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Apocalipse 6

Os selos são abertos (6.1-8.1)

Em certo sentido, a abertura dos seis selos segue naturalmente os capítulos 4-5
concluindo com o fato de o Cordeiro ser digno de abrir os selos. Essa estrutura é
apoiada pela fórmula dupla usada nos quatro primeiros selos, com o Cordeiro abrindo
um de cada vez e, então, um dos seres viventes ordenando que cado cavalo "venha".
Em outro aspecto, essa abertura está intimamente ligada à seção central do livro, os
três grandes juízos de Deus: os selos, as trombetas e as taças, nos capítulos 6-16.

Os setes selos são juízos preliminares sobre a terra que preparam o leitor para as
trombetas e as taças. Assim como no caso dos outros conjuntos de juízos, eles se
dividem naturalmente em duas partes: os quatro primeiros selos (juízos sobre a terra) e
os três selos finais (juízos cósmicos). Também é importante entender que o livro/rolo
não é aberto até que todos os selos sejam rompidos.

Portanto, os selos são juízos preliminares e o conteúdo do rolo está mais relacionado
com as trombetas, as taças e os eventos seguintes dos capítulos 17-20: o plano divino
para o final da história humana e o começo da era eterna.

Há muito debate quanto à progressão dos três conjuntos de sete juízos.

Esses são, de fato, juízos de Deus derramados sobre os habitantes da terra.' Os santos,
como sabemos a partir de 3.10; 7.1-8; 9.4; e 16.2, são protegidos e estão a salvo
desses juízos. O princípio é "a lei da retribuição", que regeu não somente a lei romana,
como também as leis do AT.

Deus é justo nesses juízos ao dar aos habitantes da terra o que eles merecem

(16.5-7). (2) Esses juízos são a resposta de Deus às orações dos santos, que clamam
por justiça e vingança (5.8; 6.9-11; 8.3-5). A soberania de Deus é enfatizada ao longo de
toda a seção com uso da expressão “foi dado poder/autoridade” para mostrar que nem
mesmo as forças demoníacas podem fazer coisa alguma sem a autorização divina.

Entretanto, ao longo de toda a seção, Deus não precisa ordenar que o mal faça sua
vontade, mas simplesmente o deixa operar.

Em 6.1-8, Deus deixa que a depravação humana complete o próprio ciclo, quando a
ganância por conquista leva à guerra civil e, então, à morte de um quarto da
humanidade. Nas quinta e sexta trombetas (9.1-19), ele permite que os demônios
façam o que fizeram nos Evangelhos: torturar e matar os próprios seguidores.

A resposta dos habitantes da terra prova sua depravação total, pois eles (com a única
exceção em 11.13) se recusam a se arrepender e preferem adorar os próprios poderes
demoníacos que se voltaram contra eles (9.20,21;16.9,11). (6) Ao mesmo tempo, o
derramamento de juízo tem um propósito redentor e é parte da oportunidade final de
arrependimento (9.20; 14.6,7;16.9,11). Os juízos de Deus são um ato de misericórdia,
pois eles expõem a fragilidade dos deuses terrenos (como nas pragas egípcias) e
conclamam a humanidade pecadora: "Temei a Deus e dai-lhe glória; porque a hora do
seu juízo chegou" (14.7). Assim, os juízos são parte da missão de Deus ao mundo.

A tensão entre a oferta de arrependimento de Deus e a rejeição dessa oferta é parte da


mensagem desse livro. (7) Há uma demolição progressiva da criação, à medida que a
ordem criada é abalada no episódio dos selos (6.12-14) e, depois, no das trombetas e
das taças: primeiro, um terço e então toda a criação é praticamente derrubada. Isso
prepara para a consumação final, quando este mundo será destruído (20.11; 21.1).

Cremos que o cavaleiro no cavalo branco 6.2 é uma figura satânica pois ele é diferente
do retrato de Cristo em 19.11, pois o primeiro carrega um arco, e Cristo uma espada.
Além disso os quatro cavaleiros tem uma ligação muito forte para o primeiro ser bom e
justo e os demais estarem sob influência demoníaca.

