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CENTRO EDUCACIONAL ROSA CHAMA

Ana Elisa, Bernardo, Davi, Francisco, Gabriel, Heitor, Isabella, Nicolas, Pedro, Samuel e
Thiago

O AMOR ALEM DAS DISTÂNCIAS

Trabalho do Encontro Cultural

Rio de Janeiro

2022
Ana Elisa, Bernardo, Davi, Francisco, Gabriel, Heitor, Isabella, Nicolas, Pedro, Samuel e
Thiago

O AMOR ALÉM DAS DISTÂNCIAS

Trabalho de Artes apresentado à


professora de Artes do Fundamental
II, como parte dos requisitos
necessários à obtenção de nota.
“O amor é paciente, o amor é
bondoso. Não inveja, não se
vanglória, não se orgulha. Não
maltrata, não procura seus interesses,
não se ira facilmente, não guarda
rancor. O amor não se alegra com a
injustiça, mas se alegra com a
verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo
espera, tudo suporta” (1 Coríntios
13:4-7).
Professor(a): Jaqueline
Disciplina: Artes
Turma: 801

Rio de Janeiro
2022
Sumário
Resumo: 5

Abstract: 6

Introdução: 7

Apresentação: 8

Das coisas que chamamos de amor: 8

Seria o amor apenas um aforismo? 10

Do que falsamente acreditamos ser o amor ao próximo: 11

Seria o amor uma substância química ou um processo fisiológico? 13

O que de fato é o amor? 15

Uma investigação sobre como o amor acontece nos relacionamentos a


distância: 17

Apresentação: 17

O papel da tecnologia nos relacionamentos amorosos: 17

Os vínculos amoráveis na era digital: 18

Seria possível um relacionamento a distância manifestar o amor? 18

A origem dos relacionamentos virtuais: 19

Por que nos relacionamos afetivamente com os outros e tentamos


estabelecer vínculos amorosos? 19

Os pontos positivos e negativos do relacionamento digital: 21

Relacionamentos digitalizados e suas inconveniências: 21

Grandes desconfianças: 21
Problemas no uso: 22

Uma interação mais monótona: 22

Golpes digitais: 22

A infidelidade é maior: 23

Vícios em encontros digitais: 23

A realidade e a ilusão: 23

Assédios on-line e crimes sexuais: 23

A comunicação digital na rotina de um casal: 24

Conclusão: 25

Bibliografia: 27
Resumo: Por meio do presente trabalho tenho o objetivo de demonstrar o
que é o amor verdadeiro, e como ele se dá em relacionamentos a
distâncias, isto caso seja realmente possível que tal se concretize nessa
condição. Para tanto, terá por início a investigação da noção de amor
utilizando como base autores como Zygmunt Bauman, Santo Agostinho de
Hipona, Friedrich Nietzsche, Santo Tomás de Aquino, entre outros. Após
isso investigaremos como o amor se manifesta nos relacionamentos a
distância, visto que este fato se tornou muito pertinente ao estudar sobre
o assunto, pois já que não há o contato físico, como poderia o amor se
manifestar? Por fim será analisado os pontos positivos e negativos destas
relações, considerando-se que os vínculos afetivos humanos são muito
frágeis nestes tempos líquidos, assim qualquer indivíduo que se arrisque a
entrar neste líquido cenário da vida amorosa a distância precisa saber o
que ele ganhará e o que perderá nesta união.

Palavras-chave: Amor, dialética, indivíduo, outro, relacionamento a


distância, redes sociais, fenomenologia, digital e sociedade
Abstract: Throught this work i am to demonstrate what true love is, and
how it happens in relationship at distances, if it is possible for this to
happen in this conditio. To this end, it will begin to investigate the notion
of love using as a basis authors as Zygmunt Bauman, Saint Augustine of
Hippo, Friedrich Nietzsche, Saint Thomas of Aquinas, among others. After
this we will investigate as love manifests itself in distance relationships,
since this fact has become very pertinent when stuying on the subject,
since there is on physical contac, how could love manifest itself? Finally, it
will be a naysing the positive and negative points of these reationships,
considering that human affective bonds are very fragile in these liquid
times, so any individual who risk entering this net scenario of love life the
distance needs to know wath he will gain and wath will lose in this union.

Keywords: love, dialects, self, other, long-distance relationship, social


networks, phenomenology, digital and society.
Introdução:

Através deste trabalho, busco encontrar a resposta para as


seguintes perguntas: “O que é o amor? É de fato possível haver amor
verdadeiro nos relacionamentos a distância? E como ele acontece nos
relacionamentos a distância? ”. Para compreendermos retamente como o
amor acontece verdadeiramente nos relacionamentos a distância, é
sobretudo necessário entendermos o que de fato é o amor. Ao
embarcarmos na odisseia da filosofia, nos deparamos com uma série de
autores tais quais como Santo Agostinho, Santo Tomás de Aquino,
Friedrich Nietzsche, Søren Kierkegaard et al que retratam este tema,
mesmo que indiretamente sob diferentes perspectivas. Mediante a
imensidão de autores que tratam sob diferentes abordagens este mesmo
tema, surge, por conseguinte tantas divergências quanto ao conceito de
amor e sua manifestação, faz-se necessário então uma perscrutação sobre
tal assunto, principalmente diante do cenário atual em que vivemos, na
qual o relativismo e o cientificismo predominam o pensamento da
sociedade e se tornam doxásticos, em outras palavras o relativismo e o
cientificismo são um verdadeiro “pileque homérico no mundo” . Ao nos
debruçarmos a fundo na história da filosofia, podemos ver quais foram os
primeiros pensadores a tratarem deste assunto com propriedade, e este é
o caso dos filósofos gregos Platão e Aristóteles e ao mesmo tempo
também podemos ver os pensadores mais recentes como é o caso do
sociólogo e filósofo polonês Zygmunt Bauman que trata em uma de suas
grandes obras sobre o “amor líquido” a qual examinaremos mais à frente
detalhadamente. Neste ponto busco dar minha contribuição ao
reinterpretar tais autores a fim de seguir a recomendação do filósofo
brasileiro Mário Ferreira dos Santo, que é a de concrecionar os pontos
positivos de cada vertente filosófica e assim uni-las, para aperfeiçoar o
nosso conhecimento e chegar cada vez mais a verdade, e além disso
também busco contribuir trazendo uma análise mais holística dos
fenômenos que examinaremos, enxergando-os como um todo analisado
de modo omnilateral. Ademais, um tema tão importante e extenso como
este, não pode ser resumido sem que haja uma espécie de reducionismo
no sentido pejorativo do termo, destarte faz-se necessário que o leitor
perspicaz e atento ao ler o texto, também leia as fontes mencionadas para
aprofundar-se no assunto e não fique somente com a visão exposta, pois
parafraseando o pensador alemão Immanuel Kant “Sapere Aude!”

