumento exponencial e não será freada só com vacinas
(http://a.msn.com/01/pt-br/BB1fzzcB?ocid=sw). Portanto torna-se necessário um salto tecnológico que
seja muito mais eficiente e muito mais inovador que qualquer tecnologia de vacinas. Isso é o que a
Epigenética é. Podemos bloquear o receptor ACE2 e impedir a entrada do SARS-CoV-2 nas células
através da Epigenética, descoberta que necessita de maior investigação pela comunidade científica.
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Referências

KAUR, Simran Preet; GUPTA, Vandana. COVID-19 Vaccine: A comprehensive status


report. Bethesda (Maryland): PubMed Central, 2020. Disponível em:
<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7423510/ >. Acesso em: 02 Nov. 2020.

LONG, S. Wesley at al. Molecular Architecture of Early Dissemination and Massive Second
Wave of the SARS-CoV-2 Virus in a Major Metropolitan Area. Bethesda (Maryland): PubMed
Central, 2020. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7536878/>. Acesso
em: 13 abr. 2021.

XAVIER at al. COVID-19: manifestações clínicas e laboratoriais na infecção pelo novo


coronavírus. Rio de Janeiro: SciELO, 2020. Disponível em:
<https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1676-24442020000100302&script=sci_arttext&tlng=pt>.
Acesso em: 13 abr. 2021.

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