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asteri!
207 Como analisar narrativas
Cândido Vilares Gancho
208 Inconfidência Mineira
Cir
Cândida Vilares Gancho
Vera Vilhena de Toledo
209 O sistema colonial
José Roberto Amaral Lapa
Lenharo
210 À unificação da Itália
John Gooch
24 A posse da terra
Cândida Vilares Gancho
Helena Queiroz F. Lopes
Vera Vilhena de Toledo Doutor em História
212 As origens da Primeira Guerra
Professor do Departamento de História da
Mundial Universidade Estadual de Campinas
Ruth Henig
0701075
mm
213 As origens da Segunda Guerra -
Mundial
Ruth Henig
214 O Antigo Regime
William Doyle
215 Formação de palavras em
NAZISMO
português
Valter Kehdi
216 Maquiavelismo
Sérgio Bath
217 A Poética de Aristóteles
Lígia Militz da Costa
218 Conquista e colonização
da América espanhola
Jorge Luiz Ferreira
219 Vozes verbais
“Otriunto da vontade”
Amini Boainain Hauy
220 A década de 50 — Populismo e
metas desenvolvimentistas no Brasil
Marly Rodrigues
21 A década de 60 — Rebeldia,
contestação e repressão política
Maria Helena Simões Paes
A década de 70 — Apogeu e crise da 6º edição
ditadura militar brasileira
Nadine Habert 4º impressão 7
fofas
Ci
CS
DO
223 A década de 80 — Brasil: quando a
multidão voltou às praças
Marly Rodrigues
224 Grande sertão: veredas — Roteiro
de leitura editora ática
Kathrin Holzermayr Rosenfield
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detido pelo tiroteio que pusera fim ao Putsch, em 1923. Na esplanada Luitpolhain, toda a organização espa-
Todo esse esforço visava expurgar simbolicamente o pas- cial convergia para o monumento aos mortos da Primeira
sado. Dezesseis tiros espocaram então sobre a cidade. Em Guerra. Na celebração das honras fúnebres, Hitler des-
silêncio, Hitler depositou a coroa de flores sobre a placa filava entre milhares de homens das SA e SS, em meio a
comemorativa. Enquanto a multidão tirava os chapéus em bandeiras inclinadas. No ponto alto do espetáculo, o
respeito aos mortos, a comitiva, aos acordes do hino nacio- grande sacerdote mantinha-se imóvel, silencioso, de luto,
nal, marchou definitivamente para a Kônigsplatz. Cada em meditação, acompanhado do silêncio impressionante da
“herói” recebeu então sua última chamada, acompanhada multidão. Diante dos heróis mortos, Hitler homenageava
da resposta simbólica “Presente”, dita pela multidão. De- aqueles que haviam se disposto, pelo seu gesto, a ficar ao
pois disso, deu-se início a sua “guarda eterna”. lado da grandeza do Fiihrer, sacrificando-se por ele e por
Principalmente nos dias do Congresso anual de Nu- sua missão redentora.
remberg é que a idéia de morte se fazia constante nos A reatualização da memória heróica dos mártires, O
discursos e proclamações, e a veneração dos mortos discurso hitlerista encadeia a ansiedade dos vivos, para
ocupava lugar central nas cerimônias. Já antes da chegada
formar a comunidade mística do Reich. Nesse transe não
de Hitler à cidade, a Companhia da Guarda do Corpo,
há mais lugar para a razão: “Fostes vós os primeiros que
com seus uniformes negros de gala, ocupava a cidade, im- não foi a inteligência que tudo
acreditaram em mim...
pregnando-a do mesmo espírito presente no culto da Ban- do abismo em que se en-
analisa, que tirou a Alemanha
deira de Sangue, rememoração de um dos momentos mais de Nuremberg,-
contrava, mas a vossa fé...” (Discurso
enfáticos da legenda nazista. Segundo essa legenda, o
porta-bandeira Andreas Banrield caíra mortalmente atin- 1935).
