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INTRODUÇÃO À DISCIPLINA

DE CONTROLE DE
EFLUENTES

Prof. Dr. Michel Gerber


Michel David Gerber
Engenheiro Agrônomo
Doutor em Ciências

mdavidgerber@gmail.com

michelgerber@ifsul.edu.br

Prof. Dr. Michel Gerber


CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Unidade 1

1. Introdução

2. Caracterização de efluentes

3. Legislação aplicável para efluentes

4. Avaliação de carga poluidora

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Unidade 2

1. Níveis do tratamento de efluentes: preliminar, primário, secundário


e terciário
2. Classificação dos Processos: Processos Físicos, Processos Químicos,
Processos Biológicos
3. Operações, Processos e Sistemas de Tratamento
• Tratamento Preliminar: Grades, Peneiras, Remoção de Areia,
Remoção de Gorduras, Neutralização e Equalização;
• Tratamento primário: Flotação, Decantação;
• Tratamento secundário: Lagoas de estabilização, Filtros aeróbios,
Lodos Ativados, Fossas sépticas, Filtros Anaeróbios, Reator
Anaeróbio de Manta de Lodo

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PLANO DE ENSINO
Datas Conteúdo/Atividades
• Introdução a disciplina/ Planejamento de atividades/introdução ao tratamento de
3/8
efluentes
10/8 • Legislação sobre efluentes / Principais parâmetros de monitoramento de efluentes
17/8 • Principais parâmetros de monitoramento de efluentes
24/8 • Tratamento preliminar/exercícios
31/8 • Tratamento primário/exercícios
5/9 • Revisão tratamento preliminar / primário
14/9 • Sistemas biológicos de tratamento / Lagoas de estabilização
21/9 • Lagoas de estabilização / exercícios
28/9 • 1ª. prova
5/10 • Apresentação de trabalhos – inicial
13/10 • Envio do fluxograma da ETE corrigido
19/10 • Reatores aeróbios / exercícios
26/10 • Reatores aeróbios / exercícios
9/11 • Reatores anaeróbios / exercícios
16/11 • Reatores anaeróbios / exercícios
23/11 • Revisão e exercícios sistemas biológicos de tratamento
30/11 • Apresentação de trabalho - Final
7/12 • Revisão tratamento efluentes
14/12 • 2ª. prova
21/12 • Reavaliação

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FORMAS DE AVALIAÇÃO
O aluno terá o seu desempenho avaliado através da apresentação de
trabalho em grupo, de forma oral e realização de 2 (duas) provas
escritas, de forma individual, totalizando 3 avaliações com peso 10
(dez) cada.
Para apresentação dos trabalhos, os grupos deverão ser organizados
com até 5 (cinco) alunos, que escolherão um tipo de efluente e
desenvolverão um projeto básico de uma estação de tratamento para
esse efluente.
A apresentação de trabalhos será dividida em duas etapas, sendo o
peso de 4,0 (Quatro) para a apresentação inicial e 6,0 (Seis) para
apresentação final. Será considerado aprovado o aluno que obtiver, no
mínimo, média geral igual a 6,0 (seis) e 75% (setenta e cinco
porcento) de presença. O aluno que obtiver média das avaliações
menor que 6,0 (seis) terá direito a reavaliação, desde que tenha
obtido a frequência mínima exigida.

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DESCRIÇÃO DO TRABALHO
a) Deverão ser formados grupos onde cada um será responsável pelo
dimensionamento de uma estação de tratamento de efluentes industriais (até
5 alunos por grupo);
b) Cada grupo escolherá um tipo de efluente industrial, cujas principais
características serão apresentadas nos próximos slides;
c) Cada grupo também deverá apresentar o projeto da ETE para o efluente
selecionado em duas etapas: na 1ª etapa o grupo deverá apresentar
oralmente o fluxograma da ETE proposta, a descrição resumida do
processo produtivo, pontos de geração de efluentes, justificativa da seleção
de equipamentos e bibliografia consultada;
d) Na 2ª etapa o grupo apresentará oralmente o dimensionamento dessa
ETE, após a aprovação dos conceitos definidos na Etapa 1. Nessa etapa, o
grupo também deverá comprovar o atendimento dos limites estabelecidos
pela legislação vigente para lançamento no recurso hídrico;
e) Após a 2° apresentação, os alunos terão 7 dias para entregar a versão
definitiva do projeto, somente em meio digital como power point ou similar.

