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Sejam bem-vindos a mais uma aula do Corações e Almas e nós

estamos no módulo Como Construir o Próprio Barco.

É isso que a gente está discutindo nas nossas últimas aulas. Vocês
estão vendo que nós começamos nos adensar dentro da Filosofia,
trazendo cada vez mais informações. Nesse módulo, a gente está tratando
de três fases da obtenção do conhecimento. Aquele conhecimento
aristotélico: a prudência e a sapiência. Como a gente pode entrar nesses
dois campos? Como a gente pode uni-los? E a gente viu, até então, que
esses campos têm: o campo – primeira parte do aprendizado, depois o
campo da prática e o campo do domínio. E nós vamos percorrer todo esse
caminho. Eu dei breves atenções do que existe, para que a gente possa se
aprofundar e entender a importância desse conhecimento. Porque aqui tu
até pode perguntar: “Pô, Conrado, mas eu já dominei a minha vida, já sei
como é.” Mas, muitas vezes, tu tem algo mais a pensar. Tem novos planos,
começa a dar um novo insight, um novo clique de ideias na tua cabeça, ou
até mesmo, ajudar teus filhos, ajudar teus amigos, ter um bom papo, ficar
mais interessante. Esse é o nosso grande objetivo aqui, que as pessoas
cresçam nessa nossa filosofia: Quanto mais eu sei, mais eu sou.

Nas nossas últimas aulas, principalmente nas duas últimas, a gente


viu o quê? A gente viu o crescimento do ser humano, como é que se deu
essa evolução, desde nós sermos um hominídeo, que estava nas árvores –
que nós descemos para o solo – começamos a andar de pé - começamos a
dominar o mundo e nos tornamos a espécie que dominou o globo
terrestre – até os dias de hoje, cada vez mais, o que a gente convencionou
a chamar de Antroposfera; nós dominamos essa Era da civilização. Nesse
ponto, é importante nós salientarmos como se deu o conhecimento.
Então, aqui, vocês estão percebendo (se agente fala Antropologia
biológica – como a gente falou nessa parte da evolução) nós também
estamos trazendo outros conhecimentos, como a Filosofia Antiga e as suas
principais Escolas Clássicas, assim como a Filosofia Contemporânea. E
também assuntos das Ciências Sociais – da Antropologia, da Sociologia e
das Ciências Políticas.

A parte mais importante, do que a gente está vendo até agora, foi a
análise de como sobreviver, como atacar, como resolver os dilemas dessa

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transição, do ponto do aprendizado para o ponto da prática. Aqui, muitos
seres humanos abandonam, acham difícil, acham que já não faz mais
sentido. Por quê? Porque não colocam o seu vigor, não colocam a sua
energia, não colocam todo o seu saber em ultrapassar essas barreiras.
Esse é o nosso grande objetivo aqui. Só que, para a gente fazer esse
caminho das três fases ( que eu já falei para vocês, dessas três partes que
são: o aprendizado, a prática e o domínio), nós vamos analisar o que a
Filosofia sempre teve como as virtudes principais, sempre teve como os
quatro pontos cardeais da Filosofia. E que matérias são essas? Depois, nós
vamos ver como esses filósofos ( e aí eu estou falando desde o início da
Filosofia até os dias de hoje ) dividiram as observações de cada um desses
pontos cardeais.

