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Quando você pensa em um produto alemão, que adjetivos você usa para se expressar?

AULA 1

Provavelmente, algo como tradição, boa qualidade, precisão… nem sempre foi assim. Segundo Schneider, no início do século XX,
os produtos alemães tinham má fama. “Em 1876, o relator oficial alemão da exposição internacional da Filadélfia (EUA) falou da
‘maior derrota da Alemanha’, que seria uma consequência do lema ‘barato e ruim’.”

Deutscher Werkbund: Associação alemã de artesãos, fundada em Munique em 1907.

Associação de trabalhadores da indústria, que visavam promover o design alemão, onde se passava por uma crise econômica.

Produtos baratas e malfeitos, aos quais queriam reverter esse quadro.

Seu objetivo era criar padrões para os artefatos alemães e torná-los compatíveis com a indústria, unindo indústria e arte.
Melhorar a qualidade dos produtos era uma questão de sobrevivência nacional.

Fundaram a Werkbund, em 1907,

Hermam Muthesius, Henry van de Velde e Peter Behrens.

Padrão x Individualismo.

Havia dois caminhos conflitantes sendo traçados dentro da Werkbund. Enquanto Muthesius era a favor de uma padronização da
produção, criando parâmetros unificados adequados à produção industrial, Van de Velde defendia a visão mais artística, de
expressão individua

A Exposição Werkbund foi encerrada devido à deflagração da Primeira Guerra Mundial.

Primeira Guerra Mundial (1914-1919)

*Pintura que representa o Tratado de Versalhes.

Situação econômica, social e política muito abalada.

Bauhaus

Surge como a possibilidade para criar um caminho do design, promovendo os produtos alemães.

Proposta pedagógica se aproximava mais dos ideais do Arts and Craft, com uma grande valorização da base artística.

Sua abordagem do design, especialmente no design gráfico e no design de produtos, influenciou definitivamente o modernismo.

As regras que Tschichold propunha em seu manual Die Neue Typographie queriam transformar a tipografia em um instrumento
mais eficiente de comunicação, retirando dela seus “ornamentos”, o que se traduzia em letras sem serifa, sem caixa-alta, com o
auxílio de frisos vermelhos e composição assimétrica para dar ênfase.

A Bauhaus tornou-se um momento mítico da história do design, influenciando todos os seus campos. Na moda, as roupas e cortes
de cabelos usados pelos estudantes eram radicalmente diferentes mesmo do estilo moderno dos anos 1920.

O design pode ser usado para promover o comércio de produtos de um país?

Sim. Observando as iniciativas pioneiras na Alemanha da Werkbund e da Bauhaus é possível compreender que mecanismos
podem ser usados nesse sentido. Na Werkbund a questão é tratada por meio de iniciativas de padronização e divulgação dos
produtos segundo parâmetros modernos. Na Bauhaus, cria-se um sistema de ensino organizado num currículo que mistura prática
e teoria, com professores das áreas de design, artes e arquitetura. Esse currículo ainda é paradigmático para o ensino de design no
mundo. Os produtos criados pelos estudantes e professores ainda influenciam o design dos dias atuais.
As Vanguardas artísticas e o Art Déco: AULA 2

Momentos pós primeira guerra e antes da segunda; onde aflora novas formas diferentes de ver o mundo.

Esses movimentos influenciaram tanto o design de vanguarda quanto o design mais comercial, o Art Déco, que selecionou
elementos estéticos dessas vanguardas e os usou como signo de modernidade.

Em comum, o desejo de romper com o passado e criar um começo para as artes e para o design.

Vanguarda:

A vanguarda produz trabalho que desafia o status quo apesar da ameaça ocasional de severa penalização. Portanto uma
vanguarda é o instrumento de mudança radical para melhor ou pior, mas sempre em oposição à estrutura de poder corrente. De
qualquer forma que apareça e por mais imperfeita que possa ser, a vanguarda é usada (tacitamente ou de outra forma) por
sociedades como um meio para desencadear o progresso rompendo a complacência e promovendo o inconformismo.

As principais correntes de vanguarda foram o Surrealismo, o Cubismo, o Dadaísmo, o Futurismo italiano, o Construtivismo russo e
o Neoplasticismo holandês.

No design de interiores, o grupo De Stijl aplicou os mesmos princípios da reduzida cartela de cores e de formas geométricas, com
predominância de retângulos e composições cartesianas. Um exemplo é a cadeira Vermelha e Azul, criação de Gerrit Rietveld, cuja
ênfase em linhas horizontais e verticais desafiava as convenções do objeto.

