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INFECÇÕES FÚNGICAS CAUSADAS POR ASPERGILLUS FUMI-

GATUS E CANDIDA AURIS EM PACIENTES


IMUNODEPRIMIDOS ASSOCIADOS AO COVID-19

FUNGAL INFECTIONS CAUSED BY ASPERGILLUS FUMIGATUS


AND CANDIDA AURIS IN IMMUNODEPRESSED PATIENTS AS-
SOCIATED WITH COVID-19

Bruna Letícia Pereira

Universidade Cidade de São Paulo, Brasil (bacheralado em Biomedicina)


E-mail: lbruuna@icloud.com

Fernando Alves Maia:


Universidade Cidade de São Paulo, Brasil (bacheralado em Biomedicina)
E-mail: fernando.maia.997@gmail.com

Isabela Fernanda Oliveira:


Universidade Cidade de São Paulo, Brasil (bacheralado em Biomedicina)
E-mail: iisabelafernanda@icloud.com

Leonel Alencar:
Universidade Cidade de São Paulo, Brasil (bacheralado em Biomedicina)
E-mail: leonelperez1847@gmail.com

Sabrina Bezerra:
Universidade Cidade de São Paulo, Brasil (bacheralado em Biomedicina)
E-mail: saabiomed14@hotmail.com

Sebastião Diego M. Nascimento


Universidade Cidade de São Paulo, Brasil (bacheralado em Biomedicina)
E-mail: diegoseba00@gmail.com

Dr.ª Priscila Fernandes Carrara do Nascimento (Orientadora)


Docente no Curso de Biomedicina da Universidade Cidade de São Paulo
(Pós-Doutora e Doutorado concluídos no instituto de Ciências Biomédicas da
Universidade de São Paulo)

1
E-mail: pfnascimento@unicid.edu.br; ORCID: 0009-0006-4507-1779

SÃO PAULO
2023
RESUMO

As infecções fúngicas invasivas associadas à doença do coronavírus (COVID-


19) são uma complicação importante em um número substancial de pacientes
gravemente enfermos hospitalizados com COVID-19. A pandemia de síndrome respi-
ratória aguda grave por coronavírus 2 (SARS-CoV-2) se espalhou rapidamente por todo
o mundo. Os primeiros casos de infecção fungicafúngica pulmonar associada à COVID-
19 continuação da frase?. Desde então, múltiplas séries de casos e estudos de coorte
destacaram a importância desta infecção secundária potencialmente fatal, por vezes
causada por fungos Aspergillus fumigatus e Candida auris.
Isto, cConsiderando-se que o paciente está internado, em um ambiente
hospitalaro. O risco de uma coinfecção fúngica do paciente aumenta. Isto porque o
paciente está sujeito ao uso de ventilação mecânica, cateter venoso central e cateter de
FOLEY, o que favorece a infecção por Candida auris, que aloja-se em superfícies e
permanece em pele humana. , Além disso, a terapia medicamentosa inclui corticoides e
imunossupressores, o que deprime a resposta imune.
pois e o SARS-Cov-2 apresenta uma resposta imunodepressora, ou seja as
células de defesa do indivíduo juntamente com a terapia medicamentosa de corticoides
e imunossupressores, ou pela necessidade do uso de ventilação mecânica, cateter
venoso central e cateter de FOLEY, possibilitando, assim, uma coinfecção fúngica por
Aspergillus fumigatus, que tem como sua principal via de entrada o trato respiratório, ou
a Candida auris por ter uma durabilidade maior em superfícies de contato, tendo uma
maior permanência sobre a pele humana, facilitando essa infecção secundário por uso
prolongado e até mesmo incorreto dos materiais cirúrgicos, equipamentos de proteção
individual e a falta de desinfecção dos quartos e leitos.

PALAVRAS-CHAVES: Covid-19, Infecções fúngicas, SARS-Cov-2, Aspergillus


fumigatus, Candida auris.