Então, eu peço que tu pegue papel e caneta e faça o teu esquema,


para observar. Eu digo para vocês, aqui, que o papel e a caneta são os
melhores amigos do homem. Começa a colocar as tuas ideias, o que vai
surgindo na tua mente. Eu comecei a propor para vocês alguns
questionamentos durantes nossas últimas aulas. Eu quero que tu te
questione, eu quero que tu tome isso por um tema de casa. Nós
analisamos, na nossa última aula, esse livro, aqui, Sobre a Brevidade da
Vida, do Sêneca. É um livro importantíssimo, do qual eu trouxe para vocês
o quê? Dez importantes lições. Dez importantes lições! E a grande maioria
delas é da relação do homem com o tempo. O homem com o tempo! Na
nossa antepenúltima aula, eu apresentei para vocês ( como eu havia
comentado no início) de onde veio a nascente, a fonte da relação do
homem com o tempo. Essa relação do tempo existente é uma
característica única de quem? Dos seres humanos. Não existe em nenhum
outro, dos outros animais. Em nenhum deles!... Todas as outras espécies,
todos os outros animais, todos os outros seres vivos vivem no que se
convencionou chamar de presente perpétuo, no presente imutável. Eles
não sabem, não têm noção do que é o passado e muito menos do que é o
futuro. E os ensinamentos, as lições, as aulas, do Sêneca, que estão aqui
dentro do livro (que vocês já assistiram muito bem e espero que tenham
gostado muito, também).

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Inclusive, deixa eu trazer mais uma informação para vocês: Cara,
sempre que eu comentar um livro, aqui no nosso curso, anota, vai atrás,
se tu quiser saber mais. O que eu busco fazer aqui com vocês é poupar o
tempo de vocês; é mastigar a cultura e entregar a cultura mastigada, os
pontos conectados.

Na nossa última aula, esse opúsculo ( uma pequena obra) foi o que
a gente analisou, porque é muito importante a gente pegar essas pérolas
– como eu já falei nas Meditações, do Marco Aurélio – que é um livro
grandíssimo, mas que vale a pena tu ler aula por aula dele. E o que o
Sêneca nos diz? Está até na própria capa desse livro, né? “A vida é longa o
suficiente se você souber como usá-la.” Exatamente, cara, que o tempo
será nosso amigo se nós soubermos como aproveitá-lo. Ele será, ao
mesmo tempo, o nosso inimigo se nós não aproveitarmos cada um dos
tique-taques do relógio. E dentre dessas dez lições (que eu trouxe para
vocês – na nossa aula passada – que nós destrinchamos, pegamos cada
uma das passagens do livro e falei um pouco sobre cada uma delas) ao
meu ver, cara, a mais importante ( se vocês lembram) é a última delas.
Lembra de que era a última lição? Anotou no teu caderninho aí? Dá uma
olhada no teu caderninho, qual é a última lição. Se tu não lembra, eu vou
te lembrar. O Sêneca falava para nós da importância da Filosofia em
nossas vidas. Filosofia em nossas vidas! E ele diz isso de uma maneira
muito clara, muito clara. Ele fala o que para nós? Ele fala que de todas as
pessoas só aquelas que encontram tempo para a Filosofia têm o lazer, a
alegria, no seu tempo, na sua existência, apenas elas vivem de verdade;
elas não apenas existem, elas vivem. E aí, o que ele coloca para nós, de
importantíssimo, é que essas pessoas não estão apenas satisfeitas em
manter uma boa vigilância, uma boa atenção sobre os seus próprios dias,
mas eles acabam anexando todas as épocas à sua própria vida. Toda a
colheita do passado é adicionada aos seus arcabouços. E aí, ele diz uma
frase muito bonita: “Só um ingrato deixaria de ver que esses grandes
arquitetos do pensamento, veneráveis sábios, pensaram, projetaram e
nasceram para criar um estilo de vida, exatamente, para nós.” Cara, cada
um deles é uma alma, cada um deles é conhecimento condensado.
Quando tu examina cada um dos livros, cada um deles, aqui eu estou com
A Moveable Feast – até vou fazer um comentário, depois, sobre ele – e o

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Livro dos Símbolos – que também é muito bom. Cada um deles, cara, eles
estão trazendo tempo para a tua vida. Tu não vai precisar viver o tempo
do Hemingway para falar sobre esse livro. Tu não vai precisar ler o tempo
dos artistas, escritores, pensadores e filósofos que fizeram um livro sobre
esses símbolos arquétipos que nós temos na humanidade. O
conhecimento enciclopédico, como a gente teve na época do Iluminismo.

