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Discente: Mayumi Ando

Docente: Flávia Ataíde Pithan


Disciplina: Comunicação e design
Data: 8 de março de 2023

Art Nouveau

O estilo de vida dos centros urbanos da segunda metade do século XIX foi o
campo em que floresceram os cartazes da Art Nouveau. Espetáculos de Cabarés,
cigarros e bebidas eram divulgados para os transeuntes com a ajuda da impressão
litográfica (CARDOSO, 2008).
Uma das grandes referências estéticas do Art Nouveau foi a arte japonesa
(GOMBRICH, 1950). O impacto da cultura visual nipônica pode estar datado no
trabalho de Christopher Dresser, considerado o primeiro designer de produto, que
exerceu profunda influência no Art Nouveau e Bauhaus. Além de publicar o livro
Japan: It’s Architecture, Art and Art Manufactures, Dresser utilizava motivos
japoneses em suas obras, como em Wave Bowl, a qual se observa um paralelismo
com A Grande Onda de Kanagawa, de Hokusai.
A Art Nouveau também pode ser vista como a resposta de uma crise que se
escancara na grande exposição Crystal Palace de 1851, elaborada pelo Reino
Unido com o objetivo de expor suas invenções e obras ao mundo. A arte exibida era
produção de uma sociedade que assistia ao progresso da Revolução Industrial. A
preocupação com as rápidas mudanças da industrialização levaram ao surgimento
de diversos movimentos de resgate do passado, os revivals, como o neogótico,
neoegípcio e especialmente o neoclássico que ao serem expostos na exibição
foram criticados como Kitsch e considerados inadequados ao tempo moderno. A
partir desse episódio, torna-se evidente a necessidade da criação de um estilo
moderno (GOMBRICH, 1979).
Com isso, diversos críticos começam a escrever sobre um novo estilo.
Sendo o mais influente para a Art Nouveau, Ruskin, bastante religioso, acreditava
que o ornamento deveria retratar a amorosa criação de deus, ou seja, animais e
plantas (o que é visto em abundância no nouveau), ele também era contra a
automação do trabalhos dos artífices, pois
"Segundo Ruskin, a industrialização interrompeu a mutação dos
padrões ornamentais, fixando-os e esvaziando-os do seu potencial
expressivo; ela impediu o investimento individual de alegria e vitalidade,
essenciais ao surgimento da beleza" (PAIM, 2000, p. 26).

Devido a conflitos internos (resultado da ecleticidade do movimento) e a falta


de demanda mercadológica (sintomática de uma sociedade mais prática que vivia a
Segunda Revolução Industrial), o Art Nouveau acabou em 1920 dando espaço a
sua “versão” ideologicamente esvaziada, o Art Deco (CAMPI, 2007).

Bauhaus

No período pós Primeira Guerra Mundial, em que havia uma escassez de


recursos, surgiu a necessidade de uma nova forma de pensar o design. Com o
objetivo de formar um olhar novo para o mundo moderno, a Bauhaus (em tradução
livre, "casa da criação") foi fundada pelo arquiteto Vitor Gropius em 1919, na antiga
Grand Ducal Saxon Academy, com um enfoque na interdisciplinaridade. A filosofia
da escola refletia em seu currículo. Esse era representado por um círculo, no qual a
esfera mais externa simbolizava o estudo da forma e materiais (VILANOVA, 2020).
A Bauhaus abrigou cursos de várias áreas da arte: desde estudo da cor com
Johannes Itten, arquitetura, designer têxtil, até dança com Merce Cunningham que
criou o famoso ballet Triádico. Isso estava previsto em seu manifesto que não por
acaso foi ilustrado com a imagem de uma catedral, lugar que no passado
congregava vários artistas, como arquitetos, pintores e músicos (DEUTSCHE
WELLE, 2019).
Formalmente, a Bauhaus é influenciada pelo construtivismo e pelo
neoplasticismo, sendo associada ao The Stijil. Para compreender as influências, o
design do Bauhaus-Cradle pode ser bastante didático. O berço, peça vendida até os
dias de hoje, é tingido de vermelho, azul e amarelo, cores que não por acaso são
presentes nas pinturas de Theo Van Doesburg e Mondrian. Essas cores, para os
neoplasticistas, tinham um caráter exotérico, pois seguiam os escritos de M.H.J
Schoenmaekers, teósofo que dizia que o amarelo, dominante no berço, era a cor da
transformação. O berço fazia parte de uma coleção de camas para a família, de
forma que a cama da mãe possuía o formato de um círculo, encenando a emoção,
enquanto que a do pai derivou do quadrado, transmitindo estabilidade. Além disso, o
berço era triangular, que segundo Kandinsky, representava a transformação. , essas
escolhas denotam um ímpeto construtivista de acordo com o museu Guggenheim.
A Bauhaus era politicamente eclética, porém combatia, com a linguagem do
design, o regime nazista. Um exemplo é a criação da sua icônica fonte, a qual fazia
oposição a fonte "verdadeiramente alemã": "Fraktur" (QUARTZ, 2020).
Devido a eleição de um governo de extrema-direita, a Bauhaus teve suas
verbas completamente cortadas e se mudou para Dessau em 1925, região onde
ricas indústrias floresciam. Pouco tempo depois, a Alemanha Hitlerista cria um clima
demasiado hostil para a escola, calhando no dissolvimento do curso em 1933. Os
antigos professores se refugiaram em outros países, levando a filosofia do design
intuitivo praticada na Bauhaus para o mundo, em especial para a escola de
Chicago, a qual contribuiu imensamente para tornar a contemporaneidade mais
Bauhausiana.

