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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS

BACHARELADO INTERDISCIPLINAR EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA


Controle Ambiental [ICT529] (A)

CARACTERIZAÇÃO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS


E EQUIVALENTE POPULACIONAL
(GRUPO LATICÍNIOS)

ADAM LUIZ EVANGELISTA SOARES - 2018.1.36.002


CAMILA RIBEIRO ALVES - 2018.1.25.007
EVALDO VILELA DA SILVA FILHO - 2018.1.36.005
LINDRIELI ALMEIDA ROSA - 2022.1.999.003
LOUISE BRANDÃO SANTOS - 2018.1.25.048

POÇOS DE CALDAS-MG
JULHO, 2022
MEMORIAL DESCRITIVO

1. APRESENTAÇÃO

O presente memorial descritivo do estudo de caso tem por finalidade


destacar a localização, porte, capacidade produtiva, vazão média de efluente
industrial gerado e caracterização qualitativa dos efluentes, tais como: Temperatura,
Sólidos suspensos, DBO, DQO, Óleos e graxas dentre outros. E o equivalente
populacional com base na carga orgânica em termos de DBO.

2. CARACTERIZAÇÃO GERAL

2.1. Localização

A indústria está localizada no município de Poços de Caldas - MG, na Rua


Antônio Bortolan, 580 - Jóias do Vale do Sol, 37704-397. Situada nas proximidades
do rio das Antas, onde possui uma área territorial com cerca de 18.700 m².

2.2. Porte

De porte médio, dispõe de cerca de 180 funcionários, trabalhando em turnos


de 8 horas diárias.

2.3. Capacidade produtiva

Possui capacidade de manipular 50.000 L de leite por dia.

2.4. Caracterização do efluente industrial gerado

Tabela 1: Características do efluente industrial gerado.

Parâmetros do efluente

pH 8,9
Oxigênio dissolvido
6,4
(mg/L)
Temperatura (°C) 22,3
DQO (mg/L) 11151,8
DBO5 (mg/L) 4155
Sólidos totais (mg/L) 692
Sólidos suspensos (mg/L) 268
Fósforo total (mg/L) 50,3
Nitrogênio total (mg/L) 122,5
Nitratos (mg/L) ND
Nitritos (mg/L) ND
Nitrogênio amoniacal
ND
(mg/L)
Óleos e gorduras (mg/L) 987
Fonte: Adaptado de HENARES (2015).

2.5. Vazão média de efluente industrial gerado

A composição dos efluentes gerados por um laticínio são, em sua maioria,


quantidades variadas de leite diluído, materiais sólidos, detergentes, lubrificantes e
esgoto doméstico. Dentro do processo de produção dos produtos a base de leite, o
que mais gera resíduos são as etapas de limpeza e desinfecção dos equipamentos,
perdas nas enchedoras e lubrificação das máquinas. As perdas de leite para
efluentes variam de 0,5 a 4% da quantidade total de leite que chega na indústria.
Esses valores são significativos tanto para a produtividade quanto para a carga
poluidora do efluente final. Um litro de leite integral tem aproximadamente 110.000
mg de DBO e 210.000 mg de DQO. Além disso, o pH de efluentes de laticínios
possuem valores diferentes do pH do leite, uma vez que há a presença de outros
resíduos. A variação do pH do efluente gerado fica entre 2,0 e 12,0.
A Tabela 2 abaixo apresenta o volume de efluente gerado por litro de leite
processado no laticínio.

Tabela 2: volume de efluente gerado por litro de leite processado no laticínio

Atividade/Produto Coeficiente de efluente gerado (L.L-1)

Recepção 0,243

Iogurte 10

Queijo 2,32

Requeijão (pote) 1,4

Requeijão (barra) 1,4

Produtos brancos (leite, cremes) 3


Fonte: TOSTES (2009).

Realizando o somatório de efluente gerado por litro de leite processado,


multiplicou-se pelo total de leite processado por dia (50.000 L) e obteve-se o valor
de 𝑄𝑒 = 918. 150 𝐿/𝑑𝑖𝑎.

