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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

INSTITUTO DE RECURSOS NATURAIS

SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS - PRÁTICA – SAN702.2 

TRABALHO FINAL

GABRIEL FRANCISCO DO ESPÍRITO SANTO GARCIA - 2019001338

JOÃO VICTOR DOS SANTOS SILVA - 2019004616

LETÍCIA APARECIDA FARIA - 2019011530

WEVERTON ALMEIDA DA SILVA - 2019015932

Itajubá (MG)

2022
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

INSTITUTO DE RECURSOS NATURAIS

SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS - PRÁTICA – SAN702.2 

Relatório submetido à professora


Dra. Herlane Costa Calheiros
como requisito parcial para
aprovação na disciplina de
Sistemas de Tratamento de Águas
Residuárias Prática – SAN702.2.

GABRIEL FRANCISCO DO ESPÍRITO SANTO GARCIA - 2019001338

JOÃO VICTOR DOS SANTOS SILVA - 2019004616

LETÍCIA APARECIDA FARIA - 2019011530

WEVERTON ALMEIDA DA SILVA - 2019015932

Itajubá (MG)

2022
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 3
2. INFORMAÇÕES 4
3. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 4
4. ANÁLISE DE CUSTO DOS SISTEMAS (FAD e CAM) 7
4.1 SISTEMA FLOTADOR POR AR DISSOLVIDO (FAD) 7
4.2 SISTEMA CARVÃO ATIVADO MODIFICADO (CAM) 9
5. SISTEMA PROPOSTO PELA EQUIPE 10
6. REFERÊNCIAS 11
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1. INTRODUÇÃO

Atualmente, o tratamento de esgoto está sendo visto como uma unidade de


recuperação de recursos como água, energia e nutrientes. Os esgotos são tratados nas Estações
de Tratamento de Esgoto (ETE’s), onde a água passa por diversos processos de recuperação e
remoção, gerando produtos como a estruvita que será retirada da água residuária antes desta
ser lançada em um corpo hídrico.
Estruvita (fosfato de amônio e magnésio) é um cristal que pode ser produzido a partir
de águas residuárias e tem maior eficiência agrícola do que os fertilizantes convencionais
(CALHEIROS, 2022). Estimativas recentes indicam que a duração de toda a reserva de rochas
fosfatadas do planeta não ultrapassa 400 anos, o que torna a produção de fertilizantes
nitrogenados insustentável energeticamente. Neste sentido, a estruvita é recomendada quando
o teor de fosfato da água residuária a ser tratada é igual ou maior que 40-60 mg/L.
Identificada a problemática da não disponibilidade de fertilizantes minerais, é possível
substituí-los pela estruvita. Esta alternativa possui dissolução lenta e, por isso, as aplicações
são menos frequentes e as ocorrências de eutrofização são minimizadas, os teores de metais
pesados são inferiores aos dos fertilizantes de origem mineral, as plantas expostas à estruvita
conseguem absorver os nutrientes antes que estes sejam levados pelo escoamento superficial e
não sofrem problemas relacionados à supersaturação de nutrientes, sem contar que os
macronutrientes essenciais N, P e Mg são introduzidos simultaneamente no solo.
Mesmo com as vantagens apresentadas, o mercado da estruvita ainda não é totalmente
explorado, visto que os custos operacionais aumentam pela necessidade de grandes
quantidades de magnésio e de álcali, e existe uma certa dificuldade em obter estruvita com
alta pureza do esgoto sanitário ou de águas residuárias industriais. Além disso, faltam
incentivos legais e econômicos para a reciclagem do fósforo visando a segurança alimentar no
futuro (CALHEIROS, 2022).
Portanto, este trabalho prática tem como objetivo realizar um estudo de caso a fim de
diminuir os custos de aquisição de fertilizantes fosfatados, analisando se a estação de
tratamento de esgoto sanitário (ETE) que trata os esgotos das 10 cidades, que compõem a
região Fruktbartland, pode ser reconfigurada para realizar a recuperação de fosfato e produzir
água de reúso.
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2. INFORMAÇÕES

Para que os objetivos sejam concluídos, nossa equipe realizou uma visita a ETE e as
cidades de Fruktbartland, e constatou que:
● a vazão de água residuária tratada na ETE é de 240 m³/h;
● a concepção da ETE é realizada por tratamento anaeróbio que não remove nutrientes;
● o teor de fósforo no esgoto bruto é cerca de 14,5 ± 1,0 mg/L, indicando possibilidade
para a aplicação da precipitação de estruvita;
● o corpo receptor dos esgotos encontra-se em processo de eutrofização;
● Fruktbartland enfrenta situação de estresse hídrico.

3. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Para otimizar a produção de estruvita, fez-se testes de floculação por ar dissolvido,


onde identificou-se a dosagem ótima de floculante, a melhor relação Ar/sólido e dimensionar
o tratamento.

A taxa de recirculação a ser adotada é a de 20%, por demonstrar ter a melhor remoção
de fósforo após a flotação. A relação entre Ar/sólido foi encontrada por meio da fórmula
1,3*Sa*R*(F*P-1)/Si, onde Sa= Solubilidade do ar na água (18,7 mL/L); R= Taxa de
recirculação (0,2); F= Fração de saturação de ar dissolvido (0,7), adotado de acordo com a
bibliografia; P= Pressão (5 atm); Si= Sólidos totais em suspensão no afluente (165,1 mg/L).
Logo, após realização deste cálculo foi possível encontrar o valor de A/S= 0,0736 mg/mg.

A vazão de ar comprimido (Qar) é dada pela razão entre


(A/S)*(SSTafl)*Qr/(Densidade do ar). Onde SSTafl= Sólidos suspensos totais em suspensão
no afluente; Qr= Vazão de recirculação (R*Q); Densidade do ar = 1.293 mg/L. Logo, após
realização deste cálculo foi possível encontrar o valor de Qar= 451,23 L/h

O volume do flotador é dada pela fórmula V= (Q-Qr)*t, onde Q é a vazão de água


residuária na ETE (240 m³/h), Qr é a vazão de recirculação (R*Q) e t é o tempo de detenção
(24 horas). Logo, após realização deste cálculo foi possível encontrar a vazão V= 6912 m³.

Visando a remoção de fósforo por adsorção em carvão ativado modificado (CAM),


realizou-se um estudo de caso para apurar a capacidade de adsorção de fósforo por carvão
ativado modificado.
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Para a análise da capacidade de adsorção do carvão fez-se uso do método Freundlich,


ao todos foram testados oito frascos sendo que o volume em cada um deles era de 250 ml e
adicionado 0,1 gramas de CAM. Os valores de concentrações iniciais e finais em cada frasco
podem ser visualizados na tabela abaixo.

Tabela 1 - Concentrações obtidas

Concentração do pigmento inicial (mg/L)


Frasco - Ce Concentração em equilíbrio (mg/L) - Co
1 30000 5,57
2 25000 4,9
3 20000 4,09
4 15000 3,39
5 10000 2,57
6 5000 1,87
7 1000 1
8 25 0,43

Fonte: Autores

Com os dados da tabela 1 foi possível confeccionar a tabela 2, esta resulta na


capacidade de adsorção do carvão em cada frasco, segundo a equação:
𝑞 = (𝐶𝑒 − 𝐶𝑜) * 𝑉/𝑀

Tabela 2 - Capacidade de adsorção

Capacidade de adsorção
Frasco q (mg/g)
1 74986,08
2 62487,75
3 49989,78
4 37491,53
5 24993,58
6 12495,33
7 2497,5
8 61,43
6

Fonte: Autores

Aplicando a função logaritmo na base dez nos valores de “Ce” e “q” (este deverá ter
suas unidades modificadas para mg/mg) foi possível confeccionar o gráfico, representado pela
figura 1.

Figura 1 - Gráfico de Freundlich

Fonte: Autores

A equação que descreve a capacidade de adsorção do carvão em função da


concentração inicial do efluente é dada por: 𝐿𝑜𝑔(𝑞) = 1, 0023 * 𝐿𝑜𝑔(𝐶𝑒) − 2, 6115. Via
bibliografia os coeficientes dessa fórmula podem ser identificados na tabela abaixo.

Tabela 3 - Coeficientes da equação

Coeficientes
1/n 1,0023
Log (kf) -2,6115

Fonte: Autores
7

Aplicando o antilogaritmo no termo “kf” tem-se que o mesmo será 0,002446. Com
isso equação final da capacidade de adsorção do carvão será dada por
1,0023
𝑞 = 0, 002446 * 𝐶𝑒 .

A concentração final de fósforo deverá ser no máximo de 1 mg/L, dessa forma a taxa
de aplicação encontrada para este caso foi de 21,71 gCAM/L. Sendo que sua vida útil será de
0,14 dias (3,36 horas), necessitando ser trocado 2.537 vezes ao ano. Para o presente projeto,
caso implementado, deverá conter duas colunas de carvão ativado modificado, cada qual com
40 m³. As informações citadas acima podem ser visualizadas na tabela abaixo.

