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e-cadernos CES 

36 | 2021
Periferias urbanas: transformações e ressignificações

Periferias urbanas moçambicanas e a sua nova


paisagem
Mozambican Urban Peripherals and Their New Landscape

Joaquim Miranda Maloa

Edição electrónica
URL: https://journals.openedition.org/eces/6845
ISSN: 1647-0737

Editora
Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra
 

Refêrencia eletrónica
Joaquim Miranda Maloa, «Periferias urbanas moçambicanas e a sua nova paisagem», e-cadernos CES
[Online], 36 | 2021, posto online no dia 02 maio 2022, consultado o 02 maio 2022. URL: http://
journals.openedition.org/eces/6845
e-cadernos CES, 36, 2021: 149-164

JOAQUIM MIRANDA MALOA

PERIFERIAS URBANAS MOÇAMBICANAS E A SUA NOVA PAISAGEM

Resumo: Este artigo procura mostrar como a nova paisagem entra nas periferias
urbanas moçambicanas. As paisagens das periferias urbanas moçambicanas foram,
durante muitos anos, caracterizadas como sendo constituídas por habitações precárias,
chamadas na geografia urbana moçambicana de “cidades de caniço” em oposição ao
centro, considerada “cidade de cimento”. Atualmente, a paisagem da periferia está
ganhado uma nova ressignificação histórica e conceitual face à instalação de novos
empreendimentos habitacionais, que vão substituindo a paisagem de “cidade de caniço”
pela “cidade de cimento”, com intensificação de autoconstruções de blocos e tijolos, que
substituí, por um lado, as habitações que outrora eram de caniço, paus e adobe (matopé
ou barro) e por outro, implantados novos empreendimentos habitacionais. Transpondo o
paradigma de dualidade da paisagem, “cidade de cimento” versus “cidade de caniço”, em
voga nas décadas de 1960 e 1990.
Palavras-chave: cidade de caniço, cidade de cimento, Moçambique, paisagem,
periferias urbanas.

MOZAMBICAN URBAN PERIPHERALS AND THEIR NEW LANDSCAPE

Abstract: This article seeks to show how the new landscape enters the Mozambican
urban peripheries. The landscapes of the Mozambican urban peripheries were for many
years characterized as consisting of precarious housing, the so-called in Mozambican
urban geography of “reed city” as opposed to the centre, considered a “cement city”.
Currently, the landscape of the periphery is gaining a new historical and conceptual re-
signification due to the installation of new housing projects, which are replacing the
landscape of the “reed city” with that of “cement city”, with increasing numbers of self-
constructions made of blocks and bricks, which participate in the regeneration of the
periphery, which on one hand, replaces the houses that were once made of reeds, sticks
and adobe (matope or clay) and on the other, implements the new housing
developments, transposing the paradigm of the duality of the landscape, “cement city”
versus “reed city”, in vogue from the 1960s to 1990s.
Keywords: cement city, landscape, Mozambique, reed city, urban peripheries.

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Joaquim Miranda Maloa

INTRODUÇÃO
Este artigo procura mostrar como a nova paisagem entra nas periferias urbanas
moçambicanas. Para a Geografia, a paisagem corresponde a taxionomias de
tonalidades que sintetizam a descrição e a explicação dos territórios. É por isso que
nos estudos dos territórios a paisagem é adjetivada de rural, urbana, industrial, natural,
florestal, etc. (Domingues, 2019). A paisagem descreve também os traços dominantes
que se destacam numa realidade geográfica. Segundo Domingues (ibidem), longe das
regras compositivas da arte, da diversidade das estéticas ou das idealizações
paisagísticas da pintura ou da literatura, a paisagem tornou-se um objeto científico de
análise fundamental para o geógrafo. Produto das interações biofísicas e das
dinâmicas de transformação social, a paisagem corresponde ao visual do território, a
uma espécie de marca permanentemente mutável do que que vai acontecendo
através das formas de territorialização da sociedade.
Mudam-se os tempos, mudam-se as realidades e, por isso, mudam-se as
paisagens. É escusado confiar em tipologias demasiado estáticas e rigorosamente
definidas, porque o mais certo é que a aceleração das dinâmicas de transformação
social nos dará novidades constantes Por isso, atualmente a paisagem das periferias
urbanas moçambicanas está ganhando novas ressignificações históricas e conceituais
face à instalação de novos empreendimentos habitacionais que vão substituindo a
paisagem de “cidade de caniço” por “cidade de cimento”. Neste artigo, o termo
periferia deve ser entendido, como afirma Domingues (1994: 5), como aquela área da
cidade que situa-se em torno do centro. Para este autor,

