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Apostila de Hermenêutica
Apostila de Hermenêutica
2 – INTRODUÇÃO
Os homens se diferem entre si economicamente, sexualmente,
fisicamente, intelectualmente, historicamente, psicologicamente,
espiritualmente, eticamente, politicamente, etc., e esse fato, naturalmente,
faz com que eles distanciem mentalmente uns dos outros na capacidade
intelectual, no gosto estético, na qualidade moral e etc. Todas estas
diferenças provocam divergências de interpretação de textos, de fatos e
acontecimentos gerais. Apesar destas divergências entre os homens, Deus
tem um plano para os mesmos e este está revelado na Bíblia Sagrada. Este
plano de Deus traça um mesmo caminho para reunir uma grande família em
Cristo Jesus, com a unificação dos povos sem distinção de cor, raça, sexo,
nacionalidades, condições social e econômica. (Gl 3.28; Cl 3.11). Diante
deste quadro a aplicação da hermenêutica se torna imprescindível a
unificação do conhecimento do Plano da Salvação para com todos os
homens da terra.
3 – DEFINIÇÕES
Uma das primeiras ciências que o pregador deve conhecer é
certamente a hermenêutica. Porém, quantos pregadores há que nem de
nome a conhecem! Que é, pois, a hermenêutica? "A arte de interpretar
textos", responde o dicionário. Porém a hermenêutica, da qual nos
ocuparemos, forma parte da Teologia exegética, ou seja, a que trata da
reta inteligência e interpretação das Escrituras bíblicas.
Hermenêutica é a ciência e arte de interpretar textos.
A hermenêutica é a ciência que estabelece os princípios, leis e
métodos de interpretação. Em sua abrangência trata da teoria da
interpretação de sinais, símbolos e leis de uma cultura.
Hermenêutica é considerada ciência porque ela tem normas, ou regras,
e essas podem ser classificadas num sistema ordenado.
Hermenêutica é considerada arte porque a comunicação é flexível e,
portanto, uma aplicação mecânica e rígida das regras, às vezes,
distorcerá o verdadeiro sentido de uma comunicação.
Hermenêutica é um ato de caráter espiritual, quando se trata da
interpretação da Bíblia, pois deve ser realizada na dependência do
Espírito Santo.
Exige-se do bom intérprete que ele aprenda as regras da hermenêutica
bem como a arte de aplicá-las e que tenha uma vida piedosa.
7 – A NECESSIDADE DA HERMENÊUTICA
A necessidade se dá pela razão que mencionamos em nossa
introdução, isto é, pela diversidade de diferença que existe de um homem
para outro e podemos ainda acrescentar a razão primária da necessidade da
hermenêutica que é o pecado. Dessa forma podemos dizer que a
necessidade da hermenêutica se faz:
· Necessita de fé
Está escrito: “Sem fé é impossível agradar a Deus, por que é necessário que
aquele que Dele se aproxima, creia que Ele existe e que é galardoador dos
que o buscam.”(Hb 11.6). Aquele que ainda não tem fé não está apto para
interpretar a Palavra de um Deus em quem não crê, no entanto, deve lê-la e
ouvi-la para adquirir fé, como também está escrito: “a fé vem pelo ouvir, e o
ouvir pela Palavra de Deus.”(Rm 10.17).
· Necessita comunhão com Deus
Deus disse ao profeta: “Clama a mim e responder-te-ei e te mostrarei coisas
grandes e ocultas que ainda não sabes.”(Jr 33.3). Quem pretende entender a
Revelação Escrita de Deus deve viver em constante oração, louvor e
meditação em sua Palavra.
· Necessita de um espírito dócil.
Isto significa ausência de obstinação e teimosia diante da revelação divina. É
preciso receber a Palavra de Deus com mansidão (Tg 1.21).
· Necessita de um espírito amante da verdade.
Um coração desejoso de conhecer a verdade (Jo 3.19-21).
· Necessita de um espírito paciente.
Como o garimpeiro que cava e revolve a terra, buscando com diligência o
metal precioso, da mesma maneira o estudioso das Escrituras deve
pacientemente, buscar as revelações que Deus propôs e que em algumas
partes é bastante profunda e de difícil interpretação.
· Necessita gosto pela leitura e escrita
Na lida exegética é preciso ler muito. Pessoas que não têm prazer na leitura
enfrentarão sérias dificuldades para interpretar textos.
Também não se admite num interpretador de textos a preguiça de escrever.