Outro movimento de vanguarda que influenciou o design de interiores foi o Construtivismo russo. Tanto esse quanto o De Stijl
deixaram sua marca na Bauhaus e em sua produção de mobiliário e ambientes. Merece destaque a cozinha funcional de 1923
planejada por Marcel Breuer, um dos primeiros exemplos de uma cozinha sob medida, feita para a primeira exposição da
Bauhaus. As luminárias retilíneas em aço tubular criadas por Moholy-Nagy para ambientes como a sala do diretor e o teatro da
Bauhaus também são exemplos dessa influência.

Da influência surrealista, podemos destacar o trabalho de Elsa Schiaparelli, designer italiana que trabalhou em Paris em grande
proximidade com artistas. Suas peças de malha estampadas com trombe l’oeil (ilusões de ótica, literalmente enganar os olhos)
ficaram famosas, com estampas de laços falsos, lenços, gravatas, cintos, tatuagens e esqueletos.

A Primeira Guerra Mundial tem sido geralmente considerada como a linha divisória entre as eras Art Nouveau e Art Déco, mas o
estilo Art Déco foi de fato concebido nos anos 1908-1912, um período usualmente considerado como de transição. Como muitos
de seus predecessores, era um estilo em evolução que não começou ou parou em nenhum momento preciso. Muitos itens agora
aceitos como puro Art Déco (…) foram desenhados antes do surto de hostilidades de 1914, ou durante a guerra. O movimento,
portanto, não pode ser rigidamente definido, como tem sido, nas décadas de 1920-1930. Sua inserção foi mais cedo, bem como o
seu declínio. De fato, não fosse pelo hiato de quatro anos criado pela Primeira Guerra, o estilo Art Deco teria cumprido
completamente o seu curso natural até 1920.

No design gráfico, os principais destaques são os trabalhos de A M Cassandre (cartazes, anúncios, tipografia), E. McKnight Kauffer
(cartazes) e Jean Carlu (capas de revistas, cartazes).

No Brasil, a Semana de Arte de 1922 provocou suas rupturas e representou o impulso mais evidente da vanguarda no país.
Organizada no Teatro Municipal de São Paulo, o evento aconteceu entre 11 e 18 de fevereiro, com apresentações de pintura,
escultura, poesia, literatura e música, reunindo artistas como Mário e Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Guilherme de
Almeida, Di Cavalcanti, Heitor Villa-Lobos, entre outros. Da mesma forma que os movimentos europeus, também aqui as
vanguardas artísticas e literárias usaram revistas para se expressar.

Destaca-se em seu design a composição tipográfica das capas, atribuída a Guilherme de Almeida, e os anúncios dos Chocolates
Lacta e do Guaraná Espumante. Rejeitados pelos anunciantes por sua composição inusitada, eles se destacam justamente por esse
motivo, ao ponto de provocar o único comentário favorável por parte de Augusto de Campos sobre o layout da revista
“espantosamente frágil, ingênua, amadorística. Um primeiro toque-de-reunir modernista, no ambiente hostil da época, após a
bravura da Semana. Mas também um salve-se-quem-puder modernoso, onde a maior parte naufraga em ondas subfuturistas ou
pós-impressionistas — ressaca internacional de arte moderna.”

A moda moderna entrava em sintonia com os tempos velozes da década de 1920. Segundo Marnie Fogg, “a era da velocidade
exigia um corpo aerodinâmico, e a silhueta feminina desejada passou a ser a da melindrosa, andrógina e sem busto. Pela primeira
vez na moda, as mulheres ansiavam pela magreza.” (FOGG, 2013, p. 239). As roupas davam às mulheres, mais livres para circular,
mais ativas, a liberdade de movimento de que precisavam. Saias encurtaram, tecidos mais leves e flexíveis entraram na produção
de roupas leves, menos formais, no estilo batizado pelos franceses à la garçonne. Para os homens, também há um relaxamento
dos costumes, com calças Oxford de boca larga, blazers ajustados e chapéus de palha de dia e smokings à noite. Vestidos de noite
longos, costas reveladas em decotes generosos, tubulares, soltos sobre o corpo que já não era restringido por corpetes rígidos.

