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SEGALL, Lasar (1891-1957).

Nascido em Viina (Lituânia, então território da Rússia) e


falecido em São Paulo. Como tantos pintores de sua geração – Chagall e Soutine entre eles –
Segall teve de bem cedo abandonar a terra natal em busca de centros mais adiantados. A
conselhos de seu primeiro mestre, Antokolski, pensava em atingir Paris; mas, chegando a
Berlim, preferiu ali permanecer, matriculando-se na Academia de Belas Artes local. Aluno
extremamente dotado, conquistaria na Academia inúmeras premiações; nunca, porém,
conseguiu submeter-se à férrea disciplina ali vigente. Um ato de rebeldia levou-o em 1909 a
participar da Freie Sezession, uma exposição de vanguarda na qual aliás lhe foi atribuído o
Prêmio Max Liebermann; em conseqüência dessa participação foi desligado da Academia, na
qual peSEGALL, Lasar (1891-1957). Nascido em Viina (Lituânia, então território da Rússia) e
falecido em São Paulo. Como tantos pintores de sua geração – Chagall e Soutine entre eles –
Segall teve de bem cedo abandonar a terra natal em busca de centros mais adiantados. A
conselhos de seu primeiro mestre, Antokolski, pensava em atingir Paris; mas, chegando a
Berlim, preferiu ali permanecer, matriculando-se na Academia de Belas Artes local. Aluno
extremamente dotado, conquistaria na Academia inúmeras premiações; nunca, porém,
conseguiu submeter-se à férrea disciplina ali vigente. Um ato de rebeldia levou-o em 1909 a
participar da Freie Sezession, uma exposição de vanguarda na qual aliás lhe foi atribuído o
Prêmio Max Liebermann; em conseqüência dessa participação foi desligado da Academia, na
qual permanecera três anos a partir de 1907rmanEssa primeira permanência no Brasil foi curta,
pois no mesmo ano de 1913 Segall está na Alemanha, só para ser internado no ano seguinte,
cidadão russo que era, num campo de concentração próximo a Meissen. Dois anos mais tarde
obtém autorização para retornar a Dresde, desde então, e até 1923, desenvolvendo ampla
atividade: publica três álbuns de gravuras (Erinnerung an Vilna, 1919; Bubu 1921; Die
Sanfte; 1921) e realiza exposições individuais em Hagen (1920), Frankfurt (1921) e Leipzig
(1923). Aos 32 anos é já senhor de estilo pessoal e temática inconfundível: velhos que estudam
o Taemud, camponeses lituanos, mendigos, recordações de Vilna, interiores com indigentes,
crianças, cerimônias judaicas, mães e filhos, peregrinos, vagabundos e prostitutas, além de
retratos de parentes, amigos e intelectuais e de uns raros auto-retratos. Expressa-se com auxílio
de um desenho anguloso e de um colorido cru e forte, deformando o corpo humano para melhor
externar paixões e sentimentosecera três anos a partir de 1907Em fins de 1923 enceta segunda
viagem ao Brasil, radicando-se em São Paulo. Uma primeira individual paulistana, em 1924, é
seguida, nesse mesmo ano, pela decoração, com imensos murais, do Pavilhão de Arte Moderna
de Dona Olívia Guedes Penteado. Em 1925 casa-se com sua ex-aluna Jenny Klabin. E principia
a executar quadros em que surge o tema brasileiro, sob a severa roupagem, sempre, do
expressionismo alemão: mulatas com o filho ao colo, favelas do Rio de Janeiro, bananeiras, o
marinheiro negro com a namorada, as tristes prostitutas do Mangue. Tais pinturas de assunto
brasileiro serão o principal atrativo de suas exposições de 1926 em Berlim, Dresde e Stuttgart,
de 1927 em SJá um mestre da pintura, do desenho e da gravura (cujas três técnicas dominava),
Segall começa, em 1929, a esculpir. Nos próximos anos, entalhando a madeira, polindo a pedra,
ou modelando em gesso figuras mais tarde transpostas para o bronze, o artista adquirirá extrema
mestria também como escultor, levando, para a Escultura, a mesma antiga temática de mães e
filhos, casais de namorados, vagabundos e famílias judias. Após uma exposição de sucesso em
1931, em Paris, Segall fixa definitivamente residência em São Paulo, tomando-se no ano