Tudo o que se faz deve ser anotado, sob pena de ter que se fazer de novo. A
memória falha, mas a escrita não.
· Necessita senso de organização
Terá sem dúvida maior sucesso na interpretação quem for organizado. O
arquivamento de anotações, ou o backup de um arquivo, pode livrar o
estudante de um duplo trabalho. Manter os livros de pesquisa organizados e
em local próprio facilita sua consulta quando necessário. Arquive suas
anotações por assunto. Isso vai ser muito útil quando precisar delas
novamente.
Uma tarefa grande deverá sempre ser realizada em etapas para evitar o
desânimo. As tarefas mais fáceis devem ser concretizadas primeiro, a menos
que uma outra ordem seja inevitável.
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AULA 4
C – A Posição Néo-ortodoxa[8]
· Os néo-ortodoxos creêm que a Bíblia torna-se palavra de Deus.
· A Bíblia torna-se a palavra de Deus quando os indivíduos a leêm e as
palavras adquirem para eles significado pessoal, existencial, ou quando há
um encontro pessoal entre Deus e o Homem.
· Portanto, Deus se revela na Bíblia nos encontros pessoais; não porém, de
maneira preposicional, isto é, nas frases e citações bíblicas.
D – A posição Ortodoxa[9]
· A bíblia é a palavra de Deus.
· A posição ortodoxa é que Deus operou por meio das personalidades dos
· escritores bíblicos de tal modo que, sem suspender seus estilos pessoais
de interpretação ou liberdade, o que eles produziram foi literalmente,
"soprado por Deus“, ou palavra de Deus.
· II Tm 3:16 afirma: "Toda escritura é divinamente inspirada por Deus...". A
palavra grega para o termo "inspirada" é theopneustos. Estamos falando aqui
de uma inspiração de caráter sobrenatural, em que Deus guia os autores
bíblicos de tal modo que seus escritos trazem o selo da inspiração divina.
· Outro fato a destacar é que "toda escritura é divinamente inspirada...", e
não apenas partes, como alguns defendem. Se admitimos tal possibilidade
então abrimos uma lacuna perigosa: Como julgar se uma determinada
passagem bíblica é inspirada ou não? Ou como saber se estamos diante de
uma passagem inspirada?
· Portanto, a inspiração Bíblica, segundo o ponto de vista ortodoxo,
abrange toda a revelação bíblica.
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AULA 5
B – A Teologia Calvinista
O termo Calvinismo é dado ao sistema teológico da Reforma protestante,
exposto e defendido por João Calvino (1509-1564). Seu sistema de
interpretação bíblica pode ser resumido em cinco pontos, conhecidos como
"os 5 pontos do Calvinismo" (TULIP em inglês):
C – A Teologia Arminista
O Arminianismo é o sistema de Teologia formulado por Jacobus Arminius
(1560-1609), teólogo da Igreja holandesa, que resolveu refutar o sistema de
Calvino. Armínio apresentou seu sistema em 5 pontos:
1. Capacidade humana, Livre-arbítrio: Todos os homens embora sejam
pecadores, ainda são livres para aceitar ou recusar a salvação que Deus
oferece;
2. Eleição condicional: Deus elegeu os homens que ele previu que teriam fé
em Cristo;
3. Expiação ilimitada: Cristo morreu por todos os homens e não somente
pelos eleitos;
4. Graça resistível: Os homens podem resistir à Graça de Deus para não
serem salvos;
5. Decair da Graça: Homens salvos podem perder a salvação caso não
perseverem na fé até o fim.
D – Teologia da Libertação
Teologia da Libertação é uma corrente teológica cristã nascida na América
Latina, depois do Concílio Vaticano II e daConferência de
Medellín (Colômbia, 1968), que parte da premissa de que o Evangelho exige
a opção preferencial pelos pobres[1] e de especificar que a teologia, para
concretar essa opção, deve usar também as ciências humanas e sociais.
É considerada como um movimento supradenominacional, apartidário e
inclusivista de teologia política, que engloba várias correntes de
pensamento que interpretam os ensinamentos de Jesus Cristo em termos de
uma libertação de injustas condições econômicas, políticas ou sociais. Ela foi
descrita, pelos seus proponentes como reinterpretação analítica e
antropológica da fé cristã, em vista dos problemas sociais, mas, seus
oponentes a descrevem
como marxismo, relativismo e materialismo cristianizado.
A maior parte dos teólogos da libertação é favorável ao ecumenismo e
à inculturação da fé.
