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TRF 1

Cargo 8: Técnico Judiciário - Área: Administrativa


Especialidade: Segurança e Transporte

1 Declaração Universal dos Direitos Humanos (adotada e proclamada pela Resolução 217-A (III) - da
Assembleia Geral das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1948).. ................................................... 1
2 Os Direitos Humanos na Constituição Federal de 1988 (artigos 5º ao 15º). .................................... 12

Candidatos ao Concurso Público,


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1356175 E-book gerado especialmente para VITOR CESAR DA SILVA MAZZEI DE SOUSA
1 Declaração Universal dos Direitos Humanos (adotada e proclamada
pela Resolução 217-A (III) - da Assembleia Geral das Nações Unidas,
em 10 de dezembro de 1948).

Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores @maxieduca.com.br

A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) foi aprovada pela Resolução nº 217 da
Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), no dia 10 de dezembro de 1948. O
documento é a base da luta universal contra a opressão e a discriminação, defende a igualdade e a
dignidade das pessoas e reconhece que os direitos humanos e as liberdades fundamentais devem ser
aplicados a cada cidadão do planeta.
Os direitos humanos são os direitos essenciais a todos os seres humanos, sem que haja discriminação
por raça, cor, gênero, idioma, nacionalidade ou por qualquer outro motivo (como religião e opinião
política). Eles podem ser civis ou políticos, como o direito à vida, à igualdade perante a lei e à liberdade
de expressão. Podem também ser econômicos, sociais e culturais, como o direito ao trabalho e à
educação e coletivos, como o direito ao desenvolvimento. A garantia dos direitos humanos universais é
feita por lei, na forma de tratados e de leis internacionais, por exemplo.
Deste modo, o objetivo da Declaração Universal dos Direitos Humanos é proteger os direitos de todas
as pessoas, sem distinção. De uma maneira geral, seus 30 artigos falam sobre o direito ao trabalho, à
saúde, à alimentação, à educação; direitos sociais, econômicos e culturais, bem como o direito à vida, a
segurança social, à liberdade, direito de ir e vir, liberdade de expressão e pensamento e, por fim, direitos
políticos.

Declaração Universal dos Direitos Humanos1


(Resolução nº 217 – Assembleia Geral da ONU)

Aprovada pela Res. nº 217, durante a 3ª Sessão Ordinária da Assembleia Geral da ONU, em Paris,
França, em 10-12-1948.

Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e


de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo,
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos bárbaros
que ultrajaram a consciência da humanidade e que o advento de um mundo em que os homens gozem
de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi
proclamado como a mais alta aspiração do homem comum,
Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo Estado de Direito, para que o
homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão,
Considerando essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações,
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos humanos
fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos dos homens e das
mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade
mais ampla,
Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a promover, em cooperação com as
Nações Unidas, o respeito universal aos direitos humanos e liberdades fundamentais da pessoa e a
observância desses direitos e liberdades,
Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais alta importância
para o pleno cumprimento desse compromisso,

A Assembleia Geral proclama:

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Disponível em: http://www.dhnet.org.br/direitos/deconu/textos/integra.htm, Acesso em: 25/06/2015

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A presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos
os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo
sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito
a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional,
por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos
próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.

Artigo 1º

Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência
e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.

Como fundamento inicial, a DUDH, traz o reconhecimento das dimensões que se referem aos
princípios da liberdade e da igualdade. Este artigo também faz reconhecimento explícito sobre a razão
e consciência como fundamentos essenciais à pessoa humana e estabelece a necessidade de
reciprocidade no tratamento, ou seja, espírito de fraternidade.
Cabe ressaltar, que nenhuma liberdade individual é absoluta, e não deve ser interpretada como
justificativa de intervenção ou interferência nos direitos alheios.
Debater o conceito de igualdade não é tarefa simples. Diversos filósofos já se enveredaram por esse
caminho, no entanto, não se tem entre eles um consenso. Contudo, vê-se que os elementos trazidos pelo
pensador grego Aristóteles quando trata de igualdade ainda estão presentes no discurso moderno.
José Afonso da Silva reduz o raciocínio aristotélico a tal colocação: "Aristóteles vinculou a ideia de
igualdade à ideia de justiça, mas, nele, trata-se de igualdade de justiça relativa que dá a cada um o que
é seu". Assim, seu pensamento é sintetizado na célebre epígrafe: “Deve-se tratar os iguais de maneira
igual e os desiguais de maneira desigual”. Esse modelo de justiça pressuporia uma relação de
subordinação. O Estado distribuiria as benesses aos cidadãos baseado nos seus critérios distintivos, os
escalonando, benesses semelhantes entre os semelhantes e benesses díspares entre cidadãos
dessemelhantes.2
O assunto também foi tratado no art. 5º, caput, da Constituição Federal: “Todos são iguais perante a
lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade” (...).

Artigo 2º

Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidas nesta Declaração,
sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra
natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
Não será tampouco feita qualquer distinção fundada na condição política, jurídica ou internacional do
país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem
governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania.

O texto declaratório está focado na igualdade, sob uma perspectiva de condenar a distinção, mas deixa
a desejar pois não menciona mecanismos visando abolir ou reduzir algumas formas de distinção, o que
coube à pactos e convenções específicas.
Proclamar esse primeiro, inviolável, direito, mãe de todos os direitos humanos, abre-nos a uma
perspectiva da humanidade como verdadeira fraternidade. Já alguém recordou oportuna mente que os
direitos humanos são muito mais que uma realidade jurídica, enquanto refletem um ‘dever ser’, uma
desafiadora prospectiva que a humanidade se impõe para respeitar sua própria dignidade; para ser uma
humanidade não apenas hominizada, mas plenamente humanizada.3
Por sua vez, a Constituição Federal abriga a mesma veemente condenação, colocando homens e
mulheres iguais em direitos e obrigações, garantindo a liberdade religiosa, a convicção filosófica ou
política, punindo severamente as práticas de racismo.

