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ALUNA: Yasmin Muraro Salamon

Bauhaus 100 - 100 years of Bauhaus

O movimento artístico da Bauhaus foi o primeiro realmente revolucionário, mesmo só


tendo durado 14 anos. Ele reuniu os principais artistas avant-garde do final da década de 1910
para definir como seria a arte dali para frente, trazendo um foco nas formas geométricas e
cores ao invés da figura humana. A Bauhaus foi criada por Walter Gropius, um dos maiores
arquitetos e educadores do século XX, após ter presenciado os horrores da primeira guerra
mundial. Ao ser oferecido a posição de diretor da escola de artes já existente na Alemanha,
Gropius planejou unir arte e design sob uma só escola, procurando usar a tecnologia
emergente da época de forma progressista e não destrutiva.
Walter Gropius decidiu sediar sua escola em Weimar, uma cidade conservadora e
tradicional da Alemanha. Por isso, para atrair professores e estudantes para lá, em 1919
escreveu um manifesto contando sua ideologia, que visava juntar todos os aspectos da arte e
do design em um só lugar. Com isso, suas ideias se difundiram e ele conseguiu montar um
corpo docente com os mais influentes artistas e educadoras da época. Entre eles estavam
Wassily Kandinsky, um dos pintores mais famosos da Europa com sua arte geométrica que
muito inspirou a Bauhaus; Paul Klee, professor renomado que misturava arte e espiritualidade;
Oskar Schlemmer, pintor e escultor que experimentava com todos os aspectos da arte em
busca de uma totalidade, e muitos outros.
O currículo da Bauhaus ia contra o expressionismo, o movimento artístico popular da
época. Johannes Itten, o responsável pelo curso introdutório, pedia que os alunos eliminassem
qualquer conhecimento ou conceito prévio nas aulas, que cobriam o básico de todos os
principais meios de pintura e escultura. A escola procurava abordar os fundamentos da arte,
questionando como as coisas funcionavam e como surgiram as regras que guiavam os artistas.
Gertrude Grunow, pianista e compositora, auxiliou Itten no curso introdutório, com sua teoria
sinestésica que misturava cor, sim e movimento. Porém, com o tempo, Itten começou a se
afastar do ensino em favor da sua religião radical, o Mazdaznan, e por isso saiu da Bauhaus.
Ele foi então substituído por Lazló Moholy-Nagy, e junto com ele foi instaurado na escola o
lema "Arte e Tecnologia, uma nova unidade", representando a primeira de muitas mudanças
ideológicas da Bauhaus.
Apesar da ideologia moderna, a escola ainda era presa por algumas convenções
sociais conservadoras, principalmente em relação ao gênero. Apesar do grande número de
estudantes mulheres, todas eram obrigadas a escolher a workshop de tecelagem, enquanto os
homens tinham a oportunidade de escolher entre diversas outras. O corpo docente também era
majoritariamente masculino, com apenas uma artista mulher. Mesmo assim, os estudantes da
Bauhaus desafiavam os padrões da época, desconstruindo gênero, sexualidade e diversos
outros tópicos.
À medida que a instabilidade financeira e política aumentava no país, o governo alemão
começou a exigir resultados do investimento na Bauhaus, o que acarretou na primeira Grande
Exposição da escola, em 1923. Todos os alunos se uniram para construir uma casa
completamente mobiliada para a exibição, chamada Haus am Horn. Contudo, a população
conservadora de Weimar desaprovou da construção, cumulando no corte de 50% da verba da
escola.
Mas Gropius usa da polêmica para chamar a atenção de investidores e simpatizantes,
recebendo uma oferta para mudar toda a escola para a cidade de Dessau, em 1925. Lá, com
um terreno maior e oportunidades melhores, Gropius reinventou mais uma vez a escola,
projetando e construindo todo o novo campus e abrindo um departamento de arquitetura com
Hannes Meyer. Durante alguns anos, tanto a escola quanto a Alemanha passaram por períodos
mais estáveis, que contribuíram para um sucesso cada vez maior da Bauhaus.
Todavia, com a direita nacionalista alemã cada vez mais forte, as críticas ao estilo
modernista e progressista da Bauhaus. Com a crise econômica de 29, o avanço do partido
nazista e fortes baques à reputação de Gropius, ele deixa a direção da escola para preservá-la.
Meyer assume em seu lugar, e a Bauhaus muda novamente de direção. Com uma visão muito
mais prática e voltada às classes populares, Meyer solucionou alguns problemas antigos como
a falta de verba da escola, vendendo objetos funcionais e papéis de parede produzidos lá.
Apesar disso, Meyer era um comunista assumido, e por sua influência a escola se tornou mais
politizada, coisa que Gropius sempre tentou evitar.
Portanto, em 1930 ele foi destituído de seu cargo, e substituído por Ludwig Mies Van Der Rohe,
arquiteto aclamado na Europa. Muito mais rígido e sério, Mies expulsou comunistas da escola e
tentou despolitizar o máximo possível a escola para que ela não fosse fechada. Infelizmente,
em 1932 grupos nazistas tomam poder em Dessau e fecham a escola, obrigando-os a
mudarem novamente de cidade.
Então, a Bauhaus vai para uma fábrica abandonada de telefones em Berlim, mas
estava fadada a ser fechada definitivamente pouco depois. Por conta do seu grande número de
professores e estudantes judeus, dentre outros grupos e filosofias, o corpo docente decidiu em
1933 abandonar as aulas ao invés de ceder ao governo nazista. Então, os professores da
Bauhaus se espalham pelo mundo, levando com eles a ideologia da escola. Na América,
todavia, a mensagem da Bauhaus foi perdida: ao invés de ser vista como uma reação à rápida
modernização e impessoalidade da guerra, se tornou um símbolo da estética corporativista
americana.
A influência da Bauhaus ainda pode ser vista hoje em dia, moldando a vida moderna e
misturando forma e função no design e na arte. Sua sede em Dessau ainda existe e é
patrimônio da UNESCO, mas a instituição passou por algumas polêmicas. Após 14 anos de
existência resistindo a críticas da direita extremista alemã, a atual diretora do museu da
Bauhaus cedeu a pressões de grupos neo nacionalistas e nazistas, em prol da proteção do
prédio histórico. Apesar da decisão compreensível para preservar o local, muitos questionam
sobre a falta de preservação dos próprios ideais da Bauhaus, agora esquecidos. Para eles, a
sede da Bauhaus, ainda intacta e bem conservada, não passa de um mausoléu sem vida de
um poderoso movimento do passado.

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