Alguns teólogos: padre peruano Gustavo Gutiérrez e o brasileiro Leonardo
Boff.
E – Teologia da Prosperidade
Teologia da prosperidade (também conhecida como Evangelho da
prosperidade) é uma doutrina religiosa cristã que defende que a bênção
financeira é o desejo de Deus para os cristãos e que a fé, o discurso positivo
e as doações para os ministérios cristãos irão sempre aumentar a riqueza
material do fiel. Baseada em interpretações não-tradicionais da Bíblia,
geralmente com ênfase no Livro de Malaquias, a doutrina interpreta a Bíblia
como um contrato entre Deus e os humanos; se os humanos tiverem fé em
Deus, Ele irá cumprir suas promessas de segurança e prosperidade.
Reconhecer tais promessas como verdadeiras é percebido como um ato de
fé, o que Deus irá honrar.
Seus defensores ensinam que a doutrina é um aspecto do caminho à
dominação cristã da sociedade, argumentando que a promessa divina de
dominação sobre as Tribos de Israel se aplica aos cristãos de hoje. A
doutrina enfatiza a importância do empoderamentopessoal, propondo que é
da vontade de Deus ver seu povo feliz. A expiação (reconciliação com Deus)
é interpretada de forma a incluir o alívio das doenças e da pobreza, que são
vistas como maldições a serem quebradas pela fé. Acredita-se atingir isso
através da visualização e da confissão positiva, o que é geralmente
professado em termos contratuais e mecânicos.
10.3 – As Diversas TEORIAS FORMADAS a Partir da Bíblia
A – Teoria Dispensacionalista[10]
O dispensacionalismo é uma doutrina teológica e escatológica cristã que
afirma que a segunda vinda de Jesus Cristo será um acontecimento no
mundo físico, envolvendo o arrebatamento e um período de sete anos de
tribulação, após o qual ocorrerá a batalha do Armagedon e o
estabelecimento do reino de Deus na Terra.
A teologia dispensacionalista acredita que há dois povos distintos de Deus:
Israel e a Igreja. Os dispensacionalistas acreditam que a salvação foi sempre
pela fé (Em Deus no Velho Testamento; especificamente em Deus o Filho no
Novo Testamento). Os dispensacionalistas afirmam que a Igreja não
substituiu Israel no programa de Deus e que as promessas do Velho
Testamento a Israel não foram transferidas para a Igreja. Eles creem que as
promessas que Deus fez a Israel no Velho Testamento serão cumpridas no
período de 1000 anos de que fala Apocalipse 20. Eles creem que da mesma
forma que Deus concentra sua atenção na igreja nesta era, Ele novamente,
no futuro, concentrará Sua atenção em Israel (Romanos 9-11). A maioria dos
Dispensacionalistas são contra acordos de paz, pois segundo eles, só adiaria
o inevitável que é a volta de Jesus.
4
esquema
Mosa
de Patriarcal Eclesial Sionista
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dispensa
ção
3
esquema
de
dispensa Lei Graça Reino
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(minimal
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B – Modelo Epigenético[11]
• Compara a revelação divina ao crescimento de uma planta: Uma árvore
pequenininha é uma árvore perfeita, mas ainda pequena, imatura e frágil.
• Assim, os conceitos de Deus, de Cristo, da salvação e da natureza do
homem crescem à medida que a revelação de Deus progride.
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AULA 6
11 – MÉTODOS DA HERMENÊUTICA
Método é a maneira ordenada de fazer alguma coisa. É um procedimento
seguido passo a passo com o objetivo de alcançar um resultado.
Durante séculos os eruditos religiosos procuraram todos os métodos
possíveis para desvendar os tesouros da Bíblia e arquitetar meios de
descobrir os seus segredos.
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12 – EXEGESE
Exegese é o estudo cuidadoso e sistemático de um texto para comentários,
visando o esclarecimento ou interpretação do mesmo. É o estudo
objetivando subsidiar o passo da interpretação do método analítico da
hermenêutica. Este estudo é desenvolvido sob as indagações de um
contexto histórico e literário.
13 – FIGURAS DE RETÓRICA
Exporemos em seguida uma série de figuras com seus correspondentes
exemplos, que precisam ser estudados detidamente e repetidas vezes.
13.1 – Metáfora.
