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Eliane Karine do Nascimento Pereira

Kallyne Albuquerque Nascimento Santos


Laís Gracielly da Silva Menezes

Universidade Federal de Alagoas

FUNDAMENTOS DO TRABALHO E SUAS FORMAS HISTÓRICAS NAS


SOCIEDADES DE CLASSES
O presente trabalho expõe sobre os fundamentos trabalho, apresentando seus aspectos
peculiares desde as sociedades precedentes até a gênese e consolidação do modo de produção
capitalista e para além deste, como um fator imprescindível para a vida humana em sociedade.
O trabalho enquanto categoria fundante do ser social é o elemento indispensável para a
existência humana, além de ser o fundamento de toda e qualquer sociedade. Ele está na base da
atividade econômica e torna possível a produção de valores que constitui a riqueza social. Para
Marx, o trabalho enquanto produtor de valor de uso é a condição da existência humana, o qual
independentemente das diferentes formas de sociedades constitui-se da relação de mediação
entre o homem e a natureza, em que ocorre a transformação de ambos.
Não há relações sociais sem o trabalho e ao mesmo tempo em que este funda a vida
humana em sociedade temos simultaneamente a isto o desenvolvimento do pensamento, de
novos conhecimentos, necessidades e habilidades, nos diferenciando dos demais animais, pela
capacidade de planejamento prévio daquilo que se quer transformar, e do objetivo que deseja
alcançar.
O objetivo do trabalho, desde o início de seu desenvolvimento, pretende a criação de
valores de uso, de maneira que as matérias naturais sejam destinadas a satisfação das
necessidades humanas básicas. Na comunidade primitiva, primeira sociedade organizada, o
trabalho se constitui-se para garantir a sobrevivência. Nesta forma de sociedade a propriedade
e os instrumentos de trabalho eram comuns a todos, a repartição do trabalho ocorria via divisão
social entre homens e mulheres, enquanto um processo natural.
Com o advento das sociedades de classes, com destaque para o capitalismo, o trabalho
assume uma peculiaridade, a qual expropria as funções primitivas, de avanço humano, e se
desvela nos embates sociais, fazendo com que o trabalhador não se reconheça enquanto autor
do seu trabalho, dono de sua criação, havendo um estranhamento do produto, e degradação do
ser humano. É importante entender o trabalho na sociedade capitalista, apreendendo seu
processo histórico e de constituição. Este modo de sociabilidade tem sua gênese baseada em
condições que possibilitaram o seu desenvolvimento. Uma destas condições foi a acumulação
do capital por meio da acumulação de mercadorias, uma outra condição importante foi a criação
da mão de obra livre, pronta para ser vendida diferentemente de como ocorria nos outros modos
de produção como por exemplo, no feudalismo.
O desenvolvimento das forças produtivas também pode ser visto como a condição
básica da produção e reprodução do capital. Assumindo um caráter abstrato, o trabalho é
mascarado e subsume o trabalho útil concreto. Enquanto o trabalho concreto cria apenas valores
de uso específicos, apresentando finalidade e conteúdo, com o processo de valorização, o
trabalho passa a ser visto em relação ao tempo socialmente necessário, consumido na produção
de valores de uso, como trabalho abstrato.
Uma das principais peculiaridades do modo de produzir capitalista é a subsunção do
trabalho ao capital, intermediada pelo trabalho abstrato, advindo do excedente da riqueza social
produzido nas sociedades de classes e generalizado somente no capitalismo. A produção do
valor, através da extração da mais-valia só é possível na efetividade do trabalho, enquanto
trabalho abstrato.
Numa sociedade em que a extração da mais valia, acumulação e concentração de riqueza
está em primeiro plano, o tempo disponível da sociedade é revertido para a criação de um
exército industrial de reserva, no qual serve como uma ameaça para os trabalhadores
empregados a se submeter sem questionar à toda forma de exploração, visto que há uma grande
quantidade de força de trabalho disponível para substituí-los.
Em contrapartida, na sociedade comunista, o tempo disponível da sociedade será
usufruído, de fato, por todos, sendo revertido para atividades que enaltecem a capacidade
intelectual e cultura dos seres humanos. Nessa sociedade, o trabalho também existirá, porém
não de forma que aliena, que subordina, como um fardo.
Em suma, entende-se que o trabalho tem uma função vital para o ser social, pois sua
contribuição para a vida humana é de extrema importância, sendo necessário tanto para o
desenvolvimento quanto para o avanço das relações sociais. Há uma necessidade imanente da
transformação e superação das formas de subsunção do trabalho – subordinação formal e real
do trabalho ao capital, e o predomínio do trabalho como categoria fundante da existência
humana e responsável pela criação dos bens necessários à reprodução da vida em sociedade.
REFERÊNCIAS

MARX, Karl. O Capital. Vol. I e II. Livro 1. Coleção Os Economistas. Tradução Regis Barbosa
e Flávio R. Kothe. São Paulo: Nova Cultural, 1996.

NETO, Artur Bispo dos Santos. Trabalho e tempo de trabalho na perspectiva marxiana / Artur
Bispo dos Santos Neto. – São Paulo: Instituto Lukács, 2013.

NETTO, José Paulo e BRAZ, Marcelo. Economia Política: uma introdução crítica. São
Paulo: Cortez, 2006 (Biblioteca Básica, vol. 1).

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