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APOSTILA DE HERMENÊUTICA

DATA AULA HERMENÊUTICA


04/08 1 Apresentação
·         Conhecendo os alunos
·         1. Objetivos
·         2. Introdução
18/08 2 ·         3. Definições
·         4. Origem
·         5. Hermenêutica Bíblica
·         6. Divisões da Hermenêutica Bíblica
25/08 3 ·         7. A Necessidade da Hermenêutica
·         8. Características Necessárias Para Estudar as Escrituras
01/09 4 ·         9. Pressuposições Gerais da Hermenêutica
·         10. Fatores Que Influenciam o Processo de Interpretação Bíblica
·         10.1 As Diversas Posições Sobre a Bíblia
08/09 5 ·         10. Fatores Que Influenciam o Processo de Interpretação Bíblica
·         10.2 As Diversas Teologias Formuladas a Partir da Bíblia
·         10.3 As Diversas Teorias Formadas a Partir da Bíblia
15/09 6 ·         11. Métodos da Hermenêutica
·         11.1 Método Analítico
·         Estudo do texto de 1 Timóteo 2 (alunos)
22/09 7 ·         1ª PROVA HERMENÊUTICA 1
29/09 ·         Estudo do texto de 1 Timóteo 2 (alunos e professor)
06/10 ·         11. Métodos da Hermenêutica
        11.2 Método Sintético

        11.3 Método Temático

        11.4 Método Biográfico -  Estudo de um personagem bíblico (livre)

13/10 ·         12. Exegese


        Exercícios de exegese: Lucas 13:18-21

20/10 ·         13. Figuras Retóricas


27/10 ·         13. Figuras Retóricas
03/11 ·         14. Regras Fundamentais de Interpretação
10/11 ·          
17/11 ·         2ª PROVA HERMENÊUTICA 1
24/11 ·         2ª PROVA PANORAMA ANT. TESTAMENTO
·         Recuperação

Bibliografia:  OSBORNE, Grant R. Espiral hermenêutica: A uma nova


abordagem à interpretação bíblica; Editora Vida, São Paulo,
1 – OBJETIVOS
 Nossa proposta com este estudo é levar os nossos alunos do Curso de
Teologia e aos estudantes da Bíblia em geral a melhor interpretação da
Bíblia possível.
 Nosso alvo é alcançar tanto a intelectualidade como a espiritualidade do
aluno, convidando-o à pesquisa, expondo a matéria de uma maneira
simples e inteligível.

2 – INTRODUÇÃO
Os homens se diferem entre si economicamente, sexualmente,
fisicamente, intelectualmente, historicamente, psicologicamente,
espiritualmente, eticamente, politicamente, etc., e esse fato, naturalmente,
faz com que eles distanciem mentalmente uns dos outros na capacidade
intelectual, no gosto estético, na qualidade moral e etc. Todas estas
diferenças provocam divergências de interpretação de textos, de fatos e
acontecimentos gerais. Apesar destas divergências entre os homens, Deus
tem um plano para os mesmos e este está revelado na Bíblia Sagrada. Este
plano de Deus traça um mesmo caminho para reunir uma grande família em
Cristo Jesus, com a unificação dos povos sem distinção de cor, raça, sexo,
nacionalidades, condições social e econômica. (Gl 3.28; Cl 3.11). Diante
deste quadro a aplicação da hermenêutica se torna imprescindível a
unificação do conhecimento do Plano da Salvação para com todos os
homens da terra.

3 – DEFINIÇÕES
Uma das primeiras ciências que o pregador deve conhecer é
certamente a hermenêutica. Porém, quantos pregadores há que nem de
nome a conhecem! Que é, pois, a hermenêutica? "A arte de interpretar
textos", responde o dicionário. Porém a hermenêutica, da qual nos
ocuparemos, forma parte da Teologia exegética, ou seja, a que trata da
reta inteligência e interpretação das Escrituras bíblicas.
Hermenêutica é a ciência e arte de interpretar textos. 
A hermenêutica é a ciência que estabelece os princípios, leis e
métodos de interpretação. Em sua abrangência trata da teoria da
interpretação de sinais, símbolos e leis de uma cultura.
 Hermenêutica é considerada ciência porque ela tem normas, ou regras,
e essas podem ser classificadas num sistema ordenado.
 Hermenêutica é considerada arte porque a comunicação é flexível e,
portanto, uma aplicação mecânica e rígida das regras, às vezes,
distorcerá o verdadeiro sentido de uma comunicação.
 Hermenêutica é um ato de caráter espiritual, quando se trata da
interpretação da Bíblia, pois deve ser realizada na dependência do
Espírito Santo.
 Exige-se do bom intérprete que ele aprenda as regras da hermenêutica
bem como a arte de aplicá-las e que tenha uma vida piedosa.

Interpretar um texto implica em duas vertentes:


 É tornar o autor bíblico contemporâneo do leitor (nós), aproximando-
nos à compreensão da mesma época do autor.
 É comentá-lo de forma a alcançar a capacidade de compreensão das
pessoas a quem se deseja comunicar a sua mensagem. 

Ao interpretar devemos partir de três perguntas básicas:


 O que o texto diz ou qual seu significado? (exegese);
 O ele diz para mim ou qual seu significado para mim? (devocional);
 Como compartilhar com você o que o texto diz ou seu significado para
nós? (homilética).
4 – ORIGEM
O primeiro homem a hermenêutica como termo técnico foi o filósofo
Platão.
A palavra HERMENÊUTICA é derivada do termo grego
HERMENEUTIKE. Remetem para o deus mensageiro-alado Hermes, de cujo
nome as palavras aparentemente derivam. Hermes, segundo a mitologia
greco-romana, era filho de Zeus e de Maia, sendo o arauto e mensageiro dos
deuses. Era também considerado o deus da ciência, da interpretação e
eloquência. Nas escrituras neotestamentárias a cultura pagã romana o
chamava de Mercúrio (At 14.12). Porém, no texto original grego, aparece o
substantivo próprio Hermes em vez de Mercúrio.
No texto grego de Atos 14.12, Hermes aparece com a oração
explicativa, “porque era este o principal portador da palavra” (ARA).
Os gregos atribuíam a Hermes a descoberta da linguagem e da
escrita — as ferramentas que a compreensão humana utiliza para chegar ao
significado das coisas e para transmitir aos outros.
Hermes se associa a uma função de transmutação — transformar
tudo aquilo que ultrapassa a compreensão humana em algo que essa
inteligência consiga compreender. As várias formas da palavra sugerem o
processo de trazer uma situação ou uma coisa, da ininteligibilidade à
compreensão.
Quando Filipe (At 8.26-40) foi conduzido pelo Espirito Santo ao
encontro do oficial etíope perguntou-lhe: “Compreendes o que vens
lendo?” (ARA). Seu objetivo era levar ao etíope a compreensão do
texto, decodificar o incógnito significado ao seu leitor.
Pregar e ensinar bem a Palavra de Deus traz consigo a necessidade
de interpretar, de forma correta, as Santas Escrituras. Mas, o que
significa “interpretar o texto Sagrado?”
1. Definição de interpretação bíblica – É o ato de entender,
corretamente, o texto sagrado, ou seja, saber o que de fato o
escritor, inspirado pelo Espírito Santo, desejava transmitir para os
seus leitores ou ouvintes originais e como o texto se aplica aos
nossos dias;

2. A correta interpretação Bíblica é um fator fundamental para que as


nossas palavras tenham crédito diante daqueles que nos ouvem. Nos
dias atuais estão faltando, principalmente nos púlpitos das
igrejas, pessoas que preguem a Palavra com ousadia e poder de
persuasão (convencimento) como fazia e ensinava o apóstolo
Paulo:

“Ele discutia todos os sábados na sinagoga, e persuadia a judeus e gregos.”


(At 18.4)

“Paulo, entrando na sinagoga, falou ousadamente por espaço de três


meses, discutindo e persuadindo acerca do reino de Deus.”
(At 19.8)

“Portanto, conhecendo o temor do Senhor, procuramos persuadir os


homens; mas, a Deus já somos manifestos, e espero que também nas
vossas consciências sejamos manifestos.”
(2 Co 5.11)

Observação.: A palavra “persuadir”, utilizada nos textos acima, vem do grego


peiró, que significa: “prevalecer sobre” ou “ganhar sobre”. Significa,
literalmente, “ocasionar mudança de mente pela influência da razão ou
considerações morais.”
5 – HERMENÊUTICA BÍBLICA
Esta é uma disciplina do curso de teologia da mais alta
importância por ser o ponto de convergência de todo conhecimento
bíblico, teológico e geral. Todo conhecimento será importante no momento
da exegese.
Através das regras da Hermenêutica, o estudante é capaz de
organizar, compreender, comentar e aplicar o material bibliográfico à sua
disposição.
A hermenêutica é importante porque capacita a pessoa a se
movimentar do texto para o contexto, para que o significado inspirado por
Deus na Bíblia fale hoje com uma relevância tão nova e dinâmica quanto em
seu ambiente original. Além disso, pregadores ou professores devem
anunciar a Palavra de Deus em vez de suas opiniões religiosas repletas
de subjetividade. Só uma hermenêutica bem definida pode manter
alguém atrelado ao texto.

6 – DIVISÕES DA HERMENÊUTICA BÍBLICA


A Hermenêutica Bíblica pode ser divida em geral e especial.

1. Hermenêutica Geral cuida das regras gerais de interpretação da


Bíblia, se aplica à interpretação de qualquer obra escrita . Aqui olhamos
para o contexto mais amplo dentro do qual uma passagem se encontra.
Por exemplo: Imagine que você ouça alguém mencionar a palavra
“certo”. O que a pessoa está dizendo? Certo porque não houve erro
algum na tarefa que fez; certo porque estava convencida do que o
outro disse; certo conforme o que havia sido acordado anteriormente.
O contexto histórico e lógico nos ajuda a compreender o contexto
fornecendo os alicerces para a interpretação do texto.
 Contexto histórico nos apresenta a autoria, data, a quem é dirigido
e seu propósito.
 Contexto lógico é o mapeamento do livro e da passagem que está
sendo lida. Lembre-se que um verso deve ser lido no contexto de
seu parágrafo.

2. Hermenêutica Especial cuida das formas especiais de interpretação,


como: símbolos, tipos, figuras de linguagem e profecias. Esta
forma de interpretação se aplica a determinados tipos de
produção literais tais como: Leis, histórias, profecias, poesias,
etc.

7 – A NECESSIDADE DA HERMENÊUTICA
A necessidade se dá pela razão que mencionamos em nossa
introdução, isto é, pela diversidade de diferença que existe de um homem
para outro e podemos ainda acrescentar a razão primária da necessidade da
hermenêutica que é o pecado.  Dessa forma podemos dizer que a
necessidade da hermenêutica se faz:

1. Por causa do pecado que obscureceu o entendimento do homem e


exerce influência perniciosa em sua mente e torna necessário o esforço
especial para evitar erros (2Pd 3.16 e Dt 7.10);

2. Por causa do bloqueio histórico. Há um abismo histórico que nos


separa dos escritores bíblicos e das culturas primitivas.
Precisamos transpor este bloqueio, se quisermos compreender o
significado da revelação. A antipatia de Jonas pelos ninivitas, por
exemplo assume maior significado, quando compreendermos os
motivos históricos, que fizeram Jonas desprezar os ninivitas.
3. Por causa do bloqueio cultural. Cada um de nós vê a realidade,
através de olhos condicionados pela cultura. O conjunto de valores
culturais, científicos e ideológicos de uma cultura é o que
chamamos de cosmovisão - A cosmovisão da cultura bíblica é
diferente em muitos pontos da cultura atual. Para entendermos
algumas passagens da Bíblia precisamos compreender, a
cosmovisão das culturas bíblicas. Como entender, por exemplo, I
Coríntios 14.34? Será que está recomendação se aplica nos mesmos
termos aos dias de hoje? Como, era a visão primitiva do universo?
Como eram os relacionamentos sociais? A forma de se vestir? De
Comercializar? De se educar?

4. Por causa do bloqueio linguístico. A Bíblia foi escrita em hebraico,


aramaico e grego — três línguas que possuem estruturas e
expressões idiomáticas muito diferentes da nossa própria língua.
Estamos habituados a escrever e pensar com frases em nossa língua
na sequência sujeito, verbo, predicado. Esta forma de raciocínio e
escrita não existe nas línguas primitivas. No grego, não existe a
sequência sujeito, verbo, predicado. Existem ainda diferenças nas
estruturas verbais, na forma de se organizar as frases, etc... A língua é
um grande obstáculo para a interpretação bíblica. Precisamos
considerar também que, as línguas evoluem. O português de hoje,
possui expressões irreconhecíveis para o português do século XV. E
vice versa. A língua é dinâmica e constitui-se como um obstáculo a
ser vencido na interpretação das escrituras.

5. Por causa do bloqueio filosófico. Cada cultura tem uma forma


específica de teorizar a realidade, o sagrado, o divino, etc... É
importante nós compreendermos a filosofia de cada cultura para
que possamos entender parte de seus comportamentos sociais e
religiosos. A filosofia de uma cultura influencia profundamente seus
comportamentos, sociais, políticos, econômicos e religiosos.

8 – CARACTERÍSTICAS NECESSÁRIAS PARA ESTUDAR AS


ESCRITURAS
Assim como para apreciar devidamente a poesia se necessita possuir
um sentido especial para o belo e poético, e para o estudo da filosofia é
necessário um espírito filosófico, assim é da maior importância uma
disposição especial para o estudo proveitoso da Sagrada Escritura.
A Bíblia é um livro singular. Em suas páginas encontramos riquezas de
conhecimentos de teologia, psicologia, história, geografia, sociologia,
antropologia, biologia, etc.
Não existe outro livro que, como a Bíblia, tenha sido escrito no decorrer
de aproximadamente 1500 anos, por cerca de quarenta escritores, em três
continentes diferentes, em meio ao calor do deserto e no frescor de um
palácio, em tempo de guerra e em tempo de paz. Seus escritores variam de
homens simples do povo a grandes sábios e doutores.
Por tudo isso e muito mais, se fazem necessárias, além do conhecimento
hermenêutico, qualidades vocacionais e espirituais ao intérprete da Palavra
de Deus.

