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Cogitamus
Seis cartas sobre as humanidades científicas
Cet ouvrage a bén!ficié du soutien tÚs programmes d'aide à la publication de l1nstitut Français.
Este livro contou com o auxílio dos programas de apoio à publicação do lnstitut Français.
f'h~~t~Is
BRASIL
...
contou com o apoio do Ministério francês das Relações Exteriores e Europeias.
Prezada senhorita,
Desculpe-me não ter sabido responder de imediato às
suas perguntas - e à sua inquietação, inclusive. Assim como
você, sinto-me sobressaltado com todo este caos em torno da
conferência de Copenhague sobre as mudanças climáticas. Fi-
camos com a impressão de que ela é extremamente importan-
te, algo de que depende toda a vida na Terra, mas, ao mesmo
tempo, parece - de maneira não muito clara- que as ques-
tões em jogo são muito amplas, vagas e incertas para que che-
guemos a nos mobilizar de forma duradoura. Tampouco sei co-
mo escolher entre as trágicas previsões de determinados ecolo-
gistas, que falam de um mundo que está desabando diante dos
nossos olhos, e as declarações tranquilizadoras que, para que
não nos sintamos em apuros, dizem que temos que nos acal-
mar, depositando nossa confiança no desenvolvimento das
ciências e das técnicas. ~mos escolher entre o Apocalipse e
o futu!9- radi~? Acredito, antes, que precisamos retro~der
um--pe-tt€6,a-fim de questionar de onde podem surgir senti-
mentos.-táo__çontraditórios. Foi por isso que tomei a liberdade
Gravura anônima reproduzida em
de informá-la a respeito da existência do meu curso, no qual
Pierre Varignon, Projet d'une nouvelle méchanique, você não está inscrita - eu sei - , mas do qual posso, se você
Paris, Chez la Veuve d'Édme Martin, Jean Boudot quiser, resumir o começo, de maneira que você esteja em ple-
et Éstienne Martin, 1687, p. 1. nas condições de começar a frequentá-lo sem dificuldades.
Primeira carta 9
..
Saiba que o curso é totalmente baseado em uma leitura Ah, acabo de me dar conta de que ainda não comentei a
atenta da atualidadç; restrinjo-me a dar aos meus alunos algu- respeito de que o curso de fato trata; é um pouco difícil defi-
mas noções de história, filosofia, sociologia para ajudá-los a ni-lo em apenas algumas palavras. Se você fosse fazer um curso
identificar na massa de acontecimentos correntes aqueles que de economia, grego antigo, estatística ou agronomia, seria mais
nos interessam. De algum modo, é como se eu me limitasse a fácil explicá-lo. Haveria nesses campos centenas, milhares de
oferecer a voz em ojfde um documentário sem interrupções:_ pessoas para ensiná-los e para acompanhá-los. Hábitos se esta-
Depois, caberia aos alunos ter autonomia para.lidar com essas b~leceriam;_ você <lispo-ria de manuais, livros d~xercícios, bi-
noções, para compor sua..propria- doeumentação, elaborar Sl!a bliografia. Infelizmente, ensino um domínio que não existe ver-
própria opinião e redigir seus próprios comentários.. Eu não os dadeiramente; sou praticamente o único que o define dessa ma-
avaliaria por seus conhecimentos, mas sim por sua aptidão pa- neira: em suma, eu e - digamos - algumas dezenas de cole-
ra mobilizar os instrumentos que lhes propus para avançare.q:i gas, a quem quase em sua totalidade tenho o privilégio de co-
em sua investigação pessoal., nhecer! 1 Por um lado, esse terreno é tão vasto que afeta a exis-
Não sei se para você esse procedimento parece convenien- tência desde o princípio dos tempos e, por outro, tão reduzi-
te. Em todo caso, se o assunto interessar, aconselho que faça do que repousa sobre apenas um pouco mais de uma dúzia de
como meus alunos e crie um diário de borJ;;; que você poderá conceitos. É isso que com frequência faz com que os estudan-
preencher de acordo com sua vontade, na maior frequência
possível, com o intuito de incluk.-nele.__us ducumentos....jl!illa-
1
