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GESTÃO DE ÁGUAS PLUVIAIS EM ÁREAS JÁ URBANIZADAS: APLICAÇÃO DA


MATRIZ SWOT PARA A CARACTERIZAÇÃO DE TÉCNICAS COMPENSATÓRIAS

Conference Paper · October 2020

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3 authors, including:

Luciana Gonçalves Bernardo Arantes Teixeira


Universidade Federal de São Carlos Universidade Federal de São Carlos
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1º Simpósio Brasileiro Cidades + Resilientes
28 a 30 de outubro de 2020

Trabalho Inscrito na Categoria de Artigo Completo


978-65-86753-09-7

EIXO TEMÁTICO:
( ) Tópico Especial: A Cidade e o Isolamento Social
( ) Cidades Inovadoras
( ) Mobilidade Urbana Sustentável
( ) Geotecnologias e Investigação Geotécnica das Cidades
( X ) Gestão e Tecnologias Aplicadas aos Sistemas de Saneamento

Utilização de fluxograma de tomada de decisão para classificação


qualitativa de bacias de detenção e retenção em relação ao seu local,
forma, uso e abordagem LID
Use of decision-making flowchart for qualitative classification of detention and retention basins
in relation to their location, form, use and LID approach

Uso de un diagrama de flujo de toma de decisiones para la clasificación cualitativa de las


cuencas de detención y retención en relación con su ubicación, forma, uso y enfoque de LID

Bruna Logatti
Professora Mestre, FIAR, Brasil.
brunalogatti@logatti.edu.br

Luciana Márcia Gonçalves


Professora Doutora, UFSCar, Brasil.
lucianamg@ufscar.br

Bernardo Arantes do Nascimento Teixeira


Professor Doutor, UFSCar, Brasil.
bernardo@ufscar.br

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RESUMO
As bacias de detenção ou de retenção são estruturas de armazenamento temporário e/ou infiltração de águas
pluviais. Sua principal função é a de amortecer cheias em meio urbano por meio da redução do volume de
escoamento superficial. Essa técnica compensatória pode ser classificada como uma prática de desenvolvimento de
baixo impacto (LID). Contudo, para isso, é necessário que ela siga as diretrizes da abordagem LID. Esse estudo buscou,
com base no manual para desenvolvimento de baixo impacto elaborado pelo condado de Prince George (1999) e a
classificação de bacias apontada por Baptista, Nascimento e Barraud (2015), elaborar um fluxograma de tomada de
decisão capaz de classificar bacias de detenção e retenção em relação ao seu local, forma, uso e abordagem LID. Os
resultados apontam que foi possível construir o diagrama de classificação com um indicador de práticas LID (IDBI), o
IDBI aponta o número de práticas existentes na bacia.
PALAVRAS-CHAVE: Bacias de detenção e retenção; Fluxograma de tomada de decisão; LID.

ABSTRACT
Detention or retention basins are structures for temporary storage and/or rainwater infiltration. Its main function is
to dampen floods in an urban environment by reducing the volume of runoff. This compensatory technique can be
classified as a low impact development practice (LID). However, for this, it is necessary to follow the guidelines of the
LID approach. This paper sought, based on the manual for low impact development prepared by Prince George County
(1999) and the basin classification pointed out by Baptista, Nascimento and Barraud (2015), to develop a decision-
making flowchart capable of classifying basins of detention and retention in relation to its location, form, use and LID
approach. The results show that it was possible to construct the classification diagram with an indicator of LID
practices (IDBI), the IDBI points out the number of existing practices in the basin.
KEYWORDS: Detention and retention basins; decision-making flowchart; LID.