·         Necessita de fé
Está escrito: “Sem fé é impossível agradar a Deus, por que é necessário que
aquele que Dele se aproxima, creia que Ele existe e que é galardoador dos
que o buscam.”(Hb 11.6). Aquele que ainda não tem fé não está apto para
interpretar a Palavra de um Deus em quem não crê, no entanto, deve lê-la e
ouvi-la para adquirir fé, como também está escrito: “a fé vem pelo ouvir, e o
ouvir pela Palavra de Deus.”(Rm 10.17). 
·         Necessita comunhão com Deus
Deus disse ao profeta: “Clama a mim e responder-te-ei e te mostrarei coisas
grandes e ocultas que ainda não sabes.”(Jr 33.3). Quem pretende entender a
Revelação Escrita de Deus deve viver em constante oração, louvor e
meditação em sua Palavra.
·         Necessita de um espírito dócil.
Isto significa ausência de obstinação e teimosia diante da revelação divina. É
preciso receber a Palavra de Deus com mansidão (Tg 1.21).
·         Necessita de um espírito amante da verdade.
Um coração desejoso de conhecer a verdade (Jo 3.19-21).
·         Necessita de um espírito paciente.
Como o garimpeiro que cava e revolve a terra, buscando com diligência o
metal precioso, da mesma maneira o estudioso das Escrituras deve
pacientemente, buscar as revelações que Deus propôs e que em algumas
partes é bastante profunda e de difícil interpretação.
·         Necessita gosto pela leitura e escrita 
Na lida exegética é preciso ler muito. Pessoas que não têm prazer na leitura
enfrentarão sérias dificuldades para interpretar textos.
Também não se admite num interpretador de textos a preguiça de escrever.
Tudo o que se faz deve ser anotado, sob pena de ter que se fazer de novo. A
memória falha, mas a escrita não.
·         Necessita senso de organização
Terá sem dúvida maior sucesso na interpretação quem for organizado. O
arquivamento de anotações, ou o backup de um arquivo, pode livrar o
estudante de um duplo trabalho. Manter os livros de pesquisa organizados e
em local próprio facilita sua consulta quando necessário. Arquive suas
anotações por assunto. Isso vai ser muito útil quando precisar delas
novamente.
Uma tarefa grande deverá sempre ser realizada em etapas para evitar o
desânimo. As tarefas mais fáceis devem ser concretizadas primeiro, a menos
que uma outra ordem seja inevitável.

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AULA 4

9. PRESSUPOSIÇÕES GERAIS DA HERMENÊUTICA


9.1- O que é uma pressuposição?
O filósofo Hilton Japiassu[1] define o termo da seguinte forma: "Algo que se
toma como previamente estabelecido, como base ou ponto de partida para
um raciocínio ou argumento". Uma pressuposição não é demonstrada por
meios de argumentos, é apenas aceita.

9.2 – Toda Ciência tem pressuposições


Quais as principais pressuposições da hermenêutica?
·         Pressuposição I: A BÍBLIA TEM AUTORIDADE ESPIRITUAL E
NORMATIVA 
A Bíblia tem um inerente senso de autoridade que se vê no constante uso da
expressão “diz o Senhor”, no Antigo Testamento, e na aura de uma
autoridade apostólica divinamente conferida no Novo Testamento.
Quanto mais nos afastamos do significado pretendido da Palavra, mais
aumenta o descompasso com a autoridade.
Fontes autoridade existentes:
Ø  A fonte das Instituições e Tradições Cristãs (Igreja).
Ø  A fonte da Razão (conhecimento teológico e filosófico).
Ø  A fonte das Experiências (pessoal, empírico)
Ø  A fonte Bíblica
·         Pressuposição II: A Bíblia é inspirada
Cada escritor se expressa de formas distintas, com diferentes ênfases e
diversas figuras de linguagem. Por exemplo, João usa a linguagem do “novo
nascimento” para expressar o conceito da conversão, enquanto Paulo
prefere a linguagem da adoção. Paulo dá destaque a fé que pode levar a
conversão, enquanto Tiago destaca as obras que demonstram a fé.
Qual o método da inspiração?
Ø  Inspiração mecânica ou teoria do ditado verbal[2]
Ø  Inspiração de conceitos ou ideias[3]
Ø  Inspiração plena e verbal[4]
Ø  Inspiração parcial[5]

·         Pressuposição III: Há muitas questões tratadas na Bíblia, que são


explicadas e provadas pela fé, e não por via racional.
Exemplo: A existência de Deus, a dual natureza de Cristo, a Trindade, os
milagres, o método da criação, previsões proféticas..., etc...

·         Pressuposição IV: É necessário influência espiritual para uma correta


compreensão das escrituras. Cremos há uma influência do Espírito Santo no
ato da interpretação dos textos bíblicos.
Todo leitor traz consigo um conjunto de “pré-conhecimentos”, isto é, crenças
e ideias que compõem a herança de seus antecedentes e da comunidade
que lhe serve de paradigma. Raramente lemos a Bíblia em busca da
verdade: o que mais acontece é querermos harmonizá-la com nosso sistema
de crenças e ver seu significado sob a perspectiva de nosso sistema
teológico preconcebido.
  
10 – FATORES NO CAMPO RELIGIOSO QUE INFLUENCIAM O PROCESSO DE
INTERPRETAÇÃO BÍBLICA
A pergunta fundamental feita na análise teológica é: Como essa passagem
se enquadra no padrão total da revelação de Deus? Antes de respondermos
a esta pergunta, devemos Ter uma compreensão do padrão da história da
revelação.
Há, neste momento uma necessidade de conhecimento dos conceitos de
graça, lei, salvação e o ministério do Espírito Santo.
"O ministro também deve compreender e explicar um texto teológicamente.
Não somente deve estar inteirado do que esse texto está dizendo em
primeiro plano, mas também da teologia que elucida o texto."
Isto significa que o pregador deve conhecer as tradições, a filosofia, a
maneira de pensar, a "Cosmovisão", as ideias acerca de Deus e da religião
na época em que aquela mensagem foi escrita.
As divisões naturais incluem as grandes doutrinas a serem estudadas na
análise teológica: A Doutrina da Criação; a Doutrina de Deus; a Doutrina do
Homem e do Pecado; a Doutrina da Salvação.
É preciso ter este conhecimento para não se deixar levar cegamente por
livros, comentários e outros materiais que não estão isento do pensar
teológico do autor.
O quanto sabemos, o primeiro intérprete da Palavra de Deus foi o diabo,
dando à palavra divina um sentido que ela não tinha, falseando astutamente
a verdade. Mais tarde, o mesmo inimigo, falseia o sentido da Palavra escrita,
truncando-a, isto é, citando a parte que lhe convinha e omitindo a outra.
Vamos olhar rapidamente para alguns destes fatores que influenciam a
interpretação bíblica de um texto.

10.1 – As Diversas POSIÇÕES SOBRE a Bíblia


A – O Modernismo Teológico[6]
·         Os teólogos modernistas acreditam que a Bíblia contêm a palavra de
Deus.
·         Algumas partes são inspiradas e outras não.
·         É um ponto de vista perigoso, pois é arriscado julgar determinadas partes
como inspiradas e outras não.

B – A Teologia Liberal[7]


·         Os liberais não creêm na doutrina da inspiração sobrenatural.
Transformam inspiração em um processo natural retirando dela o caráter
sobrenatural.
·         Acreditam que os autores relataram ideias culturais primitivas sobre Deus.

C – A Posição Néo-ortodoxa[8]
·         Os néo-ortodoxos creêm que a Bíblia torna-se palavra de Deus.
·         A Bíblia torna-se a palavra de Deus quando os indivíduos a leêm e as
palavras adquirem para eles significado pessoal, existencial, ou quando há
um encontro pessoal entre Deus e o Homem.
·         Portanto, Deus se revela na Bíblia nos encontros pessoais; não porém, de
maneira preposicional, isto é, nas frases e citações bíblicas.

D – A posição Ortodoxa[9]
·         A bíblia é a palavra de Deus.
·         A posição ortodoxa é que Deus operou por meio das personalidades dos
·         escritores bíblicos de tal modo que, sem suspender seus estilos pessoais
de interpretação ou liberdade, o que eles produziram foi literalmente,
"soprado por Deus“, ou palavra de Deus.
·         II Tm 3:16 afirma: "Toda escritura é divinamente inspirada por Deus...". A
palavra grega para o termo "inspirada" é theopneustos. Estamos falando aqui
de uma inspiração de caráter sobrenatural, em que Deus guia os autores
bíblicos de tal modo que seus escritos trazem o selo da inspiração divina.
·         Outro fato a destacar é que "toda escritura é divinamente inspirada...", e
não apenas partes, como alguns defendem. Se admitimos tal possibilidade
então abrimos uma lacuna perigosa: Como julgar se uma determinada
passagem bíblica é inspirada ou não? Ou como saber se estamos diante de
uma passagem inspirada?
·         Portanto, a inspiração Bíblica, segundo o ponto de vista ortodoxo,
abrange toda a revelação bíblica.

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AULA 5

10.2 – As Diversas TEOLOGIAS FORMULADAS a Partir da Bíblia


A – Teologia Luterana
·         Duas verdades presentes em toda Bíblia: a lei e o evangelho.
·         A Lei é vista como manifestação do ódio ao pecado, trazendo juízo e a ira
de Deus.
·         O Evangelho é visto  como manifestação da graça, amor e salvação de
Deus.
·         Segundo esse critério, passagens do V.T. como Gn.7:1 são consideradas
“evangelho” enquanto Mt.22:37 “Lei”.
·         A posição luterana acentua a “continuidade” no sentido de que a Lei e a
Graça (Evangelho) continuam presentes desde o início da história humana.
·         Assim, Lei e Graça não são duas épocas, mas partes integrantes do seu
relacionamento com o homem.

B – A Teologia Calvinista
O termo Calvinismo é dado ao sistema teológico da Reforma protestante,
exposto e defendido por João Calvino (1509-1564). Seu sistema de
interpretação bíblica pode ser resumido em cinco pontos, conhecidos como
"os 5 pontos do Calvinismo" (TULIP em inglês):

1.    Depravação total: Todos os homens nascem totalmente depravados,


incapazes de se salvar ou de escolher o bem em questões espirituais;
2.    Eleição incondicional: Deus escolheu dentre todos os seres humanos
decaídos um grande número de pecadores por graça pura, sem levar em
conta qualquer mérito, obra ou fé prevista neles;
3.    Expiação limitada: Jesus Cristo morreu na cruz para pagar o preço do
resgate somente dos eleitos;
4.    Graça Irresistível: A Graça de Deus é irresistível para os eleitos, isto é, o
Espírito Santo acaba convencendo e infundindo a fé salvadora neles;
5.    Perseverança dos Santos: Todos os eleitos vão perseverar na fé até o fim
e chegar ao céu. Nenhum perderá a salvação.

C – A Teologia Arminista
O Arminianismo é o sistema de Teologia formulado por Jacobus Arminius
(1560-1609), teólogo da Igreja holandesa, que resolveu refutar o sistema de
Calvino. Armínio apresentou seu sistema em 5 pontos:
1.    Capacidade humana, Livre-arbítrio: Todos os homens embora sejam
pecadores, ainda são livres para aceitar ou recusar a salvação que Deus
oferece;
2.    Eleição condicional: Deus elegeu os homens que ele previu que teriam fé
em Cristo;
3.    Expiação ilimitada: Cristo morreu por todos os homens e não somente
pelos eleitos;
4.    Graça resistível: Os homens podem resistir à Graça de Deus para não
serem salvos;
5.    Decair da Graça: Homens salvos podem perder a salvação caso não
perseverem na fé até o fim.

O sistema teológico de Armínio foi derrotado no Sínodo de Dort em 1619 na


Holanda, por ser considerado anti-bíblico. Por incrível que possa parecer,
hoje o Arminianismo é o sistema teológico adotado pela maior parte das
igrejas evangélicas. As seitas e o Catolicismo Romano também rejeitam o
Calvinismo.

D – Teologia da Libertação
Teologia da Libertação é uma corrente teológica cristã nascida na América
Latina, depois do Concílio Vaticano II e daConferência de
Medellín (Colômbia, 1968), que parte da premissa de que o Evangelho exige
a opção preferencial pelos pobres[1] e de especificar que a teologia, para
concretar essa opção, deve usar também as ciências humanas e sociais.
É considerada como um movimento supradenominacional, apartidário e
inclusivista de teologia política, que engloba várias correntes de
pensamento que interpretam os ensinamentos de Jesus Cristo em termos de
uma libertação de injustas condições econômicas, políticas ou sociais. Ela foi
descrita, pelos seus proponentes como reinterpretação analítica e
antropológica da fé cristã, em vista dos problemas sociais, mas, seus
oponentes a descrevem
como marxismo, relativismo e materialismo cristianizado.
A maior parte dos teólogos da libertação é favorável ao ecumenismo e
à inculturação da fé.
Alguns teólogos:  padre peruano Gustavo Gutiérrez e o brasileiro Leonardo
Boff.

E – Teologia da Prosperidade
Teologia da prosperidade (também conhecida como Evangelho da
prosperidade) é uma doutrina religiosa cristã que defende que a bênção
financeira é o desejo de Deus para os cristãos e que a fé, o discurso positivo
e as doações para os ministérios cristãos irão sempre aumentar a riqueza
material do fiel. Baseada em interpretações não-tradicionais da Bíblia,
geralmente com ênfase no Livro de Malaquias, a doutrina interpreta a Bíblia
como um contrato entre Deus e os humanos; se os humanos tiverem fé em
Deus, Ele irá cumprir suas promessas de segurança e prosperidade.
Reconhecer tais promessas como verdadeiras é percebido como um ato de
fé, o que Deus irá honrar.
Seus defensores ensinam que a doutrina é um aspecto do caminho à
dominação cristã da sociedade, argumentando que a promessa divina de
dominação sobre as Tribos de Israel se aplica aos cristãos de hoje. A
doutrina enfatiza a importância do empoderamentopessoal, propondo que é
da vontade de Deus ver seu povo feliz. A expiação (reconciliação com Deus)
é interpretada de forma a incluir o alívio das doenças e da pobreza, que são
vistas como maldições a serem quebradas pela fé. Acredita-se atingir isso
através da visualização e da confissão positiva, o que é geralmente
professado em termos contratuais e mecânicos.
  
