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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Centro de Ciências Sociais


Faculdade de Serviço Social
Departamento de Fundamentos Teórico-Práticos do Serviço Social
Disciplina: Serviço Social, Trabalho e Sociabilidade
Professor: Ney Luiz Teixeira de Almeida
Estudante: Millena de Azevedo da Silva

Karl Marx em O Capital: Crítica da economia política. Livro I. V. 1. Tomo 1. São Paulo:
Editora Nova Cultural, 1996. Capítulo V (Processo de Trabalho e processo de
valorização) pp 297-315. (Coleção “Os Economistas”) e Sérgio Lessa em “O processo
de produção/reprodução social: trabalho e sociabilidade”. In: CFESS-ABEPSS-
CEAD/UNB. Crise Contemporânea, Questão Social e Serviço Social. Módulo I.
Capacitação em Serviço Social e Política Social. Brasília, CEAD, 1999, p.19-3 pautam
as principais categorias teóricas sobre a relação entre trabalho, produção e
reprodução social.
Marx introduz seu quinto capítulo com alguns elementos que ao caracterizarem o
trabalho como atividade essencialmente humana determinam sua dimensão
ontológica. Segundo Marx, o processo de trabalho é uma atividade orientada a um fim,
a produção de valores, a apropriação do elemento natural para satisfação de
necessidades humanas, condição universal do metabolismo entre homem e natureza,
perpétua condição natural da vida humana e, por conseguinte, independente de
qualquer forma particular dessa vida, ou melhor, comum a todas as suas formas
sociais.
Indo além, Marx salienta situações que particularizam o trabalho no modo de produção
capitalista, para ele o trabalhador labora sob o controle do capitalista, a quem pertence
seu trabalho, o produto é propriedade do capitalista, não do trabalhador, valores de
uso se subordinam aos valores de troca, sob o domínio capitalista, o trabalhador
trabalha mais tempo, é mais explorado e o trabalho é fracionado e alienado. No modo
de produção capitalista o comum é simplificar cada vez mais o trabalho, exigindo o
básico para ser executado e o mínimo de formação pro trabalhador poder desenvolver,
já que o trabalho complexo demanda um investimento maior.
No capítulo V do livro O Capital Marx encerra seu texto definindo o serviço como o
efeito útil do trabalho, ou seja, a mercadoria e ainda completa que assim como a
própria mercadoria é unidade de valor de uso e valor, seu processo de produção tem
de ser a unidade de processo de trabalho e o processo de formação de valor.
Sérgio Lessa em O processo de produção/reprodução social: trabalho e sociabilidade
inicia sua obra apresentando argumentos para explicar a relação entre trabalho e
produção e complexos sociais e reprodução social.
Para embasar seu posicionamento o autor faz uma breve apresentação acerca do
trabalho, que ao construir o mundo objetivo o sujeito também se constrói, ao
transformar a natureza, os homens também se transformam já que adquirem novos
conhecimentos e habilidades, expõe a respeito da prévia ideação ou teleologia,
resultado provável de uma ação, sobre objetivação, transformação do que foi
previamente idealizado em um objeto pertencente a realidade, e introduz a reprodução
social, que nada mais é do que o processo de complexidade à medida em que ocorre
o desenvolvimento das forças produtivas.
Tendo esses tópicos fundamentais em mente o autor relaciona o trabalho e a
produção de forma clara e coesa, já que a produtividade é a capacidade de realizar as
objetivações que são o ponto crucial no trabalho.
Indo além, o autor comenta que todo ato de trabalho se resulta em uma consequência
que não se limita a finalidade imediata e foi capaz de desenvolver complexidades
humanas, forças produtivas e relações sociais. Mesmo que seja contraditório e
complexo, esse processo fundado pelo trabalho originou a reprodução social.
Nessa esfera, as novas necessidades e possibilidades geradas pelo trabalho darão
origem a novas reproduções sociais que se organizam na forma de complexos sociais,
o conjunto de relações sociais que se distingue das outras relações pela função social
que exercem no processo reprodutivo.
Para Lessa, uma contextualização histórica para a abordagem da alienação é
imprescindível, o autor faz um apanhado desde os primórdios com a descoberta da
agricultura e pecuária para subsistência, caminha pela evidenciação da produção
excedente e sua consequência brutal, a escravidão que dividiu a sociedade entre duas
classes: a que trabalha e produz a riqueza que será apropriada pela outra classe, e
por fim chega ao trabalho alienado.
A caracterização desse trabalho alienado se desenrola a partir das condições
desumanas socialmente produzidas pelos próprios homens, da desapropriação dos
meios isolando o trabalhador e do trabalho fracionado, mecânico, repetitivo e simples.
O autor encerra seu texto ressaltando pontos centrais no que diferencia o capitalismo
como modo de produção dos demais modos de produção que também se sustentam
na participação desigual das classes sociais no processo de produção e apropriação
da riqueza social. Segundo Lessa, como as necessidades da reprodução ampliada do
capital não se identificam com as necessidades humanas, cada vez mais a sociedade
produz não o que as pessoas precisam e sim o que da lucro. Ao invés de eliminar a
fome e o pauperismo trilhões são gastados em bombas e guerras.

O Capital: Crítica da economia política. Livro I. V. 1. Tomo 1. São Paulo: Editora Nova
Cultural, 1996. Capítulo V (Processo de Trabalho e processo de valorização) pp 297-
315. (Coleção “Os Economistas”)

LESSA, S. “O processo de produção/reprodução social: trabalho e sociabilidade”. In:


CFESS-ABEPSS-CEAD/UNB. Crise Contemporânea, Questão Social e Serviço Social.
Módulo I. Capacitação em Serviço Social e Política Social. Brasília, CEAD, 1999, p.19-
33.

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