RESUMÉN
Las cuencas de detención o retención son estructuras de almacenamiento temporal y / o infiltración de agua de lluvia.
Su función principal es amortiguar las inundaciones en un entorno urbano reduciendo el volumen de escorrentía. Esta
técnica compensatoria se puede clasificar como una práctica de desarrollo de bajo impacto (LID). Sin embargo, para
ello, es necesario que siga las pautas del enfoque LID. Este estudio buscó, con base en el manual de desarrollo de bajo
impacto elaborado por Prince George County (1999) y la clasificación de cuencas señalada por Baptista, Nascimento
y Barraud (2015), desarrollar un diagrama de flujo de toma de decisiones capaz de clasificar las cuencas de detención
y retención en relación con su ubicación, forma, uso y enfoque LID. Los resultados muestran que fue posible construir
el diagrama de clasificación con un indicador de prácticas LID (IDBI), el IDBI señala la cantidad de prácticas existentes
en la cuenca.
PALABRAS CLAVE: Cuencas de detención y reclusión; Diagrama de flujo de toma de decisiones; LID.

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INTRODUÇÃO
O crescimento urbano, as edificações e obras de infraestrutura urbana alteram
significativamente a cobertura do solo e a topografia. A introdução de superfícies impermeáveis
no espaço urbano também reduz a possibilidade de infiltração das águas pluviais e as taxas de
evapotranspiração, aumentando as vazões e o volume das águas pluviais escoadas
superficialmente (TASSI, 2014).
Tem-se então um cenário no qual as cidades apresentam sérios problemas para realizar o
manejo de suas águas pluviais. Principalmente pelas práticas de seu passado (visão higienista),
onde prevalecia o afastamento rápido das águas pluviais dos centros urbanos, resultando na
canalização e tamponamento de cursos d’água, alteração de seus meandros, construção de
redes de drenagem, ocupação do leito maior e substituição da vegetação por cimento e asfalto.
As mudanças dos processos hidrológicos em conjunto com a urbanização provocam o aumento
do escoamento superficial em várias ordens de grandeza, traduzindo-se em enchentes e em
cidades menos resilientes. Com base em tais fatos, o desenvolvimento de baixo impacto (LID),
sua abordagem, técnicas e princípios se tornam uma ferramenta para a transformação do meio
urbano, preparando-o para o futuro e tornando-o resiliente (TASSI, 2014).
As bacias de detenção ou de retenção são definidas como estruturas de armazenamento
temporário e/ou infiltração de águas pluviais. Sua principal função é a de amortecer cheias em
meio urbano por meio da redução do volume de escoamento superficial, também possibilitam
a diminuição da poluição difusa no meio urbano, já que detém eventuais resíduos que são
carregados pelas águas pluviais. Esse tipo se estrutura pode ser classificada como uma
alternativa ao método tradicional de manejo de águas pluviais, ou seja, categorizadas como uma
prática do desenvolvimento de baixo impacto – low impact development (LID) (BAPTISTA,
NASCIMENTO E BARRAUD, 2015; AUGUSTO, 2008).
O low impact development (LID) procura aplicar técnicas alternativas para o controle do
escoamento pluvial junto à fonte geradora, visando minimizar os volumes e vazões que escoam
superficialmente para valores próximos aos que ocorriam no estágio anterior à
impermeabilização do solo. Salienta-se que a abordagem LID demanda que suas estruturas
estejam inseridas na paisagem natural, promovendo o menor impacto visual e utilização das
próprias funções da natureza para o manejo das águas pluviais. Portanto, pode-se dizer que nem
toda bacia de detenção ou retenção é uma prática de LID (TASSI, 2014).

OBJETIVOS
Esse estudo tem como objetivo elaborar um método de classificação qualitativa de bacias de
detenção e retenção, utilizando como base um fluxograma de tomada de decisão. A bacia será
avaliada em relação a sua localização, forma, uso e abordagem LID.

METODOLOGIA

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Para elaborar o diagrama separou-se o estudo em três etapas: definição de bacias de detenção
e retenção, delineamento dos aspectos da abordagem LID e identificação de quais
características sobre cada tema serão utilizados para desenvolvimento do diagrama. O
fluxograma deverá ser aplicado em bacias já construídas, sem possibilidade de avaliação de
aspectos de pré-projeto, projeto e construção.