mente com os acontecimentos que tenha encontrado, aos gy_ais O terreno dos science studies é bastante vasto, sobretudo em língua in-
você agregará depois os comentários que o curso lhe suscitar. glesa. A melhor introdução é a de Dominique Pestre (lntroduction aux science
studies, Paris, La Découverte, 2006), que inclui numerosas referências. Para
Minhas anotações não serão nada além de um estímulo p~ra
uma versão bastante crítica, procure por Pierre Bourdieu, Science de la science
ajudá-la a avançar nesse diário. Por outro lado, eu também man- et réflexivité, Paris, Raisons d'Agir, 2001. Para uma mais filosófica, mas muito
tenho meu próprio diário, de modo que poderemos comparar sucinta, leia Isabelle Stengers, Sciences etpouvoirs: la démocratie face à la techno-
com facilidade nossas conclusões. Para você está bem que proce- science, Paris, La Découverte, 2002. Um pouco mais antigo e de acesso mais di-
fícil, mas muito representativo a respeito de outras formas de fazer história das
damos dessa forma? Na medida do possível, irei comentar suas
ciências, é o livro compilado por Michel Serres, Éléments d'histoire des sciences
descobertas_, re~ponder às su?S objeções e esclarecer as noções - (Paris, Bordas, 1989; reedição, Larousse, in extenso, 1997). Você pode comple-
não totalmente elaboradas, advirto desde já - que apresento tá-lo com a excelente coleção de textos proposta por Jean-François Braustein,
nesse curso. Se necessário, podemos utilizar um site ou algum L'histoire des sciences: méthodes, styles et controverses, Paris, Vrin, 2008. O Dic-
desses novos meios de comunicação digital que - de acordo tionnaire culturel des sciences, dirigido por Nicolas Witkowski (La Tour d'Ai-
gües, Éditions de l'Aube, 2003), contém um grande número de exemplos in-
com o que dizem - modificarão profundamente a pedagogia. teressantes para os estudantes. Para os que leem sem dificuldades em inglês, a
Com o tempo veremos se são aptos a substituir o sistema de melhor coleção de artigos continua sendo a de Maria Biagioli, The Science Stu-
tutorias e a relação direta entre um docente e um estudante. dies Reader, Londres, Routledge, 1999.
passagens que você considera que têm uma relação qualquer que, também nesse âmbito, as coisas são um pouco
com as ciências, as técnicas e as outras formas de vida. Não ten- mais complicadas do que acreditávamos. Não hesite
te fazer um comentário brilhante de imediato. Veja, por exem- em recortar anúncios publicitários, tirar fotografias,
plo, o que eu reuni nesses últimos dias. Apenas para ajudá-la a transcrever conversas. Para nossos propósitos, ne-
iniciar a tarefa, recortei os artigos e, abaixo, esbocei algumas nhum desses formatos de informação é demais.
sugestões.
Também recortei, do Le Monde de 5 de setem-
Li no Le Figaro de 31 de julho de 2009: "a gri- bro de 2009, um artigo muito interessante com um
pe A (HJNJ) está se tornando uma questão política". título bem provocador: "A crise coloca em questão o
Aqui está uma questão relacionada à medicina, saber e o lugar que ocupam os economistas".
à virologia, um assunto verdadeiramente técnico Nele, o jornalista acusa os economistas não ape-
apresentado por um jornalista que, aparentemente, nas de não terem previsto a crise financeira, mas tam-
não sabe senão que as ciências são autônomas e não bém de tê-la ampliado pela confiança excessiva que
devem se politizar. É o tipo de declaração que deve depositaram em uma macroeconomia "na melhor
nos alertar: as relações entre as ciências e a política das hipóteses espetacularmente inútil e, na pior, de-
são um pouco mais complicadas do que aquilo que cididamente nociva''. O que chama particularmente
a versão oficial nos diz. a atenção é que se trata de uma citação de Paul Krug-
man, Prêmio Nobel de Economia e, além disso, cro-
No Le Monde de 28 de agosto de 2009, encon- nista regular do New York Times...