Uma investigação sobre o que é o amor

1 - Apresentação
Dado que neste capítulo buscamos compreender claramente do que se
trata o amor verdadeiro, torna-se necessário entendermos antes aquilo
que acreditamos ser o amor, porque sabendo o que o amor não é,
evitamos de nos confundir e sermos levados a falsas respostas, assim para
que não nos percamos durante todo o procedimento investigativo,
desmentiremos e contraporemos certas visões que sejam ou equivocadas
ou falsas. Ao longo deste processo, serão apresentados autores
conflitantes e complementares, para que o leitor possa conhecer as teses
e as antíteses dando-lhes uma visão mais holística sobre o assunto, no
entanto vale ressaltar que a finalidade não é realizar apologia a nenhum
pensador apresentado, mas somente a verdade, a qual por ventura eles
possam ter exposto de alguma maneira, pois “conhecereis a verdade e a
verdade vos libertará. ” Visto o que fora explicado, podemos prosseguir
para o foco central sem que o leitor fique desnorteado em meio a
quantidade de informação a que lhe será exposta ao longo do texto e
também com a forma pelo à qual lhe será apresentada.

1.1 – Das coisas que chamamos de amor:

Ao estudarmos sobre o amor, nos deparamos com as coisas a qual


entendemos ser o amor, que nos é bem explicitada por Friedrich
Nietzsche ao dizer “Cobiça e amor: que sentimentos diversos evocam essas
duas palavras em nós! E poderia, no entanto, ser o mesmo impulso que
recebe dois nomes; uma vez difamado do ponto de vista dos que já
possuem, nos quais ele alcançou alguma calma e que temem por sua
“posse”; e outra vez do ponto de vista dos insatisfeitos, sedentos, e por
isso glorificado como “bom”. Nietzsche bem demonstra que o que nós
chamamos de amor não passa da cobiça por uma posse, e ao obtê-la, com
o passar do tempo deixamos de amá-la, porque como o mesmo explica:
“Pouco a pouco nos enfadamos do que é velho, do que possuímos
seguramente, e voltamos a estender os braços; nem a mais bela paisagem
estará certa de nosso amor, após passarmos três meses nela, e algum
litoral longínquo despertará nossa cobiça: em geral, as posses são
diminuídas pela posse”, e acabamos entrando num círuculo vicioso, na
qual somos tomados pela ânsia de obter aquilo a que se ama, contudo
quando obtemos aquilo que amamos ao passar do tempo deixamos de
amar, desta forma buscamos suprir nosso desejo e voltamos ao início.
Desta forma, percebe-se que a sociedade, e por sociedade me refiro a um
todo de indivíduos em relações interpessoais, que interagem por meio da
linguagem a qual segundo Aristóteles faz parte de nossa essência
enquanto humanos “somos comunicativos porque usamos a linguagem
não apenas para aumentar a eficiência de projetos práticos, mas também
para expressar nossas ideias e sentimentos, desenvolver nossas culturas e,
geralmente, lubrificar as nossas vidas sociais”, e dentro desta visão
podemos perceber que a sociedade concebe tacitamente conceitos que se
diferem das coisas como são de fato, muitas das vezes confundindo-os, e
este é o caso, uma vez que se confunde o amor verdadeiro com o que São
Tomás de Aquino chama de amor de concupiscência, que é a satisfação
temporal com uma posse desejada ou o desejo por um algo ou alguém em
vista dos benefícios dessa relação, é isto que nos é tratada por Nietzsche
ao empregar o termo “amor”, o problema não reside em si no termo
(signo/palavra) empregado, e sim na confusão semântica que podemos
ser levados ao chamar de amor aquilo que entendemos por ser o ato de
gostar, ambos diferem-se essencialmente, entretanto este é o menor dos
problemas que incorremos, uma vez que temos por finalidade entender o
que é o amor verdadeiro, não poderia ser ele um bem que se deseja em
vista da sua utilidade, já que o mesmo é assim como a felicidade é um bem
em si mesmo.
1.2 - Seria o amor apenas um aforismo?

Comumente, acredita-se que o amor seria uma espécie de aforismo, ou


que poderia ser expresso na forma de um. Devido a este pensamento, ao
tratar sobre tal assunto, surgem filósofos que ao invés de dar uma
resposta objetiva e concreta, preferem responder abstratamente abrindo
margem para a interpretação pessoal, um exemplo é o filósofo francês
Voltaire que diz "Queres ter uma ideia do amor, vê os pardais do teu
jardim; vê os teus pombos; contempla o touro que se leva à tua vitela; olha
esse orgulhoso cavalo que dois valetes teus conduzem à égua em paz que
o espera, e que desvia a cauda para recebê-lo; vê como os seus olhos
cintilam; ouve os seus relinchos; contempla os seus saltos, cambalhotas,
orelhas eriçadas, boca que se abre com pequenas convulsões, narinas que
se inflam, sopro inflamado que delas sai, crinas que se revolvem e flutuam,
movimento imperioso com o qual o cavalo se lança para o objeto que a
natureza lhe destinou; mas não tenhas inveja, e pensa nas vantagens da
espécie humana: elas compensam com amor todas as que a natureza deu
aos animais, força, beleza, ligeireza, rapidez. Há até mesmo animais que
não sabem o que é o gozo. Os peixes escamados são privados dessa
doçura: a fêmea lança no lodo milhões de ovos; o macho que os encontra
passa sobre eles e fecunda-os com a sua semente, sem saber a que fêmea
eles pertencem. A maior parte dos animais que copulam só têm prazer por
um sentido; e, assim que esse apetite é satisfeito, tudo se extingue.
Nenhum animal, com exceção de ti, conhece os entrelaçamentos; todo o
teu corpo é sensível; os teus lábios, sobretudo, gozam de uma volúpia que
nada cansa, e esse prazer só pertence à tua espécie; enfim, tu podes a
qualquer tempo entregares-te ao amor, os animais têm o seu tempo
específico. (...) Por isso, estás acima dos animais; mas, se gozas de tantos
prazeres que eles ignoram, em compensação quantas tristezas os animais
não fazem ideia!" Ora, percebe-se que esta frase não nos esclarece a
pergunta em questão, porém faz com que nos questionemos sobre a
resposta e que busquemos encontrar nela algum significado profundo a
qual nos faça sentido. Contudo, não poderíamos ater somente em
aforismos se quisermos descobrir o que é o amor verdadeiramente,
mesmo que sejam belos, não respondem nossa pergunta, apenas nos
fazem questionar sobre os seus significados, que muitas das vezes se quer
existem realmente. Quando tratamos de sentimentos, expressamo-nos
como sendo concretos, uma vez que de fato sentimos tal, não sendo
possível sentir emoções inexistentes, podemos concluir que tais existem
concretamente, mesmo que não saibamos como expressa-los ou
explicarmos. Com efeito, faz-se então necessário irmos para além dos
ditos aforismos e buscarmos uma solução para esta questão, a fim de que
isto não seja em vão.