10.3 – As Diversas TEORIAS FORMADAS a Partir da Bíblia
A – Teoria Dispensacionalista[10]
O dispensacionalismo é uma doutrina teológica e escatológica cristã que
afirma que a segunda vinda de Jesus Cristo será um acontecimento no
mundo físico, envolvendo o arrebatamento e um período de sete anos de
tribulação, após o qual ocorrerá a batalha do Armagedon e o
estabelecimento do reino de Deus na Terra.
A teologia dispensacionalista acredita que há dois povos distintos de Deus:
Israel e a Igreja. Os dispensacionalistas acreditam que a salvação foi sempre
pela fé (Em Deus no Velho Testamento; especificamente em Deus o Filho no
Novo Testamento). Os dispensacionalistas afirmam que a Igreja não
substituiu Israel no programa de Deus e que as promessas do Velho
Testamento a Israel não foram transferidas para a Igreja. Eles creem que as
promessas que Deus fez a Israel no Velho Testamento serão cumpridas no
período de 1000 anos de que fala Apocalipse 20. Eles creem que da mesma
forma que Deus concentra sua atenção na igreja nesta era, Ele novamente,
no futuro, concentrará Sua atenção em Israel (Romanos 9-11). A maioria dos
Dispensacionalistas são contra acordos de paz, pois segundo eles, só adiaria
o inevitável que é a volta de Jesus.

O que é uma Dispensação?


Período em que o homem é provado com respeito à alguma revelação de
Deus
·      Processo:
o   Deus dá ao homem um conjunto específico de responsabilidades ou padrão
de obediência;
o   O homem não consegue viver à altura desse conjunto de responsabilidades;
o   Deus reage com misericórdia concedendo um novo conjunto de
responsabilidades – uma nova dispensação.

 As principais dispensações identificadas pelos dispensacionalistas:


Os dispensacionalistas acreditam que há uma série de dispensações
cronologicamente sucessivas, mas variam nas ordens desses eventos.

Ordem dos capítulos

Esquema Gênes Gênesis Gêne Gênes Êxod Atos 2 Apocali Apocali


s is 1-3 3-8 sis 9- is 12 o 20 a pse pse 20-
11 a a Apocali 20:4-6 22
Êxod Atos
o 19 1 pse 20

7 ou 8 Inocên Consciên Patriar


Gove Mosa Estado
esquema cia cia cal Graça
rno ico Reino Eterno
de ou ou ou ou
Huma ou Milenal ou
dispensa Edêni Antediluv Prome Igreja
no Lei Final
ção co iano ssa

4
esquema
Mosa
de Patriarcal Eclesial Sionista
ico
dispensa
ção

3
esquema
de
dispensa Lei Graça Reino
ção
(minimal
ista)

Das sete dispensações, cinco já foram concluídas: inocência consciência,


governo humano, patriarcal e lei, e estaríamos vivendo a dispensação da
graça que dará lugar a milenial. Dois grandes eventos marcarão o fim desta
dispensação: o arrebatamento da igreja e a volta visível de Jesus para
inaugurar o milênio.

B – Modelo Epigenético[11]
• Compara a revelação divina ao crescimento de uma planta: Uma árvore
pequenininha é uma árvore perfeita, mas ainda pequena, imatura e frágil.
• Assim, os conceitos de Deus, de Cristo, da salvação e da natureza do
homem crescem à medida que a revelação de Deus progride.

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AULA 6

11 – MÉTODOS DA HERMENÊUTICA
Método é a maneira ordenada de fazer alguma coisa. É um procedimento
seguido passo a passo com o objetivo de alcançar um resultado.
Durante séculos os eruditos religiosos procuraram todos os métodos
possíveis para desvendar os tesouros da Bíblia e arquitetar meios de
descobrir os seus segredos.

11.1 – Método Analítico


É o método utilizado nos estudos pormenorizados com anotações de
detalhes, por insignificantes que pareçam com a finalidade de descrevê-los e
estudá-los em todas as suas formas. Os passos básicos deste método são:
A.   Observação – É o passo que nos leva a extrair do texto o que realmente
descreve os fatos, levando também em conta a importância das declarações
e o contexto;
B.   Interpretação – É o passo que nos leva a buscar a explicação e o
significado (tanto para o autor quanto para o leitor) para entender a
mensagem central do texto lido. A interpretação deverá ser conduzida dentro
do contexto textual e histórico com oração e dependência total do Espírito
Santo, analisando o significado das palavras e frases chaves, avaliando os
fatos, investigando os pontos difíceis ou incertos, resumindo a mensagem do
autor a seus leitores originais e fazer a contextualização (trazer a mensagem
a nossa época ou ao nosso contexto);
C.   Correlação – É o passo que nos leva a comparar narrativas ou mensagem
de um fato escrito por vários autores, em épocas distintas em que cada um
narra o fato, em ângulos não coincidentes como por exemplo a mesma
narrativa descrita em Mc 10.46 e Lc 18.35, onde o primeiro descreve "saindo
de Jericó" e o segundo "chegando em Jericó";
D.   Aplicação – É o passo que nos leva a buscar mudanças de atitudes e de
ações em função da verdade descoberta. É a resposta através da ação
prática daquilo que se aprendeu.
Um exemplo de aplicação é o de pedir perdão e reconciliar-se com alguém
ou mesmo o de adoração à Deus.

Exercício: 1 Timóteo 2 e 3 (dividir a sala em dois grupos e cada um


trabalhará o método analítico de um capítulo).

11.2 – Método Sintético (Procura o tema que amarra todo livro)


É o método utilizado nos estudos que abordam cada livro como uma unidade
inteira e procura o seu sentido como um todo, de forma global (é a busca de
sintetizar o que leu em uma palavra). Neste caso determina-se as ênfases
principais do livro ou seja, as palavras repetidas em todo o livro, mesmo em
sinônimo e com isto a palavra-chave desenvolve o tema do livro estudado.
Outra maneira de determinar a ênfase ou característica de um livro é
observar o espaço dedicado a certo assunto. Como por exemplo, o capítulo
11 da Epístola aos Hebreus enfatiza a fé e em todos os demais capítulos ela
enfatiza a palavra SUPERIOR. (De acordo com a versão Almeida Revista e
Atualizada – ARA).
SUPERIOR:
A.   Aos anjos – 1.4; f) Ao sacrifício – 9.23; l) Ao sacerdócio – 5 a 7;
B.   A aliança – 7.22; g) Ao patrimônio – 10.34;
C.   A bênção – 7.7.; h) A ressurreição – 11.35;
D.   A esperança – 7.19; i) A pátria – 11.16;
E.   A promessa – 8.6; j) A Moisés – 3.1 a 4;

11.3 – Método Temático (Busca no livro o tema desejado)


É o método utilizado para estudar um livro com um assunto específico, ou
seja, no estudo do livro terá um tema específico definido (a leitura de um livro
a partir de um tema). Como exemplo temos a FÉ:
A.   Salvadora – Ef. 2.8;                 D. Grande – Mt 15.21 a 28;
B.   Comum – Tt 1.4; Jd 3;             E. Vencedora – I Jo 5.4;
C.   Pequena – Mt 14.28 a 31;        F. Crescente – II Ts 1.3.

11.4 – Método Biográfico de Estudo da Bíblia (Estuda a vida de um


personagem)
Esta espécie de estudo bíblico é divertida, pois você tem a oportunidade de
sondar o caráter das pessoas que o Espírito Santo colocou na Bíblia, e de
aprender de suas vidas (Escolhe um personagem bíblico para estudar).
Sobre alguns personagens bíblicos muito foi escrito. Quando você estuda
pessoas como Jesus, Abraão e Moisés, pode precisar restringir o estudo a
áreas como, "A vida de Jesus como nos é revelada no Evangelho de João",
"Moisés durante o Êxodo", ou "Que diz o Novo Testamento sobre Abraão".
Lute sempre para manter os seus estudos bíblicos em tamanho manejável.

Estudo Biográfico Básico.


PASSO UM – Escolha a pessoa que você quer estudar e estabeleça os
limites do estudo (por exemplo, "Vida de Davi, antes de tornar-se rei").
Usando uma concordância ou um índice enciclopédico, localize as
referências que têm relação com a pessoa do estudo. Leia as várias vezes e
faça resumo de cada uma delas.
1. Observações – Anote todo e qualquer pormenor que notar sobre essa
pessoa. Quem era? O que fazia? Onde morava? Quando viveu? Por que fez
o que fez? Como levou a efeito? Anote minúcias sobre ela e seu caráter.
2. Dificuldades – Escreva o que você não entende acerca dessa pessoa e de
acontecimentos de sua vida.
3. Aplicações possíveis – Anote várias destas durante o transcurso do seu
estudo, e escreva um "A" na margem. Ao concluir o seu estudo, você voltará
a estas aplicações possíveis e escolherá aquela que o Espírito Santo
destacar.
PASSO DOIS – Com divisão em parágrafos, escreva um breve esboço da
vida da pessoa. Inclua os acontecimentos e características importantes,
declarando os fatos, sem interpretação. Quando possível, mantenha o
material em ordem cronológica.

Estudo Biográfico Avançado.


Os seguintes passos podem ser acrescentados quando você achar que o
ajudarão em seus estudos biográficos. São facultativos e só devem ser
incluídos progressivamente, à medida que você ganhe confiança e prática.
Trace o fundo histórico da pessoa. Use um dicionário bíblico para ampliar
este passo somente quando necessário. As seguintes
perguntas haverão de estimular o seu pensamento.
1. Quando viveu a pessoa? Quais eram as condições políticas, sociais,
religiosas e econômicas da sua época?
2. Onde a pessoa nasceu? Quem foram seus pais? Houve alguma coisa de
incomum em torno do seu nascimento e da sua infância?
3. Qual a sua vocação? Era mestre, agricultor, ou tinha alguma outra
ocupação? Isto influenciou o seu ministério posterior? Como?
4. Quem foi seu cônjuge? Tiveram filhos? Como eram eles? Ajudaram ou
estorvaram a sua vida e o seu ministério?
5. Faça um gráfico das viagens da pessoa. Aonde ela foi? Por que? Que fez?
6. Como a pessoa morreu? Houve alguma coisa extraordinária em sua vida?

11.5 – Método de Estudo Indutivo.


A.   O método indutivo se baseia na convicção de que o Espírito Santo ilumina a
quem examina as escrituras com sinceridade, e que a maior parte da Bíblia
não é tão complicada que quem saiba ler não possa entendê-la. Os Judeus
da Bereia foram elogiados por examinarem cada dia as escrituras "se estas
coisas eram assim". (At 17.10,11)
B.   É óbvio que obras literárias tem "partes" que se formam no "todo". Existe
uma ordem crescente de partes, de unidades simples e complexas, até se
formarem na obra completa.
C.   A unidade literária menor, que o Estudo Bíblico Indutivo (EBI) emprega, é a
palavra. Organizam-se palavras em frases, frases em períodos, períodos em
parágrafos, parágrafos em seções, seções em divisões, e por fim, a obra
completa.
PALAVRA – Unidade menor;
FRASES – Reunião de palavras que formam um sentido completo;
PERÍODO – Reunião de frases ou orações que formam sentido completo;
PARÁGRAFOS – Um discurso ou capítulo que forma sentido completo, e
que usualmente se inicia com mudança de linha.
SEÇÃO – Parte de um todo, divisão ou subdivisão de uma obra, tratado,
estudo.

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12 – EXEGESE
Exegese é o estudo cuidadoso e sistemático de um texto para comentários,
visando o esclarecimento ou interpretação do mesmo. É o estudo
objetivando subsidiar o passo da interpretação do método analítico da
hermenêutica. Este estudo é desenvolvido sob as indagações de um
contexto histórico e literário.

Segundo o Dicionário Teológico: Exegese: do Grego: ek + egnomai = ek


+ egéomai à penso, interpreto, arranco para fora do texto. É a prática da
hermenêutica sagrada que busca a real interpretação dos textos que formam
o Antigo e o Novo Testamento. Vale-se, pois, do conhecimento das línguas
originais (hebraico, aramaico e grego), da confrontação dos diversos textos
bíblicos e das técnicas aplicadas na linguística e na filosofia.

É a disciplina que aplica métodos e técnicas que ajudam na compreensão do


texto.
Do ponto de vista etimológico hermenêutica e exegese são sinônimos, mas
hoje os especialistas costumam fazer a seguinte diferença: Hermenêutica é a
ciência das normas que permitem descobrir e explicar o verdadeiro sentido
do texto, enquanto a exegese é a arte de aplicar essas normas.

12.1 – Pré-requisitos para uma boa exegese


A.   Tenha uma vida afinada com o Espírito Santo, pois Ele é o melhor interprete
da Bíblia – (Jo 16.13; 14.26; I Cor 2.9 e 10; I Jo 2.20 e 27);
B.   Vá você mesmo diretamente ao texto não permitindo que alguém pense por
você, evitando assim a dependência de outra pessoa para que você
desenvolva ao máximo o seu potencial próprio.
C.   Procure o significado de cada palavra dentro do seu contexto. Deve ser
tomado conforme o sentido da frase nas Escrituras, porque as palavras
variam muito em suas significações. Aqui você deve fazer uma analise
léxico-sintática[12].

12.2 – Aplicação da exegese.


A aplicação da exegese é realizada a partir das indagações básicas sobre o
contexto e o conteúdo do texto em exame.
A.   Texto – O capítulo, parágrafo ou porção bíblica que encerra uma idéia
completa, que se pretende estudar. Ex.: Mateus 5.1-12; ICoríntios 11.1-3;
João 14,6, etc.
B.   Contexto – A parte que antecede o texto e a parte que é precedida pelo
texto. Ex.: Texto João 14.6, Contexto Gênesis 1.1 a João 14.5 e João 14.7 a
Apocalipse 22.21.

