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INSTALAÇÕES

PREDIAIS

Fernanda Delmutte de
Andrade
Instalações contra incêndio
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Reconhecer os elementos dos sistemas de prevenção de incêndio.


 Projetar espaços para sistemas de prevenção de incêndio.
 Construir vistas e isométricos dos sistemas de prevenção de incêndio.

Introdução
Até meados de 1970, não havia, no Brasil, regulamentações específicas
sobre o combate a incêndios; estas surgiram somente após incêndios de
grandes proporções, como os ocorridos nos edifícios Joelma e Andraus.
Os sistemas de prevenção de incêndio consistem em soluções adotadas
tanto no projeto da edificação, nas rotas de fuga e na compartimentação
vertical e horizontal, por exemplo, quanto na utilização de elementos
específicos como extintores, entre outros. Em relação à representação
gráfica dos sistemas de prevenção de incêndios, os projetos são repre-
sentados por meio de vistas e isométricos.
Neste capítulo, você vai estudar os sistemas de prevenção de incêndio
e os projetos de espaços para sistemas de prevenção, verificando como
construir vistas e isométricos dos sistemas de prevenção de incêndio.

Sistemas de prevenção de incêndio


No Brasil, até 1970, não havia legislação específica sobre incêndios, e estes
eram vistos como um problema que ficava a cargo dos Corpos de Bombeiros.
As regulamentações eram esparsas, presentes em códigos de obras de cada mu-
nicípio. Regulamentações específicas foram criadas após ocorrerem incêndios
de grandes proporções que deixaram muitas vítimas, como os ocorridos nos
edifícios Andraus e Joelma, em São Paulo, conforme aponta Negrisolo (2011).
2 Instalações contra incêndio

O incêndio no edifício Joelma foi o segundo grande incêndio em edifícios elevados


no Brasil. Ocorrido em fevereiro de 1974, no centro da cidade de São Paulo, deixou 179
mortos e 320 feridos. Não havia escadas de segurança, o que fez com que algumas
pessoas se jogassem da fachada do prédio. Tais imagens causaram grande comoção.
Pouco tempo depois, as autoridades competentes passaram a estabelecer procedi-
mentos de segurança e prevenção contra incêndio.

Fonte das imagens: Negrisolo (2011, p. 17).

Uma semana após a tragédia, em 7 de fevereiro de 1974, a Prefeitura de São Paulo


publicou o Decreto nº. 10.878 que instituiu normas especiais de segurança. Posterior-
mente outras ações foram tomadas não só em São Paulo, mas no restante do país,
conforme Negrisolo (2011).

Em 2013, outra tragédia culminou em novas discussões sobre as medidas


protetivas contra incêndios: o incidente na boate Kiss, em Santa Maria, no
Rio Grande do Sul.
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Lei Kiss
Em janeiro de 2013, um incêndio em uma casa noturna, a boate Kiss, em Santa Maria,
no Rio Grande do Sul, fez 242 vítimas fatais e deixou mais de 600 feridos. A boate
apresentava inconsistências no sistema de prevenção e combate a incêndio, e não
houve fiscalização por parte do poder público para verificar a eficiência dos sistemas
e materiais instalados, bem como as condições de segurança do estabelecimento. Em
resposta à tragédia e às condições de segurança, foi criada a Lei Complementar nº.
14.376, de 26 de dezembro de 2013, que estabelece normas sobre segurança, prevenção
e proteção contra incêndios nas edificações e áreas de risco de incêndio no Estado
do Rio Grande do Sul, além de outras providências, conforme Nascimento (2016).