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CONCEITUAÇÃO
O que são efluentes?

Conforme descrito na Resolução CONSEMA n° 355/2017:

Efluentes líquidos de fontes poluidoras: despejo líquido oriundo


de atividades industriais, de drenagem contaminada, de mineração, de
criação confinada, comerciais, domésticas, públicas, recreativas e
outras;

Efluente líquido industrial: despejo líquido resultante de qualquer


atividade produtiva, oriunda prioritariamente de áreas de transformação
de matérias primas em produtos acabados;

Efluentes líquidos sanitários: despejo líquido resultante do uso da


água para higiene e necessidades fisiológicas humanas;

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EXEMPLOS DE EFLUENTES INDUSTRIAIS
Foram selecionados algumas tipologias industriais de ocorrência
mais frequente na região Sul do Estado e algumas atividades
consideradas como emergentes:

• Matadouro de bovinos;
• Suinocultura;
• Pescados;
• Arroz parboilizado;
• Pêssego em calda;
• Leite;
• Massas e biscoitos
• Vinícola;
• Azeite;
• Microcervejarias.

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Matadouro e frigorífico de bovinos
Parâmetros Unidade Linha Verde Linha Vermelha Limite

pH 6,0 7,0
Temperatura ºC 25 27
DQO mg/L O2 3.000 9.000
DBO5 (20ºC) mg/L O2 1.500 3.000
NTK mg/L N 200 400
N-amoniacal mg/L N 100 200
Fósforo Total mg/L P 40 20
Óleos e graxas mg/L 120 400
Sólidos Suspensos mg/L 3.000 1.200
Sólidos Sedimentáveis mL/L 80 30
Vazão máxima diária m3/d 300 200
Vazão máxima horária m3/h 40 50

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Suinocultura
Parâmetros Unidade Efluente Bruto Limites

pH 7,0

Temperatura ºC 22,0
DQO mg/L O2 10.000

DBO5 (20ºC) mg/L O2 4.000

NTK mg/L N 600

N-amoniacal mg/L N 400

Fósforo Total mg/L P 300

Óleos e graxas mg/L 60

Sólidos Suspensos mg/L 4.000


Sólidos Sedimentáveis mL/L 280

Vazão máxima diária m3/d 100

Vazão máxima horária m3/h 25

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Pescado – filé de peixe
Parâmetros Unidade Efluente Bruto Limites
pH 7,0
Temperatura ºC 20,0
DQO mg/L O2 4.000
DBO5 (20ºC) mg/L O2 2.200
NTK mg/L N 220
N-amoniacal mg/L N 150
Fósforo Total mg/L P 15
Óleos e graxas mg/L 260
Sólidos Suspensos mg/L 1.800
Sólidos Sedimentáveis mL/L 60
Vazão máxima diária m3/d 200
Vazão máxima horária m3/h 30

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Arroz Parboilizado
Parâmetros Unidade Efluente Bruto Limites
pH 5,0
Temperatura ºC 30,0
DQO mg/L O2 2.600
DBO5 (20ºC) mg/L O2 1.300
NTK mg/L N 80
N-amoniacal mg/L N 50
Fósforo Total mg/L P 40
Óleos e graxas mg/L 15
Sólidos Suspensos mg/L 800
Sólidos Sedimentáveis mL/L 25
Vazão máxima diária m3/d 300
Vazão máxima horária m3/h 50

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Pêssego em calda
Parâmetros Unidade Efluente Bruto Limites
pH 11,0
Temperatura ºC 18,0
DQO mg/L O2 8.000
DBO5 (20ºC) mg/L O2 5.000
NTK mg/L N 50
N-amoniacal mg/L N 30
Fósforo Total mg/L P 20
Óleos e graxas mg/L 10
Sólidos Suspensos mg/L 3.000
Sólidos Sedimentáveis mL/L 60
Vazão máxima diária m3/d 250
Vazão máxima horária m3/h 30