Artigo 3º

Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

2
Direitos Humanos e Cidadania, Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/c1.html, Acesso em: 02/07/2015
3
Dom Pedro Casaldáliga. Direitos Humanos: Conquistas e Desafios, Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/2.html,
Acesso em: 02/07/2015

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Sem sombras de dúvida a vida é o bem mais precioso da pessoa humana, e assim sendo, recebeu
lugar de destaque entre os direitos à serem protegidos, tanto na DUDH, como em todas as leis ao redor
do mundo.
Nas palavras de José Afonso da Silva4, o direito à existência consiste no direito de estar vivo, de lutar
peio viver, de defender a própria vida, de permanecer vivo. É o direito de não ter interrompido o processo
vital senão pela morte espontânea e inevitável. Existir é o movimento espontâneo contrário ao estado
morte.
A vida humana não é apenas um conjunto de elementos materiais. Integram-na, outrossim, valores
imateriais, como os morais. A Constituição, mais que as outras, realçou o valor da moral individual,
tornando-a mesmo um bem indenizável (art. 5º - V e X). A moral individual sintetiza a honra da pessoa, o
bom nome, a boa fama, a reputação que integram a vida humana como dimensão imaterial.
A liberdade aparece em conjunto com o direito à vida, por se tratar de pressuposto básico para que
haja desenvolvimento intelectual e material. Esta liberdade não pode ser vista como atributo da igualdade,
mas trata-se de um direito essencial do indivíduo, formando o trio de direitos pessoais essenciais do
indivíduo: vida, liberdade e segurança pessoal, direitos estes que visam proporcionar à pessoa as
condições mínimas de sobrevivência.
Nossa Constituição Federal reproduz de forma extremamente fiel esses três preceitos declaratórios,
principalmente reproduzidos no Art. 5º.

Artigo 4º

Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos
em todas as suas formas.

O combate à escravidão tem como preceitos a liberdade e a legalidade, o que busca impedir que
alguém seja tolhido de seus direitos básicos em nome de uma pretensa superioridade, seja ela física,
racial ou mesmo econômica.
A escravidão é o estado ou a condição a que é submetido um ser humano, para utilização de sua força,
em proveito econômico de outrem.5
Conforme ensina René Ariel Dotti6, em senso comum, a servidão implica numa relação de dependência
de uma pessoa sobre outra que é o servo ou escravo. Sociologicamente, o vocábulo é empregado para
traduzir a relação de dependência entre um grupo ou camada social sobre outra como ocorre na
aristocracia e que é submetida ao pagamento de tributos e a obrigação de prestar serviços.

Artigo 5º

Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.

A proibição quanto à tortura, já vinha estabelecida no Código de Hamurabi, em seu Art. 19: Desde já,
ficam abolidos ao açoites, a tortura, a marca de ferro quente e todas as mais penas cruéis.
Em seu livro Direitos Humanos – Conquistas e Desafios7, o rabino Henry Sobel afirma que a tortura,
um crime inafiançável de acordo com a Constituição brasileira, continua a ser praticada pelos agentes do
Estado, aviltando toda a polícia. O espancamento, o choque elétrico e o pau-de-arara são técnicas usadas
rotineiramente para esclarecer crimes. O tratamento nas prisões é cruel, desumano e degradante. As
condições nas penitenciárias e nas cadeias públicas do país são abomináveis.
O conceito específico de tortura vem tratado na Convenção Internacional contra a tortura e outros
tratamentos ou penas cruéis, desumanas ou degradantes, e no âmbito interno, está regulamentado na
Lei nº 9.455/1997, faz sua própria conceituação, baseada na convenção citada.

Artigo 6º

Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante a lei.

4
SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo, Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/3.html, Acesso
em: 02/07/2015
5
Direitos Humanos e Cidadania, Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/4.html, Acesso em 02/07/2015
6
DOTTI, René Ariel, Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/4.html, Acesso em 02/07/2015
7
SOLBEL, Henry. Direitos Humanos – Conquistas e Desafios, Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/5.html, Acesso:
02/07/2015

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O presente dispositivo traz como premissa reconhecer que toda pessoa, todos os indivíduos, sem
qualquer tipo de distinção, devem ser tratados como pessoa humana, o que significa existir uma
consideração implícita no sentido de que todos, se refere à todas as pessoas.
Pode-se afirmar que ser considerado como pessoa é um pressuposto no qual se amparam os
legisladores e que é a base para todos os outros direitos afirmados aqui.
Todo ser dotado de vida é indivíduo, isto é: algo que não se pode dividir, sob pena de deixar de ser. O
homem é um indivíduo, mas é mais que isto, é uma pessoa. (...) Por isso é que ela constitui a fonte
primária de todos os outros bens jurídicos8.

Artigo 7º

Todos são iguais perante a lei e tem direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm
direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer
incitamento a tal discriminação.

Aqui nota-se que a princípio da igualdade foi novamente abordado, reafirmando-o, contudo em caráter
mais específico, visando a proteção legal, tanto em face da própria discriminação, quanto em face à
proteção contra qualquer tipo de incitamento à qualquer discriminação.

Artigo 8º

Toda pessoa tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes recurso efetivo para os atos
que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.

A características fundamental do presente dispositivo é a busca para efetivar a prestação judicial, ou


a aplicação da justiça, em qualquer situação, principalmente quando houver a ameaça a direito. A
Constituição Federal abriga o presente dispositivo e ainda reconhece, de forma subsidiaria, princípios que
visam garantir seu efetivo cumprimento.
Importante ressaltar que a Constituição Federal, em seu Art. 5º, assegura a todos o direito de obter a
tutela jurisdicional, trazendo mesmo uma proteção da justiça, e manifesta-se no sentido de que não se
pode excluir da apreciação do judiciário qualquer assunto, simples ou complexo, que a pessoa tenha
necessidade de apreciação.

Artigo 9º

Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Novamente o dispositivo declaratório invoca o princípio da legalidade, enquanto instrumento abstrato


de garantia, a fim de que qualquer comando jurídico que venha a impor um comportamento forçado deve
se originar de regra geral, o que significa uma irrestrita submissão e respeito à lei.
O princípio da reserva legal decorre deste dispositivo, tendo natureza concreta, circunscrevendo um
comportamento pessoal que deve se pautar em cada um dos limites impostos pela lei formal.
Aqui verifica-se que a intangibilidade física e a incolumidade moral das pessoal está sujeita à custódia
do Estado, garantidas pelo presente dispositivo e reafirmadas internamente pelo inciso XLIX, do Art. 5º
da Constituição Federal.

Artigo 10

Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de um tribunal
independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação
criminal contra ela.