Plakatstil

O Plakatstil, também conhecido como Sachplakat, foi criado no início dos


anos 90 pelo designer alemão Lucian Bernhard, sob o pseudônimo de Emil Kahns
(HOFFMAN, 2017). O estilo se destacava pois:

[...] o excesso de decoração era retirado, com o objetivo de


clarificar o logótipo da empresa e o produto em questão a serem
publicitados. Este estilo simples e direto de transmitir a mensagem
pretendida, correspondeu à necessidade que as empresas tinham de uma
divulgação mais forte e eficiente, e consequentemente, o movimento
Plakatstil delineou algumas características que conduziram o design
modernista. (ROCHA, 2020).

O movimento foi uma rebelião contra a Art Nouveau e a Arte Vitoriana, sendo
composto por designers como Ludwig Hohlwein, L. Bernhard, Hans Rudi Erdt, Julius
Klinger (LEE, 2021).
Um dos trabalhos mais icônicos foi o cartaz desenvolvido para a marca de
cigarro Manoli, que apresentava um fundo preto, letras em bold e desenho chapado
e bastante simplificado. Esse cartaz pode ser visto como antítese ao cartaz de
Mucha do Art Nouveau, que também tentava vender um cigarro, o JOB. Ao
comparar os dois approaches da MANOLI e JOB, é possível perceber que o
Nouveau é muito mais detalhista e extravagante, enquanto Plakatstil é simples e
sintético.

Reflexão

Minha imagem base foi uma composição do meu nome "真弓", escrito em
kanji e na esquerda a flor da árvore mayumi (Euonymus hamiltonianus). Essa
escolha me possibilitou trabalhar tanto a tipografia quanto o desenho nos estilo Art
Nouveau, Bauhaus e Plakatstil.
Pude notar que o Plakatstil e a Art Nouveau foram bastante prolíficos para
representar o desenho da flor, enquanto na Bauhaus recorri à abstração, tendo que
trabalhar em um sistema de representação com formas e cores limitadas. Para mim,
foi justamente essa "rigidez" estilística que tornou o processo criativo do cartaz da
Bauhaus o mais divertido.
Quanto à tipografia, posso dizer que a mais legível seria a Plakatstil, na qual
adaptei algumas serifas seguindo as regras de representação dos Kanjis. A menos
legível e mais abstrata seria a da Bauhaus.
Minha reflexão após estudar sobre os estilos e emulá-los é que cada época
tem uma determinada demanda. Nenhum estilo de design pode nascer do nada.
Todas as escolas surgem em um determinado contexto histórico e social, e
entendendo essa gênese podemos ter mais controle e agência sobre nossos
trabalhos. Somente entendendo algo podemos dominá-lo e superá-lo.
Pude entender as implicações ideológicas da Art Nouveau, seu ímpeto de
levar a arte para o dia a dia das pessoas e sua ânsia por inovação após um longo
período de revivals. Entendi também que a Plakatstil foi uma reação ao Nouveau.
Aprendi com a Bauhaus que precisamos estar atentos a nossa época e criar um
design para o nosso tempo.
Referências Bibliográficas
Architecture, art and design - 100 years of the Bauhaus (1/3) | DW Documentary
Direção: Lydia Ranke. Produção de: Claudius Gehr. Alemãnha: Deutsche Welle.
2020. Youtube.

CAMPI, Isabel. La Ideia y La Materia, El Diseno de Producto En Sus Origenes.


Gustavo Gili, 2007.

CARDOSO, Rafael. O Design Gráfico e Sua História. Artes Visuais, Cultura e


Criação. fev. 2023. Disponível em:
http://docente.ifrn.edu.br/carlosdias/informatica/programacao-visual/o-design-grafico
-e-sua-historia. Acesso em: 20 fev. 2023.

GOMBRICH, Ernest. A História da Arte. LTC, 1950.

GOMBRICH, Ernest. O Sentido de Ordem, O Ornamento Como Arte. Bookman,


1979.

GUGGENHEIM. The Bauhaus, 1922-33. Disponível em:


https://www.guggenheim.org/teaching-materials/kandinsky/the-bauhaus-1922-33.

HOFFMANN, Rafael. Plakatstil: O embrião do design corporativo. Medium. 29 de


agosto, 2017 Disponível em:
<https://medium.com/@rafaelhoffmann/plakatstil-o-embri%C3%A3o-do-design-corpo
rativo-33067b59a24>. Acesso em 8 de mar. 2023.

LEE, Hyunjung. An Exploration of Western Graphic Design Art Movements Through


the Korean Lens. 15 de março, 2021. Undergraduate Honors Thesis. University of
Nebraska-Lincoln. Disponível em: https://digitalcommons.unl.edu/honorstheses/318/

QUARTZ. Bauhaus design is everywhere, but its roots are political. Youtube, 13, set
2019. Disponível em https://youtu.be/X59FCW3vOlE Acesso em: 8 de mar. 2023.

ROCHA, Sofia. A marca no mercado da moda - comunicação e posicionamento.


ESAD - COM - Teses e Dissertações, 17 de dez, 2020. Disponível em:
https://comum.rcaap.pt/handle/10400.26/36246?locale=en . Acesso em: 8 de mar.
2023.

VILANOVA, Vivian. Os 100 Anos da Bauhaus #VIVIEUVI. Youtube, 2019. Disponível


em https://youtu.be/sne0k5Boz4c Acesso em: 8 de mar. 2023.

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