Duas coisas que me impressionaram muito, mas eu vou fazer um


pause aqui, para falar uma coisa para vocês: O livro A Moveable Feast é o
PARIS É UMA FESTA. Olha que legal essa relação com o tempo que a gente
tem. O título em inglês significa os feriados que não têm dias próprios, é
isso que significa moveable feast, como a Páscoa, por exemplo. A Páscoa a
gente não sabe em que dia cai, tipo, ela não cai no dia vinte e um de abril
ou em dezessete de março. A gente sabe que ela vai cair em algum dia,
conforme a lua e conforme o domingo, depois que foi tradicionalmente
decidido. Com isso, cara, a gente sabe que vai ser feliz, mas não sabe
quando. Essa é a ideia que ele trás. E aí, ele começa a dizer aqui: “Paris é
uma festa e Paris é bom, pois só de saber que tu está em Paris, tu já é
feliz.” Então, indico uma leitura; é o tempo em que ele morou em Paris,
ele não tinha muito dinheiro, tinha pequenos amores. São microcontos –
micro, não, são contos, crônicas que valem muito a pena a leitura. Dos
livros do Ernest Hemingway, o que eu mais gosto é, exatamente, PARIS É
UMA FESTA. Esse aqui, eu comprei, cara, exatamente, na Shakespeare and
Company, que é lá no Marco Zero de Paris, um clássico, onde ele acaba
escrevendo esse livro e acaba editando esse livro por aquela livraria.

Cara, mais uma coisa que me chamou muita atenção, nas nossas
últimas aulas, foi a quantidade de mensagens que eu recebi de vocês,
pedindo para eu falar mais sobre o estoicismo. Todo mundo, cara,
mostrando interesse, querendo saber, perguntando: “Conrado, fala mais
sobre isso, eu gostei.” Porque o que eu apresento para vocês aqui é
Filosofia aplicada ao dia a dia. Eu mostrei para vocês como essa transição
da fase do aprendizado para a fase da prática, como essas dificuldades
que fazem as pessoas desistirem, como elas são atacadas, como elas são
sanadas, como elas são tratadas por essa Filosofia de mais de dois mil
anos atrás. E as pessoas, cara, estão mandando mensagens, agradecendo

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por começarem a entender como aplicar a Filosofia no seu cotidiano. As
pessoas estão conseguindo entender alta cultura e trazer, efetivamente,
essa alta cultura para o seu dia a dia. E essa aí, cara, é a parte que me
deixa mais orgulhoso. Eu fico muito feliz, muito feliz mesmo, de ter a
certeza, que, aqui, o Corações e Almas é esse lugar onde as pessoas com
os mesmos ideais, as pessoas com os mesmos valores, com as mesmas
visões de mundo, e essa visão de mundo que entende a sua
autorresponsabilidade como principal fator de crescimento e
aprimoramento existencial. Essa é a minha grande alegria nisso aqui! Esse
é o verdadeiro resumo do: Quanto mais eu sei, mais eu sou. É isso que a
gente está buscando aqui e é isso que nós vamos falar durante as
próximas aulas, principalmente a aula de agora e a aula da semana que
vem.

Na realidade, é o seguinte, cara, o estoicismo ele é de fato uma


Escola filosófica muito importante, mas tão importante, que os principais
nomes de toda a História, de todas as áreas do conhecimento - da
Política, da Literatura, das Ciências, das Artes – todos eles sempre levaram
os estudos das obras Clássicas do estoicismo, desde o Marco Aurélio até a
leitura do Sêneca, quanto à leitura do Epiteto, a leitura do Epicuro
também, mas vamos tratar do estoicismo, o epicurismo não é que eu vou
deixar de lado, pois tem muito a ver, muito se comunica. A leitura do
estoicismo foi muito presente para todos esses mestres. E por que isso?
Porque eles entenderam o estoicismo como a forma ideal de conduzirem
as suas vidas. Isso fecha, exatamente, com a frase do Sêneca, que eu
estava falando para vocês. Que é onde o estudo da Filosofia, inserido na
vida das pessoas, possibilita que as mesmas, essas pessoas, possam
usufruir todo o seu tempo, aqui na face da Terra, de uma maneira mais
completa, de uma maneira mais eficiente. E por que isso, cara? Porque os
estoicos, esses primeiros pensadores, cara, eles foram os primeiros a
entender, a perceber, a importância da virtude. Se todos os outros
pensadores pré-socráticos pensavam em Matemática, em Astrologia, em
Geologia (estudo dos elementos naturais), os estoicos começaram a trazer
isso para a vida prática. Eles começaram a analisar quais são as principais
virtudes da Filosofia, que é o que eu falei para vocês, que nós vamos