Os conceitos de periferia urbana e de subúrbio banalizaram-se de tal forma que


é hoje difícil encontrar uma definição clara e consensual desses conceitos. Não
admira que assim seja. Esses conceitos são usados normalmente de uma forma
negativa e relativizada, isto é, por contraposição a um centro [...]. O subúrbio é
uma das variantes da condição periférica, normalmente contextualizada num
padrão de urbanização que atingiu uma escala dimensional alargada. O conceito
é, por isso, estranho à cidade de escala reduzida. (ibidem)

Com vista a explicar como se está dando o processo da passagem da paisagem


das periferias urbanas moçambicanas da “cidade de cimento” para a “cidade de
caniço”, recorremos a diversas fontes para documentar transformações urbanas.
Emprestado as palavras de Domingues (2019), pretende-se, construir uma chave de
interpretação da realidade urbana das periferias moçambicanas que muda ao longo do
tempo.

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As periferias urbanas moçambicanas e a sua nova paisagem

Este artigo está dividido em três partes: a primeira apresenta formações das
periferias urbanas que dão origem à paisagem dual de “cidade de cimento” versus
“cidade de caniço”; a segunda debruça-se sobre a expansão das periferias urbanas
das áreas suburbanas para as periurbanas; e na terceira e última parte evidenciam-se
as transformações que estão a decorrer nas periferias urbanas, com novos
empreendimentos nas paisagens com novas ressignificações.

1. A FORMAÇÃO DAS PERIFERIAS URBANAS: A ORIGEM DA PAISAGEM DUAL – “CIDADE DE


CIMENTO” VERSUS “CIDADE DE CANIÇO”

A formação das periferias urbanas foi certamente resultado de vários períodos de


formação socioespacial, que vão desde a fixação do colonialismo português (de 1505
a 1907) à ocupação efetiva do território que conhecemos hoje de Moçambique
proposta pela Conferência de Berlim (de 1907 a 1930), e ao fascismo econômico do
Estado Novo (de 1933 a 1973), conhecido na historiografia moçambicana como o
período do colonialismo tardio.
Maloa constata – nos artigos intitulados “A origem da urbanização moçambicana:
exploração histórica para o debate sobre a sua gênese” (2013a) e “A gênese da
urbanização dual em Moçambique: explorações histórica para o debate da sua origem”
(2013b) – que o advento da periferia urbana, em especial a chamada na geografia
urbana moçambicana de “cidade de caniço”, surge entre os séculos XV-XVII e
consolida-se na década de 1930 com o desenvolvimento mais amplo do modo de
urbanização colonial conhecido como período do colonialismo tardio, impulsionado
pelo rápido crescimento da população colonial. Seguem-se alguns exemplos desse
crescimento da população: em 1940 era de 27 438 habitantes; em 1950 era de 48 213;
em 1955 era de 65 798; em 1960 era de 97 245; em 1970 era de 162 967; e em 1973
chegou aos 190 000 habitantes (Castelo apud Maloa, 2016).
O crescimento da população colonial no espaço urbano permitiu a formação das
cidades de paisagem dual: “cidade de cimento”, como o espaço do colono1 e o seu
entorno, “cidade do caniço”, como o espaço do colonizado (Fernandes e Mendes,
2012; Maloa, 2016). Assim, quando surgiu a necessidade de expansão da urbe, os
negros foram remetidos para as áreas mais afastadas (Fernandes e Mendes, 2012).
Por exemplo, em 1940, a planta de Lourenço Marques (atual Maputo), assumia as
periferias urbanas como espaços provisórios de reprodução da “cidade de cimento”
(Maloa, 2016).

1 Xilunguine, a cidade dos valungos, ou seja, dos “senhores” em línguas nativas, como ronga, changana e
xítsua (cf. Honwana, 2016).