1.3 - Do que falsamente acreditamos ser o amor ao próximo:

Ao continuarmos a examinar o pensamento nietzschiano, vemos a


seguinte pergunta que por ele nos é feita “Nosso amor ao próximo, não é
ele uma ânsia por nova propriedade? ” Como vimos, em Nietzsche o amor
se reduz a cobiça por uma posse, mas será que isto também se aplica ao
próximo? Estas perguntas surgem quase que imediatamente ao
analisarmos esta corrente de pensamento, e então buscamos uma solução
que pode ser extraída do mesmo autor com a seguinte afirmação:
“Quando vemos alguém sofrer, aproveitamos com gosto a oportunidade
que nos é oferecida para tomar posse desse alguém; é o que faz o homem
benfazejo e compassivo, que também chama de “amor” ao desejo de uma
nova posse que nele é avivado, e que nela tem prazer semelhante ao de
uma nova conquista iminente. ” Analisando superficialmente esta frase,
vemos que a resposta para pergunta feita por ele mesmo é sim, mas se
formos mais a fundo, encontramos nos fenomenólogos Sartre e Simone
de Beauvoir uma resposta mais concreta a qual é fruto da dialética
hegeliano-marxista. Por meio destes autores, podemos compreender que
esta ânsia por tomar posse de alguém, advém da objetificação e da
identificação do próximo como sendo o “outro” e de nós como sendo o
“eu”, o processo nos é explicado por Roger Scruton em seu livro “Tolos,
fraudes e militantes” no seguinte trecho “Assim, ganho minha consciência
moral e minha liberdade em dois estágios. Primeiro, passo do imediato “eu
quero” da infância para a alienante percepção de mim mesmo como
objeto escravizado pelo desejo; em seguida, incorporo essa
autoconsciência a minha própria natureza subjetiva. Obrigo-me a ser um
sujeito integralmente autodeterminado, capaz de superar o desejo e agir a
partir de uma concepção do bem. Assim, adquiro unidade de
contemplação e ação: torno-me verdadeiro agente, motivado por uma
concepção de mim mesmo, com direito a respeito próprio e dos outros.”
(Scruton, Roger página 139) Nos quatros primeiros versos citados, vemos a
questão do desejo alienante a qual é trabalhada por Sartre sob uma ótica
nietzschiana, e dentro desta visão vemos a externalização do desejo
enquanto uma vontade objetificadora, que reduz o próximo ao status de
“outro” de modo que você se torne o “eu autoconsciente” e ganhe a
consciência moral. Entretanto podemos ir para além da desses autores
citados, e chegarmos ao entendimento foucaultiano da dialética. Dentro
desta percepção vemos esta questão partindo da ideia do “Kratos”, ou
seja, do poder, mas neste caso o “Kratos” assume o sentido de
dominação, e o relacionar-se com o próximo seria uma tentativa
constante de dominar, já que "Para Foucault o poder é uma prática social
constituída historicamente. São formas díspares, heterogêneas, em
constante transformação. Constata Foucault que o poder está por toda
parte e provoca ações e uma relação flutuante, não estando em uma
instituição nem em ninguém. Não está no rei, no presidente, em uma
pessoa, mas nas relações sociais existente, sendo ações sobre ações. ”
Podemos concluir após uma breve reflexão que a melhor forma de
controlar um indivíduo seria através da redução do indivíduo a uma mera
propriedade privada, uma vez que esta garante-lhe o direito de excluir
outras pessoas daquele mesmo bem, dando-lhe o controle exclusivo sobre
tal posse, desta maneira ao unirmos o pensamento foucaultiano e
nietzschiano chegamos a resposta de que o amor ao próximo seria sim
uma ânsia por obter uma nova propriedade, a fim de que desta maneira
possamos exercer a nossa dominação sobre tal pessoa. Percebe-se que
não foi em vão que Michel Foucault definiu a ética como sendo um
“cuidado de si”, já que uma vez em que não há o amor próprio corremos o
risco de nos reduzirmos a condição de objeto a ser apropriado por outro
numa possível relação interpessoal, que acontece a todo instante.
Todavia, nos é auto evidente que isto não pode ser o amor verdadeiro, já
que tal não maltrata, mas antes cuida, concebemos isso tacitamente.
Dando procedência a corrente filosófica nietzschiana, deparamo-nos com
a seguinte afirmação por ele feita: “Jamais alguém fez algo totalmente
para os outros. Todo amor é amor próprio. Pense naqueles que você ama:
cave profundamente e verá que não ama à eles; ama as sensações
agradáveis que esse amor produz em você! Você ama o desejo, não o
desejado. ”, ora o amor verdadeiro deve ser aquele que deseja o bem a
quem se ama, e não o que deseja receber o bem do amado, com efeito,
não poderia ser este o verdadeiro amor, pois sabemos via conhecimento
tácito que o amor é o ato da vontade pelo qual se quer o bem do outro
pelo próprio bem, haja visto que o bem por ser um transcendental assim
como o “verdadeiro, é em si mesmo autossuficiente, visto que o maior de
todos os bens e aquele que é unicamente autossuficiente é a felicidade,
não podendo ser outro porque “Se, então, nossas atividades têm algum
fim que queremos por si mesmo, e por causa do qual queremos todos os
outros fins se não escolhemos tudo por causa de outra coisa (porque isso
envolverá uma progressão infinita, de modo que o nosso objetivo será vão
e inútil) é evidente que este deve ser o Bem, que é o bem supremo” , a
felicidade é o bem supremo uma vez que ela não é desejada em vista de
outro fim, mas antes a queremos em si mesma, portanto o amor
verdadeiro deve desejar a felicidade a quem se ama, e não o inverso. Ao
darmos continuidade ao tema central deste subtópico, pode ser feita
outra indagação interessante após compreendermos a proposta de
Zygmunt Bauman na obra intitulada “Amor Líquido: Sobre a Fragilidade
dos Laços Humanos”. Nesta obra somos questionados a respeito da
durabilidade do “compromisso a longo prazo” (expressão esta usada
diversas vezes pelo o autor ao decorrer de seu livro), que é visto como “a
maior armadilha a ser evitada no esforço por “relacionar-se”, sabendo que
o foco deste capítulo não é investigar sobre os compromissos a longo
prazo, podemos responder aqueles que como Bauman retratam o
compromisso a longo prazo, que é uma das formas pelo qual se manifesta
o amor verdadeiro, como prisão, dizendo que tal sentimento só se
manifesta realmente se nele há a deliberação, ou seja, o assentimento da
parte dos indivíduos que se relacionam deve haver, de tal modo que este
assentimento só se dá quando há liberdade, não podendo assim o amor
ser uma prisão.

1.4 - Seria o amor uma substância química ou um processo fisiológico?