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analisar hoje, quais são esses pontos, os quatro pontos cardeais das
virtudes filosóficas. E quais são eles?

Anota aí no papelzinho: Primeiro deles, cara, autocontrole,


segundo: coragem, terceiro: justiça, quarto: sabedoria. Toda a Filosofia,
toda a Filosofia discute só esses quatro pontos cardeais. Esses são os
pontos, cara.

E o grande objetivo qual é, que dizem todos os filósofos que


analisam cada uma dessas virtudes? O verdadeiro sinônimo da felicidade é
alcançar essas virtudes. Ou seja, o verdadeiro sinônimo de felicidade é
alcançar o autocontrole, a coragem, a sabedoria e a justiça. Esse é o
grande caminho. E essas virtudes só seriam alcançadas se nós afiássemos
as nossas percepções sobre as coisas que causam mais problemas em
nossas vidas. Cara, isso foi o que a gente aprendeu com os gênios da
Antiguidade. Como a gente tinha que colocar a nossa atenção, durante um
período de tempo, sobre os assuntos que, realmente, eram importantes
para nós. Esse é o conceito de foco. Lembra quando o macaco desceu da
árvore, os olhos eram para frente? Tinha a parte do avanço visual, do
avanço social. Para caçar, tiveram que se comunicar, colocar observação
entre as pessoas. Foco! Atenção, durante um período de tempo, sobre um
determinado assunto. E aí, o Sêneca ( como eu falei, na aula anterior, para
vocês) ele questiona isso sobre as coisas que são importantes na nossa
vida. E aí, continuamente a isso, cara, o principal ponto é o seguinte que
os estoicos continuam nos ensinando, e aqui, eu falo, cara, porque esses
assuntos que eu estou falando das virtudes, cara, é o que a Filosofia vai
toda se basear durante toda a história dela. E o que eles propõem? Ao
invés, de nós analisarmos um futuro incerto ou, até mesmo, o presente
transitório, a gente deveria analisar o quê? O único tempo que é imutável,
ou seja, o passado. Examinar com clareza e perspicácia todos os nossos
erros e os nossos acertos, para que assim nós consigamos desenvolver o
quê? Uma habilidade de usar a nossa razão para escolher como
categorizamos, respondemos e reorientamos nós mesmos os eventos
externos. Está vendo o que eu estou falando, aqui, para vocês? A gente
tem que ter autocontrole – que é o poder de ter a coragem de decisão
para ter justiça – julgar o que é certo e errado, para assim aprender com

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os seus erros – que é a sabedoria. É isso que eles estão falando, cara. E os
estoicos foram os primeiros filósofos que colocaram a sua atenção,
durante um período de tempo, sobre os mais dramáticos
questionamentos dos seres humanos. Questionamentos que, às vezes, nos
preocupam e tiram o nosso sono. Cara, até os dias de hoje! Né? “Qual é a
maneira de viver?” “Qual é a melhor maneira de eu existir?” “O que eu
tenho que fazer para controlar a minha raiva?” “Quais são as minhas
obrigações com os outros seres humanos?” “Eu tenho medo da morte. Por
que isso acontece comigo?” Aí é que está, cara, e como a gente começa a
ver essas situações, a gente tem que tentar responder a cada uma delas, e
não só as coisas tristes, mas as coisas boas também. “Como eu posso
administrar o sucesso ou o poder que eu tenho em minhas mãos?” “Como
eu posso administrar o sucesso e o poder que eu carrego?” Essas não são
perguntas abstratas. Parecem abstratas? Mas, não!... Tu muitas vezes te
questiona. Eu tenho certeza que cada um de nós e vocês aí já fizeram essa
pergunta a si mesmos mais de um milhão de vezes. Né? Não é verdade?