gido quando do Putsch de Munique, e seu sangue escor- Hitler se apresenta como o grande guia condutor da
rera sobre o estandarte que carregava. Conservado como fé, o grande arquiteto da comunhão nacional:
relíquia, o estandarte passou então a ser utilizado para Nós nos encontramos todos aqui e o milagre desse encon-
batizar as bandeiras das novas unidades das SA e SS. Se- tro enche nossa alma. Cada um de vocês pode me ver e
gundo a descrição de um observador, Hitler tomava em eu não posso ver a cada um de vocês, mas eu os sinto é
uma de suas mãos a bandeira-relíquia, e na outra as novas vocês me sentem. É a fé em nosso povo que, de peque-
bandeiras a consagrar. Com sua intermediação circulava nos, nos tornou grandes, de pobres, nos fez ricos, de ho-
um fluido desconhecido e a bênção dos “mártires” se es- mens angustiados, desencorajados e hesitantes que éramos,
tendia daquele momento em diante aos novos símbolos da fez de nós homens corajosos e valentes, aos homens er-
pátria alemã. Para esse observador, aquilo não era pura rantes que éramos, nos deu a visão e nos reuniu a todos.
simbologia. O ritual se referia a uma “transfusão mística”, (Discurso de 1936.)
semelhante à da bênção da água e à transformação euca-
rística do catolicismo. “Quem não vê na consagração das O significado mais amplo da teatrologia política
bandeiras o análogo da consagração do pão, uma espécie aponta a demonstração do Fiihrer como forjador da von-
de sacramento alemão, corre o risco de não compreender tade coletiva, apropriador de vontades, a quem se obedece
nada do hitlerismo” (Guyot/Restellini, 1983, p. 45). cegamente, diz Speer, “sem mais ter vontade própria”.
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dos correios. Visava-se, comenta Lane, criar uma impres- já 4 Juventude Hitlerista nas montanhas e A viagem triun-
são de vida rural exatamente onde ela não existia. fal de Hitler através da Alemanha foram autorizados pelo
Sob a direção de Feder, tal tendência ruralista chegou regime. Outros filmes, de tipo documentário, tinham fina-
mesmo a ser impressa no programa de construção das casas lidades eleitorais: Hitler voa sobre a Alemanha, Nosso
populares, que visava a reintegração dos habitantes das Fiihrer e Alemanha desperta. Este último abordava a his-
cidades ao campo. Mas o programa praticamente ficou no tória do movimento nazista.
papel, não indo além da construção de filas de casas é
Calcula-se que foram produzidos 1 350 longas-metra-
edifícios na periferia dos grandes centros urbanos. Feder
gens nos doze anos de domínio nazista. São comédias ro-
demonstrava especial aversão pela vida nas metrópoles,
mânticas, comédias musicais, operetas, filmes de costumes,
responsáveis pela “morte da nação”. Por causa delas, as mas também filmes de guerra e de exaltação dos valores
famílias perdiam o desejo de ter filhos; a volta ao campo
do regime, tais como o racismo e a xenofobia. Os temas
significava o fortelecimento da raça.
mais apreciados no cinema, segundo uma pesquisa entre
Em qualguér dos estilos adotados, a arquitetura nazis-
jovens de doze a dezessete anos, estavam relacionados a
ta nunca perdia de vista sua dimensão simbólica. Assim
heroísmo, espírito alemão e patriotismo. Quarenta mil es-
como qualquer outra manifestação cultural, ela era expres-
colas, de um total de 62 mil, na Alemanha nazista, dis-
são de poder, instrumento de propaganda e. de incitamento
punham de salas de projeção.º
ideológico.
Dizer que os filmes comerciais fossem apolíticos não
passa perto da verdade. A sua maneira, eles exprimiam |
A propaganda os valores do regime. Freqiientemente, nas sutilezas de
em movimento
um diálogo, ou na expressão geral de um determinado modo
A produção do cinema nazista encontra-se estreita- de vida, a ideologia nazista irrompia com força. Em certos
mente vinculada ao crescimento do próprio partido. Du- momentos, como o do recuo alemão na frente de batalha,
rante a campanha eleitoral de 1930, os nazistas receberam o regime chegou até mesmo a incentivar esse gênero de
o apoio da imprensa do Partido Nacional e Hitler ganhou filmes, como recurso de escapismo. Helmut Kaiitner foi o
espaço expressivo nos jornais da tela da UFA. realizador mais expressivo desse gênero de filmes; Zarah
A escalada eleitoral dos nazistas teve muito a ver Leander, sueca de origem, foi lançada como sucessora de
com a utilização do cinema, “um dos meios mais modernos Marlene Dietrich, que havia abandonado o país, e se con-
e científicos de influenciar as massas”, de acordo com a verteu na grande vedete dos musicais nazistas, celebri-
afirmação de Goebbels, através de seu “efeito penetrante e zando-se em filmes como 4 habanera, A raposa azul, O
durável”, confirmou Hippler, diretor da Seção Cinemato- canto do deserto e O caminho da liberdade. Marika Rôkk
gráfica no Ministério da Propaganda, do próprio Goebbels. também atraiu grande público para as operetas O estudante
Antes mesmo da tomada do poder, aparecem os pri-
pobre e 4 valsa do imperador.