Mais uma vez a DUDH invoca o princípio da igualdade, agora combinado com a independência e à
imparcialidade perante à Justiça, visando garantir que decisões sejam emanadas por um tribunal, visando
também impedir a existência de tribunal de exceção.
Este dispositivo reconhece a instituição do júri para julgamento dos crimes dolosos contra a vida, onde
é possível assegurar a plena defesa, o sigilo das votações e a soberania dos veredictos.
8
SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo, Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/6.html, Acesso em
02/07/2015

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A Declaração é expressa: assegura a qualquer pessoa direito de audiência junto ao poder judiciário,
que é independente e imparcial, não só por torça da investidura de seus membros, na carreira, por
concurso de títulos e provas, mas também por pertencer a um poder que, pela Constituição, não é
subordinado a nenhum outro. A independência do juiz é absoluta e mesmo na hierarquia judiciária ele
não deve obediência a magistrados superiores. O seu julgamento deve seguir exclusivamente o seu
entendimento, de acordo com a sua consciência9.

Artigo 11

§ 1º Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente até que a sua
culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido
asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.
§ 2º Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituam
delito perante o direito nacional ou internacional. Tampouco será imposta pena mais forte do que aquela
que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.

Em um primeiro momento, este artigo da DUDH aborda o princípio da presunção de não


culpabilidade, situação em que o Estado deve comprovar a culpa do indivíduo, produzindo as provas
necessárias para tal.
Conforme ensina Dotti10, a presunção de inocência é um dos princípios relativos à prova e que incide
no sistema de processo penal, salvo as exceções determinadas na lei (prisão provisória, busca e
apreensão, violação do sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das
comunicações telefônicas etc.).
Diante deste dispositivo, percebe-se que o Estado Democrático de Direito pressupõe a existência de
interligação entre o princípio aqui estabelecido e os princípios do devido processo legal, da ampla defesa
e do contraditório.
A segunda parte deste dispositivo consagra o princípio da reserva legal e o princípio da anterioridade
em matéria penal, o que significa dizer que fixam a obrigatoriedade da existência prévia de lei restritiva,
sendo que só assim será possível considerar uma conduta como delituosa, e esta somente poderá ser
punida se houver estipulação prévia da punição cabível.

Artigo 12

Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na de sua família, no seu lar ou na sua
correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito à proteção da lei
contra tais interferências ou ataques.

Este artigo abriga o direito à inviolabilidade da vida privada de cada indivíduo, o que inclui sua
intimidade, a honra, a reputação, sendo que este direito se estende à casa e à família, incluindo também
o direito à proteção da lei contra atos que possam, de alguma forma, violar essa garantia.
José Afonso da Silva11 ensina que a vida privada, em última análise, integra a esfera íntima da pessoa,
porque é repositório de segredos e particularidades do foro moral e íntimo do indivíduo. A tutela
constitucional visa proteger as pessoas de dois atentados particulares:
(a) ao segredo da vida privada; e
(b) à liberdade da vida privada

Artigo 13

§ 1º Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada
Estado.
§ 2º Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.

Aqui trata-se do direito à liberdade de locomoção, ou o tão proclamado direito ou liberdade de ir e vir,
preceito este que afasta qualquer restrição à plena liberdade material da pessoa humana.

9
Direitos Humanos e Cidadania, Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/10.html, Acesso em: 02/07/2015
10
DOTTI, René Ariel, Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/11.html, Acesso em: 02/07/2015
11
SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo, Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/12.html, Acesso
em: 02/07/2015

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Neste direito estão compreendidos o direito de acesso, de ingresso e de trânsito em todo o território
nacional, incluindo também o direito de permanência e saída do país, cabendo a escolha apenas à
conveniência pessoal.
É bastante claro que se trata de um preceito que deriva do princípio da liberdade, tratando de confirmar
a natureza humana de movimentar-se ou deslocar-se de um lugar à outro, garantindo assim, a
permanência pelo tempo que desejar, podendo estabelecer residência conforme sua vontade.

Artigo 14

§ 1º Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países.
§ 2º Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes
de direito comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas.

Os preceitos aqui descritos podem ser conferidos, de forma genérica, no § 2º, do Art. 5º da Constituição
Federal e complementadas pelo Art. 4º, X, também da Constituição Federal.
A intensão do legislador foi garantir o trânsito entre os países, voltado para aqueles que se encontram
em situação precária, dada a perseguição, seja ela política, militar ou mesmo social.
O próprio dispositivo traz a exceção no sentido de que não será considerado como perseguido aquele
que cometeu crime, seja ele elencado na legislação comum ou crime contra os Direitos Humanos, sendo
que nesses casos, o autor do crime deverá responder por eles.

Artigo 15

§ 1º Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.


§ 2º Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de
nacionalidade.

O presente dispositivo tem como finalidade garantir que todas as pessoas possam ter os direitos
conferidos ao cidadão de cada Estado, impedindo a existência dos chamados apátridas, o que significa
dizer que todas as pessoas tem direito a estar oficialmente vinculadas à um Estado ou país, o que vai lhe
garantir que possa gozar dos direitos e garantias constituídas por aquele.
Este dispositivo está plenamente formalizado na Constituição Federal, em seu Art. 12, I e II, garantindo
também o direito à nacionalidade.

Artigo 16

§ 1º Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião,
têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao
casamento, sua duração e sua dissolução.
§ 2º O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes.
§ 3º A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e
do Estado.

Aqui nota-se a reafirmação da proscrição à discriminação, bem como a garantia da liberdade de


expressão e a soberania da manifestação da vontade, sendo que o direito ao casamento e à constituição
de família deve ser plenamente garantido pelo Estado.
No direito pátrio, tais garantias estão estabelecidas no Art. 226 da Constituição Federal.

Artigo 17

§ 1º Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.


§ 2º Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.

O mundo ocidental sempre buscou mecanismos de proteger a propriedade, sendo esta bastante
enaltecida pelas sociedades capitalistas, mas também foi objeto de regramento em sociedades africanas
e asiáticas. Desta forma, considerou-se a propriedade como um princípio essencial para o
desenvolvimento da atividade humana, como resultado de seu trabalho e de sua capacidade.
Em um primeiro momento, a propriedade era tratada como bem absoluto, permitindo que seu senhor
praticasse quaisquer tipos de atos. Conforme a evolução e a necessidade de proteção surgiram, passou-

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se a dar maior limitação à propriedade. Atualmente o direito à propriedade, bem como o direito de uso da
mesma, está restringido principalmente pelo princípio da função social, sendo que ao proprietário cabe o
uso e gozo de seu bem desde que de maneira que não cause distúrbios à coletividade.

Artigo 18

Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a
liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino,
pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.

