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ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR SIMÃO MATHIAS

Filosofia

Arthur Luiz Silva Correia

AMOR NA CONTEMPORANEIDADE
São Paulo
2022
Arthur Luiz Silva Correia

AMOR NA CONTEMPORANEIDADE
Trabalho apresentado à Escola Estadual
Professor Simão Mathias como requisito de
obtenção de nota em Filosofia.

Professor(a): Ivone

São Paulo
2022
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................4

2. AMOR NA CONTEMPORANEIDADE.....................................5

3. AMOR LIQUÍDO......................................................................6

4. CONCLUSÃO..........................................................................8

5. BIBLIOGRAFIA.......................................................................9
1. INTRODUÇÃO
Falar de amor se torna difícil perante a dificuldade de achar um
consenso entre seu conceito, já que abrange várias áreas do
conhecimento, além do senso comum.
Segundo a Filosofia de Sócrates, “amor” é a busca da beleza e
do bem E sendo assim, ele mesmo não pode ser belo nem bom. Quem
ama, deseja algo que não tem. Quando se tem, não se deseja mais, ou
se se deseja, deseja manter no futuro, o que significa que não o tem. Já
Platão define como “Eros”, ou seja, que amor é desejo e quando
conquistado, não deseja mais, não ama mais.
Agora na área da Biologia, baseado na obra “A Biologia do
Amor”, do neurobiólogo Humberto Maturana:

O amor, ou, se não quisermos usar uma palavra tão forte, a


aceitação do outro junto a nós na convivência, é o fundamento
biológico do fenômeno social. (MATURANA, 2004).

Ele também define o conceito de “amar” como “(...) uma atitude


em que se aceita o outro de forma incondicional e não se exige ou se
espera nada como recompensa.”
O amor é um conceito amplo, que abrange conceitos desde algo
poético, como o de Luís de Camões, que diz que “Amor é fogo”, ou até o
senso comum, onde o amor pode ser simplesmente o ato erótico.
Dessa forma, o amor passou por muitas transformações ao
decorrer do tempo até chegar na contemporaneidade.

2. AMOR NA CONTEMPORANEIDADE
Em nossa sociedade contemporânea, o tema amor é formada por
complexidades e estão vinculadas a tecnologia. Diferente, por exemplo,
na época do Renascimento, durante o século XIV e XVI, as relações
eram interditadas pela Igreja para impedir o prazer sexual,
principalmente as mulheres. Assim, o foco antigamente era apenas o
casamento, já que o amor pelo prazer era considerado profano.
Como conceitualização de relacionamento amoroso, a
psicanalista Lins (2012) entende que ao relacionarem-se, as pessoas
prezam pela sua liberdade, não querendo renunciar seus projetos
pessoais, dificultando assim, a harmonização das necessidades
individuais associadas à uma vida a dois. Ela acredita que o amor
romântico dos relacionamentos amorosos está presente somente
nas novelas, esvaindo-se cada vez mais da realidade vivenciada, já que
a busca pela individualidade, caracterizada pela época atual, leva o ser
humano à um caminho oposto ao que esse tipo de amor exige, a ideia
de que duas pessoas se transformariam em uma só, nada mais lhe
faltando.
Em relação aos fatores que permeiam os relacionamentos
amorosos, na sociedade atual, observa-se um indivíduo que se coloca
como centro da própria vida, explorando suas sensações de prazer, de
corpo e mente, tornando-se sua prioridade.
Tais fatores estão sendo associados à sociedade hedônica, que
se trata de uma negação do sofrimento, acompanhada da busca
incessante da felicidade (FORTES, 2009, p.1125). Tal conceito de busca
pelo prazer é sustentada por Nietzsche no livro de Irvin D. Yalom
“Quando Nietzsche Chorou” (1992), quando ele diz:
Jamais alguém fez algo totalmente para os outros. (...) todo amor é amor-
próprio. (…) Cave mais profundamente e descobrirá que não ama a eles: ama isso
sim, as sensações agradáveis que tal amor produz em você! Ama o desejo, não o
desejado. (YALOM, 1992).

Com isso, o amor descrito por “Nietzsche” é um amor arrogante,


narcisista e ligado a amar de forma superficial. Essa frase também pode
ser vista na música da cantora brasileira Marília Mendonça em sua
música “De quem é a culpa?”, no verso: “Quem é você, que eu não
conheço mais? Me apaixonei pelo que eu inventei de você”.
O fato de amarmos a sensação não a pessoa pode ser explicada
quimicamente. Quando amamos, nosso cérebro produz a sensação de
felicidade pela dopamina, a excitação através da adrenalina e o desejo
sexual devido a noradrenalina. Assim, quando paramos de sentir tais
sentimentos com a pessoa o “amor esfria”, sendo substituído por outras
“coisas” ou “pessoas” que causem o mesmo sentimento. Dessa forma,
um amor pode acabar não pelo fato que o amor em si acabou, mas que
algo mais forte o substituiu.

