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lo.

O mostrador é a base ergo- O aülor perdeu boa oportu- Ergonomia


notécnica (permitam tal neo- nidade de adaptar ao operário
logismo para "agi I izar" a língua- · brasileiro a tabela 4 - dimen- Por Antoine Laville, tradução
gem} da instrumentação e da le- - sões estimadas em (?) polega- de Marcia Maria Neves Teixeira
gibilidade. das(? ) da populaçãe inglesa en- do original L'Ergonomie, cole-
tre 18 e 40 anos de idade - cor- ção "Que sais-je? ", n. 1626,
No quarto capítulo, sobre tesia da British Furniture I ndus- Presses Universitaires· de F rance,
inspeção e eficiência humana, o try Research Association. Não é 1976; São Paulo, EPU, Editora
autor dá vazão a um .passado tão -difícil realizar uma tabela da Universidade de São Pau-
que deve ter sido desepcionan- "antropométrica" (é êsta a pa- lo, 1977, brochura, 101 p.,
te, por exemplo, "os inspetores lavra) para o espaço do tra- ilustrada, bibliografia sumária.
humanos têm capacidade men- baiho necessário para o ope- Cr$ 60,00.
tal limitada" (p. 57). Posterior- rário brasileiro, ainda mais que
mente, cita ·exemplos e o pas- o autor teve a _sua disposi-
sado afiara de novo: "por que ção o pessoal do curso de mes-
são baixos os padrões de inspe- trado do COPPE - daí a minha
cão? " Gostei, no entanto, mui- decepção.
to da "dissertação sobre ~~fadiga de
A infalível lista Fitts sobre
e eficiência" (p. 67), na qual o homem comparado à máquina
existem exemplos práticos mui- _ aparece no nono capítulo, que
to úteis, mesmo para um pes- trata das tendências atuais para
qúisador, e o tratamento é mui- o planejamento de sistemas ela-
to mais profundo que no resto . ro, coeso, mas insuficiente. O
do livro. O quinto capítulo, so- décimo capítulo sobre o futuro
bre sistemas humanos de inspe- da ergonomia nada adiciona ao
ção, é m• •i to bom pelo ques- livro. Mais uma vez é ótima a
tionário, oe resto é insuficiente listagem no apêndice da verifi-
pelas somente 1O páginas que cação por perguntas do estado
tem. O capítulo sobre homens, de coisas nu ma empresa quanto
máquinas e controles é uma à ergonomia. E faço uma refe-
síntese boa com desenhos cla- rência especial com louvor à boa O presidente da editora da Uni-
ros, duas tabelas sinóticas - extensão da bibliografia inglesa versidade de São Paulo, o Prof.
uma de uma operação de "bro- a norte-americana de ergo~omia _ Dr. Mario Guimarães Ferri -é,
cagem" (palavra do livro: neolo- apresentada no fim de cada ca- por informação de fonte insus-
gismo para "furar com broca") pítulo. peita da própria Universidade,
e a outra sobre "tipos de con- Resumidamente temos mais interessado · em vulgarizar os
troles" que não me parece tam- um bom livro de ergonomia à conhecimentos científicos atra-
bém a palavra certa, pois "bo- disposição do estudante e do vés da editora. O momento pre-
tão", "manivela", "pedal", etc., técnico brasileiro, com uma tra- sente exige da Universidade
não são contro_les no sentido dução que é prejudicada pela duas atividades paralelas - a da
restrito, mas "meios de aciona- manutenção de unidades ingle'- formação de nível de graduação
mento e graduação". sas de medida e palavras ado- e pós-graduação e de manter
O cap í tu Io sobre o assento na tadas mais especificamente pelo cursos de extensão e aperfeiçoa-
indústria tem como novidades a autor e menos pela comunidade mento. Este livro saiu de uma
pressão de compressão em I ibras técnica em geral. Agora, o pró- coleção de volumes de divulga-
(deveria ser ao menos ''libras ximo livro de ergonomia no ção franceses e destina-se a cur-
por polegada quadrada" senão Brasil deverá ser de "ergonomia sos de divulgação da matéria,
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kg/cm - sistema métrico legal tropical", baseado em pesquisas sem busca de fontes científicas
no Brasil) variando da posição do trabalho nas condições brasi- ou desenvolvimento maior do
"sentado normalmente" (isto é, leiras. O assunto. Sob este ponto de vis,
com as pernas bem juntinhas) ta, atinge plenamente sua meta,
para a posição "de pernas cru- servindo, portanto, a cursos de
Kurt E. Weil
-zadas". O autor não conhece a engenharia de segurança.
observação do resenhista, que O Iivro é baseado em genera~
verificou que o importante não !idades sobre o assunto - não
é a pressão total na superfície aprofunda - mas mesmo assim
da já mencionada "tuberosídade contribui com alguns aspectos
isqu ia I" mas nos ossos da bacia. novos e interessantes . . É na mi-