Trata-se de mais um princípio que reforça a liberdade, em termos gerais, e que a concretiza em termos
específicos ao determinar que cada indivíduo terá liberdade de pensamento, e como consequência,
também tem liberdade de consciência e de religião.
Por liberdade de pensamento, entende-se como o direito de exprimir, por qualquer forma, o que se
pense em ciência, religião, arte, ou o que for’. Trata-se de liberdade de conteúdo intelectual e supõe o
contato do indivíduo com seus semelhantes, pela qual ‘o homem tenda, por exemplo, a participar a outros
suas crenças, seus conhecimentos, sua concepção do mundo, suas opiniões políticas ou religiosas, seus
trabalhos científicos12.
No direito pátrio, a Constituição Federal não traz explicitamente o direito à liberdade de pensamento,
mas o utiliza como pressuposto para garantir a sua manifestação, que está expressamente garantida na
Carta Maior. Como decorrência lógica, tem-se ainda a liberdade de expressão, que também é garantida.

Artigo 19

Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem
interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e
independentemente de fronteiras.

Este dispositivo é decorrência do dispositivo anterior, ou seja, a garantia da liberdade de pensamento


é que assegura a liberdade de opinião e de expressão. Trata-se de preservar um dos direitos
fundamentais para o homem, no que tange a sua vida social.
A liberdade de expressão, ou de manifestação do pensamento, é um dos aspectos externos da
liberdade de opinião. Desta forma, nota-se que há uma correlação entre a liberdade de opinião e a
liberdade de recepção de informações e ideias, o que também dá sustentação ao direito de expressão e
visam garantir a plenitude do princípio da liberdade.
Para Alexandre de Moraes13, o direito de receber informações verdadeiras é um direito de liberdade e
caracteriza-se essencialmente por estar dirigido a todos os cidadãos, independentemente de raça, credo
ou convicção político-filosófica, com a finalidade de fornecimento de subsídios para a formação de
convicções relativas a assuntos públicos.

Artigo 20

§ 1º Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas.


§ 2º Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

O dispositivo busca a garantia da liberdade, tanto de reunião como de associação, uma vez que se
tratam de coisas distintas. Para Alexandre de Moraes14, o direito de reunião é uma manifestação coletiva
da liberdade de expressão, exercitada por meio de uma associação transitória de pessoas e tendo por
finalidade o intercâmbio de ideias, a defesa de interesses, a publicidade de problemas e de determinadas
reivindicações. O direito de reunião apresenta-se, ao mesmo tempo, como um direito individual em
relação a cada um de seus participantes e um direito coletivo no tocante a seu exercício conjunto.
O direito de reunião tem como pressuposto a pluralidade de participantes e também uma noção de
duração limitada no tempo, pois se assim não fosse, estaríamos diante de uma associação.

12
SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo, Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/18.html, Acesso
em: 02/07/2015
13
MORAES, Alexandre. Direitos Humanos Fundamentais, Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/19.html, Acesso em:
02/07/2015
14
MORAES, Alexandre. Direitos Humanos Fundamentais, Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/20.html, Acesso em:
02/07/2015

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O Art. 5º da Constituição Federal tem dispositivos garantindo as duas coisas, reunião e associação, e
impõe limites quanto à sua finalidade, exigindo que estas sejam realizadas com propósitos pacíficos.

Artigo 21

§ 1º Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de seu país, diretamente ou por intermédio
de representantes livremente escolhidos.
§ 2º Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.
§ 3º A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em eleições
periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a
liberdade de voto.

Este dispositivo traz três postulados básicos, que visam garantir o livre exercício dos direitos políticos.
Os direitos políticos estão fundamentados pelo princípio da soberania popular e devem ser entendidos
como meios de garantir que cada cidadão possa participar das decisões políticas de seu país, bem como
ser capaz de votar e ser votado e ainda, garantia de um sistema eleitoral claro, que permita o acesso
amplo para todos.

Artigo 22

Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo esforço
nacional, pela cooperação internacional de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos
direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua
personalidade.

Este dispositivo afirma que todos tem direito à seguridade social, o que está fundamentado no fato de
que cada pessoa tem a condição de membro da sociedade. A referida seguridade social é destinada a
promover a satisfação dos direitos econômicos, sociais e culturais, entendidos como indispensáveis à
dignidade humana.
Cabe a cada Estado a promoção destes direitos, dentro de sua organização e respeitando os limites
de seus recursos, sendo possível a cooperação internacional para que se possa atingir as metas.

Artigo 23

§ 1º Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis
de trabalho e à proteção contra o desemprego.
§ 2º Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.
§ 3º Toda pessoa que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure,
assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão,
se necessário, outros meios de proteção social.
§ 4º Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para a proteção de seus
interesses.

Este dispositivo traz uma melhor especificação do princípio da liberdade e ainda, um reforço da
proibição com relação à escravidão. Trata-se de dispositivo que permite que cada indivíduo busque seu
trabalho digno e as condições que melhor lhe aprouverem para realização do mesmo.
Importante notar que há um reforço quanto à igualdade, ao se estabelecer que não podem haver
distinções salariais.
A Constituição Federal contempla tal dispositivo, regulamentando em seus Arts. 7º à 11, que traz os
princípios básicos quanto às relações de trabalho.

Artigo 24

Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e a
férias periódicas remuneradas.

Trata-se de um complemento quanto às relações de trabalho, buscando a garantia de que o


trabalhador terá tempo específico para descansar, não sendo obrigado a trabalhar ininterruptamente.

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Mais uma vez, tal dispositivo foi recepcionado pela Constituição Federal em seus artigos 7º a 11,
conforme mencionado no dispositivo anterior.

Artigo 25

§ 1º Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e
bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais
indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou
outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.
§ 2º A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças,
nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.

Trata-se de disposição de amplo aspecto e que enfrenta grandes obstáculos para sua implementação.
O que se busca é a garantia de todos os aspectos da vida do indivíduo e para isso determina direito a um
padrão de vida, o que seria o mínimo necessário para que se tenha uma vida digna.
O dispositivo especifica alguns direitos, contudo deve-se salientar que em termos gerais, todos já foram
tratados anteriormente. No direito pátrio, encontram-se positivados nos artigos 6º a 9º e 226 a 230 da
Constituição Federal.

Artigo 26

§ 1º Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares
e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a
todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.
§ 2º A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do
fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução
promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos,
e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.
§ 3º Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus
filhos.

A educação, enquanto direito fundamental da pessoa humana, é algo que foi consolidado somente
nos tempos modernos e de forma bastante elitista e excludente, sendo que na prática, não permitia o
acesso das classes inferiores.
Conforme ensina Cesare de Florio La Rocca15, a formulação adotada pela Declaração Universal dos
Direitos Humanos é, ao mesmo tempo, genérica, abrangente e específica. Nela aparecem claramente as
dimensões instrução, da formação, da expansão. Poderíamos afirmar que o artigo 26 conseguiu resumir
em seu texto o objetivo fundamental da educação que é o de educar para a vida. E não apenas a vida do
cotidiano, e sim desse, inserido de maneira dinâmica, construtiva e participativa na própria caminhada
existencial do gênero humano.

