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Renato Campos*
28 de novembro de 2022
* Bacharel em Tecnólogo em Processamento de Dados nas Faculdades Integradas Anglo-Americano
em 1991, Curso de extensão em Epignética, Nitrigenética e Nutrigenômica pelo SENAC em 2018, Pós-
Graduação em Docência do Ensino Superior na Estácio de Sá em 2018, discente do curso de Nutrição
da Faculdade Veiga de Almeida, e-mail renatocamp65@gmail.com.
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Introdução
comunidades da internet), que descrevem sua identidade de forma positiva e são mais
resistentes à recuperação (BOERO; PASCOE, 2012).
Nos serviços de saúde, além do despreparo para atender os adolescentes, há também o
julgamento de valor da equipe em relação a esse grupo, que é percebido como "mal-educado"
e " permissivo " entre os pares, aumentando as dificuldades de relacionamento e formação de
vínculos (FERRARI et al, 2006). Independentemente do posicionamento pessoal ou
incapacidade de ouvir e respeitar os adolescentes, é necessário reforçar a necessidade de manter
uma postura ética como profissional de saúde (CROMACK et al, 2004). O Manual de Atenção
à Saúde do Adolescente da Secretaria de Saúde da cidade de São Paulo define as
“Características do profissional e a relação médico-adolescente”:
“Atender adolescentes requer interesse, tempo e experiência profissional. Para obter uma
consulta frutífera, é fundamental o bom relacionamento médico/adolescente, unicamente possível se o
médico gostar de trabalhar com jovens, pois estes têm uma sensibilidade apurada e logo percebem falta
de interesse ou empatia. O profissional deve mostrar competência, firmeza e autoridade sem, no entanto,
parecer autoritário. O médico deve escutar mais do que falar e não julgar ou dar palpite. Mas deve
esclarecer e informar onde for necessário, sempre com retidão, honestidade e veracidade, o que é diferente
de advertir. [...] O adolescente deve identificar-se como sendo ele o cliente, mas, por outro lado, pais e/ou
responsáveis não poderão permanecer à margem do atendimento, pois poderão beneficiar-se com
informações e esclarecimentos (SÃO PAULO CAPITAL, 2006).”
A contradição da realimentação hospitalar é que ela impede o objetivo de os portadores
de AN tenham um comportamento alimentar “normal” (BOUGHWOOD; HALSE, 2012).
Portanto, a alimentação não pode ser rigorosa, mas leve e natural, porém rica em nutrientes,
mais parecida com que a paciente terá ao sair do hospital.
Conclusão
Às vezes é difícil para os profissionais de saúde entender os conflitos inerentes à
adolescência, que podem acabar prejudicando seus relacionamentos. Por estarem em busca de
autonomia, receber ajuda dos adultos pode ser interpretado pelos adolescentes como
incapacidade de resolver seus problemas sozinhos. Também acontece que os adultos costumam
achar que os problemas na vida dos adolescentes não necessariamente são um incômodo para
eles. Em vez disso, as queixas dos adolescentes podem ser percebidas pelos adultos como
secundárias, subjetivas e sem importância, resultado de uma "fase difícil" do ciclo de vida.
Reconhecer as diferenças individuais entre os pacientes e respeitar o significado que eles
atribuem à sua condição são fundamentais para o tratamento da AN em uma aliança terapêutica
nutricionista-paciente, e a "transformação" de nutricionistas em antropólogos.
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Referências
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