tro um anúncio publicitário do Fundo Mundial pa- Escolhi este exemplo para incitá-la a não se li-
ra a Natureza (World Wildlife Fund) que menciona mitar aos temas de ciências naturais: a economia é
o presidente Sarkozy, que afirma que a França "de- uma ciência social, mas se estende por todas as par-
fende que o atum vermelho seja inscrito no anexo da tes e intervém em todos os aspectos da nossa vida, as-
convenção internacional sobre as espécies selvagens, sim como a química ou a medicina. Toda controvér-
para proibir sua comercialização". sia sobre seus objetivos e funções, sobre sua confia-
Parece que os amantes de sushi terão que se bilidade e poder de predição, nos interessa de forma
preocupar se nosso hiperpresidente decidir interferir direta.
nas técnicas de pesca de seu peixe favorito. Nada-
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Primeira carta
dade com a técnica e as questões de defesa; e, no fim, mais uma 'f-; Como é possível que esses domínios alheios sejam,
vez, é caracterizada por sua autonomia, a ponto de repou~ar contudo, suscetíveis a uma continuidade tão perfeita que pos-
apenas sobre si mesma. (Depois retornarei a essa questão da sam se transformar em comensuráveis?
demonstração.) -4 Graças a qual terceiro milagre, ainda que se encontrem
Aqui, evidentemente, não nos encontramos diante de perfeitamente unidos, eles são apresentados como absoluta-
uma descrição histórica: Plutarco escreve aproximadamente mente incomensuráveis?
três séculos após os acontecimentos de Siracusa e, como um
bom platônico, transforma Arquimedes em frequentador do Aproveito a ocasião para apresentá-la a uma definição que
Céu das Ideias. No entanto, esse relato mítico em quatro epi- não costumo compartilhar com os meus alunos com a finali-
sódios teve uma influência tão duradoura no pensamento oci- dade de não lhes complicar a vida: digo-lhes que meu curso se
dental que ainda hoje podemos detectá-lo, muito pouco mo- chama Humanidades Científicas (o que não quer dizer muita
dificado em seu todo. Na realidade, se o considerássemos em coisa). Na realidade, o curso corresponde a um domínio com
sua integralidade, ele deveria provar em que medida a autono- cuja criação contribuí e para o qual utilizamos - inclusive em
mia das ciências é uma questão difícil, cheia de contradições e francês - a expressão "science studies" ou science and technolo-
mistérios, mas ele é utilizado para avivar a distinção absoluta gy studies, por vezes sendo denominado também "sociologia
- e não relativa, provisória, parcial- entre a ciência e - di- das ciências". 3 Você com certeza perceberá que science studies
gamos - o mundo da política. Ou seja, para relatar atualmen- tampouco diz muito, exceto por ser a tradução para o inglês de
te as proezas da física ou da biologia molecular, seriam utiliza- uma palavra bastante usual, de origem grega: epistemologia. Por
dos exatamente os mesmos tropos que Plutarco usou para con- que então não dizer que dou um curso de epistemologia? Em
tar as proezas de Arquimedes. Nada mudou no emprego desse primeiro lugar, porque faria com que os estudantes fugissem
duplo discurso. Você compreende agora por que não nos ser- de mim ... mas, além disso, porque esse termo acabou por de-
viria de nada tomar partido a favor ou contra a autonomia
científica?
3 Existem muitos manuais sobre o domínio da sociologia das ciências,
No meu curso, eu também retomo esse relato, mas na to- entre eles o de Dominique Vinck, Sciences et société: sociologfr du travai! scien-
talidade de seus atos, pois não quero reduzi-lo a apenas uma tifique, Paris, Armand Colin, 2007, e o mais tradicional de Michel Dubois, In-
de suas fases. Se você estiver de acordo, pedirei então que faça troduction à la sociologie des sciences, Paris, PUF, 1999. Os estudantes interessa-
como meus alunos e, de agora em diante, tenha presente os três dos em uma apresentação mais avançada podem ler, de Bruno Latour, La scien-
ce en action: introduction à la sociologie des sciences, Paris, La Découverte, 2006
seguintes "milagres", sem separá-los:
[ed. bras.: Ciência em ação: como segu.ir cientistas e engenheiros sociedade afora,
- Como é possível que um homem das ciências possa São Paulo, Editora Unesp, 2000]. Estudos mais profundos podem ser consul-
despertar interesse em um príncipe, visto que os domínios de tados nas revistas (em inglês) Social Studies ofScience e Science, Technology and
ambos são completamente alheios entre si? Human Values.