Mesmo estando em debate há muitos anos, só em 2017 foi aprovada uma


legislação federal sobre incêndio, a Lei Federal nº. 13.425, de 30 de março
de 2017 (BRASIL, 2017), que estabelece diretrizes gerais sobre medidas de
prevenção e combate a incêndio e desastres em estabelecimentos, edificações
e áreas de reunião de público. Essa Lei altera as Leis nº. 8.078, de 11 de se-
tembro de 1990, e 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), e dá outras
providências (BRASIL, 2017).
Segundo Kaneshiro (2006), os sistemas de proteção contra incêndio podem
ser divididos em sistemas preventivos e defensivos. Os sistemas preventivos
consideram aspectos estruturais, tecnológicos e organizacionais, enquanto
os sistemas defensivos envolvem o combate ao fogo e as ações de resgate. O
esquema da Figura 1 apresenta a estrutura da proteção contra incêndio.
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Proteção contra incêndio

Proteção contra Proteção contra


incêndio preventiva incêndio defensiva

Proteção Proteção Organização da Proteção


técnica contra estrutural proteção contra pública contra
incêndio contra incêndio incêndio incêndio

• Sistema de • Comportamento • Regulamentações • Bombeiros


alarme contra do prédio e dos industriais • Rede pública
incêndio materiais de • Regulamentações de hidrantes
• Sprinklers construção sob de proteção
• Extração de condições de contra incêndio
fumaça e calor fogo • Instruções aos
• Rotas de fuga ocupantes
• Extintores
• Rede privada • Fornecimento
de hidrantes de água para
bombeiros
• Sinalização de
emergência

Figura 1. Estrutura da proteção contra incêndio.


Fonte: Adaptada de Kaneshiro (2006, p. 18).

Alguns elementos, como extintores, hidrantes e portas corta-fogo, são


utilizados nos projetos de prevenção e combate a incêndios. Na Figura 2
podemos observar uma porta corta-fogo e seus respectivos componentes.
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O batente deve ter as mesmas


característucas de resistência da
porta
Dispositivo de fechamento
automático
Dobradiças devem ter sido
testadas conjuntamente com as
portas
Porta
Corta-fogo Painéis de vidro devem ter a mesma resistência
ao fogo
Maçanetas e fechaduras devem possuir as
mesmas características das portas

Fechamento deve proporcionar selagem à


passagem de fumaça

Figura 2. Porta corta-fogo.


Fonte: Adaptada de Negrisolo (2011, p. 223).

Seito et al. (2008) destacam alguns sistemas de combate a incêndio, como o


combate por extintores portáteis, que podem ser à base de água ou de agentes
gasosos. No Brasil, o uso de extintores é regulado pela NBR 15808 — Extin-
tores de incêndio portáteis — e pela NBR 15809 — Extintores de incêndio
sobre rodas.
6 Instalações contra incêndio

Atente-se para algumas recomendações quanto à utilização de extintores:


 agir com firmeza e decisão, sem se arriscar demais;
 manter a calma e afastar as pessoas;
 desligar os circuitos elétricos envolvidos;
 constatar não haver risco de explosão;
 usar o agente extintor correto;
 observar para que não haja reincidência dos focos.
Fonte: RISCOS… ([2018], documento on-line).

Espaços para sistemas de prevenção de incêndio


Os projetos de edificações e as edificações já existentes precisam se adequar
às normas de segurança contra incêndio, de modo a prover espaços de pre-
venção. Em relação aos espaços para sistemas de prevenção de incêndio em
edificações, Seito et al. (2008, p. 56) trazem alguns requisitos funcionais que
devem ser previstos no projeto; nesse sentido, tais espaços devem:

a) dificultar a ocorrência do princípio de incêndio;


b) ocorrido o princípio de incêndio, dificultar a ocorrência da inflamação
generalizada do ambiente;
c) possibilitar a extinção do incêndio no ambiente de origem, antes que a
inflamação generalizada ocorra;
d) instalada a inflamação generalizada no ambiente de origem do incêndio,
dificultar a propagação para outros ambientes;
e) permitir a fuga dos usuários do edifício;
f) dificultar a propagação do incêndio para edifícios adjacentes;
g) manter o edifício íntegro, sem danos, sem ruína parcial e/ou total;
h) permitir operações de natureza de combate ao fogo e de resgate/salvamento
de vítimas.