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Beneficiamento do Leite
Parâmetros Unidade Efluente Bruto Limites
pH 10,0
Temperatura ºC 23,0
DQO mg/L O2 4.000
DBO5 (20ºC) mg/L O2 2.000
NTK mg/L N 60
N-amoniacal mg/L N 40
Fósforo Total mg/L P 20
Óleos e graxas mg/L 50
Sólidos Suspensos mg/L 1.800
Sólidos Sedimentáveis mL/L 6,0
Vazão máxima diária m3/d 350
Vazão máxima horária m3/h 40

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Vinícola
Parâmetros Unidade Efluente Bruto Limites
pH 4,5
Temperatura ºC 20,0
DQO mg/L O2 5.000,0
DBO5 (20ºC) mg/L O2 3.000,0
NTK mg/L N 40
N-amoniacal mg/L N 20
Fósforo Total mg/L P 20,0
Sólidos Suspensos mg/L 2.000,0
Sólidos Sedimentáveis mL/L 20,0
Vazão máxima diária m3/d 25
Vazão máxima horária m3/h 5

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Massas e biscoitos alimentícios
Parâmetros Unidade Efluente Bruto Limites
pH 8,0
Temperatura ºC 25
DQO mg/L O2 4.000
DBO5 (20ºC) mg/L O2 3.000
NTK mg/L N 40
N-amoniacal mg/L N 30
Fósforo Total mg/L P 8
Óleos e graxas mg/L 50
Sólidos Suspensos mg/L 500
Sólidos Sedimentáveis mL/L 10
Vazão máxima diária m3/d 50
Vazão máxima horária m3/h 15

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Microcervejaria
Parâmetros Unidade Efluente Bruto Limites
pH 8,0
Temperatura ºC 18,0
DQO mg/L O2 2.000
DBO5 (20ºC) mg/L O2 1.200
NTK mg/L N 40
N-amoniacal mg/L N 30
Fósforo Total mg/L P 15
Óleos e graxas mg/L 10
Sólidos Suspensos mg/L 600
Sólidos Sedimentáveis mL/L 10
Vazão máxima diária m3/d 5,0
Vazão máxima horária m3/h 1,0

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PRODUÇÃO DE AZEITE
Parâmetros Unidade Efluente Bruto Limites
pH 8,0
Temperatura ºC 18,0
DQO mg/L O2 2.000
DBO5 (20ºC) mg/L O2 1.200
NTK mg/L N 40
N-amoniacal mg/L N 30
Fósforo Total mg/L P 15
Óleos e graxas mg/L 10
Sólidos Suspensos mg/L 600
Sólidos Sedimentáveis mL/L 10
Vazão máxima diária m3/d 5,0
Vazão máxima horária m3/h 1,0

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POR QUE TRATAR EFLUENTES ?

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INTRODUÇÃO TRATAMENTO EFLUENTES
A remoção dos contaminantes visando o atendimento aos padrões
de lançamento estabelecidos constitui o principal objetivo do
tratamento de efluentes.

Portanto, é fundamental o entendimento do que são os


CONTAMINANTES e os PADRÕES DE LANÇAMENTO.

• CONTAMINANTES são os parâmetros de monitoramento, como


DQO, DBO, nitrogênio, etc., que são obtidos após a
caracterização da amostra de efluente.
• PADRÕES DE LANÇAMENTO (ou de emissão) são estabelecidos
pela legislação ambiental, que no RS estão listados na
Resolução CONSEMA n° 355/2017, Portaria FEPAM n° 68/2019
ou Resolução CONSEMA nº 419/2020
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INTRODUÇÃO TRATAMENTO EFLUENTES
Para atingir o objetivo, ou seja, remoção os contaminantes,
existem vários processos de tratamento, baseados em
fenômenos ou princípios físicos, químicos ou biológicos, ou
ainda, em suas combinações.

Com base nesses princípios, o tratamento de efluentes é


usualmente classificado de acordo com os seguintes níveis:

• Preliminar;
• Primário;
• Secundário;
• Terciário.