2.6. Vazão à montante


A vazão à montante, 𝑄𝑀 = 194. 339. 520 𝐿/𝑑𝑖𝑎 foi obtida através das características
do corpo receptor, que é mostrada no documento Atlas Esgotos, do Departamento
Municipal de Água e Esgoto, de Poços de Caldas. [1]

2.7. Cálculos da Diluição

Tabela 3: Dados utilizados para os cálculos de diluição.


Vazão (L/dia) QM (L/dia) QE (L/dia)
50000 194339520 918150
Fonte: Dos Autores.
Para o cálculo da concentração do jusante, ou seja, concentração final do rio após a
diluição do efluente pode ser calculado por meio de:

𝐶𝑀·𝑄𝑀+𝐶𝐸𝑄𝐸
𝐶𝐽 = 𝑄𝑀+𝑄𝐸

Dessa forma, realizando os cálculos para oxigênio dissolvido, DQO, DBO5, sólidos
totais e para sólidos suspensos, encontramos os seguintes valores:

Tabela 4: Parâmetros do cálculo da concentração de jusante


Comparativo
COPAM CM COPAM
N°1/2008 - Art. 29 N°1/2008 -
Parâmetros do efluente (lançamento) Art.14 CJ
Oxigênio dissolvido
(mg/L) 6,4 5 5 5,0065831
DQO (mg/L) 3554,8 180 180 195,8691468
DBO5 (mg/L) 1033 20 5 9,8339110
Sólidos totais (mg/L) 692 100 100 102,7837309
Sólidos suspensos
(mg/L) 268 100 100 100,7899777
Fonte: Dos Autores.

Isolando 𝐶𝐸 da equação de 𝐶𝐽, encontramos a seguinte :

𝐶𝐽(·𝑄𝑀+𝑄𝐸)−𝐶𝑀𝑄𝑀
𝐶𝐸 = 𝑄𝑀+𝑄𝐸

Outra equação importante para os nossos cálculos, é a eficiência mínima do


tratamento, que é dado:
𝐶𝐸 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙−𝐶𝐸 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙
𝐸𝑓 = 𝐶𝐸 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙
× 100

Por meio dessas equações, foram encontrados os seguintes valores:

Tabela 5: Parâmetros do cálculo da concentração do efluentes e eficiência


Comparativo
COPAM
N°1/2008 - Art. CM COPAM
29 N°1/2008 - Eficiência
𝐶𝐽 Efluentes (𝐶 )
Parâmetros (lançamento) Art.14 𝐸 (%)
Oxigênio dissolvido
(mg/L) 5 5 5 5,0000000 21,8750000
DQO (mg/L) 180 180 180 180,0000000 94,9364240
DBO5 (mg/L) 5 20 5 5,0000000 99,5159729
Sólidos totais (mg/L) 100 100 100 100,0000000 85,5491329
Sólidos suspensos
(mg/L) 100 100 100 100,0000000 62,6865672
Fonte: Dos Autores.

Para o cálculo do equivalente populacional, iremos calcular primeiro a carga


orgânica, que é definida como:

𝐶𝑂 = 𝑄𝐸 · 𝐷𝐵𝑂5 → (918150) · (1033) → 𝐶𝑂 = 948448950 𝑚𝑔/𝑑𝑖𝑎

Temos que o rejeito de habitantes por dia por habitantes é de 54 gramas, então
temos que o equivalente populacional é de:

𝐶𝑂 948448,95
𝐸𝑃 = 54
→ 54
→ 𝐸𝑃 = 17564 ℎ𝑎𝑏𝑖𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠

Tabela 6: Parâmetros do cálculo do equivalente populacional


EP
Rejeito por (Equivalente
Carga orgânica (CO) Carga orgânica (CO) habitante/dia populacional)
[mg/dia] [g/dia] [g/(dia*habitante)] [Habitantes]
948448950 948448,95 54 17564
Fonte: Dos Autores.

Os valores de 𝐶𝐽 obtidos foram comparados com os parâmetros estabelecidos pelo


COPAM Nº 1/2008. Os de lançamento, definidos no artigo 29 da norma, teve
somente o valor de DBO5 abaixo do padrão, todos os outros parâmetros não
atendem à norma.
Já para os padrões de qualidade do Rio Ribeirão das Antas, classificado como
Classe 2, definidos no artigo 14 da Resolução Normativa da COPAM Nº 1/2008,
nenhum atendeu os padrões estabelecidos. Portanto, o efluente necessita de
tratamentos para lançar o efluente no Rio Ribeirão das Antas. A eficiência do
tratamento é mostrada na tabela (5).
O equivalente populacional calculado se encontra na tabela (6). Pode-se observar
que a carga orgânica do efluente equivale a 17.564 habitantes de Poços de Caldas.