Segundo Seito et al. (2008), um projeto arquitetônico, sob o aspecto de


segurança contra incêndio, deve prever a inserção de medidas de proteção
passiva, a fim de evitar o início de um incêndio ou que o mesmo se alastre,
uma vez iniciado. Dentre as medidas passivas, os autores consideram alguns
elementos específicos dos projetos, como o pavimento de descargas e os
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subsolos, a circulação interna, a compartimentação e as especificações de


materiais de revestimento e acabamento.
Em relação ao pavimento de descarga e aos subsolos, cabe considerar que
o pavimento térreo, na maior parte dos projetos, atua como andar por onde
são recebidos insumos. Sendo a saída do edifício e o local de acesso para
as equipes de salvamento, esse pavimento necessita de atenção especial. As
rotas de fuga devem estar sinalizadas e possuir iluminação de emergência, e
suas portas devem abrir no sentido do fluxo de saída (Figura 3); se possível, o
acesso das equipes de salvamento deve ser diferente do fluxo de saída, a fim de
não gerar conflitos. As rotas de fuga devem ser executadas com materiais de
revestimento incombustíveis ou com baixos índices de propagação de chamas
e de desenvolvimento de fumaça e calor. Além dessas condições, em edifícios
de múltiplos pavimentos com subsolo (pavimentos enterrados), é necessário
que as escadas do térreo sejam descontinuadas. Tal descontinuidade objetiva
impedir que um incêndio iniciado no subsolo se propague para os pavimentos
superiores e também evitar que ocorram deslocamentos desnecessários em
situações de emergência, conforme Seito et al. (2008).

Figura 3. Abertura das portas no sentido do trânsito de saída.


Fonte: ABNT (2001, p. 6).

Quanto à circulação interna, as áreas que fizerem parte de rotas de fuga


devem proporcionar o rápido escoamento dos ocupantes da edificação por
meio de um dimensionamento adequado, ou seja, considerando a quantidade
de usuários da edificação, conforme estabelece a NBR 9077. As circulações
horizontal e vertical correspondem aos corredores e às escadas de uso co-
mum; tais espaços devem prever a instalação de iluminação e sinalização de
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emergência, além de sinalização que indique a saída, ainda de acordo com


Seito et al. (2008).
No que compete à compartimentação, tanto a horizontal quanto a vertical
objetivam impedir a propagação do fogo entre ambientes e pavimentos. Comu-
mente é realizada por componentes e sistemas construtivos, como paredes de
alvenaria, lajes de concreto, portas e janelas, entre outros. A compartimentação
horizontal (Figura 4) propõe-se a dividir a edificação em várias células no plano
horizontal, a fim de impedir que o fogo se propague para ambientes adjacentes
no mesmo pavimento. Quaisquer aberturas nas paredes de compartimentação
devem receber dispositivos de vedação do tipo corta-fogo, conforme apontam
Seito et al. (2008).

afastamento horizontal prolongamento da parede de compartimentação


entre aberturas para área externa (aba)

saída de emergência
parede de compartimentação

Porta corta-fogo de correr


NBR-11711

SETOR COMPARTIMENTADO SETOR COMPARTIMENTADO SETOR COMPARTIMENTADO

P.C.F P.C.F
90 90

saída de emergência saída de emergência


janela

afastamento horizontal
entre aberturas

Figura 4. Detalhes construtivos da compartimentação horizontal.


Fonte: Adaptada de Seito et al. (2008, p. 172).