Artigo 27

§ 1º Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes
e de participar do progresso científico e de seus benefícios.
§ 2º Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer
produção científica, literária ou artística da qual seja autor.

Este dispositivo apresenta dois preceitos básicos, sendo que o primeiro está voltado para a garantia
do direito de participação na vida cultural, incluindo as artes e processos científicos. Já o segundo preceito
refere-se à garantia dos interesses morais, tido como subjetivos, e materiais, objetivos, relativos à
produção cultural.
Trata-se de direito bastante recente. O direito à propriedade imaterial é manifestado com o
reconhecimento dos direitos que protegem todas as formas de uso de obras intelectuais, artísticas ou
científicas.

15
LA ROCCA, Cesare de Florio. Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU – Artigos Comentados, Disponível em:
http://dhnet.org.br/direitos/deconu/coment/orocca.html, Acesso em 03/07/2015

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Artigo 28

Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades
estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados.

Aqui tem-se que a efetiva realização dos direitos do homem tem como precondição a existência de
uma ordem social interna em cada país que reúna as condições essenciais para que possa ser
reivindicado o respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana, e ainda, uma ordem internacional
de coexistência dos países entre si que assegure a cada um deles uma realidade em que se atenda ao
pleno exercício dos direitos e das liberdades consagrados na Declaração16.
Os autores da DUDH, sabiamente percebem que a proteção aos direitos estabelecidos nesta, pode
ser frustrada se não houver, formalmente, um quadro interno e externo, em que seja possível cultuar o
respeito aos direitos de cada indivíduo.

Artigo 29

§ 1º Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em que o livre e pleno desenvolvimento de
sua personalidade é possível.
§ 2º No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa estará sujeita apenas às limitações
determinadas por lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos
direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-
estar de uma sociedade democrática.
§ 3º Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos
propósitos e princípios das Nações Unidas.

Trata-se de fixar expressamente os deveres de cada indivíduo para com a comunidade, numa forma
de contrapartida em face dos direitos anteriormente assegurados.
Nas palavras de DOTTI17, os indivíduos têm deveres para com a sua família e a sociedade onde vivem
assim como são titulares de direitos cujo reconhecimento e proteção não dependem somente do Estado
mas também de todos os cidadãos. Daí porque os deveres comunitários constituem um caminho de dupla
via.
Artigo 30

Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o reconhecimento a


qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato
destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.

Este último dispositivo, que fecha a DUDH, busca manter aberta as possibilidades de concretizar
outros valores que possam estar presentes no discurso jurídico politicamente utilizável.
Em termos de técnica legislativa, inova, se confrontada com textos constitucionais nacionais e normas
internacionais. E justamente porque abandonou o esquema de democracia formal: proclamar direitos e
remeter, para um possível interior do próprio texto (Constituição ou Tratado), ou para princípios existentes
em dado sistema legal, o conteúdo do direito apontado mas não definido18.

Questões

01. (SJC/SC - Agente de Segurança Socioeducativo - FEPESE/2016) A Declaração Universal dos


Direitos Humanos aprovada pela ONU em 1948 declara expressamente.
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião nos países
ocidentais e cristãos.
2. Afirma que todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de
razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
3. Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de,
sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer
meios e independentemente de fronteiras.
16
Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU – Artigos Comentados, Disponível em: http://dhnet.org.br/direitos/deconu/coment/lavenere.html, Acesso
em: 03/07/2015
17
DOTTI, René Ariel, Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/29.html, Acesso em: 03/07/2015
18
Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU – Artigos Comentados, Disponível em: http://dhnet.org.br/direitos/deconu/coment/pinaude.html, Acesso
em: 03/07/2015

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4. Toda pessoa vítima de perseguição tem o direito de procurar e de gozar refúgio em outros países,
mesmo em casos de perseguição legitimamente motivada por crime de direito comum.

Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.


(A) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3.
(B) São corretas apenas as afirmativas 3 e 4.
(C) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.
(D) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4.
(E) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.

02. (Prefeitura de Natal/RN - Advogado - IDECAN/2016) Assinale a alternativa que NÃO está de
acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
(A) Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, mas não a este
regressar.
(B) Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e
consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
(C) Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para
os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.
(D) Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por parte de um
tribunal independente e imparcial, para decidir sobre seus direitos e deveres ou do fundamento de
qualquer acusação criminal contra ele.

03. (AL/GO - Analista Legislativo - Comunicador Social - CS-UFG/2015) “Todo homem tem direito
à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e
procurar, receber e difundir in- formações e ideias por quaisquer meios de expressão, independentemente
de fronteiras” (Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos). Esse direito refere-se à:
(A) Liberdade de cátedra.
(B) Liberdade de imprensa.
(C) Liberdade sindical.
(D) Liberdade de expressão.

04. (CBM-MG - Oficial do Corpo de Bombeiros Militar – IDECAN/2015) Quanto às considerações


enunciadas no preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, marque a afirmativa
INCORRETA.
(A) O desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultam em atos bárbaros que ultrajam a
consciência da humanidade.
(B) Aspira-se por um mundo em que todos gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade
de viverem a salvo do temor e da necessidade.
(C) É essencial que os direitos humanos sejam protegidos por meio de rebeliões contra a opressão
para que o ser humano não seja compelido ao império da lei.
(D) Os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta da ONU, sua fé nos direitos humanos
fundamentais, na dignidade e no valor do ser humano e na igualdade de direitos entre homens e mulheres.

05. (SEE/MG - Professor de Educação Básica – IBFC/2015) Assinale a alternativa correta sobre o
órgão que proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
(A) Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas.
(B) Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.
(C) Conselho Econômico e Social das Nações Unidas.
(D) Assembleia Especial de Justiça da Organização das Nações Unidas.

Respostas
01. Resposta: C
Antes de analisarmos a resposta da questão, cabe destacar que algumas traduções da Declaração
Universal dos Direitos Humanos é substituída a palavra “ser(es) humano(s)” por “pessoa(s)”.
1. Está correta, pois está de acordo com que prevê o artigo 18, da Declaração;
2. Está correta, uma vez que sua redação é a mesma do artigo 1º, da Declaração;
3. Está correta, tendo em vista que o previsto no artigo 19, da Declaração.
4. Por fim, a única afirmativa incorreta é esta, pois conflita com o que dispõe o Artigo 14, da Declaração,
vejamos: “§ 1º Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros

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países. § 2º Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por
crimes de direito comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas”.

