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Aula 07 – Saúde do Adolescente – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 1

TRANSTORNOS ALIMENTARES NA
ADOLESCÊNCIA
A alimentação saudável na infância e na adolescência PERFIL ALIMENTAR ADOLESCENTE
tem um papel muito importante tanto no crescimento
ERICA – ESTUDO DE RISCOS CARDIOVASCULARES EM
e desenvolvimento, quanto na prevenção de doenças
ADOLESCENTES
crônicas, como diabetes e hipertensão.
Realizado em parceria do Ministério da Saúde com a
UFRJ;
Inquérito nacional de base escolar – 1.247 escolas em
124 municípios e cerca de 75 mil estudantes de 12 a 17
anos;

→ Menos da metade (48,5%) diz que “sempre ou


quase sempre” toma café da manhã, e 21,9%
nunca tomam
→ Entre os 20 alimentos mais consumidos, arroz
e feijão estão no topo da lista
→ 48,2% dos adolescentes têm o hábito de ingerir
cinco ou mais copos de água por dia
→ 68% “sempre ou quase sempre” fazem
refeição com os pais ou responsáveis
→ Mais de 80% consomem sódio acima dos
limites máximos recomendados
→ 100% consomem vitamina E e cálcio abaixo do
adequado
→ 56,6% fazem refeições “sempre ou quase
sempre” em frente à TV. Índice é maior entre
alunos de escolas públicas
→ 39,6% consomem petiscos em frente às telas
com a mesma frequência
→ 73,5% passam duas ou mais horas por dia em
frente às telas (TV, computador e videogame);
ALIMENTAÇÃO NA ADOLESCÊNCIA hábito mais frequente entre meninos, alunos
Maiores cuidados no estirão do crescimento e de escolas particular e do Sul
→ O percentual de adolescentes que “sempre ou
mudanças puberais;
quase sempre” assistem TV enquanto realizam
Nas meninas – perda de ferro fisiológica pela as principais refeições variou de 48%, no Norte,
menstruação; a 62%, no Centro-Oeste

Atividade física maior; TRANSTORNOS ALIMENTARES


São caracterizados por uma perturbação persistente
Alimentação balanceada em qualidade e quantidade; na alimentação ou no comportamento relacionado à
COMPORTAMENTO ALIMENTAR alimentação que resulta no consumo ou na absorção
São respostas comportamentais ou sequenciais alterada de alimentos e que compromete
associadas ao ato de se alimentar, às maneiras ou significativamente a saúde física ou o funcionamento
modos e aos padrões rítmicos de alimentação; psicossocial.

São fundamentados pelos comportamentos Os transtornos alimentares afetam particularmente


alimentares da família. adolescentes e adultos jovens do sexo feminino,
levando a prejuízos psicológicos, sociais e aumento da
morbidade e mortalidade;
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A imagem corporal é definida como a representação → Alto nível socioeconômico


mental do tamanho e formas corporais, influenciada → Personalidade perfeccionista, perfil
por uma variedade de fatores históricos, culturais e introvertido e de baixa autoestima e
sociais, individuais e biológicos, que variam ao longo do relacionamentos pobres
tempo – influencia diretamente no desenvolvimento
dos transtornos alimentares. SINAIS E SINTOMAS
Medo de engordar;
Sofrem influência:
Restrição da alimentação;
 Sociocultural
Perda excessiva do peso;
→ Mídia – padrão de beleza socialmente
aceito Prática excessiva de exercício físico (é o transtorno
→ Problemas neurológicos mais comum em bailarinas/os);
→ Imagem corporal distorcida
Períodos menstruais irregulares ou inexistentes –
→ Medo de engordar
redução da sintetização de hormônios devido à baixa
→ Alimentos hipercalóricos x Corpo
ingesta de proteínas e lipídeos;
idealizado
→ História familiar de transtornos Humor deprimido porque não sintetizam
alimentares neurotransmissores;
→ Conflitos de transição menina-mulher
Irritabilidades;
 Hábitos alimentares familiares
Sintomas obsessivos;