Quanto à compartimentação vertical, esta consiste em dividir a edificação


em pavimentos de modo a evitar que o fogo se propague para os demais. As
lajes do piso e da cobertura devem ser projetadas para suportar o fogo, a
fim de evitar sua propagação ou colapso. Há também a compartimentação
vertical de fachadas, que objetiva impedir que chamas que venham a sair por
aberturas de um pavimento atinjam outros. Tal compartimentação pode ser
realizada por elementos como parapeitos, vigas ou prolongamentos de lajes
com resistência ao fogo, segundo Seito et al. (2008). A Figura 5 apresenta dois
tipos de compartimentação vertical.
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PEITORIL ABA

ENTREPISO

VERGA

ENTREPISO
PEITORIL

ENTREPISO ELEMENTO RESISTENTE ABA


AO FOGO

VERGA

PEITORIL
ENTREPISO
ENTREPISO ELEMENTO RESISTENTE
AO FOGO
ABA
VERGA

Figura 5. À esquerda, modelo de compartimentação vertical externa; à direita, modelo de


compartimentação vertical externa por aba.
Fonte: Seito et al. (2008, p. 173).

Outro fator importante de proteção são os materiais de acabamento e


revestimento. No momento da especificação, deve-se considerar que materiais
combustíveis podem produzir e propagar chamas, calor e fumaça rapidamente
em caso de princípio de incêndio, conforme apontam Seito et al. (2008).
Além das medidas de proteção passiva, há também as medidas de proteção
ativa, complementares às passivas. Elas são compostas, basicamente, por
equipamentos e instalações prediais a serem acionados em caso de emergência,
de forma manual ou automática. Dentre os principais sistemas, destacam-se,
conforme Seito et al. (2008, p. 56):

- Detecção e alarme manual ou automático de incêndio.


- Extinção manual e/ou automática de incêndio.
- Iluminação e sinalização de emergência.
- Controle de movimento de fumaça.

Vistas e isométricos dos sistemas de prevenção


de incêndio
O Centro de Atividades Técnicas do Corpo de Bombeiros Militar do Governo
do Estado do Espírito Santo, por meio da Norma Técnica 1/2015, apresenta
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diretrizes para a apresentação de projetos técnicos voltados à prevenção e ao


combate de incêndios, conforme a definição a seguir:

Projeto Técnico: Conjunto de peças gráficas ou digitais necessárias para a defi-


nição das características principais das medidas de segurança contra incêndio e
pânico, composto de plantas de segurança, seções, elevações, detalhes e perspec-
tivas isométricas e, inclusive, das especificações de materiais e equipamentos.
(ESPÍRITO SANTO, 2015, p. 2).

A fim de apresentar exemplos das referidas peças gráficas, veremos na


sequência algumas figuras que representam tais elementos. A Figura 6 traz um
desenho em perspectiva isométrica da instalação de um sistema de hidrante.

Bomba e reserva de incêndio

Acionamento por pressostato


Tu
bula
ção

Registro de recalque

Figura 6. Desenho em perspectiva isométrica de um sistema de hidrante.


Fonte: Adaptada de Rondônia (2017, p. 147).

Em uma operação de combate a incêndio, o Corpo de Bombeiros pode


utilizar o sistema de hidrantes; por esse motivo, eles devem ser instalados em
todos os andares (no caso de edifícios altos) e em local protegido dos efeitos
do incêndio, próximo às escadas de segurança (RONDÔNIA, 2017).
Na Figura 7, podemos observar um projeto de compartimentação horizontal,
no qual são representadas portas e paredes corta-fogo.
Instalações contra incêndio 11

Figura 7. Modelo de compartimentação horizontal.


Fonte: Rondônia (2017, p. 257).

Outra importante peça gráfica é a planta de emergência, que deve ser


disponibilizada em todos os andares de uma edificação; nela são indicadas as
rotas de fuga e a localização dos extintores e dos botões de alarme de incêndio.
Nas Figuras 8 e 9, podemos observar dois exemplos de plantas de emergência:
uma para a parte interna da edificação e outra para a parte externa.
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Figura 8. Planta de emergência interna.


Fonte: Santa Catarina (2014, p. 9).
Instalações contra incêndio 13

Figura 9. Planta de emergência externa.