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INTRODUÇÃO TRATAMENTO EFLUENTES

Nível Remoção
Sólidos grosseiros (materiais de maiores dimensões e areia)
Preliminar
Sólidos em suspensão e sólidos sedimentáveis
Primário DBO em suspensão (matéria orgânica referente a sólidos em
suspensão e sedimentáveis)
DBO em suspensão (matéria orgânica em suspensão, não removida
Secundário no tratamento primário)
DBO solúvel
Nitrogênio e fósforo
Patogênicos
Terciário Metais remanescentes
Sólidos suspensos e dissolvidos remanescentes
Cor, Odor, etc.

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NÍVEIS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES
Efluente Tratamento preliminar Tratamento primário
bruto Remoção de sólidos Remoção de sólidos em
grosseiros suspensão

Exemplos: caixa de gordura, Exemplos: decantadores e


caixa de areia, peneiras, grades, flotadores
equalização, neutralização, etc.

Tratamento terciário Tratamento secundário


Remoção nitrogênio, fósforo, Remoção de matéria
Efluente
coliformes, cor, etc. orgânica, nitrogênio, fósforo,
tratado coliformes
Exemplos: lagoas com plantas
emergentes, ozonização, Exemplos: reatores anaeróbios,
ultrafiltração, osmose reversa, reatores aeróbios, lagoas de
remoção química de P e N, etc. estabilização, filtros biológicos.

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL EM
TRATAMENTO DE EFLUENTES

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LEGISLAÇÃO
Federal
✓ Resolução CONAMA n° 357/2005 – qualidade de águas superficiais e
padrões em efluentes;
✓ Resolução CONAMA n° 430/2011 – complementa e altera a 357/2005.
✓ Resolução CONAMA n° 420/2009 - gerenciamento ambiental de áreas
contaminadas.

Estadual
✓ Resolução CONSEMA n° 355/2017 – padrões físicos, químicos e
bacteriológicos para lançamento de efluentes;
✓ Portaria FEPAM n° 66/2017 - toxicidade em efluentes
✓ Portaria FEPAM n° 68/2019. Dispõe sobre os critérios para disposição final de
efluentes líquidos sanitários e efluentes líquidos industriais em solo no território
do Estado do Rio Grande do Sul.
✓ Resolução CONSEMA nº 419/2020. Estabelece critérios para reuso para fins
urbanos, industriais, agrícolas e florestais no Estado do Rio Grande do Sul.

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RESOLUÇÃO CONAMA n° 430/2011
Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de
efluentes, complementa e altera a Resolução no 357, de 17 de
março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente -
CONAMA.

Art. 1º Esta Resolução dispõe sobre condições, parâmetros,


padrões e diretrizes para gestão do lançamento de efluentes em
corpos de água receptores, alterando parcialmente e
complementando a Resolução nº 357, de 17 de março de 2005,
do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA.

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RESOLUÇÃO CONAMA n° 430/2011
Art. 2º A disposição de efluentes no solo, mesmo tratados,
não está sujeita aos parâmetros e padrões de lançamento
dispostos nesta Resolução, não podendo, todavia, causar
poluição ou contaminação das águas superficiais e
subterrâneas.

Art. 3º Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente


poderão ser lançados diretamente nos corpos receptores após
o devido tratamento e desde que obedeçam às condições,
padrões e exigências dispostos nesta Resolução e em outras
normas aplicáveis.

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RESOLUÇÃO CONAMA n° 430/2011
Art. 16. Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente
poderão ser lançados diretamente no corpo receptor desde
que obedeçam as condições e padrões previstos neste artigo,
resguardadas outras exigências cabíveis:

I - condições de lançamento de efluentes:


a) pH entre 5 a 9;
b) temperatura: inferior a 40°C, ...
c) materiais sedimentáveis: até 1 mL/L em teste de 1 hora em
cone Inmhoff ...
d) regime de lançamento com vazão máxima de até 1,5 vez a
vazão média do período de atividade diária do agente
poluidor...

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RESOLUÇÃO CONSEMA n° 355/2017
Os padrões de lançamento dos principais parâmetros de
monitoramento podem ver visualizados na Resolução CONSEMA
355/2017, que ...Dispõe sobre os critérios e padrões de emissão de
efluentes líquidos para as fontes geradoras que lancem seus efluentes
em águas superficiais no Estado do Rio Grande do Sul.