Bacia de detenção/retenção
Atualmente a construção de bacias de detenção/retenção se tornou uma prática comum,
adotada em grande parte dos loteamentos modernos, por apresentarem um menor custo,
quando comparadas com as práticas de controle distribuído, e por possuírem operação,
manutenção e construção de fácil gerenciamento (TUCCI, GENZ, 2015).
Destaca-se que essa técnica compensatória, para ser classificada como uma prática de
desenvolvimento de baixo impacto (LID) deve respeitar os seguintes elementos apontados por
Souza et al. (2012):
 Conservação: Manter o trajeto das águas em seu estado natural, diminuindo ao máximo
as áreas impermeáveis, preservando sempre o solo e, principalmente, a vegetação
nativa;
 Projetos locais únicos: devem respeitar as características do local em seu estado natural,
além de assegurar a proteção da bacia, evitando sempre as padronizações;
 Direcionar escoamento para áreas vegetadas: procurar a infiltração das águas sempre
em locais que existam recargas de aquíferos, terras úmidas e riachos, pois assim haverá
a vantagem do controle e tratamento realizados naturalmente;
 Controles distribuídos de pequena-escala: imitar os processos hidrológicos naturais
através da adoção de técnicas de manejo o mais próximo do local em que existe a
geração do excedente de escoamento;
 Manutenção, prevenção à poluição e educação: com o objetivo de reduzir os poluentes
e aumentar a eficiência e o tempo de vida dos sistemas de drenagem, devem-se adotar
estratégias para a educação e o envolvimento público.
Entretanto, conforme apontado pela Associação Brasileira de Cimento Portland (2013), o que se
observa é a construção de reservatórios unifuncionais com ausência de manutenção,
acarretando a proliferação de animais vetores de doenças e a utilização do espaço para descarte
irregular de resíduos sólidos. Além disso, são comuns as ligações clandestinas nas redes de água
pluvial, ausência de mecanismos que permitam a limpeza de resíduos antes que eles cheguem
às bacias, carregados pelas águas pluviais.
Tais aspectos ocasionam reservatórios com uma carga elevada de poluentes que por sua vez
podem contaminar aquíferos, no caso de bacias de infiltração, ou os corpos hídricos, no caso de
bacias impermeabilizadas. Por fim, implantar bacias somente para o controle de inundações,
sem a integração de outros usos potenciais (como quadras de esportes, espaços para lazer e
melhoria da qualidade das águas), dificulta a aceitação da medida pela população do entorno

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(ABCP, 2013).
As bacias podem ser tipificadas de acordo com forma, uso e localização. Quando diz respeito a
sua forma e localização, dividem-se em bacias a céu aberto e bacias subterrâneas/cobertas. Já
em relação ao seu uso têm-se bacias de retenção, bacias de decantação e as bacias de detenção.
As bacias de decantação tem a função de decantar sedimentos provenientes das águas pluviais.
Por fim, as bacias de decantação e retenção apresentam uma função semelhante, de amortecer
as cheias e controlar a poluição difusa, entretanto enquanto a primeira permite o escoamento
total das águas armazenadas, a segunda não permite, permanecendo sempre com uma lâmina
de água (PERONI, 2018; BICHANÇA, 2006).

Manual para desenvolvimento de baixo impacto – Low Impact Development (LID)