Obs.: As vezes tomando-se o contexto próximo do texto, é o suficiente para


uma interpretação correta. Outras vezes será necessário lançar mão do
capítulo inteiro, ou do livro inteiro, ou ainda da Bíblia toda.

12.3 – Biblioteca Básica do Estudante da Bíblia


·          1 - Bíblias em várias versões.
·          2 - Dicionário Bíblico.
·          3 - Dicionário do Vernáculo.
·          4 - Atlas Bíblico.
·          5 - Livro de História Geral das Nações.
·          6 - Concordância Bíblica Exaustiva.
·          7 - Manuais de Doutrinas.
·          8 - Comentários Bíblicos.
·          9 - Atlas Geográfico.
·         10 - Enciclopédia Bíblica.

Obs.: Os Comentários Bíblicos contêm explanações, informações externas,


interpretações e aplicações de textos bíblicos. São de grande valia para o
estudante da Bíblia uma vez que são produzidos por eruditos que geralmente
conhecem as línguas originais em que a Bíblia foi escrita, além da bagagem
de muitos anos de estudo bíblico-teológico e geral.

TIPO DE RECURSO DESCRIÇÃO USE-O PARA


SUPERAR...
Atlas Coleção de mapas que Barreiras
mostram lugares geográficas
mencionados no
texto, e talvez
descrição de sua
história e significado.
Contém mapas e outras
informações para quem
quer
investigar o contexto
geográfico bíblico.
Dicionários Explicam origem, Barreiras
de palavras significado e uso de linguísticas
bíblicas palavras e termos
chaves no texto.
Manuais bíblicos Apresentam Barreiras culturais
informação útil sobre
assuntos do texto.
Um manual bíblico é
um tipo de
enciclopédia; menciona
livro
por livro de toda a
Bíblia, provendo todos
os tipos de material
de pano de fundo.
Comentários Apresentam o estudo Barreiras
bíblicos de um erudito bíblico. linguísticas,
Um comentário oferece culturais e
a você opiniões de um literárias
erudito que
passou sua vida inteira
investigando o texto
bíblico. As
opiniões do comentário
também podem ajudar
você a avaliar
seu próprio estudo
pessoal. Entretanto,
você não pode ficar
dependente dos
comentários, ao invés
de se familiarizar com
o texto bíblico.
Textos Traduções com o texto Barreiras
interlineares grego ou hebraico linguísticas
posicionado entre
as linhas para
comparação.
Concordâncias Depois da Bíblia de É útil para o
(Chave bíblica) estudo, esta é a estudo de palavras
ferramenta mais e para localizar
essencial uma passagem
ao estudo bíblico. Uma
concordância é como quando não se
um índice da lembra da
Bíblia. Ela alista todas referência.
as palavras do texto
alfabeticamente,
com as referências de
onde aparecem, e
algumas palavras ao
redor delas para prover
um pouco do contexto.
Recursos Sugestões: História de Israel no Antigo
adicionais Testamento, de Eugene H. Merrill
(CPAD); Introdução ao Antigo Testamento, de
William Lasor (Edições Vida
Nova);
Introdução ao Novo Testamento, de D. A.
Carson (Edições Vida Nova)
A Vida Diária nos Tempos de Jesus, de Henri
Daniel-Rops (Edições Vida Nova).

Consultando bons comentários bíblicos, o estudante compara a sua


interpretação com a de vários estudiosos da Bíblia podendo tirar conclusões
magníficas sobre o texto em tela, comparar e enriquecer sua exegese, além
de auto avaliar-se. 
Não esqueça que todos os comentários e outros materiais não estão isento
do pensar teológico do autor.

12.4 – Exercício exegético


Vamos exercitar a hermenêutica! Siga as instruções passo a passo.
A - Faça uma oração sincera a Deus
Ore a Deus desejando de todo o coração compreender a sua Palavra para
aplicá-la à sua vida e também compartilhar com outras pessoas.

B - Escolha o texto a ser estudado 


O texto escolhido não deve ser grande nem complexo. A princípio, não se
deve exceder a cinco versículos. Deve ser tomado um texto que tenha o
máximo de sentido literal por ser de mais fácil interpretação.
Sugestão:
·         18Então Jesus perguntou: "Com que se parece o Reino de Deus? Com
que o compararei?
19É como um grão de mostarda que um homem semeou em sua horta. Ele
cresceu e se tornou uma árvore, e as aves do céu fizeram ninhos em seus
ramos".
·         20Mais uma vez ele perguntou: "A que compararei o Reino de Deus?
21É como o fermento que uma mulher misturou com uma grande quantidade
de farinha, e toda a massa ficou fermentada". Lucas 13:18-21

Obs.: No original temos um verbo a mais nos versos 19 e 21 – verbo tomou


ou pegou.

C - Leia o texto várias vezes e em várias Versões


Ninguém é capaz de interpretar qualquer texto lendo-o uma só vez.
Aconselha-se que o estudante leia o texto pelo menos dez vezes antes de
qualquer outra iniciativa. Cada vez que se lê a passagem bíblica, mais clara
ela se torna para o leitor e coisas jamais encontradas na mesma passam a
emergir de uma maneira impressionante. Se possível, leia o texto em várias
versões. 
As línguas originais devem ser lidas e compreendidas, ou então o estudioso
precisa ter acesso a textos fidedignos, que transmitam fielmente o sentido
texto original. O estudioso também deveria consultar não apenas uma, mas
muitas traduções, para então julgar os seus méritos comparativos, quanto a
casos específicos.

D - Leia o Contexto Imediato


É preciso ler o contexto[13] imediato, pelo menos, umas três vezes antes de
começar a interpretação. Provavelmente, outras vezes serão necessárias à
medida que o estudo for evoluindo. Não admita a dúvida, nem tenha
preguiça de ler. Leia quantas vezes for necessário.

E - Examine as palavras desconhecidas no dicionário bíblico


À medida que se lê o texto, várias palavras[14] desconhecidas vão
aparecendo. O estudante deverá ter à mão lápis e papel e um bom dicionário
bíblico para que escreva o significado das palavras desconhecidas além de
detalhes importantes. Essas informações serão de muita valia para
pesquisas posteriores ou quando da preparação de uma Pregação ou Estudo
Bíblico.
Existem palavras que julgamos saber o seu significado mas, quando vamos
ao dicionário, descobrimos, atônitos, que o sentido é completamente
diferente do que pensávamos.
Neste momento é importante estar atento aos verbos e  suas variações de
tempo (passado, presente, futuro ou gerúndio) escrita pelo autor. Muitas vezes
a palavra que encontramos no texto é uma variação da forma radical da palavra. Por
exemplo, em português poderíamos encontrar várias formas do verbo Entregar:
·         Entregou, entregado, entregue, entregaremos.
F – Pesquise e anote sobre todo o material disponível, tendo em mente
as regras de interpretação
Não consulte ainda outras exegeses para que a interpretação não seja
induzida.

G - Traduza o texto em palavras atuais dando ênfase às lições nele


contidas
A essa altura do labor exegético, e com o texto quase de cor, o estudante
deve traduzi-lo em palavras sinônimas com a ajuda do dicionário bíblico e de
outras versões da Bíblia. Essa tradução deve ser no sentido de simplificar o
que está dito no texto.

H - Ponha os resultados de sua análise léxico-sintática em palavra não técnicas,


de fácil compreensão, que comuniquem com clareza o significado que o autor
tinha em mente.
Sempre existe o perigo de ao fazer a análise léxico-sintática se envolver de tal
maneira com os detalhes técnicos, que perdemos de vista a finalidade da análise, a
saber, comunicar o significado do autor com a maior clareza possível. Há, também, a
tentação de impressionar os ouvintes com nossa erudição e profundas capacidades
exegéticas. As pessoas precisam ser alimentadas, não impressionadas. O estudo
técnico deve ser feito como parte de qualquer exegese, mas é preciso que seja parte
da preparação para a exposição. A maioria dele não precisa aparecer no produto
(exceto no caso de documentos teológicos acadêmicos ou técnicos).

13 – FIGURAS DE RETÓRICA
Exporemos em seguida uma série de figuras com seus correspondentes
exemplos, que precisam ser estudados detidamente e repetidas vezes.

13.1 – Metáfora.
Esta figura tem por base alguma semelhança entre dois objetos ou fatos,
caracterizando-se um com o que é próprio do outro. É uma comparação não
expressa. É a figura em que se afirma que alguma coisa é o que ela
representa ou simboliza, ou como que se compara. O sujeito está
entrelaçado com a coisa comparada.
Metáfora é designação de um objeto ou qualidade mediante uma
palavra que designa outro objeto ou qualidade que tem com o primeiro
uma relação de semelhança (p.ex., ele tem uma vontade de ferro, para
designar uma vontade forte, como o ferro).

Exemplos bíblicos:
·         Ao dizer Jesus: "Eu Sou a Videira Verdadeira", Jesus se caracterizou com
o que é próprio e essencial da videira (pé de uva);
·         Ao dizer aos discípulos: "Vós sois as varas", caracterizou-os com o que é
próprio das varas.
·         Outros exemplos: "Eu Sou o Caminho", "Eu Sou o Pão Vivo", "Judá é
Leãozinho", "Tu és minha Rocha", etc.

Símile – “O reino dos céus é semelhante...”. Ao contrário da símile que é


uma comparação expressa onde o sujeito está de fora.

13.2 – Sinédoque.
Faz-se uso desta figura quando se toma a parte pelo todo ou o todo pela
parte, o plural pelo singular, o gênero pela espécie, ou vice-versa. É a
substituição de uma ideia por outra que lhe é associada.
Exemplos:
·         - A parte pelo todo (ou o todo pela parte)
Vou sair da casa de meus pais e ter meu próprio teto. (casa)
·         - A classe pelo indivíduo (ou o indivíduo pela classe)
Quanto mais o Homem constrói, mais o Homem destrói. (os seres humanos)

·         - O singular pelo plural (ou o plural pelo singular)


O aluno deverá manter o silêncio na biblioteca. (todos os alunos)

Exemplos bíblicos:
·         Toma a parte pelo todo: "Minha carne repousará segura", em vez de
dizer: meu corpo. (Sl 16.9).
·         Toma o todo pela parte: "...beberdes o cálice", em lugar de dizer: do
cálice, ou seja, parte do que há no cálice.
·         Gn 6:12 “E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida” – terra=homem
do geral pelo particular.
13.3 – Metonímia.
É o emprego do nome de uma coisa pelo de outra com que tem certa
relação. A metonímia se refere à substituição de palavras com sentidos
próximos, ou seja, é utilizada uma palavra em vez de outra, sendo que
ambas partilham uma relação de proximidade de sentido, de
contiguidade. Emprega-se esta figura quando se emprega a causa pelo
efeito, ou o sinal ou símbolo pela realidade que indica o símbolo.

Exemplos:
·         Jesus emprega a causa pelo efeito: "Eles têm Moisés e os profetas;
ouçam-nos", em lugar de dizer que têm os escritos de Moisés e dos profetas
(Lc 16.29).
·         Jesus emprega o símbolo pela realidade que o mesmo indica: "Se eu não
te lavar, não tem parte comigo." Lavar é o símbolo da regeneração.
·         “Falem os dias e a multidão dos anos ensine...”.  A idade por aqueles que
a têm (Jó 32:7).
·         “Duas nações há no teu ventre”. Os progenitores pelas descendências
(Gn 25:23).
13.4 – Prosopopeia.
Esta figura é usada quando se personificam as cousas inanimadas,
atribuindo-lhes os feitos e ações das pessoas. É personificação de coisas ou
de seres irracionais.

Exemplos:
·         "Onde está, ó morte, o teu aguilhão?" (I Cor 15.55) Paulo trata a morte
como se fosse uma pessoa.
·         "Os montes e os outeiros romperão em cânticos diante de vós, e todas as
árvores do campo baterão palmas." (Is 55.12)
·         "Encontraram-se a graça e a verdade, a justiça e a paz se beijaram. Da
terra brota a verdade, dos céus a justiça baixa o seu olhar." (Sl 85.10,11)
·         “Todos os meus ossos dirão: Senhor quem é como tu” (Sl 35:10).
Ossos/fala

13.5 – Antropomorfismo (alguns dizem que é sinônimo de prosopopeia)


É a linguagem que atribui a Deus ações e faculdades humanas.

Exemplo:
·         Gn 8:12 “O Senhor cheirou o suave cheiro, e disse ...”. Cheirar/sentido

13.6 – Ironia.
Faz-se uso desta figura quando se expressa o contrário do que se quer dizer,
porém sempre de tal modo que se faz ressaltar o sentido verdadeiro. É a
expressão de um pensamento em palavras que, literalmente entendidas,
exprimiriam o pensamento oposto.

Exemplos:
·         "Clamai em altas vozes... e despertará." Elias dá a entender que chamar
por Baal é completamente inútil (1 Rs 18.27).
·         “Clamai aos deuses que escolhestes, eles que vos livrem no tempo de
vosso aperto (Juízes 10:14).

13.7 – Hipérbole.
É a figura pela qual se representa uma coisa como muito maior ou menor do
que em realidade é, para apresentá-la viva à imaginação. É um exagero. É a
afirmação em que as palavras vão além da realidade literal das coisas.

Exemplos:
·         "Vimos ali gigantes... e éramos aos nossos próprios olhos como
gafanhotos... as cidades são grandes e fortificadas até aos céus" (Num.
13.33).
·         "Nem no mundo inteiro caberiam os livros que seria, escritos" (Jo. 21.25).
·         "Rios de águas correm dos meus olhos, porque não guardam a tua lei" (Sl
119.136).
·         Dt 1:28 “As cidades são grandes e fortificadas até os céus”.
13.8 – Alegoria.
É um modo de expressão ou interpretação que consiste em representar
pensamentos, ideias, qualidades sob forma figurada. Podemos dizer que é
uma figura retórica que geralmente consta de várias metáforas unidas,
representando cada uma delas realidades correspondentes.

Exemplo:
·         "Eu Sou o Pão Vivo que desceu do céu, se alguém dele comer, viverá
eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo, é a minha carne...
Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna", etc. -
Esta alegoria tem sua interpretação nesta mesma passagem das Escrituras.
(Jo 6.51-65)

13.9 – Fábula.
É uma narrativa, em prosa ou verso, com personagens animais que agem
como seres humanos, e que ilustra um preceito moral.