Art. 3º: Esta Resolução aplica-se a todas as atividades


geradoras de efluentes líquidos e que contemplem o lançamento
dos mesmos em águas superficiais no Estado do Rio Grande do
Sul, excluindo lançamentos no mar e infiltrações no solo, que
serão objeto de avaliações independentes no licenciamento pelo
órgão ambiental competente.

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RESOLUÇÃO CONSEMA n° 355/2017
Art. 9º Os efluentes líquidos de que trata esta Resolução devem
atender aos padrões de toxicidade estabelecidos em resolução
específica sobre a matéria.

OBS: VER PORTARIA FEPAM N° 66/2017

Art. 10 Os efluentes líquidos de fontes poluidoras somente


podem ser lançados em corpos d’água superficiais, direta ou
indiretamente, atendendo aos seguintes padrões de emissão:

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RESOLUÇÃO CONSEMA n° 355/2017
Parâmetros Padrão de emissão
Alumínio Total 10,0 mg/L
Arsênio total 0,1 mg/L
Bário total 5,0 mg/L
Boro total 5,0 mg/L
Cádmio total 0,1 mg/L
Cianeto total 0,2 mg/L
Cobalto total 0,5 mg/L
Cobre total 0,5 mg/L
não deve conferir mudança de coloração (cor
Cor
verdadeira) ao corpo hídrico receptor
*Cromo hexavalente 0,1 mg/L
*Cromo total 0,5 mg/L
*Chumbo total 0,2 mg/L
Espumas Virtualmente ausentes
Estanho total 4,0 mg/L

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RESOLUÇÃO CONSEMA n° 355/2017
Art. 17: I: Para efluentes líquidos de fontes poluidoras,
exceto efluentes líquidos sanitários, os parâmetros DBO5, DQO,
Sólidos Suspensos Totais (SST), Fósforo Total, Nitrogênio
Amoniacal e Coliformes Termotolerantes ...

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RESOLUÇÃO CONSEMA n° 355/2017

Vejam também que no Art. 17 : II, no caso de efluentes


domésticos, a tabela de valores:

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RESOLUÇÃO CONSEMA n° 355/2017
Art. 18: Para efluentes líquidos sanitários o órgão ambiental
competente poderá exigir padrões para os parâmetros fósforo e
nitrogênio amoniacal em corpos receptores com registro de floração
de cianobactérias, em trechos onde ocorra a captação para
abastecimento público, devendo atender aos valores de concentração
estabelecidos ou a eficiência mínima fixada, conforme as faixas de
vazão abaixo referidas.

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PORTARIA FEPAM n° 68/2019
Dispõe sobre os critérios para disposição final de efluentes líquidos
sanitários e efluentes líquidos industriais em solo no território do
Estado do Rio Grande do Sul.

Art. 1º Esta Portaria dispõe sobre os critérios para disposição


final de efluentes líquidos sanitários e efluentes líquidos
industriais em solo.

§ 1º As medidas desta portaria se aplicam à disposição de


efluentes líquidos por meio de sumidouros, bacias, valas e
lotes de infiltração e evapotranspiração.

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PORTARIA FEPAM n° 68/2019
§ 2º Os efluentes líquidos industriais contemplados por esta Portaria
são somente aqueles gerados em empreendimentos do ramo alimentício ou
outros ramos cujo efluente seja predominantemente composto de carga
orgânica.

§ 3º Não são contemplados por esta Portaria:

a) o reuso, seja para fins agrícolas ou não, os quais deverão


atender critérios específicos a serem estabelecidos pelo órgão ambiental
competente; ou
b) os efluentes líquidos de postos de combustíveis, que devem respeitar
regramento específico.