E para conseguir alcançar essas respostas, responder essas


questões, o trabalho filosófico dos estoicos, eles acabaram dividindo a
análise de cada uma das virtudes ( como eu falei com vocês) em três áreas
principais. Quais são essas áreas? A primeira delas é a percepção. Anotou
no papel? Quais foram as três áreas que os filósofos utilizaram para
analisar as virtudes? Primeira delas: percepção – como nós percebemos o
mundo em nossa volta; segunda área: ação – as ações e decisões que
tomamos para os fins, para alcançar os fins; terceira delas: a vontade –
como nós lidamos com as coisas que nós não podemos mudar, tendo
clareza e com juramentos convincentes para alcançar um verdadeiro
entendimento do nosso lugar no mundo. Essa é a verdade. “Ser ou não
ser, eis a questão.” Perguntas filosóficas!... Porque o que acontece é o
seguinte, cara, muitos de nós, a gente vive muito estressado. Nós
trabalhamos demais, nós sofremos com burnout; chicoteando: “Seja livre,
seja livre.” Muitos de nós estão lutando com novas responsabilidades: da
vida do trabalho, do novo casamento, da paternidade, da maternidade, ou
a gente está lutando contra o caos de uma nova empreitada, uma nova
empresa, uma nova ideia, até mesmo, agora, em tempos pandêmicos. A
gente (pensando agora em outras coisas, por outros vieses também) a

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gente tem uma luta, cara, com o quê? Com os deveres do poder, com os
deveres da influência. Muitas pessoas, também, podem estar lutando
contra o uso de drogas (eu estou largando aqui exemplos aleatórios), ou
as pessoas estão apaixonadas demais, ou ficam alterando de relações
tóxicas para novas relações tóxicas. Por que isso tudo acontece? Ou
muitas pessoas que já estão se aproximando da morte, ou algumas
pessoas que estão curtindo a vida adoidado, achando que a vida aqui é um
eterno adolescente, são os Peter Pan, ou as pessoas estão muito ocupadas
nos seus trabalhos, ou estão de saco cheio da vida. Tudo isso pode
acontecer. Para encontrar essas respostas, é importante nós caminharmos
por esses três vetores de análise das virtudes. Quais são eles? Tu anotou
aí, no papel? Lê comigo: percepção, ação e vontade. Tu anotou né, cara?
Se tu não anotou, eu vou falar mais uma vez. Tu tem que lembrar, cara,
dos quatro pontos cardeais da Filosofia, das quatro principais virtudes
filosóficas. Quais são elas? Autocontrole, coragem, justiça e sabedoria. Tu
só pode chegar em alguma delas, passado pelo quê? Passando pela
percepção, pela ação e pela vontade. Schopenhauer é um estudioso da
vontade. Está vendo? A gente está lá na Filosofia Clássica, mas isso aqui
permeia por toda Filosofia. Todos os caras que escreveram, eles
escreveram só sobre esses quatro assuntos.

E os estoicos (como eu já falei para vocês, o Sêneca principalmente)


e agora eu vou trazer mais uma informação, e é bom esse processo
maiêutico socrático do entendimento de vocês. Eu vou falando e vocês já
vão ligando o que eu estou querendo dizer, né? Cara, os estoicos foram os
primeiros filósofos a dotarem uma prática diária. Qual é a prática diária
que eles tinham? Meu, ter um diário ((ah! ah! ah!)). A prática diária era ter
um diário. Olha só, meu! Lembra que, antigamente, todo mundo tinha um
diário? Todo mundo tinha uma agenda, até nos colégios, né? Tu estudava
e ganhava uma agendinha no início do teu ano letivo. E a agenda estoica,
vamos dizer assim, esse diário estoico tinha apenas duas funções muito
simples,cara, mas eram funções importantíssimas. A primeira função deles
era, pela manhã, realizar a preparação do seu dia. Preparar o dia! De
manhã cedo, acordou, preparar o dia. Muita gente faz no dia anterior, até
hoje (né?), na noite anterior, na véspera. Mas, preparar o quê? O modo de
tu pré-visualizar todos os teus atos, de modo que quando tu os executar,