O manual elaborado pelo Condado de Prince George (1999) sobre o desenvolvimento de baixo
impacto é tido como o precursor desse movimento, que é muito mais do que apenas práticas,
mas um estilo de pensamento que exige constantes reavaliações e integração ao meio urbano.
Destaca-se que, para sua elaboração, houve o apoio da Agência de Proteção Ambiental
Estadunidense e seu objetivo era o de estimular o debate de novas práticas para manejo de
águas pluviais.
O documento foi dividido em seis capítulos, cada um explanando e apresentado um dos
aspectos da abordagem LID. A abordagem LID é um ciclo de pensamento, que teoricamente
deve ser aplicado anteriormente ao projeto, adequando-o com base nas necessidades de cada
local e meio. A Figura 1 apresenta cada um dos aspectos da abordagem LID e sobre o que eles
dizem respeito.
Como para esse estudo serão avaliadas estruturas já prontas, o foco para classificação das
práticas de LID envolverá dois tópicos da “abordagem LID”: o alcance ao público e o controle de
sedimentos e erosão. Tendo-se em vista o alcance ao público, o manual do Condado de Prince
George (1999) aponta objetivos a serem cumpridos, dentre os quais serão utilizados nesse
estudo:
 Promoção de ambientes esteticamente agradáveis, criando áreas mais paisagísticas ou
multifuncionais (quadras, praças, parques).
 Educação de moradores sobre as práticas de prevenção a poluição.
 Educação de moradores a respeito do potencial de redução de custos das práticas LID.
 Desenvolvimento de sentimento de comunidade devido às práticas aplicadas.
 Garantia da manutenção apropriada das técnicas aplicadas.

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Figura 1: Componentes mais importantes da abordagem LID.

Modificado de: Prince George County (1999)

Para o controle de sedimentos e erosões, o manual indica a adoção de cinco passos, entretanto,
dois deles dizem respeito a medidas que devem ser tomadas anteriormente a construção da
bacia. Portanto para o estudo serão considerados três, e para cada item, definiu-se subitens
importantes para uma análise. Sendo eles (Prince George County, 1999):
 Controle de erosão do solo
o Estabilização do solo
 Estabilização de vegetação: permanente ou temporária
 Tapetes para controle de erosão
 Proteção por árvores
 Uso de topsoil
 Cobertura de solo (mulching)
o Escoamento superficial
 Detenção e redução de escoamento: classificação e modelagem de
superfícies de solo, manipulação do tamanho do declive/gradiente.
 Interceptação e desvio de escoamento: diques, valas de drenagem,
vegetação de amortecimento.
 Manuseio e direcionamento do escoamento: valas com vegetação,
escadas, saídas estabilizadas.
 Controle de sedimentos

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o Preservação ou instalação de áreas de amortecimento com vegetação para


retardar e filtrar o escoamento.
o Construção de pequenas depressões ou diques para capturar sedimentos
(particularmente material de textura grossa) próximos do ponto de origem.
o Construção de armadilhas de sedimentos ou bacias para capturar sedimentos
adicionais do escoamento.
 Manutenção
o Vegetação
o Estruturas de controle de sedimentos
o Estruturas para controle de escoamento

Fluxograma de tomada de decisão


Um fluxograma é tido como um diagrama de blocos, portanto uma forma padrão e eficaz para
apresentação de passos lógicos em certo processo. Seu objetivo é de melhorar a visualização
dos passos de um processo. É uma ferramenta de uso em diversas áreas do conhecimento
humano, por traduzir em formato gráfico algum procedimento ou norma escrita. Utiliza
símbolos convencionais e setas para descrever a entrada, saída e processamento de
informações (TEXERA, SILVA, MUNIZ, 2013).
Os fluxogramas de tomada de decisão são uma categoria específica de diagramas de bloco, cujo
principal objetivo é, ao final do processo, obter a resposta a um ou inúmeros questionamentos
levantados durante o estudo. Eles apresentam um acervo exclusivo de formas que indicam
elementos integrantes da tomada de decisão (Figura 2). Esse tipo de diagrama pode ser
complexo ou simples, levantando um grupo de opções possíveis a serem adotadas no decorrer
do processo, garantindo ao final um resultado consistente e possível.

Figura 2: Formas utilizadas em fluxogramas.

Modificado de: TEXERA, SILVA, MUNIZ, 2013.

Parâmetros para fluxograma de tomada de decisão


O fluxograma desenvolvido terá como principal objeto de estudo bacias que já foram
construídas e estão em operação, portanto para a construção do fluxograma devem ser
analisados pontos importantes em relação a esse tipo de bacia para sua correta classificação.

