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A Evolução Urbana no Brasil

O que é?

O processo de urbanização no Brasil teve início no século XIX, a partir do


processo de industrialização, que funcionou como um dos principais fatores
para o deslocamento da população da área rural em direção a área urbana.
Esse deslocamento, também chamado de êxodo rural, provocou a mudança de
um modelo agrário-exportador para um modelo urbano-industrial. Atualmente,
mais de 80% da população brasileira vive em áreas urbanas, o que equivale
aos níveis de urbanização dos países desenvolvidos.

A maior parte das médias e grandes cidades concentrou seu crescimento entre
as décadas de 1950 e 1980, fazendo dos últimos 60 anos o grande período de
urbanização no Brasil. O processo, contudo, teve início muito tempo antes,
ainda no final do século XIX. Até o momento que vivemos hoje, o planejamento
urbano no Brasil percorreu uma trajetória variada: desde modelos de inspiração
europeia, passando por documentos extensos e tecnocratas, até planos que
sequer apresentavam mapas da cidade.

Fases da Urbanização no Brasil

1ª fase | 1875 - 1930 | Planos de embelezamento

Planos baseados na tradição europeia, que tinham como objetivo o dito


“embelezamento” das cidades. Na prática, isso significava ruas mais largas e a
população e as habitações de baixa renda sendo empurradas para áreas
distantes da região central. Geralmente as intervenções ficavam restritas a
áreas específicas da cidade, como o centro.

A fase foi marcada pela chamada política de “higienismo” – acabar com os


cortiços e deixar a cidade mais “bela” com base em modelos europeus. No Rio
de Janeiro, por exemplo, a referência era a Paris de Haussmann, e o processo
deu início ao crescimento da cidade informal, com a ocupação dos morros pela
população mais pobre. Nessa época, ainda não havia uma denominação formal
de “planejamento urbano” ou estruturas formais com esse fim na administração
pública – o período foi marcado pela necessidade de rompimento com o
passado colonial e a adesão ao “moderno”.

2ª fase | 1930 - 1965 | Planos de conjunto

Os planos passam a olhar para a cidade de forma mais ampla, preocupando-se


com diretrizes válidas para todo o território e não apenas determinadas regiões.
Entram aqui os zoneamentos, a legislação sobre uso e ocupação do solo e a
articulação dos bairros com o centro a partir de sistemas de transporte.

É quando começa a se falar em “caos urbano”, crescimento desordenado e a


necessidade de planejar as cidades de forma mais consistente. Surgem
iniciativas como o Plano de Avenidas, de São Paulo, e o Plano Agache, no Rio
de Janeiro, que abordam diversos aspectos do ambiente urbano, como
legislação urbanística, habitação, ordenamento territorial.

3ª fase | 1965 - 1971 | Planos de desenvolvimento integrado

Nesta fase, os planos começam a incorporar outros aspectos além dos


relacionados ao território, como os econômicos e sociais. Tornaram-se
documentos cada vez mais densos e complexos, tocando em questões sociais
distantes dos interesses da classe dominante, o que passou a dificultar o
processo de aprovação.

Nesse momento, entram em jogo as questões metropolitanas e o planejamento


não restrito somente aos limites de um município. O que acontecia, porém, é
que muitas vezes acabavam surgindo planos descolados da realidade,
excessivamente técnicos e longos.
4ª fase | 1971 - 1992 | Planos sem mapas

Como resposta à fase anterior, aqui os planos passam a abrir mão de


diagnósticos técnicos muito extensos e até mesmo dos mapas que ilustravam
as medidas propostas. Apresentam apenas diretrizes e objetivos gerais,
ocultando conflitos de interesses em relação ao espaço urbano. A busca por
simplificar o conteúdo errou a mão, e os planos acabaram reduzidos quase a
cartas de intenções.

5ª fase | 1992 – 1988/2001 | Constituição de 1988 e Estatuto da Cidade

Com a democratização do país, o processo de planejamento urbano deixa de


ser tratado como “neutro” e passa a ser visto como um processo político e de
participação social. A Constituição de 1988 reconhece os planos
diretores como principal instrumento de implementação da política de
desenvolvimento e expansão urbana municipal. E o Estatuto da Cidade,
instituído em 2001, estabelece o “direito à cidade sustentável”, elencando
princípios e diretrizes que devem ser adotados nos planos diretores,
obrigatórios para cidades com mais de 20 mil habitantes.

As novas legislações estabelecem uma nova fase na história do planejamento


urbano brasileiro, com o objetivo de construir territórios que promovam ao
mesmo tempo justiça social, desenvolvimento econômico e preservação do
meio ambiente. Mas ainda há chão pela frente – e as cidades podem e devem
se valer de seus planos diretores para construírem um ambiente urbano
eficiente, inclusivo e sustentável.

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