seguinte o principal animador da recém-criada SPAM, Sociedade Pró-Arte Moderna, para cujos
bailes contribuiu com decoraçõesão Paulo e de 1928 no Rio de JanEm 1935, após novas
exposições no Rio de Janeiro (1933) e em Roma e Milão (1934), Segall descobre a paisagem de
Campos do Jordão, que irá emocioná-lo, e da qual a partir de então até o fim da vida realizará
várias interpretações. Mais ou menos pela mesma época aparecem os primeiros Retratos de
Lucy, nos quais utilizou como modelo sua jovem aluna Lucy Citti FerrPor volta de 1936,
pressentindo já a aproximação da catástrofe, Segall inicia unia série de grandes composições
marcadas pelo patético: Pogrom, um tema já tratado numa gravura de 1912, Navio de
Emigrantes, Guerra, Campo de Concentração e Os Condenados são os principais momentos
dessa série dramática, e situam Segall entre os grandes expressionistas do Séc. XX, raras vezes
tendo atingido entre nós ou alhures a pintura tão formidável força trágicTodas essas exposições
póstumas serviram para comprovar o que um crítico como Waldemar George dissera: ser,
Segall, um dos vultos mais importantes do Expressionismo alemão. Mas o artista pode, também,
ser reclamado pela arte brasileira, já que não apenas viveu e trabalhou no Brasil (cuja cidadania
adquiriu), como principalmente se inspirou com freqüência em nossa terra e em nossa gente,
logrando dar, do país e dos seus habitantes, uma visão comovida e comovedora. Importante
como pintor, como desenhista, como gravador e como escultor, Segall não chegou a constituir
escola - teve raros alunos e, com a exceção de Lucy Citti Ferreira e de Yolanda Mohalyi em
certo momento de sua evolução estilística, nenhum continuadoraeira, nela se inspirando nos
próximos anos. Perseguindo ao cabo de toda a sua existência aquilo a que um de seus críticos
mais lúcidos, Geraldo Ferraz, denominava de temática do sofrimento, Segall é um emotivo: o
drama de sua raça judaica, e mais do que isso, o drama da raça humana, ameaçada de destruição
pela guerra e pela intolerância, norteou sempre sua pintura, e nunca foi ele maior nem mais
sincero do que quando retratou os desamparados e os perseguidos, numa palavra todos os
injustiçados da sorte, tangidoEm suas grandes composições não parece haver revolta ou
desespero: os grupos que se acotovelam num tombadilho de navio ou no pátio de uma prisão, os
cadáveres que se empilham após a luta nada reivindicam, nem exigem retaliação. Mas também
não foram ali figurados como simples elementos pictóricos, pois o artista é solidário com o seu
destino e comunga dos seus ideais - tal como Goya, nos Desastres de La Guerra, ou Picasso,
em Guernica. Segall retrata sem véus o horror da matança, na qual inexiste heroísmo, coragem
ou grandeza, tão só o sórdido prazer da chacina. Em tais instantes, sua pintura deixa de ser
apenas um fato estético, para se transformar num documento morals como bichos à mercê das
circunstânciaseiroEm certas obras para o fim da carreira, a palheta de Segall adquire tonalidades
mais líricas, quando, por exemplo, evoca a paisagem bucólica de Campos do Jordão, ou ao
retratar casais em idílio, em meio à placidez dos campos. Seus bois, cujos dorsos quase se
confundem com os das montanhas em que pastam, possuem por outro lado uma serenidade, uma
silenciosa presença apenas traduzível pela grande pintura. E haveria ainda que falar numa série
de óleos dos últimos anos, nos quais entregou-se a experimentações cromáticas e formais que o
levariam bem próximo do Abstracionismo, sem abandonar contudo a referência às formas
naturais das favelas cariocas e dos trDe toda a obra segalliana emana um canto de amor pelos
seres-humanos, irracionais ou inanimados. Como se, para Segall, a pintura não fosse senão um
veículo através do qual externar toda a sua enorme compaixão e solidariedade para com os que
sofremoncos entrelaçados das árvores de Campos do Jordão.
Trabalho
de
Artística

Lasar Segall

Ana Angélica Brandt – 3º A – nº 04

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