Este debate tão presente atualmente na academia, não é tão recente


quanto parece, a ideia de que o amor é um processo fisiológico remonta a
Descartes em sua obra intitulada “As paixões da alma”, nesta mesma obra
ao explicar sobre o que é o amor, ele diz: “na medida em que o
entendimento se representa algum objeto de amor, a impressão que este
pensamento causa no cérebro conduz os espíritos animais, pelos nervos do
sexto par, em direção aos músculos circundam os intestinos e o estômago,
de forma a fazer com que o suco das carnes, que se converteu em sangue
novo, passe rapidamente em direção ao coração sem se deter no fígado.
Sendo conduzido ao coração com mais força do que aquele sangue que
está em outras partes do corpo, ele aí penetra em maior abundância e
excita um maior calor, visto que ele é mais espesso do que aquele que já
foi rarefeito várias vezes ao passar e tornar a passar pelo coração. Tal faz
com que ele envie os espíritos ao cérebro, [espíritos] cujas partes são mais
espessas e mais agitadas do que o normal, e estes espíritos, fortalecendo a
impressão feita pelo primeiro pensamento sobre o objeto amado, obrigam
a alma a deter-se neste pensamento, e é nisto que consiste a paixão do
amor." podemos perceber o amor como explicado, é fruto de reações
fisiológicas causadas pela a imagem do ser amado. O renomado psicólogo
americano William James, propôs uma teoria que assim como a
cartesiana, tenta dar uma explicação puramente fisicalista para as
emoções, porém sua explicação é bem mais sofisticada e aceita
academicamente, sua teoria afirma que as emoções existem por causa das
reações da fisiologia humana, e não o inverso, por exemplo nós estamos
raiva por isso matamos um inocente, mas na verdade segundo James
matamos um inocente por isso estamos com raiva, isto pode ser concluído
porque que a causa antecede o efeito produzido, aplicando a sua teoria ao
tema de nossa investigação nós amamos porque sofremos modificações
fisiológicas como aumento de batimentos cardíacos, falta de ar, aumento
de temperatura, garganta seca et similia que advém dos impulsos
nervosos do nosso cérebro. Ora, tal ideia é algo contra intuitivo,
porquanto nós realmente amamos, visto que a mente é imaterial, mesmo
que se manifeste materialmente, o filósofo Edward Feser argumenta em
favor desta tese dizendo “Este ou aquele triângulo é uma coisa material,
mas a forma ou essência triangularidade não é; a neve é material, mas a
proposição de que a neve é branca não pode ser; e assim por diante. Mas
a natureza imaterial dessas coisas implica que o próprio intelecto que as
apreende deve ser igualmente imaterial. Como assim? A forma de
triangularidade que existe na nossa mente quando pensamos em
triângulos é a mesma forma que existe nos próprios triângulos reais; a
forma de “caninidade” que existe na nossa mente quando pensamos em
cães é a mesma forma que existe nos cães reais; e assim por diante. Se não
fosse assim, nós simplesmente não estaríamos pensando em triângulos,
cães e similares, uma vez que pensar nessas coisas implica apreender o
que elas são e o que elas são é determinado pela sua essência ou forma.
Mas agora suponha que o intelecto seja uma coisa material alguma parte
do cérebro ou alguma outra coisa. Então a forma existir no intelecto é a
forma existir em certa coisa material. Mas a forma existir em certa coisa
material é simplesmente esta coisa ser o tipo de coisa de que a forma é
forma; por exemplo, a forma de “caninidade” existir em certa parcela de
matéria é simplesmente essa parcela de matéria ser um cão. E, nesse caso,
se o seu intelecto fosse exatamente a mesma coisa que alguma parte do
seu cérebro, segue-se que essa parte do seu cérebro se tornaria um
cachorro sempre que você pensasse em cachorros. “Mas isso é absurdo!”,
diz você. É claro que é; essa é a questão. Supor que o intelecto é material
leva a tal absurdidade; logo, o intelecto não é material. ” Ora, pode-se
considerar a mente imaterial como a alma, de tal modo que as paixões
existem na alma e não no cérebro, mesmo que tenhamos reações
fisiológicas, pois como coloca Platão a alma é o motor do corpo. Conclui-
se então de imediato que o amor não é apenas uma reação química, mas
antes existe na mente (alma intelectiva) e visto que a alma intelectiva
possui todas as potências das almas sensitiva e vegetativa, faz com que
tenhamos o apetite, ou seja, paixões e nelas reside a manifestação do
amor, porque o amor de fato reside na vontade (aquilo a qual todos nós
humanos tendemos, ou seja, instinto natural).

1.5 - Do que de fato é o amor:

Uma vez compreendido o que o amor não é podemos tirar conclusões a


partir do oposto da proposição refutada por exemplo sabemos que o
amor verdadeiro não é um aforismo, portanto é algo concreto, também
sabemos que não é uma reação química nem um efeito fisiológico e que
não pode ser entendido apenas do âmbito material, então conclui-se que
está para além do sensível (físico)... Todas estas proposições falseadas
servem para que possamos ter uma noção do rumo que irá ser tomado.
Ora, como dito o amor é um bem em si mesmo e por isso o queremos,
mas afinal qual é o bem supremo diz Sto Tomás “Encontra-se nas coisas
algo mais ou menos bom, mais ou menos verdadeiro, mais ou menos
nobre etc. Ora, mais e menos se dizem de coisas diversas conforme elas se
aproximam diferentemente daquilo que é em si o máximo. Assim, mais
quente é o que mais se aproxima do que é sumamente quente. Existe em
grau supremo algo verdadeiro, bom, nobre e, consequentemente o ente
em grau supremo, pois, como se mostra no livro 11 da Metafísica, o que é
em sumo grau verdadeiro, é ente em sumo grau. Por outro lado, o que se
encontra no mais alto grau em determinado gênero é causa de tudo que é
desse gênero: assim o fogo, que é quente, no mais alto grau, é causa do
calor de todo e qualquer corpo aquecido, como é explicado no mesmo
livro. Existe então algo que é, para todos os outros entes, causa de ser, de
bondade e de toda a perfeição: nós o chamamos Deus.” Com efeito
somente Deus seria o Bem Supremo tendo em vista que tal é perfeito e é
a existência primeira por uma necessidade ontológica, sabendo-se que
todas as coisas possuem uma finalidade devido as quatro causas
aristotélicas e que sempre queremos algo tendo em vista outra coisa, mas
não sendo possível retroagirmos ao infinito de tal modo que assim não
haveria uma atualidade do querer, devemos desejar algo por si mesmo, e
isto é a felicidade que é a contemplação do intelecto pela verdade, e o Ser
que sustenta a Verdade é Deus como já dizia Santo Agostinho “A doutrina
agostiniana da verdade, seguindo a epistemologia de Platão, sustenta que
somente haja ciência, no sentido estrito do termo, quando o objeto a ser
conhecido é imutável. Segue-se disso que as verdades são de duas
espécies: necessárias e contingentes. As verdades sobre o mundo sensível
são contingentes: nada nele é permanente, pois tudo muda; logo, as
verdades a seu respeito são sempre passageiras. Por outro lado, as
verdades sobre o mundo inteligível são sempre necessárias. Essas
verdades, sendo necessárias, são imutáveis; sendo imutáveis, são eternas.
Porém, tal raciocínio levanta uma questão: o homem, sendo um ser
contingente, pode, ao mesmo tempo, ser a fonte de onde emana a
verdade? Se a resposta for negativa, então existe algo no homem que
transcende o próprio homem. Logo, acima do intelecto humano deve
haver uma natureza imutável, soberanamente verdadeira, que sirva de
paradigma para tudo o mais. Essa verdade é constituída por Ideias –
realidades supremas inteligíveis – rationes intelligibiles incorporalesque
rationes (razões inteligíveis e razões incorpóreas). Santo Agostinho tinha
consciência de que a doutrina das Ideias, tomadas como modelos de tudo
que existe, era de autoria de Platão. Inspirado em Plotino, transformou as
Ideias platônicas em pensamentos de Deus. Deus, enquanto ser puro, por
meio da criação, transmite o ser a todas as demais coisas.” Deste modo, o
único bem em si mesmo é Deus, portanto o amor verdadeiro deve desejar
Deus, já que está é a finalidade do ser humano (uma vez que ele busca a
felicidade). Sendo assim podemos definir amor como ato da vontade pelo
o qual se quer o bem do outro pelo próprio bem, e este bem que se deseja
é Deus, assim o amor pode ser expresso no seguinte exemplo: O homem
que ama a sua esposa, deseja que ela alcance a visão beatífica
(contemplação do intelecto pela verdade, ou seja, felicidade, que reside
no Ser Supremo), porque esta é a finalidade de ser intelectivo.
Uma investigação sobre como o amor acontece nos relacionamentos a
distância:

2.0 - Apresentação

Para entendermos perfeitamente como se manifesta o amor através dos


relacionamentos a distância, antes é necessário sabermos se tais são
possíveis e o porquê são possíveis, tendo em conta que para conhecermos
holisticamente tal manifestação, deve-se saber a causa do efeito de tal
maneira que teremos uma noção da situação como um todo, de certo modo
que a análise não se torne meramente superficial e assim posso trazer de
fato uma contribuição para a compreensão do assunto. Como dito é
necessário ver a causa, portanto falarei a respeito da origem, porque se for
possível de fato, então houve uma origem, deste jeito fica a pergunta: Qual
é esta origem? Por fim devemos olhar para a manifestação desse fenômeno
tão presente na atualidade, para isto pode-se recorrer tanto a sociologia e
a fenomenologia para explicar estes acontecimentos, e assim faremos. É
importante ressaltar também o papel da tecnologia nestas “conexões
afetivas”.

2.1 - O papel da tecnologia nos relacionamentos amorosos:

Será que estamos preparados para todas as possibilidades de conexão


trazidas pelas redes sociais e aplicativos de relacionamentos?
A tecnologia hoje, desempenha um papel fundamental nos
relacionamentos afetivos, podendo influenciar de forma positiva a
aproximação de pessoas ou impactar negativamente na criação de
conflitos ou ansiedade em todo esse processo. As interações virtuais são
semelhantes às interações da vida real. Esses dois ambientes permitem
compartilhar emoções, conversar e fazer amizades. Além disso,
relacionamentos que começam na internet podem se expandir para a vida
fora dos computadores. Acontece que, embora tenha uma série de
limitações (como possibilitar que as pessoas mintam sobre sua aparência
física, ou sobre qualquer outra informação, ou a impossibilidade de
contato físico), a internet é muito utilizada na busca por parceiros para
relacionamentos amorosos.

2.2 - Os vínculos amoráveis na era digital:


Os aplicativos de relacionamentos vieram à tona graças a uma revolução
tecnológica e a uma mudança comportamental da sociedade, que acabou
tornando aceitável novas formas de conhecer parceiros românticos. Os
primeiríssimos passos para esses relacionamentos digitais foram as salas
de bate-papo, onde as pessoas se conheciam a partir de apelidos, sem a
utilização de fotos. Os relacionamentos amorosos na era digital foram
impulsionados pelo desenvolvimento e a popularização dos aplicativos.
Eles aumentam significativamente as possibilidades de se conhecer
alguém com interesses em comum, expandindo o círculo natural de
relacionamentos e as chances de encontrar um parceiro. Existem
cinco motivações primárias para usar aplicativos de relacionamento:
amor, facilidade de comunicação, validação do autovalor, emoção de
excitação e tendência, e essas motivações diferem de acordo com a idade
e o sexo das pessoas. Sendo assim, é possível concluir que se conhecer por
aplicativos deixou de ser algo do qual as pessoas têm vergonha para se
tornar então a nova realidade do início de muitos relacionamentos sérios.

2.3 - Seria possível um relacionamento a distância manifestar o amor?

Primeiro discute-se a possibilidade de tais relacionamentos, com o


advento da internet na modernidade e com a popularização das redes
sociais, cada vez tem discutido sobre isso, e responde-se de imediato que
sim, é possível. Para provarmos a alegação anterior, basta trabalharmos
com a lógica modal em específico na parte de mundos possíveis e o
argumento fica estruturado da seguinte forma: Premissa 1 - Eu consigo
conceber logicamente mundos possíveis. Premissa 2: Em um mundo
possível existem relações a distância onde há o amor. Conclusão: É
possível um relacionamento a distância onde há o amor. Contudo, como
coloca Saul Kripke possivelmente X, significa não necessariamente X, desta
forma não poderíamos concluir que isto ocorre neste mundo (que é um
dos mundos possíveis) sem recorrer a evidências puramente empíricas, de
tal forma não podemos conceber isso a priori, mas antes a posteriori que
o amor se manifesta nos relacionamentos a distância, para isto basta
considerar que certos indivíduos conseguem querer o bem a quem se
ama, mesmo que não tenha contato físico, e como falado o amor é querer
bem a quem se ama, então conclui-se que não é tão somente possível,
mas também real.

2.4 - A origem dos relacionamentos virtuais

Não falaremos aqui sobre quando se tornou possível relacionamentos


virtuais, mas sim quando houve a popularização e quando as pessoas
passaram a se relacionar desta forma com mais frequência. A partir da
democratização ao acesso à internet, foi possibilitado aos indivíduos a
comunicação a distância e com isso nós fomos nos adaptando e criando
vínculos com outras pessoas que se quer sabemos da existência, ou que
conhecemos, mas não temos contato por motivos que nos impedem.
Aristóteles já dizia que “O homem é um animal social” a partir disso
podemos entender o porquê somos comunicativos e nos relacionamos a
todo instante, temos uma necessidade de interação e dependência para
com o outro de tal maneira que a internet nos proporcionou isso por meio
das redes socias, que faz com que nos comuniquemos a todo momento
conhecendo pessoas novas pessoas e acabamos por fazermos novos
amigos e possivelmente namorados. A origem de tudo isso está na própria
essência dos seres humanos, que necessitam da interação com os outros,
e mediante as dificuldades que existiam para se comunicar, o homem
resolveu criar meios para que essas dificuldades fossem sanadas, e assim
poderiam realizar sua sociabilidade de um modo mais perfeito e
constante, assim surgiram as redes sociais e os meios de comunicação,
tentar alterar este fato, seria tentar mudar a própria natureza humana, ou
seja, seria algo em vão, pois isto é imutável.

