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Sistemas Eletricos em Alta Tensao
Sistemas Eletricos em Alta Tensao
ELÉTRICOS EM
ALTA TENSÃO
RAFAELA FILOMENA ALVES GUIMARÃES
1º Edição: de 2017
Impressão em São Paulo/SP
CDD 621.3
1 ONDAS VIAJANTES������������������������������������������������������������������ 14
1.1 IMPORTÂNCIA DE UM LOCALIZADOR DE FALTA����������������������������14
1.5.1 O MÉTODO��������������������������������������������������������������������������������������������������36
1.5.2 RESISTOR DE PRÉ-INSERÇÃO�������������������������������������������������������������� 40
1.5.3 LINHA COM CARGAS RESIDUAIS����������������������������������������������������������42
1.5.4 DISTÂNCIA DE PROTEÇÃO DE PARA-RAIOS������������������������������������ 44
1.6 SOLUÇÃO PERIÓDICA DAS EQUAÇÕES DE ONDA��������������������������47
4 D ESCA RG AS AT M O S FÉ R I CAS E M L I N H AS D E
TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO���������������������������������������� 186
4.1 CONCEITOS BÁSICOS��������������������������������������������������������������������������186
4.6 S I S T E M A S D E P R O T E Ç Ã O C O N T R A
SUMÁRIO
DESCARGAS ATMOSFÉRICAS - SPDA���������������������������������������������203
5 ATERRAMENTO�����������������������������������������������������������������������270
5.1 PROTEÇÃO CONTRA CONTATOS INDIRETOS��������������������������������270
5.9 EXEMPLOS����������������������������������������������������������������������������������������������310
7 BIBLIOGRAFIA������������������������������������������������������������������������380
ONDAS VIAJANTES
1 ONDAS VIAJANTES
12
Sistemas elétricos em alta tensão
Equipamento Ocorrência
Disjuntores 4%
Transformadores 6%
Erro humano 5%
Barramentos 1%
Geradores 1%
Outros 1%
13
Pode até parecer estranho, à primeira vista, comparar as grandezas, indutância e
capacitância à velocidade; porém, o fato é que podem ser comparadas, pois o resultado
tem como origem as suas grandezas, dado que a indutância é expressa em Henry por
unidade de comprimento e, a capacitância, em Faraday por unidade de comprimento,
pois quando se multiplica L x C, obtém-se a dimensão de segundo ao quadrado, como
se pode verificar na Equação 1.1, chamada de Equação de Ressonância de um circuito
série simples, o que permite que seja obtida a velocidade angular.
ω= = (1.1)
Sendo assim, pode-se obter a velocidade da onda (θ) em uma linha de transmissão
a partir da densidade linear da indutância e da capacitância de uma linha de transmissão,
como é mostrado na Equação 1.2.
= = (1.2)
14
Sistemas elétricos em alta tensão
(1.3)
onde:
𝐷0𝜗– distância da falta ao terminal A por ondas viajantes;
L – comprimento da linha;
𝜗𝑝 – velocidade de propagação da onda;
t A – tempo quando a falha é percebida pelo terminal A;
tB – tempo quando a falha é percebida pelo terminal B;
Com a diferença de tempo com que a perturbação chega aos dois terminais da
linha de transmissão e a velocidade da onda, é possível estimar a distância a um terminal
que ocorre a falta. Vale ressaltar que, além de um sistema de sincronização global de
tempo (GPS) individual, é necessário um canal de comunicação entre os dois terminais,
sincronizando-os e permitindo a troca de dados de tempo e informações da onda que chega
ao outro terminal. Assim, é possível obter dados confiáveis para a aplicação deste método.
Uma vantagem deste método sobre técnicas baseadas em impedância é a
persistência de pré-falta, falta e resistência de aterramento da linha com carga. A
desvantagem dos algoritmos por ondas viajantes é que eles não podem ser usados em
cabos subterrâneos, pois, como as alterações de impedância aumentam drasticamente
entre eles, resultam em grandes imprecisões na localização da falha. A precisão pode
ser afetada mediante erros na detecção das ondas, causados por grandes barramentos
no sistema de energia, que influenciam a tensão e a corrente devido à impedância de
linha, podendo reduzir a amplitude das ondas de tensão tornando-as mais difíceis de
detectar e reduzindo, assim, a sua precisão.
Para obter resultados satisfatórios, é necessário que os parâmetros da linha
estejam bem distribuídos para que o comportamento transitório de uma onda na linha
possa ser bem representado, pois assim é permitido que a teoria de ondas viajantes
sejam corretamente aplicada.
Existem algoritmos de localização de falta também baseados no método de
ondas viajantes muito interessantes, por exemplo, aqueles que utilizam a reflexão
da onda de falta que se propaga ao longo das duas linhas. Neste método, é possível
localizar a falta através dos dados apenas de um dos terminais de linha, não sendo
necessária a sincronização dos terminais e um canal de comunicação dedicado, pois
não há a necessidade de um localizador de um terminal se comunicar com o do outro
terminal. Muito viável para aplicações nas quais se podem ter dois equipamentos
diferentes e até mesmo de fabricantes diferentes, assim, não se tornam dependentes
da comunicação entre eles e/ou interferência no outro terminal de linha.
Na linha de transmissão, qualquer perturbação, seja por descargas atmosféricas
ou por condições permanentes, dá a origem a ondas viajantes, que se propagam nas
direções dos terminais da linha onde são refletidas. Ao longo desta reflexão da onda,
a mesma é atenuada pela perda resistiva da linha e corrente de fuga.
15
A Figura 1.2 mostra como são formadas as reflexões das ondas através de
uma linha temporal na vertical e uma linha horizontal representando a distância
entre os terminais.
Figura 1.2: Diagrama de reflexão das ondas viajantes em uma linha de transmissão de dois terminais.
16
Sistemas elétricos em alta tensão
17
Figura 1.5: Campo eletromagnético de uma linha monofásica ideal: condutor imagem.
18
Sistemas elétricos em alta tensão
Seja:
●● c a capacitância por unidade de comprimento em F/m;
●● ℓ a indutância por unidade de comprimento em H/m;
●● r a resistência por unidade de comprimento Ω/m;
●● g a condutância por unidade de comprimento Ω-1/m.
O comprimento do elemento deve ser pequeno, pois é preciso supor-se ora a
corrente, ora a tensão constante ao longo dele.
Aplicando-se a Lei da Indução de Faraday ao caminho pontilhado da Figura
1.6, tem-se:
(1.4)
(1.5)
(1.6)
φ = ℓ . dx . i (1.7)
19
Essa equação é aproximada, pois o cálculo do campo magnético é feito supondo-
se uma corrente constante ao longo do comprimento dx da linha. Essa aproximação
só é válida se a distância entre os dois condutores da linha – ou entre o condutor
e a terra, em uma linha monofásica – for pequena em relação ao comprimento da
onda viajante. Nesse caso, somente correntes percorrendo as partes do condutor
mais próximas contribuem para a criação desse campo vetorial no ponto sob exame.
Considerando-se, portanto, as Equações 1.5, 1.6 e 1.7, pode-se escrever:
(1.8)
entre essas duas correntes deve-se à corrente que sai pelo lado do cilindro em direção
ao outro condutor. Essa corrente é proporcional à tensão e é igual a 𝑣 (x, t) . g. dx.
(1.9)
(1.10)
20
Sistemas elétricos em alta tensão
Portanto,
(1.11)
Essa equação significa que a variação espacial da corrente ao longo da linha deve-se
à fuga de cargas para o outro condutor, e também ao seu acúmulo na superfície deste.
Escrevendo as duas equações obtidas para a tensão e corrente, tem-se:
(1.12)
(1.13)
(1.14)
(1.15)
(1.16)
(1.17)
21
Derivando-se a Equação 1.16 em relação a x e substituindo-se a derivada da
corrente em relação a x pela Equação 1.17 e fazendo-se o mesmo para a equação da
corrente, substituindo a derivada da tensão, tem-se:
(1.18)
(1.19)
(1.21)
em que Zc(s) = .
(1.22)
(1.23)
em que v = 1/ .
Para a definição de uma linha sem distorção, é necessário fazer primeiro:
(1.24)
22
Sistemas elétricos em alta tensão
(1.25)
em que
δ= é o fator de atenuação;
σ= é o fator de distorção.
Uma linha sem distorção é definida como sendo aquela em que σ = 0. Assim.
simplificar, a notação Zc, sem o (s), será usada para representar indistintamente a
impedância característica de uma linha com ou sem distorção ou perdas. Quando o
contexto deixar alguma dúvida, explicitar-se-á a dependência com a frequência.
As Equações 1.20 e 1.21 se transformarão em
(1.26)
(1.27)
23
Figura 1.8: Energização de uma linha semi-infinita.
(1.28)
(1.29)
(1.30)
O significado físico dessa equação fica claro quando a análise é feita no domínio
do tempo, utilizando-se o teorema da translação da transformada de Laplace (se f(t)
. u(t) tem uma transformada de Laplace F(s), então, a transformada de Laplace de f
(t – T) . u (t – T) é e -sT. F(s)).
(1.31)
Isto é,
24
Sistemas elétricos em alta tensão
Com base na definição da função degrau u(t), sabe-se que v(x, t) = u(t – x/v) =
1, se (t – x/v) > 0 e u (t -x/v) = 0 para os outros pontos. Quando se fotografa a tensão
em todos os pontos da linha em um determinado instante de tempo t = T, o resultado
está mostrado na Figura 1.9, item a. Fotografias tiradas subsequentemente, com o
passar do tempo, ou seja, com o aumento contínuo de T, vão mostrar um valor unitário
constante de tensão propagando-se ao longo da linha.
Considerem-se duas fotografias tiradas em dois instantes T1 < T2. Podem-se ver
nelas dois pontos X1 = v T1 e X 2 = v T2 sendo energizadas pela tensão. A velocidade
(1.33)
25
1.4.1 LINHAS FINITAS: REFLEXÕES EM DESCONTINUIDADES
Para linhas monofásicas sem perdas com as duas extremidades acessíveis –
linhas finitas – vale a solução geral, em qualquer ponto da linha:
(1.34)
(1.35)
26
Sistemas elétricos em alta tensão
(1.36)
Essa condição não pode ser satisfeita nem por um par (tensão/corrente) de ondas
progressivas, cuja relação é Zc, nem por um par de ondas regressivas, cuja relação
é Zc. Ambos os pares de ondas devem existir, obrigatoriamente, na descontinuidade,
a despeito de, inicialmente, só existir o par de ondas progressivas. É comum dizer-se
que a descontinuidade gera o outro par regressivo, porém, na verdade, o que gera o
par de ondas regressivo é a condição de contorno do problema na descontinuidade,
que deve ser obedecida pela equação da linha.
No início, tem-se
e (1.37)
e (1.38)
27
e
(1.41)
(1.42)
(1.43)
ou seja,
(1.44)
Tensão
Corrente
28
Sistemas elétricos em alta tensão
Tensão
Corrente
Note-se que, para o caso de linhas sem perdas, Zc é um número real, o que
implica fatores de reflexão e refração reais. Não há, portanto, deformação da onda
incidente quando ela se reflete e se refrata nessa terminação.
Dois casos extremos são os da terminação aberta (R → ∞) e do curto-circuito (R = 0).
No caso do circuito aberto, por manipulações algébricas simples, chega-se a este quadro:
Análise análoga àquela apresentada para o circuito aberto pode ser feita.
Nesses dois casos extremos, ou a tensão ou a corrente refratada dobra após a
incidência. Esse fenômeno não ocorre em circuitos com parâmetros concentrados. É
possível entendê-lo a partir de considerações sobre a energia eletromagnética que
se propaga na linha.
Já foi dito que as tensões e corrente na linha estão ligadas a campos eletromagnéticos
em torno de seus condutores (Figura 1.4). A energia divide-se, igualmente, entre energia
(1.46)
29
A energia total, após a incidência, só será magnética e pode ser dada por
(1.47)
(1.48)
Figura 1.12: Efeito da carga resistiva nos terminais da linha, na forma de onda da tensão.
A Figura 1.12 - item a) mostra a linha com terminal em aberto (R → ∞), em que
o coeficiente de reflexão da tensão é igual a 1. A tensão no terminal aberto é o dobro
da tensão incidente.
30
Sistemas elétricos em alta tensão
A Figura 1.12 - item b) mostra a linha conectada a uma resistência igual à sua
impedância de surto (R = Z); o coeficiente de reflexão da tensão e corrente são nulos,
não havendo reflexão. A tensão na carga é a própria onda incidente no terminal.
A Figura 1.12 - item c) mostra a terminação em curto-circuito (R = 0), em que a
onda de tensão refletida é igual e tem sinal contrário ao da onda incidente.
A Figura 1.12 - item d) mostra a terminação em um centelhador, que se comporta
como um circuito aberto até atingir a tensão de ruptura. Em seguida, comporta-se
como um curto-circuito.
Tensão
Corrente
(1.49)
(1.50)
31
A tensão refletida pode ser colocada na forma
(1.51)
(1.52)
(1.53)
ou seja,
(1.54)
32
Sistemas elétricos em alta tensão
Tensão
Corrente
(1.55)
ou no domínio do tempo,
(1.56)
Análise semelhante à anterior leva aos gráficos da Figura 1.15. Vê-se que o
capacitor se comporta como um curto-circuito inicialmente e depois, como um circuito
aberto (diferentemente do caso do indutor, a energização de cargas capacitivas por meio
de linhas de transmissão causa correntes elevadas na terminação – também chamadas
de correntes inrush de banco de capacitores, essa corrente dobra inicialmente, e
depois, tende a zero exponencialmente).
33
Das análises anteriores, pode-se ver que, nas terminações capacitivas e indutivas,
a impedância característica (Zc) se comporta como um resistor na composição da
constante de tempo dos fenômenos. Mais uma vez, essa grandeza surpreende mediante
comportamentos inesperados.
1.5.1 O MÉTODO
O método do diagrama de reflexões é uma simplificação bidimensional de um
problema tridimensional. A representação de uma onda, por exemplo, de tensão,
propagando-se em uma linha, demanda três eixos: o eixo das amplitudes, o eixo dos
tempos (t) e o eixo das distâncias (x). O eixo das amplitudes contém a informação
sobre a forma da onda propagante. Esse eixo é posteriormente omitido armazenando-
se sua informação de outra forma. Esse é, na verdade, o princípio da simplificação
mencionada acima.
Um exemplo simples ilustra o procedimento. A Figura 1.16 mostra uma linha
monofásica de impedância característica Zc, tempo de trânsito τ terminada por um
resistor R e energizada em t = 0, por uma fonte de tensão contínua de amplitude V.
(o tempo de trânsito é o tempo gasto pela onda para propagar-se entre a fonte e a
terminação R, ou seja, ele é igual ao comprimento da linha dividido pela velocidade
de propagação). Os eixos x e t e as linhas retas inclinadas que representam a onda
se propagando de uma extremidade a outra da linha são traçados. Cada segmento
de reta inclinado representa uma onda progressiva ou regressiva, dependendo de
sua direção de propagação. Sua inclinação é numericamente igual à velocidade de
propagação. A informação perdida com a omissão do eixo das amplitudes é restituída,
se, ao lado de cada segmento, for anotada a forma de onda – progressiva ou regressiva.
34
Sistemas elétricos em alta tensão
35
Figura 1.17: Diagrama de reflexões para o cálculo da tensão no ponto central da linha.
36
Sistemas elétricos em alta tensão
37
Pode-se, igualmente, calcular a corrente em qualquer ponto, bastando, para isso,
que se faça o diagrama de reflexões para a corrente, como o mostrado na Figura 1.21.
Note-se que os coeficientes de reflexão da corrente são diferentes dos da tensão.
38
Sistemas elétricos em alta tensão
A diferença do cálculo em relação aos anteriores é que, nesse caso, a tensão que
começa a se propagar na linha precisa ser calculada. Em t = 0, a fonte que alimenta
a linha enxerga o resistor de pré-inserção em série com a impedância característica
da linha. Assim, há uma divisão de tensão, sendo que a que começa a propagar-se é
(1.57)
Agora, o cálculo pode ser feito como anteriormente. É o que mostram as Figuras
1.23 e 1.24. O resistor de pré-inserção permanece por alguns milissegundos conectado.
Depois do tempo de inserção (t1), o contato principal do disjuntor se fecha e o resistor
é desconectado. Tanto a conexão quanto a desconexão do resistor geram transitórios.
Os transitórios mostrados se referem apenas à inserção (em t = 0) do resistor e não
ao desligamento do mesmo (em t = t1).
Figura 1.23: Resistor de pré-inserção: cálculo da tensão no final da linha para R = Zc/10.
Figura 1.24: Resistor de pré-inserção: cálculo da tensão no final da linha para R = Zc.
39
O resistor de pré-inserção diminui a tensão no final da linha mediante a absorção
da energia da sobretensão. No caso em que R = Zc, não há sobretensão alguma no
final da linha, sendo essa a situação ideal.
40
Sistemas elétricos em alta tensão
Figura 1.26: Escoamento de cargas residuais: diagrama de reflexões. Tensão no terminal em aberto.
41
A abertura de uma chave entre dois nós é simulada pela inclusão de uma fonte de
corrente que anula a corrente que flui entre os dois nós, após o momento de abertura
dela. O cálculo total, então, é feito para os dois momentos, antes e depois da inclusão
da fonte, separadamente e, depois, somados temporalmente, como mostrado na Figura
1.28. Note-se que, quando se consideram as fontes de cancelamento, as fontes reais do
sistema devem ser mortas, isto é, os ramos das fontes de tensão devem ser substituídos
por curtos-circuitos e os das fontes de corrente, por circuitos abertos.
Figura 1.28: Fontes de cancelamento para consideração de condições iniciais em problemas de cálculo
de transitórios.
42
Sistemas elétricos em alta tensão
43
Figura 1.31: Modelagem do para-raios.
44
Sistemas elétricos em alta tensão
ω é tratado como parâmetro. A solução v(x, t) é válida para qualquer valor de ω e V (ω).
Essa tensão (na verdade, há, também, uma solução análoga para a corrente) é
a solução das Equações 1.12 e 1.13 desde que
(1.59)
45
γ = ± (α + j β) e (1.60)
Tem-se
(1.61)
(1.62)
sendo:
γ - fator de propagação;
∧ - comprimento da onda;
α - fator de atenuação;
β - fator de fase. Ele determina a periodicidade espacial da onda quando sua
velocidade de propagação 𝑣 = , para cada componente periódico de frequência ω.
Então,
(1.64)
46
Sistemas elétricos em alta tensão
A essas ondas de tensão estão associadas ondas de corrente, que podem ser
obtidas tomando v (x, t) = V(ω) e jωt ± γ x, supondo i(x, t) = I (ω) e jωt ± γ x e usando a
Equação 1.12 com
47
(1.65)
e (1.66)
(1.67)
(1.68)
Como
(1.69)
(1.70)
48
Sistemas elétricos em alta tensão
(1.71)
Assim,
(1.72)
(1.73)
(1.75)
49
A Equação 1.76 pode ser escrita como Vx (ω) = Vk (ω) (1 + Z Y1) – Z Ik (ω).
Substituindo-se esse valor na Equação 1.77, tem-se
Comparando-se as duas últimas equações com as Equações 1.74 e 1.75, nota-se que
1 + Z Y1 = 1 + Z Y2 = cosh (γ x) (1.79)
(1.81)
e γ (ω) = j β = j ω (1.83)
e (1.84)
50
Sistemas elétricos em alta tensão
(1.86)
(1.87)
Figura 1.36: Diagrama simplificado de uma linha de transmissão, mostrando uma fase e o retorno pelo
neutro. Estão indicadas as nomenclaturas para a linha e para o elemento de comprimento.
51
o comprimento do elemento será chamado de ∆x. Então, z ∆x será a impedância em
série, e y ∆x a admitância em derivação do elemento da linha. A tensão ao neutro na
extremidade do elemento do lado da carga é V, que é a expressão complexa do valor
eficaz da tensão, cujas amplitude e fase variam com a distância da linha. A tensão
na extremidade do lado do gerador é V + ∆V. A elevação de tensão neste elemento
da linha no sentido do crescimento de x é ∆V, que é a tensão na extremidade do lado
do gerador menos a tensão no lado da carga. Esta elevação de tensão é também o
produto da corrente que circula em direção oposta ao crescimento de x ela impedância
do elemento, ou I z ∆x. Então
∆V = I z ∆x (1.88)
ou
(1.89)
(1.90)
Da mesma forma, a corrente que flui para fora do elemento no lado da carga é
I. A amplitude e a fase da corrente I variam com a distância ao longo da linha, devido
à admitância em derivação distribuída pela mesma. A corrente que flui dentro do
elemento, do lado do gerador, é I + ∆I. A corrente que entra no elemento pelo lado
do gerador é maior do que a que sai pelo lado da carga de uma quantidade ∆I. Esta
diferença de corrente é a corrente V y ∆x que flui pela admitância em derivação do
elemento. Portanto,
∆I = V y ∆x (1.91)
e, através de passos semelhantes aos seguidos nas Equações 1.88 e 1.89, obtém-se
(1.92)
(1.93)
(1.94)
Se os valores de dI/dx e dV/dx das Equações 1.90 e 1.92 forem substituídos nas
Equações 1.93 e 1.94, respectivamente, obtém-se
52
Sistemas elétricos em alta tensão
(1.95)
(1.96)
Agora, tem-se uma Equação 1.95, onde as únicas variáveis são V e x e outra
Equação 1.96 na qual as únicas variáveis são I e x. As soluções das Equações 1.95
e 1.96 para V e I, respectivamente, devem ser expressões de modo que, quando
derivadas duas vezes em relação a x, levem à expressão original multiplicada pela
constante y z. Por exemplo, a solução de V quando derivada duas vezes em relação
a x deve dar y z V. Isto sugere uma solução exponencial.
Supõe-se que a solução da Equação 1.95 seja
(1.97)
(1.98)
(1.99)
VR = A1 + A 2 (1.100)
(1.101)
(1.102)
53
(1.103)
γ=α+jβ (1.104)
(1.105)
(1.106)
54
Sistemas elétricos em alta tensão
O segundo termo da Equação 1.103 [(VR + IR Zc)/2] ε-αx ε-jβx diminui em amplitude e
se atrasa em fase da barra receptora para a barra transmissora. Ele é chamado tensão
refletida. Em qualquer ponto ao longo da linha, a tensão é a soma das componentes
incidente e refletida naquele ponto.
Como a equação da corrente é semelhante à equação da tensão, ela também
pode ser considerada composta de correntes incidente e refletida.
Se uma linha for conectada à sua impedância característica Zc, a tensão na
barra receptora VR será igual a IR Zc e não haverá ondas refletidas de corrente nem
de tensão, como se pode ver trocando VR por IR Zc nas Equações 1.103 e 1.104. Uma
linha que alimenta a sua impedância característica é chamada linha plana ou linha
infinita. A segunda denominação se baseia no fato de que uma linha infinita não pode
produzir onda refletida. Normalmente, as linhas de potência são assim projetadas de
modo a eliminar a onda refletida. Um valor típico de Zc é de 400 Ω para uma linha
aérea de circuito simples e de 200 Ω para dois circuitos em paralelo. O ângulo de fase
de Zc situa-se quase sempre entre 0º e -15º. As linhas de cabos múltiplos possuem
valores de Zc mais baixos porque possuem valores menores de L e valores maiores
de C do que as linhas com um único condutor por fase.
Em sistemas de potência, a impedância característica é frequentemente chamada
impedância de surto. Este termo é, no entanto, reservado apenas para linhas sem perdas.