02. Resposta: A
Nos termos do que dispõe o artigo 13, §2º, da Declaração Universal dos Direitos Humanos, toda
pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.

03. Resposta: D
O princípio constante da questão está expresso no Art. 18 da DUDH, que reforça a liberdade de modo
geral e garante que cada indivíduo possa expressar seus pensamentos livremente.

04. Resposta: C
O desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultam em atos bárbaros que ultrajam a
consciência da humanidade. Quando a questão menciona o desprezo e o desrespeito PELOS direitos
humanos, deixa entender que a palavra PELO faz referência aos atos causados pelos Direitos Humanos
e não contra os Direitos Humanos.

05. Resposta: A
Conforme consta no preâmbulo: A Assembleia Geral das Nações Unidas proclama a presente
"Declaração Universal dos Direitos do Homem" como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e
todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em
mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses
direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por
assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos
próprios Estados Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.

2 Os Direitos Humanos na Constituição Federal de 1988


(artigos 5º ao 15º).

Evolução dos Direitos Fundamentais

Os direitos fundamentais foram aos poucos reconhecidos pelos textos constitucionais e pelo
ordenamento jurídico dos países de forma gradativa e histórica, sendo que seu estudo pode ser
sintetizado da seguinte forma, mediante análise das gerações19 dos direitos fundamentais:

1) Direitos de primeira geração: Surgidos no século XVII, eles cuidam da proteção das liberdades
públicas, ou seja, os direitos individuais, compreendidos como aqueles inerentes ao homem e que devem
ser respeitados por todos os Estados, como o direito à liberdade, à vida, à propriedade, à manifestação,
à expressão, ao voto, entre outros (direitos civis e políticos). São limites impostos à atuação do Estado.

2) Direitos de segunda geração: Correspondem aos direitos de igualdade, significa um fazer do


Estado em prol dos menos favorecidos pela ordem social e econômica. Passou-se a exigir do Estado sua
intervenção para que a liberdade do homem fosse protegida totalmente (o direito à saúde, ao trabalho, à
educação, o direito de greve, entre outros). Veio atrelado ao Estado Social da primeira metade do século
passado. A natureza do comportamento perante o Estado serviu de critério distintivo entre as gerações,
eis que os de primeira geração exigiam do Estado abstenções (prestações negativas), enquanto os de
segunda exigem uma prestação positiva20 (direitos econômicos, sociais e culturais).

3) Direitos de terceira geração: Os chamados de solidariedade ou fraternidade, voltados para a


proteção da coletividade. As Constituições passam a tratar da preocupação com o meio ambiente, da
conservação do patrimônio histórico e cultural, etc. (direitos transindividuais, difusos e coletivos). A

19
Existem autores que utilizam a denominação para a evolução dos direitos fundamentais com o uso da expressão “dimensão”, e não “gerações”. A exclusão
do termo geração seria em virtude da impossibilidade de uma dimensão dos direitos “apagarem” a dimensão anterior, uma vez que os direitos se complementam
jamais se excluem. Ressalte-se que podem ser encontrados em provas ambas as expressões gerações e dimensões indistintamente, devendo serem tidas como
sinônimas.
20
Os direitos de segunda geração, ao invés de se negar ao Estado uma atuação (cunho negativo), exige-se dele que preste políticas públicas, tratando-se,
portanto de direitos positivos, impondo ao Estado uma obrigação de fazer, correspondendo aos direitos à saúde, educação, trabalho, habitação, previdência social,
assistência social, entre outros.

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partir destas, vários outros autores passam a identificar outras gerações, ainda que não reconhecidas
pela unanimidade de todos os doutrinadores.

4) Direitos de quarta geração: Segundo orientação de Norberto Bobbio, a quarta geração de direitos
humanos está ligada à questão do biodireito. Referida geração de direitos decorreria dos avanços no
campo da engenharia genética, ao colocarem em risco a própria existência humana, por meio da
manipulação genética.
Por outro lado, o Professor Paulo Bonavides, afirma que em razão do processo de globalização
econômica, com consequente afrouxamento da soberania do Estado Nacional, existe uma tendência de
globalização dos direitos fundamentais, de forma a universalizá-los institucionalmente, sendo a única
que realmente interessaria aos povos da periferia, citando como exemplos: o direito à democracia, à
informação e ao pluralismo.

5) Direitos da quinta geração: Em que pese doutrinadores enquadrarem os direitos humanos de


quinta geração como sendo os que envolvam a cibernética e a informática. Paulo Bonavides, vê na quinta
geração o espaço para o direito à paz, chegando a afirmar que a paz é axioma da democracia
participativa, ou ainda, supremo direito da humanidade.
Vale observar que, ainda que se fale em gerações, não existe qualquer relação de hierarquia entre
estes direitos, mesmo porque todos interagem entre si, de nada servindo um sem a existência dos outros.
Esta nomenclatura adveio apenas em decorrência do tempo de surgimento, na eterna e constante busca
do homem por mais proteção e mais garantias, com o objetivo de alcançar uma sociedade mais justa,
igualitária e fraterna.

Direitos humanos na Constituição Federal de 1988

A Constituição Federal de 1988 assegura a proteção dos direitos humanos, a partir das noções de
universalidade e indivisibilidade destes direitos.
Com relação à universalidade dos direitos humanos, atenta-se que a Constituição de 1988, ao eleger
o valor da dignidade humana como princípio fundamental da ordem constitucional, compartilha da visão
de que a dignidade é inerente à condição de pessoa, ficando proibida qualquer discriminação. O texto
enfatiza que todos são essencialmente iguais e assegura a inviolabilidade dos direitos e garantias
fundamentais.
Além de afirmar o alcance universal dos direitos humanos, o texto constitucional ainda reforça essa
concepção, na medida em que realça que os direitos humanos são tema do legítimo interesse da
comunidade internacional, transcendendo, por sua universalidade, as fronteiras do Estado.
Essa concepção está embasada na interpretação de dois dispositivos inéditos na história constitucional
brasileira: o artigo 4º, II e o artigo 5º, parágrafo 2º, da Constituição de 1988.
À luz da Carta de 1988, dentre os princípios a reger o Brasil nas relações internacionais, destaca-se
ineditamente o princípio da prevalência dos direitos humanos. Se o Brasil se orientará pela observância

