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Universidade Federal Fluminense

GSO00163 - Sociabilidade e Interação Social

Hartmut ROSA, Aceleração, São Paulo: Unesp, 2019.


"Escalada ou saída? O fim da estabilização dinâmica e o conceito de ressonância
(Prefácio à edição brasileira)"

Palavras-chave:
Resenhado por Júlia Cabral Santana.

Um aspecto muito marcante na sociedade moderna é a velocidade na qual tudo


acontece, inovações, transformações, a tecnologia e a informação se locomovem em fração
de segundos e presenciamos isso a todo instante. Contudo, dentre tantas mudanças em
constante aceleração, o autor Rosa Hartmut levanta a seguinte reflexão em sua obra
“Aceleração”, nas dinamizações modernas e temporais, onde tudo funciona motorizado pela
constância dessas evoluções, onde o indivíduo, em sua singularidade, se enquadra?
A priori, vale ressaltar que quando pensamos em modernidade e todos esses
sinônimos mencionados quando nos referimos à mesma, nós automaticamente pensamos
em algo positivo, a globalização é interpretada na sociedade capitalista como uma grande
conquista. Entretanto, existir dentro desse modelo social faz com que você se torne uma
ferramenta dentro desse processo, que aos poucos te engole. Dessa forma, pode se ter
como exemplo a rotina tradicional da “vida adulta”, acordar cedo, trabalhar, produzir, fazer
compras, ônibus lotado, trânsito, casa, dormir, e no dia seguinte tudo novamente.
Não só isso, essa rotina está a todo momento condicionada aos avanços externos,
logo, você precisa ser sempre melhor, produzir mais para se superar, você bate a sua meta
anual com a ideia de que no ano seguinte você precisará ser ainda mais produtivo para
sobreviver nesse ciclo. Assim, quanto menos privilégios um indivíduo dispõe, mais ele se
envolve nesse piloto automático, uma vez que a existência dele é condicionada pelo
sistema capitalista que domina esse modelo de produção.
Ademais, Rosa propõe como uma alternativa para esse ciclo de alienação, em que
nós como indivíduos em um todo perdemos os nossos sentidos, a ressonância. O termo
"ressonância" é atribuído pelo autor para os momentos em que nós escapamos desse ciclo
tão constante. Para Hartmut, ressonância são os respiros na nossa trajetória, que mesmo
sendo algo fora do nosso controle ou interferência, nos tiram desse ciclo proporcionando
momentos de alívio, como por exemplo, momentos entre amigos.
Contudo, é necessário salientar que o autor põe a ressonância como algo muito
subjetivo em relação à aceleração, uma vez que ele parte de um lado muito influenciado
pelo político e social e logo após usa um “sentir” como uma possível resposta a
problemática central do prefácio. Como já mencionado aqui, Rosa usa exemplos como
amizades, amores e religião para elucidar esses momentos de ressonância, que são
guiados fundamentalmente pelo sentimento. Entretanto, a religião, em muitos casos, é uma
fonte de alienação muito expressiva na sociedade moderna, fazendo a manutenção dessa
aceleração.
Essa subjetividade gera um conflito no leitor que aguarda uma resposta do mesmo
cunho político, econômico e social. No entanto, ao discorrer do prefácio entende-se que a
ressonância é algo que independe da aceleração, algo que mesmo em meio a mesma, ouso
dizer que até mesmo quando produzido pela mesma, como a religião, gera o sentimento de
alívio e escape dessa estrutura temporal que é a aceleração.

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