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Urbanismo de Baixa Complexidade

Encontro 2

Profa. Larissa Fontoura


2023
Atualização no esquema de pontuações da
disciplina

Incentivo a quem participar do trote


solidário

500 pontos em Atividade Formativa

Enviar comprovante de doação para


larissa.fontoura@kroton.com.br
Sistema de Avaliação

1º Bimestre:
Atividades Formativas 1: 5 resumos (200 cada = 1000 pontos)
Avaliação Oficial 1: prova (1000 pontos)

2º Bimestre:
Atividades Formativas 2: atividade 1 (1000 p.) + atividade 2 (1.000 p.) +
trote solidário (500 p.)
Avaliação Oficial 2: projeto (4.000 pontos)
Cronograma da disciplina

1º BIMESTRE 2º BIMESTRE
28/2 - encontro 1 18/4 - encontro 8
7/3 - encontro 2 25/4 - encontro 9
14/3 - encontro 3 2/5 - encontro 10
21/3 - encontro 4 9/5 - encontro 11
28/3 - encontro 5 16/5 - encontro 12
4/4 - encontro 6 23/5 - encontro 13
11/4 - AVALIAÇÃO OFICIAL 1 30/5 - encontro 14
6/6 - AVALIAÇÃO 2º BIMESTRE

20/6 - 2ª CHAMADA 27/6 - EXAME


Plano de ensino

1ºB 1 | Elementos conceituais e morfológicos do espaço urbano


2 | Levantamento de dados, mapeamentos e análise espacial

● Introdução à definição de urbanismo e de cidade;


● Estruturação da cidade e introdução às definições de escalonamento urbano;
● Introdução aos elementos de morfologia urbana e desenho da forma da cidade.
● Entrega do resumo da Leitura Prévia das aulas 1 e 2;
● Vamos tratar dos seguintes temas:
○ Planejamento urbano x Urbanismo
○ Estruturação da cidade: o processo de formação, a
periferização e centralidade
○ Competência do Estado no parcelamento do solo: âmbito
federal, estadual e municipal
○ Legislação municipal
Introdução

URBANIZAÇÃO
81% da população brasileira vive em cidades
(IBGE, 2000)
Introdução

URBANIZAÇÃO
Produzindo cidades
● A cada década, a cidade vai crescendo,
evoluindo e se transformando
● Solo rural (terra crua) → solo urbano

Como ocorreu no Brasil?


O processo de urbanização

Os quatro primeiros séculos da história da ocupação do território brasileiro:

o Brasil tinha economia Somente a partir do século XX,


predominantemente rural, num processo tipicamente
baseada num regime capitalista, o país se tornou
escravocrata e num sistema que urbanizado
se pautava na exportação de
produtos primários
O processo de urbanização

Litoral Interior

Revolução Industrial séc. XIX


1888 - Abolição da escravatura
Mão de obra livre → urbanização
1891 - Proclamação da República
Consolidação dos centros urbanos

Tratado de Tordesilhas
Fonte: https://es.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Tordesillas
O processo de urbanização
1900

● Migração campo-cidade em busca de trabalho na indústria


● Cidades não estavam prontas para receber tantas pessoas, e
se tornam espelho das desigualdades sociais
● “O Cortiço” – Aluísio Azevedo (1890)

Rio de Janeiro – 1900.


O processo de urbanização
1900
1930
● Pensamento Modernista (na arte, na arquitetura e também no
planejamento urbano)
● Priorização da funcionalidade acima da estética
● Popularização dos automóveis

Ville Radieuse - Le Corbusier. 1924.


O processo de urbanização

● O urbanismo modernista surgiu com o intuito de organizar as


cidades, solucionando parte do caos em que elas se encontravam;
● Casa: máquina de morar
● Cidade: máquina que atende às funções urbanas:
Habitar
Trabalhar
Cultivar o corpo e o espírito (recrear)
Circular
O processo de urbanização
1900
1930
● 1950: urbanização acelerada
1950
● 1957: Lúcio Costa vence o júri internacional com projeto para
Brasília - DF

Plano Piloto de Brasília – Lúcio Costa, 1957.