Esta figura tem por base alguma semelhança entre dois objetos ou fatos,
caracterizando-se um com o que é próprio do outro. É uma comparação não
expressa. É a figura em que se afirma que alguma coisa é o que ela
representa ou simboliza, ou como que se compara. O sujeito está
entrelaçado com a coisa comparada.
Metáfora é designação de um objeto ou qualidade mediante uma
palavra que designa outro objeto ou qualidade que tem com o primeiro
uma relação de semelhança (p.ex., ele tem uma vontade de ferro, para
designar uma vontade forte, como o ferro).
Exemplos bíblicos:
· Ao dizer Jesus: "Eu Sou a Videira Verdadeira", Jesus se caracterizou com
o que é próprio e essencial da videira (pé de uva);
· Ao dizer aos discípulos: "Vós sois as varas", caracterizou-os com o que é
próprio das varas.
· Outros exemplos: "Eu Sou o Caminho", "Eu Sou o Pão Vivo", "Judá é
Leãozinho", "Tu és minha Rocha", etc.
13.2 – Sinédoque.
Faz-se uso desta figura quando se toma a parte pelo todo ou o todo pela
parte, o plural pelo singular, o gênero pela espécie, ou vice-versa. É a
substituição de uma ideia por outra que lhe é associada.
Exemplos:
· - A parte pelo todo (ou o todo pela parte)
Vou sair da casa de meus pais e ter meu próprio teto. (casa)
· - A classe pelo indivíduo (ou o indivíduo pela classe)
Quanto mais o Homem constrói, mais o Homem destrói. (os seres humanos)
Exemplos bíblicos:
· Toma a parte pelo todo: "Minha carne repousará segura", em vez de
dizer: meu corpo. (Sl 16.9).
· Toma o todo pela parte: "...beberdes o cálice", em lugar de dizer: do
cálice, ou seja, parte do que há no cálice.
· Gn 6:12 “E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida” – terra=homem
do geral pelo particular.
13.3 – Metonímia.
É o emprego do nome de uma coisa pelo de outra com que tem certa
relação. A metonímia se refere à substituição de palavras com sentidos
próximos, ou seja, é utilizada uma palavra em vez de outra, sendo que
ambas partilham uma relação de proximidade de sentido, de
contiguidade. Emprega-se esta figura quando se emprega a causa pelo
efeito, ou o sinal ou símbolo pela realidade que indica o símbolo.
Exemplos:
· Jesus emprega a causa pelo efeito: "Eles têm Moisés e os profetas;
ouçam-nos", em lugar de dizer que têm os escritos de Moisés e dos profetas
(Lc 16.29).
· Jesus emprega o símbolo pela realidade que o mesmo indica: "Se eu não
te lavar, não tem parte comigo." Lavar é o símbolo da regeneração.
· “Falem os dias e a multidão dos anos ensine...”. A idade por aqueles que
a têm (Jó 32:7).
· “Duas nações há no teu ventre”. Os progenitores pelas descendências
(Gn 25:23).
13.4 – Prosopopeia.
Esta figura é usada quando se personificam as cousas inanimadas,
atribuindo-lhes os feitos e ações das pessoas. É personificação de coisas ou
de seres irracionais.
Exemplos:
· "Onde está, ó morte, o teu aguilhão?" (I Cor 15.55) Paulo trata a morte
como se fosse uma pessoa.
· "Os montes e os outeiros romperão em cânticos diante de vós, e todas as
árvores do campo baterão palmas." (Is 55.12)
· "Encontraram-se a graça e a verdade, a justiça e a paz se beijaram. Da
terra brota a verdade, dos céus a justiça baixa o seu olhar." (Sl 85.10,11)
· “Todos os meus ossos dirão: Senhor quem é como tu” (Sl 35:10).
Ossos/fala
Exemplo:
· Gn 8:12 “O Senhor cheirou o suave cheiro, e disse ...”. Cheirar/sentido
13.6 – Ironia.
Faz-se uso desta figura quando se expressa o contrário do que se quer dizer,
porém sempre de tal modo que se faz ressaltar o sentido verdadeiro. É a
expressão de um pensamento em palavras que, literalmente entendidas,
exprimiriam o pensamento oposto.
Exemplos:
· "Clamai em altas vozes... e despertará." Elias dá a entender que chamar
por Baal é completamente inútil (1 Rs 18.27).
· “Clamai aos deuses que escolhestes, eles que vos livrem no tempo de
vosso aperto (Juízes 10:14).
13.7 – Hipérbole.