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Para isso foi realizado uma pesquisa bibliográfica em relação à classificação das bacias comuns
e princípios do LID.
Para a classificação das bacias comuns foi utilizado o apontado por Baptista, Nascimento e
Barraud (2015) por ser um estudo completo e de grande relevância na área, com 58 citações da
obra por outros artigos nos últimos três anos (2017 – 2020) e 253 citações do trabalho desde
sua publicação (Figura 3).

Figura 3: Indicadores obtidos pelo estudo de Baptista, Nascimento e Barraud (2011).

Fonte: GOOGLE SCHOLAR, 2020.

Para a classificação da prática de LID foi utilizado o apontado pelo Condado de Prince George –
Prince George County (1999) tanto pela sua relevância na área, com 45 citações da obra por
outros artigos nos últimos três anos (2017 – 2020) e 137 citações do trabalho desde sua
publicação, quanto pelo fato desse estudo ter estabelecido parâmetros e princípios para a
prática do LID.
Tendo em vista ambos os estudos, elaboraram-se os parâmetros que devem estar presentes no
fluxograma com base em características das bacias e abordagem LID, a classificação da estrutura
é realizada com base no que pode ser observado pelo pesquisador e não pelo o que está
presente no projeto da estrutura, já que muitas vezes não existe acesso a esse documento.
Portanto, o resultado do fluxograma tem valor apenas qualitativo, informando quais instalações,
medidas, serviços podem ser observados diretamente, estando sujeito a mudanças na
classificação de acordo com o avaliador, recomenda-se que o aplicador do fluxograma apresente
conhecimento à respeito de estruturas para manejo de águas pluviais, assim como da
abordagem LID.
Para o desenvolvimento das decisões levaram-se como base cinco itens principais, informa-se
que os itens avaliados com base na abordagem LID terão como preceito um contador, portanto
quanto maior o valor desse contador, mais práticas de desenvolvimento de baixo impacto estão
presentes na bacia analisada, enquanto itens que dizem respeito à limpeza do ambiente, caso
não sejam cumpridas, ocasionarão perda de pontos. Os itens são:

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 Localização e forma.
o Subterrânea ou a céu aberto.
 Utilização.
o Lâmina de água permanente.
o Solo permeável.
 LID: controle de erosão e sedimentos.
o Vegetação estável.
o Presença de árvores.
o Presença de valas, diques, escadas, entre outras estruturas.
o Erosões visíveis.
 LID: manutenção.
o Vegetação aparada/cuidada.
o Estruturas em boas condições (sem trincas e fissuras, desgastes
mínimos, ausência de ferrugem, etc) .
o Presença de grades, telas para facilitar o processo de limpeza ou para
impedir o descarte irregular.
o Limpeza do ambiente.
 Presença de resíduos sólidos
 Presença de animais vetores de doenças
 Presença de odor
 LID: público.
o Multifuncionalidade.
o Paisagem agradável.
o Ciência da comunidade.

O Quadro 1 apresenta as decisões que deverão ser tomadas pelo avaliador quando da aplicação
do diagrama, separando-as utilizando os itens apontados. Para a construção do fluxograma
empregou-se a ferramenta draw.io, um editor gráfico disponível online.

Quadro 1: Descrição das decisões e seus pré-requisitos.