2
ABSTRACT

Invasive fungal infections associated with coronavirus disease (COVID-19) are a


major complication in a substantial number of critically ill patients hospitalized with
COVID-19. The severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 (SARS-CoV-2) pan-
demic has spread rapidly around the world. The first cases of pulmonary fungal infec-
tion associated with COVID-19. Since then, multiple case series and cohort studies have
highlighted the importance of this potentially fatal secondary infection, sometimes
caused by the fungi Aspergillus fumigatus and Candida auris.
This is because the patient is in a hospital environment. The patient's risk is in-
creased by the fact that SARS-Cov-2 has an immunodepressant response, i.e. the indi-
vidual's defense cells together with the drug therapy of corticosteroids and immunosup-
pressants, or by the need to use mechanical ventilation, central venous catheters and
FOLEY catheters, thus enabling fungal co-infection by Aspergillus fumigatus, which
has the respiratory tract as its main route of entry, or Candida auris, because it lasts
longer on contact surfaces and stays longer on human skin, facilitating this secondary
infection through prolonged and even incorrect use of surgical materials, personal pro-
tective equipment and the lack of disinfection of rooms and beds.

KEYWORDS: Covid-19, Fungal infections, SARS-Cov-2, Aspergillus fumigatus,


Candida auris.

1. INTRODUÇÃO

3
Os fungos pertencentes ao gênero Aspergillus ssp. São considerados patógenos
oportunistas, ou seja, acometem pacientes imunodeprimidos. Esses fungos são capazes
de colonizar cavidades do trato respiratório, que é a sua principal via de entrada,
causando infecções, processos alérgicos e intoxicações. Essa condição está vinculada à
elevadas taxas de mortalidade, representando complicações significativas em pacientes
com supressão imunológica profunda (Araujo et al., 2021).
A Aspergilose , é uma infecção causada por um fungo pertencente ao gênero As-
pergillus. Essa infecção é mais comum em indivíduos com sistema imunológico
comprometido e em pessoas que apresentam doenças pulmonares subjacentes por se
tratar de um fungo oportunista (Fosses et al., 2022). Dentre as variedades desse gênero,
o Aspergillus fumigatus é a espécie mais prevalente no meio ambiente hospitalar e é
capaz de sobreviver em uma ampla gama de pH e temperatura. Sua estrutura
hidrofóbica permite uma eficiente dispersão em pequenas correntes de ar (Lamoth et al.,
2018).
OA infecção penetrante do sistema respiratório é frequentemente desencadeada pela
espécie A. fumigatus, sendo o principal meio de invasão do Aspergillus é o sistema
respiratório (Fosses et al., 2022). No entanto, pode afetar outros tecidos, como derme,
cavidades nasais, sistema nervoso central, visão, unhas ou se espalhar por todo o
organismo (Gago et al., 2019).
Pessoas afetadas por esse microrganismo podem vir a ter uma inflamação
pulmonar, temperatura elevada, desconforto no peito e expulsão de sangue por meio da
tosse, apesar de outros sistemas corporais poderem ser afetados (Jenks et al., 2018).
A variante intensiva desta condição está relacionada com o estado imunológico
do indivíduo, já que uma pessoa com imunidade comprometida pode não apresentar
sintomas, o que dificulta a detecção precoce (Thompson et al., 2021).

A Covid-19 é uma infecção caracterizada por resposta inflamatória exacerbada, o


que é particularmente arriscado para pacientes gestantes, com insuficiência cardíaca
congestiva, histórico de tromboembolismo e idade avançada. Esses, fatores estão
relacionados à alta mortalidade pela inflamação sistêmica, o que corrobora a terapia
intensiva de corticoterapia e imunobiológicos (Chowdhary et al., 2020).A variante
intensiva desta condição está relacionada com o estado imunológico do indivíduo, já
que uma pessoa com imunidade comprometida pode não apresentar sintomas, o que

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dificulta a detecção precoce (Thompson et al., 2021).
A supressão imunológica e a reação exacerbada de citocinas desencadeada pelo
Sars-Cov-2 causam uma resposta imunológica disfuncional, resultando em um
desequilíbrio no sistema de defesa do corpo e enfraquecendo sua capacidade de
resistência, tornando os pacientes vulneráveis a infecções oportunistas (Andrade et al.,
2022).
A Candida auris possui uma alta propriedade de virulência e é capaz de provocar
enfermidades graves. Nos ambientes hospitalares, esse fungo persiste, possibilitando o
contato com pessoas imunodeprimidas por meio de lesões, corrente sanguínea e outras
regiões do corpo, que podem permanecer colonizadas por várias semanas. Ao contrário
de outras espécies de Candida, a C. auris apresenta habilidade significativa para induzir
infecções sistêmicas e causar óbito. Além disso, ela demonstra tolerância a altas
concentrações de salinas e se desenvolve de maneira ótima na temperatura média do
corpo humano (Antunes et al., 2020).