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tu vai buscar a perfeição, tu vai buscar o máximo controle durante a tua
jornada diária. E aí, à noite, tu vai fazer o quê? Tu vai realizar as reflexões
sobre os aprendizados novos, que tu ganhaste durante o dia. Tu vai anotar
todos os saberes no caderno. Quem fazia isso, cara? Marco Aurélio!!
Contei para vocês, já.

Meu, eu quero que tu faça esse exercício contigo. Pega um caderno


e escreve como foi o teu dia a partir de hoje; escreve o que tu aprendeu
na aula de hoje; escreve o que tu quer fazer amanhã e quais passos tu tem
que dar para resolver as coisas que tu quer resolver amanhã. E à noite,
escreve sobre o que tu resolveu, como resolveu, o que foi bem executado,
o que não foi bem executado e o que poderia ser feito melhor. Porque
assim tu vai crescer! Porque eu quero que fique claro para vocês, que esse
exercício que eu estou passando para vocês hoje, cara, era um exercício
ensinado pelos estoicos para quê? Para que a disciplina da percepção
fosse desenvolvida. Percepção!... Analisar o que eu quero fazer e o que eu
consegui alcançar pelos atos que eu fiz. Por quê? Porque a percepção é o
alicerce de todas as ações vitoriosas, de todas as ações vencedoras, de
todas as ações virtuosas. Ela é responsável pela amplificação do controle
das tuas ações.

A disciplina, vem outro passo agora, anota no caderninho aí,


também. A disciplina da percepção pode ser dividida em quatro subáreas.
Então, a gente tem os pontos cardeais; temos: percepção, ação e vontade,
e agora, a gente tem subdivisões da percepção. Quais são elas? Número
um: clareza! Clareza é discernimento (né?) do preto e do branco. Isso é
clareza, dentro da Arte da fotografia, das Artes Visuais; clareza é diferença
de preto e branco, não tem área cinza, é o preto e branco. Segundo (que
a gente vai aprender analisar também, aqui) paixões e emoções – parte do
sentimento das coisas. Depois nós temos o quê? A atenção. Que nós já
começamos a falar, para ver que nós estamos aqui em um malabarismo,
só vamos colocando peças novas e o malabarismo continua. Atenção!
Colocar a tua atenção, durante um período de tempo, sobre determinado
assunto. E aí, o ponto quatro que é o quê? Pensamentos sem viés – que é
a coisa mais difícil do mundo. Tu conseguir analisar friamente alguma
coisa, fazendo um zoom out, saindo fora da situação, enxergando todos os

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passos que estão ali. É duro, cara. É duro, é duro, é duro, de conseguir!!
Mas, a gente tenta. Como? Analisando o que a gente fez durante o dia e
os resultados que têm durante à noite. Porque a gente vai esquecendo,
cara. Tu vai ficando velho, tu começa a esquecer as coisas. É por isso que
tem que ter tudo anotadinho.