2.8. Previsão do Nível de Tratamento

Conforme apresentado anteriormente, os valores da concentração a jusante dos


parâmetros DQO, DBO5, sólidos totais e sólidos suspensos ultrapassaram os
padrões de qualidade de corpos hídricos de Classe 2, conforme a norma CONAMA
357/2005. Dessa forma, uma alternativa seria um processo de tratamento de
efluente industrial eficiente e robusto, capaz de reduzir a concentração da matéria
orgânica e dos sólidos totais presente no efluente. Nesse caso, as operações
unitárias envolvidas nesse processos são apresentadas na seguinte ordem:

1. Peneira rotativa: capaz de separar o efluente líquido de sólidos grandes.

2. Etapa de equalização: em tanques anaeróbios ocorre a pré-degradação da


matéria orgânica e uma melhor homogeneização do efluente bruto diário.

3. Etapa de neutralização: etapa química em que é adicionado ao efluente um ácido


ou uma base, de acordo com o pH do efluente, para neutralizar o pH do efluente até
atingir a faixa de trabalho para a etapa de coagulação.

4. Etapa de coagulação: ao efluente neutralizado será adicionado o coagulante, o


qual é responsável pela pela coagulação dos sólidos dissolvidos no efluente

5. Etapa de floculação: é responsável por agregar os coágulos formados na etapa


anterior formando flocos maiores que serão arrastados na etapa subsequente.

6. Flotação: na parte inferior de flotadores ocorre a injeção de microbolhas para


flotação do lodo gerado no processo físico-químico, esse lodo é arrastado e
separado do efluente clarificado.

7. Etapa microbiológica: o clarificado gerado na etapa anterior é enviado para


tanques onde ocorre parte da degradação microbiológica da matéria orgânica por
bactérias aeróbicas.

8. Etapa de desnitrificação e nitrificação: ocorre a remoção biológica de nitrogênio e


matéria orgânica.
9. Etapa de decantação: após a etapa anterior, o efluente é enviado para o
decantador onde ocorre a sedimentação do lodo e o clarificado é enviado para o rio.
O lodo pode ser recirculado e/ou descartado a depender da estação de tratamento.

10. Descarte de lodo: o lodo gerado tanto na etapa de flotação quanto na


sedimentação é descartado e desidratado numa centrífuga para formação de
massa, em que o clarificado retorna ao tratamento e a massa é destinada de forma
adequada.

Sendo assim, a partir de um processo físico-químico e microbiológico adequado é


possível remover matéria orgânica, sólidos suspensos e totais e atingir os
parâmetros de qualidade do rio e de lançamento, conforme legislação vigente.

3. Referências

[1] Relatório de Esgotamento Sanitário Municipal. Atlas Esgotos: despoluição de


bacias hidrográficas. Poços de Caldas: Agência Nacional das Águas, 2017.

[2] BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução n° 357,


de 17 de Março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e
diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as
condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Diário
Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília. DF. 2005.

[3] MINAS GERAIS. Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM). Conselho


Estadual de Recursos Hídricos do Estado de Minas Gerais (CERH). Deliberação
Normativa Conjunta COPAM/CERH n°01, de 05 de Maio de 2008. Dispõe sobre a
classificação dos corpos hídricos e diretrizes ambientais para o seu enquadramento,
bem como, estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá
outras providências. MG. 2008.

[4] TOSTES, C. CONSUMO DE ÁGUA E GERAÇÃO DE EFLUENTES EM UMA


INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS. [S.I]: Inst. Latic, v. 64, n. 367, 2009. Disponível em:
https://www.revistadoilct.com.br/rilct/article/viewFile/75/81. Acesso em: 17 jul. 2022.

[5] HENARES, J. F. CARACTERIZAÇÃO DO EFLUENTE DE LATICÍNIO: análise e


proposta de tratamento. 2015. 51 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia de
Alimentos, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campo Mourão, 2015.

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