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Lambrecht (1998: 208) afirma que esse capítulo não é uma continuação do capítulo 6,
mas é uma interrupção ou um interlúdio designado para consolar os cristãos
perseguidos. Ao mesmo tempo, ele está proximamente relacionado ao capítulo 6
porque os cristãos perseguidos olham em retrospectiva para 6.9-11.
Os interlúdios (intervalos) têm vários propósitos. Primeiro, os dois que ocorrem entre o
sexto e o sétimo juízos dos selos e das trombetas estão intensamente ligados aos
sextos juízos que precedem cada um deles. Segundo, eles fornecem informação sobre
a situação dos santos (7.1-17) e do conflito (10.1-11.13; 12.1-13.18) que envolve os
selos, as trombetas e as taças. Terceiro, eles ressaltam ainda mais o controle soberano
de Deus sobre todo o processo. No caso do capítulo 7, devemos começar com a
pergunta que conclui o sexto selo (6.17): "Quem poderá subsistir?".
"subsistirão" em meio aos juízos derramados sobre este mundo. "Quem poderá
subsistir?", de 6.17, é respondida pela "grande multidão [...] em pé diante do trono", em
7.9.
Fica bem claro que os selos, trombetas e taças são derramados somente sobre os que
não são salvos, enquanto os crentes são poupados por terem sido selados por Deus.
Ao mesmo tempo, o selamento dos santos leva adiante a promessa feita aos mártires
em 6.9-11, "que repousassem ainda por um pouco mais de tempo, até que se
completasse o número de seus conservos que haveriam de ser mortos".
Uma passagem inverte a outra: lá, é o número dos santos que são mortos pelos
habitantes da terra, enquanto aqui, é o número dos santos que são protegidos por Deus
dos juízos dele. Em ambas, a completude do número é enfatizada: no capítulo 6, (que
se completassem). A questão que surge é: "Como os santos devem ser, ao mesmo
tempo, protegidos e mortos?".
Dois ditos de Jesus colocam isso em perspectiva: Marcos 10.29 ("Em verdade vos digo
que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs [...) que não receba cem
vezes mais, agora no presente [..] com perseguições") e Mateus 10.28 ("E não temais os
que matam o corpo e não podem matar a alma; pelo contrário, temei aquele que pode
destruir no inferno tanto a alma como o corpo").
A presença amorosa de Deus nunca se faz tão real quanto em tempos de sofrimento e
perseguição. A mensagem de Apocalipse 7.1-8 reitera essa verdade importante.
Os crentes não têm razão alguma para temer os eventos terríveis de 6.12-17 ou os
efeitos dos juízos dos capítulos 6-16, pois eles pertencem a Deus e são o povo dele.
Enquanto o Cordeiro abre os "selos" de juízo contra os não salvos, Deus coloca seu
"selo" sobre os salvos. Os habitantes da terra são selados para o juízo, ao passo que
os santos são selados para a salvação.
Os 144 mil em 7.1-8 (são todos os crentes ou só aqueles desse período final?) e pelo
questionamento sobre a proximidade da relação dos versículos 1-8 com os versículos
9-17. Mounce diz (1998:154) que os que são selados nos versículos 1-8 são parte da
multidão dos versículos 9-17, de modo que a multidão compreende os crentes de todas
as eras.
Portanto, o propósito deste interlúdio é apresentar o povo de Deus sendo selado antes
do derramamento dos juízos. Os santos são selados como propriedade de Deus.
A recompensa para a perseverança de 7.1-8 é encontrada em 7.9-17. Repetindo, isso
retrata a "grande multidão" dos santos na eternidade, após terem suportado fielmente
as pressões e a perseguição, e agora estão em pé diante do trono de Deus e do
Cordeiro (7.9). De início, vemos a ênfase no êxito da missão da igreja em 7.9a, parte do
tema relacionado à conversão das nações tratado nesse livro. Pessoas vieram de todas
as regiões da terra para se alegrarem na salvação de Deus.
(7.10). Que ocasião maravilhosa será! Ela faz todo o sacrifício presente valer a pena.
Como alguém pode ler essa passagem sem um senso de adoração e de admiração
reverente?
Como um cristão pode meditar nesse texto sem reafirmar seu compromisso de colocar
o Senhor Jesus acima de tudo em sua vida? Pode qualquer realização terrena ser
comparada a essa cena? Aqueles que sacrificam tudo e comprometem sua ética para
andar pelos corredores do poder em Brasília ou nas sedes das grandes multinacionais
ao redor do mundo precisam olhar para essa passagem de novo. Vale a pena "ganhar o
mundo inteiro e perder a sua vida" (Mc 8.36)?
Quando crentes passam por tempos difíceis, tanto por provas, em geral, como por
perseguições específicas (e observe todos os artigos, inclusive em jornais e revistas
seculares, sobre a perseguição de cristãos no mundo), é bom manter em mente os
resultados prometidos de 7.14-17. Nossa salvação é assegurada não por quem somos,
mas por causa do "sangue de Cristo". Por sermos filhos de Deus e termos sido fiéis nos
dias de prova ("lavaram suas vestes"; ver 22.14), Deus e o Cordeiro nos
recompensarão.
Aqui, devemos reconhecer que o que está sendo descrito não é o cumprimento parcial
de "Deus conosco" durante a vida no presente, nem somente as recompensas terrenas
do reino milenar, mas as recompensas eternas de nossa existência celestial futura. A
igreja é "selada" na terra (7.1-8) antes do tempo da tribulação e é recompensada no céu
(7.9-17) após o tempo da tribulação.
O Deus cuja shekiná habitou entre seu povo na coluna de fogo e na nuvem e,
especialmente, no lugar santíssimo, agora "habitará" (21.3) conosco literal e fisicamente
por toda a eternidade. Segundo, todos os sofrimentos e tristezas terrenos serão
eliminados de uma vez por todas. As privações internas (fome e sede) e externas (calor
e frio) serão removidas, e experimentaremos o êxtase e a satisfação para sempre.
O propósito dessa seção é encorajar cada crente a perseverar nesta vida, pois Deus
nos recompensará por tudo o que sofremos. É estranho que muitos cristãos se
sacrifiquem e se esforcem em suas profissões terrenas, trabalhando sempre por ganhos
financeiros e segurança, enquanto se sacrificam pouco ou nada por suas recompensas
finais e eternas. Por que sacrificar tudo por bênçãos que durarão apenas um breve
tempo e abandonar as bênçãos celestiais que permanecerão toda a eternidade?
Sigamos o que Jesus nos diz em Mateus 6.19-24 e busquemos os tesouros celestiais,
não os terrenos.