Revista de Administração dt• Hmpresas


nha opinião, o mais intensa- explica porque muda de unida- mo todos os Iivros da altura do
mente "psicológico" de todos de no meio da frase, de kg para assento, é curto demais - todo
os livros que já tive · ocasião de litro); a temperatura retal pode tamanho do livro ~ão' seria sufi-
ler ou folhear. Talvez por ser ·O aumentar no máximo de 1,2° C ciente para esgotar esse assunto.
primeiro, da escola francesa de e a pulsação deve regredir após Considerando que um livro
ergonomia - se tal pode existir a interrupção do trabalho em 5 de ergonomia completo trata da
numa ciência mundial de vasos minutos para 35 a 40 pulsações psicologia, fisiologia, anatomia,
comunicantes - que foi lido acima do nível do repouso. O engenharia, sociologia, etc. do
por mim. autor diz que, acima disso, po- trabalho, e do projeto do lugar
Em 100 páginas de livro e dem ocorrer acidentes que ele de trabalho - esgota problemas
uma página de bibliografia su- chama de "onda de calor". Re- do tipo de alcance da mão, ta-
mária, o autor não pode fazer almente é possível que, no tra- belas de Fitts, etc., o volume é
mais do que fez - a letr~ á gran- balho no calor, o operário tenha de conteúdo insuficiente. Mas
de e de fácil leitura: 55 pontos três tipos de acidentes térmicos, quando os conheci mentes de er-
(letras) por 9cm. Espaços em sendo que o coiapso térmico é o gonomia inexistem, quando não
branco ocupam mais de 10% da pior, caimbras térmicas são as há possibilidade de se aperfei-
área impressa, reduzindo o livro mais temidas pelas dores e inso- çoar, a não ser por um livro, en-
a 90 páginas úteis. Essa verifica- lação é o mais /comum e, even- tão temos aqui uma introdução
ção me parece ser altamente tualmente, mais leve dos aciden- elementar, complementar do li-
"imobiliária", pois é como falar tes. Mas sobre isso o livro silen- vro de Colin Palmer, da FVG. O
de "área total" e "área útil" de cia, como também sobre o tra- livro de Laville explica a ergo-
um apartamento. Mas, então, tamento preventivo- pílulas de nomia menos como uma adap-
em 90 páginas de área útil o au- sal. No entanto, trata do meca- tação do homem à máquina
tor trata dos seguintes itens: nismo térmico regulador do or- (human engineering) ou da má-
ganismo e fala dos ambientes quina ao homem (works factor)
Introdução confortáveis. Automaticamente e mais como o estudo da fisio-
Capítulo 1 - Principais ele~ o livro tem de se autolímitar, e psicologia do homem no tra-
mentes do trabalho; a diferença entre resenha e crí- balho. É, portanto, um bom li-
Capítulo" 2 - Elementos do tica é que a primeira só consta- vro elementar, de preço relativa-
trabalho mental; ta, sem procurar dizer o que po- mente elevado, mas fácil de ler 107
Capítulo 3 O trabalho fí- deria ter sido o produto do au- em menos de três horas para
sico; tor, se ele fosse e~. Por sinal, no quem tiver alguma prática. O
Capítulo 4 Duração, ritmo e Brasil é melhor transformar a
carga de trabalho; temperatura retal, em livros Kurt E. Weil
Capítulo 5 As posturas do não-médicos, em bucal ou axi-
trabalho; lar, dada a sua maior facilidade
Capítulo 6 As dimensões de obtenção.
dos meios de trabalho; Este livro tem para mim a
Capítulo 7 Os meios físico- primazia de apresentar, em ter-
ambientes; . mos não-"informáticos" (de
Capítulo 8 Tenipo e traba- programação), as decisões de
lho; um controlador de um produto
Capítulo 9 Ergonomia dos químico. Como as decisões na
sistemas; maioria das vezes são "biná-
Capítulo 10 - Campos especí- rias", poderia ter sido também
ficos da ergonomia; mostrado como o computador
Capítulo 11 - Métodos. substitui o- controlador. Mas o
quadro da decisão do contro-
A tradução é boa, bem cu i- lador já é suficiente.
dada e fácil d.:. entender. Os grá- O livro trata muito bem do
ficos são claros e fáceis de se- ritmo e da carga de trabalho. A
rem lidos. figura 4 sobre tipos de coman-
Gostei muito, no resumido do, tratando de alavanca hori-
contexto do Iivro, de dados po- zontal e vertical, rotativa, tipo
sitivos e claros, como p. ex.: o marcha de automóvel e mani-
operário não pode perder mais vela, é especialmente clara. O
que 1 kg/h ou 5 l/dia de suor (o capítulo sobre as dimensões dos
livro fala em "sudores" - e não r:neios de trabalho, tratando co-

R esenha bibliográfica

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