Se uma linha é sem perda, ela possui resistência e condutância nulas, e a impedância
característica se reduz a , que é uma resistência pura. Quando se estudam altas
frequências ou surtos devidos a descargas atmosféricas, as perdas são quase sempre
desprezadas e a impedância de surto se torna importante. O carregamento de uma linha
impedância de surto (SIL) é a potência fornecida por uma linha a uma carga resistiva
pura igual a sua impedância de surto. Nestas condições, a linha fornece uma corrente de
(1.107)
(1.108)
(1.109)
55
Um comprimento de onda λ é a distância entre dois pontos da linha correspondente
a um ângulo de fase de 360º ou 2 𝜋 rad. Se β for o defasamento em radianos por
quilômetro, o comprimento de onda em quilômetros será
(1.110)
(1.111)
Se a linha estiver em vazio, IR será igual a zero, e como foi determinado pelas
Equações 1.103 e 1.104, as ondas incidente e refletida são iguais em amplitude e em
fase na barra receptora. Neste caso, as correntes incidente e refletida são iguais em
amplitude, mas defasadas de 180º na barra receptora. Então, as correntes incidente
e refletida se cancelam na barra receptora de uma linha em aberto, mas não em
qualquer outro ponto da mesma, a menos que a linha seja inteiramente sem perdas
de modo que a atenuação α seja nula.
(1.112)
e pode-se escrever
(1.113)
56
Sistemas elétricos em alta tensão
Figura 1.37: Diagrama simplificado de uma seção elementar de uma linha de transmissão, mostrando uma
fase e o retorno pelo neutro. A tensão v e a corrente i são funções de x e de t. a distância x
é medida a partir do terminal transmissor da linha.
(1.114)
Pode-se dividir ambos os termos das Equações 1.13 e 1.14 por ∆x e, como foi
considerado somente uma linha sem perdas, são iguais a zero, resultando em
(1.115)
=-C (1.116)
= (1.117)
v = 𝑓 (x – v t) (1.118)
57
Esta função é indefinida, mas deve ser unívoca. A constante v é dimensionada
em metros por segundo se x for dado em metros e t em segundos. Pode-se verificar
esta solução substituindo esta expressão de v na Equação 1.117 para determinar v.
Primeiro, se faz a troca de variáveis
u=x–vt (1.119)
e escreve-se
Logo,
(1.121)
(1.122)
Da mesma se obtém
(1.123)
(1.124)
(1.125)
A tensão representada pela Equação 1.118 é uma onda viajante que se desloca no
sentido positivo de x. A Figura 1.38 mostra uma função de (x – v t) que é semelhante à
forma de uma onda de tensão provocada por uma descarga atmosférica que se desloca
através de uma linha. A função é mostrada para dois valores de tempo t1 e t 2, t 2 > t1.
Um observador que se desloque junto com a onda, e permaneça no mesmo ponto
sobre ela, não perceberá variação de tensão naquele ponto. Para este observador
x – v t = constante (1.126)
(1.127)
58
Sistemas elétricos em alta tensão
Figura 1.38: Uma onda de tensão que é função de (x – v t) é mostra para os valores de t iguais a t1 e t 2.
Uma onda de (x + v t) também é uma solução da Equação 1.117, como pode ser
comprovado; e, por um raciocínio semelhante, pode ser interpretada como uma onda
que se desloque no sentido negativo de x. A solução geral da Equação 1.117 é, então,
v = 𝑓1 (x – v t) + 𝑓2 (x – v t) (1.128)
v + = 𝑓1 (x – v t) (1.129)
Resultará uma onda de corrente das cargas que se movem, que será representada por
(1.130)
que pode ser verificada por substituição destes valores de tensão e corrente na Equação
1.117, considerando que v é igual a 1/ .
Da mesma forma, para uma onda que se desloque para trás, onde
v - = 𝑓2 (x + v t) (1.131)
a corrente correspondente é
(1.132)
(1.133)
59
(1.134)
(1.135)
(1.136)
(1.137)
60
Sistemas elétricos em alta tensão
(1.138)
(1.139)
(1.140)
(1.141)
61
segunda linha até o seu final onde ocorrerá uma onda refletida. As bifurcações de
uma linha também provocarão ondas refletidas e refratadas.
Deve-se, agora, ser evidente que um estudo subsequente de transitórios em
linhas de transmissão é um problema complicado. Evidencia-se, entretanto, que um
surto de tensão como aquele mostrado na Figura 1.38 ao encontrar uma impedância
no final de uma linha sem perdas (por exemplo, em uma barra transformadora) fará
com que uma onda de tensão com mesma forma viaje de colta para a fonte do surto.
A onda refletida será reduzida em amplitude se a impedânica no terminal da linha for
diferente de um curto-circuito ou de um circuito aberto, mas este estudo mostrou que
se ZR for maior do que Zc a tensão terminal de pico será, muitas vezes, maior do que
quase o dobro da tensão de pico de surto.
O equipamento terminal é protegido por para-raios. Um para-raios ideal conectado
da linha a um neutro aterrado deveria:
●● Tornar-se condutor a uma tensão especificada em projeto acima da tensão
nominal do para-raios;
●● Limitar a tensão em seus terminais ao seu valor especificado em projeto;
●● Tornar-se novamente não condutor quando a tensão entre fase e neutro cair
abaixo do valor de projeto.
(1.142)
(1.143)
(1.144)
62
Sistemas elétricos em alta tensão
(1.145)
(1.146)
(1.147)
(1.148)
(1.149)
(1.150)
63
ou, mais simplificadamente,
(1.151)
Note-se que as derivadas de V1 (x, s) e de V2 (x, s) são funções das duas tensões,
o que dificulta a solução de cada uma das subequações da equação matricial. A
forma usual de resolver uma tal equação matricial consiste em transformá-la em uma
equação matricial equivalente, em que cada uma das derivadas das funções auxiliares
seja função apenas de uma delas.
Transformam-se os vetores de tensão [V1, V2]t e corrente [I1, I2]t das fases nos
vetores modais e , respectivamente, fazendo
(1.152)
(1.153)
(1.154)
(1.155)
Para que a equação (x, s) só dependa de (x, s), o mesmo valendo para
(x, s), calcula-se a matriz de transformação de tal forma que
(1.156)
seja uma matriz diagonal. O mesmo deve ocorrer em relação às correntes. Uma
possível forma de e é
(1.157)
64
Sistemas elétricos em alta tensão
(1.158)
em que = e =
Assim, em uma linha de dois fios, há duas ondas modais viajantes de tensão,
com velocidades diferentes ( e ), cada uma delas composta por uma onda
progressiva e uma regressiva (esse resultado é generalizável para uma linha de n
fios). A partir das tensões, é possível calcular as correntes da mesma forma que no
caso monofásico.
Para isso, usa-se a primeira das Equações matricias 1.144 para uma linha
sem perdas.
(1.161)
(1.162)
65
As correntes modais podem ser, agora, calculadas, derivando-se o vetor [Vmod]
em relação a x, o que resulta em
(x, s) = - (1.163)
(x, s) = + (1.164)
em que
= (1.165)
= (1.166)
= . (1.167)
Como =½ , então,
66
Sistemas elétricos em alta tensão
= (1.168)
ou
67
a correlação cruzada entre uma seção da primeira onda viajante direta, detectada e
armazenada, e a segunda onda viajante reversa que reflete no ponto de falta e retorna
ao ponto do relé. Com isso, se consegue estimar o intervalo de viagem dos transitórios,
determinando-se assim a distância da falta. Essa abordagem é mais eficaz quanto
mais adequada for a largura da janela de dados para armazenar o formato da primeira
onda viajante. Uma vez que essa seleção da largura da janela depende da localização
da falta, em principio desconhecida, o tamanho da janela permanece uma questão
não resolvida para a implementação prática do método.
Dentre as limitações dos métodos que trabalham com ondas viajantes, o
requisito de elevadas taxas de amostragem é frequentemente considerado. Cabe
mencionar porém que, atualmente, a tecnologia de conversores A/D de alta velocidade
e de processadores de sinais digitais (DSPs) de alto desempenho, como também
dos transdutores óticos de corrente e tensão têm permitido operações a elevadas
taxas de amostragem. Além disso, técnicas com processamento paralelo tendem a
viabilizar altas velocidades de execução de tais tarefas.
Recentemente, tem sido proposto o uso de redes neurais (RNs) para localização
de faltas. Fica evidente, porém, que o uso de componentes na frequência do sistema,
extraídos no período pós-falta, é mais vantajoso, implicando em RNs de menor
dimensão, treinamento mais rápido e melhores resultados. Sendo assim, quaisquer
componentes de alta frequência, como ondas viajantes, harmônicos, etc., devem
ser pré-filtrados. Nesse caso, métodos baseados em RNs tornam-se muito similares
aos métodos baseados na forma de onda, os quais podem estar sujeitos a erros
como anteriormente mencionado.
Considerando-se que as ondas viajantes geradas por uma falta aparecem
como distúrbios impulsivos superpostos aos sinais de frequência fundamental, a
transformada de Wavelet (TW) se torna muito mais adequada para a obtenção da
localização da falta. Neste item, será apresentada uma abordagem baseada na
teoria de ondas viajantes associada à transformada de Wavelet dos sinais de tensão.
A Transformada de Wavelet tem sido usada com sucesso na análise de transitórios
em sistemas de potência. Diferentes propostas de aplicação foram introduzidas com
obejtivo principal de avaliar aspectos de qualidade de energia elétrica. Relacionadas à
área de proteção/supervisão, poucas contribuições foram apresentadas até o momento,
destacando-se a: detecção de faltas de alta impedância, localização de falta e identificação
de faltas.
Agora serão introduzidas algumas novas habilidades como a identificação
das fases envolvidas na falta e uma mais adequada política de descriminação da
metade faltosa da linha.
Seja o sistema de transmissão da Figura 1.40.
68
Sistemas elétricos em alta tensão
(1.173)
onde * denota o conjugado complexo e as funções ψab (t) são versões escaladas e
transladadas de uma dada função ψ (t), denominada Wavelet mãe, e dadas por:
(1.174)
69
Quando a função a ser analisada é uma série temporal 𝑓 (k), então deve-se
utilizar a Transformada Wavelet Discreta ou simplesmente DWT (Discret Wavelet
Transform) definida por:
(1.175)
(1.176)
onde as amostras g (k) são definidas como o produto interno de ϕ (x) e ϕ (2x – n)
representando os coeficientes do filtro de escalamento.
Em contrapartida, a função Wavelet mãe ψ (x), também pode ser obtida de
modo similar:
(1.177)
formarem uma base ortogonal para L2 (R), vantagens adicionais são obtidas.
Com um conjunto de funções ϕk (x) e ψj,k (x) gerando um espaço L2 (R), qualquer
função 𝑓 ∈ L2 (R) pode ser escrita como uma expansão em série de n termos das
funções Wavelet e escalamento. Assim
(1.179)
70
Sistemas elétricos em alta tensão
primeiros coeficientes podem ser vistos como resposta ao impulso de filtros digitais
e os dois últimos como sinais digitais propriamente ditos.
Assim, a TW, quando usada para analisar um sinal discreto, pode ser implementada
usando-se dois filtros digitais: um passa-altas, h(n), relacionado a uma dada Wavelet mãe
ψ (x), e sua versão espelhada passa-baixas g (n), associada à função escalamento ϕ (x).
De posse destes filtros, uma estrutura de filtragem para decompor um sinal
em diferentes níveis de resolução pode ser construída, tal como a que é mostrada
na Figura 1.41. Nessa estrutura, c0 (n) representa as amostras 𝑓(x), cj (n) é a versão
alisada (passa-baixas) e dj (n) é a versão detalhada (passa-altas) de c j-1 (n). o número
de níveis de decomposição depende da aplicação desejada.
A operação de dizimação por um fator dois, representada por ↓2 nas saídas dos
filtros, realiza um escalamento no sinal para o processamento do estágio subsequente.
Desse modo, o sinal decomposto tem a metade das amostras do sinal anterior (metade
da largura de banda). Contudo, em muitas aplicações, a operação de dizimação pode
ser omitida. São usados filtros Wavelet do tipo Daubechies com quatro coeficientes,
omitindo-se a operação de dizimação com decomposição apenas na primeira escala.
Essas características de filtragem mostraram-se suficientes para capturar eficazmente
as informações relevantes à identificação e à localização das faltas.
71
Figura 1.42: Diagrama de Lattice.
(1.180)
(1.181)
72
Sistemas elétricos em alta tensão
73
O detalhe de uma das saídas, por exemplo, a saída 7, mostra que o ponto de falta
pode ser localizado com precisão se os instantes exatos dos valores máximos dos
dois primeiros picos que se referem às duas primeiras ondas viajantes forem obtidos.
A detecção do primeiro pico é baseada em limiares previamente definidos, os
quais são ajustados em função do histórico do nível de ruído em regime permanente
presente no sinal. Após essa detecção, o instante de ocorrência do valor máximo
do primeiro pico é obtido. Por sua vez, o segundo pico é detectado utilizando-se um
segundo limiar que considera os amortecimentos das ondas viajantes. Após a detecção,
o instante do valor máximo do segundo pico é obtido.
Assim, utilizando-se a velocidade do modo aéreo, qualquer uma das sete saídas
(exceto as não excitadas) servirá para o cálculo da distância da falta usando a Equação
1.180. No caso particular do exemplo apresentado, tem-se ∆ti = t 2 – t1 -= 0,017495 –
0,016955 s, o qual fornecerá uma distância de 80,42 km (θ1 = 297.856 km/h)
No caso das faltas aterradas, a saída 1 (modo terra) também será ativada
com picos de coeficientes Wavelet. Além disso, o primeiro pico da saída 1 estará
atrasado em relação ao primeiro pico das demais saídas. Isso é facilmente entendido,
considerando que a velocidade do modo terra é menor do que a do modo aéreo.
Com tais características, a metade faltosa da linha pode ser determinada. Dois
encaminhamentos têm sido experimentados;
i. Havendo um canal de comunicação entre os terminais da linha de transmissão,
medem-se em cada terminal os intervalos de tempo (∆te) existentes entre o primeiro
pico da saída 1 e o primeiro pico das demais saídas. Assim, esses intervalos (∆te)
podem então ser comparados. Se ∆teA < teB significa falta na primeira metade da linha,
caso contrário, a falta estará na segunda metade e a distância é determinada pela
Equação 1.181. Não há necessidade de medição sincronizada.
ii. Com o intervalo de tempo (∆ti) entre as duas primeiras subsequentes ondas
de uma mesma saída, pode-se calcular uma distância x1 usando a Equação 1.180 e
outra distância x 2 pela Equação 1.181 (complemento de x1). Ainda, com o intervalo de
tempo ∆te e sabendo-se o tempo total de propagação da onda (τ) por toda a linha de
transmissão, dois valores de θ 0 podem ser calculados:
(1.182)
(1.183)
74
Sistemas elétricos em alta tensão
75
1.12.3.1 CARACTERÍSTICAS DOS DADOS SIMULADOS
(1.184)
76
Sistemas elétricos em alta tensão
Figura 1.46: Sinais de tensão (falta AT) e instantes de ocorrência das ondas viajantes fornecidas nas
saídas 1 e 7.
77
1.13 EXEMPLO
Figura 1.47: Esquema do circuito para o exemplo 1.1, onde a resistência na barra é de 90 Ω.
Solução:
Quando S é fechado, a onda incidente de tensão inicia a viagem através da linha
e é representada pela equação
v = 120 U (vt – x)
onde U(vt – x) é a função degrau unitário que é igual a zero quando (vt – x) é negativo
e igual à unidade quando (vt – x) é positivo. Não existirá onda refletida enquanto a
onda incidente não atingir o final da linha. A impedância à onda incidente é Zc = 30 Ω.
Como a resistência da fonte é nula, v+ = 120 V
e, assim,
vR = 120 + 60 = 180 V
Quando t = 2 T, a onda refletida chega à barra transmissora, onde o coeficiente
de reflexão ρs da barra transmissora é calculado pela Equação 1.141:
78
Sistemas elétricos em alta tensão
Figura 1.48: Diagrama de treliça para o exemplo 1.1, onde a resistência na barra é de 90 Ω.
Figura 1.49: Gráfico da tensão em função do tempo para o exemplo 1.1, onde a resistência na barra é de 90 Ω.
79
Se a resistência do final da linha do exemplo 1.1 for reduzida para 10 Ω como
é mostrado no circuito da Figura 1.50 - item a), o diagrama de treliças e o gráfico da
tensão toma a forma apresentada nas Figuras 1.50 - itens b) e c). A resistência de 10 Ω
dá um valor negativo para o coeficiente de reflexão para a tensão, que sempre ocorrerá
para resistência quando ZR for menor do que Zc. Como se pode ver comparando as
Figuras 1.48, 1.49 e 1.50, um valor negativo de ρR provoca um salto inicial de tensão
a um valor maior do que o aplicado originalmente na barra transmissora.
Figura 1.50: Esquema do circuito, diagrama de treliças e gráfico da tensão em função do tempo quando
a resistência da barra receptora do exemplo 1.1 é modificada para 10 Ω.
80
Sistemas elétricos em alta tensão
81
CAMPOS ELÉTRICOS
EM CONDUTORES
2 CAMPOS ELÉTRICOS EM CONDUTORES
2.1 CONDUTORES
(2.1)
∆I = JN ∆S (2.2)
∆I = J ∆S (2.3)
(2.4)
84
Sistemas elétricos em alta tensão
elemento de carga está orientado com suas arestas paralelas aos eixos coordenados
e que possui apenas um componente x de velocidade. No intervalo de tempo ∆t,
verifica-se que o elemento de carga se move por uma distância ∆x, como indicado
na Figura 2.1 - item b). Assim, move-se uma carga ∆Q = ρv ∆S ∆x por um plano de
referência perpendicular à direção de movimento em um incremento de tempo ∆t, e a
corrente resultante é
(2.5)
Figura 2.1: Um incremento de carga, ∆Q = ρv ∆S ∆x, que se move por uma distância ∆x em um tempo
∆t, produz um componente de densidade de corrente, (no limite), de Jx = ρv v x.
∆I = ρv ∆S vx (2.6)
Jx = ρv vx (2.7)
J = ρv v (2.8)
Este último resultado mostra, de forma muito clara, que a carga em movimento
se constitui em corrente. Chama-se esse tipo de corrente de corrente de convecção e J
ou ρv v é a densidade de corrente de convecção. Note que a densidade de corrente de
convecção está linearmente relacionada à densidade de carga, assim como à velocidade.
85
2.1.2 CONTINUIDADE DA CORRENTE
A introdução do conceito de corrente é seguida por uma discussão sobre a
conservação da carga e da equação da continuidade. O princípio da conservação da carga
determina simplesmente que cargas não podem ser criadas e nem destruídas, apesar
de quantidades iguais de cargas positivas e negativas poderem ser simultaneamente
criadas, obtidas por separação, destruídas ou perdidas por recombinação.
A equação da continuidade vem deste princípio, quando se considera qualquer
região limitada por uma superfície fechada. A corrente pela superfície fechada é
(2.9)
e este fluxo para fora da carga positiva deve ser balanceado pelo decréscimo de cargas
positivas (ou, talvez, um aumento de carga negativa) dentro da superfície fechada. Se
a carga dentro da superfície fechada é denotada por Qi, então a taxa de decréscimo
é – dQi / dt e o princípio de conservação de cargas requer
(2.10)
(2.11)
(2.12)
(2.13)
86
Sistemas elétricos em alta tensão
(2.14)
87
Figura 2.2: A estrutura em bandas de energia em três diferentes tipos de materiais a 0 K. a) O condutor
não exibe banda proibida de energia entre as bandas de valência e de condução. b) O
isolante apresenta uma grande banda proibida de energia. c) O semicondutor tem apenas
uma pequena banda proibida de energia.
Entretanto, se o elétron com a energia mais alta ocupa o nível máximo na banda de
valência e existe uma banda proibida (gap) entre as bandas de valência e de condução,
o elétron não pode aceitar energia adicional em pequenas quantidades, e o material
será um isolante. Esta estrutura é indicada na Figura 2.2 - item b). Nota-se que, se uma
quantidade relativamente grande de energia puder ser transferida para o elétron, ele pode
ser suficientemente estimulado a saltar a banda proibida, indo para a próxima banda
onde a condução possa acontecer com facilidade. Neste caso, o isolante será rompido.
Uma condição intermediária ocorre quando apenas uma pequena banda proibida
separa as duas bandas, conforme ilustrada na Figura 2.2 - item c). Pequenas quantidades
de energia na forma de calor, luz ou um capo elétrico podem aumentar a energia dos
elétrons no topo da banda preenchida e proporcionar a base para a condução. Esses
materiais são isolantes que apresentam muitas das propriedades dos condutores e
são chamados de semicondutores.
Vai-se, somente, considerar o condutor. Nele, os elétrons de valência, ou elétrons
de condução ou livres, movem-se sob a influência de um campo elétrico. Com um
campo E, um elétron que tem uma carga Q = - e experimentará a força
F=-eE (2.15)
vd = - µe E (2.16)
88
Sistemas elétricos em alta tensão
J = - ρ e µe E (2.17)
J=σE (2.18)
89
Bronze fosfórico 1 x 107 Terra (areia) 10 -5
Solda 0,7 x 107 Granito 10 -6
Aço carbono 0,6 x 107 Mármore 10 -8
Prata germânica 0,3 x 107 Baquelite 10 -9
Manganês 0,227 x 107 Porcelana (processo seco) 10 -10
Constantan 0,226 x 107 Diamante 2 x 10 -13
Germânio 0,22 x 107 Poliestireno 10 -16
Aço inoxidável 0,11 x 107 Quartzo 10 -17
Tabela 2.1: Condutividade (σ).
Quando se observa dados como esses, é mais natural verificar-se que se está
sendo apresentado a valores constantes – o que é verdade. Condutores metálicos
obedecem à lei de Ohm bastante fielmente, e essa é uma relação linear. A condutividade
é constante para uma larga faixa de densidade de corrente e de intensidade de campo
elétrico. A lei de Ohm e os condutores metálicos são também descritos como isotrópicos,
ou seja, suas propriedades são as mesmas em todas as direções.
Contudo, a condutividade é uma função da temperatura. A resistividade, que é o
recíproco da condutividade, varia quase linearmente com a temperatura na região da
temperatura ambiente, e para o alumínio, o cobre e a prata, aumenta em aproximadamente
0,4% para um aumento de temperatura de 1 K. Para diversos metais, a resistividade cai
abruptamente até zero quando em uma temperatura de poucos Kelvin. Essa propriedade
é chamada de supercondutividade. Cobre e prata não são supercondutores, apesar do
alumínio sê-lo, em temperaturas abaixo de 1,14 K.
Se agora as Equações 2.17 e 2.18 forem combinadas, a condutividade poderá
ser expressa pela densidade de carga e pela mobilidade do elétron
σ = - ρ e µe (2.19)
(2.20)
(2.21)
90
Sistemas elétricos em alta tensão
ou
V=EL (2.22)
Logo
(2.23)
ou
(2.24)
Figura 2.3: Densidade de corrente J e a intensidade de campo elétrico E uniformes em uma região
cilíndrica de comprimento L e seção reta de área S. Aqui, V = I R, onde R = L/σ S.
V=IR (2.25)
onde
(2.26)
A Equação 2.25 é conhecida como Lei de Ohm e a Equação 2.26 permite calcular
a resistência R, medida em ohms (Ω), de objetos condutores que possuem campos
uniformes. Se os campos não são uniformes, a resistência pode, ainda, ser definida
como a razão de V por I, onde V é a diferença de potencial entre duas superfícies
equipotenciais especificadas no material e I é a corrente total que atravessa a superfície
mais positiva no material. Pelas relações integrativas genéricas nas Equações 2.20
e 2.21 e pela lei de Ohm na Equação 2.18, pode-se escrever essa expressão mais
genérica para a resistência quando os campos não são uniformes,
91
(2.27)
92
Sistemas elétricos em alta tensão
(2.28)
ou seja, nenhum trabalho é realizado ao se deslocar uma carga unitária por qualquer
caminho fechado.
Figura 2.4: Um caminho fechado e uma superfície gaussiana apropriados são utilizados para determinar
as condições de fronteira na interface entre um condutor e o espaço livre. Et = 0 e DN = ρs
(2.29)
(2.30)
93
(2.31)
(2.32)
DN ∆S = Q = ρs ∆S (2.33)
ou
DN = ρs (2.34)
Dt = Et = 0 (2.35)
D N = ε 0 EN = ρ s (2.36)
(2.37)
(2.38)
onde n é o vetor unitário normal à superfície que aponta para fora do condutor,
como mostrado na Figura 2.4; ambas as operações (produtos vetorial e escalar) são
avaliadas na superfície do condutor s. Realizando o produto vetorial ou o escalar de
qualquer campo com n, tem-se como resultado o componente tangencial ou o normal
do campo, respectivamente.