A C. auris possui uma morfologia microscópica que varia de ovóide a globosa,


podendo se organizar de forma individual, em pares ou em agregados. Ela pode exibir
diferentes fenótipos morfológimorfologiascos dependendo das condições de cultivo,
incluindo formas ovais e alongadas (Machado et al., 2021). No ágar Sabouraud, a C.
auris forma colônias de cor creme, lisas e brancas, enquanto no CHROMágar, essas
colônias podem apresentar tonalidades que vão desde rosa-claro até escuro, ou
ocasionalmente bege (Larkin et al., 2017). A temperatura ideal para seu crescimento é
de 37-40ºC, sendo capaz de se desenvolver até mesmo a 42°C (Cortegiani, 2018).

A infecção por esses fungos oportunistas tem o potencial de agravar a condição do


paciente imunodeprimido que foi infectado, também, pelo Sars-Cov-2. Neste contexto,
este trabalho consiste em uma revisão literária sobre infecções , causadas pelos fungos
Aspergillus fumigatus e Candida auris em paciente imunodeprimidos que adquiriram o
Covid-19 durante a pandemia.

2. MÉTODOS

A busca de dados e informações foi realizada nos sites de pesquisas científicas


como PubMed, SciELO, Journal of Medical and Biological Sciences, The Brazilian

5
Journal of Infections Diseases e Editora Científica. Foram utilizados artigos dos
útimosúltimos cinco anos.

3. RESULTADOS

Já era esperado que infecções simultâneas à Covid-19 ocorressem durante a


pandemia. Além disso, elas continuam frequentes. A infecção simultânea por
microrganismo como vírus, gemes e fungos, é um fator crítico que leva ao agravamento
de desafios relacionados ao diagnostico, previsão de recuperação e tratamento da
doença causada pelo SARS-Cov-2 (Neufeld, 2020). As infecções bacterianas e fúngicas
simultâneas contribuem para a extensão da inflamação no organismo e,
consequentemente, promove a evolução do prognóstico da COVID-19 resultando no
aumento do uso de antibióticos (Zhu, 2020).
Em pacientes com quadros graves de COVID-19, as moléculas sinalizadoras
pró-inflamatórias, especialmente a IL-6 (interleucina 6), associadas à inflamação nos
pulmões, têm sido amplamente descritas em diversos estudos. A infecção pelo SARS-
CoV-2 pode ocasionar prejuízos aos linfócitos, em especial às células B, células T e
células NK, o que pode resultar em comprometimento do sistema de defesa imunológica
ao longo da doença. A redução dos linfócitos consequentemente e da atividade
imunológica do hospedeiro pode ser uma das principais causas para a ocorrência
simultânea de infecções por ambos os grupos de micro-organismos, especialmente
fungos como o Aspergillus spp. e a Candida spp (Mojica-Crespo et al., 2020).
O SARS-Cov-2 tem capacidade de desenvolver inúmeras resposta imunológicas
descontroladas com ampla atração de polimorfonucleares, além de ativar a liberação
intensa de citocinas quimiocinas e mediadores pró-inflamatórios, desencadeando o que
é chamado de tempestade de citocina (Pérez-Abreu et al., 2020). Essa resposta
inflamatória exagerada e anormal é ineficaz na contenção do vírus; pelo contrário, causa
danos extensos nos tecidos (Chen et al., 2020). Esse processo inflamatório agressivo e
anômalo pode resultar na manifestação da síndrome da angústia respiratória grave,
podendo levar a um desfecho fatal (Garcia-Vidal, 2020).
Aspergilose é o termo usado para descrever um amplo grupo de doenças, com
apresentação clínica variada, causada pelo fungo Aspergillus spp. A espécie A. fumiga-
tus pertence à seção do subgênero Fumigati, que engloba cerca de 30 espécies,