meiros curtas-metragens. Desses, foram proibidos pela Re-
pública de Weimar O Congresso Nacional do NSDAP, Os
9 NAZÁRIO, Luís. De Caligari a Lili Marlene. São Paulo, Graal,
soldados marrons de Hitler chegam, A batalha de Berlim; 1983. p. 49.
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55
Ê
Noventa e seis filmes, do total dos longas-metragens, luta contra a invasão napoleônica vai passear entre as
saíram diretamente do Ministério da Propaganda, criado nuvens, seguida de uma massa de militantes que enchem
em
1933, e chefiado por Goebbels. A Primeira safra de filmes o céu, liderados pela sua bandeira de liberdade, informam
marcadamente ideológicos, de 1933, preocupa-se em exal- Furkhammar e Isaksson.
tar a importância da militância partidária. O SA Brand, No tratamento da guerra, o cinema nazista exercitou
por exemplo, homenageia os primeiros milicianos, através duplamente seu esforço de propaganda, tanto no sentido
da história de um menino pobre, membro da Juventude positivo (exaltação do heroísmo nazista) quanto no nega-
Hitlerista, e protegido de um SA. Vítima das batalhas de tivo (a brutalidade do inimigo). A própria concepção de
Tua entre comunistas e as SA, o jovem herói balbucia antes propaganda de Hitler se confundia com militarismo. Para
de morrer: “Agora vou para o meu Fiihrer...”. Hans ele, a propaganda devia funcionar como a artilharia antes
Westmar repete a dose: antes de morrer, vítima dos co- da infantaria numa guerra de trincheiras. A propaganda
munistas e judeus, a última palavra do herói é “Deutsch- teria de quebrar a principal linha de defesa do inimigo antes
land. ..”. que o exército avançasse. 4 volta, filme de 1941, expõe a
O jovem hitlerista Quex, de Hans Steinhoff, fez muito situação de opressão em que vivia a minoria alemã na
sucesso, e conta a história de um jovem convertido Polônia. As escolas alemãs não podiam funcionar, nem
ao
nazismo, assassinado pelos comunistas quando panfletava podiam os alemães ouvir os discursos de Hitler pelo rádio;
os bairros pobres de Berlim. O roteiro é bastante sugestivo: eram também obrigados a cantar o hino nacional da Polô-
Quex é levado a um piquenique comunista, mas se assusta nia. Como se não bastasse, uma jovem alemã é violada e.
com a libertinagem do ambiente. O som de uma marcha apedrejada até a morte porque levava no peito um cordão
militar, ao longe, o fascina. Em casa, ao repetir a música com a suástica nazista... Está dada, a posteriori, a justi-
para a mãe, é surpreendido pelo pai, comunista, alcoólatra ficativa para a invasão alemã na Polônia: a minoria alemã
e mau-caráter, que o obriga a cantar a Internacional, sob apodrece nas prisões polonesas, então os stukas e os pan-
pancadas. Em dificuldade, Quex recebe a solidariedade dos zers invadem a Polônia para libertar os alemães oprimi-
companheiros nazistas que o protegem. Quex salva-se uma dos...
