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Engenharia de Barragens

Estruturas de Barramento
Parceria:
Profa.: Andréa Portes – M.Sc.
Vedação, Drenagem e Transições
1) Sistemas de Vedação.
2) Sistemas de Drenagem Interna.
3) Transições.
4) Rip-Rap.
Sistemas de Vedação

Adaptado de Massad, 2003


Barragens de Terra e Enrocamento

A zona de vedação consiste de uma região de baixa permeabilidade


para reduzir e controlar o fluxo pelo corpo da barragem.

Em barragens de terra e enrocamento, o sistema de vedação é


garantido por:
 solo com coeficiente de permeabilidade apropriado,
podendo ser estendido para a fundação (maciço),
 laje de concreto (maciço),
 núcleo asfáltico (maciço),
 tratamentos de fundação (fundação).
Barragens de Terra e Enrocamento

Zona de Vedação

Barragem Aimorés, Rio Doce, Aimorés, MG ICOLD, 2009


Barragens de Terra e Enrocamento

Zona de Vedação

Barragem Três Marias, Rio São Francisco, MG Cruz & Bordeaux, 2011
Barragens de Terra e Enrocamento

Zona de Vedação

Barragem de Orós, Orós, Ceará Cruz & Bordeaux, 2011


Barragens de Terra e Enrocamento

Zona de Vedação

Barragem Campos Novos, Rio Canoas, Santa Catarina Cruz, Materón e Freitas, 2014
Barragens de Terra e Enrocamento

ANA, 2016
Barragens de Terra e Enrocamento

Zona de Vedação

Barragem Foz do Chapecó, divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul Espósito, 2013
Barragens de Terra e Enrocamento

Barragem Foz do Chapecó, divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul Herweg, Cortez e Santos, 2012
Barragens de Terra e Enrocamento

Barragem Foz do Chapecó, divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul Herweg, Cortez e Santos, 2012
Barragens de Terra e Enrocamento

Alguns detalhes:
 Largura do núcleo: 1,0 % da altura da barragem, mínimo
não inferior a 0,50 m.
 Altíssimo gradiente hidráulico na base de um núcleo muito
estreito: alargamento da base do núcleo junto à fundação
para 4 a 6 vezes a sua largura de projeto, laje de concreto
(plinto) apoiada sobre a superfície rochosa sã e limpa e
tratamento da superfície da laje com uma emulsão asfáltica
ou com um mastique asfáltico.

Cruz & Bordeaux, 2011


Barragens de Terra e Enrocamento

Cruz & Bordeaux, 2011


Barragens de Terra e Enrocamento

Cruz & Bordeaux, 2011


Barragens de Concreto

Em barragens de concreto o próprio corpo do barramento é o


elemento de vedação.

Destaca-se a zona de consolidação superficial, que melhora as


condições de deformação, resistência e permeabilidade no contato
da rocha com o maciço.

Em função das pressões utilizadas na injeção da calda de cimento,


recomenda-se este tratamento após parte do maciço construído.
Barragens de Concreto

Massad, 2003
Observações Gerais

Não é possível garantir, por melhor que seja o projeto e a construção


de um maciço, seja esse qual for, o disciplinamento efetivo e seguro
das águas percoladas. Caminhos preferenciais podem se fazer
presentes!

Por este motivo, elementos drenantes devem ser projetados em


posições adequadas, garantindo o disciplinamento em termos de
percolação.
Sistemas de Drenagem Interna

Massad, 2003
Barragens de Terra e Enrocamento

O sistema de drenagem interna consiste numa região bem


delimitada, de alta permeabilidade, para conduzir e controlar o fluxo
pelo corpo da barragem.

Em barragens de terra e enrocamento, o sistema de drenagem


interna é garantido por:
 filtro septo vertical,
 tapete drenante,
 enrocamento do maciço.
Barragens de Terra e Enrocamento

Lei de Darcy: a vazão (Q) numa seção de área conhecida (A) é


proporcional ao gradiente hidráulico (i).

Q=kiA

v = k i , pois v = Q / A

Onde:
v: velocidade de escoamento,
k: coeficiente de permeabilidade,
i: gradiente hidráulico (h/L).
Barragens de Terra e Enrocamento

Energia em escoamento permanente:


Barragens de Terra e Enrocamento

Cruz, 1996
Barragens de Terra e Enrocamento

Machado, 2007
Barragens de Concreto

Em barragens de concreto são instalados drenos em posições


estratégicas para drenagem:
 Dreno de junta (paramento de montante),
 Dreno de fundação,

Através de galerias, é possível acessar os drenos e verificar sua


efetividade.

A subpressão variará linearmente entre os valores de pressão Hm e


Hj, desprezando-se o efeito de qualquer cortina de injeção ou de
drenagem.
Barragens de Concreto

Eletrobrás, 2003
Observações Gerais

Em barragens de terra e enrocamento, os elementos drenantes


devem possuir:
 condutividade: boa capacidade de condutividade e
gradientes hidráulicos controlados,
 filtragem: arranjos de vazios tal que os grãos do solo
protegido não consigam migrar. O problema é que os solos
não possuem granulometria uniforme...
 autofiltragem: o material drenante deve ser filtro de si
mesmo,
 autocicatrização: uma fissura não se mantem aberta em
presença de água.
Transições

Souza Pinto, 2006


Barragens de Terra e Enrocamento

O tamanho dos vazios no material do filtro deve ser pequeno o


suficiente para segurar as maiores partículas do material a ser
protegido:

Onde:
D15(F) é o diâmetro através do qual 15% do material do filtro passa.
D85(S) é o diâmetro através do qual 85% do material do solo passa.
Barragens de Terra e Enrocamento

O material do filtro deve ter uma permeabilidade alta para prevenir a


formação de grandes forças de percolação e altas pressões
hidrostáticas:

Onde:
D15(F) é o diâmetro através do qual 15% do material do filtro passa.
D15(S) é o diâmetro através do qual 15% do material do solo passa.
Barragens de Terra e Enrocamento

Na interface do material coesivo com material granular fino:


 D15 ≤ 1,0 mm,
 D5 > 0,074 mm,
 D60/D15 < 20, para reduzir a segregação do material, e
convém que seja superior a 3,
 A permeabilidade do material granular ≥ 10-4 m/s.