Uma consequência direta e importante de uma intensidade de campo elétrico
tangencial igual a zero é o fato de que a superfície de um condutor é uma superfície
equipotencial. O cálculo da diferença de potencial entre quaisquer dois pontos na
superfície pela integral de linha leva a um resultado nulo, porque o caminho deve ser
escolhido na própria superfície, onde E . dL = 0.
Para resumir os princípios aplicáveis a condutores em campos eletrostáticos,
pode-se afirmar que:
94
Sistemas elétricos em alta tensão
Figura 2.5: a) Duas cargas iguais, mas de sinais opostos podem ser substituídas por b) uma carga única
e um plano condutor sem afetar os campos sobre a superfície V = 0.
95
e de sua imagem, e o plano condutor será removido. Isso é sugerido pelas duas
ilustrações da Figura x. Em muitos casos, o campo potencial do novo sistema é muito
mais fácil de ser calculado, pois não contém o plano condutor com sua densidade
superficial desconhecida.
Figura 2.6: a) Uma dada conFiguração de cargas sobre um plano condutor infinito pode ser substituída por
b) A conFiguração de cargas dada mais a conFiguração de sua imagem, sem o plano condutor.
96
Sistemas elétricos em alta tensão
(2.39)
(2.40)
onde Φ é agora interpretado como o fluxo que passa por qualquer um dos N caminhos
coincidentes.
Precisa-se agora definir fem, utilizada nas Equações 2.39 e 2.40. A fem é
obviamente um escalar, e uma verificação dimensional mostra que ela é medida
em Volts. Define-se a fem como
(2.41)
97
e nota-se que é a tensão em torno de um caminho fechado específico. Se qualquer
parte do caminho é alterada, geralmente a fem também muda. A mudança em relação
aos resultados estáticos é claramente mostrada na Equação 2.41, pois uma intensidade
de campo elétrico resultante de uma distribuição estática de carga deve levar a uma
diferença de potencial nula em torno de um caminho fechado. Em eletrostática, a
integral de linha leva a uma diferença de potencial. Com campos variáveis no tempo,
o resultado é uma fem ou uma tensão.
Substituindo Φ na Equação 2.40 com a integral de superfície B, tem-se:
(2.42)
(2.43)
dS = - Ds (2.44)
(∇ x E) . dS = - dS (2.45)
∇xE=- (2.46)
98
Sistemas elétricos em alta tensão
Essa é uma das quatro equações de Maxwell descrita em sua forma diferencial
(ou pontual), forma na qual elas são mais genericamente utilizadas. A Equação 2.43 é
a forma integral dessa equação e é equivalente à lei de Faraday quando aplicada a um
caminho fixo. Se B não é uma função do tempo, as Equações 2.43 e 2.46, evidentemente,
se reduzem às equações para a eletrostática.
= 0 (eletrostática) (2.47)
∇ x E = 0 (eletrostática) (2.48)
B = B0 ekt az (2.49)
a fem ao longo desse caminho fechado é - k B0 ekt π a2. Ela é proporcional a a2 porque
a densidade de fluxo magnético é uniforme e o fluxo que passa pela superfície em
qualquer instante é proporcional à área.
Se, agora, substituir-se a por ρ, considerando ρ < b, a intensidade de campo
elétrico em qualquer ponto será
(2.51)
A seguir, tentará se obter a mesma resposta a partir da Equação 2.46, que se torna
(2.52)
(2.53)
ou
(2.54)
99
Se B 0 é considerado positivo, um condutor filamentar de resistência R teria
uma corrente circulando no sentido negativo de aφ, e essa corrente estabeleceria um
fluxo dentro da espira circular no sentido negativo de a z. Uma vez que Eφ aumenta
exponencialmente com o tempo, a corrente e o fluxo assim também o fazem e,
dessa forma, tendem a reduzir a taxa temporal de aumento do fluxo aplicado e a
fem resultante, de acordo com a lei de Lenz.
É bom destacar que o campo B dado não satisfaz todas as equações de Maxwell.
Tais campos são geralmente assumidos (sempre em problemas de circuito ca – circuitos
alimentados por corrente ou tensão alternada) e não causam dificuldades quando
interpretados corretamente.
Agora, vai-se considerar o caso de um fluxo constante (no tempo) e um caminho
fechado que se move. Antes de se derivar quaisquer resultados especiais da lei de
Faraday, vista na Equação 2.39, vai-se utilizar a lei básica para analisar o problema
específico destacado na Figura 2.7. O circuito fechado consiste em dois condutores
paralelos conectados por um voltímetro de alta resistência e de dimensões desprezíveis
em uma extremidade, e por uma barra deslizante que se move em uma velocidade
v na outra. A densidade de fluxo magnético B é constante (no tempo) e uniforme (no
espaço), e é normal ao plano que contém o caminho fechado.
Figura 2.7: Um exemplo que ilustra a aplicação da lei de Faraday considerando uma densidade de fluxo
magnético constante B e um caminho que se move. A barra de curto-circuito se move para a
direita com uma velocidade v, e o circuito é completado por dois trilhos e por um voltímetro
de resistência extremamente alta. A leitura do voltímetro é V12 = - B v d.
Considere que a posição da barra de curto-circuito seja dada por y. O fluxo que
passa pela superfície dentro do caminho fechado em qualquer tempo será
Φ=Byd (2.55)
(2.56)
100
Sistemas elétricos em alta tensão
F=QvxB (2.57)
ou
(2.58)
Em = v x B (2.59)
fem = = . dL (2.60)
101
onde a última integral pode ter um valor diferente de zero apenas ao longo daquela
porção do caminho que está em movimento, ou ao longo daquela na qual v possui
algum valor diferente de zero. Calculando o lado direito da Equação 2.60, obtém-se
. dL = dx = - B v d (2.61)
como anteriormente. Essa é a fem total, pois B não é uma função do tempo.
No caso de um condutor em movimento em um campo magnético uniforme e
constante, pode-se associar uma intensidade de campo elétrico de movimento Em
= v x B a toda a porção do condutor em movimento, e calcular a fem resultante por
fem = = = . dL (2.62)
fem = =- dS + dL (2.63)
fem = - (2.64)
e qualquer uma delas pode ser utilizada para se determinar essas tensões induzidas.
Embora a Equação 2.64 pareça simples, existem alguns exemplos elaborados
nos quais a sua aplicação é bastante difícil. Esses exemplos geralmente envolvem
contatos deslizantes ou chaves, e sempre estão relacionados à substituição de uma
parte do circuito por uma parte nova. Como exemplo, considere o circuito simples da
Figura 2.8, que contém diversos fios condutores perfeitos, um voltímetro ideal, um
campo B uniforme e constante e uma chave. Quando a chave é aberta, obviamente
passa a existir mais fluxo envolvido no circuito do voltímetro. Entretanto, ele continua
a ler zero. A mudança no fluxo não foi produzida por um B variável no tempo (primeiro
termo da Equação 2.63). Em vez disso, um novo circuito substituiu o antigo. Portanto,
é necessário ser cauteloso no cálculo das variações nos enlaces de fluxo.
Figura 2.8: Um aumento aparente nos enlaces de fluxo não leva a uma tensão induzida quando uma
parte do circuito é simplesmente substituída por outra pela abertura da chave. Nenhuma
indicação será observada no voltímetro.
102
Sistemas elétricos em alta tensão
∇xE=- (2.65)
que mostra que um campo magnético variável no tempo produz um campo elétrico.
Lembrando a definição de rotacional, vê-se que esse campo elétrico possui a propriedade
especial de circulação. Sua integral de linha ao longo de um caminho fechado genérico
não é zero. Agora, vai-se voltar a atenção ao campo elétrico variável no tempo.
Deve-se, primeiramente, focar na forma pontual da lei circuital de Ampère quando
aplicada a campos magnéticos estacionários,
∇xH=J (2.66)
e mostrar sua inadequação para condições variáveis no tempo tomando seu divergente
em cada lado,
∇.∇xH≡0=∇J (2.67)
∇xJ=- (2.68)
mostra que a Equação 2.66 pode ser verdadeira apenas se = 0. Essa é uma
limitação irreal, e a Equação 2.66 deve ser consertada antes de se poder aceitá-la
para campos variantes no tempo. Supõe que se some um termo desconhecido G à
Equação 2.66:
∇xH=J+G (2.69)
0=∇.J+∇.G (2.70)
Logo
∇.G= (2.71)
103
Substituindo por ∇ . D
(2.72)
(2.73)
da qual se obtém a solução mais simples para G,G =
∇xH=J+ (2.74)
A Equação 2.74 não foi derivada. É simplesmente uma forma que se obteve que
não entra em desacordo com a equação da continuidade. É também consistente com
todos os outros resultados.
Agora, tem-se a segunda das equações de Maxwell, e vai-se investigar o seu
significado. O termo adicional possui as dimensões de densidade de corrente,
A/m2. Uma vez que ela resulta de uma densidade de fluxo elétrico variável no tempo
(ou densidade de deslocamento), Maxwell chamou-a de densidade de corrente de
deslocamento. Geralmente, denota-se por Jd
∇ x H = J + Jd (2.75)
(2.76)
J=σE (2.77)
J= E (2.78)
(2.79)
104
Sistemas elétricos em alta tensão
(2.80)
(2.81)
(2.82)
Figura 2.9: um condutor filamentar forma uma espira conectando as duas placas de um capacitor de placas
paralelas. Um campo magnético variável no tempo dentro do caminho fechado produz uma
fem de V0 cos ω t ao longo do caminho fechado. A corrente de condução I é igual à corrente
de deslocamento entre as placas do capacitor.
Utilizando a teoria elementar de circuitos e supondo que a espira possui resistência
e indutância desprezíveis, pode-se obter a corrente na espira como
(2.84)
105
onde as grandezas ϵ, S e d estão associadas ao capacitor. Vai-se aplicar a lei circuital
de Ampère ao menor caminho fechado k e desconsiderar, por enquanto, a corrente
de deslocamento
(2.85)
(2.86)
e então
(2.87)
106
Sistemas elétricos em alta tensão
(2.88)
(2.89)
∇.D= (2.90)
∇.B=0 (2.91)
D=ϵD (2.92)
relacionam B e H,
B=µH (2.93)
J=σE (2.94)
J= v (2.95)
são também necessárias para definir e relacionar as grandezas que aparecem nas
equações de Maxwell.
Os potenciais V e A não foram incluídos porque eles não são estritamente
necessários, apesar de serem extremamente úteis.
107
Se não se tem materiais adequados com os quais trabalhar, deve-se então
substituir as Equações 2.92 e 2.93 pelas relações que envolvem os campos de
polarização e magnetização,
D = ϵ0 E + P (2.96)
B = µ0 (H+ M) (2.97)
P = x e ϵ0 E (2.98)
eMaH
M = xm H (2.99)
(2.100)
(2.101)
(2.102)
(2.103)
108
Sistemas elétricos em alta tensão
reais quaisquer (onde K deve ser zero na superfície de fronteira), a Equação 2.100
possibilita relacionar os componentes tangenciais do campo E,
e da Equação 2.101
E=0 (2.108)
H=0 (2.109)
para campos que variam no tempo. A forma pontual da lei circuital de Ampère mostra,
então, que o valor finito de J é
J=0 (2.110)
e corrente deve circular pela superfície do condutor como uma corrente superficial
K. Logo, se a região 2 é um condutor perfeito, as Equações 2.104 a 2.107 se
tornam, respectivamente
Et1 = 0 (2.111)
Ht1 = K (Ht1 = K x aN) (2.112)
DN1 = ρs (2.113)
BN1 = 0 (2.114)
109
2.5 EQUAÇÕES DE POISSON E DE LAPLACE
Pode-se determinar a capacitância ao, inicialmente, se considerar uma distribuição
de carga conhecida nos condutores para, depois, se encontrar a diferença de potencial
expressa pela carga considerada. Uma abordagem alternativa seria iniciar com
potenciais conhecidos em cada condutor e, em seguida, calcular a carga considerando
a diferença de potencial conhecida. A capacitância é, em cada caso, encontrada pela
razão Q/V.
Assim, o primeiro objetivo na última abordagem é determinar a função potencial
entre condutores considerando os valores de potenciais fornecidos nas fronteiras
juntamente com possíveis densidades volumétricas de carga na região de interesse.
As ferramentas matemáticas que permitem a determinação da função potencial são as
equações de Poisson e de Laplace. Problemas envolvendo de uma a três dimensões
podem ser resolvidos analítica ou numericamente. As equações de Laplace e Poisson,
quando comparadas aos outros métodos, são provavelmente as mais úteis, porque
muitos problemas envolvem dispositivos cujas diferenças de potencial aplicadas são
conhecidas e cujas fronteiras estão submetidas a potenciais constantes.
Obter a equação de Poisson é extremamente simples, pois da forma pontual
da lei de Gauss,
∇.D= (2.115)
da definição de D
D=ϵE (2.116)
e da relação do gradiente,
E=-∇V (2.117)
∇ . D = ∇ . (ϵ E) = - ∇ . (ϵ ∇ V) = (2.118)
ou
∇.∇V=- (2.119)
(2.120)
110
Sistemas elétricos em alta tensão
(2.121)
e assim,
(2.122)
(2.123)
em coordenadas cartesianas.
Se = 0, indicando uma densidade volumétrica de carga nula, mas permitindo
que cargas pontuais, linhas de cargas e densidades superficiais de cargas existam
em localizações singulares como fontes de campo, então
∇2 V = 0 (2.124)
(2.125)
(2.126)
e em coordenadas esféricas é
∇2 V =
(2.127)
(esféricas)
111
imaginável de eletrodos ou condutores produz um campo para o qual ∇2 V = 0. Todos
esses campos são diferentes, com diversos valores de potenciais e de taxas de variação
espacial, ainda que para cada um deles ∇2 V = 0. Uma vez que todos os campos (se
= 0) satisfazem a equação de Laplace, para se poder utilizá-la mais informações
são necessárias, ou seja, a resolução das equações de Laplace está sujeita a algumas
condições de fronteira.
Todo problema físico deve conter pelo menos uma fronteira condutora – e
normalmente ele contém duas ou mais. Os potenciais nessas fronteiras são valores
determinados, talvez V0, V1, ..., ou talvez valores numéricos. Essas superfícies
equipotenciais definidas fornecerão as condições de fronteira para o tipo de problema a
ser resolvido. Em outros tipos de problemas, as condições de fronteira tomam a forma
de valores especificados para E (alternativamente, uma densidade superficial de cargas
ρs) em uma superfície envolvente, ou uma mistura de valores conhecidos de V e E.
Se a resposta satisfaz a equação de Laplace e também satisfaz as condições de
fronteira, ela será a única resposta possível. Essa é uma afirmação do teorema da unicidade.
=0 (2.128)
= Qene (2.129)
E = Et + E n (2.130)
112
Sistemas elétricos em alta tensão
Aplicando a Equação 2.128 ao caminho fechado abcda da Figura 2.10 - item a),
assumindo que o caminho é muito pequeno em relação à variação de E. Obtém-se
ou
113
= (2.136)
ou
ou
114
Sistemas elétricos em alta tensão
= (2.144)
= (2.145)
Essa é a lei da refração do campo elétrico em uma fronteira livre de cargas (já
que se considera ρs = 0 na interface). Dessa forma, em geral, uma interface entre dois
dielétricos causa o desvio da linha de fluxo, como resultado da diferença no número
de cargas de polarização que se acumulam em cada um dos lados da interface.
115
Figura 2.12: Fronteira condutor-dielétrico.
0 = 0 ∆w + 0 + En – Et ∆w - En -0 (2.146)
como ∆h → 0,
Et = 0 (2.147)
De maneira similar, aplicando a Equação 2.129 ao cilindro da Figura 2.12 - item
b) e fazendo ∆h → 0 se obtém
∆Q = Dn ∆S – 0 ∆S (2.148)
porque D = ε E = 0 no interior do condutor. A Equação 2.148 pode ser escrita como
Dn = = ρs (2.149)
ou
Dn = ρs (2.150)
Dessa forma, sob condições estáticas, a respeito de um condutor perfeito,
pode-se concluir que:
1. Não existe campo elétrico no interior de um condutor, isto é:
Dn = = 0, E=0 (2.151)
116
Sistemas elétricos em alta tensão
Dt = ε0 Et = 0 Dn = ε0 En = ρs (2.153)
117
Figura 2.14: Fronteira condutor – espaço livre.
Deve-se observar novamente, que a Equação 2.153 implica que o campo E deve
se aproximar da superfície condutora perpendicularmente a ela.
118
Sistemas elétricos em alta tensão
sendo
R 2 = x 2 + y2 x = y tg θ (2.154)
Tem-se:
dE = aR (2.155)
dE = aR (2.156)
O valor negativo de dEx indica que esta grandeza está orientada no sentido
negativo do eixo x. As componentes segundo os eixos x e y do vetor resultante E no
ponto são dadas por:
Ex = =- dE Ex = =- dE (2.158)
119
A componente Ex deve ser nula porque cada elemento de carga, à direita da
normal que passa pelo ponto, tem um elemento simétrico correspondente à esquerda,
tal que suas contribuições na direção do eixo x são iguais e de sentido oposto, de
modo que seus efeitos se anulam mutuamente.
E =Ey = dE = 2 dE (2.159)
E=2 ay = ay (2.160)
E= (2.161)
E= ay = dθ ay = - cos θ ay (2.162)
(2.163)
120
Sistemas elétricos em alta tensão
Figura 2.16: Superfícies equipotenciais: a) Duas cargas iguais, de mesmo sinal; b) duas cargas iguais
de sinais diferentes.
(2.164)
(2.165)
(2.166)
Caso seja adotado outro ponto de referência, cujo potencial será considerado
nulo, a Equação 2.166 torna-se:
121
(2.167)
Figura 2.17: Cargas sobre um plano infinito condutor perfeito de potencial nulo.
122
Sistemas elétricos em alta tensão
Figura 2.18: Cargas sobre um plano infinito condutor perfeito de potencial nulo.
123
Figura 2.19: Campo de uma linha sem considerar o efeito do solo.
124
Sistemas elétricos em alta tensão
O método da teoria das imagens tem por objetivo reduzir o erro nos cálculos,
considerando o solo uma superfície equipotencial. Em uma consideração mais próxima
da realidade, a distância na qual se considera o condutor imagem pode ser bem mais
profunda do que a altura da linha, devido às características do solo abaixo dela.
125
As normas brasileiras, atualmente, não determinam limites para campos magnéticos
e pouco regulamentam sobre campos elétricos para o público em geral, sendo que
a NBR-5422, norma relativa a projetos de linhas aéreas de transmissão de energia
elétrica, determina apenas o limite de campo elétrico no limite da faixa de servidão.
Devido a esse fato, nos projetos de linhas de transmissão, são utilizadas recomendações
internacionais como as dadas pela International Radiation Protection Association (IRPA).
Densidade de fluxo
Valores limites para 60 Hz Campo elétrico (kV/m)
magnético (µT)
Exposição ocupacional 25(2) 1000(2)
Público em geral 5(1) (2) -
Tabela 2.2: Limites de exposição estabelecidos por normas brasileiras.
126
Sistemas elétricos em alta tensão
Densidade de fluxo
Valores limites para 60 Hz Campo elétrico (kV/m)
magnético (µT)
127
Característica da Densidade de fluxo
Campo elétrico (kV/m)
exposição magnético (µT)
Ocupacional
Período de trabalho
10 500
integral
Períodos curtos 30(1) 5.000(2)
Partes do corpo 25.000
Público em geral
Até 24 horas/dia(3) 5 100
Poucas horas por dia(4) 10 1.000
Tabela 2.4: Limites de exposição estabelecidos pela IRPA.
128
Sistemas elétricos em alta tensão
Distância
Região ou obstáculo atravessado pela linha ou que ela se aproxime
básica (a)
Locais acessíveis apenas a pedestres 6,0
Locais onde circulam máquinas agrícolas 6,5
Rodovias, ruas e avenidas 8,0
Ferrovias não eletrificadas 9,0
Ferrovias eletrificadas ou com previsão de eletrificação 12,0
Suporte de linha pertencente à ferrovia 4,0
Águas navegáveis H + 2,0
Águas não navegáveis 6,0
Linhas de energia elétrica 1,2
Linhas de telecomunicação 1,8
Telhados e terraços 4,0
Paredes 3,0
Instalações transportadoras 3,0
Veículos rodoviários e ferroviários 3,0
Tabela 2.5: Distância básica.
Para cálculo da altura mínima dos suportes, pode-se empregar o método convencional
descrito na NBR-5422:
(2.168)
129
ou
hs = a para V ≤ 87 kV (2.169)
sendo:
V – tensão máxima de operação da linha, valor eficaz, fase-fase, em kV;
Du – distância, em metros, numericamente igual a V;
a – distância básica, em metros, obtida da tabela 2.5, seu valor depende do tipo
de obstáculo.
Observações:
●● Para altitudes superiores a 1.000 metros em relação ao nível do mar, o valor
da segunda parcela de hs deve ser acrescido de 3% para cada 300 metros de altitude
acima de 1.000 metros;
●● Em locais acessíveis somente a pessoal autorizado, podem ser utilizadas
distâncias menores que as calculadas pela fórmula básica;
●● No cálculo das distâncias dos condutores à superfície de água navegáveis,
H corresponde à altura, em metros, do maior mastro e deve ser fixado pela autoridade
responsável pela navegação da via considerada, levando-se em conta o nível máximo
de cheia ocorrido nos últimos 10 anos;
●● No cálculo de distâncias verticais de partes de uma linha às de outra linha
de transmissão, o valor de Du, na fórmula básica, corresponde à tensão mais elevada
das duas linhas consideradas. Se ambas forem superiores a 87 kV, deve-se calcular
a parcela 0,01 para ambas e somar-se o resultado das duas tensões ao
valor básico de a;
●● As distâncias indicadas para telhados e terraços são válidas para os casos
em que os mesmos não sejam acessíveis a pedestres. Caso contrário, o espaçamento
deve ser de 6 m. As distâncias devem ainda ser aumentadas convenientemente, se
isso se fizer necessário, em vista da existência de equipamentos como guindastes ou
andaimes, piscinas, jardins, ou da execução de trabalhos de conservação, extinção
de incêndios, etc.;
●● No cálculo da distância dos condutores a paredes cegas (equação 2.170),
nas quais por acordo entre as partes interessadas, não for permitida a abertura de
janelas, portas, etc., ressalvadas as disposições legais pertinentes, a distância mínima
pode ser calculada pela fórmula a seguir, adotando-se 0,5 m como o valor mínimo:
(2.170)
A altura mínima dos condutores ao solo tem grande importância não só para a
segurança, mas também para o nível do campo elétrico, visto que conforme a altura
diminui, a intensidade do campo elétrico aumenta. No caso de linhas que atravessem
ruas e avenidas, essa altura torna-se ainda mais importante, devido ao grande fluxo
de pessoas
130
Sistemas elétricos em alta tensão
131
EFEITO CORONA
3 EFEITO CORONA
(3.1)
em que:
∆p – soma das perdas de energia, por dispersão, em uma fase da linha, em (kW/km);
U – tensão de serviço, entre fase e neutro, em (kV).
As perdas por dispersão englobam as perdas devidas ao efeito Corona e as
perdas nos isoladores. As primeiras são uniformemente distribuídas ao longo das
linhas. As perdas nos isoladores se concentram neles, porém, como a distância entre
estruturas-suporte é pequena em comparação ao comprimento das linhas, estas
também são consideradas uniformemente distribuídas.
134
Sistemas
estatísticas da região percorrida, podendo mesmo variar ao longo das linhas mais ou
menos curtas. Felizmente, são suficientemente pequenas para poderem ser desprezadas
na maioria dos casos.