vez da morte, mas perde a mãe, asfixiada por gás. Ingleses e russos receberam um tratamento especial em
O
pai acaba se “realibitando”, aderindo ao nazismo: o velho vários dos filmes políticos: eles eram escolhidos como os
cede lugar diante do novo... Enquanto agoniza, Quex inimigos capitais do povo e através deles é que se deveria
tem a visão de milhares de jovens hitleristas uniformizados; concluir tudo o que os alemães não eram. Em Germanin,
e a suástica, erigida em monumento de emoção, eleva para de 1943, alemães heróicos e generosos lutam contra os in-
o sobrenatural a razão de ser da existência: “E a bandeira gleses na África. Os ingleses são apresentados como ridí-
nos leva à eternidade/ Sim, a bandeira significa mais que culos, covardes e velhacos. São imperialistas opressores €
a morte”, canta o hino da Juventude Hitlerista. A solução escravizam povos indefesos, como os irlandeses (nos filmes
pelo êxtase político já fora contemplada num filme de As raposas de Glenarvon, de 1940, e Minha vida pela Irlan-
1932, O rebelde, muito apreciado por Goebbels (assim da, de 1941) e os boers (Presidente Kriiger, de 1941). Neste
como Os Nibelungos e Metrópolis, de Fritz Lang, da dé- último filme, também de Steinhoff, mulheres e crianças
cada de 20). Em O rebelde, a alma do herói morto na aparecem aprisionadas em campos de concentração, mor-
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rendo de fome e inanição. Titanic, de 1942, associa o resolve que neste tipo de problema a decisão não podia
jogo da especulação londrina com o naufrágio do famos ser deixada aos indivíduos e que a responsabilidade deveria
o
transatlântico. A Inglaterra, “a pérfida Álbion”, aparec ficar com as autoridades do Estado. No momento da rea-
e
estigmatizada como uma corrupta sociedade de classes. Em lização do filme, a eutanásia estava sendo empregada legal-
Os Rothschilds, de 1940, ela é pintada como um país de mente na liquidação dos chamados doentes incuráveis.
comerciantes, que só perde em desonestidade para os
judeus.
Os russos recebem adjetivações menos lisongeiras. São O triunfo da mentira
brutos e alcoólatras, violam mulheres, assassinam civis, são
renegados judeus que atraiçoam o próprio país, como Nos violentos filmes de propaganda antijudaicos é
no
filme Escravos brancos. GPU (1942) conta a história que o esforço inconsciente da projeção ficará ainda mais
de
uma moça cuja família foi eliminada pela KGB. Os comu- exposto. A todo custo se persegue a idéia de que o judeu
nistas são então descritos como mongóis de crânio raspado, é desumano e intolerável na convivência com outros povos.
gângsteres, sádicos, ávidos de crimes. Já O paraíso soviético O ódio aberto contra os judeus parece ter envolvido os
(1942) exibe as câmaras de tortura da KGB e descreve os alemães numa crise de consciência. Como dizem Furk-
“carrascos judeus” com faces degeneradas e aparência as- hammar e Isaksson, aqueles que achavam insuficientes as
sassina; “essa é a verdadeira face do bolchevismo”, comenta explicações públicas para tal ódio deviam se sentir pertur-
uma voz em off. bados e buscavam, para a racionalização desse fato, argu-.
Os franceses recebem rápida apreciação em Vitória a mentos emocionais que o justificassem. Filmes como Os
oeste (1940), quando o comentarista alude à desorganiza- Rothschilds, O judeu Suss (1940) e O eterno judeu (1940)
ção e inferioridade deles como soldados. Não houve tempo foram produzidos no momento exato em que estava sendo
de os norte-americanos serem contemplados com filmes planejada a “solução final” para os judeus europeus.
semelhantes. Um curta-metragem de 1942, 4 conversa de Os Rothschilds mostra como os judeus, durante as
Roosevelt, realiza uma mistura não muito clara de anti- guerras napoleônicas, acumulam sua fortuna à custa das
-semitismo e anticapitalismo. discórdias entre as nações. O judeu é abordado como um
O ponto mais interessante desses filmes superdoutri- animal perigoso — mãos aduncas, rosto encarniçado, olhar
nários reside no fato de projetarem, sobre os inimigos ex- sádico e cúpido, vive sempre à custa dos outros. O
ternos, práticas obscuras que estavam sendo alimentadas judeu Suss, de Veit Varlan, conta a estória de um ministro
na própria Alemanha: campos de concentração, persegui- de finanças do século XVIII, judeu, sedutor de mulheres
ção, tortura, genocídio de civis. Em 4 campanha da Poló- e explorador do povo, de quem cobrava altos impostos.