Exemplo:
·         "O cardo que está no Líbano, mandou dizer ao cedro que lá está: Dá tua
filha por mulher a meu filho; mas os animais do campo, que estavam no
Líbano, passaram e pisaram o cardo" (2 Rs 14.9). Com esta fábula Jeoás, rei
de Israel, responde a proposta de guerra feita por Amazias, rei de Judá.

13.10 – Enigma.
O enigma também é um tipo de alegoria, porém sua solução é difícil e
abstrusa (obscuro). Enigma é a definição de algo por suas qualidades ou
particularidades, mas difícil de entender.

Exemplo:
·         "Do comedor saiu comida e do forte saiu doçura" (Jz 14.14).

13.11 – Tipo.
É o estudo das figuras e símbolos da Bíblia, com os quais Deus procura
mostrar, por meio de coisas terrestres as coisas espirituais. O tipo é uma
classe de metáfora que não consiste meramente em palavras, mas em fatos,
pessoas ou objetos que designam fatos semelhantes, pessoas ou objetos no
porvir. Estas figuras são numerosas e chamam-se na Escritura sombra dos
bens vindouros, e se encontram, portanto, no Antigo Testamento.

Exemplos:
·         A serpente de metal levantada no deserto foi mencionada por Jesus como
um tipo para representar sua morte na cruz (Jo 3.14).
·         Jonas no ventre do grande peixe, foi usado como tipo por Jesus para
representar a sua morte e ressurreição. (Mt 12.40)
·         O primeiro Adão é um tipo para Cristo o último Adão. (I Cor 15.45)
·         Maná no desertoà Alimento espiritual
·         Libertação do Egito à Libertação do mundo
·         Marcha no deserto à Nossa peregrinação na terra

13.12 – Símbolo
Representa alguma coisa ou algum fato por meio de outra coisa ou fato
familiar, que se considera a propósito para servir de semelhança ou
representação.

Exemplos:
·         A majestade pelo leão,
·         a força pelo cavalo,
·         a astúcia pela serpente,
·         o corpo de Cristo pelo pão,
·         o sangue de Cristo pelo cálice.

Ø Números Simbólicos
A Bíblia tem uma numerologia própria. À medida que se desenrola a
revelação escrita de Deus ao homem vários números vão aparecendo de
uma maneira importante e, muitas vezes, com um significado conotativo.
Vejamos alguns números que se destacam:

·         Número quatro
Número global. Indica o cósmico natural. Fala daquilo que é completo. Não
trata da plenitude, mas do alcance global.

“ Depois disto vi quatro anjos em pé nos quatro cantos da terra, retendo os


quanto ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem
sobre o mar, nem contra árvore alguma.” (Ap 7.1).

·         Número seis
Fala do homem, de sua formação, de sua falibilidade.

“ Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou;


homem e mulher os criou. E viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito
bom. E foi a tarde e a manhã, o dia sexto.” (Gn1.27,31).
“ Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da
besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e
sessenta e seis.” (Ap 13.18)

·         Número sete
Indica perfeição, plenitude, união do céu e terra, o sagrado. É o número de
Deus e também o número dos mistérios.

“As palavras do Senhor são palavras puras, como prata refinada numa
fornalha de barro, purificada sete vezes.” (Sl 12.6).
“A sabedoria já edificou a sua casa, já lavrou as suas sete colunas.” (Pv 9.1).
“ Ao anjo da igreja em Sardes escreve: Isto diz aquele que tem os sete
espíritos de Deus, e as estrelas: Conheço as tuas obras; tens nome de que
vives, e estás morto.” (Ap 3.1).
“ E vi quando o Cordeiro abriu um dos sete selos, e ouvi um dos quatro seres
viventes dizer numa voz como de trovão: Vem!” (Ap 6.1).

·         Número doze
Fala dos propósitos eletivos de Deus. 
“E, chamando a si os seus doze discípulos, deu-lhes autoridade sobre os
espíritos imundos, para expulsarem, e para curarem toda sorte de doenças e
enfermidades.” (Mt 10.1).
“ E levou-me em espírito a um grande e alto monte, e mostrou-me a santa
cidade de Jerusalém, que descia do céu da parte de Deus, tendo a glória de
Deus; e o seu brilho era semelhante a uma pedra preciosíssima, como se
fosse jaspe cristalino; e tinha um grande e alto muro com doze portas, e nas
portas doze anjos, e nomes escritos sobre elas, que são os nomes das doze
tribos dos filhos de Israel. Ao oriente havia três portas, ao norte três portas,
ao sul três portas, e ao ocidente três portas. O muro da cidade tinha doze
fundamentos, e neles estavam os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro.”
(Ap 21.10-14).

·         Número quarenta
Fala das intervenções de Deus na História da humanidade especialmente no
que se refere à salvação do homem. Simboliza provação, santificação.

“ Quando subi ao monte a receber as tábuas de pedra, as tábuas do pacto


que o Senhor fizera convosco, fiquei no monte quarenta dias e quarenta
noites; não comi pão, nem bebi água.” (Dt 9.9).
“ E quando tiveres cumprido estes dias, deitar-te-ás sobre o teu lado direito,
e levarás a iniqüidade da casa de Judá; quarenta dias te dei, cada dia por um
ano.” (Ez 4.64).
“E começou Jonas a entrar pela cidade, fazendo a jornada dum dia, e
clamava, dizendo: Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida.” (Jn 3.4).
“ Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo
Diabo. E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome.
(Mt 4.1-2).
“ Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo quanto Jesus começou a
fazer e ensinar, até o dia em que foi levado para cima, depois de haver dado
mandamento, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera; aos quais
também, depois de haver padecido, se apresentou vivo, com muitas provas
infalíveis, aparecendo-lhes por espaço de quarenta dias, e lhes falando das
coisas concernentes ao reino de Deus. (At 1.1-3).

·         Número setenta
Fala da administração de Deus sobre o mundo. 

“ Disse então o Senhor a Moisés: Ajunta-me setenta homens dos anciãos de


Israel, que sabes serem os anciãos do povo e seus oficiais; e os trarás
perante a tenda da revelação, para que estejam ali contigo. Então descerei e
ali falarei contigo, e tirarei do espírito que está sobre ti, e o porei sobre eles;
e contigo levarão eles o peso do povo para que tu não o leves só.” (Nm
11.15-16).
“ E toda esta terra virá a ser uma desolação e um espanto; e estas nações
servirão ao rei de Babilônia setenta anos. Acontecerá, porém, que quando se
cumprirem os setenta anos, castigarei o rei de Babilônia, e esta nação, diz o
Senhor, castigando a sua iniqüidade, e a terra dos caldeus; farei dela uma
desolação perpetua. (Jr 25.11-12).
“ Setenta semanas estão decretadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa
cidade, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, e para
expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e
para ungir o santíssimo.” (Dn 9.24).
“ Depois disso designou o Senhor outros setenta, e os enviou adiante de si,
de dois em dois, a todas as cidades e lugares aonde ele havia de ir. E dizia-
lhes: Na verdade, a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos; rogai,
pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.” (Lc
10.1-2).
13.13 – Parábola.
É uma narrativa alegórica que transmite uma mensagem indireta, por meio
de comparação ou analogia, sempre com o objetivo de ilustrar uma ou várias
verdades importantes. É uma narrativa de acontecimento real ou imaginário
em que tanto as pessoas como as coisas e as ações correspondem a
verdades de ordem espiritual e moral

Exemplos:
·         O Semeador (Mt 13.3-8);
·         Ovelha perdida,
·         dracma perdida
·         filho pródigo (Lc. 15), etc.

13.14 – Símile.
A figura de retórica denominada Símile procede da palavra latina "similis"
que significa semelhante ou parecido a outro. É uma analogia. Comparação
de cousas semelhantes.

Exemplos:
·         "Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim (do mesmo modo) é
grande a sua misericórdia para com os que o temem". (Sl 103.11);
·         "Como o pai se compadece de seus filhos, assim (do mesmo modo) o
Senhor se compadece dos que o temem". (Sl 103.13)

13.15 – Interrogação.
A palavra interrogação procede de um vocábulo latino que significa pergunta.
Mas nem todas as perguntas são figuras de retórica. Somente quando a
pergunta encerra uma conclusão evidente é que é uma figura literária.
"Interrogação é uma figura pela qual o orador se dirige ao seu interlocutor, ou
adversário, ou ao público, em tom de pergunta, sabendo de antemão que
ninguém vai responder."

Exemplos:
·         "Não fará justiça o Juiz de toda a terra?" (Gn 18.25)
·         "Não são todos eles espíritos ministradores enviados para serviço, a favor
dos que hão de herdar a salvação?" (Hb 1.14)
·         "Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus?" (Rm 8.33)
·         "Com um beijo trais o Filho do homem?" (Lc 22.48)

13.16 – Apóstrofe.
Interrupção súbita do discurso que o orador ou o escritor faz, para dirigir-se a
alguém ou a algo, real ou fictício (p.ex.: a seguir, leitor amigo, contarei a
história tal como sucedeu).
A palavra apóstrofe procede do latim apostrophe e esta do grego apo, que
significa de, e strepho, que quer dizer volver-se. O vocábulo indica que o
orador se volve de seus ouvintes imediatos para dirigir-se a uma pessoa ou
cousa ausente ou imaginária.
O emprego desta figura, na eloqüência, produz grandes efeitos sobre as
paixões que o orador procura transmitir aos ouvintes."

Exemplos: A Palavra de Deus é interrompida pela palavra do profeta.


·         "Ah, Espada do Senhor, até quando deixarás de repousar?" (Jr 47.6)

13.17 – Antítese.
Este vocábulo procede da palavra latina antithesis e esta de palavras
gregas que significam colocar uma coisa contra a outra. "Inclusão, na mesma
frase, de duas palavras, ou dois pensamentos, que fazem contraste um com
o outro."
Exemplos:
·         "Vê que proponho hoje a vida e o bem, a morte e o mal." (Dt 30.15)
·         "Entrai pela porta estreita (larga é a porta e espaçoso o caminho que
conduz a perdição e são muitos os que entram por ela) porque
·         estreita é a porta e apertado o caminho que conduz para a vida, e são
poucos os que acertam com ela." (Mt 7.13,14)

13.18 – Provérbio.
Este vocábulo procede das palavras latinas pro que significa antes
e verbum que quer dizer palavra. Trata-se de um dito comum ou adágio.

Exemplos:
·         "Médico cura-te a ti mesmo" (Lc 4.23);
·         "Nenhum profeta é bem recebido em sua própria terra." (Mt 6.4; Mt 13.57)

13.19 – Paradoxo.
Denomina-se paradoxo a uma proposição ou declaração oposta à opinião
comum; a uma afirmação contrária a todas as aparências e à primeira vista
absurda, impossível, ou em contraposição ao sentido comum, porém que, se
estudada detidamente, ou meditando nela, torna-se correta e bem
fundamentada.

Exemplos:
·         "Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos". (Mt 8.22)
·         "Coais o mosquito e engolis o camelo". (Mt 23.24)
·         "Porque quando sou fraco, então é que sou forte". (2 Cor 12.10)

13.20 – Clímax ou Gradação


A palavra clímax ou gradação procede do latim climax e esta do
grego klimax que significa escala, no sentido figurado da palavra. A
Enciclopédia Brasileira Mérito nos proporciona a seguinte definição da
palavra gradação: "Concatenação dos elementos de um período de modo a
fazer com que cada um comece com a última palavra do anterior;
amplificação, apresentação de uma série de idéias em progressão
ascendente ou descendente. Também se diz clímax." O essencial é que
exista avanço ou progresso na oração, parágrafo, tema, livro ou discurso.

Exemplo:

·         O capítulo oitavo de Romanos é um maravilhoso clímax ou gradação.


Começa com os vocábulos "nenhuma condenação", e termina dizendo que
"nenhuma criatura nos poderá separar".

13.21 – Acróstico
Composição poética em que o conjunto das letras iniciais, mediais ou finais
compõem verticalmente uma palavra ou frase ou uma sequência alfabética. 
Há uma dificuldade na exemplificação dos acrósticos bíblicos uma vez que
foram escritos originalmente em Hebraico e, portanto, a letra inicial das
palavras não são as mesmas na língua portuguesa. Os textos foram escritos
em forma de acrósticos originalmente.

Exemplos bíblicos:
·         Salmos 119; 25; 34; 111; 112;
·         Os últimos 22 versículos de Provérbios;
·         A maior parte de lamentações de Jeremias.
Exemplos práticos:
Jesus,
Eu sou teu servo.
Sou teu discípulo.
Uni-me a Ti.
Somente a Ti!

14 – REGRAS FUNDAMENTAIS DE INTERPRETAÇÃO


Não devemos nos esquecer que a primeira pessoa a interpretar as
Escrituras, de forma distorcida, foi o diabo. Ele deu à palavra divina um
sentido que ela não tinha, falseando astutamente a verdade (Gn 3.1).
Os seus imitadores, conscientes e inconscientes, têm perpetuado este
procedimento enganando à humanidade com falsas interpretações das
Escrituras Sagradas.

14. 1 – Primeira Regra – A Bíblia é explicada pela própria Bíblia, ou seja,
A BÍBLIA É SUA PRÓPRIA INTERPRETE.
Esta é a regra fundamental da Hermenêutica Bíblica. Vemos em Jesus e nos
Apóstolos a preocupação constante com essa norma de interpretação. Muito
do que Jesus e os Apóstolos disseram é repetição do que está exarado “em
Moisés, nos Profetas e nos Salmos.”(Lc 24.44). Jesus usava os textos do
Antigo testamento, enquanto concebia o Novo. Ele dominava os que estava
escrito e a ninguém deixava sem uma resposta satisfatória.
O conselho que se dá aqui é que o estudante da Bíblia a leia toda, pelo
menos uma vez por ano, para que conheça o seu Contexto Geral, sem o
qual não se pode entender as partes.
Além do contexto geral é importantíssimo atentar para o que chamaremos
didaticamente de Contexto Mediato
A interpretação de um texto envolve a compreensão de cada palavra ou
expressão nele contida. Existem palavras que encerram, em si mesmas, todo
o seu significado. Outras têm o sentido elucidado na frase, oração ou
parágrafo onde está contida. Outras, ainda, poderão depender do contexto
imediato, mediato ou do contexto geral das Escrituras.
Um exemplo simples de erro da não observância do contexto imediato está
na interpretação da “nuvem de testemunhas” de Hebreus 12.1. Diz-se
erradamente, no meio evangélico, que essa nuvem de testemunhas são as
pessoas que vivem ao nosso redor, quando, na verdade, são os “heróis da
Fé”, cujos nomes e feitos estão narrados no capítulo 11 do mesmo Livro. É
preciso tomar muito cuidado porque mudança de capítulo não significa
mudança de assunto. Os versículos por sua vez não são parágrafos
completos e, por isso, é preciso ler com atenção privilegiando a idéia e não a
forma como o texto está dividido.