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Joaquim Miranda Maloa

O crescimento da “cidade de cimento” – ou, para falar como Maria Clara Mendes
(1979), da “cidade branca” – dependia cada vez mais do trabalho negro para dar vida
à “cidade colonial”, principalmente em trabalhos precários que iam desde
empregadas/os domésticas/os, serventes dos restaurantes, estivadores, ajudantes,
carregadores, funcionários públicos de baixo escalão, etc. Como diz Penvenne (2012:
175), estes “não eram cidadãos nem mesmo, apenas pessoas”. Isto faz lembrar a
famosa doutrina Sallard da década de 1920, na África do Sul, que estipulava que os
negros estavam autorizados nas cidades dos colonos na medida em que serviam às
necessidades dos brancos. Como fica patente na poesia “Patrão”, de Noémia de
Sousa, a autora denuncia a experiência histórica do trabalho nos espaços urbanos, no
regime colonial:

Ah patrão, eu levantei
Esta terra mestiça de Moçambique
Com a força do meu amor,
Com o suor do meu sacrifício, com os músculos da minha vontade!
Eu levantei-a, patrão!
Pedra por pedra, casa por casa,
Árvore por árvore, cidade por cidade,
Com alegria e com dor!
Eu a levantei!
Se teu cérebro não me acredita,
Pergunta à tua casa quem fez cada bloco seu,
Quem subiu aos andaimes,
Quem agora a limpa e a põe tão bonita,
Quem a esfrega e a varre e a encera...
Pergunta ainda às acácias vermelhas e sensuais
Como os lábios das tuas meninas,
Quem as plantou e as regou,
E, mais tarde, as podou...
Pergunta a todas essas largas ruas citadinas,
Simétricas e negras e luzidias,
Quem foi que as alcatroou,
[...].
Pergunta quem morre no cais
Todos os dias - todos os dias!
[...].

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As periferias urbanas moçambicanas e a sua nova paisagem

E tu bates-me, patrão meu!


Bates-me...
E o sangue alastra e há de ser mar.
Patrão, cuidado,
Que um mar de sangue pode afogar
Tudo... até a ti, meu patrão!
Até a ti...
(Sousa, 2016: 70 -72)

Como sabemos, neste período o Estado colonial português estimulava a presença


dos negros colonizados nas zonas urbanas, como funcionários, enfermeiros,
escriturários, empregados domésticos e dos baixos escalões do comércio e da
indústria. Isto acontecia porque estes moravam nas periferias em diversos tipos de
palhotas e em casas de madeira e zinco. Este último tipo de casa foi mais
predominante nos subúrbios de Maputo (antiga Lourenço Marques) a partir da década
de 1930, quando a cidade recebeu um novo revestimento em “cimento”. O zinco e
madeira provinham do desmantelamento das casas com esses materiais da zona
urbana, que acabavam por serem vendidos às famílias negras com pequenas posses
das zonas suburbanas reproduzindo os modelos coloniais. Nessas circunstâncias, o
caniço passou a ser essencialmente utilizado para demarcar o espaço dos quintais à
volta das casas. A construção típica era de barraca de quarto e sala, a casa de “uma
água” – designação que reflete o número de caimento do teto (Hunguana, 2017).
Dentro deste contexto, a casa de alvenaria era miragem distante, era parte da
outra cidade, dos colonos, onde os colonizados iam ganhar o sustento “mas só
podia[m] lá permanecer, quando empregado doméstico, na pequena dependência do
fundo do quintal” (ibidem: 25). Mesmo o Plano geral de urbanização de Lourenço
Marques (1955: 10) descrevia da seguinte forma os negros: “[…] os indígenas […]
vivem das necessidades sempre crescentes do núcleo urbano. São serviçais
domésticos, trabalhadores do porto ou dos caminhos de ferro e assalariados nos
serviços do Estado ou municipais”. De uma forma resumida, foram os verdadeiros
exércitos de reserva de mão de obra barata, “fonte de mão de obra da cidade” (Morais,
2001: 150), ou seja, verdadeiras/os obreiras/os da produção material da cidade
colonial. Ou seja, foram os negros que trabalharam compulsivamente para a
modernização de Moçambique.
A formação das periferias urbanas foi acompanhada pelo menos por quatro
fatores: i) a intensificação das barreiras raciais; ii) a modernização da urbanização; iii)
o aparecimento dos arranha-céus e; iv) o aumento da população colona (Maloa, 2016).