Tabela 4 - Resumo das informações de interesse

Taxa de aplicação (gCAM/L) 21,71


Vida útil (hrs) 0,14
Nº trocas no ano 2537
Nº de colunas de CAM 2

Fonte: Autores

4. ANÁLISE DE CUSTO DOS SISTEMAS (FAD e CAM)

4.1 SISTEMA FLOTADOR POR AR DISSOLVIDO (FAD)

Com base na vazão da estação de tratamento de esgoto, considerando o tratamento total desta
ETE, e, por se tratar de uma situação de estresse hídrico do município, foi calculada a vazão
que a ETE fornece em litros por ano. Para o devido tratamento, foi verificado, através de
experimentos, uma concentração ótima para o sal de ferro, a qual foi utilizada nos cálculos de
viabilidade. Com a vazão da ETE e a concentração ótima do sal de ferro, foi obtida a massa
de sal de ferro utilizada em um ano. Utilizando o custo dos produtos químicos com base no
consumo de sal de ferro, foi possível calcular o custo total dos produtos químicos para um ano
de uso. Por fim, conhecendo o preço de investimento inicial do sistema, que se trata do preço
do sistema do Flotador por Ar Dissolvido, apresentado abaixo na Tabela 5, foi possível
calcular o preço total necessário para a realização do tratamento em um período de 15 anos.

Tabela 5 - Preço de investimento

Sistema FAD (R$) R$ 360.000,00


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Os resultados obtidos estão apresentados nas tabelas: Tabela 6 e Tabela 7.

Tabela 6 - Vazão e custos

Vazão Sal Custos


Custo dos produtos
Concentração químicos com base no
Vazão ETE do sal de ferro consumo de sal de ferro
(m³/h) 240 (mg/L) 100 (R$/kg) 140
Massa de sal
de ferro
utilizada em
Vazão ETE um ano Custo dos produtos
(L/ano) 2102400000 (kg/ano) 210240 químicos total (R$/ano) 29433600

Tabela 7 - Custo total do sistema

Custo total (R$) R$ 438.331.968,00


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4.2 SISTEMA CARVÃO ATIVADO MODIFICADO (CAM)

O preço do sistema de carvão ativado modificado para um período de 15 anos levou em conta
um sistema de duas colunas preenchidas com CAM, como também o custo dos materiais ao
longo dos 15 anos.

Foi então calculada a massa de carvão necessária com base na vazão da ETE, e também, com
base em sua vida útil e no volume das colunas de adsorção. Os resultados obtidos foram
apresentados na Tabela 8.

Tabela 8 - Resultados de custos

Colunas instaladas e já preenchidas


Valor R$250.000,00 reais

Custo CAM
Valor (Kg) R$50,00 reais

Tempo de operação
Período 15 Anos
VFP 14,88

Vazão
Vazão ETE 2102400 m³/ano

Massa de carvão necessária


Massa carvão 45636241,42 kg/ano

Custo anual e a 15 anos


R$
2.281.812.071,
Custo anual 20 R$/ano
R$
34.227.181.067
Custo 15 anos ,94 R$/15 anos
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5. SISTEMA PROPOSTO PELA EQUIPE

Após as análises dos resultados obtidos em micro-escala é possível afirmar que o


pós-tratamento por flotação mostra-se mais interessante para a remoção/recuperação dos
nutrientes já citados, atentando-se a formação da estruvita (subproduto desse processo). O
fator econômico/operacional foram os primordiais por tal escolha.
A concretização dos fatores econômicos/operacionais é que o pós-tratamento
composto por FAD custará 1,28% do sistema composto por CAM, além de requerer menos
manutenção para sua operação. Uma vez que o carvão deverá ser trocado a cada 3,36 horas,
enquanto o tanque de flotação deverá receber visitas periódicas (de acordo com o fabricante)
para manutenção/inspeção das motobombas utilizadas.
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6. REFERÊNCIAS

CASTRO, S.R.; CRUTCHIK, D.; GARRIDO, J.M.; LANGE, L.C. Precipitação química de
estruvita: Recuperação de nutrientes em reator cônico de leito fluidizado utilizando magnésia
industrial de baixo custo. Eng Sanit Ambient, Santiago de Compostela, v. 20, n. 2, p.
259-268, abr./jun. 2015. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.1590/S1413-41522015020000133827>. Acesso em 27 mai. 2022.

CALHEIROS, Herlane Costa. Recuperação de nutrientes de águas residuárias.


Precipitação de estruvita para a recuperação de fosfato. UNIFEI, Itajubá, 09-23 mai. 2022. 2
p. Notas de aula.

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