. 13
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desse princípio ao se relacionar com os demais países da ordem internacional, é porque assume que os
direitos humanos são um tema global, de legítimo interesse da comunidade internacional.
A partir do momento em que o Brasil se propõe a fundamentar suas relações com base na prevalência
dos direitos humanos, está ao mesmo tempo reconhecendo a existência de limites e condicionamentos à
noção de soberania estatal. Isto é, a soberania do Estado brasileiro fica submetida a regras jurídicas,
tendo como parâmetro obrigatório a prevalência dos direitos humanos. Rompe-se com a concepção
tradicional de soberania estatal absoluta, reforçando o processo de sua flexibilização e relativização em
prol da proteção dos direitos humanos. Esse processo é condizente com as exigências do Estado
Democrático de Direito constitucionalmente pretendido.
Ao lado do princípio da prevalência dos direitos humanos, a ênfase na proteção desses direitos vem
reforçada a partir de valores inovadores a guiar o Brasil no contexto internacional, como o princípio do
repúdio ao terrorismo e ao racismo, a concessão de asilo político e a cooperação entre os povos para o
progresso da humanidade (vide o art. 4º, incs. VIII, IX, X).
Além das inovações introduzidas pelo artigo 4º, ao consagrar princípios inovadores a reger o Brasil no
cenário internacional, um outro dispositivo merece destaque, qual seja o artigo 5º, § 2º. Ao fim da extensa
Declaração de Direitos enunciada pelo artigo 5º, a Carta de 1988 estabelece que os direitos e garantias
expressos na Constituição "não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados,
ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte". Ademais, observa
que os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão
equivalentes às emendas constitucionais.
A Constituição de 1988 inova, assim, ao incluir, dentre os direitos constitucionalmente protegidos, os
direitos enunciados nos tratados internacionais de que o Brasil seja signatário. Ao efetuar tal
incorporação, a Carta está a atribuir aos direitos internacionais uma hierarquia especial e diferenciada: a
hierarquia de norma constitucional.
Conjugando os artigos 1º, III, 4º e 5º, § 2º, outra conclusão não resta senão a aceitação pelo texto
constitucional do alcance universal dos direitos humanos.
Quanto ao caráter indivisível, interdependente e inter-relacionado dos direitos humanos, ressalte-se
que a Carta de 1988 é a primeira Constituição que integra ao elenco dos direitos fundamentais, os direitos
sociais, que nas Cartas anteriores restavam pulverizados no capítulo pertinente à ordem econômica e
social. A opção da Carta é clara ao afirmar que os direitos sociais são direitos fundamentais, sendo pois
inconcebível separar os valores liberdade (direitos civis e políticos) e igualdade (direitos sociais,
econômicos e culturais).
Logo, a Constituição Brasileira de 1988 acolhe a concepção contemporânea de direitos humanos, ao
reforçar a universalidade e a indivisibilidade desses direitos.21

Dispositivos Constitucionais

Os direitos humanos da Constituição Federal de 1988, são os que tomaram por base os reconhecidos
no âmbito internacional e foram positivados como “Direitos e garantias fundamentais”.

A Constituição de 1988, em seu Título II, classifica o gênero “direito e garantias fundamentais” em
cinco espécies:
1. Direitos individuais;
2. Direitos coletivos;
3. Direitos sociais;
4. Direitos à nacionalidade;
5. Direitos políticos.

Esses dispositivos já foram objeto de estudo na matéria “Noções de Direito Constitucional”, contudo,
considerando o que prevê o Edital do presente concurso, vamos repetir aqui como forma de recordar o
conteúdo, os artigos exigidos nesse tópico:

21
A PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NO SISTEMA CONSTITUCIONAL BRASILEIRO. Flávia Piovesan. Disponível em:
http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/revistaspge/revista5/5rev4.htm

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(...)
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material,
moral ou à imagem;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e
militares de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
prestação alternativa, fixada em lei;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,
independentemente de censura ou licença;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito
a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por
determinação judicial;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996).
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
profissionais que a lei estabelecer;
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário
ao exercício profissional;
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos
da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para
o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização,
sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas
por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública,
ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos
nesta Constituição;
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade
particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não
será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva,
dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras,
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;

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XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz
humanas, inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem
aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização,
bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros
signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do
País;
XXX - é garantido o direito de herança;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do
"de cujus";
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou
de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de
poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de
situações de interesse pessoal;
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos
termos da lei;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por
eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra
a ordem constitucional e o Estado Democrático;
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a
idade e o sexo do apenado;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;

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L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante
o período de amamentação;
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado
antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,
na forma da lei;
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados
o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses
previstas em lei;
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o
interesse social o exigirem;
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em
lei;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao
juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
assegurada a assistência da família e de advogado;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório
policial;
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com
ou sem fiança;
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e
inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por
"habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento
há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade,
à soberania e à cidadania;
LXXII - conceder-se-á "habeas-data":
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de
registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo;
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência;
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência
de recursos;
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do
tempo fixado na sentença;
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:
a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito;

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LXXVII - são gratuitas as ações de "habeas-corpus" e "habeas-data", e, na forma da lei, os atos
necessários ao exercício da cidadania.
LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo
e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
§ 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime
e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil
seja parte.
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão
equivalentes às emendas constitucionais.
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado
adesão.

CAPÍTULO II
DOS DIREITOS SOCIAIS

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015)

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades
vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene,
transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo
vedada sua vinculação para qualquer fim;
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente,
participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de
trabalho;
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo
negociação coletiva;
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
XXIV - aposentadoria;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade
em creches e pré-escolas;
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;

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XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que
este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de
cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato
de trabalho;
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo
de sexo, idade, cor ou estado civil;
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador
portador de deficiência;
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais
respectivos;
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer
trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o
trabalhador avulso
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos
incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e,
atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações
tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos
nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social.

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:


I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro
no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical;
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de
categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou
empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive
em questões judiciais ou administrativas;
IV - a Assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será
descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva,
independentemente da contribuição prevista em lei;
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de
direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato,
salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de
colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.

Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
§ 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das
necessidades inadiáveis da comunidade.
§ 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.

Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos
públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e
deliberação.

Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um representante
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.

CAPÍTULO III
DA NACIONALIDADE

Art. 12. São brasileiros:


I – natos: (nacionalidade originária)

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a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes
não estejam a serviço de seu país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a
serviço da República Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em
repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;
II - naturalizados: (nacionalidade derivada)
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de
língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais
de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de
brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta
Constituição.
§ 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos
previstos nesta Constituição.
§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas.
VII - de Ministro de Estado da Defesa
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse
nacional;
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado
estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis;

Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil.