135
Descargas elétricas em gases são, geralmente, iniciadas por um campo elétrico
que acelera elétrons livres aí existentes. Quando esses elétrons adquirem energia
suficiente do campo elétrico, podem produzir novos elétrons por choque com outros
átomos. É o processo de ionização por impacto. Durante a sua aceleração no campo
elétrico, cada elétron livre colide com átomos de oxigênio, nitrogênio, e outros gases
presentes, perdendo, nessa colisão, parte de sua energia cinética. Ocasionalmente,
um elétron pode atingir um átomo com força suficiente, de forma a excitá-lo. Nessas
condições, o átomo atingido passa a um estado de energia mais elevado. O estado
orbital de um ou mais elétrons muda e o elétron que colidiu com o átomo perde parte
de sua energia para criar esse estado. Posteriormente, o átomo atingido pode reverter
ao seu estado inicial, liberando o excesso de energia em forma de calor, luz, energia
acústica e radiações eletromagnéticas. Um elétron pode igualmente colidir com um íon
positivo, convertendo-o em átomo neutro. Esse processo, denominado recombinação,
também libera excesso de energia, está ilustrado na Figura 3.2.
136
Sistemas
137
que apresenta. É a poluição acústica causada pelo ruído característico provocado
pelos eflúvios do Corona. Esse aspecto também vem merecendo crescente atenção
no dimensionamento das linhas, a fim de que o grau de perturbação seja mantido em
níveis aceitáveis. Tais estudos mostraram que o ruído auditivo é função dos máximos
gradientes de potencial dos condutores.
Em vista do exposto, pode-se concluir que, para as linhas de transmissão
em tensões extra e ultra-elevadas, o dimensionamento econômico das linhas está
diretamente relacionado à escolha do gradiente de potencial máximo admissível na
superfície dos condutores das linhas de transmissão. Como será visto, gradientes
para uma mesma classe de tensão somente são reduzidos mediante o emprego de
condutores de diâmetros maiores, ou maior espaçamento entre fases, ou pelo emprego
de condutores múltiplos, com número crescente de subcondutores, ou pela forma com
que são distribuídos sobre o círculo tendo como centro o eixo do feixe.
Alternativamente, vêm sendo pesquisados outros métodos para a duração da rádio
interferência e ruídos audíveis, como a colocação de espinas ao longo dos condutores ou
o seu envolvimento em capas de Neoprene. A disposição dos subcondutores em forma de
polígono irregular também vem sendo investigada como meio de reduzir os gradientes de
potencial, e parece ser promissora: é possível encontrar uma posição para cada subcondutor
na periferia de um círculo, de forma que o gradiente em todos os subcondutores seja
mínimo. O emprego dos condutores múltiplos assimétricos tem apresentado problemas
de estabilidade mecânica sob ação do vento, e a melhor solução sob esse aspecto poderá
conflitar com a melhor solução sob o aspecto de distribuição de gradientes de potencial.
(3.2)
ou em valores eficazes
(3.3)
138
Sistemas
Verificou-se que o valor máximo de ECRV depende muito mais das dimensões dos
condutores do que a Expressão 3.2 parece indicar. Outros pesquisadores chegaram
a variações das equações pesquisadas por Peek realizadas em condutores com
pequenos diâmetros, como mostra a Tabela 3.1.
(3.4)
a qual, para um mesmo diâmetro de condutor r (cm), fornece valores muito próximos
daquelas encontrados pela Expressão 3.3 devido a Peek. Esta, para um condutor com
d = 2,54 (cm), fornece um valor de ECRV de 2,11% maior do que aquela.
A Expressão 3.4 é válida também para condutores múltiplos, desde que se faça
a necessária correção. Esta consiste em se determinar o diâmetro de um condutor
cilíndrico que, colocado na posição do condutor múltiplo, possua em sua superfície o
mesmo gradiente de potencial que os subcondutores daquele. Logo, se pode generalizar:
139
(3.5)
(3.6)
(3.7)
na qual, tem-se:
t – temperatura em (ºC) – em geral, toma-se o valor da temperatura média anual;
b = 760 – 0,086 h (mm Hg), sendo h (m), sobre o nível do mar, a altitude média local.
logo,
(3.8)
(3.9)
140
Sistemas
Fatores de
Condições superficiais dos condutores
superfície (m)
Verifica-se, pelos valores contidos na tabela, que ECRV diminui muito com a
presença de água sobre os cabos, cujas gotas representam pontos de concentração de
potencial. Os valores mais baixos de m atribuídos aos cabos novos e secos decorrem
do fato de que estes, em geral, além de apresentarem pequenas irregularidades
superficiais (arranhões, farpas, etc.) que a oxidação provocada pelo próprio Corona
se encarrega de eliminar com o tempo, possuem também óleo ou graxas em sua
superfície, à qual aderem mais facilmente partículas de poeira orgânica e inorgânica,
que representam fontes de eflúvios puntiformes.
Nos cabos novos sujeitos à chuva, a água adere a toda a sua superfície em forma
de gotículas, enquanto nos cabos usados a tendência é se formarem gotas maiores ao
longo de sua geratriz inferior, porém, em menor número. As gotículas, em geral, são
deformadas sob a ação do campo elétrico, formando pontas nas quais o gradiente se
torna suficientemente elevado para produzir eflúvios puntiformes, causando todos os
inconvenientes mencionados. O gradiente crítico visual decresce consideravelmente.
A representação deste efeito está mostrada na Figura 3.3.
Figura 3.3: Deformação de gotas d’água sob a ação do campo elétrico de um condutor.
141
3.3 PREVISÃO DO DESEMPENHO DAS LINHAS QUANTO
À FORMAÇÃO DE CORONA
Para que uma linha apresente desempenho satisfatório face ao fenômeno do Corona,
é necessário que o gradiente de potencial na superfície dos condutores ou subcondutores
seja inferior ao valor do gradiente crítico visual dessa linha. Em outras palavras:
E < ECRV (3.10)
142
Sistemas
(3.12)
sendo:
x – raio da superfície cilíndrica, em m.
será dada pela Equação 3.13:
(3.13)
(3.14)
(3.15)
(3.16)
onde:
ϵ – permissividade do meio.
Considerando-se a carga Q colocada sobre um filamento de raio desprezível,
situado no eixo do condutor, a situação em nada se altera.
O mesmo número de linhas de força atravessa as superfícies indicadas. O
potencial em cada ponto de cada superfície é o mesmo, pois se trata de superfícies
equipotenciais. Os gradientes de potencial são igualmente uniformes. A superfície
de um condutor cilíndrico que possui cargas uniformemente distribuídas pode ser
considerada como uma superfície equipotencial de uma carga linear de mesmo valor,
colocada ao longo do seu eixo.
O valor do gradiente de potencial na superfície do condutor, se for introduzido o
valor de ϵ na Equação 3.16, será então
(3.17)
(3.18)
143
A presença de outros condutores ou superfícies nas proximidades do condutor
considerado altera substancialmente a configuração do campo elétrico do condutor
considerado, independentemente de possuírem cargas ou não. A Figura 3.5 mostra
o campo resultante entre dois condutores com cargas iguais e sinal oposto, com e
sem a influência do solo.
A Figura 3.6 mostra o campo elétrico de uma linha trifásica em relação ao solo,
quando a carga do meio é igual a Q e as cargas dos condutores laterais iguais a -1/2 Q
144
Sistemas
145
Figura 3.8: Campos elétricos em torno de condutores múltiplos isolados de 3 e 6 subcondutores.
Para fins de cálculo, seja das perdas por Corona, seja do nível de rádio interferência
ou do nível de ruído, deve-se ter condições para se calcular não só o chamado gradiente
médio, que é obtido por equações do tipo da Equação 3.18, como também a sua
variação em torno da periferia dos condutores e, principalmente, o seu valor máximo
com o qual é relacionado o efeito Corona e suas manifestações.
146
Sistemas
(3.19)
(3.20)
(3.21)
onde:
Dm – distância média geométrica entre fases, em m;
Rc – raio médio geométrico capacitivo do condutor múltiplo, em m.
Para o condutor equivalente, valerá então:
(3.22)
(3.23)
e,
(3.24)
147
Como ambas devem representar o mesmo condutor múltiplo, pode-se igualá-las
para obter
(3.25)
que é uma equação transcendental que pode ser resolvidas por iteração.
O raio req é usado nas equações de Miller para a determinação do gradiente
crítico visual.
148
Sistemas
149
3.4.2.1 GRADIENTES MÉDIOS EM LINHAS COM CONDUTORES
SIMPLES
Sejam a, b e c os condutores de uma linha trifásica simples, de raios r (cm), e r e s,
de raios rp (cm) seus cabos para-raios. De acordo com a Equação 3.16 pode-se escrever
(3.26)
Sabe-se que
(3.27)
Portanto,
(3.28)
em que:
– vetor dos gradientes de potencial;
(3.29)
(3.30)
(3.31)
150
Sistemas
(3.32)
(3.33)
(3.34)
(3.35)
(3.36)
(3.37)
151
Os gradientes assim determinados representam os gradientes produzidos por
cargas consideradas concentradas em filamentos coincidentes com os eixos dos
respectivos condutores. Representam, pois, valores médios por condutor. Pelas
conhecidas técnicas das imagens, é possível obter em cada condutor o gradiente
máximo e sua direção, como aparece na Figura 3.6. A divergência do campo, contudo,
devido às grandes distâncias entre condutores e destes ao solo, se comparadas com
os diâmetros dos condutores, é suficientemente pequena para poder ser desprezada.
Os valores calculados por intermédio da Equação 3.34 são perfeitamente válidos
e aceitáveis para as linhas com condutores simples.
(3.38)
(3.39)
(3.40)
b) Para-raios isolados:
(3.41)
152
Sistemas
3.4.2.3 D E T E R M I N AÇÃO D O C O E F I C I E N T E D E
IRREGULARIDADE
Considera-se um condutor múltiplo de n subcondutores, distribuídos uniformemente
sobre um círculo de raio R, sendo as distâncias entre subcondutores vizinhos iguais
a s. Cada subcondutor possui uma carga Q = Q/n (C/km), sendo Q a carga total do
condutor múltiplo. Q pode ser calculada, como foi visto, pelos métodos expostos no
item 3.4.2.2. A Figura 3.9 - item a) mostra o condutor múltiplo e sua configuração.
(3.42)
153
Este gradiente tem, naturalmente, o mesmo módulo em todos os pontos da
superfície do subcondutor, considerada cilíndrica e lisa.
Trabalhando-se agora, como está mostrado na Figura 3.10, o condutor múltiplo
sem o subcondutor n, e calculando-se o gradiente de potencial no ponto 0, por onde
passava o eixo do subcondutor n.
(3.43)
(3.44)
154
Sistemas
e o último subcondutor:
(3.45)
Cada um dos vetores pode ser decomposto em dois, um tangente ao círculo de raio
r em 0 e outro normal à tangente. Por razões de simetria, as componentes tangenciais
se anulam duas a duas, de modo que a resultante dos gradientes em 0 é igual à soma
aritmética das componentes radiais. É também fácil concluir que as componentes radiais
são todas iguais entre si, ou seja, tem-se (n – 1) gradientes iguais a:
(3.46)
(3.47)
(3.48)
de onde:
(3.49)
ou
(3.50)
(3.51)
(3.52)
ou
(3.53)
155
que é o valor da contribuição de cada subcondutor ao gradiente em 0. Portanto, o
gradiente total será:
(3.54)
Nestas condições, se nas Equações 3.55 e 3.56 substituir-se Es0 pela Equação
3.54, resultará
(3.57)
(3.58)
156
Sistemas
(3.59)
ou
(3.60)
(3.61)
Se a Equação 3.61 for comparada com a Equação 3.41, verifica-se que elas
diferem apenas pelo termo
(3.62)
À expressão
(3.63)
(3.65)
b) Para-raios isolados:
(3.66)
157
3.4.1 MÉTODOS GRÁFICOS PARA O CÁLCULO DOS GRADIENTES
DE POTENCIAL
São métodos para cálculos manuais de grande rapidez e eficiência, com grau de
precisão compatível com as necessidades correntes. São úteis principalmente para
estudos técnicos-econômicos, visando à escolha mais adequada de condutores para
uma linha. Dois desses métodos se destacam:
a) Método do caso-base: permite a determinação dos gradientes de potencial dos
condutores das linhas em tensões extra-elevadas com grande rapidez e simplicidade.
Baseia-se no fato de que nas linhas de mesmas classes de tensão existe uma certe
semelhança geométrica e variação relativamente pequena de dimensões de uma para
a outra. Nessas condições, foram escolhidos conjuntos de dimensões de linhas em
tensões extra-elevadas com respeito a diâmetros dos condutores, espaçamento entre
condutores e alturas dos condutores para determinadas classes de tensões (345, 500
ou 735 kV) e um número fixo de subcondutores por fase. O valor médio dos gradientes
de potencial por condutor múltiplo foi determinado para, cada linha típica, por simulação
digital. Preparam-se em seguida, curvas para a obtenção de coeficientes de correção
para compensar diferenças de diâmetro, espaçamento e alturas dos condutores com
relação aos casos-base. Os gradientes de potencial são obtidos multiplicando-se os
gradientes dos casos-bases por esses coeficientes. Fatores para compensar, pela
existência dos cabos para-raios foram igualmente determinados.
Os cálculos assim realizados apresentam erros máximos da ordem de 0,6%, para
linhas cujas dimensões se afastam de cerca de 20% daquelas dos casos-base. O cálculo
dos gradientes é, assim, transformado em simples operações de multiplicações. Suas
principais limitações residem no fato de que existe um vínculo geométrico das linhas para
as quais se deseja utilizar o método com formas e dimensões das linhas dos casos base.
b) Método de Timasheff: apresenta curvas para o cálculo dos gradientes das
linhas trifásicas com disposição horizontal dos condutores, simples e múltiplos, estes
podendo possuir até 12 subcondutores. Muito simples de usar, é também rápido, com
elevado grau de precisão. Sua desvantagem reside no fato de ser aplicável a um único
tipo de geometria de linha.
158
Sistemas
159
Logo, para um determinado nível de ruído, a interferência poderá ser ou não
evidente, dependendo do efeito combinado da relação sinal/ruído e do CAV do receptor.
A intensidade dos sinais é dependente da cobertura da transmissora.
Devem ser distinguidos dois tipos de ruídos:
●● Ruído ambiental: existe independentemente da existência de linhas de
transmissão. Pode ser natural, como aquele produzido por atividade atmosférica
e radiações solares, e pode também ser artificial, produzido pelo homem, como,
por exemplo: aquele devido à ignição de automóveis ou luminosos a gás néon, etc.
●● Ruído devido às linhas de transmissão: só será detectado após a construção
e energização de uma linha em determinada região. Seu espectro predomina, como
foi dito, na faixa de 500 a 1.600 kHz, diminuindo rapidamente nas outras frequências.
Em estudos da rádio interferência, a unidade de medida de sinais ou de
interferências é o decibel (dB), definido como
(3.67)
em que:
V1 – intensidade de campo do sinal (ou da interferência), em µV/m;
V2 – unidade de referência, em geral igual a 1 µV/m.
Lê-se, portanto, dB acima de 1 µV/m. Medidores de intensidade de campo ou de
rádio interferência vêm calibrados para fornecer valores ou em µV/m ou diretamente
em dB. Empregam-se, atualmente, dois padrões de medidas de sinais de ruído: o
padrão ANSI (American National Standards Institute) e o padrão CISPR (Comité
International Spécial des Perturations Radiophoniques). Nos dois casos usa-se
equipamento com especificações diferentes.
Existe a seguinte relação entre níveis medidos pelos dois métodos:
(3.69)
(3.70)
a relação sinal/ruído
(3.71)
ou
160
Sistemas
161
exemplo, através de seu valor mais provável, por seu desvio padrão ou através da
curva de frequências acumuladas.
Reconhecendo esse fato e visando o estabelecimento de leis estatísticas válidas,
julgou-se conveniente fazer uma análise dos níveis de ruídos de um número elevado
de linhas em âmbito mundial. Foi, assim, possível obter dados relativos a 75 linhas
importantes, dos mais diversos tipos e com tensões acima de 220 kV, situadas em
regiões de climas diferentes. Os resultados obtidos nas medições foram corrigidos e
normalizados a fim de permitir sua interpretação e análise estatística. Este estudo foi
coordenado pelo IEEE e CIGRÉ.
Uma segunda etapa consistia em comparar os resultados obtidos por medição,
com aqueles obtidos através dos vários processos de cálculo para sua predeterminação.
Neste trabalho compararam-se os resultados calculados através de 10 processos de
cálculo desenvolvidos por outros tantos grupos de pesquisas de diversos países. Esses
métodos, de um modo geral, são empíricos e semi-empíricos e permitem o cálculo
de desempenho das diversas linhas de transmissão no que diz respeito a RE a partir
de seus parâmetros de projeto e das tensões de operação. Em todos esses métodos,
o nível de ruídos (NR) gerado nas linhas, que é uma função do gradiente superficial
e dos raios dos condutores, é determinado experimentalmente. A partir desse ponto
é que os métodos podem ser diferenciados em dois grandes grupos, que o Comitê
IEEE – CIGRÉ convencionou designar analíticos e comparativos.
Nos métodos analíticos, uma grandeza característica da geração de NR é determinada
em gaiolas de ensaios e denominada função de excitação. Ela é medida em instalações
monofásicas para diferentes arranjos de condutores, com condições de superfície
conhecidas. Empregando-se, então, os valores assim medidos, pode-se calcular a
totalidade das correntes de ruídos na linha e os campos resultantes em sua vizinhança.
Os métodos comparativos empregam como valor de referência um valor bem
definido da intensidade de campo do NR medido em linhas experimentais. A fim de se
predeterminar o desempenho de linhas de projetos diversos, vários fatores de correção
para a geração de Corona, frequências de medição e de distâncias laterais são feitos
de acordo com cuidadosos estudos de todas as variáveis envolvidas.
Independentemente do método utilizado, deve-se conhecer a distribuição
estatística do NR do tipo obtido de uma estação registradora de NR durante um ano,
a fim de se poder descrever, completamente, o desempenho de uma futura linha.
a) Métodos analíticos: foram analisados dois métodos chamados analíticos, um
desenvolvido pelo grupo do projeto EHV (EUA) e outro desenvolvido pelo grupo da EdeF
(França). Ambos se baseiam em ensaios relativamente simples e desenvolvimentos
analíticos bastante complexos.
Os dois métodos empregam a função de excitação determinada em ensaios em
gaiolas de teste. Verificou-se que, sob chuvas pesadas, o NR gerado por um condutor
ou um feixe de condutores, sob um determinado gradiente de potencial, é constante
e reprodutível (o que não ocorre com tempo bom, quando predominam as condições
superficiais dos condutores). Sob essas condições, as funções de excitação para um
grande número de condutores múltiplos, das mais variadas configurações, puderam
ser determinadas em função de seus gradientes superficiais e publicadas em formas
de curvas. Essas curvas permitem, pois, determinar a função de excitação das linhas
162
Sistemas
E = E0 + Eq + Ed + En + ED + Ef + EFW (3.73)
na qual:
E – nível de ruído de RI calculado (normas ANSI), em dB/1 ou µV/m;
163
E0 – valor de ruído bem definido;
Eq – fator de correção pela variação de gradiente;
Ed – fator de correção por diâmetro do condutor;
En – fator de correção pela variação do número de subcondutores;
ED – fator de correção pela variação da distância do condutor ao ponto de observação;
Ef – fator de correção para efeito de variação da frequência do ruído;
EFW – fator de correção para condições atmosféricas adversas.
Será analisado apenas um dos métodos comparativos e comentado um segundo
para este estudo.
a) Método 400 kV pesquisado pela FG da Alemanha: é baseado em uma equação
desenvolvida nas pesquisas realizadas na Alemanha, em instalações de 400 kV,
complementadas por considerações de natureza teórica. Sua aplicabilidade foi verificada
para linhas das tensões nominais de 230, 275, 330, 400, 500 e 750 kV.
Baseia-se no emprego de um valor de referência, com tempo bom, obtido por
meio de medições estatísticas bem definidas em linhas de ensaio e em linhas em
operação (valores de 50% de probabilidade) e pela aplicação de fatores de correção
de acordo com a variação de parâmetros e da tensão da operação.
A equação completa, em termos ANSI, é a seguinte:
(3.74)
sendo:
K = 3 para linhas da classe de 750 kV;
K = 3,5 para outras linhas, com limites de gradientes entre 15 e 19 (kVef/cm);
En = - 4 dB para condutor simples;
164
Sistemas
(3.75)
A fim de se levantar o perfil transversal dos níveis de ruídos de uma linha, basta
variar na Equação 3.74 o valor de D e obter os diversos valores de Ei em cada um dos
pontos correspondentes aos valores das distâncias radiais Di (m) do condutor com Emáx.
b) Método caso – base da equipe projeto EHV: os casos bases são constituídos,
como no caso do cálculo dos gradientes de potencial, por linhas típicas de 330, 500 e
735 kV, inclusive linha de 345 kV a circuito duplo, com número diverso de subcondutores
por fase. Os valores médios de nível de ruídos são dados para cada um dos casos
base em condições de tempo bom. Apresentam-se fatores de correção, em formas de
curvas, para os parâmetros que influenciam os resultados. Há limites para variações
desses parâmetros. Os níveis de ruído para os casos base foram calculados pelo
método analítico da mesma equipe. Aplicam-se fatores de correção para cada um
dos seguintes elementos: tensão, diâmetros dos condutores, espaçamentos entre
fases, frequência de medição, condutividade do solo, unidade relativa, altura dos
condutores, distância lateral, fator de superfície, densidade relativa do ar, velocidade
do vento e índice de chuvas.
O nível de ruídos assim determinado, por si, não dá indicações quanto à intensidade
de rádio interferência a ser esperada, pois esta depende da relação sinal/ruído. É
igualmente difícil estabelecer o valor máximo do nível de ruídos aceitável, pois um valor
em regiões de sinal forte pode ser tolerado, enquanto esse mesmo nível em outras
regiões, como, por exemplo, na zona rural, distante de emissoras, será intolerável.
Têm sido aceitos níveis de ruídos da ordem de 50 a 60 dB, calculados nos limites
das faixas de servidão das respectivas linhas.
165
manifestam sobre o tímpano em forma de pressão. Sua sensibilidade vai de valores
mínimos de pressão – cerca de 0,0002 bar (1 bar = 1,01972 . 10 -3 kg/cm2) na faixa de
frequências da ordem de 4.000 Hz – até cerca de 1.000 bar, nas frequências abaixo
de 30 Hz e acima de 15.000 Hz, quando são provocadas sensações dolorosas.
Na prática, os ruídos são medidos através dos chamados níveis de intensidade
sonora, sendo esta a potência média transportada por uma onda sonora por unidade
de área. Uma onda de 0,0002 bar possui uma intensidade sonora de 10 -16 (W/cm2)
e uma onda de 1.000 bar, 5 . 10 -6 (W/cm2). Dada essa variação muito ampla, uma
escala logarítmica foi considerada conveniente para a medida dos níveis de intensidade
sonora, que são definidos por:
(3.76)
166
Sistemas
P = k n d2,2 (3.77)
em que:
n – número de subcondutores;
d – diâmetros dos subcondutores;
k – um fator de proporcionalidade.
A Tabela 3.6 fornece uma ideia dos níveis de ruídos medidos em diversas linhas.
167
Composição dos Gradientes superficiais NIS a 25 m
Tensão
condutores das fases externas Chuva Neblina
1.300 6 . 38 5.100 15,80 57 51
8 . 31 4.560 17,80 61
1.300
8 . 38 6.800 15,40 58 52
Tabela 3.6: NIS medidos em algumas linhas experimentais.
(3.78)
sendo:
f – frequência do sistema, em Hz;
U – tensão eficaz entre fase e neutro, em kV;
r – raio externo do condutor ou subcondutor, em cm;
Dm – distância média geométrica entre subcondutores, em cm;
φ - fator experimental que depende da relação
168
Sistemas
(3.79)
onde:
E – gradiente de potencial do condutor ou subcondutor, em kV/cm;
ECRV – gradiente crítico visual do condutor ou subcondutor, em kV/cm;
A curva da Figura 3.12 fornece valores de ϕ para relações de E/ECRV entre 0,5
e 1,8. Verifica-se nela que, mesmo para valores de E/ECRV < 1, há perdas, embora
ocorram antes da manifestação visual do efeito Corona.