https://www.bbc.com/portuguese/resources/idt-143f8aa4-dbeb-4f4d-86a8-eeb3b0ac7191
Feita para os carros – resulta em espaços “monumentais, padronizados, vazios e sem vida” (JACOBS, 2011)

https://www.bbc.com/portuguese/resources/idt-143f8aa4-dbeb-4f4d-86a8-eeb3b0ac7191
Moradias “ideais” – nas superquadras, blocos de edifícios padronizados sob pilotis

https://www.bbc.com/portuguese/resources/idt-143f8aa4-dbeb-4f4d-86a8-eeb3b0ac7191
Superquadras - Brasília/DF
O processo de urbanização
1900
1930
● críticas ao Planejamento Urbano Modernista
1950
- Jane Jacobs
1960
- Kevin Lynch
- Gordon Cullen
O urbanismo modernista tratava as funções da cidade
de forma simplista, desconsiderando a complexidade
da vida urbana, do patrimônio histórico, da integração
e inter-relação das funções e atividades humanas, a
importância da formação de redes sociais e valores
afetivos que tanto interferem na vida dos citadinos
(DEL RIO, 1990)
O processo de urbanização
1900
1930
1950
Nova Constituição Federal (1988) trata pela primeira vez do DIREITO À CIDADE
1960
● estabeleceu que, dentre as competências da União está a instituição de
1980
“diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento
básico e transportes urbanos” e que deverão ser compartilhadas com os
municípios “a melhoria das condições habitacionais e de saneamento
básico”

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art182
O processo de urbanização
1900
A CARTA DO NOVO URBANISMO (1996) 1930
Estabelece princípios associados à formação do espaço regional, da cidade, e 1950
do bairro, com a intenção de: 1960
● Organizar sistemas regionais articulando áreas urbanizadas centrais com as
1980
cidades menores em setores bem delimitados do território, evitando a
1990
ocupação dispersa;
● Valorizar a acessibilidade por transportes coletivos;
● Favorecer a superposição de uso do solo como forma de reduzir percursos e
criar comunidades compactas;
● Estimular o processo de participação comunitária, e retomar os tipos do
urbanismo tradicional relativos ao arranjo das quadras e da arquitetura.
https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/07.082/262
O processo de urbanização

Super dimensionado Sub dimensionado


Espraiamento (urban sprawl) Verticalização
Fragmentação Alta densidade

https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/14.164/5106
Cidade dispersa
Urbanização horizontal, normalmente de baixa densidade,
com edificações unifamiliares em grandes lotes, o que
demanda um maior investimento em infraestrutura urbana e
amplia a demanda pelo transporte motorizado individual,
gerando poluição e trânsito.

Cidade compacta
A urbanização verticalizada aproveita melhor as infraestruturas
urbanas existentes, principalmente quando inseridas em áreas
consolidadas. Reduzem o gasto com expansão de infraestrutura
urbana e a tipologia arquitetônica empregada são as edificações
multifamiliares com elevados gabaritos de altura, de forma a
abrigar maior número de pessoas por m².
https://www.theguardian.com/environment/2014/aug/05/just-how-far-will-american-urban-sprawl-spread
VAZIOS URBANOS

Exemplo de vazio urbano na cidade de


Maringá - PR
Imagem aérea da área metropolitana de Portland, EUA, mostrando sua barreira de crescimento urbano bem definida.
Preenchimento dos vazios urbanos antes de expandir mais.
https://caosplanejado.com/o-ideal-da-cidade-compacta-ainda-faz-sentido/
O processo de urbanização
1900
1930
● 81% da população brasileira vivendo em cidades (IBGE, 2000)
1950
● Estatuto da Cidade (2001) Lei Federal nº 10.257
1960
● Instrumentaliza o município para garantir o pleno desenvolvimento das
funções sociais da cidade e da propriedade urbana
1980

● Plano Diretor Municipal – participação popular na tomada de decisões 1990


2000
SANTOS, C. N. F.; VOGEL, A. (coords). Quando a rua vira casa: A apropriação de espaços de uso coletivo em um centro de bairro. 3ª edição. São
Paulo: Projeto, 1985. 149 p.
A estruturação da cidade

Nós vimos que é preciso controlar o processo de urbanização para garantir


o direito de moradia à todos;

Mas será que nós conseguimos organizar o espaço sem interromper o


processo espontâneo de vitalidade urbana, como fizeram os modernistas?

Como ocorre o processo de planejamento de uma cidade?


Cidade x Município

Após entendermos o que é uma cidade, chegou o momento de


compreendermos como se dá sua organização, ou seja, como se
estrutura internamente um município.