3. AMOR LIQUÍDO
Segundo o filósofo Zygmunt Bauman, no seu livro, “Amor Líquido:
Sobre a Fragilidade dos Laços Humanos” (2004), vivemos em tempos
de relações frágeis, que se tonam relações individualizadas e
mercantilizadas. Ele fala também na grande facilidade de se esquecer
do outro e de se desconectar, se tornando uma mera conexão, podendo
ser trocados por conexões melhores, que podem se desligar ante
qualquer signo de debilidade ou tédio.
Esse conceito é sustentado por Pascal Bruckner, que diz que os
grandes desafios das relações atuais é o tédio e as tentações. E que
nossa sociedade está dividida entre o ideal de fidelidade e o apetite de
liberdade.
De acordo com Bauman: “As relações são uma sucessão de
reinícios e, precisamente por isso, os finais são rápidos e indolores”,
assim, as relações amorosas deixam de ter aspecto de união e passam
a ser um mero acúmulo de experiências.
É devido a insegurança e a incerteza, parte estrutural — e já
assumida — do sujeito moderno, segundo ele, causado pelo capitalismo
e a ideologia de consumismo, que faz o amor ser visto como produto de
consumo rápido e fazerem se sentirem como mercadorias para
satisfazer alguma necessidade. A insegurança e incerteza fazem nós
entrarmos em um relacionamento com medo prévio de sermos traídas,
enganadas ou usadas, e que, qualquer sentimento mínimo de afeto é
motivo para eu amá-la. Consequência disso é a troca de um
relacionamento ou compromisso por um “ficar” com alguém.
Prova disso são a drástica queda das estáticas de casamentos e
o aumento de divórcios. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
– IBGE divulgou as Estatísticas do Registro Civil no país, referentes a
2019. Foram registrados cerca de 1,02 milhão de casamentos no Brasil
em 2019, cerca de 28,8 mil a menos do que em 2018, o que representa
uma queda de 2,7%. Foi a quarta vez seguida que o número de
casamentos caiu. Outros dados apontados pelo IBGE mostram que, a
cada ano, os casamentos duram menos. Em 2018, a média de duração
da união era de 17,6 anos. Já em 2019, essa média caiu para 13,8
anos.

4. CONCLUSÃO
O relacionamento amoroso na contemporaneidade está envolto
por diversos conceitos e construções históricos-sociais. Historicamente,
o amor e os relacionamentos amorosos ocupam diferentes
importâncias para a vida social; mudam-se os valores, as
concepções dos indivíduos, os significados e as possibilidades.
Atualmente, o tema relacionamento amoroso tem sido uma das áreas
mais importantes da vida das pessoas. Afinal, as interações,
afetos e os compromissos resultantes dão sentido a nossa vida.
Segundo a neurocientista, Stephanie Ortigue, em seu livro
“Equipados para o amor” (2022), o amor é tão necessário quanto a
água, já que, quando um ser tem ausência de relacionamento sadios,
pode gerar problemas na saúde como depressão, hipertensão, sono
fragmentado até diabetes.
Quando está nesse estado, é como estivesse socialmente
sedento, então o cérebro envia sinais de que precisa disso. Esses sinais
são semelhantes quando estão com sede.
Assim, mesmo vivendo em tempos de amores líquidos e
individualista, não podemos viver sem amor. É o que nos faz mais
diferentes de outros seres.

5. BIBLIOGRAFIA
Livro: Amor Líquido; BAUMAN, Zygmaunt; 2004
Livro: Equipados Para o Amor; ORTIGUE, Stephanie
Artigo: O relacionamento amoroso na contemporaneidade;
LOPES, Adriadne; TEIXEIRA, Letícia; GERALDA, Marisa
Site: Fronteiras do Pensamentos – A utopia do amor
contemporâneo
Site: Brasil Escola – Amor Platônico
Site: Significados – Amor Platônico
Site: Revista Ecológico – A Biologia do Amor de Humberto
Maturana
Site: Brasil Escola – Química do Amor
Site: Vida Simples – O que é amor líquido e por que é cada vez
mais difícil escapar dele
Site: IDBFAM – IBGE aponta que brasileiros tem casado menos e
se divorciado mais rápido

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