Fonte: Santa Catarina (2014, p. 10).

Em relação aos elementos apresentados nas plantas de emergência, sendo


tais elementos hidrantes, extintores e alarmes, cada um deve obedecer a
padrões específicos de instalação nas edificações. Conforme a Instrução
Técnica nº. 20/2018 do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de
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São Paulo (CB PMESP), que dispõe sobre sinalização de emergência: “Os
diversos tipos de sinalização de emergência devem ser implantados em função
de características específicas de uso e dos riscos, bem como em função de
necessidades básicas para a garantia da segurança contra incêndio e pânico
na edificação” (SÃO PAULO, 2018, p. 4).
Na Figura 10, podemos observar alguns exemplos de sinalização expostos
na referida Instrução Técnica.

Figura 10. Exemplos de instalação de sinalização.


Fonte: São Paulo (2018, p. 24).
Instalações contra incêndio 15

Um elemento importante na sinalização de emergência é o uso das cores,


divididas em cores de contraste e cores de segurança, conforme a Instrução
Técnica nº. 20/2018 do CB PMESP (SÃO PAULO, 2018, p. 10):

Aplicação das cores de segurança:


a. vermelha: utilizada para símbolos de proibição, emergência, e identificação
de equipamentos de combate a incêndio e alarme;
b. verde: utilizada para símbolos de orientação e salvamento;
c. preta: utilizadas para símbolos de alerta e sinais de perigo (Grifos do autor).

Já as cores de contraste são a branca e a amarela, para sinalização de proi-


bição e alerta, respectivamente. “Essas cores têm a finalidade de contrastar
com a cor de segurança, de modo a fazer com que esta se sobressaia. As cores
de contraste devem ser fotoluminescentes, para a sinalização de orientação e
salvamento e de equipamentos” (SÃO PAULO, 2018, p. 10, grifos do autor),
ainda conforme o CB PMESP. A seguir, no Quadro 1, podemos observar
exemplos de sinalização utilizando cores de segurança.
16 Instalações contra incêndio

Quadro 1. Sinalização de equipamentos de combate a incêndio e alarme

Código Símbolo Significado Forma e cor Aplicação

E1 Alarme Indicação
sonoro do local de
acionamento
do alarme de
incêndio.

E2
Ponto de
acionamento
de alarme de
incêndio ou
bomba de
Comando incêndio.
manual de Símbolo:
E3
alarme ou quadrado Deve vir sempre
bomba de acompanhado
incêndio Fundo: vermelho de uma
mensagem
Pictograma: escrita,
fotoluminescente designando o
equipamento
acionado por
aquele ponto.

E4 Telefone ou Indicação da
interfone de posição do
emergência interfone para
comunicação
de situações de
emergência a
uma central

E5 Extintor de Símbolo: Indicação de


incêndio quadrado localização
dos extintores
Fundo: vermelho de incêndio

Pictograma:
fotoluminescente

Fonte: Adaptado de São Paulo (2018).


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No Quadro 2 podemos observar exemplos de aplicação das cores de


contraste.

Quadro 2. Exemplos de sinalização utilizando cores de contraste

Código Símbolo Significado Forma e cor Aplicação

01 Obstáculo Símbolo: Nas paredes,


retangular pilares, vigas,
cancelas,
Fundo: amarelo muretas e outros
elementos que
Listras pretas podem constituir
inclinadas a 45° um obstáculo
à circulação
de pessoas
e veículos.
Utilizada quando
o ambiente
interno ou
externo possui
sistema de
iluminação de
emergência.

02 Obstáculo Símbolo: Nas paredes,


retangular pilares, vigas,
cancelas,
Fundo: muretas e outros
fotolumi- elementos que
nescente podem constituir
um obstáculo
Listras à circulação
vermelhas de pessoas
inclinadas a 45° e veículos.
Utilizada
quando o
ambiente possui
iluminação
artificial em
situação normal,
porém não
possui sistema
de iluminação
de emergência.