14.2 – Segunda Regra – É preciso, o quanto seja possível, tomar as


palavras em seu sentido usual e comum.
Porém, tenha sempre presente a verdade de que o sentido usual e comum
não equivale sempre ao sentido literal.
Exemplo: Gn 6.12 = A palavra CARNE (no sentido usual e comum significa
pessoa)
A palavra CARNE (no sentido literal significa tecido muscular)

14.3 – Terceira Regra – É de todo necessário tomar as palavras no


sentido que indica o conjunto da frase.
Exemplos:
A.   A palavra FÉ
FÉ em Gl 1.23 = significa crença, ou seja, doutrina do Evangelho.
FÉ em Rm 14.23 = significa convicção.
B.   A palavra GRAÇA
GRAÇA em Ef 2.8 = significa misericórdia, bondade de Deus.
GRAÇA em At. 14.3 = significa pregação do Evangelho.
C.   A palavra CARNE
CARNE em Ef. 2.3 = significa desejos sensuais.
CARNE em I Tm 3.16 = significa forma humana.
CARNE em Gn 6.12 = significa pessoas.

14.4 – Quarta Regra – É necessário tomar as palavras no sentido


indicado no contexto, a saber, os versículos que estão antes e os que
estão depois do texto que se está estudando.
No contexto achamos expressões, versículos ou exemplos que nos
esclarecem e definem o significado da palavra obscura no texto que estamos
estudando.

14.5 – Quinta Regra – É preciso levar em consideração o objetivo ou


desígnio do livro ou passagem em que ocorrem as palavras ou
expressões obscuras.
O objetivo ou desígnio de um livro ou passagem se adquire, sobretudo,
lendo-o e estudando-o com atenção e repetidas vezes, tendo em conta em
que ocasião e a quais pessoas originalmente foi escrito. Alguns livros da
Bíblia já trazem estas informações. Ex.: Provérbios 1.1-4.

14.6 – Sexta Regra – É necessário consultar as passagens


paralelas, "explicando cousas espirituais pelas espirituais" (I Cor. 2.13)
Passagens paralelas são as que fazem referência uma à outra, que tem
entre si alguma relação, ou tratam de um modo ou outro de um mesmo
assunto.
Existe paralelos de palavras, paralelos de ideias e paralelos de ensinos
gerais.
A.   Paralelos de palavras – Quando lemos um texto e encontramos nele uma
palavra duvidosa, recorremos a outro texto que contenha palavra idêntica e
assim, entendemos o seu significado.
Ex.: "Trago no corpo as marcas de Jesus." (Gl 6.17). Fica mais fácil o seu
entendimento quando lemos a passagem paralela: "Trazendo sempre no
corpo o morrer de Jesus (I Cor. 4.10).
B.   Paralelos de Ideias – Para conseguir ideia completa e exata do que ensina
determinado texto, talvez obscuro ou discutível, consultasse não somente as
palavras paralelas, mas os ensinos, as narrativas e fatos contidos em textos
ou passagens que se relacionem com o dito texto obscuro ou discutível. Tais
textos ou passagens chamam-se paralelos de ideias.
Ex.: "Sobre esta pedra edificarei a minha igreja". (Mt 16.16) Quem é esta
pedra? Se pegarmos em I Pd 2.4, a idéia paralela: "E, chegando-vos para
ele, (Jesus) pedra viva..." entenderemos que a pedra é Cristo.
Outro exemplo: Em Gl 6.15, o que é de valor para Cristo é a nova criatura.
Que significa esta expressão figurada? Consultando o paralelo de 2 Cor.
5.17, verificamos que a nova criatura é a pessoa que "esta em Cristo", para a
qual "as cousas antigas passaram", e "se fizeram novas".
C.   Paralelos de ensinos gerais – Para a correta interpretação de
determinadas passagens não são suficientes os paralelos de palavras e de
idéias, é preciso recorrer ao teor geral, ou seja, aos ensinos gerais das
Escrituras.
Exemplos: - O ensino de que "o homem é justificado pela fé sem as obras da
lei", só será bem compreendido, com a ajuda dos ensinos gerais na Bíblia
toda. Segundo o teor ou ensino geral das Escrituras, Deus é um espírito
onipotente, puríssimo, santíssimo, conhecedor de todas as cousas e em
todas as partes presente. Porém há textos que, aparentemente, nos
apresentam um Deus como o ser humano, limitando-o a tempo ou lugar,
diminuindo em algum sentido sua pureza ou santidade, seu poder ou
sabedoria; tais textos devem ser interpretados à luz dos ensinos gerais das
Escrituras.

14.7 – Sétima Regra – Tenha sempre em mente o Assunto Central das


Escrituras
Jesus Cristo é o assunto central da Bíblia. Daí dizermos que a Bíblia é um
Livro Cristocêntrico. Ele é o “Cordeiro...conhecido antes da fundação do
mundo”(1Pe 1.19-20), é o que se manifestou “na plenitude dos tempos”(Gl
4.4) para oferecer o sacrifício único pela redenção da humanidade e é,
finalmente, o que “descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com
trombeta de Deus”(1Ts 4.16) para consumar a redenção no Reino de Deus
para sempre.
Estudar a Bíblia tendo como foco principal o Filho de Deus dá ao intérprete a
segurança de quem tem um caminho único a seguir na lida interpretativa.

14.8 – Oitava Regra – Tome consciência do contexto histórico-


geográfico
Algumas perguntas interessantes de cunho histórico-geográfico podem ser
feitas ao texto. Por exemplo: Em que época o texto foi escrito? Onde
estavam o autor e os destinatários à época do escrito? Eram escravos ou
livres? Eram abastados ou pobres? Eram cultos ou incultos? Estavam sendo
perseguidos ou em paz? Eram nômades ou sedentários? Viviam em sua
terra natal ou estavam longe da pátria? Viviam numa região árida ou em
meio a mananciais de água? Eram habitantes de cavernas, de casas, ou de
tendas? Que tipo de tecnologia usavam? Quais eram seus costumes,
crenças, valores, e comportamentos? Como era a sua organização social,
política e econômica? Que tipo de alimentação usavam? 
Haverá muito mais luz para se entender o texto se essas perguntas
respondidas. Assim o intérprete deve ponderar sobre essas situações no
momento do estudo.
14.9 – Nona Regra – Procure reconhecer a forma literária do texto
Precisamos saber se estamos diante de um escrito histórico, doutrinário,
biográfico, poético ou profético[15], ou ainda se é um texto misto. Não é
tarefa difícil identificar formas literárias quando se conhece o contexto geral
das Escrituras.
A análise literária identifica a forma ou método literário usada em
determinada passagem com vistas às várias formas como: história, narrativa,
cartas, exposição doutrinal, poesia e apocalipse. Cada uma tem seus
métodos únicos de expressão e interpretação. 
São textos históricos aqueles que visam informar os fatos importantes a
respeito de Israel, da Igreja ou ainda de outros povos relacionados
principalmente com Israel.
A poesia tem características singulares que são a conotação e/ou a
metrificação e/ou a repetição de ideias, etc.
No grego, devemos considerar o termo poietés - fazedor, realizador. No
sentido literário um poeta é alguém que exprime suas idéias mediante
imagens verbais, metáforas e outros artifícios literários. Um poeta prima pela
brevidade
de expressão, em conjunção com expressões claras e eloquência.
A profecia tem como principal característica a predição de fatos históricos
relativos a Israel, como às outras nações e à igreja. 
O texto misto contempla duas ou mais formas literárias. Assim sendo, o
texto: “Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti,
como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para ser glorificados
pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa.
Mas tu, quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a
direita”(Mt 6.2-3). Esse texto é, ao mesmo tempo, doutrinário e poético. Nele
o Senhor Jesus doutrina e usa uma figura de linguagem tornando-o mais
belo e cheio de significado. 
Os textos históricos e biográficos nos convidam à pesquisa histórica, ao
conhecimento dos fatos tais como se deram no tempo em que foram
escritos.
O texto doutrinário exige uma extrema cautela do intérprete pois clama pela
aplicação atual das verdades nele contidas. Uma má aplicação dessas
verdades pode incorrer em erros doutrinários. Constituem doutrina os
ensinamentos de Jesus, dos apóstolos e dos profetas.

14.10 – Décima Regra – Localize o texto numa das Dispensações


Bíblicas
Dispensação é um período de tempo em que Deus trata com o homem de
um modo específico.
Deus está falando com um homem inocente? Com um homem pecador e
sem Lei? Está falando com um homem que tem conhecimento da Lei de
Moisés? O escrito é aplicado aos que estão debaixo da Graça? O escrito se
refere ao Milênio de Cristo?
“Os dipensacionalistas partem de um estudo hermenêutico coerente,
considerando a interpretação normal e gramatical, um fundamento essencial
à sua hermenêutica. Com essa base, fazem distinção entre Israel e a igreja
quanto à dispensação. Como expressou Radmacher: “A interpretação literal
é a ‘linha mestra’ do dispensacionalismo (...). Sem dúvida, o mais
significativo desses (princípios) é a manutenção da diferenciação entre Israel
e a igreja”. Ryrie também comentou essa questão: “Se a interpretação direta
e normal consiste o único princípio hermenêutico válido e se for aplicada
coerentemente, a pessoa se tornará dispensacionalista. Na medida que uma
pessoa acredita que a interpretação normal é fundamental nessa mesma
medida ela se tornará obrigatoriamente dispensacionalista”. Aceitar os
termos Israel e igreja no sentido normal, literal, equivale a conservar sua
distinção. Israel sempre significa o Israel étnico, nuca se confundindo com o
termo igreja, nem as Escrituras jamais empregam igreja em substituição ou
como sinônimo de Israel.”

Quando Jesus disse que haverá menos rigor no juízo para Sodoma e
Gomorra do que para as cidades que rejeitaram a pregação dos Apóstolos,
pondera sobre o conhecimento espiritual dessas cidades: “E, ao entrardes na
casa, saudai-a; se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se
não for digna, torne para vós a vossa paz. E, se ninguém vos receber, nem
ouvir as vossas palavras, saindo daquela casa ou daquela cidade, sacudi o
pó dos vossos pés. Em verdade vos digo que, no dia do juízo, haverá menos
rigor para a terra de Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade.” (MT
10.12-15).

Paulo afirma que “todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão;
e todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão julgados.” (Rm 2.12).

O escritor aos hebreus diz: “Mudando-se o sacerdócio, necessariamente se


faz, também, mudança na Lei.” (Hb 7.12). Ele está se referindo ao
sacerdócio de Cristo.

Sob a orientação de Moisés e Josué, o povo de Israel punia em nome do


Senhor, através de grandes batalhas, os povos daquém e dalém do Rio
Jordão, por causa de seus terríveis pecados. Hoje, a instrução de Cristo é:
“se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra”(Mt 5.39).
Paulo completa dizendo: “Porque não temos de lutar contra a carne e o
sangue, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra o
príncipe das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade,
nos lugares celestiais.”(Ef 6.12).
Deus tem mudado suas estratégias no trato com o homem no decorrer dos
séculos e isso precisa ser levado em consideração no momento do estudo.

14.11 – Décima Primeira Regra – Considere o texto sob a ótica do povo


a quem se destina
A Bíblia divide a humanidade em três povos: 
·         Os Judeus, descendentes de Abraão, com quem foi feita a Antiga
Aliança. 
·         Os Gentios, também chamados no Novo Testamento de povos ou nações
ou gentes ou gregos (esse último nome por causa da língua e cultura grega
espalhada por todo o mundo de então) são aquela parte da humanidade que
ainda não havia feito aliança alguma com o Deus eterno;
·         E, por fim, a Igreja, composta de Judeus e Gentios que fizeram com Deus
o pacto da Nova Aliança em Cristo. 

Confira esta classificação nas palavras de Paulo: “Não vos torneis causa de
tropeço nem para judeus, nem para gentios, nem para a igreja de Deus”(1Co
10.32).
Há textos na Bíblia que só se aplicam a judeus. Outros só se aplicam a
Igreja. Outros ainda, só dizem respeito aos gentios. Mas há também, textos
de aplicação mista, que englobam dois dos povos citados, e os de aplicação
geral envolvendo os três povos.
Mateus destina seu Evangelho especialmente aos judeus e por isso,
preocupa-se constantemente em mencionar o cumprimento das profecias do
Antigo Testamento na vida e obra de Jesus, com o fito de convencer aos
judeus de que Jesus é o Messias prometido a Israel.
Paulo escreve suas cartas à Igreja de Cristo e então preocupa-se em que os
irmãos permaneçam firmes na doutrina, na fé, no amor, na boa conduta e na
esperança das promessas de Deus.
Marcos destina seu Evangelho aos romanos, portanto, a gentios e, assim
sendo, mostra com dinamismo e beleza o extraordinário trabalho de Jesus
em favor dos homens em obediência ao seu Pai celestial. Apresenta-o como
único e insubstituível meio de salvação para a humanidade. Além disso,
toma o cuidado de explicar costumes judaicos e expressões escritas na
língua dos judeus.
Em contraste com outras questões que envolvem o evangelho de Marcos,
parece geralmente aceito pelos estudiosos de que este evangelho foi escrito
em Roma, provavelmente visando os gentios daquela cidade.