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Joaquim Miranda Maloa

A presença maciça da população colona forçava os colonizados a procurarem a


cidade como uma forma alternativa de ter acesso ao trabalho assalariado para pagar o
imposto que crescia cada vez mais, principalmente com a reorganização dos impostos
aplicáveis à população negra em 1942,2 que defendia que as cobranças seriam
definidas pela capitação de rendimentos. As mulheres e os homens de 18 anos de
idade impossibilitados por deficiência eram obrigados a pagar o imposto reduzido
(Maloa, 2016).
A formação das periferias urbanas foi também incentivada pela fuga da população
rural causada pela intensificação da exploração no campo. Desta forma, “A Cidade de
Lourenço Marques, tornou-se um dos principais destinos” da população rural que
morava ao seu redor (Silva, 2011: 75) – principalmente para os Xitswas, Xirongas,
Gitongas, Cichopis e Xichanganas, que tiveram a possibilidade de migrar para
Lourenço Marques à procura de trabalho.3
A intensificação da população negra em Lourenço Marques reforçou a segregação
urbana (Morais, 2001). Iniciou-se assim um novo processo em que o governo colonial
considerava a concentração dos negros nas periferias urbanas como uma ameaça
pesada, suja e feia que descaracterizava a cidade, conforme o espírito racista da
época. Considerava-se que havia excesso de gente negra em Lourenço Marques,
improdutiva, sem trabalho, agitadora, nociva e perturbadora do equilíbrio social
(Mendes e Fernandes, 2012), como mostram as descrições do Plano geral de
urbanização de Lourenço Marques (1955: 116):

Os indivíduos que correm periodicamente à cidade para prestarem serviço


acidental têm de ser acomodados. Em geral são indígenas não civilizados
provenientes de todas as regiões da província, muitos dos quais entram pela
primeira vez em contacto direto com a civilização. Para os eventuais, que
convém isolar, é fixada uma área privativa dentro das unidades de vizinhança de
indígenas que habitam a cidade.

O aumento da população negra aumentou a preocupação da administração


colonial e levou-a a criar bairros oficiais para os negros, os chamados bairros
indígenas, como estratégia securitária e higienista (Rocha, 1991; Forjaz et al., 2006;
Fernandes e Mendes, 2012; Mendes, 2013). Os bairros eram uma forma de

2 A Circular 818/D7, emitida pelo Governador-Geral José Tristão de Bettencourt a 7 de Outubro de 1942,
introduziu novos regulamentos de identificação da população negra, como forma de resolver a falta de
mão de obra nas plantações e coleta de imposto.
3 Por exemplo, em 1940 existiam 45 070 indígenas na cidade (Plano geral de urbanização de Lourenço

Marques, 1955).

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As periferias urbanas moçambicanas e a sua nova paisagem