Fonte: Adaptado de São Paulo (2018).


18 Instalações contra incêndio

Neste capítulo, você aprendeu a reconhecer os sistemas que compõem o


Plano de Prevenção de Incêndio (PPCI) que são pertinentes à arquitetura das
edificações e também verificou o projeto de espaços para sistemas de prevenção
e a utilização dos materiais e das sinalizações. Por meio desses elementos de
projeto e de atitudes e instalações que visam à prevenção, é possível tornar
as edificações mais seguras e eficazes para combater danos que poderiam,
em casos mais extremos, comprometer muitas vidas.

1. Incêndios de grandes proporções, Regulamentações específicas


como os ocorridos nos edifícios vieram após incêndios de
Andraus e Joelma em meados grandes proporções, como os
de 1970, na cidade de São Paulo, ocorridos nos edifícios Andraus
trouxeram mudanças significativas e Joelma, em São Paulo.
às medidas de proteção e combate d) Os incêndios ocorridos nos
a incêndio. Assinale a alternativa edifícios Andraus e Joelma
correta sobre essas mudanças. trouxeram mudanças somente
a) Tais incêndios não foram para São Paulo, uma vez que
relevantes para as medidas de ambas as tragédias ocorreram
proteção e combate a incêndio nessa cidade. Em relação ao
no Brasil, uma vez que ocorreram restante do país, até 2018 não há
em São Paulo, somente.  registro de legislação específica.
b) O incêndio na Boate Kiss, e) O Brasil nunca foi palco
ocorrido em 2013, em Santa de incêndios de grandes
Maria, no Rio Grande do proporções e, por esse motivo,
Sul, ocasionou mudanças nunca surgiu a necessidade
significativas nas medidas de de legislações específicas.
proteção e combate a incêndio 2. Segundo Kaneshiro (2006), os
no Brasil, devido à sua proporção. sistemas de proteção contra
Os incêndios ocorridos nos incêndio podem ser divididos
edifícios Joelma e Andraus não em sistemas preventivos e
trouxeram quaisquer mudanças. defensivos. Acerca de tais sistemas,
c) Até meados de 1970, os assinale a alternativa correta.
incêndios eram vistos como um a) Os sistemas preventivos
problema que ficava a cargo consideram aspectos estruturais,
dos Corpos de Bombeiros, tecnológicos e organizacionais,
e havia regulamentações enquanto os sistemas defensivos
esparsas, presentes em códigos envolvem o combate ao
de obras de cada município. fogo e as ações de resgate. 
Instalações contra incêndio 19