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encontradas em todo o mundo como saprófitas do solo, sendo 10 anamorfas e 20
teleomorfas. Todas as espécies anamorfas são consideradas variantes cripticas de A.
fumigatus, com base em características macro e micromorfológicas. As espécies
pertencentes à seção Fumigati são identificadas por apresentarem conidióforos lisos,
vesículas subclavadas, dispostas em uma única fileira, cabeças colunares e conídios
esféricos de tonalidade verde, com textura que pode variar de lisa a rugosa (Mesquita-
Rocha, 2019).
Após a invasão, os conídios de Aspergillus spp. Se desenvolvem em hifas,
resultando em uma doença inflamatória e invasiva das vias aéreas. O crescimento
excessivo pode intensificar a produção de muco e levar à pneumonia invasiva (Thomp-
son et al., 2021).
Infecções fúngicas, como a Aspergilose Pulmonar, são mais frequentemente
detectadas por meio de culturas, análise histopatológica ou detecção do antígeno
galactomanano no sangue ou no lavado broncoalveolar. Exames de imagem, como a
tomografia computadorizada, desempenham um papel crucial na avaliação diagnóstica.
É possível observar áreas de consolidação focal a substituição do ar por líquidos nos
alvéolos caracterizadas por nódulos cercados por infiltrados ou em vidro fosco
identificados por um aumento na área de atenuação pulmonar tendo as margens
brônquicas e vasculares preservadas (Jenks et al., 2018).
Considerando que essa levedura patogênica possui a habilidade de sobreviver e
persistir no ambiente hospitalar, além de colonizar rapidamente a pele dos pacientes,
tornando-se altamente transmissível (Forsberg et al., 2018). Portanto, é esperado que
sua incidência aumente globalmente, com surtos graves e prolongados. Após a infecção
inicial, a colonização pelo fungo nos pacientes pode persistir por semanas, assim como
sua sobrevivência em superfícies também é duradoura (Antunes et al., 2020).

Aspergillus fumigatus (Foto: LIFE - www.life-worldwide.org)

7
As manifestações clínicas da infecção por C. auris englobam uma variedade de
condições, incluindo infecções sanguíneas, do trato urinário, otite média, feridas
cirúrgicas, abscessos cutâneos relacionados à cateterização, miocardite, meningite e
infecções ósseas. No entanto, isolados desse fungo também têm sido obtidos de
diferentes regiões do corpo, em locais não estéreis, como pulmões, orofaringe, trato
urinário, sistema genital, tecidos moles e pele. Além disso, a colonização representa um
risco de transmissão, não apenas a partir de dispositivos invasivos e pontas de cateteres
(Cortegiani et al., 2018).

Infecções decorrentes da infecção por C. auris podem afetar a corrente


sanguínea, trato urinário, otite média, feridas cirúrgicas, abscessos cutâneos
relacionados à cateterização, miocardite, meningite e infecções ósseas, sendo mais
frequentemente associadas a infecções de feridas. A colonização por C. auris, além dos
casos relacionados a dispositivos invasivos e pontas de cateteres, aumenta
significativamente o risco de transmissão (Cortegiani et al., 2018) (Du et al., 2020).
O estado imunossuprimido destaca-se os principais fatores de risco para
infecções por C. auris. Outros fatores de risco incluem idade avançada, diabetes
mellitus, cirurgias recentes, presença de dispositivos médicos permanentes, como
cateter venoso central e cateteres urinários, nutrição parenteral, uso de hemodiálise,
neutropenia, doença renal crônica, bem como o uso de antibióticos e/ou antifúngicos de
amplo espectro (Chowdhary et al., 2020).

Reprodução microscópica do fungo Candida auris


(Kateryna Kon/Science Photo Library/Getty Images)