nia (1940), a justificativa da invasão alemã aparece toda Acabou enforcado em praça pública. O filme obteve grande
construída sobre as “intoleráveis provocações polone- sucesso até mesmo na França não ocupada. Fora conce-
sas...”. Esse esforço em exorcizar o presente fica de bido para espalhar a imagem “intrinsecamente criminosa
novo evidente em Eu acuso (1941). Nesse filme, um mé- do judeu; o filme pretendia avaliar o mal que há séculos
dico é julgado por ter facilitado a morte de sua esposa, os judeus infligiam ao povo alemão; daí a necessidade de
que agonizava sem esperança de cura. A corte judicial sua eliminação. O filme foi exibido na Europa oriental
epi
eco
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ocupada, e Himmler exigiu que os soldados Kerr e Reinhardt, este considerado “o judeu ditador dos
das SS e os
policiais vissem o filme. palcos”, e a Einstein, “o judeu da relatividade”. O judeu
Mas é em O eterno judeu, de Hippler, cineasta solda se interessa por tudo o que é doentio; corrompeu a arte
do
das SS, que a propaganda superdoutrinária atinge níveis e a justiça; são suspeitos de qualquer coisa, por exemplo,
de
absurdo. Nesse filme fica claro que a estratégia o infanticídio — referência ao assassino de O vampiro de
da propa-
ganda se desorientou, fugindo a observações Diisseldorf, como sendo judeu.
de Hitler,
que alertava para o cessamento de sua eficácia “desde o A seqiiência mais terrível do filme mostra como é feita
instante em que sua presença torna-se visível”. Assistindo
a matança de animais, para sua comercialização: primeira-
a esse filme hoje em dia, é possível perguntar se
ele mente aparecem vacas e carneiros amarrados e seus pesco-
convenceria alguém pela violência de suas imagens e
falas. ços são abertos com uma lâmina; a seguir, mostra-se como
Ou então, por destilar daquela forma suas idéias, pode-
se os judeus aperfeiçoaram essas técnicas: os animais apare-
indagar se os alemães não acreditavam que o preconceit
o cem então desamarrados, estrebuchando no chão, com a
antijudaico estivesse de tal modo disseminado, que se tor-
garganta aberta, tentando fechar a boca. |
nava campo fértil e fácil de exploração propagandística.
O
Hitler logo iria proibir a vivissecção de cadáveres.
eterno judeu é tido como um dos mais maldosos
filmes já rodados. Foi apresentado como um “docu Enquanto isso, os campos de concentração transformavam-
men- -se em enormes matadouros humanos, e criaturas humanas
tário educacional sobre os problemas do judaísmo
inter- substituíam os animais nas “experiências científicas”.
nacional”. O filme se propõe a mostrar como os judeus
realmente são “por detrás de suas máscaras”. Com Leni Riefenstahl, e seus famosos O triunfo da
Quando fala
da sujeira dos judeus, aparecem moscas na tela. Seria vontade e Olympia, o cinema nazista não só propôs uma
mera
coincidência o uso do pesticida Zykon K nos campo nova modalidade de filme de propaganda, mas também
s de
concentração, perguntam Furkhammar e Isaksson? alcançou um nível invejável de realização estética. O
Os ju-
deus raramente trabalham, e só o fazem sob press triunfo da vontade documentou o Congresso Nacional do
ão —
a câmara focaliza então trabalhadores judeus descansand NSPAP e ficou pronto em 1936. Havia 135 pessoas na
o
apoiados em suas pás. Os judeus constituem uma equipe técnica, que utilizou trinta câmaras de filmagem.
raça
de parasitas e se espalham pela face da terra; como o judeu, Toda a magia e a comunhão mística entre o Fiihrer e
o rato marrom também se espalhou pela Europa — as massas e a solidariedade entre soldados e trabalhadores
apa-
rece na tela um mapa e um fervilhante exército de ratos. são passadas neste filme notável. Dupla grandeza de espe-
Comentário em off: “São repelentes, covardes e se movi- táculo, do evento em si e do próprio filme, que refaz e
mentam aos bandos”. A juventude perdera todos os
va- amplia a dimensão daquele. Nas palavras de Gregor e
lores nobres, tudo por causa de um judeu: aparece Karl Patalas:
Marx, acompanhado de Lassale e Rosa Luxemburgo.
Os A câmara apanha, em angulações estáticas e simétricas, as
judeus corrompem a arte e a religião e não conseguem
insígnias das tropas formadas em gigantescos blocos. Em
apreender o conceito ariano de beleza — aparecem alusõe
s tomadas de baixo, ascendendo pelos mastros das bandei-
ao cubismo, ao expressionismo e ao jazz. Os judeus são ras, sublinha as dimensões colossais do congresso. Tra
destruidores do gosto — aparecem referências a Tucholsky, vellings ao longo das formações militares acentuam a rigo-
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