É a figura pela qual se representa uma coisa como muito maior ou menor do
que em realidade é, para apresentá-la viva à imaginação. É um exagero. É a
afirmação em que as palavras vão além da realidade literal das coisas.
Exemplos:
· "Vimos ali gigantes... e éramos aos nossos próprios olhos como
gafanhotos... as cidades são grandes e fortificadas até aos céus" (Num.
13.33).
· "Nem no mundo inteiro caberiam os livros que seria, escritos" (Jo. 21.25).
· "Rios de águas correm dos meus olhos, porque não guardam a tua lei" (Sl
119.136).
· Dt 1:28 “As cidades são grandes e fortificadas até os céus”.
13.8 – Alegoria.
É um modo de expressão ou interpretação que consiste em representar
pensamentos, ideias, qualidades sob forma figurada. Podemos dizer que é
uma figura retórica que geralmente consta de várias metáforas unidas,
representando cada uma delas realidades correspondentes.
Exemplo:
· "Eu Sou o Pão Vivo que desceu do céu, se alguém dele comer, viverá
eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo, é a minha carne...
Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna", etc. -
Esta alegoria tem sua interpretação nesta mesma passagem das Escrituras.
(Jo 6.51-65)
13.9 – Fábula.
É uma narrativa, em prosa ou verso, com personagens animais que agem
como seres humanos, e que ilustra um preceito moral.
Exemplo:
· "O cardo que está no Líbano, mandou dizer ao cedro que lá está: Dá tua
filha por mulher a meu filho; mas os animais do campo, que estavam no
Líbano, passaram e pisaram o cardo" (2 Rs 14.9). Com esta fábula Jeoás, rei
de Israel, responde a proposta de guerra feita por Amazias, rei de Judá.
13.10 – Enigma.
O enigma também é um tipo de alegoria, porém sua solução é difícil e
abstrusa (obscuro). Enigma é a definição de algo por suas qualidades ou
particularidades, mas difícil de entender.
Exemplo:
· "Do comedor saiu comida e do forte saiu doçura" (Jz 14.14).
13.11 – Tipo.
É o estudo das figuras e símbolos da Bíblia, com os quais Deus procura
mostrar, por meio de coisas terrestres as coisas espirituais. O tipo é uma
classe de metáfora que não consiste meramente em palavras, mas em fatos,
pessoas ou objetos que designam fatos semelhantes, pessoas ou objetos no
porvir. Estas figuras são numerosas e chamam-se na Escritura sombra dos
bens vindouros, e se encontram, portanto, no Antigo Testamento.
Exemplos:
· A serpente de metal levantada no deserto foi mencionada por Jesus como
um tipo para representar sua morte na cruz (Jo 3.14).
· Jonas no ventre do grande peixe, foi usado como tipo por Jesus para
representar a sua morte e ressurreição. (Mt 12.40)
· O primeiro Adão é um tipo para Cristo o último Adão. (I Cor 15.45)
· Maná no desertoà Alimento espiritual
· Libertação do Egito à Libertação do mundo
· Marcha no deserto à Nossa peregrinação na terra
13.12 – Símbolo
Representa alguma coisa ou algum fato por meio de outra coisa ou fato
familiar, que se considera a propósito para servir de semelhança ou
representação.
Exemplos:
· A majestade pelo leão,
· a força pelo cavalo,
· a astúcia pela serpente,
· o corpo de Cristo pelo pão,
· o sangue de Cristo pelo cálice.
Ø Números Simbólicos
A Bíblia tem uma numerologia própria. À medida que se desenrola a
revelação escrita de Deus ao homem vários números vão aparecendo de
uma maneira importante e, muitas vezes, com um significado conotativo.
Vejamos alguns números que se destacam:
· Número quatro
Número global. Indica o cósmico natural. Fala daquilo que é completo. Não
trata da plenitude, mas do alcance global.
· Número seis
Fala do homem, de sua formação, de sua falibilidade.
· Número sete
Indica perfeição, plenitude, união do céu e terra, o sagrado. É o número de
Deus e também o número dos mistérios.
“As palavras do Senhor são palavras puras, como prata refinada numa
fornalha de barro, purificada sete vezes.” (Sl 12.6).
“A sabedoria já edificou a sua casa, já lavrou as suas sete colunas.” (Pv 9.1).
“ Ao anjo da igreja em Sardes escreve: Isto diz aquele que tem os sete
espíritos de Deus, e as estrelas: Conheço as tuas obras; tens nome de que
vives, e estás morto.” (Ap 3.1).