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A pandemia de COVID-19 resultou em um aumento global nos casos
relacionados a C. auris. Tanto o SARS-CoV-2 quanto C. auris foram detectados em
várias superfícies hospitalares, como grades de proteção, postes de soro, leitos, dutos de
ar-condicionado, janelas e pisos, o que indica possíveis locais de colonização do fungo
e, consequentemente, infecções em pacientes infectados pelo coronavírus que usam
dispositivos de ventilação mecânica e ventiladores assistidos (Anwar et al., 2020).
A associação entre COVID-19 e infecções fúngicas pode ter múltiplas causas,
incluindo a gravidade da doença e o uso anterior de antibióticos e corticosteroides, que
possuem efeito imunossupressor em neutrófilos e macrófagos (Chen et al., 2020).
Pacientes com COVID-19 pré-colonizados por A. fumigatus e C. auris e que necessitam
de cateteres, como cateteres venosos centrais e cateteres de Foley, apresentam maior
risco de desenvolver infecções por C. auris na corrente sanguínea e trato urinário,
respectivamente em ambientes de UTI (Nie et al., 2020) (Wang et al., 2020).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os fungos são seres oportunistas, cosmopolitase, e, em ambientes hospitalares,


podem causar infecções principalmente em pacientes imunocomprometidos. Em
ambiente hospitalar é muito frequente a presença de microrganismos, no ar, piso,
paredes, aparelhos, utensílios, cateter, entre outras. Além disso, há o risco associado ao
fluxo de pacientes e trabalhadores no local, e, por vezes, a limpeza e descontaminação
do local e aparelhos não é suficiente para combater esses fungos oportunistas.
Aspergillus fumigatus, como descrito no artigo, é um fungo saprófita e um dos
principais fungos patogênicos humanos. Os seus conídios são inalados e chegam ao
pulmão, onde se tornam ativos e germinam, dando origem a uma doença conhecida
como Aspergilose. A Aspergilose é um conjunto de formas clínicas que apresenta
grandes riscos, principalmente, para indivíduos imunossuprimidos pela Covid-19. Já a
Candida auris ainda continua sendo um grande desafio para saúde pública, pois possui
uma grande resistência a antibióticos e tem fácil contaminação em ambientes
hospitalares pois consegue sobreviver por semanas em objetos e superfícies, o que torna
este fungo um grande problema para pacientes imunossuprimidos. Esses dois fungos
geram grande perigo e preocupação, pela fácil contaminação, o que causa problemas
subjacentes sérios a paciente já contaminados e prejudicados pela Covid-19 (Gonçalves

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et al., 2023).
Durante a crise da COVID-19 houve a necessidade de adaptação por parte de todas
as instituições de saúde para lidar com o crescente número de pacientes infectados pelo
vírus SARS-CoV-2. No entanto constatou-se que metade das fatalidades relacionadas à
COVID-19 estavam associadas a infecções secundárias (Manohar et al., 2020). Logo, as
infecções secundárias ou coinfecções podem desempenhar um papel significativo na
elevação da taxa de mortalidade em pacientes gravemente enfermos com COVID-19
junto a sobrecarga de trabalho enfrentada pelos profissionais da saúde e as falhas na
implementação adequada das medidas de precauções associadas ao aumento da
colonização e infecção pelo fungo C. auris e A. fumigatus em ambientes hospitalares
(Rossato et al., 2020).
É improvável que ocorra transmissão de C. auris ou A. fumigatus para pacientes
com COVID-19 por parte dos profissionais de saúde com a utilização dos equipamentos
de proteção individual de forma adequada, porém o uso prolongado ou incorreto desses
equipamentos pode ocasionar autoinfecção e disseminação do fungo. Isso se deve à
falta de conformidade com as diretrizes de substituição de luvas e higienização das
mãos antes e após o contato com cada paciente, resultando não apenas na transmissão
cruzada entre os pacientes, mas também na contaminação do ambiente da unidade de
terapia intensiva (Chowdary et al., 2020).

Frente à elevada contaminação hospitalar, é fundamental adotar medidas


preventivas rigorosas, como a realização de desinfecção eficaz dos quartos com
desinfetantes à base de cloro em altas concentrações (0,5%), com o intuito de eliminar
microrganismos altamente resistentes. Ademais, é imprescindível identificar e tratar as
infecções causadas por C. auris e A. fumigatus, visando reduzir complicações, o fardo
hospitalar e as taxas de mortalidade entre os pacientes com COVID-19. Diante do
contexto em que a pandemia de COVID-19 pode criar condições favoráveis para a
ocorrência desses surtos em unidades de terapia intensiva, é necessário adotar
precauções adicionais em hospitais, regiões, cidades e países onde a prevalência de C.
auris e A. fumigatus é mais significativa (Chowdary et al., 2020).

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