b) Os sistemas preventivos qualquer incêndio; inutilizar


envolvem o combate ao a edificação, com a posterior
fogo e as ações de resgate, implosão da mesma.
enquanto os sistemas defensivos b) Dificultar a ocorrência do
consideram aspectos estruturais, princípio de incêndio; ocorrido o
tecnológicos e organizacionais. princípio de incêndio, dificultar
c) Os sistemas preventivos ficam a a ocorrência da inflamação
cargo do Corpo de Bombeiros generalizada do ambiente;
de cada município, pois possibilitar a extinção do
consistem em ações de combate, incêndio no ambiente de
enquanto os sistemas defensivos origem, antes que a inflamação
consistem em ações de resgate. generalizada ocorra.
d) Os sistemas preventivos dizem c) Instalada a inflamação
respeito ao projeto de incêndio, generalizada no ambiente de
que consiste, unicamente, origem do incêndio, deve-se
na disposição de hidrantes facilitar sua propagação para
e extintores na edificação, outros ambientes, a fim de que o
enquanto os sistemas defensivos ambiente onde o incêndio teve
consistem, unicamente, no início permaneça ileso; garantir
uso dos dispositivos ofertados a permanência segura dos
pelos sistemas preventivos. usuários do edifício; manter
e) Os sistemas preventivos e o edifício íntegro, sem danos,
defensivos consistem, ambos, sem ruína parcial e/ou total.
somente na disposição de d) Garantir a permanência segura
hidrantes e extintores. O dos usuários na edificação,
que os diferencia é o fato uma vez que a fuga apresenta
de que os preventivos são grande risco à vida; dificultar a
executados pelo Corpo de propagação do incêndio para
Bombeiros e os defensivos, edifícios adjacentes; manter
pelos usuários da edificação. o edifício íntegro, sem danos,
3. Seito et al. (2008) trazem, em sem ruína parcial e/ou total.
relação aos espaços para sistemas e) Permitir a fuga dos usuários
de prevenção de incêndio em da edificação; dificultar a
edificações, alguns requisitos propagação do incêndio para
funcionais que devem ser edifícios adjacentes; após
previstos no projeto. Assinale a ocorrido o incêndio, deve-se
alternativa que apresenta três dos inutilizar a edificação, com a
referidos requisitos funcionais posterior implosão da mesma.
apresentados pelos autores. 4. O projeto arquitetônico deve
a) Dificultar a ocorrência do viabilizar a fuga dos usuários da
princípio de incêndio; permitir edificação em caso de incêndios;
a fuga dos usuários do para tanto, é importante alguns
edifício após ocorrido cuidados na elaboração da
20 Instalações contra incêndio

circulação interna. Sobre a ou que o mesmo se alastre, uma


circulação interna das edificações, vez iniciado. Dentre as medidas
assinale a alternativa correta. passivas, os autores consideram
a) A circulação interna das alguns elementos de projeto
edificações deve ser orientada específicos, como o pavimento de
para fugas rumo às coberturas descargas e os subsolos, a circulação
em caso de incêndios, pois interna, a compartimentação
este é o único lugar possível e as especificações de
para resgate de vítimas. materiais de revestimento e
b) Quanto à circulação interna, acabamento. Sobre os materiais
esta considera as circulações de acabamento e revestimento,
horizontal e vertical, que, assinale a alternativa correta. 
por sua vez, correspondem a) Os materiais de acabamento e
a elevadores e esteiras revestimento são irrelevantes
rolantes, respectivamente. em relação aos sistemas de
c) Quanto à circulação interna, as incêndio, uma vez que são
áreas que fizerem parte de rotas meramente decorativos.
de fuga devem proporcionar b) No momento da especificação
o rápido escoamento dos dos materiais de acabamento
ocupantes da edificação e revestimento, deve-se
por meio de elevadores, considerar que materiais
pois estes são seguros. combustíveis podem produzir
d) As circulações horizontal e propagar chamas, calor e
e vertical que compõem a fumaça rapidamente em caso
circulação interna de uma de princípio de incêndio. 
edificação devem ser conectadas c) No momento da especificação
a edifícios vizinhos, a fim de dos materiais de acabamento
proporcionar o abrigo das e revestimento, deve-se
vítimas de um incêndio. considerar o uso de materiais
e) Quanto à circulação interna, combustíveis, que possam
as áreas que fizerem parte propagar o fogo de modo que
de rotas de fuga devem este se extinga mais rápido.
proporcionar o rápido d) Os materiais de acabamento e
escoamento dos ocupantes revestimento não devem ser
da edificação por meio de um empregados em edificações
dimensionamento adequado, ou que objetivam combater
seja, considerando a quantidade e prevenir incêndios.
de usuários da edificação.  e) No momento da especificação
5. Segundo Seito et al. (2008), um dos materiais de acabamento e
projeto arquitetônico, sob o aspecto revestimento, deve-se considerar
de segurança contra incêndio, que materiais não combustíveis
deve prever a inserção de medidas podem fazer com que o incêndio
de proteção passiva, a fim de se propague mais rapidamente.
evitar o início de um incêndio
Instalações contra incêndio 21

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) NBR 9077: saídas de emergência


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