regulamentar as entradas dos negros no núcleo urbano. Assim, tornava-se urgente


controlar a fixação deles nas áreas próximas à “cidade de cimento”, o que viria a
acontecer em Lourenço Marques na década de 1940, com a reserva de áreas em
torno do núcleo para a fixação dos bairros indígenas (Mendes, 2011) como forma de
aproveitar os equipamentos de proximidade (escola primária, posto sanitário, mercado,
etc.).
O Governo pretendia integrar apenas a população negra assimilada (Mendes e
Fernandes, 2012). Por exemplo, em 1945 havia 1845 assimilados de um total de
5 030 179 indígenas urbanos e de 58 270 não indígenas – “europeus, amarelos,
indianos e mistos” (Plano geral de urbanização de Lourenço Marques, 1955). Destes
podemos destacar ainda o crescimento da população indígena de Lourenço Marques
que, em 1950, estimava-se que haveria na cidade 55 046 indígenas, contrastando com
o número de não indígenas, estimado em cerca de 37 000 indivíduos (Ayres, 1954).
O crescimento da população indígena e das periferias permeou os relatórios dos
planos de urbanização, que reforçava a ideia de intervenção nas periferias que se
expandiam com uma ocupação desordenada. A reforma da periferia levou uma
roupagem eugenista, com práticas de seleção de alguns negros, os ditos “civilizados”
ou “assimilados” (Plano geral de urbanização de Lourenço Marques, 1955). Os bairros
desses “assimilados” poderiam sofrer uma melhoraria na estética (Regulamento geral
de salubridade urbana e regulamento de estética urbana, 1943) e localizavam-se
muitas das vezes nos interstícios (fronteiras de transição entre o núcleo e a periferia).
O governo colonial acreditava que a solução para a sociedade urbana era a
divisão entre bairros de negros e bairros de brancos. Esta forma de organização e
segregação urbanas estava bem definida em 1930: “[...] Duas áreas distintas, quer do
ponto de vista construído quer do ponto de vista social: uma, pelos seus padrões de
urbanização designada por ‘cidade branca’, ‘cidade de cimento’ ou ‘área dita
urbanizada’; outra – o caniço – sem infraestrutura urbana [...]” (Mendes, 1979: 13), ou
seja, “ausente de infraestrutura, com um caráter semi-rural e desprovida de legalidade”
(Zilhão, 1939: 18).
Até 1975, período da independência nacional, as cidades moçambicanas já
estavam formadas em paisagens duais – “cidade de cimento” versus “cidade de
caniço”. Como escreveram Lopes et al. (2007), a natureza discriminatória do sistema
colonial determinou, para a maior parte das cidades africanas, uma morfologia dual
que se assentava num núcleo urbanizado e planificado, a “cidade branca”, envolvida
por cinturões não planificados onde se estabelecia, com caráter provisório e em
condições precárias de habitabilidade, a população africana, atraída pela
monetarização introduzida pelo sistema colonial – “a cidade indígena”.

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Joaquim Miranda Maloa

2. A EXPANSÃO DAS PERIFERIAS URBANAS: DAS ÁREAS SUBURBANAS PARA PERIURBANAS


Até 1975, período da independência nacional, grande parte das periferias urbanas
situavam-se na área suburbana, próximo ao centro urbano e, nas décadas
subsequentes, cresceram para espaços mais distantes do centro, para a chamada
área periurbana. A geógrafa portuguesa Maria Clara Mendes afirmou que “após a
independência e a despeito da permanência do quadro arquitetônico e duma estrutura
construída inalterada, o espaço urbano sofreu uma mutação social profunda, a maior
que conheceu ao longo da sua história” (Mendes, 1979: 476). O mesmo argumento foi
também partilhado pelo geógrafo moçambicano Manuel G. Mendes de Araújo, ao
afirmar que as transformações ocorridas na urbanização moçambicana pós-colonial

[...] não eliminaram a dualidade económica, social e de organização territorial,


pois a principal alteração foi apenas demográfica, com as consequências daí
decorrentes. A “cidade de cimento” mantém-se com as mesmas características,
mas mais degradada em termos de infraestruturas e serviços. Ela apenas deixou
de ser “branca”, mas não deixou de segregar a área suburbana [a “cidade de
caniço”]. Esta, por seu lado, manteve, e até agudizou, as características de
precariedade e de espaço excluído, mas, ao mesmo tempo, adquiriu outras
facetas resultantes do impacto dos fluxos migratórios que mais adiante se
apresentarão. (Araújo, 2003: 170)

Sobre a permanência da dualidade urbana nos anos pós-independência, Honwana


(2017: 36), esclarece que “o novo poder nunca fez um reconhecimento expresso da
importância política e valor simbólico da cidade no processo de reconstrução nacional
embora a conquista das cidades fosse sempre vista em termos estratégicos como o
estágio final do combate libertador”.
Em Moçambique, as décadas de 1970, 1980 e 1990 foram caracterizadas pela
ocorrência de fatores conjunturais adversos (guerra civil e calamidades naturais) que
alteraram o desenvolvimento normal da distribuição territorial da população a partir dos
centros urbanos (Araújo, 2003). Só para se ter uma ideia, as estatísticas oficiais
indicam que, entre 1970 e 1980, as migrações campo-cidade atingiram índices de
8,5% por 1000 habitantes. As cidades que apresentaram saldos migratórios positivos
mais acentuados foram as de Nampula, com 249%; Nacala, com 218%; Chimoio, com
220% e Maputo cidade, com 134% (ibidem).
Este fenômeno inverteu o sentido da expansão urbana, com todas as
consequências sociais, econômicas e ambientais daí decorrentes. Isto sucedeu,
segundo Araújo (ibidem), porque os fatores conjunturais referidos tornaram o meio