Isolamento social;
NOS ADOLESCENTES COM TRANSTORNOS
ALIMENTARES QUADRO CLÍNICO
1/3 dos pacientes conseguem se recuperar (2/3 vivem
o resto da vida com o transtorno);

20% morrem por desnutrição – complicações renais,


hormonais, gástricas, parada cardiorrespiratória;

FATORES ETIOLÓGICOS
Genéticos;

Familiares;

Psicológicos;

Socioculturais;

ANOREXIA
Perda de penso intensa e intencional, decorrente de Obs: queda de cabelos por hipovitaminose
dietas extremamente rígidas com busca desenfreada
DIAGNÓSTICO
pela magreza, distorção grosseira da imagem corporal
Recusa em manter o peso corporal dentro ou acima do
e alterações do ciclo menstrual – limitação intensa da
mínimo adequado para a idade e altura
ingestão energética e do consumo de carboidratos e
lipídeos Medo intenso de ganhar peso ou tornar-se obeso,
mesmo se abaixo do normal
PERFIL
→ Adolescente Distúrbio da imagem corporal
→ Sexo feminino
Amenorreia em mulheres pós-menarca (ausência de
*Em meninos é mais comum em indivíduos
pelo menos três ciclos menstruais consecutivos)
com história familiar de anorexia e geralmente
com envolvimento com álcool TRATAMENTO
→ Raça branca Interdisciplinar – nutricionista, psicólogo e médico;
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Geralmente são prescritos antidepressivos, mas QUADRO CLÍNICO


depende do quadro do paciente (sertralina e
escitalopram – depressão + ansiedade + compulsão)

Hospitalização, psicoterapia individual de grupo e


familiar em casos mais avançados;

Cuidados: o paciente deve ser pesado diariamente no


início da manhã após esvaziar a bexiga – a ingestão
diária de líquidos e o volume urinário devem ser
registrados

Obs: Em pacientes anoréxicos hospitalizados, a taxa de


morte é de 10%, sendo geralmente por inanição,
suicídio ou desequilíbrio eletrolítico
Como a bulimia purgativa é mais frequente, os sinais
BULIMIA mais comuns são:
Grego boul (boi) ou bou (grande quantidade), e lemos Sinais de Russel (indução do vômito)
(fome)
Destruição das peças dentárias (ácido)
Caracteriza-se por grande ingestão de alimentos com
sensação de perda de controle (compulsão). Devido à Lesões do palato (indução do vômito)
grande ingesta compulsiva de alimentos, o paciente
passa a recorrer a métodos compensatórios
inadequados para controle do peso, induzindo
vômitos, dietas e uso de medicamentos.

Pode ser classificada de acordo com a forma de


compensação:

 Não purgativa
→ Prática de atividade física intensa ou jejuns
 Purgativo
→ Indução do vômito ou abuso de laxantes e
diuréticos

PERFIL DIAGNÓSTICO
Mais comum no final da adolescência ou início da fase 1) Episódios recorrentes de compulsão
adulta; alimentar que pode ser caracterizada por:
a) Comer, em um período de duas horas,
1 a 3% entre mulheres adolescentes adultas jovens grande quantidade de alimentos
Muito ligadas a profissões onde o controle do peso é b) Sentimento de perda de controle
maior do que na população em geral, como atletas e alimentar durante o episódio
modelos 2) Comportamento compensatório para
prevenir o ganho de peso: vômitos
Personalidade – impulsividade, ansiedade, altos níveis autoinduzidos, abuso de laxantes, diuréticos,
de exigência e pouca capacidade de expressar emoções enemas ou outras drogas, jejum ou exercícios
excessivos
3) A compulsão alimentar e comportamentos
compensatórios ocorrem duas vezes por
semana, por, pelo menos três meses
4) Preocupação excessiva com a forma corporal
e peso
5) O distúrbio não ocorre durante os episódios
de anorexia nervosa
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TRATAMENTO 57% da população encontra-se com excesso de