2.5 - Por que nos relacionamos afetivamente com os outros e tentamos


estabelecer vínculos amorosos?

Segundo Zygmunt Baumam nestes tempos líquidos em que vivemos, o


medo por não se relacionar predomina a sociedade, de tal modo que os
seres humanos nessa angústia buscaram se reinventar e encontrar novos
meios de criar vínculos amorosos, “essa necessidade ainda mais afrontosa
e exasperante. Você busca o relacionamento na expectativa de mitigar a
insegurança que infestou sua solidão; mas o tratamento só fez expandir os
sintomas, e agora você talvez se sinta mais inseguro do que antes, ainda
que essa “nova e agravada” insegurança provenha de outras paragens.”.
Esta angústia também nos é tratada pelo fenomenólogo Jean-Paul Sartre,
já que para ele “o ser humano se constitui a partir das relações que
estabelece com os outros humanos e com a materialidade, ou seja, será
sempre uma relação dialética entre objetividade e subjetividade” . Visto
que, com o avanço da tecnologia e com o surgimento das redes sociais,
houve a externalização dessa angústia, em forma dos chamados “web
namoros”, que são mais fáceis, levando em consideração que acredita-se
que a “súbita abundância e a evidente disponibilidade das “experiências
amorosas” podem alimentar (e de fato alimentam) a convicção de que
amar (apaixonar-se, instigar o amor) é uma habilidade que se pode
adquirir, e que o domínio dessa habilidade aumenta com a prática e a
assiduidade do exercício”,ou seja, isso só ocorre devido a uma preferência
temporal da pessoa que opta por um relacionamento a distância tendo
em vista um futuro contato físico com aquele que se ama, pois assim
adquirirá conhecimentos para uma possível experiência futura. Com
efeito, nós enquanto seres sociais só buscamos esta forma de vínculo
afetivo por meios digitais devido ao nosso “projeto-de-ser", porque “O
homem nada mais é do que o seu projeto: só existe na medida em que se
realiza; não é nada além do que o conjunto de seus atos, nada mais que a
sua vida.” Surge por fim uma última pergunta, qual seria o projeto-de-ser
do homem? Compreende-se que tal é a sociabilidade, e por isso buscamos
estabelecer a todo custo relações amorosas que sejam concretas, até por
meios digitais, de tal modo que o amor pode ser assim manifestado
verdadeiramente ou não, isto vai de acordo com a pessoa, porém mesmo
que inconscientemente a pessoa sempre procurará alcançar a nossa
finalidade, ou seja, a sociabilidade, assim conclui-se a tese deste capítulo.
3 - Os pontos positivos e negativos do relacionamento digital:

3.1 - Relacionamentos digitalizados e suas inconveniências:

Desde os primórdios da humanidade, há a evolução. De ancestrais


milenares ao homo sapiens, o progresso não foi impedido. Para Aristóteles,
“O homem é um ser que necessita das coisas e dos outros, sendo, por isso,
um ser carente e imperfeito, buscando a comunidade para alcançar a
completude”. Partindo deste conceito originado para fins políticos,
podemos concernir que o ser humano necessita de algo ou alguém ao seu
lado para que possa concluir seus objetivos ou possuir uma vida pacata.
Este companheiro poderá muitas vezes, necessitar do outro, gerando um
sentimento mútuo de união, confiança e afeto. Como nada é perfeito, o que
aconteceria se algo natural ou antropogênico os separasse? É o que vemos
na atualidade. Como dito acima, o progresso da humanidade e seus
instrumentos não foi impedido. Atualmente, podemos ultrapassar esta
barreira com frutos da evolução tecnológica, sendo um simples celular,
computador ou tablet. Esta fusão entre o relacionamento humano e o
mundo digital originou o que se chama “relacionamento digital”, sendo
comumente intitulado de “web-namoro”. Trazendo grandes benefícios,
consequentemente traz malefícios. Seguindo esta ideia, vamos para as a
seguintes objeções:

3.2 - Grandes desconfianças:

A distância somada com a grande disponibilidade de recursos que o


parceiro tem pode gerar uma certa desconfiança no segundo membro do
relacionamento. Com apenas um clique, a conversa com dezenas de
pessoas diferentes de fora do relacionamento pode ser tornada em
realidade. Tal hipótese tomada de uma maneira errônea pode ir das
menores até as maiores consequências, como exemplo, perseguições em
redes sociais ou o término do namoro. É necessário que haja um diálogo
entre os parceiros, visto a imensa possibilidade de dialogar no mundo
digital.
3.3 - Problemas no uso:

É fato que nem todos conseguem desfrutar da tecnologia do modo correto,


tendo dificuldades no percurso. Um problema bastante comum atualmente
é a eficiência da conexão: Vídeo-chamadas sendo travadas, mensagens
sendo enviadas lentamente... e mais algumas consequências que se
acumulam. Muitos usuários (em maioria aqueles com condições financeiras
instáveis) optam por um plano de conexão mensal limitado, o que também
limita a comunicação com o outro parceiro. Não se apegando ao “amor”
apenas como “namoro”, e sim como um afeto entre duas ou mais pessoas,
como uma família, é comum ver os mais velhos com uma extrema
dificuldade no uso geral de celulares, impossibilitando até completamente
o contato.

3.4 - Uma interação mais monótona:


Convenhamos, mesmo as redes sociais facilitando a interação, não se
compara à interação ao vivo. Presencialmente, há mil escolhas para
passatempo entre o casal: Ir ao restaurante, visitar pontos turísticos, ver
algum filme em cartaz, uma calma caminhada pela praia... todas as
experiências que possibilitam um contato e aproximação maior.
Digitalmente, as ações são consideravelmente mais monótonas. Mesmo
que os recursos digitais tenham ferramentas que possibilitem o contato,
não há nada que se compare aos encontros presenciais, onde há a presença
física

3.5 - Golpes digitais:

Convenhamos, mesmo as redes sociais facilitando a interação, não se


compara à interação ao vivo. Presencialmente, há mil escolhas para
passatempo entre o casal: Ir ao restaurante, visitar pontos turísticos, ver
algum filme em cartaz, uma calma caminhada pela praia... todas as
experiências que possibilitam um contato e aproximação maior.
Digitalmente, as ações são consideravelmente mais monótonas. Mesmo
que os recursos digitais tenham ferramentas que possibilitem o contato,
não há nada que se compare aos encontros presenciais, onde há a presença
física
3.6 - A infidelidade é maior:

Há bilhões de usuários de internet no mundo, milhões em um país, infinitas


contas em redes sociais. Em um relacionamento digital, a chance de
infidelidade é consideravelmente maior (grandes desconfianças). Isso pode
acarretar em segredos entre o casal, relacionamentos extra conjugais etc.
Por conta disso, é extremamente importante que o relacionamento seja
seguro, saudável e que tenha um diálogo constante

3.7 - Vícios em encontros digitais:


Na medida que o relacionamento avança, é necessário um contato mais
forte. Muitos casais optam (ou pela natureza do relacionamento) pelo
contato restrito ao mundo digital, deixando de lado o físico. Tais decisões
podem acarretar em um certo vício no mundo digital, visto as várias horas
e meios de contato e atrapalhar objetivos próprios fora do relacionamento.
Tal comportamento de vício digital pode ser observado em grande parcela
dos jovens que possuem acesso à internet.