“ E vi quando o Cordeiro abriu um dos sete selos, e ouvi um dos quatro seres
viventes dizer numa voz como de trovão: Vem!” (Ap 6.1).
· Número doze
Fala dos propósitos eletivos de Deus.
“E, chamando a si os seus doze discípulos, deu-lhes autoridade sobre os
espíritos imundos, para expulsarem, e para curarem toda sorte de doenças e
enfermidades.” (Mt 10.1).
“ E levou-me em espírito a um grande e alto monte, e mostrou-me a santa
cidade de Jerusalém, que descia do céu da parte de Deus, tendo a glória de
Deus; e o seu brilho era semelhante a uma pedra preciosíssima, como se
fosse jaspe cristalino; e tinha um grande e alto muro com doze portas, e nas
portas doze anjos, e nomes escritos sobre elas, que são os nomes das doze
tribos dos filhos de Israel. Ao oriente havia três portas, ao norte três portas,
ao sul três portas, e ao ocidente três portas. O muro da cidade tinha doze
fundamentos, e neles estavam os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro.”
(Ap 21.10-14).
· Número quarenta
Fala das intervenções de Deus na História da humanidade especialmente no
que se refere à salvação do homem. Simboliza provação, santificação.
· Número setenta
Fala da administração de Deus sobre o mundo.
Exemplos:
· O Semeador (Mt 13.3-8);
· Ovelha perdida,
· dracma perdida
· filho pródigo (Lc. 15), etc.
13.14 – Símile.
A figura de retórica denominada Símile procede da palavra latina "similis"
que significa semelhante ou parecido a outro. É uma analogia. Comparação
de cousas semelhantes.
Exemplos:
· "Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim (do mesmo modo) é
grande a sua misericórdia para com os que o temem". (Sl 103.11);
· "Como o pai se compadece de seus filhos, assim (do mesmo modo) o
Senhor se compadece dos que o temem". (Sl 103.13)
13.15 – Interrogação.
A palavra interrogação procede de um vocábulo latino que significa pergunta.
Mas nem todas as perguntas são figuras de retórica. Somente quando a
pergunta encerra uma conclusão evidente é que é uma figura literária.
"Interrogação é uma figura pela qual o orador se dirige ao seu interlocutor, ou
adversário, ou ao público, em tom de pergunta, sabendo de antemão que
ninguém vai responder."
Exemplos:
· "Não fará justiça o Juiz de toda a terra?" (Gn 18.25)
· "Não são todos eles espíritos ministradores enviados para serviço, a favor
dos que hão de herdar a salvação?" (Hb 1.14)
· "Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus?" (Rm 8.33)
· "Com um beijo trais o Filho do homem?" (Lc 22.48)
13.16 – Apóstrofe.
Interrupção súbita do discurso que o orador ou o escritor faz, para dirigir-se a
alguém ou a algo, real ou fictício (p.ex.: a seguir, leitor amigo, contarei a
história tal como sucedeu).
A palavra apóstrofe procede do latim apostrophe e esta do grego apo, que
significa de, e strepho, que quer dizer volver-se. O vocábulo indica que o
orador se volve de seus ouvintes imediatos para dirigir-se a uma pessoa ou
cousa ausente ou imaginária.
O emprego desta figura, na eloqüência, produz grandes efeitos sobre as
paixões que o orador procura transmitir aos ouvintes."
13.17 – Antítese.
Este vocábulo procede da palavra latina antithesis e esta de palavras
gregas que significam colocar uma coisa contra a outra. "Inclusão, na mesma
frase, de duas palavras, ou dois pensamentos, que fazem contraste um com
o outro."
Exemplos:
· "Vê que proponho hoje a vida e o bem, a morte e o mal." (Dt 30.15)
· "Entrai pela porta estreita (larga é a porta e espaçoso o caminho que
conduz a perdição e são muitos os que entram por ela) porque
· estreita é a porta e apertado o caminho que conduz para a vida, e são
poucos os que acertam com ela." (Mt 7.13,14)
13.18 – Provérbio.
Este vocábulo procede das palavras latinas pro que significa antes
e verbum que quer dizer palavra. Trata-se de um dito comum ou adágio.
Exemplos:
· "Médico cura-te a ti mesmo" (Lc 4.23);
· "Nenhum profeta é bem recebido em sua própria terra." (Mt 6.4; Mt 13.57)
13.19 – Paradoxo.