Art. 3º A disposição final de efluente sanitário oriundo de sistemas locais de


tratamento de esgotos em vazão de até 20 m³/dia deverá atender às condições
de projeto e operação determinadas pelas normas técnicas ABNT NBR
7229:1993 e NBR 13969:1997, ficando dispensada do atendimento das demais
disposições desta Portaria.
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PORTARIA FEPAM n° 68/2019
Art. 6º Não será permitida a disposição de efluente em solo:

I - em um raio mínimo de 100 m de poços e outras captações subterrâneas;


II - em um raio mínimo de 60 m de núcleos populacionais em casos de
disposição em lotes de infiltração e evapotranspiração com utilização de
sprinklers;
III - em áreas com declividade acima de 20%;
IV - em áreas com solo com menos de 1,5 m de espessura até o horizonte C;
V - em áreas com existência de fraturas e descontinuidades que possam
causar a rápida migração do efluente infiltrado;
VI - em áreas sujeitas à inundação antes de tomadas as medidas de controle;
VII - em áreas de preservação permanente, salvo em casos de utilidade
pública quando comprovada a ausência de alternativas locacionais;
VIII - em aquíferos com elevada vulnerabilidade em casos de disposição de
efluentes industriais.

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PORTARIA FEPAM n° 68/2019
Art. 9º A disposição de efluentes em solo deverá atender aos seguintes
padrões de qualidade: ...
...
§ 1º Em lotes de infiltração e evapotranspiração, a densidade de coliformes
termotolerantes não deverá exceder 104 NMP/100 mL e a concentração de
nitrogênio total será determinada com base no balanço de nitrogênio
estabelecido em projeto técnico;
§ 2º Em bacias e valas de infiltração, a densidade de coliformes
termotolerantes não deverá exceder 10³ NMP/100 mL e a concentração de
nitrogênio total não deverá exceder 25 mg/L;
§ 4º Os Sistemas de Esgotamento Sanitário de porte mínimo conforme Res.
CONSEMA nº 372/2018 e suas atualizações são dispensados do
atendimento dos padrões estabelecidos no § 2º deste artigo. Observação:
porte mínimo é vazão até 200 m³.d-1

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PORTARIA FEPAM n° 68/2019
Art. 13. A disposição de efluentes em solo dependerá de monitoramento do
sistema, contemplando:
§ 1º Em caso de disposição de efluentes em lotes de infiltração e
evapotranspiração:
II - Monitoramento da qualidade do solo contemplando pH, Condutividade
Elétrica, índice SMP e PST, micronutrientes, macronutrientes e contaminantes
definidos com base nas características do efluente;
§ 2º Em caso de disposição de efluentes em bacias e valas de infiltração:
III - Monitoramento da qualidade do efluente e da água subterrânea;
IV - Monitoramento da variação do nível da água subterrânea.
Art. 14. O monitoramento da qualidade da água subterrânea deverá ocorrer
conforme plano específico que contemple:
§ 1º O monitoramento da qualidade da água subterrânea deverá contemplar
minimamente os seguintes parâmetros: nitrogênio amoniacal, nitrito, nitrato,
coliformes termotolerantes, sólidos totais dissolvidos, sulfato, pH e
condutividade elétrica.
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RESOLUÇÃO CONSEMA n° 419/2020
Estabelece critérios e procedimentos para a utilização de água de
reuso para fins urbanos, industriais, agrícolas e florestais no
Estado do Rio Grande do Sul.

Art. 1º Esta Resolução estabelece critérios e procedimentos para a


utilização não potável de água de reuso proveniente de efluentes
líquidos tratados de origem industrial ou sanitário, para fins urbanos,
industriais, agrícolas e florestais, no Estado do Rio Grande do Sul.
Art. 3º Na geração de água de reúso deverão ser atendidas as
seguintes condições:
I - padrões de qualidade estabelecidos nos Artigos 11 e 12
desta Resolução, de acordo com a aplicação de água de reúso.
II - monitoramento periódico dos parâmetros, conforme
finalidade da água de reúso, na frequência descrita no quadro a seguir:

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RESOLUÇÃO CONSEMA n° 419/2020
II - monitoramento periódico dos parâmetros, conforme finalidade
da água de reúso, na frequência descrita no quadro a seguir:
Vazão (m³.d-1) Frequência
> 150 Semestral
150 a 300 Trimestral
< 300 bimensal

Art. 7º É vedado a aplicação de agua de reuso em raio mínimo de 70 (setenta)


metros de poços e outras captações de água subterrâneas utilizadas para
abastecimento de água para consumo humano.