169
3.5.3.2 PERDAS DE POTÊNCIA SOB CHUVA
O método desenvolvido na estação de pesquisas Electricité de France, por
Cladé e Gary, vem se destacando por ser um processo analítico cuidadosamente e
experimentalmente verificado e apresentado para aplicação direta, de forma bastante
simples, por meio de curvas reproduzidas nas Figuras 3.13 e 3.14.
170
Sistemas
P = K Pn (W/m) (3.80)
sendo:
K – coeficiente de perdas definido na Equação 3.81;
Pn – perdas reduzidas, obtidas da Figura 3.13 em função de um coeficiente de estado
da superfície m e do gradiente de potencial relativo E/Ec.
O coeficiente de perdas K é calculado pela seguinte equação:
(3.81)
na qual:
f – frequência do sistema, em Hz;
r – raio dos subcondutores:
(3.82)
(3.83)
(3.84)
171
d’água formam-se apenas na geratriz inferior dos cabos, onde produzem os eflúvios
antes de cair.
Para o cálculo do gradiente de potencial relativo E/Ec, procede-se da forma já
exposta, lembrando que:
E – gradiente de potencial médio dos condutores (no caso dos condutores
múltiplos, aquele do condutor cilíndrico de raio Rc equivalente), em kV/cm;
Ec – gradiente crítico visual calculado pela equação de Peek (Equação 3.3),
corrigida apenas para considerar o efeito da variação da densidade relativa do ar,
como na Equação 3.6, e considerando apenas o raio dos subcondutores.
As perdas sob chuva são proporcionais à quinta potência dos gradientes na
geratriz inferior dos condutores ou subcondutores.
172
Sistemas
3.6 EXEMPLOS
3.6.1 EXEMPLO 3.1
Determinar o gradiente crítico visual dos condutores da linha de transmissão
de 69 kV, construída com cabos CA – Código OXLIP – e usando como para-raios um
cabo de aço de 5/16” aterrado em todas as estruturas. Flecha média dos condutores,
1,5 m. Flecha média do cabo para-raios 1,20 m. Frequência 60 Hz. Considerando a
linha com tempo bom e sob chuva, com cabos lançados com os cuidados usuais em
linhas nessa classe de tensão. Altitude média da linha, 800 m.s.n.m (metros sobre o
nível do mar) e temperatura média anual de 20 ºC.
Solução:
1. Empregando a equação de Miller (3.6) para condutores simples, fazendo-se req = r:
sendo:
Da Tabela 3.7, tem-se r = 6,629 (mm) para o cabo OXLIP (CA). Portanto:
173
2. Empregando a Equação 3.3 devido a Peek, tem-se, introduzindo o fator de
superfície m:
174
Sistemas
Solução:
Empregando a Equação 3.6 de Miller:
Os resultados dos cálculos efetuados com a Equação 3.6 para diversos valores
de h e t estão indicados na Tabela 3.8.
h (m) t = 0 ºC t = 25 ºC t = 50 ºC
Sendo linha com condutores múltiplos, o req foi calculado pela Equação 3.23
175
3.6.3 EXEMPLO 3.3
Qual o gradiente médio de potencial nos subcondutores da linha de transmissão
de 330/345 kV do Exemplo 3.2, quando ela opera com uma tensão de 335 kV? Sua
matriz de coeficientes de potencial é a seguinte:
1. Sendo rF = 1,2573 cm, tem-se, quando o valor da tensão for máximo na fase a:
176
Sistemas
logo,
Obtendo-se
logo,
177
b- Quando Eb = Emáx:
No presente caso, Emédio = 19,872 (kV/cm), que ocorre na fase B, quando Ub = Umáx.
d =2,514 (cm) - cabo Grosbeak (Tabela 3.9);
Encordoamento
Bitola Seção Peso
Alumínio Aço Diâmetro Carga
de cobre do
do de
Código equivalente Diâmetro Diâmetro condutor ruptura condutor
MCM 2
Seção (mm ) Nº de Nº de dos Nº de dos (mm) (kg)
(kg/
ou
(mm2) ou AWG fios capas fios capas fios km)
AWG
(mm) (mm)
R= = 20 cm
Logo,
Emáx = 19,872
178
Sistemas
Solução:
Será empregada a Equação 3.74
KD = 1,6 ± 0,1;
Ef = 0;
EFW = 0 (tempo bom);
EFW = 17 ± 3 (chuva);
gm = 19,872 (kV/cm) (fase do meio);
D1 = 25 m
D2 = 40 m
n=2
Substituindo os valores, tem-se:
1. Com tempo bom: D1 = 25 m
E = 53,7 ± 5 - 3,6455
E’ = 55,0545 (dB/1µV/m)
E” = 45,0545 (dB/1µV/m)
3. Sob chuva: deve ser acrescido um fator de 17 ± 3 dB dos valores acima calculados.
Nota: A avaliação do nível de ruído de rádio interferência, mencionada servirá
de base para se estimar a qualidade de recepção que pode ser esperada ao longo da
linha. Para tanto, é necessário determinar o nível de recepção (sinal) existente nos
pontos de interesse. Por exemplo, para uma recepção classe A, em tempo bom a uma
distância de 40 m do eixo da linha, a intensidade do sinal, de acordo com a Equação
3.72, deverá ser da ordem de 80 (dB/1µV/m), ou seja, da ordem de 10.620 (µV/m)
179
3.6.6 EXEMPLO 3.6
Qual o valor das perdas de energia por quilômetro da linha de 345 kV do Exemplo
3.3, com tempo bom, considerando t = 25 ºC e h = 500 m?
Solução:
Pela equação de Peterson (3.78), tem-se
180
Sistemas
β=1+ = 1.1675
ρ = 18 = 45,943
R = Rc antilog
R = 177,83 cm
Logo,
K = 23,549
Tem, igualmente, nas:
Fases a e c:
Fase b:
Índice de Coeficientes de
Perdas (kW/km) Fases
precipitação m perdas Fases
(mm/h) a b c a b c
1 0,67 0,600 3,00 0,600 14,129 70,647 14,129
10 0,58 1,30 4,20 1,30 30,614 98,906 30,614
181
DESCARGAS ATMOSFÉRICAS
EM LINHAS DE TRANSMISSÃO
E DISTRIBUIÇÃO
4 DESCARGAS ATMOSFÉRICAS EM LINHAS DE TRANSMISSÃO E
DISTRIBUIÇÃO
184
Sistemas
185
Figura 4.1: Distribuição das cargas elétricas das nuvens e do solo.
Como se pode deduzir pela Figura 4.1, a concentração de cargas elétricas positivas
e negativas em uma determinada região faz surgir uma diferença de potencial entre a terra
e a nuvem. No entanto, o ar apresenta uma determinada rigidez dielétrica, normalmente
elevada, que depende de certas condições ambientais. O aumento dessa diferença de
potencial, que se denomina gradiente de tensão, poderá atingir um valor que supere a
rigidez dielétrica do ar interposto entre a nuvem e a terra, fazendo com que as cargas
elétricas migrem na direção da terra, em um trajeto tortuoso e normalmente cheio de
ramificações, cujo fenômeno é conhecido como descarga-piloto. É de aproximadamente
1 kV/mm o valor do gradiente de tensão para o qual a rigidez dielétrica do ar é rompida.
A ionização do caminho seguido pela descarga piloto propicia condições favoráveis
de condutibilidade do ar ambiente. Mantendo-se elevado o gradiente de tensão na
região entre a nuvem e a terra, surge, em função da aproximação do solo de uma das
ramificações da descarga piloto, uma descarga ascendente, constituída de cargas
elétricas positivas, denominada descarga ascendente da terra para a nuvem, originando-
se em seguida a descarga principal no sentido da nuvem para a terra, de grande
intensidade, responsável pelo fenômeno conhecido como trovão, que é o deslocamento
da massa de ar circundante ao caminhamento do raio, em função da elevação de
temperatura e, consequentemente, do aumento de volume.
Se as nuvens acumulam uma grande quantidade de cargas elétricas que não
foram neutralizadas pela descarga principal, iniciam-se as chamadas descargas
reflexas ou múltiplas, cujas características são semelhantes às da descarga principal.
A Figura 4.2 mostra a fotografia de uma descarga atmosférica. As descargas reflexas
podem acontecer várias vezes após cessada a descarga principal.
186
Sistemas
187
Também ficou comprovado que a corrente de descarga tem uma única polaridade,
isto é, uma só direção. Uma onda típica de descarga atmosférica foi determinada
para efeito de estudos específicos. A Figura 4.4 mostra a conformação dessa onda
em função do tempo.
188
Sistemas
Figura 4.5: Distribuição típica das cargas elétricas no interior de uma nuvem tempestuosa.
189
Uma descarga preliminar no interior da nuvem, causada pela ruptura da rigidez
dielétrica do ar, inicia o stepped leader, que se movimenta em direção a terra em
degraus (o que explica a origem do nome) distribuindo em um canal altamente ionizado
as cargas negativas da base da nuvem, no caso do arranjo da Figura 4.5. Os degraus
têm aproximadamente 1 µs de duração e dezenas de metros de comprimento, sendo
o intervalo médio entre eles em torno de 50 µs. A corrente média se situa na faixa
de 100 a 1.000 A e o potencial do canal em relação a terra é da ordem de - 1.108V. A
velocidade média de propagação associada a essa etapa é de aproximadamente 2.105
m/s. Durante este processo o canal pode sofrer ramificações. À medida que o leader
se aproxima do solo, o campo elétrico na superfície aumenta. Se este campo excede
o gradiente crítico do ar em torno de 3.106 V/m, forma-se um leader ascendente, de
polaridade positiva, que se propaga em direção ao stepped leader.
Quando ambos se encontram, a ponta do stepped leader é conectada ao potencial
de terra. Ocorre então a fase do return stroke, cuja corrente se propaga para cima
através do canal previamente ionizado com velocidade, ao nível do solo, da ordem de
um terço da velocidade da luz no vácuo. As correntes na base do canal apresentam
amplitudes típicas de 30 kA, com tempos de subida até o meio valor, na cauda, em
torno de 5 µs e 50 µs, respectivamente. Após o return stroke ter atingido a nuvem, a
descarga termina. Entretanto, se ainda existirem cargas no topo do canal devido a
descargas internas na nuvem, pode ocorrer a propagação de um dart leader através
do mesmo canal, da nuvem para a terra, que causará um stroke, subsequente. O
dart leader se propaga de maneira contínua, com velocidade de aproximadamente
3.10 6 m/s, e não apresenta ramificações. Aproximadamente 50% das descargas para
a terra são múltiplas, isto é, apresentam strokes subsequentes. O número médio de
strokes por descarga é igual a 3, sendo que, em geral, o intervalo entre os strokes
fica na faixa de 40 ms a 80 ms.
Convém ressaltar que o mecanismo descrito refere-se a descargas negativas,
isto é, as cargas negativas da nuvem são canalizadas até a terra. O efeito é como se o
return stroke levasse até a nuvem as cargas positivas do solo, neutralizando as cargas
negativas depositadas no canal pelo stepped leader. O processo citado corresponde a
mais de 90 % dos casos. Entretanto, descargas negativas também podem ser iniciadas
através de um leader ascendente que parta de estruturas altas, tais como torres e
edifícios, distribuindo em seu canal as cargas positivas do solo. Nesse caso, na fase
correspondente ao return stroke as cargas negativas da nuvem são levadas até o solo.
As descargas positivas ocorrem quando cargas positivas da nuvem são
descarregadas pelo return stroke. Essas descargas, que representam menos de 10%
dos casos, acontecem quando o stepped leader se inicia em regiões da nuvem com
predominância de cargas positivas ou quando a descarga começa a partir de um leader
ascendente que distribua em seu canal cargas negativas do solo.
190
Sistemas
(4.1)
Não foram consideradas na composição dos dados que deram origem à Equação
4.1 medições efetuadas em estruturas com altura superior a 60 m, com a finalidade de
tornar a distribuição mais representativa de situações práticas de engenharia. Além
disso, nessa faixa de alturas a quantidade de descargas iniciadas através de um leader
ascendente não chega a 10 % do total.
A Figura 4.6 e a tabela 4.1 apresentam alguns parâmetros de frente de onda da
corrente, os quais são definidos como se segue:
●● T10: duração da frente expressa como o intervalo entre os instantes
correspondentes a 10 % e 90 % do valor da primeira crista (o tempo de frente
equivalente é igual a T10 /0,8);
●● T 30 : duração da frente expressa como o intervalo entre os instantes
correspondentes a 30% e 90% do valor da primeira crista (o tempo de frente
equivalente é igual a T30 /0,6);
●● TAN10: tangente à frente no ponto correspondente a 10% do valor da primeira crista;
●● S10: taxa de crescimento entre os pontos correspondentes a 10% e 90% do
valor da primeira crista;
●● S30: taxa de crescimento entre os pontos correspondentes a 30% e 90% do
valor da primeira crista;
●● TANG: máxima taxa de crescimento na frente.
191
Percentagem de casos que
Número excedem o valor da tabela
Parâmetro Unidade
de dados
95% 50% 5%
Return Stroke
T10 80 µs 1,8 4,5 11,3
T30 80 µs 0,9 2,3 9,8
TAN10 75 kA/µs 0,6 2,6 11,8
S10 kA/µs 1,7 5,0 14,1
S30 kA/µs 2,6 7,2 20,0
TANG kA/µs 9,1 24,3 65,0
P1 (1ª crista) kA 12,9 27,7 59,5
Crista P kA 14,1 31,1 68,5
Strokes
subsequentes
T10 114 µs 0,1 0,6 2,8
T30 114 µs 0,1 0,4 1,8
TAN10 108 kA/µs 1,9 18,9 187,4
S10 114 kA/µs 3,3 15,4 72,0
S30 114 kA/µs 4,1 20,1 98,5
TANG 113 kA/µs 9,9 39,9 161,5
P1 (1ª crista) 114 kA 4,9 11,8 28,6
Crista P 114 kA 5,7 12,3 29,2
Tabela 4.1: Parâmetros de frente da corrente.
Uma corrente típica do return stroke atinge o valor máximo entre aproximadamente
4 µs e 6 µs e apresenta taxa de crescimento em torno de 7 kA/µs. Essa corrente
atinge a metade do seu valor de crista, na cauda, em aproximadamente 50 µs. Já os
strokes subsequentes são caracterizados por correntes com taxas de crescimento
muito maiores, estando o valor médio na faixa de 15 kA/µs a 20 kA/µs. Os tempos
de frente equivalentes típicos são geralmente inferiores a 1 µs e os tempos até o
meio valor, na cauda, normalmente são da ordem de 30 µs. Não há correlação entre
os valores de crista das correntes do primeiro e dos strokes subsequentes, mas, na
média, a amplitude da corrente dos strokes subsequentes é aproximadamente 40 %
daquela do primeiro.
Os Modelos de Engenharia utilizados para determinação da corrente do return
stroke no canal em função do tempo e da altura possibilitam o cálculo dos campos
elétrico e magnético associados à descarga, desde que se conheça a corrente na
base e a sua velocidade da propagação ao longo do canal. Além disso, a velocidade
com que a corrente se propaga é um parâmetro importante para a determinação das
192
Sistemas
tensões induzidas em uma linha que esteja nas proximidades do local de incidência
da descarga. Esse fato tem motivado a realização de várias pesquisas no sentido de
se obter informações mais precisas e confiáveis a respeito deste parâmetro. Sabe-
se que, a exemplo da corrente, a velocidade decresce com a altura. Considerações
teóricas levam à conclusão de que existe correlação entre a velocidade e a corrente,
visto que ambas estão relacionadas à densidade linear de cargas e ao potencial em
cada ponto do canal. Assim, algumas expressões têm sido propostas procurando
estabelecer uma ligação entre esses dois parâmetros. Utilizando uma câmera com
movimento relativo entre o filme e as lentes, Idone e Orville registraram velocidades
bidimensionais de 17 strokes subsequentes. O termo “bidimensional” indica que
a velocidade é obtida através da projeção do canal em um plano, o que implica a
obtenção de um valor inferior ao verdadeiro. Os valores médios encontrados, ao nível
do solo, foram de 9,6.107 m/s para o return stroke e de 1,2.108 m/s para os strokes
subsequentes. A faixa total de variação foi de 2.107 m/s a 2,4.108 m/s, e o erro máximo
estimado como sendo inferior a 35 %. Idone e Orville realizaram, posteriormente,
medições de velocidades tridimensionais, ao nível do solo, em descargas provocadas
artificialmente com o auxílio de foguetes. Os resultados encontrados referentes a 56
strokes subsequentes mantiveram-se na faixa de 6,7.107 m/s a 1,7.109 m/s, com valor
médio de 1,2.108 m/s.
(4.2)
A aplicação da Equação 4.2 mostra, por exemplo, que, em uma região com
aproximadamente 70 dias por ano com incidência de trovoadas, como é o caso da
cidade de São Paulo, tem-se em média cerca de 8 descargas por km2 por ano. As linhas
que unem pontos com mesmo nível ceráunico são denominadas linhas isoceráunicas.
A Figura 4.7 apresenta, em forma gráfica, a relação entre Ng e Td. É importante
ressaltar que grandes variações em Ng podem ocorrer de um ano para outro, de
modo que o número obtido através da expressão acima corresponde ao valor médio
referente a um período de observação superior a 10 anos. Destaca-se também que
através de sistemas de detecção e localização de descargas atmosféricas como a
RINDAT (Rede Integrada Nacional de Detecção de Descargas Atmosféricas) é possível
efetuar o levantamento de Ng de maneira muito mais confiável. Uma vez conhecida a
densidade de descargas para terra da região, é possível estimar o número médio anual
de descargas que incidem em uma determinada linha ou estrutura (descargas diretas).
193
Figura 4.7: Relação entre a densidade de descargas para a terra (Ng) e o nível ceráunico (Td).
rs = 10 . I 0,65 (4.3)
(4.4)
194
Sistemas
Ra = 14 . h 0,6 (4.5)
N = N g . Ae (4.6)
(4.7)
195
onde ZL representa a impedância característica da linha, que, em geral, assume valores
na faixa de 400 Ω a 450 Ω. Quando uma dessas ondas chega a uma torre, a cadeia
de isoladores fica submetida a uma tensão muito elevada, que, se eventualmente for
superior àquela que a cadeia suporta, acarretará uma descarga disruptiva, ou seja,
um curto-circuito que poderá resultar em uma interrupção no fornecimento de energia.
Considerando que uma linha com tensão nominal igual a 350 kV suporta tensões
impulsivas com amplitudes da ordem de 1.090 kV, verifica-se, através da Equação
4.7, que se o valor da impedância característica for igual a 450 Ω, uma descarga com
corrente superior a 4,85 kA já basta para provocar uma sobretensão suficientemente
alta para ocasionar uma descarga disruptiva. Por sua vez, a Equação 4.1 indica que a
probabilidade de uma descarga apresentar corrente com amplitude superior a 4,85 kA
é de aproximadamente 99%, ou seja, praticamente todas as descargas que incidirem
nos condutores fase provocarão descargas disruptivas na linha. Por essa razão, as
linhas de transmissão são normalmente protegidas por um ou dois cabos guarda
(também conhecidos por cabos para-raios).
O cabo guarda é um condutor conectado a terra e instalado no topo da torre com
o objetivo de atrair para si descargas atmosféricas que, na sua ausência, incidiriam
diretamente nos condutores fase ocasionando sobretensões superiores àquelas
que a linha suporta. Eventualmente, uma descarga pode atingir um dos condutores
fase mesmo no caso da linha estar protegida com o cabo guarda. Isso caracteriza
uma "falha de blindagem" e o projeto da linha deve ser tal que esse tipo de situação
ocorra apenas para correntes de baixa intensidade, inferiores à corrente crítica, a
qual é definida como a mínima corrente necessária para ocasionar uma sobretensão
elevada o bastante para provocar descargas disruptivas nos isoladores. A Figura 4.9
mostra esquematicamente uma torre de linha de transmissão com dois cabos guarda.
Figura 4.9: Torre de uma linha de transmissão com dois cabos guarda.
196
Sistemas
197
Dessa forma, o SPDA não assegura a proteção total da estrutura, de pessoas e de
bens, mesmo que o projeto esteja de acordo com o procedimento indicado na Norma,
fato que tem motivado o desenvolvimento de vários estudos teóricos e experimentais
na busca de modelos mais adequados e de técnicas mais eficazes, que proporcionem
uma melhor garantia de proteção. Por outro lado, também é certo que, se as orientações
da NBR-5419 referentes ao projeto e instalação do SPDA forem seguidas, os riscos
de acidentes e de danos materiais diminuem consideravelmente.
Serão apresentados os principais conceitos e procedimentos relativos às técnicas
de proteção de estruturas contra descargas atmosféricas. Enfatiza-se, no entanto,
que a leitura cuidadosa da norma NBR-5419 é absolutamente indispensável para o
projeto de um SPDA.
198
Sistemas
199
Nível
Classificação
Tipo da estrutura Efeitos das descargas atmosféricas de
da estrutura
proteção
Perfuração da isolação de instalações
elétricas, incêndio, e danos materiais.
Residências III
Danos normalmente limitados a objetos no
ponto de impacto ou no caminho do raio
Risco direto de incêndio e
tensões de passo perigosas.
Fazendas, Risco indireto devido à interrupção
III ou
estabelecimentos de energia e risco de morte para
IV2
agropecuários animais devido à perda de controles
eletrônicos, ventilação, suprimento
de alimentação e outros
Teatros,
Danos às instalações elétricas (por
escolas, lojas de
exemplo: iluminação) e possibilidade de
departamentos, II
Estruturas pânico. Falha do sistema de alarme contra
áreas esportivas
comuns1 incêndio, causando atraso no socorro
e igrejas
Bancos,
Como acima, além de efeitos indiretos
companhias de
com a perda de comunicações, falhas II
seguro, companhias
dos computadores e perda de dados
comerciais e outros
Como para escolas, além de
Hospitais, casas de efeitos indiretos para pessoas em
II
repouso e prisões tratamento intensivo e dificuldade de
resgate de pessoas imobilizadas
Efeitos indiretos conforme o conteúdo das
Indústrias estruturas, variando de danos pequenos a III
prejuízos inaceitáveis e perda de produção
Museus, locais
Perda de patrimônio cultural insubstituível II
arqueológicos
200
Sistemas
Nível
Classificação
Tipo da estrutura Efeitos das descargas atmosféricas de
da estrutura
proteção
Estruturas Indústrias químicas,
Risco de incêndio e falhas de operação,
com risco usinas nucleares,
com consequências perigosas para I
para o meio laboratórios
o local e para o meio ambiente
ambiente químicos
201
●● Sistemas de descidas não naturais: são constituídos de elementos condutores
expostos ou não, dedicados exclusivamente à condução ao sistema de aterramento da
edificação das correntes elétricas dos raios que atingem os captores. São exemplos
de sistemas de descidas não naturais os condutores de cobre nu instalados sobre as
laterais das edificações ou nela embutidos, barras de ferro de construção ou similar
instaladas no interior dos pilares das edificações para uso exclusivo do sistema de
proteção contra descargas atmosféricas, etc.
c) Sistema de aterramento: são constituídos de elementos condutores enterrados
ou embutidos nas fundações das edificações responsáveis pela dispersão das correntes
elétricas no solo.
Os sistemas de aterramento podem ser classificados segundo a sua natureza
construtiva:
●● Sistemas de aterramento naturais: são constituídos de elementos metálicos
embutidos nas fundações das edificações e parte integrante destas. São exemplos de
sistemas de aterramento naturais as fundações de concreto armado das edificações, as
bases de torre de aerogeradores, as estruturas de concreto enterradas especialmente
construídas para a finalidade de dispersão das correntes elétricas, etc.
●● Sistemas de aterramento não naturais: são constituídos de elementos
condutores enterrados horizontal ou verticalmente que dispersam as correntes elétricas
no solo. São exemplos de sistemas de aterramento não naturais os condutores de
cobre nu diretamente enterrados em torno da edificação e hastes de terra com
cobertura eletrolítica de cobre enterradas verticalmente, interligadas ou não aos
condutores horizontais.