Denomina-se paradoxo a uma proposição ou declaração oposta à opinião
comum; a uma afirmação contrária a todas as aparências e à primeira vista
absurda, impossível, ou em contraposição ao sentido comum, porém que, se
estudada detidamente, ou meditando nela, torna-se correta e bem
fundamentada.
Exemplos:
· "Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos". (Mt 8.22)
· "Coais o mosquito e engolis o camelo". (Mt 23.24)
· "Porque quando sou fraco, então é que sou forte". (2 Cor 12.10)
Exemplo:
13.21 – Acróstico
Composição poética em que o conjunto das letras iniciais, mediais ou finais
compõem verticalmente uma palavra ou frase ou uma sequência alfabética.
Há uma dificuldade na exemplificação dos acrósticos bíblicos uma vez que
foram escritos originalmente em Hebraico e, portanto, a letra inicial das
palavras não são as mesmas na língua portuguesa. Os textos foram escritos
em forma de acrósticos originalmente.
Exemplos bíblicos:
· Salmos 119; 25; 34; 111; 112;
· Os últimos 22 versículos de Provérbios;
· A maior parte de lamentações de Jeremias.
Exemplos práticos:
Jesus,
Eu sou teu servo.
Sou teu discípulo.
Uni-me a Ti.
Somente a Ti!
14. 1 – Primeira Regra – A Bíblia é explicada pela própria Bíblia, ou seja,
A BÍBLIA É SUA PRÓPRIA INTERPRETE.
Esta é a regra fundamental da Hermenêutica Bíblica. Vemos em Jesus e nos
Apóstolos a preocupação constante com essa norma de interpretação. Muito
do que Jesus e os Apóstolos disseram é repetição do que está exarado “em
Moisés, nos Profetas e nos Salmos.”(Lc 24.44). Jesus usava os textos do
Antigo testamento, enquanto concebia o Novo. Ele dominava os que estava
escrito e a ninguém deixava sem uma resposta satisfatória.
O conselho que se dá aqui é que o estudante da Bíblia a leia toda, pelo
menos uma vez por ano, para que conheça o seu Contexto Geral, sem o
qual não se pode entender as partes.
Além do contexto geral é importantíssimo atentar para o que chamaremos
didaticamente de Contexto Mediato
A interpretação de um texto envolve a compreensão de cada palavra ou
expressão nele contida. Existem palavras que encerram, em si mesmas, todo
o seu significado. Outras têm o sentido elucidado na frase, oração ou
parágrafo onde está contida. Outras, ainda, poderão depender do contexto
imediato, mediato ou do contexto geral das Escrituras.
Um exemplo simples de erro da não observância do contexto imediato está
na interpretação da “nuvem de testemunhas” de Hebreus 12.1. Diz-se
erradamente, no meio evangélico, que essa nuvem de testemunhas são as
pessoas que vivem ao nosso redor, quando, na verdade, são os “heróis da
Fé”, cujos nomes e feitos estão narrados no capítulo 11 do mesmo Livro. É
preciso tomar muito cuidado porque mudança de capítulo não significa
mudança de assunto. Os versículos por sua vez não são parágrafos
completos e, por isso, é preciso ler com atenção privilegiando a idéia e não a
forma como o texto está dividido.
Quando Jesus disse que haverá menos rigor no juízo para Sodoma e
Gomorra do que para as cidades que rejeitaram a pregação dos Apóstolos,
pondera sobre o conhecimento espiritual dessas cidades: “E, ao entrardes na
casa, saudai-a; se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se
não for digna, torne para vós a vossa paz. E, se ninguém vos receber, nem
ouvir as vossas palavras, saindo daquela casa ou daquela cidade, sacudi o
pó dos vossos pés. Em verdade vos digo que, no dia do juízo, haverá menos
rigor para a terra de Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade.” (MT
10.12-15).
Paulo afirma que “todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão;
e todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão julgados.” (Rm 2.12).
Confira esta classificação nas palavras de Paulo: “Não vos torneis causa de
tropeço nem para judeus, nem para gentios, nem para a igreja de Deus”(1Co
10.32).
Há textos na Bíblia que só se aplicam a judeus. Outros só se aplicam a
Igreja. Outros ainda, só dizem respeito aos gentios. Mas há também, textos
de aplicação mista, que englobam dois dos povos citados, e os de aplicação
geral envolvendo os três povos.
Mateus destina seu Evangelho especialmente aos judeus e por isso,
preocupa-se constantemente em mencionar o cumprimento das profecias do
Antigo Testamento na vida e obra de Jesus, com o fito de convencer aos
judeus de que Jesus é o Messias prometido a Israel.