Art. 8º É vedada a aplicação de água de reúso para fins urbanos, agrícolas e


florestais oriunda de processos industriais que apresentem substâncias
definidas como poluentes orgânicos persistentes.

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RESOLUÇÃO CONSEMA n° 419/2020
Art. 10. A água de reuso para fins urbanos é dividida em duas classes de
qualidade:

I - Classe A: água de reúso destinada à irrigação paisagística em locais de


acesso irrestrito, lavagem de logradouros públicos e lavagem de veículos;

II - Classe B: água de reúso destinada à irrigação paisagística em locais de


acesso limitado ou restrito, ao abatimento de poeira, aos usos na construção
civil e em estações de tratamento de efluente e à desobstrução de redes de
esgoto pluvial e/ou cloacal.
...

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RESOLUÇÃO CONSEMA n° 419/2020
Art. 12. A água de reúso utilizada para fins agrícolas e florestais deverá atender
os valores máximos para os seguintes parâmetros:

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COMPARAÇÃO ENTRE LEGISLAÇÕES

Resolução CONSEMA n°
Portaria FEPAM nº 68/2019 Resolução CONSEMA n° 355/2017**
419/2020
(lançamento
(disposição de
(água de (lançamento de de efluentes
efluente em solo (disposição de efluente
Parâmetros reuso (água de reuso efluentes sanitários sanitários
para vazão em solo para vazão
urbano urbano Classe B) com vazão inferior a com vazão
inferior a 200 entre 200 e 500 m³/d)
Classe A) 200 m³/dia) entre 200 e
m³/d)
500 m³/dia)
Coliformes termotolerantes 106 ou 90%
200 103 - 103 ou 104 -
(NMP.100 mL-1) ER
Ovos de helmintos (ovo/L) 1
Condutividade (mS.cm-1) 3.000 2.900 3.000 3.000 - -
Cloro residual total (mg.L-1) 1 1 1 1 - -
DBO (mg.L-1) - 120 100 120 100
DQO (mg.L-1) - 330 300 330 300
Fósforo total (mg.L-1) - - - - -
Nitrogênio amoniacal (mg.L-1) - - - - -
NTK (mg.L-1) - - 25 (art. 9, § 2°) - -
Óleos e graxas minerais (mg.L-
1) - 10 10 10 10
Óleos e graxas vegetal ou
- 30 30 30 30
animal (mg.L-1)
pH 6a9 6a9 6-9 6-9 6-9 6–9
Sólidos suspensos totais
- - 140 100 140 100
(mg.L-1)
RAS* 12 12 12 - -

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PORTARIA FEPAM n° 66/2017
Que dispõe sobre o estabelecimento da frequência de monitoramento para
fontes poluidoras que lancem seus efluentes em águas superficiais no
território do Estado ... e dá outras providências.

§ 1º Para efluentes líquidos lançados em corpos receptores de água doce


classe 3 ou superior, classificados conforme a Resolução CONAMA n.º
357/2005, deverá ser atendido ao inciso II, do artigo 18 da
Resolução CONAMA nº 430/2011.

§ 2º Não se enquadram nas hipóteses deste artigo as fontes geradoras com


lançamento direto ou indireto no corpo receptor, cuja origem do efluente seja
exclusivamente sanitária.

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PORTARIA FEPAM n° 66/2017
Art. 2° Para os efeitos desta Portaria, são adotadas as seguintes
definições:

I. lançamento direto: quando ocorre a condução direta do


efluente ao corpo hídrico receptor;
II. lançamento indireto: quando ocorre a condução do efluente,
por meio de rede coletora que recebe outras contribuições
antes de atingir o corpo hídrico receptor.

Art. 3º O lançamento indireto de efluentes no corpo receptor


deverá seguir os mesmos regramentos estabelecidos no caput
do artigo 1º desta Portaria e no seu §1º.

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PORTARIA FEPAM n° 66/2017
Art. 4º É de responsabilidade do gerador ter o conhecimento da vazão
de referência do corpo hídrico receptor, bem como a localização do
ponto de lançamento do efluente.