Então esse cavaleiro seria uma figura do anti Cristo.

Cada cavalo representa um aspecto da depravava humana e seus desejos, e cada um


deles leva ao seguinte.

Os selos conduzem ao tema central do livro: a abertura do rolo que contém o plano
divino para conduzir ao fim a ordem do mundo presente, que está sob o poder do
pecado.

A soberania e a majestade de Deus e do Cordeiro, temas dos capítulos 4 e 5


continuam a predominar aqui, pois o Cordeiro supervisiona cada um dos quatro selos,
e é Deus quem autoriza as atividades dos cavaleiros (6.2,4,8). Esses quatro selos
resumem os efeitos da depravação total, à medida que os cavaleiros tiram As amarras
dos pecados mais horrendos da humanidade: ambição pela conquista, guerra civil,
fome, praga/morte. Tais pecados também são "pragas" enviadas por Deus como juízo
sobre a humanidade por seu pecado obstinado. Nisso, há uma mensagem muito
importante para os ouvintes de hoje: vejam os efeitos do pecado!

A tendência de todos nós, seres humanos, é racionalizar nossos pecados de estimação.


Devemos estar cientes de que o pecado, na verdade, traz morte e destruição.

Até mesmo os chamados "pecadinhos" corroem a essência do nosso ser. Ademais, a


guerra é o produto do egocentrismo humano. Talvez nunca antes tenha havido tantas
guerras locais motivadas por orgulho étnico e racial.

O ódio tribal existe em todos os territórios e em todas as nações da terra, assumindo


formas de racismo, orgulho nacional e ódio étnico. Em última análise, porém, seus
tentáculos se originam em um núcleo pecaminoso.

O quinto selo remete a uma das questões centrais dos Evangelhos: imitar à Cristo.

Como em Marcos 8.34, os crentes devem estar dispostos a "tomar sua cruz" e a morrer
por Cristo, se necessário for. Fica claro que o martírio é um tema central em Apocalipse.
Na igreja primitiva, João havia visto discípulos mortos (Antipas, em 2.13, e muitos que
morreram durante a perseguição de Nero) e presumia que muitos outros ainda
morreriam pela "palavra de Deus e pelo testemunho de Jesus"(1.2,9). A mensagem
desse livro é que o martírio é a vitória final sobre Satanás e é um grande privilégio
compartilhar das "aflições messiânicas" de Jesus. Aqueles que morrerem estarão,
assim como o "Cordeiro que foi morto", "debaixo do altar", como sacrifícios a Deus.

Seu triunfo é simbolizado pelas roupas brancas recebidas e a promessa que ouvem é a
da vindicação de seus sofrimentos. Novamente, Deus está no controle e já determinou
exatamente "até quando", ou seja, quanto tempo vai demorar até que o último mártir
seja morto. Então, o sangue deles será "vingado", mas sua vitória final está assegurada.

O sexto selo inaugura o cumprimento da promessa de Deus de "vingar o sangue deles",


sendo tanto juízo contra os habitantes da terra quanto vindicação dos santos.

O "abalo do céu" era um sinal apocalíptico para a vinda do dia do Senhor e significa
que o final da história mundial chegou (cf. Mc 13.24,25). Esta é uma das razões por que
o interlúdio do capítulo 7 aparece depois do sexto selo: como o escaton chegou, então
é hora de olhar para outros aspectos do período final da história humana.

O terror odioso que sobrevirá a muitos que infligiram tal sofrimento ao povo de Deus, os
quais são os governantes deste mundo e seus seguidores (6.15-17), é um prenúncio do
que foi prometido em 6.11. A ira de Deus e do Cordeiro caíram sobre os habitantes da
terra por sua rebelião contra Deus e por sua crueldade contra o povo dele. A
mensagem é clara: Deus nos recompensará por tudo o que sacrificamos e sofremos
por sua causa. Mas a pergunta permanece: estamos dispostos a perseverar e a ser fiéis
a ele em meio à terrível oposição? Essa é uma das questões primordiais nesse livro.

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