Paulo escreve suas cartas à Igreja de Cristo e então preocupa-se em que os
irmãos permaneçam firmes na doutrina, na fé, no amor, na boa conduta e na
esperança das promessas de Deus.
Marcos destina seu Evangelho aos romanos, portanto, a gentios e, assim
sendo, mostra com dinamismo e beleza o extraordinário trabalho de Jesus
em favor dos homens em obediência ao seu Pai celestial. Apresenta-o como
único e insubstituível meio de salvação para a humanidade. Além disso,
toma o cuidado de explicar costumes judaicos e expressões escritas na
língua dos judeus.
Em contraste com outras questões que envolvem o evangelho de Marcos,
parece geralmente aceito pelos estudiosos de que este evangelho foi escrito
em Roma, provavelmente visando os gentios daquela cidade.
O Senhor Deus disse a Moisés, quanto à geração que foi libertada do Egito: “
Tenho observado este povo, e eis que é povo de dura cerviz.” (Ex 32.9b).
Ora, o tratamento divino com um povo, assim duro, é diferente do tratamento
que Ele daria a um povo dócil espiritualmente. O profeta escreverá bênçãos
ou maldições, da parte de Deus, dependendo da posição espiritual do povo
em relação a Deus.
Detectada a situação espiritual do grupo de pessoas a quem é destinado o
Texto, torna-se mais fácil entender toda a linha de raciocínio do escritor e a
forma como ele externa suas emoções e sua posição espiritual em relação
ao povo. Também fica mais simples compreender a postura do próprio Deus
em relação àquelas pessoas.
Claro está que Satanás, conhecedor das limitações humanas, criou todo um
ambiente de engano para que fosse passada a impressão de que Samuel
houver saído do Paraíso de Deus para participar daquele culto espírita.
É interessante notar que o escritor do texto citado, que não foi Samuel por já
estar morto, narrou os fatos como percebidos pelos sentidos daqueles que lá
estiveram ou por terceiros que deles tiveram notícia.
A não compreensão da narrativa fenomenológica e o engano de Satanás tem
subsidiado até hoje os espíritas que encontram, nesse texto, uma base para
sua doutrina de consulta aos mortos.
Bibliografia
Ø Lund / P. C. Nelson. HERMENÊUTICA: Regras de Interpretação das
Sagradas Escrituras, Editora Vida, 1968
Ø Josias Moura de Menezes. APOSTILA DO INSTITUTO BÍBLICO BETEL
BRASILEIRO DE HERMENÊUTICA, João Pessoa.
Ø Douglas Stuart e Gordon D. Fee. MANUAL DE EXEGESE BÍBLICA, Editora
Vida Nova, 2008
Ø GRASSMICK, John. Exegese do Novo Testamento: do texto ao
púlpito; Editora Vida, São Paulo,
Ø ZUCK, Roy. Interpretação bíblica: A meios de descobrir a verdade da
Bíblia; Editora Vida, São Paulo,
Ø OSBORNE, Grant R. Espiral hermenêutica: A uma nova abordagem à
interpretação bíblica; Editora Vida, São Paulo,
[1] Hilton Ferreira Japiassu nasceu em Carolina, Maranhão, no dia 26 de
março de 1934.
Filho de José Alves Ferreira e Walmerina Japiassu Ferreira, alcançou a
licenciatura em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro (PUC) em 1969.
[14] Significado da Palavra
Em sua maioria, as palavras que sobrevivem por longo tempo numa língua
adquirem muitas denotações (significados específicos) e conotações
(implicações complementares). Ao lado de seus significados específicos,
muitas vezes as palavras têm uma variedade de denotações vulgares, isto é,
usos encontradiços na conversação comum.
As palavras ou frases podem ter denotações vulgares e também técnicas.
Por exemplo, a frase “Há uma onda de coqueluche na cidade” tem um
sentido quando empregada como termo médico, mas o sentido muda por
completo quando se diz que “a coqueluche da cidade é andar com calças
‘jeans’ “ desbotadas”, onde a linguagem é vulgar.
As denotações literais podem, finalmente, conduzir a denotações
metafóricas.
Usada literalmente, a palavra verde designa uma cor; empregada com
sentido metafórico, pode estender-se desde a cor de uma laranja que ainda
não amadureceu até à ideia de uma pessoa imatura, ou inexperiente.