Parágrafo único: O órgão ambiental poderá solicitar ao gerador


estudos, de forma a verificar a vazão de referência do corpo hídrico
receptor, nos casos em que seu ponto de lançamento do efluente não
esteja entre os recursos hídricos mapeados pelo Plano de
gerenciamento de Bacias Hidrográficas.

Art. 5º Os ensaios de toxicidade deverão ser realizados de acordo com


as Normas Técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABNT, correspondentes.

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PORTARIA FEPAM n° 66/2017
Art. 6º A frequência de monitoramento deverá ser
realizada de acordo com a tabela constante abaixo:

Vazão (m³/d) Frequência


Até 100 Anual
100 – 5.000 Semestral
> 5.000 Bimestral

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ORGANISMOS-TESTE

Pimephales promelas

Ceriodaphnia dubia

Danio renio
Daphnia magna

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PORTARIA FEPAM n° 66/2017

FT Interpretação

1 Não tóxico

50% da amostra de efluente causou efeito deletério a


2
pelo menos 20% da amostra de bioindicadores
25% da amostra de efluente causou efeito deletério a
4
pelo menos 20% da amostra de bioindicadores
12,5% da amostra de efluente causou efeito deletério
8
a pelo menos 20% da amostra de bioindicadores
6,25% da amostra de efluente causou efeito deletério
16
a pelo menos 20% da amostra de bioindicadores

Quando registrada a toxicidade, deve-se avaliar o preconizado na


CONAMA n° 430/2011, art. 18:

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RESOLUÇÃO CONAMA nº 430/2011
Art. 18. O efluente não deverá causar ou possuir potencial para
causar efeitos tóxicos aos organismos aquáticos no corpo
receptor, de acordo com os critérios de ecotoxicidade estabelecidos
pelo órgão ambiental competente.

§ 1° Os critérios de ecotoxicidade previstos no caput deste artigo


devem se basear em resultados de ensaios ecotoxicológicos aceitos
pelo órgão ambiental, realizados no efluente, utilizando organismos
aquáticos de pelo menos dois níveis tróficos diferentes.
§ 2° Cabe ao órgão ambiental competente a especificação das vazões
de referência do efluente e do corpo receptor a serem consideradas no
cálculo da Concentração do Efluente no Corpo Receptor-CECR,
além dos organismos e dos métodos de ensaio a serem utilizados, bem
como a frequência de eventual monitoramento

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INTERPRETAÇÃO
Art. 18. O efluente não deverá causar ou possuir potencial para
causar efeitos tóxicos aos organismos aquáticos no corpo
receptor, de acordo com os critérios de ecotoxicidade estabelecidos
pelo órgão ambiental competente.

§ 1° Os critérios de ecotoxicidade previstos no caput deste artigo


devem se basear em resultados de ensaios ecotoxicológicos aceitos
pelo órgão ambiental, realizados no efluente, utilizando organismos
aquáticos de pelo menos dois níveis tróficos diferentes.
§ 2° Cabe ao órgão ambiental competente a especificação das vazões
de referência do efluente e do corpo receptor a serem consideradas no
cálculo da Concentração do Efluente no Corpo Receptor-CECR,
além dos organismos e dos métodos de ensaio a serem utilizados, bem
como a frequência de eventual monitoramento

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RESOLUÇÃO CONAMA nº 430/2011
§ 3º Na ausência de critérios de ecotoxicidade estabelecidos pelo órgão
ambiental para avaliar o efeito tóxico do efluente no corpo receptor, as
seguintes diretrizes devem ser obedecidas:

I - para efluentes lançados em corpos receptores de água doce Classes


1 e 2, e águas salinas e salobras Classe 1, a Concentração do Efluente
no Corpo Receptor-CECR deve ser menor ou igual à Concentração de
Efeito Não Observado-CENO de pelo menos dois níveis tróficos, ou seja:

a) CECR deve ser menor ou igual a CENO quando for realizado


teste de ecotoxicidade para medir o efeito tóxico crônico; ou
b) CECR deve ser menor ou igual ao valor da Concentração Letal
Mediana (CL50) dividida por 10; ou menor ou igual a 30 dividido
pelo Fator de Toxicidade (FT) quando for realizado teste de
ecotoxicidade para medir o efeito tóxico agudo.

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