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Cogitamus
signar, sobretudo na França, um esforço para extirpar das ciên- alunos aplicarem-no no que puderem encontrar na atualidade.
cias toda conexão com o restante das disciplinas. Na perspec- O primeiro conceito que ofereço a vocês é o d~ tradução. Pego
tiva de um epistemólogo francês formado na escola de Gaston emprestado o termo do filósofo Michel Serres, que, há cerca de
Bachelard (1884-1962), para poder chegar a ser verdadeira- trinta anos, renovou profundamente a história das ciências,
mente científica, uma ciência deve se despojar pouco a pouco vinculando-a - graças àquela noção - às humanidades, isto
de toda aderência que ameace invalidá-la ou pervertê-la. 4 Is- é, às literaturas grega e latina, mas também à poesia. Darei a
so seria equivalente a considerar apenas o Ato IV do relato de você, se estiver interessada nisso, referências mais avançadas. 5
Plutarco e esquecer de Hierão, de Marcelo, da alavanca e das Mas, a meus alunos, proponho que substituam a ideia de um
inversões da relação de forças que esta permite. Eu poderia, corte entre as ciências e o restante da existência (separação que,
certamente, dizer que ministro um curso de epistemologia polí- como acabamos de ver, não faz jus nem sequer aos aconteci-
tica; a expressão se ajustaria de modo excelente ao que faço, mentos míticos) pelas noções de desvio e composição. Tenho a
mas quem me compreenderia? Portanto, mantenho certa bru- pretensão, talvez um pouco exagerada, de que o curso pode se
ma em torno da questão, e por fim, acostumei-me a humani- sustentar nessas duas únicas noções. (Em outras palavras, po-
dades, essa bela palavra que durante tanto tempo serviu para derei dizer, ao modo de Arquimedes: "Dê-me os conceitos de
definir a educação e que tem um cheirinho bom de Renasci- tradução e de composição e levantarei o mundo".)
mento ... (Diga-se de passagem, nos últimos tempos desenvol- Para facilitar a compreensão, emprego um esquema bas-
vi certa afeição pelo século XVI, assunto sobre o qual voltarei tante elementar (e apenas para constar, você poderá encontrar
depois.) outros ou abandoná-lo de imediato). O importante é substi-
tuir a metáfora da cisão necessária entre ciência e política por
A esta altura, você já sabe, exceto por alguns poucos deta- outra metáfora, outra encenação, se você preferir, mediante a
lhes, do que trata a matéria do primeiro curso. Sempre tento qual possamos representar os episódios sucessivos das relações,
passar de um exemplo conqeto - neste caso, a vinheta de Plu- para prolongar meu exemplo, entre Arquimedes e Hierão. Eu
tarco - para um conceito mais geral, que deve permitir aos
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Primeira carta
gostaria de fazer com que você se acostumasse a compreender blema de Hierão a partir da perspectiva de um físico? "Você
- como faço com meus alunos - que !!_m determinado CJ;lr- não poderá defender Siracusa - e, portanto, completar seu
.so de ação sempre é composto por uma série de desvios cuja in- curso de ação-, a não ser que aceite fazer um contorno- is-
terpretação, posteriormente, define uma defasagem que dá a to é, um desvio - , passando por minhas pesquisas esotéricas
medida da tradução. E uma tradução, certamente, sempre é sobre geometria e estáticà' (etapas 2, 3 e 4). Entre Hierão e sua
fonte de ambiguidade (esta é a vantagem do termo). Dito des- meta, Arquimedes situa - eu me atreveria a dizer dessa forma
sa maneira, de supetão, parece complicado, mas vo~ê logo per- - uma placa de sentido proibido e lhe propõe desviar seu ca-
ceberá que, na verdade, é bastante simples (Figura 1.1). minho e aceitar suas ideias sobre a física das armas de cerco.