14.12 – Décima Segunda Regra – Analise a postura espiritual dos


destinatários do texto
Os Filipenses eram um povo generoso, amoroso e cooperante. Estavam
sempre ajudando o apóstolo Paulo em suas dificuldades. Que esperar de um
Escrito dirigido a um povo desse quilate? Está claro que a Epístola há de ter
um tom amigável, íntimo, fraterno e abençoador.
Filipos, importante cidade da Macedônia e colônia romana, tinha sido
evangelizada por Paulo durante a sua segunda viagem, no ano 50 (At 16.12-
40). Ele tornou a passar por lá duas vezes, quando da sua terceira viagem
no outono de 57 (At 20.1-2) e na Páscoa de 58 (At 20.3-6). Os fiéis que ele
conquistou lá para Cristo testemunharam uma tocante afeição por seu
Apóstolo, enviando-lhe socorros a Tessalônica (Fp 4.6) e depois a Corinto
(2Co 11.9). E quando Paulo lhes escreve é precisamente para agradecer-
lhes novos recursos que ele acaba de receber por intermédio do delegado
deles, Epafrodito (Fp 4.10-20).

O Senhor Deus disse a Moisés, quanto à geração que foi libertada do Egito: “
Tenho observado este povo, e eis que é povo de dura cerviz.” (Ex 32.9b).
Ora, o tratamento divino com um povo, assim duro, é diferente do tratamento
que Ele daria a um povo dócil espiritualmente. O profeta escreverá bênçãos
ou maldições, da parte de Deus, dependendo da posição espiritual do povo
em relação a Deus.
Detectada a situação espiritual do grupo de pessoas a quem é destinado o
Texto, torna-se mais fácil entender toda a linha de raciocínio do escritor e a
forma como ele externa suas emoções e sua posição espiritual em relação
ao povo. Também fica mais simples compreender a postura do próprio Deus
em relação àquelas pessoas.

14.13 – Décima Terceira Regra – Analise as características pessoais do


escritor e das personagens do texto em estudo
Deus é o autor das Escrituras, entretanto, coube ao homem ser canal usado
por Ele para que sua Palavra pudesse chegar até nós. 
O homem tem uma personalidade determinada por sua herança genética,
pelo meio em que vive, e pelo seu “eu” consciente e dotado de livre-arbítrio.
Tudo isso faz de cada escritor bíblico um instrumento peculiar por onde
ressoa a inspiração e a revelação divinas.
Podemos descobrir essas características de indivíduos na Bíblia através de
um estudo que focalize o personagem ou escritor bíblico ao longo de todas
as passagens bíblicas em que esse escreve e/ou aparece. 
É mais fácil compreender um texto onde a personalidade de seu escritor e os
personagens são conhecidos do estudante. Podemos identificar o
temperamento e o caráter de determinados personagens da Bíblia, por suas
atitudes, à medida que aparecem no cenário bíblico.
Tomando o Apóstolo Pedro como exemplo, distinguimos duas fases em sua
personalidade: A primeira, antes da sua completa conversão: “ Simão,
Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; mas eu
roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres,
fortalece teus irmãos.” (Lc 22.31-32). E a Segunda, após a conversão total e
o batismo no Espírito Santo.
Assim, vemos primeiramente um Pedro espontâneo, líder, impulsivo,
agressivo, etc. É espontâneo, quando faz muitas perguntas a Jesus cujas
respostas nos é de extrema valia para o povo de Deus através dois séculos.
É imprudente quando tenta convencer ao próprio Jesus a não morrer na
cruz. É impulsivo quando avança sobre as ondas sem ter fé para tal,
culminando no ridículo do quase afogamento, ou quando se propõe a morrer
com Jesus embora não estivesse preparado para isso. É violento quando se
arremete contra a guarda e fere um soldado. 
Na Segunda fase de sua vida temos um Pedro equilibrado, pacífico, sofredor,
corajoso, cheio de fé e da graça de Deus e um grande líder. Equilibrado
quando é capaz de apoiar e incentivar a Paulo no seu trabalho entre os
gentios e, ao mesmo tempo, conviver com os judaizantes dirigindo a Igreja
entre eles. Pacífico quando é repreendido por Paulo na cara e não rompe
com ele. É sofredor quando é surrado pelos judeus por causa do Evangelho.
É corajoso quando desafia as autoridades judaicas que queriam emudecê-
los para que não pregassem o Evangelho, não temendo açoites e nem
mesmo a morte. Mostra-se cheio de fé e da graça de Deus quando cura
multidões de enfermos com o passar da sua sombra sobre eles. Tornou-se
um grande líder entre os apóstolos e foi contado entre as “colunas” da Igreja
que estava em Jerusalém.
A personalidade de Pedro é uma das mais empolgantes da bíblia. Esse
apóstolo tornou-se um exemplo daquilo que Deus pode fazer na vida de um
homem que a Ele se dedica e Nele tem fé.

14.14 – Décima Quarta Regra – Descubra o objetivo do texto


É muito importante descobrir o objetivo do texto em tela, pois, através dele,
temos uma linha mestra para a interpretação. Às vezes, o próprio texto ou
contexto nos informa o objetivo como é o caso dos sinais registrados no
Evangelho de João. “Jesus, na verdade, operou na presença de seus
discípulos ainda muitos outros sinais que não estão escritos neste livro;
estes, porém, estão escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de
Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.”(Jo 20.31).
Quando o objetivo não está explícito no texto, o conselho é lê-lo o texto
várias vezes até descobri-lo. Estando evidente o propósito com que um
determinado texto foi escrito tem-se a coluna vertebral de todos os
argumentos usados pelo escritor, podendo-se facilmente detectar o que é
principal e o que é acessório.
A descoberta do objetivo central do texto livra o exegeta de uma
interpretação marginal ou secundária.
É preciso tomar em consideração o objetivo ou desígnio do livro ou
passagem em que ocorrem as palavras ou expressões obscuras...
O desígnio alcançado pelo estudo diligente nos oferece auxílio admirável
para a explicação de pontos obscuros, para a aclaração de textos que
parecem contraditórios e para conseguir um conhecimento mais profundo de
passagens em si claras.

14.15 – Décima Quinta Regra – Verifique se o texto é numenológico ou


fenomenológico
·         Fenomenológica (perspectiva humana) é aquilo que os sentidos do
homem percebem.
·         Numenológica (perspectiva divina) é a realidade que está de fato
ocorrendo, independente de como a percebem os sentidos do homem, é a
coisa em si.

Os sentidos humanos são facilmente enganados pelo que é a aparência da


realidade e daí surge a narração fenomenológica. Um texto clássico desse
tipo de narração está no Livro de Josué onde o texto afirma que o sol parou.
Hoje, pelos conhecimentos científicos, sabemos que se o sol parar não
perceberemos que o mesmo parou, desde que a terra continue girando
normalmente em seus movimentos de rotação e translação. Não temos aqui
um exemplo de linguagem figurada. O que o escritor disse é aquilo que
percebeu por meio dos sentidos, portanto, pensava estar narrando a
realidade tal como se deu.
O estudante da bíblia precisa buscar o máximo de conhecimento científico
em todas as áreas para que possa diferenciar o real do sensitivo, embora
nunca poderá conhecer aquilo que a ciência ou o próprio Deus ainda não
revelou e que, por isso mesmo, permanece sob a miopia dos sentidos
humanos.

Outra narrativa fenomenológica importante se encontra na passagem bíblica


em que Saul consulta a necromante de En-Dor: 
“Vendo Saul o arraial dos filisteus, temeu e estremeceu muito o seu coração.
Pelo que consultou Saul ao Senhor, porém o Senhor não lhe respondeu,
nem por sonhos, nem por Urim, nem por profetas. Então disse Saul aos seus
servos: Buscai-me uma necromante, para que eu vá a ela e a consulte.
Disseram-lhe os seus servos: Eis que em En-Dor há uma mulher que é
necromante. Então Saul se disfarçou, vestindo outros trajes; e foi ele com
dois homens, e chegaram de noite à casa da mulher. 
Disse-lhe Saul: Peço-te que me adivinhes pela necromancia, e me faças
subir aquele que eu te disser. A mulher lhe respondeu: Tu bem sabes o que
Saul fez, como exterminou da terra os necromantes e os adivinhos; por que,
então, me armas um laço à minha vida, para me fazeres morrer? Saul,
porém, lhe jurou pelo Senhor, dizendo: Como vive o Senhor, nenhum castigo
te sobrevirá por isso. A mulher então lhe perguntou: Quem te farei subir?
Respondeu ele: Faze-me subir Samuel. Vendo, pois, a mulher a Samuel,
gritou em alta voz, e falou a Saul, dizendo: Por que me enganaste? pois tu
mesmo és Saul.
Ao que o rei lhe disse: Não temas; que é que vês? Então a mulher
respondeu a Saul: Vejo um deus que vem subindo de dentro da terra.
Perguntou-lhe ele: Como é a sua figura? E disse ela: Vem subindo um
ancião, e está envolto numa capa. Entendendo Saul que era Samuel,
inclinou-se com o rosto em terra, e lhe fez reverência. 
Samuel disse a Saul: Por que me inquietaste, fazendo-me subir? Então disse
Saul: Estou muito angustiado, porque os filisteus guerreiam contra mim, e
Deus se tem desviado de mim, e já não me responde, nem por intermédio
dos profetas nem por sonhos; por isso te chamei, para que me faças saber o
que hei de fazer. Então disse Samuel: Por que, pois, me perguntas a mim,
visto que o Senhor se tem desviado de ti, e se tem feito teu inimigo? O
Senhor te fez como por meu intermédio te disse; pois o Senhor rasgou o
reino da tua mão, e o deu ao teu próximo, a Davi. Porquanto não deste
ouvidos à voz do Senhor, e não executaste o furor da sua ira contra
Amaleque, por isso o Senhor te fez hoje isto. E o Senhor entregará também
a Israel contigo na mão dos filisteus. Amanhã tu e teus filhos estareis
comigo, e o Senhor entregará o arraial de Israel na mão dos filisteus.
Imediatamente Saul caiu estendido por terra, tomado de grande medo por
causa das palavras de Samuel; e não houve força nele, porque nada havia
comido todo aquele dia e toda aquela noite.” (1Sm 28)

Claro está que Satanás, conhecedor das limitações humanas, criou todo um
ambiente de engano para que fosse passada a impressão de que Samuel
houver saído do Paraíso de Deus para participar daquele culto espírita.
É interessante notar que o escritor do texto citado, que não foi Samuel por já
estar morto, narrou os fatos como percebidos pelos sentidos daqueles que lá
estiveram ou por terceiros que deles tiveram notícia.
A não compreensão da narrativa fenomenológica e o engano de Satanás tem
subsidiado até hoje os espíritas que encontram, nesse texto, uma base para
sua doutrina de consulta aos mortos.

14.16 – Décima sexta regra - Retire do texto suas verdades temporais e


intemporais
Depois de todo o estudo indicado acima, chega o momento final da
interpretação, onde o estudante vai procurar traduzir o que o texto significava
para o povo de sua época e como essas verdades podem ser aplicadas em
nossa época e cultura. Chamamos de verdades temporais, as que duram
apenas um período de tempo e intemporais, as que permanecem para
sempre.
Com a Nova Aliança, ficaram ultrapassados vários costumes, ritos e ensinos
da Velha Aliança. Por isso precisamos estar atentos para as coisas que a
própria Palavra fez perecer e que certos intérpretes fazem questão de
ressuscitar contrariamente aos ensinos de Cristo e dos Apóstolos. O
discernimento sobre as verdades temporais e intemporais baseia-se
principalmente na comparação dos demais escritos bíblicos com aquilo que é
a Doutrina de Jesus. 
Os ensinos de Jesus constituem o que é essencial para o homem. Jesus não
se detém em miudezas, mas trata do que é substancial para que o perdido
pecador seja reconciliado com Deus e viva uma vida que lhe seja agradável.
Jesus ensina o que é moral e espiritual. Ele lança sabiamente um novo e
maravilhoso mandamento: “Um novo mandamento vos dou: que vos ameis
uns aos outros; assim como eu vos amei a vós, que também vós vos ameis
uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se
tiverdes amor uns aos outros.” (Jo 13.34-35). 
As verdades que estão relacionadas com a Lei do Amor são intemporais.
Todo ensinamento bíblico que aperfeiçoa o leitor para a prática do amor
reverente a Deus e respeitoso ao próximo é para sempre.

14.17 – Décima Sétima – Compare suas conclusões com as de bons


exegetas
Comparando sua exegese com a de escritores bem recomendados e
tarimbados, poderá medir seu grau de capacidade de interpretação, ao
mesmo tempo que terá mais segurança para expor suas conclusões e se
envolver em outras jornadas exegéticas.
Um dos grandes erros das mais famosas seitas heréticas existentes entre
nós é o desprezo por tudo o que já foi feito pelos estudiosos de todas as
épocas sobre as Escrituras. Desconsideram o labor de santos, doutos e
dedicados homens de Deus à tarefa de estudar, interpretar, compilar e
traduzir os escritos canônicos e isto numa época em que tudo era feito à
mão. Os hereges surgem com novas interpretações, traduções e acréscimos
ao material canônico, como se toda a revelação e interpretação divinas lhes
fossem confiadas particularmente, levando multidões às trevas da ignorância
do bom e sadio conhecimento a respeito de Deus.

Bibliografia
Ø  Lund / P. C. Nelson. HERMENÊUTICA: Regras de Interpretação das
Sagradas Escrituras, Editora Vida, 1968
Ø  Josias Moura de Menezes. APOSTILA DO INSTITUTO BÍBLICO BETEL
BRASILEIRO DE HERMENÊUTICA, João Pessoa.
Ø  Douglas Stuart e Gordon D. Fee. MANUAL DE EXEGESE BÍBLICA, Editora
Vida Nova, 2008
Ø  GRASSMICK, John. Exegese do Novo Testamento: do texto ao
púlpito; Editora Vida, São Paulo,
Ø  ZUCK, Roy. Interpretação bíblica: A meios de descobrir a verdade da
Bíblia; Editora Vida, São Paulo,
Ø  OSBORNE, Grant R. Espiral hermenêutica: A uma nova abordagem à
interpretação bíblica; Editora Vida, São Paulo,
[1] Hilton Ferreira Japiassu nasceu em Carolina, Maranhão, no dia 26 de
março de 1934.
Filho de José Alves Ferreira e Walmerina Japiassu Ferreira, alcançou a
licenciatura em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro (PUC) em 1969.