Interdisciplinar – nutricionista, psicólogo e médico peso e 20,8% tem obesidade (PNS, 2013)

A hospitalização é necessária quando a compulsão Custo global de obesidade para o SUS é de


periódica está fora de controle, quando o atendimento quase 500 milhões/ano
ambulatorial não funciona e quando há tendência
22,5% das crianças apresentam excesso de
suicida ou de abuso de substâncias
peso e 14,3% obesidade (IBGE, 2008-2009)
Medicamentos antidepressivos podem reduzir a
O refrigerante é um dos alimentos mais
compulsão periódica e as purgações
consumidos pelos jovens – 45% (ERICA, 2016)
independentemente da presença de um transtorno de
humor 25,5% dos adolescentes de 12 a 17 anos estão
com excesso de peso e 8,4% estão obesos (ERICA,
DIFERENÇAS CLÍNICAS ENTRE ANOREXIA E BULIMIA
2016)
 Anorexia
→ Muito magras FATORES QUE INFLUENCIAM A OBESIDADE
→ Perfeccionistas - Período de transição nutricional no Brasil – a
→ Medo de mudanças população passou a ter maior acesso à alimentos,
→ Não costumam comer entretanto não houve orientação quanto ao valor
 Bulimia nutricional deles
→ Não são tão magras - Sedentarismo
→ Menos organizadas
→ Impulsivas - Globalização
→ Atração para o novo ETIOLOGIA
→ Crises de compulsões alimentares Complexa interação entre:
Ambos os perfis apresentam distorção da imagem → Fatores genéticos ou endócrinos e metabólicos
corporal, fobia de ganho de peso e alterações nas *É o principal fator do desenvolvimento de
sensações internas. Entretanto, a distorção da imagem resistência à insulina e diabetes tipo II
corporal é mais frequente na anorexia.
→ Fatores externos – dieta, comportamental e
COMORBIDADES PSIQUIÁTRICAS ASSOCIADAS AOS ambiental
TRANSTORNOS ALIMENTARES
FISIOPATOLOGIA
Abuso e dependência de álcool e outras drogas (12 a
Aumento da gordura visceral
40%)

Síndromes depressivas (50 a 75%)
Aumento dos ácidos graxos livres, menor ação das
Transtornos ansiosos, como fobia social e transtorno
adipocitinas, aumento das leptinas e acúmulo do
obsessivo compulsivo (15 a 35%)
gasto energético
Transtornos de personalidade (40 a 75%)

OBESIDADE Predisposição a resistência insulínica, aterosclerose,
Trata-se de uma doença multifatorial, caracterizada efeito pró-inflamatório, aumento do fator de necrose
por um acúmulo de tecido gorduroso provocado por tumoral (TNF-α) e interleucina (IL-6)
desequilíbrio nutricional associado ou não a distúrbios
genéticos ou endócrinos-metabólicos. Obs: TNF e IL-6 atuam mediadores da resistência à
insulina e na oxidação do LDL, favorecendo a
O adolescente obeso, na maioria das vezes, foi uma aterosclerose.
criança obesa ou com sobrepeso.
CRITÉRIOS PARA A SÍNDROME METABÓLICA NA
OMS – 58% da população da América Latina está com CRIANÇA E NO ADOLESCENTE
excesso de peso e 23% está obesa; A resistência à insulina causa a síndrome metabólica.
Brasil – A prevalência de excesso de peso triplicou nos
últimos 20 anos (IBGE, 2008-2009)
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SINAIS CLÍNICOS

ACANTOSE NIGRICANS

DIAGNÓSTICO
→ Medir altura
→ Medir peso
→ Calcular o IMC (IMC=P/A2)
→ Registrar o IMC em tabela

PREVENÇÃO E TRATAMENTO
Apoio multiprofissional – médico, nutricionista,
psicólogo, educador físico;

Dieta e atividade física;

Avaliar necessidade de tratamento farmacológico e


procedimento cirúrgico.

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