3.8 - A realidade e a ilusão:

É muito fácil criar um falso reflexo de você nas redes sociais. Entre “posts”
e comentários, há uma barreira de características e qualidades que
separam o mundo real do digital. No Whatsapp, Instagram, Facebook,
Twitter, Snapchat e Tik-Tok tentamos criar um “eu” que não há tristezas,
que transmita apenas o que há de melhor em si mesmo sendo que não
existe algo perfeito. É esta uma das maiores discrepâncias nos
relacionamentos digitais. Quando finalmente a chance do encontro físico
ocorre, você observa mil características no seu par que não havia notado
antes, sendo elas físicas ou de caráter.

3.9 - Assédios on-line e crimes sexuais:

Dito acima, há bilhões de usuários de internet no mundo (a infidelidade é


maio). Em grande número, há os adolescentes e crianças. Muitos deles,
principalmente crianças, pois não tem um senso mais aguçado, podem
estar sujeitos ao assédio on-line em um relacionamento digital. Tal assédio
pode começar por comportamento, frases e terminar em gestos abusivos,
como foto de partes íntimas seguidas de ameaças. As pessoas por trás disso
geralmente são maiores de idade, pedófilos e etc que se aproveitam dos
recursos que as redes sociais oferecem (golpes digitais) e da inocência de
crianças para se satisfazerem. Portanto, é necessário ter cautela com
pessoas que você conhece na internet e de seu círculo, deixando seus
responsáveis cientes de seus contatos.

3.10 - A comunicação digital na rotina de um casal:

Por fim, devemos tratar da comunicação, pois como ela é o mais importante
como explica Habermas “é ideal uma situação de fala em que as
comunicações não são impedidas por influxos (influência física ou moral)
externos contingentes (eventuais) e por coações decorrentes da própria
estrutura da comunicação. ”32. Os aplicativos de relacionamentos vieram à
tona graças a uma revolução tecnológica e a uma mudança
comportamental da sociedade, que acabou tornando aceitável novas
formas de conhecer parceiros românticos. Os primeiríssimos passos para
esses relacionamentos digitais foram as salas de bate-papo, onde as
pessoas se conheciam a partir de apelidos, sem a utilização de fotos. Os
relacionamentos amorosos na era digital foram impulsionados pelo
desenvolvimento e a popularização dos aplicativos. Eles aumentam
significativamente as possibilidades de se conhecer alguém com interesses
em comum, expandindo o círculo natural de relacionamentos e as chances
de encontrar um parceiro. Existem cinco motivações primárias para se
utilizar aplicativos de relacionamento: amor, facilidade de comunicação,
validação do autovalor, emoção de excitação e tendência, e essas
motivações diferem de acordo com a idade e o sexo das pessoas. Sendo
assim, é possível concluir que se conhecer por aplicativos deixou de ser algo
do qual as pessoas têm vergonha para se tornar então a nova realidade do
início de muitos relacionamentos sérios.
Conclusão:

A par dos pensamentos filosóficos e científicos no texto, propostos por


grandes mentes por trás do avanço cultural e racional da humanidade
como: Descartes, Nietzsche, Bauman e outros por trás da busca centenária
sobre o que é o amor, podemos concluir que aquilo que chamamos de
amor não pode ser classificado como um aforismo, por ser concreto. Tão
pouco pode ser uma substância química, pois reside na mente do
indivíduo e todas as reações fisiológicas como o coração acelerado, são
apenas manifestações em resposta ao amor. Um assunto como esta causa
divergências, visto que na sociedade a definição de sentimentos, o que
são eles em sua forma verdadeira, é um tema ambíguo que se diverge nas
mais diferentes mentes existentes. A posse, a cobiça, o desejo de obter
aquilo que faz bem para o seu eu, isto é o amor para Friedrich Nietzsche:
"Cobiça e amor! Que sentimentos diversos evocam estas duas palavras em
nós! E poderia, no entanto, ser o mesmo impulso que recebe os dois
nomes". Para Voltaire, a definição de amor depende de cada um: Você é o
responsável por buscar a resposta, questioná-la e julgar se a faz sentido no
tema. Para a maioria das pessoas, a representação ideal do sentimento de
amor seria o Ser Supremo, Onipotente e onibenevolente, em outras
palavras Deus. É próprio da natureza humana o desejo de ter alguém ao
seu lado, uma vez que tal aproximação pode ser afetada por fenômenos,
como uma pandemia, a digitalização deste relacionamento tem grandes
chances de ocorrer. Contudo, tal “relacionamento digital” contém seus
prós e contras. É necessária cautela nas redes sociais e com as pessoas de
seu círculo, sejam elas de longa data ou novas. Se assegurar de que seu
relacionamento está fluindo de forma saudável, lenta e progressiva é algo
essencial no convívio com seu par. Ser alguém cuidadoso quando o mundo
digital entra no assunto nunca é demais, é a segurança necessária. Não há
resultados bons em seguir algo em que você se sente inseguro, sente que
não tem como suportar aquilo por mais tempo ou que alguma hora irá se
romper. Sim, redes sociais tem seus malefícios, mas você consegue tirar
um proveito dela para fins bons. Informe se sobre o mundo atual, leia
artigos, expanda seu pensamento sobre o mundo real e digital. Veja se o
seu novo amigo (a) ou namorado (a) virtual está agindo amigavelmente e
normal. Por último, se você possui responsáveis, ouça-os sobre o que eles
dizem a você, conselhos de pessoas confiáveis sempre serão bons. Dessa
forma, no capítulo dois, vemos que é possível criar um laço amoroso na
internet e trazê-lo para o mundo real (presencial), com a internet pessoas
em comum podem se encontrar em aplicativos de namoro ou em bate-
papos e criar um laço de amor muito intenso, as chances são altas de
encontrar alguém que realmente quer seu bem. As pessoas têm a
necessidade de interação, mas a angústia as corrompeu fazendo com que
as mesmas pessoas não interajam com as outras presencialmente, graças
à internet elas têm a oportunidade de criar fortes laços de amor. O
namoro a distância pode trazer grandes consequências como mostrado no
capítulo três, tais como: Desconfianças, a limitação da comunicação com o
parceiro (a), ações monótonas, infidelidade, vícios no mundo digital, etc. É
essencial que as pessoas tenham o contato com o seu parceiro (a), para
não ocorrer os problemas citados. Isso é da escolha da pessoa, mas, se
possível, ame alguém esteja perto, procurar amizades presencias pode
criar um laço amoroso recíproco.
Bibliografia:

1
A expressão “pileque homérico” faz referência a música composta em
1973 e publicada em 1978 por Chico Buarque e Gilberto Gil chamada
“Cálice”, e quer dizer no sentido a qual empreguei, que a sociedade ao
pensar seguindo tais visões está embriagada na ignorância, como se tudo
estivesse perdido.
2
A obra em questão se chama “Amor Líquido: Sobre a Fragilidade dos
Laços Humanos”
3
Kant, Immanuel “Immanuel Kant textos seletos” tradução de Raimundo
Vier e Floriano de Souza Fernandes 2a edição. Petrópolis: Editora Vozes,
1985.
4
João 8,32
5
Nietzsche, Friedrich “100 aforismos sobre o amor e a morte” tradução de
Paulo César de Souza 1ª edição. São Paulo: Penguin-Companhia 13
setembro 2012 página 7
6
Nietzsche, Friedrich “100 aforismos sobre o amor e a morte” tradução de
Paulo César de Souza 1ª edição. São Paulo: Penguin-Companhia 13
setembro 2012 página 7
7
Hooft, Stan “Ética das virtudes” tradução de Fábio Creder 1ª edição.
Petrópolis: Vozes, 2013 página 26
8
Aquino, Tomás “Suma teológica” tradução Alexandre Correia 1ª edição.
Rio de Janeira: Ecclesiae 2018, questão 20 artigo 2
9
Mesquita, José “Queres Ter Uma Ideia Do Amor, Vê Os Pardais...”.
Mesquita, 2019. Disponível em: https://mesquita.blog.br/voltaire-amor-
comparado. Acesso em: 11 de julho de 2022
10
Nietzsche, Friedrich “100 aforismos sobre o amor e a morte” tradução
de Paulo César de Souza 1ª edição. São Paulo: Penguin-Companhia 13
setembro 2012 página 7
11
Nietzsche, Friedrich “100 aforismos sobre o amor e a morte” tradução
de Paulo César de Souza 1ª edição. São Paulo: Penguin-Companhia 13
setembro 2012 página 7
12
A base para esta afirmação advém do capítulo quatro do livro do
escritor inglês Roger Scruton denominado “Tolos, fraudes e militantes”
13
Scruton, Roger “Tolos, fraudes e militantes” tradução de Alessandra
Bonrruquer 1ª edição. Rio de Janeiro: Record, 2018
14
Bodart, Cristiano “O Poder em Foucault: a noção de poder para o
filósofo francês”. Café com sociologia, 2021. Disponível em:
https://cafecomsociologia.com/o-poder-em-michael-foucault/. Acesso
em: 14 de julho de 2022.
15
Hooft, Stan “Ética das virtudes” tradução de Fábio Creder 1ª edição.
Petrópolis: Vozes, 2013 página 108.
16
Rodrigues, Gabrielle “Você ama o desejo, não o desejado. ”- Nietzsche.
Diário de Gabi, 2021. Disponível em:
https://diariodegabi.home.blog/2021/02/06/voce-ama-o-desejo-nao-o-
desejado-nietzsche/. Acesso em: 29 de julho de 2022
17
Hooft, Stan “Ética das virtudes” tradução de Fábio Creder 1ª edição.
Petrópolis: Vozes, 2013 página 67.
18
Bauman, Zygmunt “Amor Líquido: Sobre a Fragilidade dos Laços
Humanos” tradução de Carlos Alberto Medeiros 1ª edição. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2004 página 7.
19
Borges, Maria “O amor no cérebro”. Princípios: Revista de Filosofia
(UFRN), v. 22, n. 38, p. 125-135, 2015.
20
Descartes, Réne “Les passions de l’âme”. Œuvres de Descartes (AT, XI).
Ed. Adam/ Tannery. Paris: Vrin, 1964-76.
21
James, William “As emoções (1890)”. Revista Latinoamericana de
Psicopatologia Fundamental, v. 11, p. 669-674, 2008.
22
Feser, Edward “A última superstição: Uma refutação do neoateísmo”
tradução de Eduardo Levy 1ª edição. Belo Horizonte: Cristo Rei, 2017
página 100.
23
Henrique, Guilherme “A alma imaterial e imortal”. Medium, 2018.
Disponível em: https://medium.com/@nareal460/a-alma-imaterial-e-
imortal-655445c46909. Acesso em: 1 de agosto de 2022.
24
Prudente, Mauro “O conceito de existência na teologia natural de São
Tomás de Aquino” 1ª Edição. Porto Alegre: edição do autor, 2019 página
35.
25
Alario, Raphael “O homem é um animal social – Aristóteles”. Projeto
Phronesis, 2009. Disponível em:
https://projetophronesis.wordpress.com/2009/01/10/o-homem-e-um-
animal-social-aristoteles/. Acesso em: 7 de agosto de 2022.
26
Bauman, Zygmunt “Amor Líquido: Sobre a Fragilidade dos Laços
Humanos” tradução de Carlos Alberto Medeiros 1ª edição. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2004 posição 357-359
27
Raquel, Wzorek “Projeto-de-ser e relacionamentos a distância”. Anima
educação, 2015. Disponível em:
https://repositorio.animaeducacao.com.br/handle/ANIMA/10250. Acesso
em: 10 de agosto de 2022
28
Bauman, Zygmunt “Amor Líquido: Sobre a Fragilidade dos Laços
Humanos” tradução de Carlos Alberto Medeiros 1ª edição. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2004 posição 190-195.
29
Raquel, Wzorek “Projeto-de-ser e relacionamentos a distância”. Anima
educação, 2015.
https://repositorio.animaeducacao.com.br/handle/ANIMA/10250. Acesso
em: 11 de agosto de 2022
30
Cabral, João Francisco Pereira. "O conceito de animal político em
Aristóteles"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/o-conceito-animal-politico-
aristoteles.htm. Acesso em 05 de agosto de 2022.
31
O Globo. “Golpista do Tinder: veja as semelhanças entre o brasileiro e o
original, Shimon Hayut, que inspirou o documentário”. O Globo, 2022.
Disponível em: https://oglobo.globo.com/cultura/golpista-do-tinder-veja-
as-semelhancas-entre-brasileiro-o-original-shimon-hayut-que-inspirou-
documentario-25461553. Acesso em: 04 de agosto de 2022
32
Nougueira, Clayton “A teoria discursiva de Jürgen Habermas”.
Direitonet, 2006. Disponível em:
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/2715/A-teoria-discursiva-
de-Jurgen-Habermas. Acesso em: 12 de agosto de 2022

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