O que eu quero que vocês enxerguem aqui, cara, é quão


importante, para a nossa análise do caminho do conhecimento, ter essas
visões; nós já falávamos algumas aulas atrás. O conhecimento é dividido
em três grandes áreas. E é importante a gente conhecer quais são essas
áreas. Vai dizer para mim que não fica fácil de enxergar o quão importante
são esses caminhos, para a gente alcançar o conhecimento. O
conhecimento que se inicia (já falamos aqui, mas vou repetir, porque é
sempre importante) na fase do aprendizado, que se desenvolve,
solidamente, na fase da prática e aí ele é aprimorado, sofisticado, na fase
do domínio. Por enquanto, mais uma vez, nós estamos tratando da fase do
aprendizado. E como é custoso para o ser humano persistir nessa fase
prática, que todo mundo cai fora. Ninguém deixa de perder o seu foco;
ninguém deixa de perder o seu estímulo. É muito difícil tocar adiante. As
pessoas pensam em desistir muito facilmente. E é por isso que na aula de
hoje, nós vamos continuar tratando desses pontos especiais, da área da
clareza. Mostrar para vocês como a clareza refina essa área da percepção.
Como ela é fundamental – a clareza – para o desenvolvimento sólido de
todas as quatro virtudes: autocontrole, coragem, justiça e a sabedoria.
Como nós vimos, algumas semanas atrás, algumas aulas atrás, o Epiteto
resumiu muito bem a importância do controle e da escolha. Vocês
lembram do que ele dizia, né? Que a principal tarefa da vida é,
simplesmente, identificar e separar as matérias, de modo que eu possa
dizer, claramente, para mim quais são as externas, e não estão sobre o
meu controle, e aquelas que têm a ver com as escolhas que eu, realmente,
controlo. Então, dizia o Epiteto, eu deveria procurar o mal e o bem onde?
No exterior incontrolável ou dentro de mim? Ou dentro das escolhas que
me pertencem? Essa é a principal lição de Filosofia Estoica! Colocar em
prática o nosso foco, ou seja, colocar a nossa atenção, durante um
período de tempo, em determinada matéria. E que matérias nós vamos
colocar a atenção aqui? Na clareza, com que nós devemos perceber

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nossas circunstâncias, circum stareas, que estão ao nosso redor, de modo
que a gente possa diferenciar as coisas que eu posso mudar das coisas que
eu não posso mudar. E aí, vocês sabem que os grupos A.A., os grupos de
reabilitação, eles normalmente, cara, têm uma oração que eles chamam a
Oração da Serenidade. Ela diz mais ou menos o seguinte: “Que Deus me
dê a serenidade para aceitar as coisas que eu não posso mudar; e a
coragem para mudar as coisas que eu posso mudar.” E além disso, eles
dizem o quê? Eles querem a sabedoria para saber a diferença entre elas.
Então, olha só, meu, nessa simples oração, nada mais é que o resumo das
principais virtudes reconhecidas lá pela Filosofia Estoica. Porque nela nós
temos o autocontrole, obtido através da coragem, de realizar um
julgamento baseado na sabedoria. Autocontrole, coragem, julgamento
(justiça), sabedoria!! Está tudo numa pequena frase. O que eu controlo,
não controlo e como consigo diferenciá-lo. E assim, como servia para os
gregos, há dois mil anos, serve para nós até hoje, até os dias de hoje. Por
isso que eu digo, cara, que esse nosso curso aqui é de Filosofia aplicada ao
dia a dia. Isso não é um mundo ultrapassado. Isso é o hoje; são respostas.
Por isso que é lindo!! Por isso que cada um dos pensamentos (foi nossa
primeira conversa hoje), cada um dos livros aqui, é tempo condensado. Se
a gente poder focar, deixar claro, quais partes do nosso dia estão sob o
nosso controle, cara, nós vamos aprender a ser não apenas mais felizes,
mas nós vamos ter muito mais vantagem (competitiva) sobre aquelas
pessoas que falham em perceber que elas estão lutando batalhas
invencíveis. Quando tu consegue discernir, no teu dia, como eu vou
atravessar os meus problemas, como eu vou vencê-los e depois analisar o
que tu fez certo e errado, tu já está em muita vantagem, está anos-luz dos
outros que não fazem isso.