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As periferias urbanas moçambicanas e a sua nova paisagem

rural extremamente repulsivo e os espaços urbanos adquiriram valores atrativos,


hipervalorizados, com fortes diferenciações sociais, culturais e económicas – e com
tamanho, densidade, qualidade construtiva, grau de legalidade, situação de risco e
nível de integração diferenciados (Jorge e Melo, 2013; Maloa, 2016).
A expansão das periferias urbanas, da área suburbana para a periurbana, para
além de ser caraterizada por uma urbanização demográfica, foi acompanhada pela
reclassificação urbana e “migração forçada” causadas pela guerra civil (1977-1992)
(Maloa, 2016).
A guerra civil teve um peso significativo na expansão das periferias urbanas,
principalmente entre o período de 1981-1985, quando o conflito armado tornou-se a
maior preocupação com a segurança (Graham et al., 1991). A maioria dos deslocados
foram residir nas áreas periurbanas, em habitações precárias, destituídas de serviços
e de infraestrutura social e física. Muitos deslocados que chegavam nas áreas urbanas
tinham impossibilidade de morar no centro e escolhiam os espaços vazios das áreas
periurbanas, onde construíram habitações frágeis (Lopes et al., 2007).
Nas décadas de 1970-1990, a periferia da cidade de Maputo foi o lugar para onde
migrou grande parte da população de baixa renda do país, que não conseguiu manter
suas moradias nas áreas mais valorizadas; por exemplo, em 1970 o centro da cidade
cresceu 26,8% e as periferias 73,2%, em 1980 o centro cresceu 24,3% e as periferias
75,7%, e em 1991 o centro cresceu 18,1% e as periferias 81,9% (Forjaz et al., 2006).
O crescimento urbano resultante desse intenso crescimento demográfico se fez,
em grande parte, fora da lei (sem levar em conta a legislação urbanística de uso e
ocupação do solo e código de obras), sem financiamento público (ou ignorado pelas
políticas públicas) e sem recursos técnicos (conhecimento técnico de engenharia e
arquitetura). Sem alternativas, a população se instalou como pôde com seus parcos
recursos e conhecimentos (Carrilho e Lage, 2009; Maloa, 2019).
Como consequência do crescimento acelerado da população urbana, verificou-se
um aumento do mercado de terra na área periurbana por processo informal, o que
acabou por ruralizar a área (Akiyama, 2008). Como assegura Raposo e Salvador
(2007: 115), nas áreas periurbanas, “os padrões de vida dos habitantes [...] afastam-se
das referências rurais, mas também não seguem os citadinos dos bairros centrais”.

3. AS TRANSFORMAÇÕES DAS PERIFERIAS URBANAS DO “CANIÇO” PARA “CIMENTO”:


NOVAS PAISAGENS E NOVAS RESSIGNIFICAÇÕES

As paisagens das periferias urbanas moçambicanas foram durante muitos anos


caracterizadas como sendo constituídas por habitações de “caniço”, mas essas
paisagens começaram a se transformar nos anos 2000, com o financiamento e

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Joaquim Miranda Maloa

constituição do sistema financeiro para a indústria de construção imobiliária, privada