Nesse desvio há - acabo de demonstrar a você - uma
Figura 1.1 promessa, mas também um risco. A promessa consiste em que
Esquema de base se deve assegurar ao príncipe que ele chegará da mesma forma
de uma operação de tradução.
à meta inicial, mas, dessa vez, equipado com as máquinas da
2. Interrupção poliorcética renovadas por Arquimedes: Siracusa será, dessa
maneira, defendida pelos exércitos do príncipe associados à geo-
1. Hierão ----4 -0-----------------)
metria (etapa 5). Entretanto, também existe um risco: não re-
m firances,
• .mteressement
'
6E
abrange o sentido de incentivo, como no ca- ciências, o leitor pode se remeter aos textos reunidos por Madeleine Akrich,
so de um acordo entre os funcionários de uma empresa sobre a participação Michel Callon e Bruno Latour, Sociologie de la traduction: textes fondateurs, Pa-
nos lucros e resultados obtidos por ela. Sobre o alto rendimento da noção nos ris, Presses des Mines, 2006.
science studies, ver o já clássico artigo de Michel Callon: "Some Elements of a 8 Sobre esta história, utilizo o excelente informe (em francês) de Les
Sociology of Translation: Domestication of the Scallops and the Fishermen of Cahiers de Science et Vie, nº 1O, 1992 (aliás, roda a série de Cahiers desses anos
St. Brieuc Bay", em Power, Action and Belief A N ew Sociology o/Knowledge? é notável) . Para saber mais, no entanto, é conveniente conseguir o bastante
(organizado por John Law), Londres, Routledge & Kegan Paul, 1986, pp. 196- acessível livro de Elaine Tyler May, America and the Pi!!: A History o/Promise,
233. Peril and Liberation, Nova York, Basic Books, 2010.
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Cogitamus Primeira carta
ignorada - na utilização cotidiana da pílula por dezenas de átomos dos esteroides, as mudanças na legislação, os debates
milhões de mulheres. mantidos no Congresso a favor e contra a pílula, as competên-
Sanger tenta tirar da infelicidade centenas de mulheres cias da indústria química, as reações das usuárias, a qualidade
que sofrem com o peso da gravidez não desejada. Ela não é quí- do acompanhamento médico etc. (Figura 1.2).
mica, mas conhece Pincus de nome e se interessa pela nascen-
te endocrinologia. Pincus, por sua vez, estaria disposto a se lan- Figura 1.2
Generalização do esquema
çar ao assunto, mas não conta com nenhum dos meios mate-
que representa as operações de tradução.
riais necessários para fazê-lo e resiste - como muitos pesqui-
sadores homens - a perverter sua ciência com esses horríveis Interrupção
"segredos de senhoras". Quanto a McCormick, ela tampouco Ator 1 -----~ -0-------------
é química nem realmente feminista, mas, sim, imensamente ri-
ca. Quem atua? Quem é o responsável? Quem descobriu a pí-
lula? Evidentemente, a história poderia ser contada como a ir-
Contoc! Interrupção
rupção dos esteroides que depois "impactarão" - como se diz
agora - a sociedade e os costumes. Mas se os esteroides não
Ator 2 -0--------
tivessem interessado - no sentido que acabei de definir - a
ninguém além dos químicos, a ação teria sido composta ape-
~ntoc! Interrupção o
:~
nas de forma parcial. Em todo caso, não se teria passado pela
química para resolver a questão dos nascimentos não deseja-
"'o
·~
a
Ator 3 -0-------- "'
o
ea..o
dos, mas sim - como se vinha fazendo até esse momento -
apelando para a moral, a religião e as agulhas de tricô, com os
~ntor! Interrupção
u