Depois dessa nossa primeira lição, sobre o controle e as escolhas, o


Epiteto reforça para nós o quê? A importância de termos a certeza que a
educação é sinônimo de liberdade. A educação é sinônimo de liberdade!
Acabei de falar para vocês, aqui, falei no início da aula. Sêneca dizia para
nós: “Cada livro era uma alma.” “Que ela era um conhecimento
condensado de outras vidas.” E parece, nisso aí, que o Epiteto diz: a
educação é igual a liberdade, parece que ele continua o pensamento do
Sêneca. Quando ele fala o seguinte, cara: ”Quais são os frutos desses

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ensinamentos todos?” “Quais são?” Cara, são a mais bela e próspera
colheita das pessoas, realmente, educadas. Quais são os frutos? A
tranquilidade, a ausência de medo e a liberdade. Só o conhecimento
afasta o medo, eu falo constantemente para vocês. Cara, eu sou um cara
que vivo a minha própria Filosofia. Tudo que eu digo para vocês são coisas
que eu aplico na minha vida. Eu quero que vocês entendam o quê? Agora,
isso eu estou falando sem muita modéstia, né? Tu não pode confiar nas
massas, no povaréu, que dizem que somente os livres podem ser
educados; só homem livre que pode ser educado. Porque é o contrário,
cara! Tu tem que acreditar nos filósofos, que dizem a mesma coisa que eu
digo para vocês. Só os homens, realmente, educados é que são livres. A
educação que faz tu ser livre! Olha que pérola isso, cara. Olha que pérola!

E daí, eu pergunto para vocês: Por que tu te inscreveste no


Corações e Almas? Por quê? Por que tu está agora, aí, assistindo a uma
aula atrás da outra? Não foi para ti parecer mais esperto que tu te
inscreveu aqui. Nem foi para tu passar o teu tempo, nem foi para tu ouvir
o que tu quer ouvir (porque aqui eu só dou pílulas vermelhas – é uma
porrada atrás da outra). Cara, tu tem muito mais opções, e opções muito
mais fáceis, de passar o teu tempo. Não é verdade?! Então, tu escolheu
fazer o Corações e Almas, porque tu quer aprender como viver melhor,
porque tu quer ser mais livre, porque tu quer sentir menos medo, porque
tu quer atingir um estado de paz, de tranquilidade. É para isso que a gente
estuda, cara. É para isso que eu estudo. Eu estou respondendo para vocês
as respostas que eu dei para mim quando comecei a me perguntar: “Mas,
por que eu estudo tanto?” Ausência de medo, tranquilidade e paz. É isso
que nós queremos na nossa vida. Isso é o que a gente consegue angariar a
partir da educação que nós temos quando lemos, aprendemos sobre a
sabedoria dessas grandes mentes. E acima de tudo, cara, ter um
propósito! Quando tu estuda tendo um propósito, “porra”, cara, a vida
vira uma piada de tão boa. Tudo é bom quando tu trabalha e tem um
propósito; tu estuda e tem um propósito; tu age tendo um propósito.
Lembre-se, cara, da última lição do Sêneca, da nossa última aula. Toda vez
que tu sentir te distraído, que tu não quer seguir adiante, que tu fica
postergando as tuas tarefas, cara, pensa como tu está jogando o teu
tempo fora! Pensa como tu está jogando o teu tempo fora! Porque, isso

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aí, meus amigos, infelizmente, e desculpa a dureza das palavras aqui, é
uma espécie de suicídio, cara. Suicídio!... Eu já falei para vocês um dado,
que é chocante, vou repetir aqui. Cara, mais pessoas suicidam do que
matam umas às outras. O número de suicídios é maior que o número de
homicídios no mundo. E o principal suicídio que existe é tu não viver a tua
vida. E eu falo para vocês, o que eu digo várias vezes aqui? (Muito filósofo
que eu sou às vezes, né?) A morte não é um dia lá, adiante. A morte não
está lá,no horizonte distante. Não!... A morte é cada dia que tu não viveu,
cada dia que tu não foi real com a tua essência, que tu não foi honesto
com o teu propósito.

Meu amigo, moral dessa aula de hoje, o conhecimento, ou melhor,


o autoconhecimento é a liberdade.

O autoconhecimento é a liberdade!!

Eliane Debs - debsnanidebs@yahoo.com.br - CPF: 057.363.966-37

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