de capital nacional e internacional. Como consequência, sabemos que a urbanização
moçambicana pós-colonial contou com algumas soluções acomodatícias estatais para
o problema habitacional dos altos funcionários do Estado e para um grupo com poder
aquisitivo em ascensão. Estes tornaram-se, a partir dos anos 2000, o símbolo do
consumo da máquina imobiliária (Maloa, 2016).
Segundo Maloa (ibidem), a partir desse mesmo ano houve o surgimento de muitas
empresas de construção civil, que configuraram a indústria de construção imobiliária.
Numa época em que a urbanização se intensificava e o mercado de trabalho com altos
valores salariais se formava, muitos estrangeiros entravam em Moçambique para
trabalhar nas grandes corporações, incrementando a circulação de capitais. O país
fomentava confiança nos investidores estrangeiros, pois já havia passado quase dez
anos desde a guerra civil. Nessa fase deu-se a passagem do aluguel rentista dos
imóveis no centro urbano para a promoção imobiliária rentista para os condomínios
nas periferias (Topalov, 1974).
Atualmente, a paisagem da periferia está ganhando uma nova ressignificação
histórica e conceitual face à instalação de novos empreendimentos habitacionais, que
vão substituindo a paisagem de “cidade de caniço” pela “cidade de cimento”. Nesse
contexto de reestruturação urbana e socioespacial, tanto nas áreas suburbanas e
periurbanas estão a sofrer transformações, e a produção em massa dos condomínios
fechados, horizontais ou verticais, em Moçambique, está intimamente articulada a uma
população com poder aquisitivo.
O surgimento de condomínios nas periferias está associado ao processo de
atuação de capitais globalizados: corporações, bancos e empresas nacionais em
aliança com o grande capital multinacional. Assim sendo, a paisagem da periferia está
se alterando por um grupo que já possuía uma posição econômica favorável. O
consumo dos condomínios depende de capital intensivo para a sua construção e do
assalariamento dos moradores para pagar as prestações do apartamento ou casa que
adquiriram por meio de créditos bancários (Maloa, 2020).
A instalação desses condomínios nas periferias urbanas está sendo efetuada de
forma dispersa nas áreas periurbanas, enquanto que casas de alto padrão estão
substituindo algumas residências de “caniço” nas áreas suburbanas e periurbanas. O
grande fluxo de transformações que ocorrem na paisagem das periferias urbanas é
causado por autoconstruções habitacionais, estimulado por pequenas quantias que os
moradores trabalhadores e desempregados têm para construir uma habitação de
cimento ou transformar as “casas de caniço”, em “casa de cimento”. Essa
transformação não contribui para a criação de um mercado imobiliário, ao contrário da

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As periferias urbanas moçambicanas e a sua nova paisagem

construção de condomínios que depende dos fluxos de capitais estrangeiros e tem


criado grande impacto nas transformações intensivas das paisagens das periferias
moçambicanas. Essas transformações vão colocando novos problemas ao
pensamento crítico sobre o espaço urbano e aos estudos sobre financeirização, numa
época onde o direito à infraestrutura e os serviços urbanos enfrentam novos desafios,
para que grande parte da população que reside na periferia faça jus ao direito à cidade
(Souza, 2012). O direito ao acesso à infraestrutura e aos serviços urbanos –
principalmente o acesso a transporte público, energia elétrica, água canalizada – deve
ser reconhecido pelo Estado como um direito e um compromisso irrestritos.
A urbanização moçambicana está longe de conduzir uma integração da periferia,
segundo Oppenheimer e Raposo (2007). As transformações excludentes das
paisagens das periferias urbanas mostram uma fraca autonomia financeira, fraco
capital para investimento público ou privado, fraca base tributária (impostos e taxas),
etc. O aumento de investimento de capital privado e não estatal na produção de
habitação social cria uma seletividade residencial, marcado pelo condicionalismo no
financiamento imobiliário, como: ter um salário ou rendimento regular, auferir níveis de
rendimentos elevados compatíveis com os encargos do financiamento, pagamento de
seguros de vida, entre outros requisitos (Maloa, 2016; Silva, 2011).

O capital transforma os espaços que encontra em espaços de produção e


acumulação […]. É próprio deste modo de produção criar, destruir e recriar
novas bases, espaços e condições para sua expansão, construindo e alargando
mercados e horizontes ampliados para a valorização. (Fix, 2011: 198).

Como aponta Fix (ibidem: 3), a “vinculação do mercado de terras ao mercado de


capitais é uma característica do capitalismo financeiro”. Enquanto isso, o valor do solo
urbano aumenta com novos empreendimentos de consumo. Portanto, a indústria da
construção imobiliária gera nas periferias pressão sobre a especulação de terra, pois
motiva os moradores a venderem seus lotes. A situação está provocando migrações
internas, uma vez que os imigrantes constroem nos locais longínquos as suas
moradias em condições precárias.
A lei que rege a construção do condomínio – o Decreto n. 17/20134 – contribui
para o aumento da produção de imóveis, ao mesmo tempo em que amplifica a
especulação imobiliária e seus efeitos, como o estoque de terrenos ou lotes vazios à

4 Decreto n.º 17/2013 de 26 de Abril – Regulamento do Regime Jurídico do Condomínio, estabelece


regras de convivência entre os proprietários e inquilinos de fracções autónomas de um mesmo
condomínio bem como aspectos inerentes a utilização das partes do condomínio.