[2] Inspiração mecânica ou teoria do ditado verbal - Segundo esse pensamento, a


inspiração da Bíblia aconteceu como um ditado literal da Palavra de Deus aos
escritores, como uma espécie de “transe”, onde praticamente não havia lugar para a
atividade intelectual, para a formação acadêmica, nem mesmo para o estilo de cada
escritor. Os autores não passaram de uma maquina de escrever humanas ou ditafones
que serviram como instrumentos para que a Palavra de Deus chegasse eventualmente
a incorporar-se no cânon sagrado.
[3] Inspiração de conceitos ou ideias - Ensina que Deus inspirou as ideias
contidas na Bíblia na mente dos autores... apenas as ideias, mas nenhuma Palavra...
Segundo essa teoria, as palavras registradas por escrito são de responsabilidade
exclusiva dos escritores – eles teriam colocado no papel, à sua maneira, as ideias que
lhes foram inspiradas.
[4] Inspiração plena e verbal - É considerada como a teoria correta da inspiração
bíblica.
Verbal – Implica que os autores não foram inspirados apenas em suas ideias gerais,
mas nas próprias palavras usadas por ele. A ideia é que cada palavra escrita nos
manuscritos originais teve a supervisão de Deus.
Plenário – A inspiração reivindicada se estende a toda a Bíblia. Deus fez com que
toda Escritura fosse escrita e não apenas as seções que levam as marcas da inspiração
mais claramente.
[5] Inspiração parcial - Ensina que partes da Bíblia são inspiradas e outras
não. Afirma que a Bíblia não é a Palavra de Deus, mas que apenas contém a
Palavra de Deus. Admite certas partes da Bíblia como sobrenaturalmente
inspiradas, ou seja, porções da Bíblia que de outra forma seriam
desconhecidas (relatos da criação, profecias, etc.)
[6] O Modernismo Teológico - O Iluminismo foi o legado do modernismo que
originou um movimento intelectual feito por pensadores filosóficos que ocorreu no
final do século XVII e no século XVIII, que destacava a soberania da razão humana.
Foi um tempo em que tiraram Deus do centro para colocar o homem com sua razão.
Nessa época eles só procuravam entender o quê era possível para a razão humana, e
tudo que não fosse racional era colocado de lado. Portanto, todas as suposições
metafísicas religiosas eram abomináveis para eles, pois era tudo irracional.
Esse período da história moderna tinha seus maiores pensadores na Alemanha e
Holanda. Especialmente era fundamentado no racionalismo e no anti-
sobrenaturalismo de Descartes, Spinoza e Leibniz, e, também, no empirismo de
Locke, Berkeley e Hume.
[7] Teologia liberal (ou liberalismo teológico) foi um
movimento teológico cuja produção se deu entre o final do século XVIII e o
início do século XX. Relativizando a autoridade da Bíblia, o liberalismo
teológico estabeleceu uma mescla da doutrina bíblica com a filosofia e as
ciências da religião.
Oficialmente, a teologia liberal se iniciou, no meio evangélico, com o
alemão Friedrich Schleiermacher(1768-1834). Essa teologia é fruto do
modernismo teológico.
[8] A neo-ortodoxia ou barthianismo é um modelo teológico ligado ao
nome do teólogo alemão Karl Barth (1886-1968). Sua obra literária de maior
destaque é a Dogmática da Igreja, escrita em treze volumes que encerram
os elementos principais do seu pensamento.
Barth ensinou que a única revelação de Deus ao homem é Cristo. Só ele é a
Palavra de Deus. Por ele, exclusivamente, Deus se comunicou com os seres
humanos e isso aconteceu quando a Palavra se fez carne e o Deus-homem
se manifestou ao mundo. 
De acordo com esse entendimento, a Bíblia não é a Palavra de Deus, pois
somente Cristo é. Ademais, Barth não cria que as palavras
das Escrituras fossem inspiradas e também não acreditava que os registros
bíblicos fossem infalíveis. Curiosamente, segundo a neo-ortodoxia, ainda que
a Bíblia não deva ser vista como revelação de Deus, ela deve ser respeitada,
pois as Escrituras podem se tornar Palavra de Deus caso Cristo fale
conosco por intermédio de suas páginas e assim nos conduza a um encontro
com ele. Dessa forma, elas não são Palavra de Deus num sentido objetivo,
mas podem vir a ser num sentido subjetivo e existencial, dependendo do
impacto espiritual que causem sobre um determinado indivíduo, num dado
momento de sua vida. 
Reagindo ao liberalismo teológico, a teologia dialética ou neo-ortodoxa tem
em Karl Barth o principal nome. Além dele, outros teólogos tornaram-se
conhecidos, como Emil Brunner, Friedrich Gogarten, Eduard
Thurneysen e Rudolf Bultmann, por exemplo.
[9] O termo ortodoxia normalmente é empregado pelo protestantes para se
referir ao sumário das doutrinas defendidas pelos reformadores e em geral
aceitas pelas igrejas das Reforma. Nesse caso, ser ortodoxo significa estar
de acordo com os princípios da Reforma.
[10] A palavra "dispensação" deriva-se de um termo latino que significa
"administração" ou "gerência", e se refere ao método divino de lidar com a
humanidade e de administrar a verdade em diferentes períodos de tempo.
[11] Então a visão da interpretação epigenética das escrituras funciona assim
como o desenvolvimento de uma semente. Primeiro temos a semente, em
cujo DNA esta tudo escrito que vira a ser no futuro. Exemplo: uma semente
de laranja. Se eu tomar na mão uma semente de laranjeira, não tenho uma
laranjeira na mão, não tenho flores de laranjeira com o cheiro característico,
nem laranjas. Mas por outro lado tenho tudo isso, é só plantar a semente e
tudo o mais vira naturalmente. De maneira que quando eu tiver uma
laranjeira com flores e seu cheiro característico, na verdade não terei nada
que já não existisse antes, somente tive que esperar o desenvolvimento
histórico para que chegasse lá. Agora veja por exemplo esta aplicação do
modelo epigenético para interpretar a Bíblia: No plano de Deus, o que Ele
está fazendo como produto final, não foi o ser humano representado por
Adão e Eva como se encontravam no paraíso, mas o ser humano
representado por Jesus na sua glorificação. Inclusive nossos corpos na
ressurreição serão semelhantes ao de Jesus. Portanto Deus não voltando na
história para fazer concertos, mas seguindo em frente rumo ao
desenvolvimento da semente humana. No final da história não seremos
como Adão no Paraíso, mas como Jesus depois da ressurreição.
Por esse processo explicamos o desenvolvimento da criação e também
a entrada do pecado no mundo que causou a mudança epigenética na raça
humana, mas que não pegou Deus desprevenido, porque Ele já tinha
planejado, dentro do livre arbítrio humano, a redenção ou a continuação de
sua criação através do novo nascimento em Cristo Jesus, através do qual
passamos a receber seu DNA, exemplos: II Pedro 1:3-4, I Pedro 1:18-21.
O Modelo epigenético nos proporciona uma ferramenta para
interpretação bíblica através da qual as doutrinas básicas e amplamente
reconhecidas pela igreja cristã se alinham sem contradição.
[12]Análise Léxico-Sintática - Definição e Pressuposições
Análise léxico-sintática é o estudo do significado de palavras tomadas
isoladamente (lexicologia) e o modo como essas palavras se combinam
(sintaxe), a fim de determinar com maior precisão o significado que o autor
pretendia lhes dar.
A análise léxico-sintática fundamenta-se na premissa de que embora as
palavras possam assumir uma variedade de significados em contextos
diferentes, elas têm apenas um significado intencional em qualquer contexto
dado. Assim, se eu dissesse “Ele é ou está verde”, essas palavras poderiam
significar que (1) ele é inexperiente, ou (2) ele está doente, ou (3) ele está
assustado. Conquanto minhas palavras pudessem significar qualquer uma
dessas três coisas, o contexto geralmente indicará qual dessas ideias eu
desejo comunicar. A análise léxico-sintática ajuda o intérprete a determinar a
variedade de significados de uma palavra ou de um grupo de palavras, e
então declarar que o significado X é mais provável do que o significado Y ou
Z de ser a intenção do autor nessa passagem.
Passos para a Análise Léxico-Sintática – Ás vezes a análise léxico-
sintática é difícil, mas com frequência ela produz resultados empolgantes e
significativos. A fim de tornar este processo complexo, um tanto mais fácil de
entender, ele foi subdividido num procedimento de sete passos:
1.     Apontar a forma literária geral à A forma literária que o autor usa (prosa,
poesia, etc.) influência o modo como ele pretende que suas palavras sejam
entendidas.
2.     Investigar o desenvolvimento do tema e mostrar como a passagem em
consideração se encaixa no contexto à Este passo, já iniciado como parte
da análise contextual, dá uma perspectiva necessária para determinar o
significado das palavras e da sintaxe.
3.     Apontar as divisões naturais do texto à As principais unidades conceituais
e as declarações transicionais revelam o processo de pensamento do autor
e, portanto, tornam mais claro o significado que ele quis dar.
4.     Identificar os conectivos dentro dos parágrafos e sentenças à Os
conectivos (conjunções, preposições, pronomes relativos) mostram a relação
que existe entre dois ou mais pensamentos.
5.     Determinar o significado isolado das palavras à Qualquer palavra que
sobrevive por muito tempo numa língua começa a assumir uma variedade de
significados.
6.     Analisar a sintaxe à A relação das palavras entre si expressa-se por meio
de suas formas e disposições gramaticais.
7.     Colocar os resultados de sua análise léxico-sintática em palavras que não
tenham conteúdo técnico, fáceis de ser entendidas, que transmitam com
clareza o significado que o autor tinha em mente.
[13] Este passo, já iniciado como parte da análise contextual, é importante
por dois motivos.
·         Primeiro, o contexto é a melhor fonte de dados para a determinação de
qual dos diversos possíveis significados de uma palavra é o que o autor tinha
em mente.
·         Segundo, a não ser que uma passagem seja colocada na perspectiva de
seu contexto, há sempre o perigo de ela se envolver tanto nas tecnicidades
de uma análise gramatical que o intérprete perca a visão da ideia (ou ideias)
básica que as palavras realmente comunicam.

[14] Significado da Palavra
Em sua maioria, as palavras que sobrevivem por longo tempo numa língua
adquirem muitas denotações (significados específicos) e conotações
(implicações complementares). Ao lado de seus significados específicos,
muitas vezes as palavras têm uma variedade de denotações vulgares, isto é,
usos encontradiços na conversação comum.
As palavras ou frases podem ter denotações vulgares e também técnicas.
Por exemplo, a frase “Há uma onda de coqueluche na cidade” tem um
sentido quando empregada como termo médico, mas o sentido muda por
completo quando se diz que “a coqueluche da cidade é andar com calças
‘jeans’ “ desbotadas”, onde a linguagem é vulgar.
As denotações literais podem, finalmente, conduzir a denotações
metafóricas.
Usada literalmente, a palavra verde designa uma cor; empregada com
sentido metafórico, pode estender-se desde a cor de uma laranja que ainda
não amadureceu até à ideia de uma pessoa imatura, ou inexperiente.

Método para Descobrir as Denotações de Palavras Antigas


Há três métodos geralmente adotados para se descobrir a variedade de
significados que uma palavra possa ter:
1.       O primeiro é estudar os modos como ela foi empregada em outra
literatura antiga.
2.       O segundo método é estudar os sinônimos, procurando pontos de
comparação bem
como de contraste.
3.       O terceiro método para a determinação dos significados de uma palavra é
a etimologia – o estudo do significado das raízes históricas da palavra.

Há disponíveis vários tipos de instrumentos léxicos que capacitam o atual


estudioso das Escrituras a averiguar os diversos possíveis significados de
palavras antigas. Os mais importantes tipos de instrumentos léxicos estão
descritos a seguir.
·         Concordâncias à Uma concordância, ou chave bíblica, contém uma lista
de todas as vezes que determinada palavra é usada na Escritura. Para
examinar os vários modos em que determinada palavra hebraica ou grega foi
empregada, consulte-se uma concordância hebraica ou grega, que arrola
todas as passagens em que aparece a palavra.
·         Léxicos à Léxico é um dicionário de vocábulos hebraico ou gregos.
Como um dicionário da língua portuguesa, ele registra as várias denotações
de cada palavra nele encontrada.
Muitos léxicos oferecem uma síntese do uso das palavras, tanto na literatura
secular como na bíblica, citando exemplos específicos. Muitas vezes as
palavras hebraica e gregos estão registradas em ordem alfabética, de modo
que é útil conhecer os alfabetos hebraico e grego a fim de usar esses
instrumentos.
·         Sintaxe à A sintaxe trata do modo como os pensamentos são expressos
por meio de formas gramaticais. Cada língua tem sua própria estrutura, e um
dos problemas que tanto dificultam a aprendizagem de outra língua é que o
estudante deve dominar não só as definições e pronúncias das palavras da
nova língua, mas também novos modos de dispor e demonstrar a relação de
uma palavra com outra.
A língua portuguesa é analítica: a ordem das palavras é um guia para o
significado. O hebraico é, também, uma língua analítica. O grego, pelo
contrário, é uma língua sintética: o significado é entendido apenas
parcialmente pela ordem das palavras e muito mais pelas terminações da
palavra ou pelas terminações de casos.
·         Bíblias Interlineares. Estas bíblias contêm o texto hebraico ou grego com
a tradução impressa entre as linhas (daí o nome interlinear). Justapondo-se
os dois conjuntos de palavras, elas capacitam o estudante a indicar
facilmente a palavra (ou palavras) hebraica ou grega que ele deseja estudar.

[15] Os escritos apocalípticos contêm palavras empregadas com sentido


simbólico. A prosa e a poesia empregam palavras com sentidos literal e
figurativo; na prosa predomina o uso literal; na poesia, usa-se com maior
frequência a linguagem figurativa.

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