No cinema, estamos nos anos dourados do cinema mudo. Comédias com Charles Chaplin, Buster Keaton e Irmãos Marx, dramas e
filmes de terror. Como resultado das tensões na Alemanha causadas pela instabilidade econômica e pela ascensão do nazismo,
muitos diretores saíram do país e um número considerável deles foi para os Estados Unidos. Alguns nomes com Friitz Lang,
Murnau, atrizes como Marlene Dietrich e Greta Garbo, todos contribuíram para construir as convenções do cinema americano. Se
entre as divas do cinema houvesse a eleição de um rosto para representar a década de 1920, esse rosto seria o de Louise Brooks.
Ousada, livre de convenções sociais, ela encantava homens e algumas vezes mulheres com sua silhueta melindrosa e seu cabelo
chanel. Seu filme mais famoso foi A Caixa de Pandora.

A Exposição Internacional de Artes Decorativas de 1925 não só deu o nome ao movimento, mas pode ter marcado o ponto mais
elevado e o início do declínio do Art Déco. As inscrições foram distribuídas com termos específicos, admitindo apenas stands
modernos de seus participantes. A maioria dos stands eram do país anfitrião, que desejava retomar seu posto de centro difusor de
estilo e, mesmo entre os convidados, o Art Déco prevalecia. Cabe destacar três stands que se diferenciavam do restante. O
primeiro, da revista Le Nouveau Esprit, projetado por Le Corbusier, era um exemplo do funcionalismo, assunto que veremos na
próxima aula. A representação russa exaltava o Construtivismo, em planos sobrepostos e malhas quadradas. Por fim, o estande da
Dinamarca tinha em suas linhas limpas algo da geometria da Déco combinada com a ausência de ornamento do Estilo
Internacional.

O ponto de discordância entre o Art Déco e o movimento funcionalista, que daria origem ao Estilo Internacional, se colocava
principalmente sobre dois pontos: o uso de ornamentos e a produção em massa. Para os funcionalistas, como o precursor Adolf
Loos, “ornamento é crime” e não faz sentido produzir algo que não seja para o bem comum. Já o Art Déco ainda se concentrava,
de forma semelhante ao seu predecessor, Art Nouveau, na produção de artigos de luxo para a burguesia abastada
Funcionalismo, estilo internacional. AULA 3

Sullivan marcou a arquitetura de Chicago com seus sky-scrappers, os arranha-céus, que despontaram na cidade na década de
1880. Os edifícios de Sullivan continham princípios da funcionalidade, mas ainda preservavam a ornamentação como elemento
estético, como “uma roupagem de imagens poéticas”.

Adolf Loos defendia sua utilização adequada e judiciosa, na qual cada material deveria ser empregado como era, sem simulação.
“Somente uma parte muito pequena da arquitetura pertence à arte: o túmulo e o monumento. Tudo o mais, tudo aquilo que
serve a uma finalidade, deve ser excluído do domínio da arte.”

O pavilhão da L`Esprit Nouveau se destacou da maioria dos estandes Art Déco na Exposição Internacional de Artes Decorativas de
1925. O projeto de Le Corbusier tinha a forma de um cubo branco vazado, sem ornamentos, um “manifesto pelo espírito novo”.

Segundo Cohen, a “celebração do maquinismo é acompanhada pela defesa do emprego de ‘traçados reguladores’ para definir as
proporções dos edifícios e pela recomendação do estudo da Roma antiga e barroca, ‘eterna lição de arquitetura’.”

Pontos da arquitetura funcionalista: uso de pilotis (colunas), planta livre, terraço jardim, janelas em fita, formas geométricas
simples, paredes brancas, colunas expostas, e materiais à mostra.

Mies van der Rohe é conhecido como autor da frase “Less is More” (Menos é Mais), que resume muito das ideias funcionalistas.

Definição do estilo internacional:

Tanto em aparência quanto em estrutura, esse estilo é peculiar ao século XX e é tão fundamentalmente original como o Grego ou
o Bizantino ou o Gótico. (…) Por seu desenvolvimento simultâneo em vários países diferentes e por causa de sua distribuição
global ele tem sido chamado de Estilo Internacional.

Com base em materiais e estruturas modernas em consonância com exigências modernas de planejamento, com o uso de aço,
concreto, vidro, estuque e granito, liberados da necessidade de simetria “tão frequentemente exigida pela tradição”.

Na moda, a proximidade da guerra influenciou o guarda-roupa. As barreiras comerciais suscitadas pelas animosidades impediram
o comércio livre e alguns países tiveram que contar com o talento local. O centro de difusão de moda começou a se alterar,
especialmente após a ocupação de Paris pelos nazistas. A austeridade, o racionamento e o trabalho feminino, demandado por
conta do alistamento em massa de homens para lutar nos conflitos, levou a roupas como o costume.

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