Decisão Pré-requisito Descrição
Localização e forma
1 - A bacia é a céu aberto?
Utilização
Decisão 1:
2 A lâmina de água é permanente?
verdadeira
Decisão 1:
3 O solo é permeável?
verdadeira
LID: controle de erosão e sedimentos
Decisão 2: falsa
4 Decisão 3: A vegetação está estável/estabilizada?
verdadeira

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Decisão 2: falsa
5 Decisão 3: Apresenta árvores?
verdadeira
Decisão 2: falsa
6 Decisão 3: Apresenta erosões visíveis?
verdadeira
Decisão 1: Possui valas, diques ou outra estrutura para dissipação de energia,
7
verdadeira controle de sedimentos ou erosão?
LID: manutenção
Decisão 1:
8 A vegetação encontra-se aparada/cuidada?
verdadeira
As estruturas encontram-se em boas condições (sem trincas e fissuras,
9 -
desgastes mínimos, ausência de ferrugem, etc)
Apresenta grade, tela para facilitar o processo de limpeza ou para
10 -
impedir o descarte irregular?
11 - Apresenta descarte irregular de resíduos?
Nota-se a existência de animais vetores de doenças? (ratos, baratas,
12 -
mosquitos, aranhas, escorpiões, entre outros)
13 - No local é possível identificar algum tipo de mau odor?
LID: público
14 - O local apresenta multifuncionalidade?
Decisão 1:
15 O local é paisagisticamente agradável?
verdadeira
16 - A comunidade tem ciência da estrutura e a sua função?
Fonte: Autora, 2020.

RESULTADOS
Para montagem do fluxograma (Figura 4) teve-se como base o Quadro 1, foi possível alocar as
decisões de acordo com cada um dos pré-requisitos. Para os itens da abordagem LID foi
adicionado um contador chamado de IDBI (índice de desenvolvimento de baixo impacto), soma-
se um no índice para cada decisão verdadeira, portanto quanto maior o seu valor, mais se
observa a abordagem LID na bacia.
Para cada tipo de bacia montou-se uma tabela, indicando sua classificação conforme as decisões
de 1 a 3. Tendo em vista as decisões de 4 a 16, com base no número de verdadeiros e falsos,
apresenta-se o número de combinações possíveis e o valor máximo e mínimo do IDBI. Para
𝑛!
calcular o número de combinações possíveis utilizou-se análise combinatória (𝐶𝑝, 𝑛 = ).
𝑝!(𝑛−𝑝)!
A Tabela 1 exibe a análise para as bacias de detenção subterrânea.

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Tabela 1: Resultados possíveis para bacias de detenção subterrâneas (BDS).


Decisão C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8
1 F F F F F F F F
2 - - - - - - - -
3 - - - - - - - -
Classificação BDS BDS BDS BDS BDS BDS BDS BDS
Decisões: 4 a 16
V 7 6 5 4 3 2 1 0
F 0 1 2 3 4 5 6 7
Combinações
1 7 21 35 35 21 7 1
possíveis
Menor IDBI 7 5 3 1 0 -1 -2 -3
Maior IDBI 7 6 5 4 3 1 -1 -3
Fonte: Autora, 2020.

Para as bacias de detenção subterrâneas existem 128 combinações possíveis de resultados,


sendo que o maior IDBI possível é de 7, enquanto o menor é de -3. Entretanto, entre as
combinações possíveis, para uma bacia apresentar o maior IDBI, ele estará dentro de 0,78% das
soluções viáveis. O mesmo é observado para uma bacia apresentar o menor IDBI.
A Tabela 2 indica os resultados para bacias de retenção e a Tabela 3 exibe as soluções para as
bacias de detenção secas com fundo impermeabilizado:

Tabela 2: Resultados possíveis para bacias de retenção (BRE).


Decisão C9 C10 C11 C12 C13 C14 C15 C16 C17 C18 C19
1 V V V V V V V V V V V
2 F F F F F F F F F F F
3 - - - - - - - - - - -
Classificação BRE BRE BRE BRE BRE BRE BRE BRE BRE BRE BRE
Decisões: 4 a 16
V 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
F 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Combinações
1 10 45 120 210 252 210 120 45 10 1
possíveis
Menor IDBI 10 8 6 4 3 2 1 0 -1 -2 -3
Maior IDBI 10 9 8 7 6 5 4 3 1 -1 -3
Fonte: Autora, 2020.