Cruz, 1996
Barragens de Terra e Enrocamento

Na interface do material granular fino com material granular:


 D5 > 0,074 mm,
 D60/D15 < 10, para reduzir a segregação do material.

Cruz, 1996
Barragens de Terra e Enrocamento

Na interface do material granular com material granular:

Cruz, 1996
Barragens de Terra e Enrocamento

Com relação a instabilidade interna:

Descontinuidades

Souza Pinto, 2006


Barragens de Enrocamento com Laje de
Concreto

(rocha triturada com adição de finos)

Fernandes, 2007
Barragens de Enrocamento com Núcleo
Asfáltico
No contato com o núcleo:

A transição fina deve ser bem graduada e apresentar:

Todas as transições devem ser constituídas de rocha


britada, ter diâmetro máximo de 60mm e atender:

Herweg, Cortez e Santos, 2012 e Höeg, 1993


Rip Rap

https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Maeslantkering_gesloten.png
Definição

O rip-rap de montante tem a função de proteger o talude de


montante de uma barragem de terra contra os efeitos das ondas
geradas no reservatório.

Pode ser constituído por material granular (enrocamento) de


granulometria ampla ou granulometria uniforme, sendo para este
último necessária a camada de transição, que obedeça critério de
contenção.

Cruz, 1996
Definição

ANA, 2016
Borda Livre

Desnível entre a crista da barragem e o nível de água, com o objetivo


de absorver o impacto das ondas provocadas por vento.

 Borda Livre Normal: diferença entre a cota da crista e o


nível máximo normal do reservatório.
 Borda Livre Mínima: diferença entre a cota da crista e o
nível de máxima cheia - maximum maximorum.
Borda Livre

Podem ser determinadas por fatores quantificáveis e não


quantificáveis:
 Velocidade do vento, sismos,
 Deslizamentos das margens do reservatório.

Valores aceitáveis:
 Mínimo de 3,0m para aterros e 1,5m para concreto (borda
livre normal),
 Mínimo de 1,0m para ensecadeiras (borda livre normal),
 Mínimo de 1,0m para aterros e 0,5m para concreto (borda
livre mínima).
ANA, 2016
Dimensionamento

Conceito de Fetch: é a distância na qual o vento atua no reservatório.


É definida desde o ponto mais à montante até a crista, na direção do
vento (no limite do reservatório)
Dimensionamento

Sobre-elevação do reservatório pela ação do vento:

Em que:

So = sobre-elevação do reservatório (m),


V = velocidade do vento (km/h),
Ft = fetch efetivo (km),
D = profundidade média do reservatório na área de medição do fetch
(m).
ANA, 2016
Dimensionamento

Sobre-elevação do reservatório pela ação de espraiamento:


Em barragens de
concreto: superfície
vertical, não rugosa e
não porosa. A sobre-
elevação do nível do
reservatório pode fixar-
se como equivalente à
altura da onda
Em que: incidente.

S1 = sobre-elevação devida ao espraiamento (m),


k = fator rugosidade do talude da barragem,
α = ângulo do talude,
Hs = altura significativa das ondas,
L = comprimento de onda.
ANA, 2016
Dimensionamento

Em que:

L = comprimento de onda,
T = período de onda.
ANA, 2016
Exercícios
Dimensionamento da Drenagem Interna

Atividade Prática 4.1

Obtenha, conforme considerações em sala de aula:


1. Espessura de areia do filtro septo, em metros.
2. Espessura de brita do tapete drenante, em metros.
Dimensionamento da Drenagem Interna
Dimensionamento da Drenagem Interna
Dimensionamento da Drenagem Interna
Cota: 408 m Cota: 397 m Cota: 396 m

L = 30 m
Dimensionamento das Transições

Atividade Prática 4.2

Dada a curva base a seguir, obtenha:


1. Obtenha o D50 mínimo da faixa da transição fina.
2. Obtenha o D100 máximo da transição grossa.
3. Obtenha o D0 máximo da proteção superficial.
Dimensionamento das Transições
Dimensionamento do Rip-Rap

Atividade Prática 4.3

Obtenha:
1. O valor de So.
2. O valor de S1.
3. A borda livre normal.
4. A borda livre mínima.

Dados:
Fetch (Ft): 1,1 km, velocidade do vento (V): 80 km/h, profundidade
média do reservatório (D): 40 m, ângulo do talude de montante: 27º
e menor fator rugosidade, considerando que será lançado rip-rap
com relação Hs/d = 1,5 a 3.
Dimensionamento do Rip-Rap

Atividade Prática 4.4

Dada a curva base a seguir:

1. Obtenha o D15 máximo da faixa da transição.


Dimensionamento do Rip-Rap
FIM

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