§ 1º - São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
§ 2º - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios.

CAPÍTULO IV
DOS DIREITOS POLÍTICOS

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com
valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular.
§ 1º - O alistamento eleitoral e o voto são:
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II - facultativos para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
§ 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar
obrigatório, os conscritos.
§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei:
I - a nacionalidade brasileira;
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
V - a filiação partidária;

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VI - a idade mínima de:
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz
de paz;
d) dezoito anos para Vereador.
§ 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem
os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período
subsequente.
§ 6º - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do
Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.
§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou
afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou
Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores
ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
§ 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a
fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida
pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder
econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.
§ 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias
contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou
fraude.
§ 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na
forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;
II - incapacidade civil absoluta;
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.

Questões

01. (TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Técnico Judiciário - FCC/2016) Os chamados direitos de primeira
geração (ou dimensão) surgiram no século XVIII, como consequência do modelo de Estado Liberal. São
exemplos de direitos de primeira geração ou dimensão:
(A) direito à vida e direito à saúde.
(B) direito à liberdade e direito à propriedade.
(C) direito à igualdade e direito à cultura.
(D) direito ao lazer e direito à moradia.
(E) direito à saúde e direito ao meio ambiente saudável.

02. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária - CESPE) Acerca dos direitos fundamentais e do
conceito e da classificação das constituições, julgue os itens a seguir.

Os direitos fundamentais têm o condão de restringir a atuação estatal e impõem um dever de


abstenção, mas não de prestação.
( ) Certo
( ) Errado

03. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP) Sobre a classificação dos direitos e garantias fundamentais, assinale a
alternativa CORRETA.

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(A) Direitos individuais e coletivos.
(B) Direitos sociais e políticos.
(C) Direitos de nacionalidade, políticos e partidos políticos.
(D) Direitos individuais, coletivos, sociais, de nacionalidade, políticos e de partidos políticos.

04. (PGE/AC - Procurador - FMP-RS) Analise as afirmativas abaixo.


I - Somente quando expressamente autorizado pela Constituição, o legislador pode restringir ou regular
algum direito fundamental.
II - De acordo com a jurisprudência do STF, a liberdade de expressão ocupa uma posição superior no
sistema constitucional brasileiro, prevalecendo sempre em caso de colisão com outros direitos
fundamentais, individuais ou sociais.
III - No âmbito das relações de submissão, os direitos fundamentais acabam submetidos por outros
direitos peculiares a tais relações.
IV - Viola o princípio da igualdade toda e qualquer ação discriminatória, mesmo de caráter afirmativo,
produzida pelo legislador ou, mesmo, por meio de políticas públicas.
(A) Todas as alternativas são verdadeiras.
(B) Todas as alternativas são falsas.
(C) Apenas a alternativa I está correta.
(D) Apenas as alternativas II e III estão corretas.

05. (DPE/GO - Defensor Público - UFG) A Constituição Federal de 1988 é conhecida como a
“Constituição Cidadã” em função de seu vasto rol de direitos e garantias fundamentais. Nesse sentido,
(A) o direito à vida é considerado inviolável, razão pela qual não comporta exceções, sendo
inconstitucionais as regras fixadas no art. 128, incisos i e ii, do código penal, que preveem aborto
necessário e sentimental.
(B) os direitos fundamentais diferenciam-se das garantias fundamentais na medida em que os direitos
se declaram, enquanto as garantias têm um conteúdo assecuratório daqueles
(C) a característica principal dos direitos fundamentais é a indivisibilidade, o que significa reconhecer
que os direitos fundamentais não comportam divisão no tempo, sendo, portanto, imprescritíveis.
(D) a igualdade de todos perante a lei repele qualquer prática discriminatória ainda que empreendida
com propósito afirmativo.
(E) os direitos fundamentais são de titularidade exclusiva das pessoas naturais, dado que decorrentes
do princípio da dignidade da pessoa humana.

Respostas

01. Resposta: “B”


Direitos de 1ª geração: Liberdade (direitos negativos). São liberdades negativas ou direitos de defesa
do indivíduo frente ao Estado. Direitos Civis e políticos. Ex.:Direito à vida, à liberdade, à propriedade, à
liberdade de expressão, à participação política e religiosa, à inviolabilidade de domicílio, à liberdade de
reunião.

02. Resposta: “E”. Os direitos de primeira dimensão – civis e políticos – realmente impõem um dever
de abstenção, mas os direitos de segunda dimensão – econômicos, sociais e culturais – impõem um
dever de atuação estatal. Logo, nem todos os direitos fundamentais exigem abstenção do Estado, alguns
deles exigem atuação.

03. Resposta: “D”. O título II da Constituição Federal é intitulado “Direitos e Garantias fundamentais”,
gênero que abrange as seguintes espécies de direitos fundamentais: direitos individuais e coletivos (art.
5º, CF), direitos sociais (genericamente previstos no art. 6º, CF), direitos da nacionalidade (artigos 12 e
13, CF) e direitos políticos (artigos 14 a 17, CF).

04. Resposta: “B”. I está incorreta porque, a princípio, todo direito fundamental pode ser objeto de
regulamentação específica e eventual restrição, desde que esta regulação ou restrição não atentem
contra o próprio direito; II está incorreta porque a liberdade de expressão sofre diversas limitações, como
a honra e a moral das pessoas, não sendo um direito fundamental que deva ser priorizado em relação
aos outros; III está incorreta porque a relação de submissão não exclui o direito fundamental (ex.:
trabalhador e empregador); IV está incorreta porque é pacífico que as ações afirmativas são
constitucionais.

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05. Resposta: “B”. A ligação entre direitos e garantias é justamente o caráter
instrumental/assecuratório da garantia em relação ao direito, em consonância com a alternativa “B”. Todo
direito fundamental comporta exceções, mesmo o direito à vida, sendo constitucionais as previsões que
autorizam o abordo no Código Penal, logo, “A” está incorreta. Já a indivisibilidade não corresponde à
imprescritibilidade, restando incorreta a letra “C”. A igualdade que a lei assegura é material, o que permite
ações afirmativas em favor de grupos prejudicados, tratando os desiguais de maneira desigual, razão
pela qual “D” está incorreta. “E” resta afastada porque direitos fundamentais podem abranger grupos de
pessoas, nascituros, a coletividade, etc.

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