Os sistemas de aterramento naturais e não naturais devem atender as seguintes
prescrições gerais:
●● O sistema de aterramento deve ser único para os sistemas de proteção contra
descargas atmosféricas, sistema de potência e tecnologia da informação;
●● De acordo com a NBR-5419, para assegurar a dispersão das correntes elétricas
devido às descargas atmosféricas sem causar sobretensões que possam trazer perigo
às pessoas e danos materiais é mais importante o arranjo e as dimensões da malha de
aterramento que o valor da sua resistência considerada para muitos o ponto fundamental
de um sistema de aterramento para as finalidades anteriormente mencionadas;
●● A mesma norma recomenda uma resistência de aterramento próxima a 10
Ω quando são utilizados eletrodos não naturais. Este procedimento pode reduzir o
processo de centelhamento entre elementos da estrutura a ser protegida e diminuir
os valores dos potenciais elétricos produzidos no solo.
●● Quando em uma mesma área houver dois ou mais sistemas de aterramento,
devem-se interligar todos eles através de uma ligação equipotencial realizada através
de fita trançada de cobre;
●● Os eletrodos de aterramento podem ser constituídos das seguintes formas:
–– Armaduras de aço das fundações das edificações;
–– Condutores de cobre, de preferência, em forma de anel em torno da
edificação a ser protegida;
202
Sistemas
Captores (mm)
Descidas Aterramento
Material Não gera Não Pode (mm) (mm)
ponto quente perfura perfurar
Aço galvanizado
4 2,5 0,5 0,5 4
a quente
Cobre 5 2,5 0,5 0,5 0,5
Alumínio 7 2,5 0,5 0,5 -
Aço inox 4 2,5 0,5 0,5 5
Tabela 4.3: Espessuras mínimas dos materiais naturais componentes de um SPDA.
Para que um elemento metálico seja considerado um captor natural, deve satisfazer
as seguintes condições:
●● A espessura dos elementos metálicos deve satisfazer as condições definidas
na Tabela 4.3;
203
●● Os elementos metálicos não devem ser revestidos de material isolante com
camada de cobertura superior a 0,50 mm para material asfáltico e de 1,0 mm para
material PVC;
●● Deve haver continuidade elétrica entre os diversos componentes dos captores;
●● Não devem ser considerados protegidos os elementos não metálicos e os
elementos metálicos salientes à superfície dos captores.
Tem sido comum o uso de telhados metálicos com chapas de alumínio na
espessura de 0,50 mm que, de acordo com a Tabela 4.3, pode perfurar com o impacto
de uma descarga atmosférica. Pesquisas realizadas demonstram que é necessária uma
energia de 85 (A . s) contida no raio capaz de perfurar uma telha de 0,70 mm. Apenas
uma a cada 33 descargas atmosféricas possui energia suficiente para perfurar uma
telha de 0,70 mm. Também ficou demonstrado que um impulso de 200 kA com onda
de 10 x 350 µs é capaz de perfurar a telha de alumínio. No entanto, pesquisadores
contestam os testes que validam os valores da tabela 4.3 alegando que as experiências
realizadas não reproduzem as características exatas de uma descarga atmosférica,
isto é, forma de onda, efeitos térmicos e mecânicos, tensão e correntes naturais, além
do comprimento do arco adotado nos experimentos e a distância entre os eletrodos.
204
Sistemas
205
●● Se forem utilizadas como condutores de descida as armações verticais de aço da
estrutura, elas devem ser conectadas às barras ou eletrodos horizontais das fundações
utilizadas como eletrodos de aterramento, assegurando-se perfeita continuidade.
206
Sistemas
Condutor de Condutor de
Captor e anéis descida para descida para Eletrodo de
Material intermediários estrutura estrutura aterramento
até 20 m superior a 20 m
Cobre 35 16 35 50
Alumínio 70 25 70 -
Aço
galvanizado
a quente ou 50 50 50 80
embutido no
concreto
207
Nível de proteção Espaçamento (m)
I 10
II 15
III 20
IV 25
Tabela 4.5: Espaçamento médio dos condutores de descida não naturais.
Figura 4.11: Elementos de um SPDA em estruturas que utilizam materiais não combustíveis.
208
Sistemas
Figura 4.12: Elementos de um SPDA em estruturas que utilizam materiais combustíveis nas paredes.
209
●● Os eletrodos horizontais devem ser constituídos de condutores metálicos,
cuja seção é dada na Tabela 4.4. Para condutores de cobre a seção mínima do cabo
é de 50 mm2;
●● Os sistemas de aterramento de um SPDA utilizando elementos não naturais é
constituído por hastes verticais conectadas a um condutor em forma de anel circulando
em torno da edificação a ser protegida.
●● Os eletrodos de aterramento não naturais devem ser instalados a uma distância
aproximada de 1,0 m das fundações da estrutura;
●● Os condutores de aterramento formados de condutores em anel, ou condutores
horizontais radiais, devem ser instalados a uma profundidade mínima de 50 cm;
●● Os eletrodos verticais devem ser distribuídos uniformemente no perímetro
da estrutura, espaçados entre si no valor igual ou superior à sua profundidade de
cravação no solo;
●● De preferência devem-se instalar vários eletrodos regularmente distribuídos,
cujos comprimentos são conhecidos através do gráfico da Figura 4.13 em função do
nível de proteção que se deseja para a estrutura e da resistividade do solo;
210
Sistemas
Cobre 16
Alumínio 25
Aço 50
211
Figura 4.14: Ligações equipotenciais.
(4.8)
onde:
Ki – depende do nível de proteção admitido, e seu valor é encontrado na Tabela 4.7;
212
Sistemas
213
●● Os condutores de descida externos, se instalados, devem ser protegidos até,
no mínimo, 2,5 m acima do solo contra danos mecânicos através de eletroduto rígido
de PVC ou eletroduto rígido metálico; neste caso, interligado nas duas extremidades
com os respectivos condutores de descida;
●● Os condutores de descida devem ser fixados a intervalos máximos de 2 m;
●● Os condutores horizontais devem ser fixados a intervalos máximos de 60 cm;
●● Os elementos de fixação dos condutores de descida devem ser de cobre,
bronze ou aço inoxidável;
●● Não são permitidas emendas nos condutores de descida.
214
Sistemas
215
●● Locais de grande afluência de pessoas;
●● Locais onde se prestam serviços públicos essenciais, tais como subestações
de potência das concessionárias de energia elétrica, edifícios de estações de
telecomunicação, etc.;
●● Áreas de elevada densidade de descargas atmosféricas;
●● Estruturas de valor histórico ou cultural;
●● Estruturas isoladas com altura superior a 25 m;
●● Locais em que seus ocupantes desejam sentir-se seguros, mesmo que o
risco de descarga atmosférica seja desprezível.
A seleção do nível de proteção de um SPDA pode ser feita de acordo com as
seguintes prescrições, estabelecidas na norma BS 6651 (norma inglesa) e inserida
na NBR5419.
a) Avaliação do risco de exposição
A densidade de descargas atmosféricas que atingem a terra, Nda, é o número de
raios por km2, por ano, que atinge uma determinada região. Seu valor é de
(4.9)
216
Sistemas
Ae = L x W + 2 x L x H + 2 x W x H x π x H2 (m2) (4.10)
L – comprimento da estrutura, em m;
W – largura da estrutura, em m;
H – altura da estrutura, em m.
A Figura 4.16 mostra a área de exposição equivalente de uma estrutura com as
definições geométricas necessárias.
Npr – número provável de raios que possa atingir a construção por ano.
d) Frequência admissível de danos
A comunidade técnica internacional reconhece os valores abaixo indicados como
os limites da frequência média anual admissível de danos.
●● Riscos maiores que 10 -3, ou seja, 1 dano ocorrido na estrutura para 1.000
descargas por ano: valor inaceitável;
●● Riscos menores que 10 -5, ou seja, 1 dano ocorrido na estrutura para 100.000
descargas por ano: valor aceitável;
217
e) Avaliação geral do risco
Antes de se tomar uma decisão aleatória sobre a necessidade de dotar determinada
construção de uma proteção adequada contra a incidência de raios, é prudente que
se calcule a probabilidade ponderada que permitirá uma decisão sobre a importância
técnica do empreendimento. Esta avaliação é feita aplicando-se os fatores de
ponderação dados na Equação 4.12, obtendo-se a probabilidade ponderada.
P0 = A x B x C x D x E x Npr (4.12)
Conteúdo da
Tipo de
Tipo de estrutura e
ocupação Localização Topografia
A construção B efeitos indiretos C D E
da da estrutura da região
da estrutura das descargas
estrutura
atmosféricas
Residências
Estruturas
comuns, edifícios
Estrutura localizada
de escritórios
Casas de aço em uma
e oficinas que
e outras revestida, grande área
não contenham
estruturas 0,3 com 0,2 0,3 contendo 0,4 Planícies 0,3
objetos de
de porte cobertura estruturas ou
valor ou
equivalente não árvores de
particularmente
metálica mesma altura
suscetíveis
ou mais altas
a danos
Estrutura
Casas Estrutura Estruturas
localizada
e outras de concreto industriais
em uma área
estruturas armado, e agrícolas
contendo Elevações
de porte 0,7 com 0,4 contendo objetos 0,8 1,0 1,0
poucas moderadas
equivalente cobertura particularmente
estruturas ou
com antena não suscetíveis
árvores de
externa metálica a danos
altura similar
Estrutura
Estrutura completamente
de aço isolada
Subestações
revestida, ou que
de energia Montanhas
Fábricas, ou de ultrapassa,
elétrica, usinas com altura
oficinas e 1,0 concreto 0,8 1,0 no mínimo, 2,0 1,3
de gás, centrais entre 300
laboratórios armado, duas vezes
telefônicas, e 900 m
com a altura de
estações de rádio
cobertura estruturas
metálica ou árvores
próximas
218
Sistemas
Estrutura
Edifícios de Indústrias
de
escritórios, estratégicas,
alvenaria
hotéis, monumentos
ou concreto
apartamentos, antigos e prédios Montanhas
simples,
e outros históricos, com altura
1,2 com 1,0 1,3 1,7
edifícios museus, galerias acima de
qualquer
residenciais de arte e outras 900 m
cobertura,
não estruturas com
exceto
incluídos objetos de
metálica ou
abaixo valor especial
de palha
Locais de
afluência
de público
Estrutura
(igrejas,
de madeira,
pavilhões,
ou Escolas,
teatros,
revestida hospitais,
museus,
de madeira, creches e outras
exposições,
1,3 com 1,4 instituições, 1,7
lojas de
qualquer locais de
departamento,
cobertura, afluência de
correios,
exceto público
estações e
metálica ou
aeroportos,
de palha
estádios de
esportes,
etc.)
Escola,
Estrutura
hospitais,
de mateira,
creches
alvenaria
e outras
ou concreto
instituições, 1,7 1,7
simples,
estruturas
com
de
cobertura
múltiplas
metálica
atividades
Qualquer
estrutura
2,0
com teto
de palha
219
Probabilidade ponderada Proteção desejada
P0 ≤ 10 -5 A estrutura dispensa o SPDA
A instalação do SPDA deve ser feita
10 -3 > P0 > 10 -5
somente por conveniência do usuário
P0 ≥ 10 -3 Obrigatório o uso do SPDA
Tabela 4.9: Probabilidade ponderada.
f) Eficiência de um SPDA
Representa o valor de menor eficiência que o SPDA proporciona a uma determinada
edificação que se quer proteger para o nível de proteção recomendado. Pode ser
calculada através da equação
(4.13)
220
Sistemas
221
Figura 4.18: Ilustração da concentração de cargas elétricas no captor.
O método de Franklin é recomendado para aplicação em estruturas não muito
elevadas (conforme a Tabela 4.11) e de pouca área horizontal, onde se pode utilizar uma
pequena quantidade de captores, o que torna o projeto economicamente interessante.
Os projetos de instalação de para-raios pelo método de Franklin podem ser
elaborados tomando-se a seguinte sequência de cálculo.
a) Zona de proteção
O para-raios deve oferecer uma proteção dada por um cone cujo vértice
corresponde à extremidade superior do captor e cuja geratriz faz um ângulo de αº
com a vertical, propiciando um raio de base do cone de valor dado pela Equação
4.14, conforme se observa na Figura 4.19.
Rp = Hc x tg α (4.14)
Rp – raio da base do cone de proteção, em m;
Hc – altura da extremidade do captor, em m;
α - ângulo de proteção com a vertical, dado na Tabela 4.11. Se houver mais de um
captor, podem-se acrescer 10º ao ângulo α.
222
Sistemas
(4.15)
c) Seção do condutor
De preferência, devem ser utilizados condutores de cobre nu, principalmente em
zonas industriais de elevada poluição ou próximas à orla marítima.
223
A seção mínima dos condutores é dada em função do tipo de material condutor
e da altura da edificação, conforme a Tabela 4.4.
d) Resistência da malha de terra
A resistência da malha de terra não deve ser superior a 10 Ω em qualquer
época do ano.
O método de Franklin pode ser aplicado utilizando-se um cabo condutor fixado
em duas ou mais estruturas com altura elevada (astros, torres metálicas ou não,
edificações, etc.), de conformidade com a Figura 4.21. Pode-se observar que o volume
a ser protegido é delimitado por um prisma cujas faces adjacentes formam um ângulo
cujo valor deve satisfazer ao nível de proteção que se quer admitir, conforme dado
na Tabela 4.11.
224
Sistemas
L≤KxW (4.16)
Onde:
L – comprimento do módulo da malha, dado na Tabela 4.12;
W – largura do módulo da malha;
K – fator de multiplicação, normalmente utilizado igual a 1,5.
I 5
II 10
III 10
IV 20
225
●● O número de descidas pode ser determinado pela Tabela 4.5;
●● Quando existir qualquer estrutura na cobertura que se projete a mais de 30
cm do plano da malha captora e constituída de materiais não condutores, tais como
chaminés, sistema de exaustão de ar, etc., ela deve ser protegida por um dispositivo
de captação conectado à malha captora;
●● Quando existir estrutura metálica na cobertura não conectada a um sistema
aterrado a estrutura deve ser conectada ao sistema captor, se ocorrer uma das
seguintes condições:
–– A altura da estrutura acima do plano da malha captora for superior a 30 cm;
–– A estrutura estiver a uma distância igual ou superior a 50 cm de um dispositivo
de captação;
–– A estrutura deve ter uma dimensão mínima, na horizontal, de 2 m;
–– A estrutura deve ter uma área mínima, no plano horizontal de 1 m2.
●● O aterramento do sistema de proteção contra descargas atmosféricas pode ser
também executado tanto no interior das fundações de concreto armado da edificação
como através de malhas de aterramento não naturais;
●● Pode-se usar, durante a construção das fundações, uma barra de aço galvanizado
de seção circular com 8 mm de diâmetro. Alternativamente, pode-se empregar uma
fita de aço galvanizado de dimensões de 25 x 4 mm;
●● Deve-se evitar isolar as fundações contra a penetração de umidade, o que
provocaria uma elevada resistência de contato com o solo natural, anulando, dessa
forma, a eficiência do sistema de aterramento.
O método de Faraday tem recebido, ultimamente, a preferência nos projetos. É
que, pelo método de Franklin, a interligação entre as hastes e os suportes dos captores
pode conduzir a uma malha no topo da construção de dimensões tais que resultam
praticamente nas dimensões necessárias à aplicação do método de Faraday.
226
Sistemas
(4.17)
227
Os valores de Re são limitados em função do nível de proteção desejado, expressos
na Tabela 4.13 (raio da esfera rolante) e da corrente de descarga atmosférica, Imáx,
em seu valor de crista.
228
Sistemas
(4.18)
Le – largura da edificação, em m;
Hext – altura da extremidade da edificação, em m.
229
4.8.4 PROTEÇÃO DE SUBESTAÇÕES DE INSTALAÇÃO EXTERIOR
O método de proteção contra descargas atmosféricas agora apresentado é muito
usado na proteção de subestações de potência de instalação exterior e tem como
fundamento o método eletrogeométrico para a condição do nível de proteção I, como
requerem as subestações elétricas.
Assim como qualquer outra construção, as subestações estão sujeitas às
descargas atmosféricas diretas sobre os pórticos, barramentos, equipamentos, etc.
Ddesta forma, deve-se projetar um sistema de proteção através de para-raios de
haste capaz de oferecer a máxima segurança a toda a área.
É muito comum a utilização, em subestações de instalação exterior, dos para-
raios do tipo Franklin, devido à disponibilidade das torres de estruturas existentes. A
Figura 4.26 mostra os para-raios montados no topo dos pórticos de uma subestação
de instalação exterior.
(4.19)
230
Sistemas
Nome da Nome da
Maiúsculas Minúsculas Maiúsculas Minúsculas
letra letra
Alfa 𝚨 α Nu Ν ν
Beta Β β Xi Ξ ξ
Gama Γ γ Ômicron Ο ο
Delta Δ δ Pi Π π
Epsílon E ε Rô Ρ ρ
Zeta Z ζ Sigma Σ σ
Eta H η Tau Τ τ
Teta Θ θ Ipsílon Υ υ
Iota I ɩ Fi Φ φ
Capa K κ Chi Χ χ
Lambda Λ λ Psi Ψ ψ
Um Μ μ Ômega Ώ ω
231
Altura do ponto a ser protegido Hp (m)
Rp
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
(m)
Hc – altura do captor em m
1 1,8 2,4 4,0 4,8 6,0 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
2 2,5 3,9 4,8 5,9 6,8 8 9 10 12 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22
3 3,0 4,5 5,6 6,7 7,8 8 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
4 3,9 5,0 5,5 7,5 8,5 9 11 12 13 14 15 16 17 18 18 20 21 22 23 24
5 4,5 5,7 7,0 8,0 9,3 10 11 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
6 5,0 6,5 7,9 9,0 10,0 11 12 13 14 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
7 6,6 7,0 8,2 9,6 10,8 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 27
8 6,3 7,9 9,0 10,6 11,5 13, 14 15 16 17 18 19 20 22 23 24 25 25 27 28
9 7,0 8,3 10,0 11,0 120 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 28 29
10 7,5 9,0 10,6 12,0 13,0 14 15 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 30
11 8,0 9,7 11,0 12,3 13,6 15 16 17 18 19 20 21 22 24 25 26 27 28 29 30
12 8,5 10,0 11,9 13,0 14,2 16 16 17 18 19 21 23 24 25 26 27 28 29
13 9,0 10,7 12,3 13,7 15,0 16 17 19 20 21 22 23 24 26 26 27 28 30
14 9,7 11,4 13,0 14,3 15,6 17 18 19 20 22 23 24 25 26 27 29 30
15 10,0 12,0 13,6 15,0 16,2 18 19 20 21 22 23 24 26 27 28 29 30
16 10,8 12,6 14,0 15,7 17,0 18 20 21 22 23 24 26 27 28 29 30
17 11,4 13,0 14,7 16,2 17,6 19 20 21 23 24 25 26 28 28 30
18 11,9 13,9 15,3 16,8 18,2 20 21 22 23 24 26 27 28 29
19 12,3 14,2 16,0 17,5 19,0 20 22 23 24 25 27 28 29 30
20 12,9 14,9 16,5 18,0 19,6 21 22 23 25 26 27 28 30
21 13,5 15,7 17,2 18,5 20,0 21 23 24 25 27 28 29
22 14,0 16,0 17,8 19,2 20,8 22 24 24 26 27 29 30
23 14,5 16,5 18,2 19,8 21,3 23 24 25 27 28 29
24 14,0 17,2 18,5 20,2 23 25 26 27 29 30
25 15,3 17,5 19,3 21,0 22,6 24 25 27 28 29
26 16,0 18,3 20,0 21,5 23,2 25 26 27 29
27 16,5 19,0 20,7 22,0 23,9 25 26 28 29
28 17,0 19,5 21,3 22,8 24,5 26 27 29
29 17,5 20 21,7 23,2 25,0 26 27 29
30 18,0 20,5 22,3 24,0 25,7 27 29 30
232
Sistemas
233
Figura 4.29: Para-raios tipo Franklin.
234
Sistemas
235
Figura 4.31: Detalhe da fixação do cabo e terminal aéreo na alvenaria.
236
Sistemas
Figura 4.32: Fixação da barra chata de alumínio e derivação para cabo de cobre.
237
Figura 4.33: Descida com barra chata de alumínio.
238
Sistemas
239
Figura 4.35: Cabo fixado através de suporte-guia curto e terminal aéreo.
240
Sistemas
241
Figura 4.38: Detalhe genérico de uma instalação em chaminé.
242
Sistemas
243
Figura 4.40: Encaminhamento do cabo de descida embutido desde o pilotis até o subsolo.
244
Sistemas
245
Figura 4.42: Instalação dos anéis de cintamento.
246
Sistemas
247
Figura 4.45: Interligação do pilar metálico à haste de aterramento.
248
Sistemas
249
Figura 4.49: Fixação do cabo na telha cerâmica.
250
Sistemas
251
Figura 4.53: Conector para medição.
252
Sistemas
253
Figura 4.56: Caixa de equalização.
Figura 4.57: Fixação do cabo de captação sobre telhas através da barra 45º e conector.
254
Sistemas
Figura 4.58: Fixação do cabo na telha metálica ou de fibrocimento através das hastes de fixação da
própria telha.
255
4.10 EXEMPLOS
Solução:
●● Densidade de descargas atmosféricas
Nda = 0,04 x = 0,04 x 201,25 = 1,69 descargas/km2
N t = 20 dias de trovoada por ano (conforme mapa da Figura 4.15, a linha
isoceráunica próxima às praias do lado oeste, no estado do Ceará)
●● Área de exposição equivalente
Ae = L x W + 2 x L x H + 2 x W x H x π x H 2
Ae = 150 x 80 + 2 x 150 x 8 + 2 x 80 x 8 x π x 82 = 15.881 m2
●● Frequência média anual previsível de descarga atmosférica
Npr = Nda x Ae x 10 -6 = 1,69 x 15.881 x 10 -6 = 2,6 x 10-2 descargas/ano
Ou seja, a estrutura será atingida por uma descarga atmosférica a cada 38,4
anos: = 38,4 anos
256
Sistemas
E = 0,3 (planícies);
P0 = A x B x C x D x E x Npr = 1,0 x 1,0 x 0,8 x 2,0 x 0,3 x 2,6 x 10 -2
P0 = 1,24 x 10 -2
Como o valor de P0 é superior a 10 -3, com base na Tabela 4.9 pode-se concluir
que a instalação de um SPDA é obrigatória.
●● Eficiência do SPDA
Nc = 10 -3 (1 dano na estrutura para 1.000 descargas por ano; inaceitável)
257
Figura 4.61: Vista superior da edificação da Figura 4.20.
Solução:
a) Zona de proteção
Considerando-se somente dois para-raios instalados nos pontos A e B indicados
na Figura 4.60, o raio de proteção de cada um deve ser de
Rp1 = = 27,4 m
Nível de proteção da estrutura: III - α = 45º (Tabela 4.11)
Como há mais de 1 captor, obtém-se:
α = 45 + 10 = 55º
Rp1 = Hc x tg α
Hc = = 19,18 m
258
Sistemas
Hc = = 14,87 m
Ncd = 12 condutores
A Figura 4.20 mostra a configuração de instalação dos condutores de descida.
c) Afastamento entre os condutores de descida
Dcd = = 19,16 m
259
L ≤ K x W = 1,5 x 10 = 15 m
Logo, as dimensões do módulo da malha protetora valem 10 x 15 m.
●● A área da construção vale
Scond = 40 x 75 m = 3.000 m2
b) Número de condutores da malha captora
●● Na direção da menor dimensão da construção, segundo a Figura 4.62, o
número de condutores da malha captora é
Ncm1 = +1=6
Ncm1 = 6 condutores
Ncm2 = 5 condutores
c) Número de condutores de descida
Conforme calculado no Exemplo 4.2, obtém-se
Ncd = 12 condutores
d) Seção dos condutores da malha captora e de descida
Sc = 16 mm2 (condutor de cobre, conforme a Tabela 4.4)
e) Número de hastes auxiliares
●● Comprimento da malha captora
260
Sistemas
Cmo = 40 x 6 + 75 x 5 = 615 m
Nhv = + 1 x 6 = 87,8
Solução:
●● Determinação do nível de proteção
Com base na Tabela 4.2 determina-se o nível de proteção: I.