A estrutura de um município não é apenas cidade + área rural

urbano rural urbano rural


URBANO x RURAL

“O urbano não para simplesmente e começa o rural, mas eles vazam através um
do outro. Além disso, é possível encontrar espaços em uma cidade que parecem
rurais, e lugares em áreas rurais que são bastante urbanos. Como tal é
problemático falar de lugares como simplesmente rurais ou urbanos, em vez
disso é preciso considerar como eles se entrelaçam e se sobrepõem” (CASTREE;
KITCHIN; ROGERS, 2013, p. 444 apud IBGE, 2017, p. 12)
URBANO x RURAL

- O Código Tributário Nacional, em seu artigo 32, define:


Entende-se como zona urbana a definida em lei municipal, observando o requisito mínimo
da existência de melhoramentos indicados em pelo menos dois dos incisos seguintes,
construídos ou mantidos pelo Poder Público:
I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;
II - abastecimento de água;
III - sistema de esgotos sanitários;
IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar;
V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros
do imóvel considerado.
PERÍMETRO URBANO

- Em nível municipal, a delimitação da área rural, da área urbana e de


expansão urbana, é definida pela Lei do Perímetro Urbano, parte integrante
do conjunto de leis que compõem o Plano Diretor Municipal
- Os parâmetros para delimitar esta linha imaginária que separa o urbano do
rural variam de uma cidade para outra e devem ser delimitados segundo
critérios técnicos que levem em conta as diretrizes de desenvolvimento do
município
- Geralmente representam os interesses citadinos e setoriais ligados às
forças e grupos que exploram o capital imobiliário local
A estrutura do município

Limite
Municipal

Perímetro
Urbano
Município

Segundo Souza (2005), além da divisão dicotômica entre campo e cidade, há


uma faixa de transição entre o uso da terra tipicamente rural e urbano,
espaço também chamado de periurbano ou franjas da cidade.

“[...] aqueles espaços preteritamente rurais, mas que, mais e mais, são tomadas por
uma lógica urbana de uso da terra (especulação fundiária, residências de fim-
de-semana ou mesmo principais de famílias de classe média, algumas favelas,
atividades de lazer, restaurantes etc.), sendo a agricultura algo puramente residual, ou
um verniz, uma aparência que esconde a essência mais profunda” (SOUZA, 2005. p. 76)
Mapa do município de Ivaté - PR
As áreas urbanizadas ocupam apenas 0,75% do território
Recomendação administrativa nº 4/2017 (PR)
Município

Além da subdivisão em campo, cidade e espaço periurbano, podemos


identificar outros elementos que organizam internamente um município: as
regiões ou zonas, os distritos e os bairros. Cada município possui maior
identificação com um dos elementos.
Mapas da cidade de Londrina-PR
Bairros

Um bairro pode ser caracterizado como cada uma das partes em que
se divide uma cidade. Sua utilização ocorre para facilitar a orientação
pela cidade, sendo uma unidade espacial que engloba uma comunidade ou
região, muitas vezes sem função administrativa específica.

“Além de determinado território, o bairro se caracteriza por um segundo


elemento, o “sentimento de localidade” existente nos seus moradores, e cuja
formação depende não apenas da posição geográfica, mas também do
intercâmbio entre as famílias e as pessoas” (SOUZA, 1987, p.57-65)
Bairros

Nota-se que os bairros, no decorrer da história de uma cidade, têm, muitas


vezes, limites “flutuantes”, ou seja, muitas vezes expandem-se ou
contraem-se de acordo com os interesses de valorização de grupos ligados
ao mercado imobiliário.
Bairros

O que caracteriza espacialmente um bairro é o desenho e configuração de seus


elementos morfológicos: ruas e calçadas, quadras, lotes, edificações, praças,
monumentos, marcos, arborização, mobiliário urbano, pontos nodais, etc.
Bairro Shangri-lá em Londrina-PR
Bairro Centro em Londrina-PR
Bairros

“Além de determinado território, o bairro se caracteriza por um segundo


elemento, o “sentimento de localidade” existente nos seus moradores, e cuja
formação depende não apenas da posição geográfica, mas também do
intercâmbio entre as famílias e as pessoas” (SOUZA, 1987, p.57-65)
Setores censitários - IBGE

Unidade territorial de controle cadastral da coleta, constituída por áreas


contíguas, respeitando-se os limites da divisão político-administrativa, dos
quadros urbano e rural legal e de outras estruturas territoriais de interesse.
Uso do solo

Outros elementos, que morfologicamente caracterizam uma região ou um


bairro, são os usos ali desenvolvidos. A associação entre a forma dos lotes e
das edificações compõem diversas tipologias arquitetônicas, que
normalmente dialogam com os tipos de atividades desempenhadas em um
edifício.
uso misto (predominantemente comercial) uso residencial

Leitura sugerida:
https://urbanidades.arq.br/2012/02/02/tipos-arquitetonicos-e-vitalidade-urbana/
Uso do solo

Pode-se dizer que o levantamento do uso do solo é importante para a


compreensão dos padrões de organização interna das cidades, sendo
fundamental para verificar fragilidades e particularidades do tecido urbano,
já que este tipo de levantamento possibilita a interpretação e a formulação
de diversas respostas e perguntas sobre o território em análise.
Uso do solo Sistema de hierarquia de centralidades
POR HOJE É SÓ
BOM DESCANSO!

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