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Tabela 3: Resultados possíveis para bacias de detenção secas com fundo impermeabilizado (BDFI).
Decisão C20 C21 C22 C23 C24 C25 C26 C27 C28 C29 C30
1 V V V V V V V V V V V
2 V V V V V V V V V V V
3 F F F F F F F F F F F
Classificação BDFI BDFI BDFI BDFI BDFI BDFI BDFI BDFI BDFI BDFI BDFI
Decisões: 4 a 16
V 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
F 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Combinações
1 10 45 120 210 252 210 120 45 10 1
possíveis
Menor IDBI 10 8 6 4 3 2 1 0 -1 -2 -3
Maior IDBI 10 9 8 7 6 5 4 3 1 -1 -3
Fonte: Autora, 2020.

As bacias de retenção e as bacias de detenção secas com fundo impermeabilizado apresentam


1024 combinações possíveis de resultados, sendo que o maior IDBI possível é de 10, enquanto
o menor é de -3. Entre as combinações possíveis, para uma bacia apresentar o maior IDBI, ele
estará dentro de 0,098% das soluções viáveis. O mesmo é observado para uma bacia apresentar
o menor IDBI.
A Tabela 4 demonstra as respostas viáveis para as bacias de detenção secas com infiltração:

Tabela 4: Resultados possíveis para bacias de detenção secas com infiltração (BDI).
Decisão C30 C31 C32 C33 C34 C35 C36 C37 C38 C39 C40 C40 C41 C42
1 V V V V V V V V V V V V V V
2 V V V V V V V V V V V V V V
3 V V V V V V V V V V V V V V
Classificação BDI BDI BDI BDI BDI BDI BDI BDI BDI BDI BDI BDI BDI BDI
Decisões: 4 a 16
V 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
F 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Combinações
1 13 78 286 715 1287 1716 1716 1287 715 286 78 13 1
possíveis
Menor IDBI 13 11 9 7 6 5 4 3 2 1 0 -1 -2 -3
Maior IDBI 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 1 -1 -3
Fonte: Autora, 2020.

As bacias de detenção secas com infiltração são aquelas que possuem o maior número de
combinações possíveis, 8192, sendo que o maior IDBI possível é de 13, enquanto o menor é de
-3. Para esse tipo de bacia apresentar o maior IDBI, ele estará dentro de 0,012% das soluções
viáveis. O mesmo é observado para uma bacia apresentar o menor IDBI.

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Figura 4 – Fluxograma de tomada de decisão para classificação de bacias de detenção/retenção em relação ao seu
local, forma, uso e abordagem LID.

Para ver o fluxograma


em tamanho maior,
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1º Simpósio Brasileiro Cidades + Resilientes
28 a 30 de outubro de 2020

Trabalho Inscrito na Categoria de Artigo Completo


978-65-86753-09-7

Fonte: Autora, 2020.


CONCLUSÃO
As bacias de detenção e retenção são métodos usuais para manejo de águas pluviais, muitas
vezes elas são classificadas como práticas de desenvolvimento de baixo impacto por permitirem
uma grande área verde em meio a loteamentos urbanos, contudo para categorizar uma
estrutura como LID é preciso cumprir uma série de condições que dizem respeito à abordagem
LID.
O estudo desenvolvido cumpriu seu objetivo de desenvolver um fluxograma de tomada de
decisão capaz de classificar uma bacia em relação ao seu local, forma e uso. Assim como quanto
à abordagem LID, criando um indicador de práticas (IDBI).
Para o indicador, destaca-se que ele apenas indica o numero de práticas LID aplicadas em
determinada bacia, impossibilitando uma classificação quantitativa da bacia em relação à
abordagem LID. Portanto propõe-se estudos futuros com aplicação do fluxograma em diferentes
bacias para classificação do LID com base no indicador IDBI utilizando amostragem e estatística.
Criando então um método quantitativo para classificação do desenvolvimento de baixo impacto
em bacias.

AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi elaborado com apoio do Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Urbana da Universidade Federal de São Carlos (PPGEU-UFSCar).

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