●● Raio da esfera rolante
Re = 10 x = 10 x 30,65 = 20 m (conforme obtido também pela Tabela 4.13)
Logo, Hc < Re
261
Figura 4.63: Proteção contra descarga atmosférica de uma subestação.
Solução:
Hp = 4 m (altura do último ponto a ser protegido);
Rp = 6 m (distância do último ponto a vertical do para-raios).
Pela Tabela 4.14, a altura do captor deve ser Hc = 9 m
A distância da máxima proteção oferecida pelo SPDA em relação a vertical do
para-raios vale:
Rpm = x Hc = x 10 = 22,3 m
Os valores anteriores podem ser vistos na Figura 4.63.
Aplicando o método eletrogeométrico pode-se determinar o raio da esfera rolante
para a corrente de descarga de 5 kA:
Re = 10 x = 10 x 50,65 = 28 m
Plotando, assim, os valores dimensionais da subestação representada
na Figura 4.63, em escala, na condição de H < Re, pode-se perceber que os
equipamentos estão protegidos pelo para-raios dimensionado, conforme mostrado
na Figura 4.64.
262
Sistemas
263
Figura 4.65: Raio de proteção de uma estrutura de subestação de instalação exterior.
264
Sistemas
265
ATERRAMENTO
5 ATERRAMENTO
É aquela a que está sujeito o corpo humano quando em contato com partes
metálicas (massa) acidentalmente energizadas. A Figura 5.1 mostra as condições
de um indivíduo submetido a uma tensão de toque. A Figura 5.2 mostra o esquema
elétrico correspondente.
268
Sistemas
O valor máximo de tensão de toque que uma pessoa pode suportar sem que
ocorra a fibrilação ventricular pode ser expresso pela equação:
(5.1)
onde:
ρs – resistividade da camada superior da malha, normalmente constituída de brita,
cujo valor é de 3.000 Ω . m;
Tf – tempo de duração da falha, em Hz. Em geral, não inferior a 30 Hz, ou seja, 0,5 s.
269
5.1.2 TENSÃO DE PASSO
Quando um indivíduo se encontra no interior de uma malha de terra e através desta
está fluindo, naquele instante, uma determinada corrente de defeito, fica submetido
a uma tensão entre os dois pés, conforme se pode observar na Figura 5.3. A Figura
5.4 mostra o circuito elétrico correspondente.
270
Sistemas
271
Para reduzir as tensões perigosas de passo, por exemplo, as subestações são
dotadas de uma camada de brita cuja espessura pode variar entre 10 e 20 cm, melhorando
o nível de isolamento do operador, conforme pode ser observado na Figura 5.6.
O valor máximo da tensão de passo que uma pessoa pode suportar sem que
ocorra a fibrilação ventricular pode ser expresso pela equação
(5.2)
272
Sistemas
273
●● Conectores aparafusados: são peças metálicas de formato mostrado na Figura
5.9 utilizadas na emenda de condutores. Sempre que for possível, deve-se evitar sua
utilização em condutores de aterramento.
274
Sistemas
275
Figura 5.14: Percurso de defeito fase-terra.
276
Sistemas
Cabe ressaltar que a distância mínima entre eletrodos contíguos deve corresponder
ao comprimento efetivo de uma haste. Este procedimento deve-se ao fato de que
quando dois eletrodos demasiadamente próximos são percorridos por uma elevada
corrente de falta, dispersa por ambos, esta provoca um aumento na impedância mútua.
A Figura 5.16 expressa a eficiência de um sistema de eletrodos verticais em paralelo
em função da quantidade de eletrodos utilizada e da distância entre estes.
277
Na prática, a resistência de dispersão em paralelo exige que o terreno tenha certas
dimensões, muitas vezes, não disponíveis em áreas de instalações industriais. A aplicação
de muitas hastes em terrenos de pequenas dimensões resulta, essencialmente, em
notável desperdício de material, com resultados pouco compensadores.
Resistividade (Ω . m)
Natureza dos solos
Mínima Máxima
Solos alagadiços e pantanosos - 30
Lodo 20 100
Húmus 10 150
Argilas plásticas - 50
Argilas compactas 100 200
Terra de jardins com 50% de umidade - 140
Terra de jardins com 20% de umidade - 480
Argila seca 1.500 5.000
Argila com 40% de umidade - 80
Argila com 20% de umidade - 330
Areia com 90% de umidade - 1.300
Areia comum 3.000 8.000
Solo pedregoso nu 1.500 3.000
Solo pedregoso coberto com relva 300 500
Calcários moles 100 400
Calcários compactos 100 5.000
Calcários fissurados 500 1.000
Xisto 50 300
Micaxisto - 800
Granito e arenito 500 10.000
Tabela 5.1: Resistividade dos solos.
278
Sistemas
279
Figura 5.18: Passagem da corrente pelos eletrodos de potencial.
ρ = 2 x π x A x R (Ω . m) (5.3)
onde:
A – distância entre eletrodos, em m;
R – valor da resistência do solo indicado no potenciômetro do terrômetro, em Ω.
Resistividade
Posição dos eletrodos
medida Resistividade
Pontos médios média (Ω . m)
Distância (m)
A B C D E
2
4
8
16
32
Tabela 5.2: Resistividade média do solo (Ω . m).
280
Sistemas
Figura 5.19: Posição dos eletrodos no terreno para a medição da resistividade do solo.
281
●● São higroscópios;
●● Dão estabilidade química ao solo;
●● Não são corrosivos;
●● Não são atacados pelos ácidos;
●● São insolúveis na presença de água;
●● Têm longa duração (geralmente de 5 a 6 anos).
O tratamento de solo através da utilização de sal e carvão vegetal, ainda de largo
uso entre alguns instaladores, não apresenta os efeitos esperados, principalmente
pela curta duração de sua eficiência e também pela agressão corrosiva atuante nos
eletrodos de terra.
5.4.2.2 UMIDADE
A resistividade do solo e a resistência de uma malha de terra são bastante alteradas
quando varia a umidade existente no solo, principalmente quando este valor cai a níveis
abaixo de 20%. Por este motivo, os eletrodos de terra devem ser implantados a uma
profundidade adequada para garantir a necessária umidade do solo em torno destes.
O teor normal de umidade de um solo, além de variar com a localização, depende
também da época do ano. Nos períodos secos oscila em 10% e nas estações chuvosas
pode atingir a 35%.
A utilização de uma camada de brita de 100 a 200 mm sobre a área da malha
construída ao tempo, bem como o próprio piso das subestações abrigadas, servem para
retardar a evaporação da água do solo, além de oferecer uma elevada resistividade,
cerca de 3.000 Ω . m, reduzindo os riscos de acidentes fatais durante a ocorrência
de falta entre fase e terra.
5.4.2.3 TEMPERATURA
A resistividade do solo e a resistência de um sistema de aterramento são bastante
afetadas quando a temperatura cai abaixo de 0ºC. Para temperaturas acima deste
valor, a resistividade do solo e a resistência de aterramento se reduzem.
As correntes de curto-circuito fase-terra de valor elevado podem ocasionar a ebulição
da água do solo em torno do eletrodo, diminuindo a umidade e elevando a temperatura
no local, prejudicando sobremaneira o desempenho do sistema de aterramento.
282
Sistemas
283
O processo de medição de resistividade do solo fornece os elementos necessários
para a determinação da resistividade média do mesmo. Neste capítulo, será utilizado
um método bastante simples para a estratificação do solo. Seus resultados são de
precisão razoável quando a curva resultante de medição da resistividade do solo
apresentar uma formação semelhante a uma das Figuras 5.22 e 5.22. Isto é, este
método somente é aplicável quando o solo puder ser estratificado em duas camadas.
284
Sistemas
ρm = ρ1 x K1 (5.4)
285
Relação Relação Relação Relação
Fator K1 Fator K1 Fator K1 Fator K1
ρ2 / ρ1 ρ2 / ρ1 ρ2 / ρ1 ρ2 / ρ1
0,0010 0,6839 0,3000 0,8170 6,500 1,331 19,00 1,432
0,0020 0,6844 0,3500 0,8348 7,000 1,340 20,00 1,435
0,0025 0,6847 0,4000 0,8517 7,500 1,349 30,00 1,456
0,0030 0,6850 0,4500 0,8676 8,000 1,356 40,00 1,467
0,0040 0,6855 0,5000 0,8827 8,500 1,363 50,00 1,474
0,0045 0,6858 0,5500 0,8971 9,000 1,369 60,00 1,478
0,0050 0,6861 0,6000 0,9107 9,500 1,375 70,00 1,482
0,0060 0,6866 0,6500 0,9237 10,000 1,380 80,00 1,484
0,0070 0,6871 0,7000 0,9631 10,500 1,385 90,00 1,486
0,0080 0,6877 0,7500 0,9480 11,000 1,390 100,00 1,488
0,0090 0,6882 0,8000 0,9593 11,500 1,394 110,00 1,489
0,0100 0,6887 0,8500 0,9701 12,000 1,398 120,00 1,490
0,0150 0,6914 0,9000 0,9805 12,500 1,401 130,00 1,491
0,0200 0,6940 0,9500 0,9904 13,000 1,404 140,00 1,492
0,0300 0,6993 1,0000 1,0000 13,500 1,408 150,00 1,493
0,0400 0,7044 1,5000 1,0780 14,000 1,410 160,00 1,494
0,0500 0,7095 2,0000 1,1340 14,500 1,413 180,00 1,495
0,0600 0,7145 2,5000 1,1770 15,000 1,416 200,00 1,496
0,0700 0,7195 3,0000 1,2100 15,500 1,418 240,00 1,497
0,0800 0,7243 3,5000 1,2370 16,000 1,421 280,00 1,498
0,0900 0,7292 4,0000 1,2600 16,500 1,423 350,00 1,499
0,1000 0,7339 4,5000 1,2780 17,000 1,425 450,00 1,500
0,1500 0,7567 5,0000 1,2940 17,500 1,427 640,00 1,501
0,2000 0,7781 5,5000 1,3080 18,000 1,429 1.000,00 1,501
0,2500 0,7981 6,0000 1,3200 18,500 1,430
Tabela 5.3: Fator de multiplicação.
286
Sistemas
(5.5)
ρa = K3 x ρ1 (5.6)
sendo:
R – raio do círculo equivalente à área da malha de terra da subestação, dado pela
Equação 5.7, correspondendo a áreas retangulares;
Hm – profundidade da camada de solo correspondente à resistividade média.
(5.7)
onde:
S – área da malha de terra, em m2;
Para sistemas de aterramento utilizando-se eletrodos verticais, o valor de R é dado
pela Equação 5.8
(5.8)
onde:
N – número de eletrodos verticais;
De – distância entre os eletrodos verticais, em m.
Relação ρ2 / ρ1
R/
Hm 0,01 0,05 0,10 0,20 0,50 1 2 5 10 20 50 100 200
Relação ρa / ρ1
0,10 1,00 1,01 1,01 1,02 1,05 1,00 1,10 1,15 1,18 1,2 1,2 1,3 1,3
0,20 0,95 0,96 1,00 0,97 0,99 1,00 1,13 1,20 1,25 1,3 1,4 1,4 1,5
0,50 0,80 0,90 0,98 0,95 1,00 1,00 1,20 1,30 1,40 1,6 1,8 2,0 2,3
1,0 0,77 0,83 0,90 0,85 0,90 1,00 1,30 1,50 1,60 2,0 2,5 2,8 3,0
2,0 0,67 0,82 0,86 0,86 0,90 1,00 1,31 1,55 1,60 2,6 3,2 4,0 4,5
5,0 0,56 0,60 0,65 0,68 0,80 1,00 1,32 2,00 2,90 4,0 5,7 7,3 8,8
10 0,48 0,52 0,60 0,60 0,80 1,00 1,35 2,40 3,50 5,3 8,0 11,0 14,0
20 0,41 0,45 0,50 0,53 0,72 1,00 1,40 2,70 4,20 6,8 12,0 15,0 21,0
35 0,36 0,40 0,45 0,50 0,71 1,00 1,40 2,80 4,80 7,8 14,0 18,0 27,0
287
Relação ρ2 / ρ1
R/
Hm 0,01 0,05 0,10 0,20 0,50 1 2 5 10 20 50 100 200
Relação ρa / ρ1
50 0,32 0,37 0,40 0,48 0,70 1,00 1,50 3,10 5,40 8,5 16,0 23,0 33,0
75 0,29 0,35 0,38 0,46 0,68 1,00 1,50 3,10 5,50 9,0 17,0 26,0 40,0
100 0,27 0,31 0,35 0,42 0,55 1,00 1,50 3,20 5,80 9,8 18,0 39,0 45,0
200 0,22 0,26 0,30 0,38 0,60 1,00 1,60 3,50 6,00 11,0 22,0 35,0 56,0
500 0,18 0,21 0,25 0,35 0,60 1,00 1,70 3,70 6,70 12,0 25,0 42,0 77,0
1000 0,15 0,17 0,22 0,30 0,60 1,00 1,80 4,00 7,00 13,0 37,0 48,0 85,0
288
Sistemas
289
c) Corrente de curto-circuito tomada no secundário da subestação para uma
impedância considerada
Este caso se caracteriza por um defeito fase-terra em que o condutor faz contato
com o solo ou outro elemento aterrado, e a corrente é conduzida à malha através do
solo, sendo considerável a impedância do percurso (resistência de contato, resistência
da malha de terra e resistência do resistor de aterramento, se houver), mesmo que se
despreze a resistência de contato do condutor, conforme mostrado na Figura 5.28.
O valor dessa corrente deve ser utilizado no cálculo dos parâmetros da malha
de terra, tais como tensão de passo, tensão de toque, etc.
Sc = K x Icft (5.9)
290
Sistemas
Cabo simples
Cabo com juntas Cabo com juntas
Tempo (s) – solda
soldadas (K) rebitadas (K)
exotérmica (K)
30 0,020268 0,025335 0,032935
4 0,007093 0,010134 0,012160
1 0,003546 0,005067 0,006080
0,5 0,002533 0,003293 0,004306
Tabela 5.5: Seção mínima do condutor em mm2/A.
(5.10)
onde:
T𝑓 – tempo de duração da falha, em Hz. Em geral, não inferior a 30 Hz, ou seja, 0,5 s;
K – coeficiente de segurança;
K = 1,10 a 1,30;
β - coeficiente que expressa o tipo do condutor:
β = 0,91 - para fios ou cabos com condutividade de 40%;
β = 0,81 - para fios ou cabos com condutividade de 30%.
A Tabela 5.6 mostra as características típicas dos condutores de aço cobreado
que podem ser utilizados como condutor da malha de terra.
291
Resistência Carga de Corrente
Formação Diâmetro (Ohm/m) ruptura (kg) de fusão
Seção
Nx nominal
(mm2)
AWG (mm) 40% 30% 40% 30% 40% 30%
292
Sistemas
a) Condutores principais
São assim denominados aqueles instalados na direção que corresponde ao
comprimento da malha de terra. São determinados pela Equação 5.11.
(5.11)
onde:
Cm - comprimento da malha de terra, em m;
Dl - distância entre os cabos correspondentes à largura da malha de terra em m.
b) Condutores de junção
São assim denominados aqueles instalados na direção que corresponde à largura
da malha de terra. São determinados pela Equação 5.12:
(5.12)
onde:
Lm - largura da malha de terra, em m;
Dc - distância entre os cabos correspondentes ao comprimento da malha de terra, em m.
293
Os espaçamentos Dl e Dc entre os condutores podem ser tomados inicialmente
entre 5% e 10% do valor do comprimento e da largura da malha, respectivamente.
Dependendo dos valores obtidos ao longo do cálculo, eles poderão ser alterados de
forma a se obter uma malha de terra mais econômica e segura.
(5.14)
onde:
ln – logaritmo neperiano;
D – espaçamento médio entre os condutores, na direção considerada, em m;
H – profundidade da malha em m;
N – número de condutores na direção considerada;
Dca – diâmetro do condutor em m.
b) Coeficiente Ks
Chamado de coeficiente de superfície, corrige a influência da profundidade da
malha de terra (H), do diâmetro dos condutores (Dca) e do espaçamento entre os mesmos.
Devem ser determinados dois valores correspondentes aos condutores principais
(Ksp) e aos condutores de junção (Ksj). São determinados, para os dois casos, pela
Equação 5.15:
294
Sistemas
(5.15)
c) Coeficiente Ki
Chamado de coeficiente de irregularidade, corrige a não uniformidade do fluxo
da corrente da malha para a terra. É dado pelas Equações 5.16 e 5.17.
●● Condutores principais
●● Condutores de junção
(5.18)
onde:
ρs – resistividade da camada superior da malha, normalmente constituída de brita,
cujo valor é de 3.000 Ω.m;
Icft – corrente de curto-circuito fase-terra não envolvendo diretamente qualquer
condutor de aterramento. Deve-se considerar o maior produto entre os valores de Km
x Ki, anteriormente calculados, em uma dada direção.
Lcm = 1,05 x [(Cm x Ncj) + (Lm x Ncp)] + (Nh x Lh) (m) (5.20)
295
Para estas condições, o operador estaria em segurança caminhando no interior da
malha de terra. Seu valor máximo vale:
(5.21)
(5.22)
(5.24)
(5.25)
296
Sistemas
(5.27)
(5.28)
(5.30)
(5.32)
(5.34)
297
5.5.16 CORRENTE MÍNIMA DE ACIONAMENTO DO RELÉ DE
TERRA
(5.36)
298
Sistemas
(5.37)
(5.38)
299
O valor da resistência da malha de terra é uma forma de saber se o valor
encontrado é satisfatório. Na realidade, não chega a ser necessário conhecer o valor
exato da resistência de aterramento. A legislação americana, por exemplo, estabelece
que a resistência da malha de terra não deve superar 25 Ω.
Para malhas de terra de pequenas dimensões geométricas, o valor de Rmc
frequentemente ultrapassa os valores mínimos para resistividade aparente de solo
elevada. Neste caso, é necessário calcular a influência dos eletrodos verticais na
resistência final da malha de terra como a seguir.
Kh = 1 + (5.42)
300
Sistemas
Número de Eletrodos B
4 2,7071
9 5,8917
16 8,5545
25 11,4371
36 14,0650
49 16,8933
Tabela 5.8: Coeficiente B.
Rmu = x (5.44)
301
Lth – comprimento total das hastes utilizadas, em m
K= (5.48)
Rm = (5.49)
302
Sistemas
Re = Rel + (5.52)
(5.54)
303
5.6.3 RESISTÊNCIA EQUIVALENTE
A resistência do conjunto de eletrodos vale:
(5.55)
(5.56)
304
Sistemas
305
●● Para estabelecer as distâncias C e P definidas na Figura 5.34 aplicar a
seguinte metodologia:
●● Determinar o raio R do círculo equivalente à área da malha de terra, conforme
a Equação 5.7.
●● Determinar o valor de C dado na Figura 5.34 através da Equação 5.57
C=RxK (5.57)
R – raio do círculo cuja área é igual à área da malha de terra, conforme a
Equação 5.7.
K – considerar um mínimo de 10, sendo aconselhável adotar o valor de 30 ou
superior, em que se obtêm valores de resistência de malha de terra na região plana
da curva mostrada na Figura 5.35.
Quanto maior o valor de K, maior é o espaço necessário para fincar o eletrodo
C2 mostrado na Figura 5.34, porém, menor será o erro no resultado da medição,
reduzindo a interferência da malha de terra com o eletrodo de corrente C2.
●● Determinar o valor de P através da equação
P = 0,618 x C (5.58)
306
Sistemas
Para medir a resistência de uma malha de terra, por exemplo, basta montar os
eletrodos, conforme a Figura 5.36, e acionar o gerador do aparelho. Uma corrente é,
então, injetada no eletrodo C2 e percorre o caminho C2 – C1, passando pelo eletrodo P2.
307
5.9 EXEMPLOS
5.9.1 EXEMPLO 5.1
Considerar a área da subestação de 5.000 kVA, de uma grande indústria, dada
na Figura 5.37, e os valores de medição de resistividade do solo conforme a Tabela
5.9. A corrente de curto-circuito fase-terra máxima é de 55.000 A. A corrente de
curto-circuito fase-terra mínima é de 871 A. A superfície da subestação será coberta
por uma camada de brita de 15 cm.
Observar que todas as resistividades medidas não apresentam desvios em
relação à média, superiores a 50%, como no exemplo:
308
Sistemas
Com o valor de ρ2 /ρ1 = 0,81 obtém-se a relação K1 = 0,9593 na Tabela 5.3. Logo,
o valor da resistividade média em conformidade com a Equação 5.4 é
ρm = K1 x ρ1 = 0,9593 x 472 = 452 Ω . m
●● A profundidade da camada do solo corresponde à resistividade média ρm
De acordo com a Equação 5.7, tem-se:
S = 57 x 41 = 2.337 m
●● Resistividade aparente
309
Da Equação 5.5, tem-se
310
Sistemas
●● Condutores principais
Da Equação 5.11, tem-se:
Ncp = + 1 = 18 condutores
●● Condutores de junção
Da Equação 5.12, tem-se:
Ncj = + 1 = 13 condutores
311
H = 0,5 m (profundidade considerada da malha de terra)
f) Coeficientes de ajuste Ks
●● Coeficiente Ks para os condutores principais
312
Sistemas
g) Coeficientes de ajuste Ki
●● Coeficiente Ki para os condutores principais
Das Equações 5.16 e 5.17, tem-se
Kip = 0,65 + 0,172 x Ncp = 0,65 + 0,172 x 18 = 3,746
Coeficiente Kj para os condutores de junção
Kij = 0,65 + 0,172 x Ncj = 0,65 + 0,172 x 13 = 2,886
h) Comprimento mínimo do condutor da malha
Da Equação 5.18, tem-se:
313
k) Tensão máxima de toque
Da Equação 5.24, tem-se
Ete= = = 314,3 V
Ipmcb= = = 21,3 mA
Itmsb > Ich (condição não satisfeita: a utilização da brita é, portanto, fundamental)
q) Corrente de choque devido à tensão de toque existente, com brita
Da Equação 5.34, tem-se
Ipmcb= = = 50,62 mA
314
Sistemas
Ia = = = 137,1 A
315
Logo, a tensão a que fica submetida uma pessoa que toca a cerca, estando
afastada da malha de terra de 1 m no momento de um curto-circuito, vale:
∆Ec = (2,75 – 2,63) x = 84,71 V
Rel = x ln = x ln = 152,1 Ω
Dh = ¾”
Lh = 3 m
316
Sistemas
Rmu = x =
Rmu = x = 3,18 Ω
K= = = 1,39
Lth = Nh x Lth = 12 x 3 = 36 m
K1red = 1,14125 – 0,0425 x K = 1,14125 – 0,0425 x 1,39 = 1,082
K 2red = 5,49 – 0,1443 x K = 5,49 – 0,1443 x 1,39 = 5,289
317
Figura 5.40: aterramento com hastes alinhadas.
Solução:
a) Cálculo das resistências individuais dos eletrodos
Aplicando-se o conjunto da Equação 5.54, tem-se:
318
Sistemas
319
●● Compondo-se os eletrodos 1-4 e 2-5, tem-se:
R14 = R41 = R 25 = R52 = Rc
D14 = D25 = 9 m
Rne =
Rne = 28,57 Ω
b) Cálculo do coeficiente de redução da resistência
De acordo com a Equação 5.56, tem-se:
K= = 0,278
320
Sistemas
R= = 27,27 m
C = R x K = 27,27 x 10 = 272,7 m
P = 0,618 x C = 0,618 x 272,7 = 168,5 m
b) Adotar o valor de K = 30
C = R x K = 27,27 x 30 = 818,1 m
P = 0,618 x C = 0,618 x 818,1 = 505,5 m
321
TRANSITÓRIOS E SEUS
EFEITOS EM ALTA TENSÃO
6 TRANSITÓRIOS E SEUS EFEITOS EM ALTA TENSÃO
324
Sistemas
325
Pode levar horas para ressincronizar um sistema sob colapso total. É extremamente
importante a simulação de tais ocorrências para o desenvolvimento de chaveamento
e retirada de cargas, que venham a minimizar os efeitos das faltas.
Essas oscilações de rotor, sendo de natureza mecânica, são relativamente lentas.