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espera de serem transformados em mercadoria com base na criação de capital fictício.


Tudo indica, por conseguinte, que o conjunto de mudanças nas paisagens das
periferias urbanas, causadas pelas instalações de condomínios e habitações de
cimento, está provocando aumento de fluxo de empreendimentos de serviços – lojas
comerciais, bancos, caixas eletrônicas e pequenos negócios que se voltam para se
adequar aos interesses dos novos moradores que, por sua vez, justificam o
crescimento dos investimentos privados naquelas áreas.
Para usar as palavras de Fix (2011), guardadas as diferenças entre Brasil e
Moçambique, há no pensamento desses proprietários dos espaços vazios uma
promessa de ganhos no futuro, antecipando o que poderá ser construído nos terrenos
adquiridos, impondo novos obstáculos para o acesso às infraestruturas e serviços
urbanos à população instalada há muito tempo, uma vez que consideram que esta
desestimula o investimento público. Isso também impede o compartilhamento de
infraestruturas e serviços urbanos, ao permitir que os condomínios fechados tenham
autonomia de estabelecerem por si mesmos os equipamentos, tais como bombas de
água, transformadores e geradores de energia, entre outros, deixando de lado a
população carenciada que reside no mesmo espaço.
A transformação atual da periferia não é homogênea, isto é, há diferenças
importantes no espaço habitado. Mas não se pode mais falar de uma dualidade, como
anteriormente se fazia na geografia urbana moçambicana, pois a expansão dos
condomínios e casas de cimento nas periferias, desde os anos 2000, representa um
hibridismo na paisagem.

CONCLUSÃO
A história da transformação das periferias urbanas tem início no início da década de
1990, como mencionamos, com o primeiro esforço de valorização do espaço urbano
periférico para construção de casa própria e o surgimento da indústria de construção
imobiliária privada – a partir de capital nacional e internacional –, principalmente a
incidir nas áreas urbanas de Moçambique nos anos 2000 como modelo de
financiamento e constituição do sistema financeiro imobiliário. Como sabemos, a
urbanização moçambicana pós-colonial contou com algumas soluções acomodatícias
estatais para o problema habitacional dos altos funcionários do Estado e para um
grupo com poder aquisitivo em ascensão. Nos anos 2000 houve o surgimento de
muitas empresas de construção civil que passaram a configurar a nova paisagem das
periferias urbanas moçambicanas, com intensificações de construções habitacionais
convencionais de blocos e tijolos, participando na regeneração da periferia –

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As periferias urbanas moçambicanas e a sua nova paisagem

substituindo, cotidianamente, as habitações que outrora eram de caniço, paus e adobe


(matopé ou barro).
As paisagens das periferias urbanas moçambicanas foram durante muitos anos
caracterizadas como sendo constituídas por habitações precárias, chamadas na
geografia urbana moçambicana de “cidade de caniço” em oposição ao centro,
considerada “cidade de cimento”. Atualmente, a paisagem da periferia está ganhando
uma nova ressignificação histórica e conceitual face à instalação de novos
empreendimentos habitacionais, que vão substituindo a paisagem de “cidade de
caniço” pela “cidade de cimento”.
Em suma, essas novas ressignificações e transformações do espaço não são
homogêneas, isto é, algumas características se mantiveram ao longo dos anos, como
é o caso das desigualdades sociais e econômicas que, no entanto, se expressam
através de alterações geográficas e modificações da paisagem, onde notamos
também a expansão dos condomínios e casas de cimento nas periferias, impulsionada
pela exploração imobiliária que invade e atravessa os espaços da periferia na
contemporaneidade. Desta forma, não é possível falar mais de uma dualidade espacial
na paisagem urbana de “cidade de cimento” versus “cidade de caniço”, tal como era
feita a caracterização do processo de urbanização nos anos 1975-1990.

Revisto por Alina Timóteo

JOAQUIM MIRANDA MALOA


Departamento de Geociências, Universidade Rovuma
Extensão de Niassa, Nangala, caixa postal n.° 4, Niassa – Lichinga, Moçambique
Contacto: joaaquimmaloa@gmail.com
ORCID: http://orcid.org/0000-0002-9277-2133

Artigo recebido a 16.04.2021


Aprovado para publicação a 19.01.2022

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