A velocidade real depende da forma de oscilação. Por exemplo, se uma máquina
oscila contra uma outra na mesma usina, os rotores podem completar três ou quatro
ciclos de oscilação por segundo. Um estudo de estabilidade transitória, portanto, deve
considerar períodos de tempo que vão de fração de segundo a um minuto ou mais.
326
Sistemas
327
6.1.1 PARÂMETROS DOS CIRCUITOS
Qualquer circuito elétrico tem normalmente os seguintes parâmetros
●● Resistência (R);
●● Indutância (L);
●● Capacitância (C).
Os componentes que formam um sistema de potência ou qualquer circuito elétrico
possuem uma destas características em maior ou menor quantidade. A resistência,
indutância e capacitância de um circuito são distribuídas, isto é, cada pequena parte
do circuito possui a sua parcela. Contudo, podem os mesmos serem representados
como parâmetros concentrados, em alguns tipos de estudos, sem que se tenha perda
de precisão nos resultados obtidos nos cálculos.
A indutância e a capacitância armazenam energia: L no campo magnético e C
no campo elétrico do circuito. Estas energias armazenadas são função da corrente
(I) e da tensão (V), instantâneas, e são, respectivamente ½ LI2 e ½ CV2. A resistência
dissipa energia sendo o valor da dissipação, a cada instante, igual a RI2.
Em regime permanente, a energia armazenada nas indutâncias e capacitâncias de
um circuito em corrente contínua é constante, ao passo que em um circuito de corrente
alternada a energia é transferida ciclicamente entre as indutâncias e as capacitâncias.
Ao acontecer uma súbita mudança no circuito, ocorre geralmente uma redistribuição
de energia para que seja encontrada uma nova condição de equilíbrio. Entretanto,
a redistribuição de energia não pode se dar instantaneamente porque a corrente
não varia bruscamente em uma indutância e a tensão não varia bruscamente nos
terminais de uma capacitância. A redistribuição da energia, seguindo a uma mudança
no circuito, leva um tempo finito. Durante este tempo, esta redistribuição é comandada
pelo princípio de conservação de energia, isto é, o valor da energia suprida é igual à
energia armazenada mais o valor da dissipação de energia.
328
Sistemas
O cálculo da tensão através do capacitor da Figura 6.1, pode ser feito como
mostrado a seguir
V = RI + V1 (6.1)
(6.2)
C dV1 = I dt (6.3)
(6.4)
(6.5)
(6.6)
(6.7)
V1 = V – A e -t/RC (6.8)
onde A é uma constante a ser determinada a partir das condições iniciais apresentadas
pelo circuito. Se a capacitância C apresentar, inicialmente, uma tensão V1 (0).
329
A solução indicada pela Figura 6.2 apresenta duas partes distintas. O primeiro termo
(V) representa a tensão em regime permanente, quando o capacitor estiver carregado
com a tensão da fonte. O segundo define o transitório que une a situação inicial do
capacitor ao regime permanente, de uma forma suave, compatível com as características
do circuito sob estudo. A forma do transitório depende essencialmente do circuito.
330
Sistemas
(6.10)
(6.11)
331
Figura 6.4: Princípio da Superposição.
I = I1 + I2 + I3 (6.12)
Tem-se:
332
Sistemas
Figura 6.5: a) Circuito estudado; b) Corrente Interrompida; c) Superposição de uma corrente injetada.
333
6.5 DISTÚRBIOS EM SISTEMAS DE ENERGIA
O planejamento de um sistema elétrico de potência requer a execução de uma
série de estudos – como análise de curto-circuito, fluxo de carga, análise de estabilidade
e análise de transitórios eletromagnéticos.
Embora operem em regime permanente durante grande parte do tempo, os
sistemas elétricos de potência devem ser projetados para suportar solicitações extremas
de tensão e corrente, denominadas sobretensões ou sobrecorrentes respectivamente.
As sobretensões são geradas por efeitos externos ao sistema elétrico – como
descargas atmosféricas – ou pelo próprio sistema – como sobretensões internas
causadas por manobras. Não se pode evitar que descargas atmosféricas ocorram
em linhas de transmissão, mas pode-se reduzir o número de descargas que incidem
diretamente nas fases das linhas, utilizando-se condutores aterrados nas estruturas
das torres (cabos-guarda).
Os sistemas de transmissão devem suportar surtos oriundos da abertura ou
fechamento de disjuntores, em situações como:
●● Energização e religamento de linhas;
●● Manobras de cargas indutivas e capacitivas;
●● Ocorrência e eliminação de faltas;
●● Ressonância linear e ferrorressonância;
●● Ressonância subsíncrona;
●● Religamento monopolar;
●● Rejeição de carga;
●● Tensão de restabelecimento transitória.
A confiabilidade de um sistema elétrico de potência é condicionada à ocorrência
de surtos e à probabilidade de ruptura do isolamento.
Com base no sistema da Figura 6.6, faz-se uma análise qualitativa de algumas
possíveis origens de surtos em sistemas de energia.
Figura 6.6: Sistema de energia básico. S1 e S2 são usinas geradoras, T1, T2 e T3 são transformadores.
D1, D2, D3, D 4 e D5 são disjuntores das subestações. Uma linha de transmissão se estende
entre os pontos A e B.
334
Sistemas
335
6.5.1 SOBRETENSÕES
As sobretensões podem ser definidas como tensões transitórias, variáveis com o
tempo, cujo valor máximo é superior ao valor de crista das tensões máximas de operação
do sistema. De uma forma geral, pode-se caracterizar dois tipos de sobretensões: os
de origem interna e os de origem externa ao sistema. A diferença entre elas depende
somente da localização dos eventos que as causam.
As sobretensões externas são originadas fora do sistema considerado, sendo
sua principal fonte as descargas atmosféricas, enquanto as internas são causadas
por eventos dentro do sistema em si – como, por exemplo, manobras de disjuntores
ou curtos-circuitos.
De acordo com o grau de amortecimento e a duração, pode-se fazer uma distinção
entre duas categorias gerais:
●● Sobretensões impulsivas;
●● Sobretensões oscilatórias.
ou três categorias específicas:
●● Sobretensões de manobra;
●● Sobretensões atmosféricas;
●● Sobretensões temporárias.
Não existem limites de transição definidos entre esses grupos, uma vez que
certos fenômenos podem causar sobretensões que se enquadram em uma ou outra
classe. Como exemplo, pode-se citar:
●● A energização de uma linha terminada em um transformador dá origem a uma
sobretensão, que pode ser considerada como de manobra ou temporária, dependendo
do grau de amortecimento das cristas sucessivas – isto é, dos parâmetros do circuito,
sendo mais classificada, porém, como sobretensão oscilatória;
●● Um surto atmosférico transferido por meio de um transformador pode produzir,
no lado secundário, ondas similares àquelas devidas à operação de manobra;
●● Reignição através dos espaçamentos dielétricos de manobra pode dar origem
a sobretensões com taxas de crescimento elevadas, similares àquelas devidas às
descargas atmosféricas.
A determinação das sobretensões que podem ocorrer em um sistema elétrico é
de fundamental importância, uma vez que fornece subsídios para a coordenação de
isolamento de linhas e subestações, assim como para a especificação dos equipamentos,
influenciando diretamente na qualidade da energia do sistema.
Assim, o conhecimento das características de cada uma das categorias das
sobretensões classificadas anteriormente deve ser a base para a elaboração de um
projeto de um sistema que opere de forma confiável e econômica, garantindo qualidade
no fornecimento e no uso da energia.
336
Sistemas
337
O efeito destrutivo das descargas atmosféricas pode ser dividido em quatro
classes gerais:
●● Incêndios florestais;
●● Incêndios ou danos físicos causados em estruturas de edifícios;
●● Interrupção de serviços públicos, como energia elétrica e sistemas de comunicação;
●● Perda de vidas humanas e de animais.
De maneira simplificada, pode-se dizer que, de todos os fenômenos já mencionados,
o mais importante para a formação da descarga é a separação das cargas positivas
e negativas e o deslocamento das partículas positivas leves para regiões mais
altas das nuvens, promovido pelas correntes ascendentes de ar. Forma-se, assim,
um dipolo vertical (Figura 6.7). O afastamento das cargas, origem do dipolo, em
regiões tropicais ocorre normalmente de 5 a 6 km de altura, zona de temperatura
de aproximadamente – 10 ºC.
338
Sistemas
A massa do elétron é cerca de 103 vezes menor e tem, portanto, uma aceleração
cerca de 103 vezes maior que a dos íons positivos. O mesmo acontece com suas
velocidades. O caminho de ionização cresce, pois, primeiramente, pelo seu lado
negativo. O campo elétrico, aumentando nas extremidades do dipolo, favorece, ainda
mais, a continuidade do processo de ionização. Forma-se, então, um canal ionizado,
plasma, chamado descarga piloto.
Um alto valor de campo elétrico é necessário para dar início ao processo de
ionização da descarga piloto e isso acontece, normalmente, próximo ao centro de
cargas negativas das nuvens. A descarga piloto progride na direção do campo elétrico.
Correntes de ar em alturas diferentes podem modificar a posição do dipolo, tornando
o caminho da descarga piloto tortuoso.
Pode ocorrer uma descarga piloto ascendente, partindo da extremidade superior
de alguma estrutura aterrada. As descargas piloto progridem de forma descontínua,
aos saltos, com velocidades variáveis entre 0,03% e 0,1% da velocidade da luz, isto
é, entre 100 km/s e 300 km/s. O canal da descarga piloto é altamente carregado: seu
potencial em relação à terra, é o potencial da nuvem, que pode alcançar até cerca
de 100 MW, subtraída a queda de tensão no canal ionizado. Quando uma descarga
descendente se aproxima da terra, em muitos casos, uma descarga piloto ascendente
começa a se formar a partir do solo. Essa descarga ascendente encontra-se com a
descendente em um ponto acima da terra e é chamada de descarga piloto de conexão.
Em estruturas altas (torres de televisão e rádio) as descargas piloto de conexão chegam
a alcançar 100 m de comprimento.
Quando as duas descargas piloto se encontram, a nuvem começa a se descarregar
pela chamada descarga de retorno. Essa descarga avança como ondas viajantes
em linhas de transmissão. No ponto de incidência da descarga de retorno ocorre
uma corrente impulsiva de alto valor, que é responsável pelos danos causados pelas
descargas atmosféricas. A velocidade de propagação da descarga de retorno é muito
alta: de 10% a 50% da velocidade da luz, isto é, entre 3 . 107 m/s e 1,5 . 108 m/s. essa
velocidade depende da amplitude da corrente de retorno, como mostra a Figura 6.9.
339
Figura 6.9: Velocidade de propagação da descarga de retorno em função da corrente de descarga.
340
Sistemas
341
Figura 6.11: Oscilogramas de corrente de uma descarga negativa e cinco descargas subsequentes.
342
Sistemas
343
Figura 6.13: Valores estatísticos da corrente de descarga.
Na Figura 6.14, vê-se a representação de uma nuvem com sua parte inferior
negativamente carregada, como geralmente acontece, acima de uma linha de energia.
Por indução eletrostática, aparece no trecho da linha adjacente à nuvem, bem como
no solo, uma carga igual e de sinal contrário. Nas regiões afastadas da linha, de um
e de outro lado, surgem cargas negativas.
344
Sistemas
345
As tensões induzidas causadas pelas descargas indiretas têm merecido estudos
aprofundados ao longo do tempo. Como anteriormente mencionado, essas tensões induzidas
não são motivo de preocupação para os sistemas de transmissão, mas podem causar
danos em sistemas de distribuição e, também, em sistemas de baixa tensão (220/127 V).
Com a multiplicação de aparelhos eletrônicos sensíveis, energizados por meio desses
sistemas de baixa tensão, as tensões induzidas são, atualmente, extremamente importantes.
em que
(6.15)
sendo
c - é a velocidade da luz (m/s);
β - é a velocidade da descarga de retorno (% de c);
I - é a corrente da descarga de retorno em kA;
Z0 é dada por
(6.16)
346
Sistemas
(6.17)
e o pico da tensão em x = 0 é
(6.18)
347
Figura 6.17: Sobretensão causada por descarga direta.
348
Sistemas
Uma estrutura de altura H tem um raio de atração (s . ip1) para uma corrente ip1 e
tem um raio de atração (s. ip2) para uma corrente ip2. Se, por acaso, uma corrente ip1 não
conseguir se aproximar do condutor da linha de uma distância (s ip1), ela nunca atingirá
diretamente a linha. Portanto, se a altura H aumenta, descargas que não atingiriam o
condutor, por estarem fora do seu raio de atração, podem, agora, atingi-lo. O condutor
fica, então, mais exposto, o que aumenta seu raio de atração.
A curva da Figura 6.18 - item a) pode ser aproximada ela equação
rs = 9 . I0,65 (6.19)
em que
I – é a corrente do raio em kA;
rs – é o raio de atração em m.
Essa equação é a base para o modelo eletrogeométrico de Whitehead. A Figura
6.19 ilustra a construção do modelo eletrogeométrico para uma determinada intensidade
de corrente. As regiões AB, BC e CD definem as áreas de exposição dos cabos para-
raios, ou cabos-guarda, e dos condutores de fase. Se uma descarga atmosférica
penetrar a região BC, incidirá sobre o condutor fase. Para cada valor de corrente de
descarga, novas regiões são definidas.
349
Figura 6.19: Modelo eletrogeométrico.
P (6.20)
em que
φ - é ângulo de incidência com a vertical, em radianos e
p(φ) - é a probabilidade de um ângulo ser menor que φ, em %.
Os cabos-guarda são, então, posicionados de forma que a corrente acima da qual
o condutor é protegido seja igual a um valor de corrente que não cause desligamento
(aquela que, caindo diretamente em uma das fases – falha de blindagem – não causa
uma sobretensão, como visto anteriormente, maior que a suportada pela linha). Apenas
correntes de descarga inferiores a essa teriam acesso aos condutores fase da linha,
quando, pois, ocorre uma falha de blindagem.
350
Sistemas
Figura 6.20: Descarga direta sobre uma torre de uma linha de transmissão.
V=I. (6.21)
em que
I – é a corrente injetada pela descarga;
Zt – é a impedância de surto da torre (quando a frequência tende ao infinito a impedância
característica é chamada impedância de surto);
Zgw – é a impedância do cabo para-raios
351
A resistência Re, da Figura 6.21, é a resistência de aterramento das estruturas, às
vezes, chamada de resistência de pé de torre, cujo valor deve ser o menor possível. Para
diminuí-lo em solos de alta resistividade, é comum a utilização de hastes de aterramento e
de condutores subterrâneos, cabos contrapeso, ligados à base da torre, de comprimento
variável, alguns chegando até a ser interligados com os contrapesos das torres vizinhas.
Esse sistema de aterramento deve possibilitar uma resistência de pé de torre bem menor
que a impedância de surto das torres Zt, de forma que as reflexões na base da estrutura
tendam a diminuir a tensão no topo dela - coeficiente de reflexão negativo.
As tensões refletidas nas torres adjacentes também apresentam polaridade
invertida, mas, como o tempo de propagação das ondas no vão entre as torres é cerca
de dez vezes o tempo de propagação das ondas na torre, essas reflexões podem chegar
em um instante em que a tensão no topo da torre já tenha passado pelo valor máximo.
352
Sistemas
353
Figura 6.22: Abertura de circuitos capacitivos: a) Circuito equivalente; b) Corrente no circuito e tensão da
fonte; c) Tensão no capacitor; d) Tensão entre os terminais do disjuntor.
Figura 6.23: Abertura de circuitos capacitivos: efeito das capacitâncias parasitas: a) Circuito equivalente
com as capacitâncias parasitas; b) Tensão no circuito.
354
Sistemas
L + vc (0) + = Vm (6.25)
Admitindo-se uma condição inicial nula para a corrente, tem-se i(0) = 0. Logo,
ou
I(s) = (6.28)
355
e
I(s) = (6.30)
(6.31)
(6.32)
356
Sistemas
(6.34)
e, portanto,
(6.35)
(6.36)
357
Assim sendo, o valor de pico da sobretensão é
(6.37)
e, então
(6.38)
358
Sistemas
359
O aumento rápido da tensão na terminação da linha gera uma onda viajante que
sofre reflexões sucessivas e gera, também, uma sobretensão de manobra no outro
lado da linha. A amplitude dessa sobretensão depende da carga rejeitada – ou seja,
se a rejeição foi total ou parcial. Quanto maior a carga rejeitada, maior a sobretensão.
6.6.3.3 FALTAS
Tanto a ocorrência quanto o processo de eliminação de faltas geram sobretensões
no sistema. Cada um dos fenômenos tem sua importância. A ocorrência de uma falta
determina, por exemplo, a seleção de para-raios, que não devem atuar nesse caso,
pois não teriam capacidade de dissipação de energia necessária. Há também, riscos
a serem manipulados. Como a falta fase/terra é a mais comum, deve-se evitar que ela
cause uma falta envolvendo as outras fases do sistema ou sobretensões que venham
a facilitar a ocorrência de faltas em outras linhas.
O processo de eliminação tem duas outras consequências. Primeiramente, é
possível e necessário que os para-raios atuem como limitadores das sobretensões
geradas. Em segundo lugar, é preciso que os disjuntores suportem a sobretensão que
aparece entre seus contatos.
As faltas causam dois tipos de sobretensão: as de manobra e as temporárias.
360
Sistemas
Figura 6.27: Ocorrência de falta fase/terra: pior momento a) Diagrama do circuito; b) Tensão nas três fases.
Felizmente, esse valor é raramente atingido, pois o momento do curto é aleatório
e tem pouca possibilidade de coincidir com o pior instante. Além disso, o fenômeno
transitório envolve muitas frequências de diferentes amortecimentos e instantes de
pico, o que reduz a tensão máxima possível.
361
6.6.3.3.3 LIMITAÇÃO DAS SOBRETENSÕES DE MANOBRA
As sobretensões causadas por manobras ou faltas têm duas componentes
que são as sobretensões à frequência industrial (ou temporárias) e as sobretensões
transitórias. As medidas tomadas são diferentes para cada uma dessas componentes
(Figura 6.29). No entanto, sabe-se que, somente se a sobretensão à frequência industrial
for efetivamente limitada, será possível a limitação da sobretensão transitória.
362
Sistemas
Influência no fator de
Parâmetros da linha
sobretensão total
Resistência, indutância e capacitância
Média
de sequência positiva e zero
Dependência da frequência dos parâmetros da linha Média
Comprimento da linha Forte
Grau de compensação paralela Forte
Grau de compensação série Fraca
Terminação da linha – aberta ou com transformador Forte
Presença e quantidade de cargas residuais
Forte
sem resistor de pré-inserção
Presença e quantidade de cargas residuais
Fraca
com resistor de pré-inserção
Efeito corona Média
Saturação de reatores Média
Amortecimento dos reatores Fraca
Parâmetros do disjuntor
Máxima distância dos contatos Média
Característica do dielétrico Média
Presença de resistores de pré-inserção Forte
Valor do resistor de pré-inserção Forte
Tempo de inserção do resistor de pré-inserção Fraca
Ângulo da tensão no instante de fechamento Forte
Parâmetros da fonte
Tensão nominal Fraca
Frequência nominal Fraca
Potência total de curto-circuito Forte
Fatores de amortecimento de trafos e geradores Fraca
Tipo de fonte (indutiva ou complexa) Forte
363
Linhas paralelas à linha chaveada Fraca
Razão entre a impedância de sequência
Fraca
zero e a de sequência positiva
Tabela 6.1: Parâmetros que influenciam as sobretensões de manobra.
364
Sistemas
Nesse caso, a tensão da fonte ideal é maior que a tensão da carga. O desligamento
da carga ou a rejeição de carga resulta na interrupção da corrente e, portanto, no
desaparecimento da queda de tensão na impedância de curto-circuito. A tensão da
fonte (Vf ) aparece, agora, no contato à esquerda do disjuntor, onde antes existia uma
tensão V = VL. A Figura 6.30 ilustra o problema e a forma de calcular a sobretensão
de manobra, por rejeição de carga, em função da relação entre a potência da carga,
PL e a potência de curto-circuito, PCC, do sistema;
Para ilustrar o cálculo, tomem-se dois casos particulares:
●● Potências com razão dos módulos das potências é 0,3; e mesmo ângulo de
fase – carga indutiva pura. A sobretensão por rejeição de carga é 1,3 (Vf/V = 1,3);
●● A mesma razão dos módulos das potências (0,3), mas com uma carga
puramente resistiva. A sobretensão, agora, é de apenas 5%.
Assim, pode-se perceber, que o tipo de carga e a relação entre sua potência
e a potência de curto-circuito do sistema que a alimenta são fatores decisivos para
a determinação da sobretensão por rejeição de carga. A compensação paralela tem
forte influência nesse fenômeno, uma vez que ela afeta a potência de curto-circuito do
sistema. As linhas e os transformadores em paralelo reduzem, também, a amplitude
da sobretensão. No entanto, no caso de linhas muito longas, a melhor solução para
enfrentar o problema é a transmissão de potência ativa somente, como no caso da
transmissão em corrente contínua.
em que
V1 - é a tensão no lado da geração;
V2 - é a tensão no lado da carga;
ℓ - é o comprimento da linha;
Zc - é a impedância característica da linha;
γ - é a constante de propagação.
Admitindo-se a linha aberta na extremidade receptora, como no caso de
energizações ou rejeições de carga, tem-se I2 = 0. Assim,
V1 = V2 cosh (γ l) (6.40)
Dessa forma, para uma linha não compensada, se as perdas forem desprezadas,
o efeito Ferranti é calculado, aproximadamente, pela fórmula
365
(6.41)
(6.42)
V T = f (I) (6.43)
366
Sistemas
Figura 6.32: Pontos de solução para o circuito da Figura 6.31, item a).
367
Utilizando-se o mesmo raciocínio para B, ver-se-á que qualquer alteração no
valor da corrente leva o sistema para pontos cada vez mais distantes de B, ou seja,
o ponto B é instável.
O ponto C é estável tal como o A. Isso significa que se o sistema, por qualquer
razão, por exemplo: uma sobretensão, for levado a operar no ponto C, este o fará
continuamente. Nesse ponto, ocorrem altas tensões e altas correntes que são
características de ferrorressonância.
6.8 SOBRECORRENTES
O fenômeno das sobrecorrentes podem estar interligados aos das sobretensões,
como no caso da ferrorressonância. Além disso, as sobrecorrentes podem ser danosas
aos sistemas de energia.
(6.44)
(6.45)
ou por
em que:
(6.47)
368
Sistemas
O fluxo φ(t), logo após o fechamento da chave em t0, pode ser obtido por
(6.48)
ou por
369
(6.49)
6.33, nota-se que, embora o fluxo máximo possa ser apenas duas vezes o fluxo normal
de operação, o primeiro pico da corrente pode atingir valores muito elevados. Situações
piores podem ocorrer, se houver fluxo remanente no núcleo do transformador, pois o
fluxo máximo pode atingir valores superiores a 2 φmax, o que implica um aumento ainda
maior da corrente. Na prática, a componente não periódica do fluxo enlaçado na verdade
decai exponencialmente, como mostrado na Figura 6.35. Esse decaimento depende
da curva de saturação e das perdas no cobre e no núcleo do transformador ou reator.
370
Sistemas
371
Figura 6.38: Corrente transitória de excitação.
372
Sistemas
(6.51)
em que
V – é a tensão no disjuntor no instante do fechamento;
Zs - – é a impedância de surto do sistema;
(6.52)
(6.53)
373
Figura 6.40: Energização de um banco de capacitores com outro em paralelo.
Nesse caso, qualquer diferença de potencial entre os dois bancos é eliminada pela
redistribuição de cargas, de forma que o banco em operação C1, vai se descarregar para
a energização do outro banco. A corrente de equalização na indutância L2 é obtida por
(6.54)
em que
V1 – é a tensão no capacitor C1, no instante de fechamento do disjuntor;
(6.55)
374
Sistemas
375
BIBLIOGRAFIA
7 BIBLIOGRAFIA
378
Sistemas
379
Peek, F. W. Dielectric Phenomena in High Voltage Engineerng. MacGraw-Hill
Book. Nova Iorque, 1929. 3ª edição.
380